ARNOLDO FILHO - rl.art.br fileum homem cruzou meu caminho 68 um raio de sol 69 uma manhà como as...

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A A R R N N O O L L D D O O F F I I L L H H O O

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AARRNNOOLLDDOO FFIILLHHOO

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ABI SMO 01 ACALANTO 02 AGORA 03 ALÉM DO MAR 04 ÂMAGO 05 AMARGO 06 AMARGURA 07 APACHE 08 APARECEU VOCÊ 09 ARCO- Í RI S 10 ARTUR 11 BELI SÁRI O 12 BI A 13 BRI NCOS DE PÉROLA 14 CAMI NHO TRAÇADO 15 CARLA 16 CASA 17 CHUVA 18 CI NZAS 19 COLI NA 20 CORES 21 CRUZADA 22 DALLAS 23 DE QUALQUER JEI TO 24 DESLI ZES 25 EM BUSCA DO GRAAL 26 ESPERA 27 ESTOU PRESO 28 ESTRELA CADENTE 29 FLOR 30 FORTE 31 FRACASSO 32 FRAGMENTOS 33 FRONTEI RA 34 GI ULI A 35 HAVI A 36 I NOCÊNCI A 37 LAREI RA 38 LEMBRANÇA 39 LUZ PARA NAVEGAR 40 MAR ABERTO 41 MEDO 42 MI NHA FÉ NÃO REMOVE MONTANHAS 43 MI NHA JANELA NÃO DÁ PARA O CÉU 44 MUDANÇA 45 NA BEI RA DO RI ACHO 46 NI NGUÉM É UM PARAÍ SO 47

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OLHAR DI STANTE 48 ONDE VOU NÃO SE CHAMA LUGAR 49 OUTRO LADO DA LUA 50 PEDAÇOS 51 PELAS TRI LHAS 52 PENSAMENTO 53 PERFI L DO MEDO DE VI VER 54 PRETO E BRANCO 55 QUANTAS VEZES 56 QUEDA NO VAZI O 57 QUI NTO OUTONO 58 REBUSQUEI 59 RESUMO 60 SEM NOME 61 SENTI R- TE 62 SEREI A 63 SI MPLES 64 SÓ 65 SUL 66 TERRA FRI A 67 UM HOMEM CRUZOU MEU CAMI NHO 68 UM RAI O DE SOL 69 UMA MANHÃ COMO AS OUTRAS 70 VARSÓVI A 71 VAZI O 72 VENHA SORRI R PRA NÓS 73 VI VER 74

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ABI SMO Eu sou um gr i t o Um gr i t o seco E sur do Você é i ncer t eza Li ber dade Sempr e pr esa Somos conf l i t o Sem gr i t o Sem pont e par a at r avessar o abi smo Somos amanhã sem sor t e Vi da que escapa Fei t o sangue pel o cor t e

ACALANTO Me cant e um acal ant o Des l i ze em meus cabel os Suas mãos br ancas E me f aça sonhar Me cant e uma canção Que f al e de um r i o Das f l or est as E me f aça sonhar Me cant e uma emoção E v i aj ar ei no seu sangue At r avés de sua voz E ser emos um só acal ant o

AGORA Agor a que somos sal Quer i a que vol t asse O doce sabor De nossa i nocênci a E o r et r at o ser i a out r o Nada de sent i ment o f or t e Ol har í amos sempr e par a o nor t e De nossa al ma i nf ant i l Agor a

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Que a f l or a acabou No nosso cor ação O per f ume não exi s t e E nosso gost o é amar go E nosso cor po Espant al ho par a o ver dadei r o vi ver

ALÉM DO MAR Vou al ém do mar Al ém do céu azul Al ém do i nf i ni t o Al ém do meu sul Vou sabor ear uma f r ut a f r esca Uma água l i mpa Uma músi ca vi va Al ém da mi nha cer ca Vou cami nhar pr o meu di a f el i z Sem l embr ar o que f i z No meu passado sem gr aça Sem sombr a na pr aça Vou esquecer Meu sol na pr ai a Vou zar par Ant es que a noi t e cai a Vou pescar Vou vi ver Conqui st ar meu cast el o Ant es do amanhecer

ÂMAGO O Senhor é o meu past or E eu não cons i go sor r i r E eu não cons i go me abr i r O Senhor é o meu past or E eu não encont r o meu cami nho As por t as est ão aber t as

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Não sei qual é a cer t a Todas são cer t as Todas são est r anhas O Senhor é o meu past or E eu não sou l i vr e Meu quar t o é escur o Meu céu não t em est r el as Quer o t er o Senhor como meu past or E não sent i r A escur i dão do céu

AMARGO Pal avr as chei as Que me dei xam vazi o Mús i ca t r i st e Que me f az vazi o Chuva que cai Sem f azer sent i do Sol que não vem E me dei xa i l udi do Paz que não chega Vi da que não acaba Voz que não gr i t a Essa vont ade de amar Chuva que não mol ha Sol que não quei ma Voz que não sent e Vaz i o que não se cal a No amar go da al ma

AMARGURA Não se vou consegui r Esquecer t odos esses anos Que amar gam mi nha boca Não sei se br i l har ei

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Nest e meu céu Que se per deu na escur i dão Mi nha cr ença Levou- me at é onde pude chegar E depoi s se der r et eu Na i mpur eza do meu t empo Meus i deai s Fi car am pr esos Onde pal avr as apenas Não consegui r ão al cançar

