Arouck Brasileiros Guiana Francesa

13
 Ronaldo AROUCK, Lusotopie 2000 : 67-78 Brasileiros na Guiana francesa Novas migrações internacionais ou exportação de tensões sociais na Amazônia?*  Brasil, do ponto de vista estritamente demográfico, não pode ser considerado um país de emigrantes. O número de saídas é irrisório se comparado com o crescimento regular da sua população (IBGE 1991). Sua formação social, entretanto, sempre foi marcada por fortes deslocamentos populacionais em seu território continental, resultado de uma ocupação européia que se iniciou no litoral atlântico e chegou, para oeste, até o Marañon 1  e, como conseqüência, de um processo de exploração econômica, primeiro mercantilista e depois agro-exportador que perdurou até os anos trinta deste século 2 . Sua expansão territorial está ligada a uma forte migra- ção interna, no que a pesquisadora Regina Santos (1994) chama de « uma peregrinação sem fim » com forte influência no contexto extremamente adverso e complexo da realidade brasileira atual. O brasil pode ser considerado ainda um país de relevante imigração internacional , tendo recebido, a partir de século XIX, grandes contingentes de portugueses, espanhóis, italianos, alemãs, japoneses, sírio-libaneses, judeus- marroquinos e, embora não se possam considerar como imigrantes, enormes levas de etnias africanas trazidas compulsoriamente ao longo de quase três séculos. Este fluxo de chegada, contudo, tem decaído acentuadamente no último quartel deste século face as condições macroeconômicas do país (Santos 1994 : 7). Um fluxo de imigração, hoje menor, ainda persiste nas áreas de maiores oportunidades comerciais das grandes metrópoles como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu e Porto Alegre (ibid : 12).  * Este artigo informa sobre alguns dos resultados alcançados na pesquisa « A colônia b rasi- leira na Guiana francesa : relações interétnicas, fronteiras e construção de alteridades », realizada pelo Núcleo de altos estudos amazônicos (NAEA) como parte do Programa inter- nacional de mestrado em planejamento do desenvolvimento – PLADES da universidade federal do Pará, Brasil. 1. Esta é a denominação d a nascen te do ri o Amazo nas no te rritór io peru ano. 2. Sobre a form ação econômica do Bras il queir am confer ir as obras cl ássica s de Celso Fur tado (1967) e Caio Prado Jr (1994). O

description

Estudo sobre a migração de brasileiros na Guiana Francesa.

Transcript of Arouck Brasileiros Guiana Francesa

  • Ronaldo AROUCK, Lusotopie 2000 : 67-78

    Brasileiros na Guiana francesaNovas migraes internacionais ou exportao de

    tenses sociais na Amaznia?*

    Brasil, do ponto de vista estritamente demogrfico, no pode serconsiderado um pas de emigrantes. O nmero de sadas irrisrio secomparado com o crescimento regular da sua populao (IBGE 1991). Suaformao social, entretanto, sempre foi marcada por fortes deslocamentospopulacionais em seu territrio continental, resultado de uma ocupaoeuropia que se iniciou no litoral atlntico e chegou, para oeste, at oMaraon1 e, como conseqncia, de um processo de explorao econmica,primeiro mercantilista e depois agro-exportador que perdurou at os anostrinta deste sculo2. Sua expanso territorial est ligada a uma forte migra-o interna, no que a pesquisadora Regina Santos (1994) chama de umaperegrinao sem fim com forte influncia no contexto extremamenteadverso e complexo da realidade brasileira atual.

    O brasil pode ser considerado ainda um pas de relevante imigraointernacional, tendo recebido, a partir de sculo XIX, grandes contingentes deportugueses, espanhis, italianos, alems, japoneses, srio-libaneses, judeus-marroquinos e, embora no se possam considerar como imigrantes, enormeslevas de etnias africanas trazidas compulsoriamente ao longo de quase trssculos.

    Este fluxo de chegada, contudo, tem decado acentuadamente no ltimoquartel deste sculo face as condies macroeconmicas do pas (Santos1994 : 7). Um fluxo de imigrao, hoje menor, ainda persiste nas reas demaiores oportunidades comerciais das grandes metrpoles como Rio, SoPaulo, Belo Horizonte, Foz do Iguau e Porto Alegre (ibid : 12).

