Armanda Passos

ARMANDA PASSOSÓleos de pequeno formato

SÃOMAMEDEGALERIA DE ARTE

Novembro/Dezembro 2012

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(...)“Não há letras que cheguem a poder dizer os milagres que podem as colores e a grande força sua.” Esta declaração de Francisco de Holanda no final do seu capítulo sobre as cores poderia aplicar-se à pintura de Armanda, sobretudo na sua arrebatadora última fase, onde o vermelho domina quase exclusivamente.(...)Como notou José Augusto França, um finíssimo connoisseur da pintura de Armanda exposta na Galeria de São Mamede, na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa, a sua arte é diametralmente oposta à pintura de Paula Rego: “Onde Paula Rego conta histórias em sua casa, ela as não conta – e tem o malicioso bom gosto de intitular as suas telas só pelo que fisicamente são, ‘a óleo’.” Na pintura de Armanda, as figuras existem pura e simplesmente. Nada de maldade, pas de méchanceté, “no meaningless meanness”, diz o poeta…(...)Mais do que histórias, Armanda cria, direi eu, “quadros poéticos”, ou antes como explica Lessing no Laokoon (Berlim, 1766), “fantasmas poéticos” ou “sonhos acordados”. Afinal, qualquer um de nós é provavelmente capaz de ter sonhos acordados, se ficarmos atentos e nos prepararmos para isso. Mas só muito poucos o fazem. Fê-lo Opicinus de Canistris no século XIV nas imagens cartográficas antropomorfas criadas em segredo ao longo da noite em Avinhão durante o Grande Cisma; fê-lo Hieronymus Bosch no século XV nos Países Baixos em vastas visões delirantes como o tríptico das Tentações de Santo Antão do Museu das Janelas Verdes, em Lisboa. Armanda Passos entra nesta genealogia de artistas. Pintura não narrativa, pintura impulsiva… Luís de Moura Sobral evocou a propósito da sua pintura a Nave dos Loucos, a Narrenschiff de Sebastian Brandt (Basileia, 1494), verdadeiro catálogo das loucuras do mundo. Mas se Armanda se olhar no espelho como o louco de Sebastian Brandt, é para ver a riqueza sem fim da Criação do Mundo, os casais de animais da Arca de

Noé, a pomba branca com ramo verde no bico do fim do Dilúvio.Fechada entre paredes, a sua vida é toda dedicada à pintura, “a verdadeira pintura” que é um “dom divino infuso”, e não só “actividade manual e natural”, como decretava o Censor da Inquisição Frei Bartolomeu Ferreira, que obrigou Francisco de Holanda a corrigir-se, a autocensurar-se, a despeito das suas convicções íntimas, profundas, inabaláveis.“O pintor há de nascer já pintor”, escreveu Holanda nos seus Provérbios na Pintura. Ou ainda: “Para digno de ser pintor mester há nascer pintor, pois o pintar não se aprende.” Só que o dom divino não basta : “O natural que digo deve com tanto estudo e exercício de acompanhar… estudar de dia e todas as noites, que é tempo mais de estudar”, acrescenta o pintor teórico português. E Armanda é só desenhar, desenhar, desenhar... “O que Armanda mais sumamente ama na vida, é arte. Nisso sonha, nisso vigia, nisso põe todo seu gosto e ferocidade, seguindo contente e cegamente só o Divino Nome da Pintura”, podemos dizer, citando as palavras de Francisco de Holanda que vêm no capítulo “Que tal deve ser o Pintor”.(...)Armanda tem necessidade de calma, silêncio e paz para criar. Ela espera e espera, armada de paciência e de esperança, o advento de um desses raros momentos fulgurantes em que o artista consegue captar um sonho enquanto está acordado. Daí nascem as suas melhores criações, os seus sonhos acordados. (...)

Sylvie Deswarte-Rosa*

Lyon, 11 de Outubro de 2012

(Excertos do texto sobre a Pintura de Armanda Passos)

*Directora de Pesquisa Emérita no CNRS, École Normale Supérieure Lettres et Sciences Humaines, LyonDoutorada em História de Arte, ParisPremiada pela Fundação Calouste GulbenkianComissão científica e conferencista no IV Congresso História da Arte Portuguesa, 21.11.2012, FCG.