APACHE Eu est ava aqui Você chegou Me encont r ou Me conqui st ou Ar r ancou mi nha al ma Me der r ot ou Me humi l hou Me expul sou Eu t ent ei l ut ar Eu r esi s t i Eu sof r i Eu per di Eu mor r i

APARECEU VOCÊ E apar eceu você Com seus ol hos negr os Seu j ei t o t er no Suas pal avr as doces Seus gest os i ngênuos E f ez- se sedução Espal hou i l usões e ot i mi smo Encant ou moment os Der r amou esper anças As noi t es f i car am l ongas, vadi as

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As i l usões at r avessar am f r ont ei r as For mar am uni ver sos Cor t ando nossas vi das I l ust r ando os di as Tr azendo emoções, car i nho, seus ol hos Seus cabel os negr os Tocam o vent o com suas pont as t r avessas Br i ncando com a l i ber dade das aves er r ant es Sel vagem, ousada, t í mi da E i r r esi st i vel ment e bel a Desapar eceu você E t udo que ex i st i a A sol i dão vi r ou f er a devast ador a Dest r ui u moment os Tr ouxe medos e pr econcei t os Desapar eceu você E t odas as coi sas pr eci osas Nasceu ent ão o cat i vei r o E a desesper ança De nossos di as

ARCO- Í RI S Eu t enho um ar co- í r i s Saí de casa buscando cami nhos Est ou sem r umo Andar i l ho Sem ser t ão Sem pai xão Pr ocur o um banco na pr aça E esper o o t empo passar Tempo Um di a vou encont r ar meu i nt er i or Sou ar co- í r i s Sem l ugar cer t o Sem sent i ment o cer t o Não sei onde est ar ei amanhã Não sei se haver á amanhã Meu l ugar é meu cor ação Meu sol não exi st e Mi nhas est r adas es t ão deser t as Mi nha ansi edade é vi ver

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Vi ver , Tal vez não sej a t udo Tudo Tempo Vi ver Vou esper ar a chuva mol har meu r ost o

ARTUR Ser á que você vai voar ? Eu at é hoj e não consegui Mi nhas asas f or am cor t adas na i nf ânci a Busquei out r as ver edas, em vão Seu sor r i so se abr e num segundo E i magi no que o i nf i ni t o ser á pouco Mas não busque o escur o do céu Tent e encont r ar seu azul Const r ua uma f or t al eza em você Ao r edor do seu i nt er i or E ent ão ser á pr of undo Seus br aços t ocam o vaz i o Tent am abr açar o t empo Não f i que ans i oso, el e vi r á l he buscar Seus ol hos são cor de esper ança Não sei que cor es el a t em Tal vez do ar co- í r i s Tal vez das es t r el as Ol he uma est r el a I magi ne que sej a sua Se você consegui r voar Poder á se encont r ar um di a

BELI SÁRI O Sempr e que per cor r o suas r uas Si nt o uma vont ade nua De saci ar mi nha sede Nas águas cr i st al i nas De sua al ma cr ua Luz de l ampar i na Tão pequeni na Mas que i l umi na

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Numa noi t e quent e De l ua ausent e O cor ação de mi nha gent e Cami nhos da noi t e Céu r epl et o de est r el as Como j ar di m chei o de f l or es Sem t emor es E r ancor es Par t i da enchar cada pel a chuva Lágr i mas de esper ança Que um di a r et or na At r avés da l embr ança

BI A Ol har de pr i maver a Sent i ndo a br i sa na j anel a Com seu j ei t o de meni na Que t udo i l umi na Ol har os esqui l os Ouv i r os gr i l os Vi ver de al egr i a Na nossa f ant asi a Sonhos que nascem Nos campos ver des da i nf ânci a Sempr e semeados Sempr e amados Vi da que se i ni c i a Com sabor de mel odi a Esper ança no j ar di m Bel eza que não t em f i m

BRI NCOS DE PÉROLA Dent r o do ôni bus Si nt o o bar ul ho da r ua Da est r ada nua Se eu t i vesse

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Os br i ncos de pér ol a Da moça do quadr o Eu poder i a I l umi nar meu quar t o Ouv i r mi nha músi ca pr ef er i da Vol t ar a sent i r a vi da Ass i m poder i a t ocar o céu Com as pont as dos dedos Esquecer meus medos Me abr açar nas ol i vei r as E me t er por i nt ei r a

CAMI NHO TRAÇADO Vou t r açar meu cami nho Num dest i no i ncer t o Par t i r num cami nhão Num vão De espaço aber t o Fugi r como uma pi pa Sem t er onde chegar Buscar o sent i ment o pur o A pai sagem esqueci da Um sor r i so de br i sa Lançar - me ao f r escor da mont anha Pr at i car r apel I l har - me no meu céu Sem f undo Sem mundo Vi s l umbr ar meu cor po Ser eno e sem gr aça No banco da pr aça Si l ênci o ví vi do No hor i zont e do meu mar

CARLA Eu j unt ei pedaços de você Pr a me encant ar Seus ol hos me buscar am

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Me f or çar am a t e abr açar Seus passos vaci l ant es Te l evam a al gum l ugar Não sei se vai chegar E o sonho vi r á Como nuvens f l ut uant es E a l ágr i ma nascer á Nesse seu r os t o t ão pur o Tão i menso E pr of undo A v i da vai t e per t ur bar Só t e peço que não cr esça Que cul t i ve sempr e em você Essa cr i ança que ai nda exi st e Vá pr a casa br i ncar Br i ncar de qual quer coi sa Vá pr a casa Est á na hor a de dei t ar E sonhe uma coi sa l i nda Sem t er medo de acor dar Ant es da vi da chegar

