Aristocratas sem coroa · lhes desculpar tudo e passar a ... sobre o para-choquas, que torna o...

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A indústria automóvel britânica está mais íorte e competente do que nunca. Hoje Inglaterra produz dos melhores Jaguar de sempre, dos mais completos Range Rover de sempre e dos mais bem construí- dos Lotus de sempre. A diferença é que, em vez de britânicas, es- tas marcas são agora indianas ou malaias. Se é verdade que a mestiçagem traz benefícios - seja na genética ou na indús- tria -- a nobreza dp um clássico puramente britânico é impossí- vel de imitar ou reproduzir com perfeito sucesso. É certo e sabido que todos os clássicos ingleses, sem exceçào, têm fragilidades preocupantes ou problemas de fiabilidade ir- ritantes. Mas basta olhar para um Tnumph TR2, para um XJ6 ou mesmo para um Mini, para lhes desculpar tudo e passar a achar que qualidade também é caráter. Até mesmo os custos de manu- tenção elevados sào toleráveis quando se trata de preservar algo tão cobiçado e imponente como um E-type, um Healey 3000 ou um Benlley. A carros desse porte, verdadeiros monarcas do mundo automóvel, presta-se vassalagem e paga-se o que for preciso para os manter felizes e saudáveis. Mas não são esses os modelos que queremos trazer para luz. Aqueles de que importa falar são os ínjustiçados, Aqueles que, ape- sar de terem sangue azul, tiveram de habituar-se a partilhar quartos com Marinas, Maestros e outros indigentes do Reino Unido. Estes cinco carros reúnem todas as características que fazem de um clássico inglês uma escolha especial, sem exigirem as priva- ções e vénias a que um carro de exceçào obriga. Sào ideais para saborear o charme, os prazeres e as desventuras típicas de um carro "made in GB". "Goodluck!" Batalha de Inglaterra: The Revenge. Ou seja, Ford Escort XR3, prestes a ser dobrado por Golf GTI... Aristocratas sem coroa Jexto Hugo Reis Imagem Motorbesrji!ustração)ArqLiivo(fqtos^ Os clássicos ingleses são como a família real: por muitos podres que lhes descubram, mantêm uma aura sem rival. Este mês vamos apreciar cinco bastardos da indústria britânica que têm sangue azul mas raramente são capa de revista. Austin 1300 GT Preço novo: 92 c. (1972) Cotação: 4800 Triumph GT6 Mk3 Preço novo: 128 c. (1973) Cotação: 14 000 Ford Cortina 1600 GT Preço novo: n.d. Cotação: 4500 Sunbeam Imp Preço novo: n.d. Cotação: 4500 Ford Escort XR3/XR3Í Preço novo: 1846 c. (1984) Cotação: 3600

Transcript of Aristocratas sem coroa · lhes desculpar tudo e passar a ... sobre o para-choquas, que torna o...

A indústria automóvelbritânica está maisíorte e competentedo que nunca. HojeInglaterra produz dos

melhores Jaguar de sempre, dos

mais completos Range Rover de

sempre e dos mais bem construí-dos Lotus de sempre. A diferençaé que, em vez de britânicas, es-tas marcas são agora indianasou malaias. Se é verdade que a

mestiçagem só traz benefícios- seja na genética ou na indús-

tria -- a nobreza dp um clássico

puramente britânico é impossí-vel de imitar ou reproduzir com

perfeito sucesso.É certo e sabido que todos osclássicos ingleses, sem exceçào,têm fragilidades preocupantesou problemas de fiabilidade ir-ritantes. Mas basta olhar paraum Tnumph TR2, para um XJ6ou mesmo para um Mini, paralhes desculpar tudo e passar a

achar que má qualidade tambémé caráter.

Até mesmo os custos de manu-tenção elevados sào toleráveis

quando se trata de preservar algotão cobiçado e imponente comoum E-type, um Healey 3000 ouum Benlley. A carros desse porte,verdadeiros monarcas do mundo

automóvel, presta-se vassalageme paga-se o que for preciso paraos manter felizes e saudáveis.Mas não são esses os modelos

que queremos trazer para luz.