    * Este artigo informa sobre alguns dos resultados alcanados na pesquisa A colnia brasi-

    leira na Guiana francesa : relaes intertnicas, fronteiras e construo de alteridades ,realizada pelo Ncleo de altos estudos amaznicos (NAEA) como parte do Programa inter-nacional de mestrado em planejamento do desenvolvimento PLADES da universidadefederal do Par, Brasil.

    1. Esta a denominao da nascente do rio Amazonas no territrio peruano.2. Sobre a formao econmica do Brasil queiram conferir as obras clssicas de Celso Furtado

    (1967) e Caio Prado Jr (1994).

    O

  • 68 Ronaldo AROUCK

    Migraes internas e expanso de fronteiras

    As migraes internas no Brasil, alm de sua problemtica demogrfica,so tradicionalmente abordadas sob a tica da expanso da fronteira onde aAmaznia passa a ser o ltimo refgio cuja ocupao mereceu a pre-ocupao de numerosos estudiosos de diversas reas das cincias sociais. Aocupao do espao amaznico brasileiro, de fato, ocorre no sem grandesconflitos intertnicos, opresso humana, apropriao indevida da terra,sistemas agrrios antagnicos, tecnologias primitivas e modernas, popula-es tradicionais versus imigrantes, interveno governamental e repressopolicial, tendo como pano de fundo a antiga luta pela terra no Brasil,situaes caractersticas das regies fronteirias. O conceito de fronteira,portanto, assume importncia basilar para o discernimento do processo deocupao amaznica quando considerada como rea limite no deslocamentode populaes e das relaes sociais que se conformam nessa rea.

    Para Jos de Sousa Martins (1997), o que h de mais relevante para carac-terizar e definir a fronteira no Brasil , justamente, a situao de conflitosocial ; na sua interpretao, nesse conflito a fronteira essencialmente umlugar de alteridade, o que faz dela uma realidade singular (Martins1997 : 150). Para este estudioso, a fronteira deixa de existir quando o con-flito desaparece, quando os tempos se fundem, quando a alteridade originale mortal d lugar a alteridade poltica, quando o outro se torna parteantagnica de ns. Quando a histria passa a ser a nossa histria, a histriada nossa diversidade e pluralidade, e ns j no somos ns mesmos porquesomos antropofagicamente ns e o outro que devoramos e nos devorou (Martins 1997 : 151).

    Quando confrontamos as formulaes de Martins sobre o conceito defronteira com o fenmeno da emigrao brasileira que se d hoje para aGuiana francesa, emerge a questo se estas so aplicveis a anlise socialdaquele fenmeno migratrio especfico uma vez que esta sada um fen-meno premeditado, que envolve uma logstica complexa e muitas das vezesarriscada, num tpico movimento urbano-urbano, e no se caracterizariacomo um transbordar de uma fronteira demogrfica e econmica a deparar-se com um sistema poltico, social e cultural distinto do contexto a queestava originariamente submetido e que motivara sua expanso .

    Tratar-se-ia, pelas nossas observaes, de um outro processo migracional,no que alguns estudiosos convencionaram chamar de novas migraesinternacionais uma vez que, neste caso, no h conflito social relevante(pelo menos na rea receptora) e quando h, so plenamente moldados (ouminimizados) pelo padro scioeconmico do territrio de recepo. Ou, deoutra forma, poderia o territrio do Guiana francesa ser considerado umanova fronteira econmica para os brasileiros emigrados ou apenas um pontode contato ?