CASA Uma vez um ami go Sonhou com uma casa Eu t ambém pr ocur o Uma casa par a mor ar Com um l ugar no qui nt al Par a ol har as nuvens passar em Quer o uma casa si mpl es Com uma j anel a Que est ar á aber t a Esper ando o amor ent r ar Na mi nha casa Vou escr ever mensagens Que mandar ei os pássar os Espal har em pel os vent os E f al ar ei da paz Que exi s t e aqui dent r o Da mi nha casa mai or

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CHUVA Eu sor r i Cant ei Chor ei Fui f el i z e não supor t ei Me escondi numa cur va qual quer A chuva mol hou meus ol hos Tent ei um começo Mas não encont r ei pal avr as Tent ei um deser t o Mas mi nhas esqui nas não se encont r avam Dei xei um poema i nacabado El e f al ava de amor E eu não sei f al ar de amor Mi nha ansi edade é vi ver Fugi r par a uma pr ai a di st ant e Onde o sol f aça par t e do meu sonho Meu sonho é azul É ver de Não cons i go descobr i r Por que nunca vou consegui r ol har Só quer i a nascer novament e E escr ever um ver so Di s t ant e Mas que t ocasse seu r os t o No f undo do seu mar Onde ni nguém consegue chegar Eu não cheguei Apenas t ent ei chegar ao espaço E ol har par a meu r ost o Que f i cou sem r umo na chuva

CI NZAS Quer o abr açar uma nuvem Dei xar mi nhas asas me l evar em Não sei o cami nho que vou segui r Tal vez segui r ei at r ás do vent o Ent ão poder ei abr i r meus ol hos Abr i r meus br aços Fazer um t r aço Que cor t e meu cor po Par a i nvadi r mi nha al ma Levando um sor r i so

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Ass i m poder ei par ar na Nor uega Fugi r das ci nzas Meu cor po vi r ou um oceano Nem sempr e ser oceano É ser l i vr e Mas sent i r ei sua i mensi dão Navegar ei nos meus sonhos At é meu di a escur ecer

COLI NA Quer o subi r a col i na I r onde meus ol hos conseguem al cançar Amar Abr açar o vent o Quer o sent i r seus ol hos Sent i r seu cor po Que nunca t ent ei abr açar Segui r meu cami nho Num cor r edor de l uzes Escur o Sem t er por onde vol t ar

CORES Hav i a um br i l ho Tão l onge que meus ol hos não t ocavam Tão l onge que meus ol hos não i magi navam Longe Est ou numa t er r a di st ant e Sem guer r a, sem dor Mas com os sonhos pr esos Sonhos que não podem voar Cami nhar Apenas um l ugar ex i st e par a meus ol hos Um l ugar escur o Sem br i l ho O br i l ho est á l onge Mui t o al ém do que consi go ver Meus passos l i mi t am- se no quar t o Tenho medo de abr i r a j anel a

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E descobr i r as cor es do céu Tenho medo de abr i r a por t a E descobr i r um l ugar ao sol Mi nhas mãos não sabem t ocar meu r ost o À noi t e sonho com o vent o t ocando mi nha j anel a E ouço apenas sua amar gur a

CRUZADA Não t enho cr uzes par a car r egar Também não sei amar Ar ar meu campo Pr eci so de um mant o Par a aquecer mi nhas noi t es f r i as Não vi a est r el a Cr uzar o céu Meu oceano é escur o E não t enho onde cami nhar Mi nha pal avr a não sai do l ugar Vou suf ocar Vou nauf r agar Numa i l ha sem apocal ypse E não vou f l ut uar Não sei se vou vi ver Par a poder me sal var Meu hor i zont e é vazi o E meu ol har j á se per deu

DALLAS Um ol har di st ant e Como pássar o er r ant e Per di do na pl aní ci e do adeus Um ol har sem f i m Sem sombr a Tent ando sor r i r Amar gando no cal or do deser t o Esper ando por br aços i ncer t os Por um cami nho nos campos aber t os Um ol har di st ant e

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Um r ost o ausent e Num deser t o sem gent e

DE QUALQUER JEI TO Haver i a ami zades De qual quer j ei t o Mas f i car i a f al t ando Al guma coi sa sem você Um vazi o Um f r i o Haver i a sor r i sos Sempr e há sor r i sos Mas f i car i a um t ant o Sem gr aça Se seu sor r i so Não est i vesse aqui Haver i a mui t o espaço Par a ami zades Mas o espaço Que você conqui st ou Já est ava r eser vado Desde que nasci

DESLI ZES Cami nhando pel a chuva Vou t ent ado encont r ar O que me f ez per der você O que me f ez esquecer você Cami nhando pel a chuva Ouço o sor r i so qui et o da br i sa Que t oca no meu r ost o Um sussur r o qual quer Cami nhando pel a chuva Tent o encont r ar meus passos sem cadênc i a Meus sonhos i mpossí vei s Meus paí ses e desl i zes

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Na chuva encont r o meu ol har sut i l Meu r ost o de per f i l Mi nha al ma sel ada Mi nha andança amar ga

EM BUSCA DO GRAAL Sou um caval ei r o Em busca do gr aal Em busca da mi nha al dei a De quem me semei a Mi nha bat al ha negr a Não t er á f i m nem com o t empo Sou vent o Sou al ent o Você est á de br aços aber t os Est ou i ncer t o Tenho medo de Te abr açar De me ent r egar De me per der Pr ocur ando Você