Aqueles de que importa falar são

os ínjustiçados, Aqueles que, ape-

sar de terem sangue azul, tiveramde habituar-se a partilhar quartoscom Marinas, Maestros e outros

indigentes do Reino Unido.Estes cinco carros reúnem todasas características que fazem de

um clássico inglês uma escolha

especial, sem exigirem as priva-ções e vénias a que um carro de

exceçào obriga. Sào ideais parasaborear o charme, os prazerese as desventuras típicas de umcarro "made in GB"."Goodluck!"

Batalha de Inglaterra: The Revenge.Ou seja, Ford Escort XR3, prestesa ser dobrado por Golf GTI...

Aristocratas sem coroaJexto Hugo Reis Imagem Motorbesrji!ustração)ArqLiivo(fqtos^

Os clássicos ingleses são como a família real: por muitos podres que lhes descubram,

mantêm uma aura sem rival. Este mês vamos apreciar cinco bastardos da indústria

britânica que têm sangue azul mas raramente são capa de revista.

Austin 1300 GT

Preço novo: 92 c. (1972)Cotação: 4800 €

Triumph GT6 Mk3Preço novo: 128 c. (1973)Cotação: 14 000 €

Ford Cortina 1600 GT

Preço novo: n.d.

Cotação: 4500 €

Sunbeam ImpPreço novo: n.d.

Cotação: 4500 €

Ford Escort XR3/XR3ÍPreço novo: 1846 c. (1984)Cotação: 3600 €

Porquê este modelo?

O termo "One-hit wonder" existe para definir

artistas que atingem grande sucesso com uma

só música, desaparecendo em seguida. Tal e

qual como os Soft Cell com "Tainted Love" ou

mesmo a Maria Armanda com "Eu vi um sapo."

Alguém mais distraído poderá ver Alec Issigonis

como um "One-hit wonder" desenhando o Mini

e voltando para o anonimato sem mais nenhum

feito extraordinário, mas a carreira de Sir Alec

teve muitos pontos altos antes e depois. O Austin

1100/1300 é um bom exemplo de aplicação do

conceito Mini ao segmento médio. Tal como o

mais pequeno dos Austin, o 1100/1300 fazia

todo o sentido do ponto de vista utilitário. Mas

conseguir fazer dele um desportivo competentee de sucesso já não parecia uma tarefa óbvia.

Tanto mais porque o aspeto do modelo não era

tão jovial e atrativo como o do Mini. Apesardisso, o 6T não só era um carro agradável de

conduzir, como teve imenso sucesso comercial.

Pode não ser tão desejado e apreciado como a

obra-prima de Issigonis mas o lado bom é queum 1300GT perfeito pode valer no máximo 4800€ ao passo que um Mini Clubman 1275GT

pode chegar aos 7 800€.

O que procurar?Já se perdeu a conta aos Austin 1300 que"morreram" como dadores de bloco para Minis

Cooper S, sejam eles verdadeiros ou falsos. É

compreensível mas lamentável porque o GT

também é um carro interessante que à custa

disso se foi tornando cada vez mais raro. Hoje

em dia, comprar um em bom estado nem

sempre é fácil. O mal dos 1300GT, como de

quase todos os clássicos ingleses, é a ferrugem.

Surge com especial incidência nos guarda-

lamas, embaladeiras, debaixo do bonito teto

de vinil mas também em qualquer outro pontoda carroçaria e até mesmo no depósito. As

suspensões Hydrolastic são dadas a fugas de

fluídos, destabilizando completamente o carro,

mas a reparação não é dispendiosa. Nestes

carros, como no Mini, os ruídos de caixa e

diferencial fazem parte da experiência. Contudo,

ressonâncias mais elevadas merecem atenção.Se ao arrancar ouvir pequenas pancadas é na-

tural que os apoios de motor ou caixa estejama precisar de reforma. É mais um problemacomum e barato de resolver.