    Primeiramente precisamos definir se a rea principal de imigrao brasi-leira para a Guiana francesa caracterizar-se-ia como fronteira econmicadada a sua conformao social em relao ao Brasil. Se todo fenmeno mi-gratrio na Amaznia necessariamente uma expanso de fronteira,entendendo-se expanso de fronteira pelo aportamento de populaesdistintas e oriundas de reas imediatamente anteriores reas limites,conformando relaes sociais antagnicas com conflitos sociais inerentes s

  • Brasileiros na Guiana francesa 69

    contradies dos tempos histricos das diversas populaes em interao (Martins 1997 : 154). Para prosseguirmos nossa anlise, entretanto, precisoreconhecer a existncia desse tipo de migrao como uma expanso de fron-teira na Amaznia, como identificou o antroplogo Alfredo Wagner Bernode Almeida num artigo para a revista Travessia (Almeida 1995) em anlisedas migraes internacionais na Amaznia, no que ele considera como uma relativisao do princpio de nacionalidade seguindo os preceitos de EricJ. Hobsbawm (1990 : 52). Para Almeida, este fenmeno migratrio, antesde ser uma deciso de aparatos de Estado, que priorizam a integrao demercados e a internacionalizao da economia, so prticas necessrias aalguns segmentos sociais, apoiados em unidades de trabalho familiar ereferidos a circuitos mercantis diferenciados, agrcolas e extrativistas . Eleconsidera esses deslocamentos enquanto subproduto de polticas pblicasque conjugam interesses quase explcitos de no realizao de uma reformaagrria, baseado em preceitos que adiam as demarcaes das terrasindgenas e no lhes asseguram o direito de posse . Segundo ainda Bernode Almeida, uma das conseqncias mais significativas dessa indecisooficial foi as ocorrncias de seringueiros, garimpeiros e pequenos produtoresagrcolas (posseiros arrendatrios e meeiros) adentrando territrios de paseslimtrofes, tanto nas reas do Projeto Calha Norte e do Programa defronteiras da Amaznia ocidental (PROFAO), quanto nas reas do chamadoCone Sul . Para o autor, este fenmeno no se enquadra nas chamadasmigraes internacionais mas em um intenso processo de expropriao quepode ser designado como exportao de tenses sociais, causadasprincipalmente pelo avano da concentrao fundiria e a paralisao dosmecanismos de arbitragem direta dos conflitos, o que fazem dessas regieslimtrofes, vlvulas de escape potenciais para os problemas da estruturaagrria, como se elas, idealmente, pudessem se constituir numa fronteiraagrcola .

    Nas bordas fronteirias da Amaznia brasileira h, sem dvida, conflitosdesse gnero que podem ser identificados mais pelas notas da imprensa doque por estudos acadmicos, como mostra o quadro a seguir.

    H, contudo, hoje em dia, um fato social novo na dinmica populacionalbrasileira, representado pelo fenmeno migratrio transnacional de grandescontingentes em direo s cidades de pases de industrializao avanada,especialmente os EUA, a Europa ocidental e o Japo.

    O Instituto brasileiro de pesquisa aplicada Vox Populi, em levantamentorealizado em 1998, revelou que um em cada cinco brasileiros (mais exata-mente 21 %) gostaria de morar em outro pas se tivesse recursos3 Estamassa de emigrantes j atingiu uma cifra notvel com uma populao emtorno de 1,5 milhes de brasileiros vivendo em cidades do exterior, havendohoje mais de 300 cidades fora do Brasil com mais de 100 000 brasileiros 4. A Guiana onde 25 000 brasileiros resolveram buscar ordem e progresso 5 cerca de um quinto da populao daquele departamento de ultra-mar daFrana.

    3. Veja (So Paulo), Os brasileiros vo luta : Bye-bye, Brasil , 16 de maro de 1998 : 36-38.

    Veja, 29 de julho de 1998 : 33.4. Veja, 3 de abril, 1996 : 26-29.5. Veja, 10 de julho de 1996 : 54-55.

  • Quadro ALGUMAS OCORRNCIAS DE CONFLITOS E TENSES NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DA AMAZNIA BRASILEIRA

    Pas Ocorrencia Local DataNmero debrasileirosenvolvidos

    Atividade Desdobramento Fonte

    Venezuela ndios Macuxis eIgarics bloquearam

    estradas estaduais paraimpedir entrada de

    garimpeiros

    Fronteira daVenezuela com o

    Suriname

    14 deMaro de

    1994

    Garimpo ilegal Folha de So Paulo,15 de Maro de

    1994

    Venezuela Garimpeiro brasileiromorto e dois detidos emconfronto com a Guardanacional da Venezuela

    Serra do Parima 1 deAbril de

    1994

    Dezenas Garimpo ilegal .. Jornal do Brasil,4 de Abril de 1994

    Bolvia Escorraados de suasterras pelos

    pecuaristas quecompraram os seringais,

    seringueiros acreanos fogem para a

    Bolvia .