ESPERA A úni ca coi sa que ai nda me consol a É saber que qual quer di a Vou f i car em pedaços em al guma cur va Desse cami nho pr a mi nha sol i dão Só uma est r el a br i l ha Na mi nha noi t e ar dent e Na mi nha f ont e mor t a E é um br i l ho t ão escur o Que não i l umi na mi nha l ágr i ma Nem meu pensament o Só me r est a mesmo, esper ar Que uma i magem me l eve Aci ma dest e céu nebul oso Que me i mpede de v i ver

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ESTOU PRESO Est ou pr eso E não quer o cor r er Est ou vi vo E não vej o di f er ença em mor r er Qui et ude Vozes se f azem ouv i r de l onge Bal buci o mi nha vont ade E vej o- me pr eso out r a vez Babi l ôni a Quer o descobr i r seus j ar di ns Abr açar suas gl ór i as E mor r er na sua per di ção Est ou pr eso E quer o f ugi r na qui et ude Da mi nha sol i dão E v i ver um ver ão E me per der na mi nha f l or est a Acor r ent ado out r a vez

ESTRELA CADENTE No cant o Um sor r i so t r i st e No ol har Um j ei t o si mpl es Na vast i dão Um campo l i vr e Par a andar Sem ser not ado Na l ua um br i l ho qual quer Uma par t e da noi t e Um açoi t e Um vel ei r o per di do na mar é Uma est r el a cadent e No cant o do ol har Uma vont ade De apr ender a amar

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FLOR Uma f l or v i r ou canção Abr i u- se e sor r i u Amei você que vi r ou l embr ança Sor r i , chor ei , encant ei Col hi uma f l or no j ar di m Par a of er ecer - l he com t er nur a Fui af as t ado, at i r ado Num j ar di m vazi o, sem r osas

FORTE Sou f ei t o de pedr a Sou domí ni o Sou f or t e E t enho poder Sou vazi o Sou t r i s t e Sou sol i dão Como se f osse mor r er Quer o t udo possui r Quer o t udo f er i r Sou caval ei r o sem céu Sou andar i l ho que não pode amar Sou o t empo i nf i ni t o Sou como um gr i t o Sou f ei t o de pedr a Sou sol i dão Sou t r i s t e como nosso mar

FRACASSO Amanhecer Col her esper ança par a um novo di a

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Suf ocar a vont ade de mor r er Cor r er pel a ver eda do desconheci do Meu mundo Est á é mi nha si na Per cor r er meu ser t ão No f r i o, na chuva do meu cor po Sent i ndo a f aca penet r ar - me E eu caí do de t ant o andar Amanheceu Mi nha vi da é meu di a Não sei o que ser á depoi s Se vou v i ver , mor r er Ai nda mai s que agor a O vent o t r aduz mi nha voz Se sol t ando no t empo Mar , onde est á você? Se o encont r o, me af ogo E esquecer ei meu vendaval Anoi t eceu E no f r i o da madr ugada Me ar r as t ei par a o meu f i m De nada adi ant ou l ut ar Tent ar suf ocar a vont ade de mor r er

FRAGMENTOS Amanheceu O vent o sopr a as nuvens par a l onge O céu começa se abr i r Azul É apenas ni sso que penso Meu moment o se encol heu Meus sonhos ai nda não acor dar am Não ouço meus passos Nada É assi m que est ou me sent i ndo Não t enho uma j anel a Pr a ol har meu vazi o A est r ada de f er r o est á di st ant e Não ouço mai s o api t o do t r em O som do pi ca- pau

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A cachoei r a l ançando águas no t empo Céu azul Céu ci nza Não i mpor t a sua cor É apenas um i menso deser t o Que f i cou do out r o l ado do v i dr o

FRONTEI RA Mi nha f r ont ei r a é l onge do seu cor po Di s t ant e de sua t r i l ha Ao i nver so do seu per dão Mi nhas águas não são seu cami nho Meu sol não t em seu cal or Sou amar go E não t enho um pedaço de chão Sou f r ut a sem sabor Sou pel e sem cor Sou casa sem j ar di m Sou cami nho sem f i m

GI ULI A Ver você f el i z É como ver o bei j a- f l or É sensí vel É esper ança É andança Por cami nhos di st ant es São asas que bat em sem par ar É sai r par a vel ej ar É hor i zont e que não se f i nda É v i da com poesi a É i l usão É ousadi a É sonhar com o gr i l o f al ant e É amar É f ant as i a

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Que nasce como um novo di a

HAVI A Hav i a uma i nt ensa Sensação de novi dade Um sabor de mor ango Um aper t o mai s suave No abr aço aper t ado Hav i a uma i mensa Emoção nos ol har es Um br i l ho sensual Nos seus l ábi os Que seduzi am mi nha al ma Hav i a um car i sma Nas suas mãos Des l i zando no meu cor po Tr êmul o Hav i a você No meu passado r emot o

I NOCÊNCI A De r epent e, o ol har se f ez sor r i so A l ágr i ma que escor r i a se f ez al egr i a No cor ação, a pur eza que sor r i a Fi cou ai nda, mai s que sempr e, i nf ant i l O t empo par ou As est r el as chor ar am O sol e a l ua se amar am A f l or se abr i u par a a vi da Com saudade São o sor r i so e o ol har da cr i ança Que com o pei t o r epl et o de esper ança I mpl or a ao homem Um moment o de f el i c i dade