Pata que serve?

O Austin foi pensado para transportar famílias.

Com motor e caixa em posição transversal é

um carro muito espaçoso. Mas o conforto não

é um dos seus atributos. Com rodas pequenase curso de suspensão reduzido o 1300GT de-

sencoraja as longas viagens mas aceita com

competência e ânimo uma condução inspirada

num percurso sinuoso.

Outro inglês injustiçadoStuart Sutcliffe e Pete Best foram o quarto e

quinte Beatles. Só depois chegou Ringo Starr

que colheu os frutos da invenção enquanto os

outros ficaram de fora a vê-lo aburguesar e atorrar dinheiro em alguns Aston Martin, Facel-

Vega, Mercedes e um Cooper psicadélico.

Alternativa

Se gosta de carros ingleses com pretensões

desportivas e quase nenhuma outra qualidade,

o MG Metro 1300 é uma escolha simpática.Tem sangue azul porque descende diretamente,

do Rei Mini mas é um filho estróina.

Um para comprar jáNos classificados da MCS9 está um exemplar

cor-de-laranja com jantes Minilite. E segundoo vendedor, acabou de ser restaurado.

Se aparece na Motor Clássico, é porque temmuita qualidade (riso maquiavélico)

AUSTIN 1300 GT de 1972, recentemente

restaurado. 7.000 Euros Tel. 933022502

Um Morris 1300 GT, que ainda não percebeu que foi convidado para uma acção de doação de órgãos de um Cooper S

Motor: 4 cil. em linha; posição transver-

sal dianteira; válvulas à cabeça; 1275cc; Carburador SU; 70 cv às 6000rpm; Transmissão: dianteira,- 4 Vel.;Travões: à frente, de disco; atrás, de

tambor. Sem servofreio;Chassis: mono-bloco em aço de 4 portas e 5 lugares;Comprimento: 3703 mm; Distânciaentre eixos: 2375mrrt; Peso: 855 kg;Velocidade Máxima: 148 km/h

Austin 1300 GT

1969-1974

Triumph GT6

1966-1973

Triumph GT6: um automóvel tão fascinante que põe as mulheres bonitas a contemplar pássaros imaginários só para não olharem para ele.

Porquê este modelo?

XKI2O, E-type, DBS, Aceca. Os mais dese-

jáveis coupé ingleses têm em comum linhas

elegantíssimas e melodiosos motores de seis

cilindros em linha. Todos obedecem ao mesmo

princípio básico e são inacessíveis. A exceção é

o Triumph GT6. Os ingleses chamam-lhe "E-typedos pobres" mas dependendo da perspetivapode ser o "Spitfire dos ricos" ou o "240 Zdos

gentlemen". O GT6 é uma derivação do roadster

Spitfire mas o resultado é um carro de outrocalibre. O motor do Triumph Vitesse pode não

ser um portento, mas num carro de cerca de

900kg é suficiente para gerar sensações se-

melhantes às de um desportivo "full-size". Para

isso contribuíam a baixa distância ao solo, as

dimensões reduzidas, a bonita vista sobre o capo

e a posição de condução convidativa. O GT6 é

um automóvel com uma sonoridade contagiante

que proporciona uma sensação de velocidade

exagerada. Atingem-se altos níveis de diversão

sem correr grandes riscos nem necessitar do

envolvimento físico e concentração que, porexemplo, um Healey 3000 exige. Apesar das

suas virtudes um GT6 vale cerca de 13 500€,o mesmo que um MGB GT.