    .. Centenas Extrao do Latexda Hevea

    Brasilienses

    .. Jornal do Brasil23 de Junho de

    1974e 24 de Junho de

    1974

    Guianafrancesa

    Garimpeiros invadiramterritrio da Guiana

    Fronteira Brasil-Guiana francesa

    Maro de1991

    140 Garimpeiros Expulsos Folha de So Paulo,30 de Maro de

    1991Suriname Mulheres levadas para a

    prostituioParamaribo Julho de

    1994Centenas Prostituio Interpelao da

    embaixada doBrasil ao governo

    do Suriname

    O Liberal14 de Abril de 1993

    Repblicada Guiana

    5 mil garimpeirosbrasileiros extraem ouro

    e diamantes em terrasguianenses

    Arnika (Rep. daGuiana), 13 km dafronteira norte doBrasil, prximo ao

    municpio deNormandia (RR)

    5 000 Garimpeiros . Jornal do Brasil16 de Janeiro de

    1990

    Fonte : Adaptao de ALMEIDA, 1995 : 29.

  • Brasileiros na Guiana francesa 71

    Este , sem dvida, um novo quadro na demografia nacionalconfigurando-se numa absolutamente original questo social : a centena demilhares de migrantes brasileiros vivendo no exterior na busca de melhoresganhos salariais, melhoras recompensas sociais e um refgio de uma reali-dade que lhes cruel em sua nao de origem, como reporta Tereza Sales :

    estamos fugindo de nossa dcada perdida pelos portes de embarque dosaeroportos internacionais. As migraes recentes de brasileiros para osEstados Unidos, para o Japo, para Portugal, para a Itlia e at mesmo para oParaguai, so o retrato cruel de um Brasil que, se na passagem do sculopassado e as primeiras dcadas do atual recebia imigrantes que para aquitrouxeram o seu legado de tcnica e cultura, agora, na passagem para umnovo sculo, comea a exportar o que h de melhor em seu territrio : o seupovo. [] A histria desses novos fluxos de migrao de brasileiros temespecificidade dependendo do local de destino para onde se dirigem.[] Devido s prprias condies que motivaram mais imediatamente osfluxos de emigrao de brasileiros para o exterior a recesso econmica, asesperanas e frustraes da chamada dcada perdida possvel que, a ummomento conjuntural que se apresente promissor, se possam observar fluxosmigratrios de retorno. Certo, porm, que, uma vez estabelecido o fluxo,dificilmente ele regride totalmente. A tendncia, portanto, de continuidadesobretudo levando em conta as redes sociais e de mercado de trabalho jestabelecidos (Sales 1995, e 1999 : 5).

    Matria publicada recentemente pelo jornal O Liberal de Belm (Brasil),corrobora as observaes da Tereza Sales :

    A desvalorizao do real em relao ao franco francs e ao dlar vem esti-mulando a imigrao clandestina para a Guiana francesa. O nmero debrasileiros clandestinos ou legalizados que chegam a Caiena vinha dimi-nuindo devido estabilizao econmica no Brasil, mas voltou a crescer hdois meses. Em meados dos anos 1980, Caiena recebia cerca de 150 clandes-tinos por semana. Nos ltimos anos, este nmero caiu para 20, mas hoje, emtorno de 40 pessoas desembarcam semanalmente nas praias da capital daGuiana, apesar da forte represso policial aos imigrantes em situaoirregular.As autoridades francesas s encontram um explicao a essa febre migratria :o lucro cambial do franco e, mais recentemente do dlar, em relao ao real. Aexemplo do que ocorre com os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, osbrasileiros que moram ou trabalham na Guiana francesa esto obtendo maislucros com a desvalorizao do real frente ao dlar, a pesar da moedaguianense ser o franco francs. [] "Isso compensa os riscos que ns temospor trabalhar longe da nossa famlia" observa o pedreiro Janurio DiasBrazo, 43 anos, que em janeiro, conseguiu mandar para a esposa, em Belm,trs mil francos, cerca de R$ 800,00 uma pequena fortuna para um operrioparaense que no ganha mais de R$ 200,00 por ms como empregado de umaconstruo em Belm (Marinho 1999 : 2).