LAREI RA O f ogo ama na l ar ei r a Recol ho- me nessa noi t e t r anqüi l a

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Sabor ei o um v i nho br anco Ouv i ndo uma canção Revendo At r avés das v i dr aças Lembr anças i nf ant i s Apar eceu uma meni na Mor ena De ol hos f el i nos Um amor que se per deu no t empo E dei xou- me pel as r uas Escondendo- me em out r os br aços O f ogo ama na l ar ei r a I magens Agoni a A f ant as i a f az- me f l ut uar Sonhar A chuva t r az uma voz sol i t ár i a E mi nha al ma se ent r ega Docement e As cachoei r as são br ancas A l ar ei r a me conf unde Cr ei o que mor r er ei de t ant o r evi ver Coi sas que o passado l evou

LEMBRANÇA Uma l embr ança passagei r a Fez nascer uma esper ança Sol i t ár i a nas mi nhas Vei as deser t as Já havi a esqueci do t udo Est ava ador meci do No meu l ei t o E sua l embr ança Levou mi nha paz Nesse f i nal de t ar de Uma l embr ança Que quebr ou meu si l ênci o E me abr açou Na mi nha esqui na per di da

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LUZ PARA NAVEGAR Um sor r i so t í mi do Um j ei t o quase cr i st al i no Que f i ca ao l est e De onde i magi no Um andar t r anqüi l o Nat ur eza que me abr i ga Na penumbr a do i ns t ant e Que me per co de onde es t ou Ol har que di z qual quer coi sa Que par ece acal mar Que ser ve como abr i go Como l uz par a navegar

MAR ABERTO Se pr ocur o você Não sei como pr ocur ar Não sei onde encont r ar Pr ocur o seus ol hos E não ouço nada Não vej o o br i l ho da sua pal avr a E me per co na est r ada Se o sol i l umi na meu cami nho Tenho medo de segui r sozi nho Se você vi si t a mi nha casa Não sei como abr i r a por t a Se você est á De br aços aber t os Nunca es t ou per t o Se o mar se abr i u par a mi m Esqueci de at r avessar Meu par aí so f i cou di st ant e E não consi go sor r i r como ant es

MEDO Medo É um vaz i o que me i nvade Uma onda que me per segue at é o f i m

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At é o f i m da est r ada É não consegui r ver seus ol hos É não sent i r mi nha ver dade Meu sor r i so É v i ver t r ancando em nossos I nt er i or es Ou apenas mor r er Eu t enho medo de v i ver Vi ver não é sor r i r Ou sent i r um ci gar r o Mas não sei o que ser á Medo Um di a vou descobr i r Que não é apenas meu uni ver so

MI NHA FÉ NÃO REMOVE MONTANHAS Mi nha f é não r emove mont anhas Não sei onde chegar ei assi m Não sei se t enho f ut ur o Sou um abi smo sem f i m Quer o vi ver Mas não t enho onde i r Quer o um paí s dent r o do meu cor po E v i ver sol t o Quer o uma ver dade Não sou uma c i dade Não t enho segr edos Nem est r adas Mi nha esper ança é et er na Mas não sou f or t e Tenho medo da mor t e Mesmo que sej a bel a Mi nha f é não r emove mont anhas E não t enho onde i r

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MI NHA JANELA NÃO DÁ PARA O CÉU

Mi nha j anel a não dá par a o céu Não é cober t a por um véu Est a de f r ent e pr a r ua escur a Onde passam pessoas i ncer t as E às vezes nasce uma esper ança Que mor r e na esqui na f r i a Mi nha j anel a não é vi da Não r ecebe a l uz do sol Só r ecebe a agoni a Que vem de nossas f r ust r ações Que est a em cada par ede Em cada cant o da mel odi a Meus ol hos sumi r am numa t ar de de chuva Se per der am num l ugar qual quer Só f i cou o gost o amar go Que nasceu com a sol i dão Mi nha j anel a não é vi da E nós somos um mundo di st ant e

MUDANÇA Hoj e me descobr i gr ande, enor me I nf i ni t ament e super i or aos meus sof r i ment os Tr anquei - me em meu í nt i mo e l ut ei Desesper o, as angúst i as ser ão venci das Hoj e l evant ar ei par a uma nova vi da Sai r ei desse exí l i o vol unt ár i o e i mpi edoso Subi r ei os degr aus de mi nha i nf ânci a De ar madur a e ar mas empunhadas Enf r ent ar ei t odos os desaf i os t r ai çoei r os Dei xar ei i ner t e no chão gél i do Os anos passados, senhor es at é ent ão De mi nha vi da pr i s i onei r a e submi ssa Agor a são novos vent os no l ugar ej o Chegar ão coi sas i nédi t as e púr pur as Mi nha al ma ser á br onzeada pel o sol De uma manhã que sur ge per ant e meu sonho Eu, aut or de mi nha pr ópr i a v i da De mi nhas f ant asi as que me f er em Vej o- me t r ansmi t i r aos out r os

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Uma nova l i ção, uma nova l i ber dade Hoj e quer o r asgar as f únebr es i déi as E desej os de sof r er si mpl esment e

NA BEI RA DO RI ACHO Cheguei na bei r a do r i acho Que r ef l et i u o céu azul As nuvens cl ar as Br i ncavam no passei o Que o sol i l umi nava Meus ol hos se del i c i ar am E amar am seus ol hos Que est avam t ão l onge Sent i o or gasmo da sol i dão E descansei na bel eza Que o r i acho me most r ou