O que procurar?O Triumph GT6 teve uma longa carreira repar-tida por três gerações. O MXI é o que melhorse distingue, graças à grelha frontal cromadasobre o para-choquas, que torna o carro mais

datado e menos gracioso. O interior é o mais

elegante de todas as gerações, com fundo emmadeira brilhante e um volante bonito ainda

que exageradamente grande. Os olhos poderãosentír-se tentados pelo apelo retro do modelo

original mas os restantes sentidos vão render-

se às versões posteriores. É que a suspensãotraseira de mola transversal do MXI rapidamentese tornou famosa por reações bruscas que deram

origem a muitos acidentes de condutores mais

animados. Na segunda e terceira gerações, a

mola transversal passou a estar ligada às rodas

através de triângulos o que permitiu reduzir as

variações de camber e aumentar a tração e

estabilidade do Triumph que assim se tornou

um carro verdadeiramente eficaz. Nos útimos

MXIII, por questões de redução de custos, os

triângulos voltaram a desaparecer, mas com

o sistema de mola a ser melhorado. Assim, a

escolha ideal é entre o MXII e o MXIII, consoante

prefira a traseira de desenho mais clássico ou

ao estilo do Triumph Stag.

Para que serve?

Se conseguir manter a ferrugem ao largo, o

Triumph GT6 é um "mini GT" de sonho. Não

só tem um motor suficientemente suave para

deslocações por estrada aberta como o overdrive

permite ritmos e consumos que convidam a

prolongar a viagem.Os ruídos aerodinâmicos e o curso de suspensãoreduzidos "aconselham" a opção por viagens

curtas e sinuosas, em que o comportamento

previsível e divertido e o motor agradável pos-sam brilhar.

Outro inglês injustiçadoTal como o GT6, Lewis Hamilton ganhou fama

de provocar acidentes. Em ambos os casos a

culpa é dos condutores mais "mariquinhas".

Alternativa

Há um outro coupé de seis cilindros contempo-râneo do GT6 e relativamente acessível: o MGCGT que vate cerca de 5000€ mais.

Um para comprar jáNo OLX encontrámos um GT vendido original-mente em 1974, depois do fim da produção. É

portanto o carro sem triângulos na suspensãotraseira. Tem ainda matrícula inglesa e volanteà direita, o que explica o simpático preço de

5500€ num exemplar com bom asoeto

Para um verdadeiro inglês, de malas feitas pararegressar e apenas com gasolina portuguesasuficiente para chegar à fronteira...

Motor: 6 cil. em linha; posição longitudinal

frontal; válvulas à cabeça; 1998 cc; 2Carburadores Stromberg; 98cv às 5300

rpm; Transmissão: traseira; 4 Vel.+ Over-

drive; Travões: à frente, de disco; atrás, de

tambor. Sem servofreio; Chassis: separado

com carroçaria em aço de 2 portas e 2

lugares; Comprimento: 3785 mm; Distân-

cia entre eixos: 2108 mm; Peso: 863 kg;

Velocidade Máxima: 180 km/h

Porquê este modelo?

Nunca como hoje estiveram tão na moda os

carros familiares com alma desportiva: Audi RS4,

BMW M5, Jaguar XFR e Mercedes C55 AMG são

só os exemplos mais conhecidos. O sucesso do

conceito entende-se perfeitamente: num mesmo

carro conjugam-se os argumentos práticos que a

família exige e "o lado negro" que alguns chefes

de família gostam de reservar para si. Parece

uma fórmula relativamente recente, mas a Ford

já a usava desde a primeira geração do Cortina.

O Cortina Lotus MXI tornou-se o exemplo má-

ximo da berlina desportiva. Mas o modelo quemelhor combinou as necessidades familiares

com o carácter desportivo foi o Cortina GT MXII

na versão de quatro portas. O habítáculo mais

largo e espaçoso do modelo de 66, combinado

com as linhas mais discretas mas igualmente

elegantes, tornavam o Cortina no melhor segredo

do pai rebelde. O motor Kent desenvolvido pela

Cosworth debitava nesta geração uns saudáveis

88cv. O GT poderia não ser tão rápido quanto

o Lotus mas tinha um conforto de rolamento

superior e maior robustez mecânica. Hoje, o

seu grande trunfo é a cotação baixa, sobretudo

no MXII de quatro portas.