    As hipteses causais da fuga em massa de brasileiros para o exteriorforam de certa forma relatadas por T. Sales no texto acima, e so confir-madas por M.L. Margolis :

    H vrias razes que explicam o crescente fluxo emigratrio em um pasque no tem histria ou tradio em emigrao. Os brasileiros da cidade deNova York como tambm em qualquer parte dos Estados Unidos so consi-derados como exilados econmicos fugindo das condies de hiperinflao,desemprego, baixos salrios, aumento do custo de vida e de uma situao deconstante insegurana econmica no pas. Os brasileiros em Nova Yorkfreqentemente se referem a eles mesmos como "imigrantes econmicos", eesta denominao parece apropriada ; cerca de dois teros das pessoas de meuuniverso de pesquisa mencionaram razes econmico-profissionais para virpara este pas. Alm do mais, elas sabem muito bem o que foi que as atraiu

  • 72 Ronaldo AROUCK

    para c : comparados com os empregos no Brasil, os empregos nos EstadosUnidos pagam salrios suficientes altos, permitindo-lhes poupar uma somaconsidervel em dinheiro. Pode-se poupar dinheiro e tempo. Inmeras vezes,contaram-me que no Brasil, depois de vinte anos de trabalho, adquirir umacasa continua sendo um sonho inatingvel para muitos, enquanto que nosEstados Unidos, os salrios poupados depois de um ano de trabalho podemsignificar uma entrada para uma casa ou um apartamento. [] A combinaode salrios relativamente baixos, os preos que mudam constantementedevido a inflao galopante e a desnorteante incerteza sobre o que o amanhtrar, provocaram entre muitos brasileiros, uma melancolia inusitada acercado futuro econmico do pas e seu lugar no mesmo (Margolis 1994 : 23).

    Pode-se afirmar agora, sem maiores hesitaes, a existncia de um fen-meno migratrio importante do Brasil para o exterior e que comea trans-parecer na Amaznia, da mesma forma, pela fuga recente de amaznidas para a Guiana francesa. Este fenmeno, entretanto, precisa ser distinguidodaquele identificado por A. Almeida no quadro acima. A maioria dasocorrncias por ele identificadas esto localizadas nas regies fronteirias doBrasil com os pases limtrofes, em rinces da selva amaznica e fora dequalquer rea minimamente urbana. So regies, na Amaznia, onde a linhade fronteira nacional entre o Brasil e seus vizinhos s pode ser identificadaou reconhecida por especialistas uma vez que a floresta tropical mida ocenrio e os marcos divisrios so meros diagramas em um mapa.

    Por outro lado, em algumas situaes, pases vizinhos como o Paraguai ea Bolvia incentivaram de diversas maneiras a atrao de agricultores brasi-leiros para o seu territrio devido a uma certa tradio na plantao de sojados brasileiros.

    Novas migraes internacionais

    O que se denomina como novas migraes internacionais possui meca-nismos de translao distintos daqueles conhecidos como expanso defronteira. Nesta nova migrao a transferncia se d preponderantementedas reas urbanas brasileiras para as cidades dos pases de industrializaoavanada (Sales 1995 ; Margolis 1996). Na sua maioria ilegal, os arranjos e, svezes, a logstica exigida para esta migrao so caras, planejadas com ante-cedncia e invariavelmente contam com o apoio de um imigrante prece-dente, parente ou amigo daquele que deixara o Brasil (Sales 1999).