NI NGUÉM É UM PARAÍ SO Sou sol t o no mundo Sou l i vr e na vi da Mas não sou um par aí so Ni nguém é um par aí so Há sempr e espi nhos no cami nho E nas f l or es que amamos Há nuvens ci nzent as no céu Que per t ur bam nossos ol hos Sou her ança que vei o no vent o Par a sof r er com mi nha t er r a Não sou l i vr e, pensei que f osse Por que não sou um par aí so Ni nguém é um par aí so E eu quer i a apenas Ver a l uz do sol Ai nda que f i casse t r i st e

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OLHAR DI STANTE Há mui t o não consi go ent r ar na mi nha r ua Há mui t o não encont r o meu cami nho Um passo E est ou do out r o l ado do t r i l ho O mundo f i cou par a t r ás Um ol har di st ant e E t udo se per deu No vent o do acaso Há mui t o não consi go saber quem sou Há mui t o não encont r o meu cami nho Mi nha casa f i cou no passado E hoj e não consi go sor r i r

ONDE VOU NÃO SE CHAMA LUGAR Pr eci so pegar mi nhas i déi as E cor r er par a o quar t o escur o Ti r ar a máscar a Que esconde meu r ost o Most r ar meu r et r at o Em pr et o e br anco Pr a poder saber o que sou Pr a poder saber onde vou Sem per der mi nha i dent i dade Sem esquecer mi nha vi da No cant o da est r ada Onde vou não se chama l ugar Não t em nome de ci dade Nem cami nho aber t o Só sei que vou chegar Apesar dessas bar r ei r as Apesar de não consegui r andar Meu nome é nada E est ou per di do na escur i dão Cober t o por um mant o opr essi vo Que me i mpede de cr escer Est ou cer cado pel o mar E por f r ont ei r as sel vagens Que me i mpedem de nascer Onde vou não se chama l ugar E não t em nome nenhum

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OUTRO LADO DA LUA Há quant o t empo Não sei o que segui r Tenho medo de par t i r E descobr i r Que do out r o l ado da l ua Não exi s t e O que eu pensava exi st i r Hav i a um desej o i menso No meu cor ação Que af undou como uma i l ha E at é hoj e Est ou t ent ando encont r ar Há quant o t empo pr ocur o I l umi nar Meu l ado obscur o Par a poder par t i r Sem medo do escur o

PEDAÇOS Recol hi pedaços Do t empo que sof r i demai s E der r amei os ol hos Em al guma l ágr i ma vadi a Repl ant ei as sement es De mi nha vi da sozi nha E descobr i Que ser f el i z Não é t udo que quer o Mas é t udo que pensei Ant es de cr escer assi m Mi nhas sement es cr escer ão E as f l or es vão i l umi nar Meu cami nho

PELAS TRI LHAS Ando per di do pel as t r i l has

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Lado a l ado com as l embr anças Que i l umi navam meus di as De avent ur as e andanças Ando enf r aqueci do pel o t empo Sem vent o Que me l eve a qual quer l ugar Sem amar Sem par ar par a sent i r Sem dest i no par a f ugi r

PENSAMENTO Que f i m l evou meu pensament o? Não sei Foi passear pel os vent os Que vi er am devagar e sumi r am E mi nha voz t ent ou encont r á- l os Mas a esper ança vi r ou- me as cost as Uma car r uagem passou por aqui E t r ouxe not í ci as do pensament o er r ant e Que se per deu num deser t o di st ant e E se escondeu em al gum cor po de mul her Nascent e, que água cr i s t al i na você t em Vai , f or ma- se r i o l ogo E car r ega- me no seu col o f r esco Par a t ent ar buscar - me l onge daqui A sede de vi ver l ar gou meu cor po E as i magens dest or ci das desse céu Der r et er am meus ol hos E a mão cál i da da t r i st eza Me cobr i u com um mant o escur o E meu pensament o vol t ou Sombr i o, e sem vont ade t ambém

PERFI L DO MEDO DE VI VER Sent i r esse chei r o de l i ber dade E não poder abr aça- l a

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Me f ez v i r ar sol i dão Sent i r um vaz i o nos ol hos Sem poder cor r er de encont r o à vi da O medo se pr ende na al ma E t ant a coi sa se f echa no cami nho Tent o me el evar Mas cont i nuo pequeni no Só esper o poder ouvi r sua canção Qual quer canção Que f aça o mundo ser l eve Que der r ube essas bar r i cadas Que se er guer am no meu cor ação Sol i dão Canção Um di a ser ei uma nuvem E cor t ar ei o céu azul Sem medo de ser f el i z

PRETO E BRANCO Uma f l or Uma l uz que v i E não consi go saber onde Mas sent i o sabor do mel Do sal Um f r escor que vei o do mar São vent os que ouço São f or t es conqui s t ados pel o t empo É um sonho que não t em cor es As cor es f azem f al t a Meu sonho é pr et o e br anco I magens que se mi s t ur am No meu vazi o Fundo Vou ao f undo Mas meu sol é al ém do deser t o Est ou di st ant e como meu cor ação Est ou per di do em pr et o e br anco Sem cor es Sem f l or es Meu per f ume é vazi o E um r i o per de seu r umo No f undo do meu qui nt al