O que procurar?O Cortina GT foi um modelo de grande sucesso,

particularmente na sua segunda geração. Por

isso não é ainda um modelo raro. Obviamente,

muitos deles foram ou estão a ser consumidos

pela ferrugem. Especialmente aqueles que foram

equipados com o charmoso revestimento de

tejadilho em vinil. A ferrugem ataca todos os

pontos habitualmente frágeis em qualquer carro,

mas o ponto mais delicado - por interferir na

segurança - são os pontos de ancoragem da

suspensão dianteira. Especialmente se tivermos

em conta que um carro deste género pode ter

sido guiado de forma vigorosa ou mesmo vio-

lenta. Durante décadas o Cortina GT foi apenas

um carro velho e potente, capaz de proporcionar

momentos de diversão a baixo custo. As marcas

de acidentes devem por isso ser procuradas.

Se estiver a sentir-se com muita sorte, vale a

pena procurar um Cortina 1600 E. 0 motor é

o mesmo do GT mas as suspensões são seme-

lhantes às do Lotus, mais baixas e firmes. A

letra E era de "Executive" o que justifica uma

quantidade de extras luxuosos como bancos

desportivos, tablier em raiz de nogueira, jantes

"Rostyle" e faróis de nevoeiro.

Para que serve?

Os argumentos para a compra de um Cortina

GT ainda são os mesmos de quando foi lan-

çado. É um clássico perfeito para quem tem

uma família, graças à comodidade das quatro

portas e a uma bagageira bastante espaçosa.Os 88cv poderão não ser impressionantesnos dias de hoje mas não só chegam para

acompanhar perfeitamente o ritmo do trânsito

moderno como permitem ultrapassar os limites

de aderência e proporcionar uma experiência

de condução verdadeiramente aditiva.

Outro inglês injustiçadoO Cortina GT concilia as necessidades do con-

dutor com as da família. Um exemplo paraElizabeth Hurley que penalizou Hugh Grant por

ter necessidades muito particulares.

Alternativa

O seu rival da época, o Vauxhall Viva GT.

Um para comprar jáEstá no Stand Virtual um Cortina GT sedutor,

numa cor típica, contrastante com o teto de vinil.

As fotos mostram um exemplar muito completo

que parece incluir mesmo um gato siamês. Por

3200€, com as vacinas em dia.

"Miau, eu não gosto muito de carros ingleses.Posso adquirir apenas o gato? Obrigado"

Motor: 4 cil. em linha-, posição longi-tudinal dianteira; válvulas à cabeça;1498 cc; carburador duplo Weber; 78cvàs 5400 rpm; Transmissão: traseira; 4vel. Man.; Travões: à frente, de disco;

atrás, de tambor, sem servofreio; Chas-

sis: monobloco em aço de 4 portas e 5

lugares; Comprimento: 4267 mm; Distân-

cia entre eixos: 2490 mm; Peso: 875kg;Velocidade Máxima: 150 km/h

Cortina MK II I6OO GT

1966-1970

Quem inventou os padrões axadrezados merecia umas férias a ver o Sol aos quadradinhos. Tira a mão do meu Cortina! Palhaço...

O Hillman/Sunbeam Imp é a escolha de todos aqueles que, no fundo, no fundo, são um bocadinho do contra. Os outros compraram um Mini

Porquê este modelo?

Muito anos depois dos Mini terem revolucionado

o universo dos utilitários, muitas marcas conti-

nuaram a fazer sucesso comercial com a velha

arquitetura "tudo atrás". Os Simca 1000, os

Renault 8 e os Fiat 850 são só alguns exemplos.

O Hillman/Sunbeam Imp é a prova de que, os

ingleses não só eram capazes de extraordinárias

inovações, como conseguiam bater-se com a

concorrência nos conceitos mais clássicos. O

Imp Super chegou mesmo a competir direta-

mente com os Mini nas vendas. É que apesarde muito distintos em conceito, ambos têmtrunfos semelhantes: comportamento divertido,

motor vivo e espaço suficiente para transportaruma família, apesar das curtas dimensões.