Sonhos Acordados de Armanda Passos

A Pintura é um Novo Mundo do Homem e seu proprio reino e obra, assim como o maior mundo é proprio de DEUS, derivado um do outro. É uma candea, uma lux que inesperadamente num lugar escuro mostra obras que antes não eram conhecidas…Francisco de Holanda, Da Pintura Antigua, 1548, Livro I, Capítulo 2 « Que Cousa é Pintura »

Aquele não sei quêQue expira não sei comoQue, invisível saindo, a vista o vêLuís Vaz de Camões, Ode VI

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Galeria São MamedeTexto Sylvie Deswarte-RosaImpressão Tiragem 500 exemplares

Armanda Passos - Breve nota biográfica Armanda Passos nasceu no Peso da Régua. Vive e trabalha no Porto. Curso da Artes Plásticas da Escola Superior de Belas-Artes do Porto

Exposições individuais“Pintura e Desenho”, Árvore, Porto (texto de Júlio Resende); “Pintura e Desenho”, Galeria Mòdulo, Porto (texto de Fernando Pernes); “Pintura e Desenho” G ;)senreP odnanreF ed otxet( aobsiL ,oludòM airela“Pintura e Desenho”, Galeria Mòdulo, Porto (texto de Jaime Milheiro); “Pintura e Desenho”, Galeria Mòdulo, Porto; “Pintura”, Galeria S. Mamede, Lisboa (texto de Júlio Resende); “Pintura”, Galeria Gilde, Guimarães (texto de Júlia Formosinho); “Paintings and Drawings”, Arts Centre Exhibitions, Londres (texto de Joaquim Matos Chaves);” Os

;)oiduálC oiráM ed otxet( aobsiL ,PITCOS ,”oinéliM od serodaturcsreP“Desenhos, Guaches e 3 Telas”, Galeria Arcada, Estoril (texto de José Saramago); “Pinturas”, Galeria Universidade do Minho, Museu Nogueira da Silva, Braga (texto de César Valença); “Árvore 81/Árvore 91”, Árvore, Porto (texto de Marta Cristina Araújo); “Pinturas Recentes”, Galeria S. Mamede, Lisboa (texto de David Mourão-Ferreira); “ Guaches e Òleos” Degrau Arte, Porto(texto de Armando silva Carvalho);”Antologia Mínima” Museu Amadeu de Souza-Cardoso, Amarante (texto de José Carlos de Vasconcelos); “Ibériques”, Galeria du CYGNE, Genebra (texto de José Augusto Seabra);” Guaches e Òleos”, Degrau Arte, Porto (texto de Jorge Listopad); “Óleos de Pequeno Formato”, Galeria S. Mamede, Lisboa (texto de Jorge Listopad); “Óleos”, Galeria da Universidade do Minho, Museu Nogueira da Silva, Braga (texto de Francisco Carvalho Guerra); “Óleos de Pequeno Formato”, Cordeiros Galeria, Porto (texto de Fernando Guimarães); “Óleos”, Mário Sequeira Galeria de Arte, Tibães, Braga (texto de Arnaldo Saraiva); “Óleos”, Degrau Arte, Porto (texto de Luísa Dacosta); “Memórias”, Galeria Cordeiros, Porto (texto de César Príncipe); “Guaches Recentes”, Galeria S. Mamede, Lisboa (texto de António Alçada Baptista); “Óleos”, Galeria S. Mamede, Lisboa (texto de Urbano Tavares Rodrigues);

Representada nas seguintes coleçõesCentro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Museu de Arte Contemporânea, Fundação de Serralves, Porto; Fundação Museu do Oriente, Lisboa; Fundação Champalimaud, Lisboa; Fundação Casa de Mateus, Vila Real; Fundação D. Luís, Cascais; Museu Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante; Museu Nogueira da Silva, Braga; Museu de Chaves; Tesouro-Museu da Sé de Braga; Tesouro da Sé Catedral do Porto; Museu de Aveiro; Museu Antoniano, Lisboa; Casa Fernando Pessoa Lisboa; Colecção Millennium BCP, Lisboa; Secretaria de Estado da Cultura, Lisboa; Palácio da Justiça, Porto; Palácio de Belém.


R. D. MANUEL II, 2604050-343 PORTOTEL/FAX +351 226 099 589M +351 934 388 500

R. ESCOLA POLITÉCNICA, 1671250-101 LISBOA

TEL +351 213 973 255FAX +351 213 952 385

[email protected]

CENTRO CULTURAL SÃO LOURENÇOR DA IGREJA – SÃO LOURENÇO

8136-901 ALMANSILM +351 939 382 472

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