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QUANTAS VEZES

Quant as vezes pr ocur ei conhecer Esse est r anho l ugar desabi t ado Tent ei j unt ar pequenos mundos Sopr ar cont r a os vent os f or t es Tent ei mer gul har nas águas r evol t as Desse i menso mar de l ágr i mas e r i sos Mas o deser t o consumi u- me por i nt ei r o E as r osas per der am o per f ume Tent ei envol ver - me nesse mant o O cal or suf ocou- me Escol hi cami nhos di f er ent es As host i l i dades cont i nuar am a exi st i r Lut ar ei at é o f i m, at é consegui r Ou at é mi nha der r ot a, af i nal A sedução f i cou mi st er i osa Como uma i l ha desabi t ada Os vent os f i car am mai s f or t es Mer gul hei nas águas r evol t as As l ágr i mas f or mar am um cor po E v i - me no espel ho com um ol har t r i st e

QUEDA NO VAZI O A euf or i a i nvadi u mi nha al ma E f ez de mi m Escr avo das avent ur as Tent ei agar r ar as bor bol et as E sai r voando pel o mundo Mas as asas da euf or i a são cur t as Foi uma queda sombr i a Meus br aços t ent ar am f ugi r Mas as nuvens são escor r egadi as Meu cor po cansado Mi nha al ma der r ot ada Só pensava em mor r er na sol i dão A euf or i a sedeu ao sof r i ment o E a gar gant a se escondeu da voz E meu sonho sangr ou

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Na mi nha queda amar ga

QUI NTO OUTONO Tal vez t enha t i do a chance de ser f el i z Mas nunca ol hei os cabel os sol t os O mar mor t o Os passos l ent os Nunca f or am di t as as pal avr as Ensai adas Nas madr ugadas f r i as Dos meus pensament os Mi nut os de i mpr ovi so Hor as de si l enci o Tempos de esqueci ment o Anos de pr ocur a Pel as r uas escur as Pel as casas vazi as Pel os ol har es esqueci dos Todos os di as

REBUSQUEI Rebusquei Ent r e det al hes um si gni f i cado Uma i l usão descar t ada Um amor esqueci do ent r e f ol has Do cader no de mi nhas l embr anças Per di do nas pequenas f r ust r ações Desesper ei - me Ouv i ndo a chuva que mol hava a noi t e Um bar ul ho sedut or que nos abr aça E nos l eva a f l ut uar nas f ant asi as Da madr ugada si l enci osa e i nf i ni t a Ref l et i ndo um céu escur o e mi st er i oso Encont r ei - me Com uma mel odi a r omânt i ca

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E dei xei meu cor ação f r ági l E i ndef eso ser esf aqueado E sangr ar por sonhos desconheci dos E depoi s ser ent er r ado nas r ecor dações Embebedei - me Pel as r uas deser t as Pr ocur ando f ugi r desse dest i no Que mar cou- me com l ágr i mas E encont r ei - me desf al ec i do Sedent o por moment os, ai nda

RESUMO Saber r esumi r o que si nt o Não é t udo Só meus br aços est ão sol t os Um r i o c r uzou meu cami nho E af ogou meus sonhos Andar com os br aços aber t os É apenas o que posso f azer Mi nha excal i bur , há t empos Não cons i go empunhar Mas meu cor po Ai nda r esi st e o f r i o da chuva Meus br aços est ão sol t os E eu não cons i go voar Tal vez sej a mesmo i mpossí vel Se meus cabel os f ossem l ongos Medi r i am a di st ânc i a Que me separ a da j uvent ude Meus br aços f or am cor t ados par a sempr e Nunca acr edi t ei mesmo Que pudesse voar

SEM NOME Sempr e ando no mesmo l ado da r ua Sempr e ol ho nas esqui nas vaz i as Nas j anel as escondi das At r ás da noi t e sem l ua Sempr e est ou no mesmo t r echo da v i da

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Como um bar co à der i va Como meu di a a di a Como uma i l ha per di da Ando pel as t r i l has da mont anha Sem bússol a par a me gui ar Sem cami nho par a chegar Sem obj et i vo par a agar r ar Um di a t er ei a cer t eza Que vou encont r ar mi nha ci dade per di da E buscar em suas r uas Um sent i do par a a vi da

SENTI R- TE Em meu quar t o escur o Pr endo- me nos meus r emor sos I mpl or ei t ant o que me amasse E as t r evas do abandono Fi zer am- me cor r er nos buei r os Esconder - me em l abi r i nt os Cal ar - me par a novas i déi as Um abandono t r ági co Que me enl ouqueceu mui t as vezes Sof r i com del í r i os al hei os Bei j ei a suj ei r a dos cal abouços Ouv i os vent os ui vando na noi t e E me at er r or i zei só em pensar Que você nunca mai s me ouvi r i a Quer o sent i r seu sabor campest r e Em t odos os meus moment os Ver sua i magem sai r da escur i dão Despi r - me l ent ament e e enf i m Sent i r seu f r escor

SEREI A Ondas chegam sol i t ár i as E se quebr am na ar ei a Uma pr i ncesa na bei r a da pr ai a Fei t o ser ei a Que i nvade mi nhas vei as

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Que cat i va mi nha al dei a Gest os s i mpl es que cat i vam Mi nha al ma Fazendo- me pr i s i onei r o No i nf i ni t o azul Num mar de ol hos ver des No par aí so agr est e De um cor po cel est e