Do ponto de vista mecânico o carisma do Impdeve-se em parte à utilização de um motor quese celebrizou em competição: o vigoroso e leve

Coventry-Climax de alumínio, utilizado tanto em

monolugares de competição como bombas de

água de combate ao fogo. As linhas do Imp não

eram tão vanguardistas quanto as do Mini mas

escondiam pormenores de versatilidade inteli-

gentes, como a abertura do vidro traseiro parao acesso de carga à zona dos bancos traseiros,

que já eram rebatíveis,

O que procurar?No seu tempo o Imp não foi um carro muito in-

justiçado comercialmente. Já enquanto clássico,

a distância que o separa do Mini em termos

Sunbeam imp Super1970-1986

de cotação é um pouco humilhante tendo em

conta que é uma escolha mais original e mais

difícil de encontrarem bom estado. Apesar de

ser mais conhecido como Hillman, o Imp foi

vendido em Portugal sob a marca Sunbeam e

também como SingerChamois. As diferençasentre os vários modelos são estéticas ou de

pormenor. Os modelos mais desejáveis são

os Sport, com dois carburadores Zenith e um

motor mais desenvolvido, debitando 55cv e

com performances bem mais interessantes.

Estes modelos são hoje bastante raros pelo

que talvez tenha de se contentar com um mais

vulgar Super Imp. Se a intenção for acelerar, os

upgrades possíveis são muitos e simples mas a

primeira atenção deve ir para os travões que são

claramente incapazes. A suspensão indepen-dente oferece um conforto que deixará invejoso

qualquer proprietário de um Mini a quem dê

boleia. Mas se quiser mantê-lo impressionadotambém nas curvas, a utilização de uma sus-

pensão mais firme na traseira poderá ajudar a

tornar o carro mais ajustável e divertido.

Para que serve?

Como utilitário que é, o Imp prefere as distâncias

curtas e velocidades médias baixas. O motor é

ruidoso e faz-se sentir no interior o que, sendo

aborrecido em autoestrada, pode ser entusias-

mante num passeio mais curto. A suspensãoconfortável e o interior bem arrumado tornamtoleráveis os passeios em família.

Outro inglês injustiçadoBrian Cohen é a figura central em "A vida de

Brian". Uma personagem que leva uma vida

cheia de paralelismos com Jesus, mas não passa

de um Zé-ninguém que por acaso nasceu na

porta ao lado. No "filme" dos utilitários ingleses,

o Mini faz o papel de Jesus,

Alternativa

O Riley Elf é outro utilitário inglês subestimado.É uma especia de Mini, mas com ar distinto e

uma bagageira maior.

Um para comprar jáNo OLX está um Imp Super de aspeto aceitável,

num bonito verde pistaccio. Tem livro de ins-

truções, livro de revisões e até o porta-chaves

original. Parado há 10 anos, parece uma boa

base de trabalho se o preço for negociável.

Só a cor já me põe nervoso. Mas sem pára-choques até parece de corrida. De correr daqui

para fora...

Motor: 4 cil. Em linha; posição longitudi-

nal traseira; árvore de carnes à cabeça;875c

c; Carburador Solex; 39cv às 5000

rpm; Transmissão: traseira; 4 Vel. Man.;Travões: à frente, de tambor; atrás, de

tambor. Sem servofreio; Chassis: mono-

bloco em aço de 2 portas e 5 lugares;

Comprimento: 3530 mm; Distância entre

eixos: 2082 mm; Peso: 711 kg; Velocidade

Máxima: 129 km/h

Ford Escort XR31965-1971

Olha-me nos olhos e diz-me que não tens saudades das calças de licra, do breakdance, do Rick Astley e do gelado Fizz? Pois. Eu também não,

Porquê este modelo?