    O marco para essas novas migraes internacionais se deu na segundametade da dcada de 1980 (Sales 1999 : 34), correlacionado ao incio doperodo de crise econmica que atravessou o Brasil. Embora os contedoscausas da sada de brasileiros para o exterior sejam coincidentes nas duasformas : expanso de fronteira e novas migraes internacionais, pois pode-mos considerar diversos fatores de expulso semelhantes (desemprego, faltade perspectiva de vida, baixo rendimento salarial, etc.), no segundo caso huma predominncia da migrao de jovens na busca de uma ascensosocial que lhes foi barrada no Brasil (ibid. : 32). A participao de gruposoriundos da classe mdia, mesmo que essa emigrao represente umretrocesso do status social que tinham no Brasil, marcante (ibid. : 33). Mas adiferena fundamental entre essas duas posies que, na segunda, acorrente migratria que se inicia no cria conflitos sociais graves para o pasde destino que, como j mencionamos, carece de uma mo-de-obra noespecializada para a realizao de servios gerais (excluindo-se desse

  • Brasileiros na Guiana francesa 73

    fato, claro, a migrao de dentistas brasileiros para Portugal), e esto aptosa absorver as possveis diferenas sociais dos recm-chegados.

    Outra caracterstica bsica da migrao internacional, e que a diferenciada expanso de fronteira, a construo paulatina de redes sociais de migra-o (Tilly 1990 : 32). Este fenmeno se inicia pela implantao de ncleospioneiros de brasileiros no exterior que, aps a sua estabilizao e adaptaosocial no pas de destino, arregimentam parentes e amigos prximos (Sales1999 : 17).

    Uma anlise do tipo histrico-estrutural cuja nfase recai mais nos pasesde acolhimento do que nos de origem da migrao internacional poderiajustificar algumas das razes da sada de brasileiros para o exterior e emespecial para a Guiana francesa. Mas temos que admitir que no existe naGuiana francesa qualquer programa oficial do governo da Frana paraatrao de brasileiros ou da mo-de-obra brasileira para aquele territrio.Segundo a revista Veja : Se a mo-de-obra escasseia, fecham os dois olhos.Quando no falta mo-de-obra, fecham a porteira. Assim, a saga dos emi-grados brasileiros para aquele territrio ora ganha uma conotao positivaora severamente reprimida dependendo dos interesses do momento 6.Podemos afirmar, desta forma, a existncia na Guiana francesa de uma pol-tica no oficial do tipo gangorra que funcionava aos interesses e convenin-cias das autoridades locais mas nunca um projeto de atrao oficial da mo-de-obra brasileira que se encontrava disponvel e com custos baixos bem aolado da linha demarcadora da fronteira, especialmente das cidades deMacap e Belm7.

    O trnsito de brasileiros para a Guiana francesa tem por causa a emer-gncia de dois fenmenos sociais : do lado do pas de origem, justificadaspelas ms condies macroeconmicas que se apresentaram no Brasil apartir dos anos oitenta, a chamada dcada perdida, e do lado francs, a am-pliao do projeto areoespacial europeu na Guiana francesa, marco econ-mico importante para o desenvolvimento da atividade de servios naqueledepartamento de ultra-mar.

    Brasileiros na Guiana francesa

    Aps estudar cerca de 14 reas possveis ao redor do mundo, o governoda Frana decidiu-se por construir seu centro areoespacial na Guiana fran-cesa uma vez que sua localizao estratgica, prxima a linha do Equador(5o 3 N), possibilita um ngulo ideal para lanamentos de foguetes comrbitas geoestacionrias e o perfil da costa guianense permite lanamentosentre o Norte e a Leste (-10o 5 a +93o 5) com custos operacionais relativa-mente mais baratos se comparados a outra regies (CNES 1996 : 1). Entre1968 e 1988 foram realizados cerca de 450 lanamentos, e o projeto ganhoudimenses industriais a partir da operao do projeto Ariane, quando aFrana associou-se a Comunidade econmica europia para a lanamento desatlites de comunicao das empresas privadas de diversos pases (ibid.).Assim, foi criada o ELA 2, fbrica de lanamento que necessitou construir

    6. Veja, 10 de julho de 1996 : 20 (especial : Acima da linha do Equador ).7. Na poltica de migrao para a Guiana francesa, os brasileiros, deve se dizer, podem emi-

    grar de forma legal, desde que possuam uma carta de um empregador local que se respon-sabilize pelo pagamento de seu salrio e registros empregatcios legais.