SI MPLES Si mpl es Tão si mpl es que par ece per t o Tão si mpl es que par ece et er no Tão si mpl es que par ece ar t e Per t o Tão per t o que par ece et er no Tão per t o que par ece ar t e Tão per t o que par ece si mpl es Et er no Tão et er no que par ece ar t e Tão et er no que par ece s i mpl es Tão et er no que par ece v i da Ar t e Ar t e é s i mpl es Ar t e é et er na Ar t e est á t ão per t o Ar t e é v i da Vi da Vi da é ar t e Vi da é s i mpl es Vi da é et er na E est á t ão per t o

SÓ Abr i meus br aços Par a r eceber - t e E você pr ef er i u

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Segui r ver edas desconheci das O cal or do meu cor po Af ast ou- se do meu uni ver so E o f r i o f ez mor adi a Na mi nha cama desabi t ada E você per deu- se Por essas sombr as Que vaguei am pel o mundo Mor r i ant es do amanhecer Sem sent i r seu car i nho

SUL Eu sei que no sul Da mi nha vi da f az um f r i o enor me E se meu cor po é f r ági l Meus ol hos não dor mem Se a l uz do f i m do oceano Me chama par a vi ver sol i dão Eu ent r o em você E s i nt o a vi da Se pr endendo a cada i ns t ant e Eu não sei se sou l obo Ou se sou apenas um mut ant e Meu r i o é enor me Mas não cabe meu cor ação Eu quer o i r par a o mar Mas você me pr ende aqui Eu quer o navegar E me dei xo seduzi r Mas sou mui t o pequeno E f i co sempr e assi m Sem mar Sem t er out r o l ugar Pr a me ent r egar a mi m

TERRA FRI A Ter r a f r i a Como os pensament os escondi dos No f undo da gel ei r a Da mi nha ansi edade

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Al ma br anca Como os anos sem t er nur a No abandono Da mi nha ci dade Ent ar decer de ol hos f echados De di a f r ust r ado Sem sabor al gum Sem céu Sem azul

UM HOMEM CRUZOU MEU CAMI NHO Um homem cr uzou meu cami nho E seus ol hos r ef l et em paz Um homem cr uzou meu cami nho E suas pal avr as t r aduzem paz Um homem ent r ou na mi nha vi da E di sse: “ Eu sou a ver dade e a vi da” Um homem que ama demai s Que ai nda sof r e por nós Que bat e à nossa por t a Todos os di as e per gunt a: “ Tem um l ugar par a mi m Na sua v i da, no seu cor ação?” Um homem que deve mor r er E r enascer Cada i ns t ant e, mesmo sendo et er no Nesse homem, que me conduz Tenho esper ança e f é Um homem que é amor Que nos acompanha onde f or mos Um homem cr uzou meu cami nho E é mai s que o uni ver so Sem começo e sem f i m Um homem que é t udo Um homem cr uzou meu cami nho E é mi nha paz

UM RAI O DE SOL Meu cor ação Dei xou escor r er uma l ágr i ma

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E uma est r el a Est ava pr esent e nessa desvent ur a Uma ousadi a Der r et eu mi nha mont anha gel ada E um r ai o de sol Abat eu meus ol hos no amanhecer Uma voz f r i a e cor t ant e Me at i r ou ao acaso Fi quei com uma est r el a Na mi nha noi t e sem f i m

UMA MANHÃ COMO AS OUTRAS O sol nasceu t r i unf ant e Rasgou a noi t e com seus r ai os Encant ando as f l or est as Espal hando o r i so de uma nova manhã Sua l uz, seu cal or , t udo enf i m Foi i nvadi do por uma subl i me canção Sua f or ça, sua per f ei ção, sua al egr i a A v i da começa a nascer ent ão A manhã i l ust r ada com um sor r i so Encant ada com os pássar os Poet as mági cos da nat ur eza Cant am a vi da o t empo t odo As f l or es abr em- se sor r i dent es e bel as Per f umadas, amant es et er nas Fazem da vi da uma nova esper ança Com suas cor es, v i vas e pur as Um r i acho Um ver de sem f i m, um chei r o agr es t e Uma manhã como as out r as Que nasce par a um di a qual quer

VARSÓVI A Pombos que voam pr a l ugar nenhum

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Rost os sem sent i do al gum Pés descal ços Ol hos i l hados Sombr as que chegam Sem saber de onde Cami nhos per di dos Sem hor i zont e Cor po suado Pr ai a sem mar Cor ação al ado Sem poder voar

VAZI O Amanheceu na mi nha vi da Mas o t empo est á nubl ado Os pássar os não cant am nas ár vor es Tal vez não sej a um di a f el i z Tent ei cor r er em sua di r eção Mas você se escondeu em seu br i l ho E não consegui al cançar Nunca consi go al cançar Tal vez sej a mel hor desi st i r E f ugi r par a l onge Novament e Abr i u- se um vazi o

VENHA SORRI R PRA NÓS Abandone essa escur i dão E venha sor r i r pr a nós Venha most r ar seu l ado cl ar o Como o di a de sol Tent e esquecer Que f oi sugado pel o mar Sal gado por essa coi sa Chamada vi da

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Abandone seu quar t o escur o Que est amos aqui Par a of er ecer novas emoções E most r ar que a vi da é bel a

VI VER Quer o amanhecer Tr anqüi l o Com o vent o a me r ef r escar E o sol da manhã A me acar i c i ar E subi r as mont anhas Caval gar , ser al egr e Quer o cor r er pel os campos Sabor ear uma f r ut a f r esca Ass i m como seus ol hos Quer o t e amar Sent i r seus abr aços Ador mecer t r anqüi l o Junt o ao seu cor po despi do E poder sent i r - me Como as aves l i vr es