É difícil perceber se o XR3 foi vítima da populari-

dade do seu antecessor, o RS2OOO, da qualidade

do VW Golf ou das suas próprias imperfeições.Em todo o caso, em 1981 estavam reunidas as

condições para que o novo Escort desportivofosse um fracasso. As vendas surgiram e o XR3

conquistou uma considerável fatia do mercado

mas, na história e enquanto clássico, ficou na

sombra do Golf GTI. Os alemães têm o irritante

hábito de serem clinicamente certeiros com

os seus produtos e o Golf era não só extrema-

mente divertido e eficaz como bem construído

e robusto. O Escort, por seu lado, tinha uma

qualidade de construção mediana e, mais grave,

um comportamento mediano. O grande defeito

apontado ao XR3 era a má motricidade. A Ford,

ainda pouco familiarizada com desportivos de

transmissão dianteira, não conseguiu preparar o

MXIII para digerir os 96cv de potência. Apesardisso o Escort desportivo vendeu-se bem e as

razões talvez estejam à vista. É que em termos

estéticos este era um carro mais atual do queo Golf e o XR3 era apimentado por um festim

de pormenores estéticos como as belíssimas

jantes especiais em forma de trevo, os faróis

suplementares, o spoiler e aileron em borracha

e as opcionais faixas autocolantes laterais.

O que procurar?

Apesar de não ser pioneiro no conceito, o Escort

tornou-se tornou num ícone entre uma nova gera-

ção de desportivos designada como "hot-hatch"

pela sua estética marcadamente desportiva.Por ter sido um carro menos significativo, a

sua cotação não vai além dos dois terços da

do seu adversário alemão. Mas saiba escolher

a versão certa e talvez se convença de que no

poupar é que está o ganho. É que a partir de

Fevereiro de 82 o Escort recebeu uma caixa de

cinco velocidades que melhorou tanto a per-formance como a economia e a sua suspensãofoi totalmente revista pelo departamento SVE

(Special Vehicle Engineering), tornando o XR3

no carro que sempre deveria ter sido. O augedo MXIII chega em 1983 com a introdução da

injeção Bosch K-Jetronic, de novas relações de

caixa e uma nova afinação de suspensão quetornou o carro mais firme mais mais eficaz.

Com 105 cv e uma aceleração dos O aos 100km/h em 8,5 segundos, o XR3 tinha atingido a

sua maturidade. Prova disso mesmo é o facto

de a mecânica ter permanecido inalterada no

Escort XR3i MXIV.

Para que serve?

O Escort XR3 é uma verdadeira compilaçãodos estímulos sensoriais que os fabricantes de

automóveis usavam neste segmento para fazer

"salivar" os jovens compradores. Numa épocaem que vivemos algum revivalismo dos anos 80,

pormenores como faróis suplementares e faixas

autocolantes estão de volta aos carros novos,

mas este é genuíno! Com uma boa escolha ou

algumas melhorias na suspensão, é um carro

divertido de guiar e simultaneamente, bastante

prático e utilizável.

Outro inglês injustiçadoNos "Take That" ficava sempre na fila de trás e

aparecia menos nos vídeos. Um dia fez-se à vida

e ficou mais rico do que os outros todos juntos.O tempo do XR3i também há-de chegar.

Alternativa

O Fiesta XR2 também parecia corredor de Do-

mingo mas hoje é interessante de conduzir.

Um para comprar jáOs 7500€ são excessivos, este XR3i no site

YSP.pt está perfeito. O vendedor diz que o carro

nunca foi restaurado e que tem apenas 34 000kms. Uma verdadeira máquina do tempo!

Parece que acabou de sair de um daquelesconcursos esquisitos, que ofereciam carros nos

anos 80, não é?

Motor: 4 ci). em linha,- posição longitu-dinal dianteira; válvulas à cabeça; 1597

cc; injeção Bosch K-Jetronic; 103 cv às

6000 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.

Man; Travões: à frente, de disco,- atrás,de tambor. Com servófreio; Chassis:

monobloco em aço de 3 portas e 5 luga-

res-, Comprimento: 3970mm; Distânciaentre eixos: 2393 mm; Peso: 900 kg;Velocidade Máxima: 185 km/h