  • 74 Ronaldo AROUCK

    a base permanente de Kourou (78 km a NO de Caiena), envolvendo umgrande complexo de construes e aparatos de segurana, alm de umacidade do tipo Company Town (Kourou) nos arredores do complexo (ibid.). Aimplantao dessa rea de pesquisa e operacionalizao de alta tecnologia um referencial importante para o desenvolvimento scioeconmico daGuiana francesa. Este fato deu a Guiana uma importncia estratgica para asegurana nacional francesa, quando antes era somente geopoltica. E, maisimportante, interligou definitivamente aquela regio longnqua da metr-pole ao sistema econmico francs e provocou um novo fluxo migratrio daFrana para um territrio que possua uma populao exgua por falta deuma atividade econmica forte, e injetou na regio um volume de investi-mentos antes inimaginvel no departamento pela sua importncia at ento(Giacottino 1984 : 52).

    A Guiana francesa carecia de mo-de-obra barata para a construo civil.A diferena cambial entre o cruzeiro (moeda brasileira na dcada de 1980)era de cinco para um, a favor do franco francs. Isto significava para umoperrio brasileiro, quando convertia o seu ganho em moeda francesa para abrasileira, um rendimento inimaginvel se comparado ao brasileiro. Essavantagem financeira mais a carncia de mo-de-obra na Guiana, impul-sionaram os primeiros fluxos migratrios.

    A sada de brasileiros, no incio, e ainda at hoje, era realizada na suamaioria em barcos de madeira (do tipo amaznico) que se arriscavam emperigosas jornadas pela costa ocenica desde Belm e Macap at Caiena. Ouse partia desde o Oiapoque (divisa entre a Guiana e o Brasil junto ao Estadodo Amap) em viagem de menor tempo de durao.

    A chegada a Caiena obrigatoriamente realizada a noite, num desem-barque na praia prxima a cidade, para fugir do controle migracional. Essesprimeiros brasileiros possuam uma origem scioeconmica e padro cultu-ral muito baixos, sendo a maioria semi-analfabeta, e no falavam emabsoluto o idioma local, o que lhes causava grandes dificuldades de adap-tao ao modo de vida francs, e facilmente podiam ser enganados pelosempreiteiros e sub-empreiteiros no que diz respeito aos seus ganhos esalrios.

    Alojavam-se em prdios abandonados no centro de Caiena, sem as mni-mas condies de higiene, sem luz eltrica ou gua encanada, amontoadosem quartos abarrotados de redes, onde at 40 pessoas moravam. O interes-sante que esses alojamentos, quando vistos de sua fachada, eram mantidosextremamente limpos e sempre recm pintados pela prefeitura, tendo portase janelas lacradas, efetuando-se o acesso geralmente por um discreto portolateral, sendo proibido qualquer tipo de barulho8.

    Todos os dias, ao por do sol, reuniam-se os brasileiros, na Praa dasPalmeiras no centro de Caiena, quando os sub-empreiteiros da construocivil contratavam-nos geralmente pela metade do valor do salrio mnimofrancs.

    Os atritos entre esses imigrantes e as autoridades locais s aconteciamquando havia uma denuncia do contratante da mo-de-obra brasileira polcia. A maioria dos conflitos entre contratante e contratados se davaquando o brasileiro, aps algum tempo de permanncia em Caiena, desco-bria que no estava sendo pago de acordo com a lei francesa. Se reclamava, ocontratante simplesmente chamava a polcia que o levava preso por ser 8. Notas de campo do autor, 1994.

  • Brasileiros na Guiana francesa 75

    indocumentado e ilegal em territrio francs. O destino desses brasileiros eraa deportao, via area, at a cidade de Macap, capital do Estado doAmap, no Brasil, num vo regular de 40 minutos9.

    No h no Brasil qualquer estatstica sobre a sada de brasileiros para aGuiana francesa, nem o governo francs sabe informar o nmero exato debrasileiros que l residem uma vez que a grande maioria imigrou ilegal-mente. Estimativas da imprensa brasileira calculam em 25 000 o nmero debrasileiros na Guiana. Se considerada esta cifra, os brasileiros constituiriamalgo como um tero da populao total do departamento da Guiana francesaque segundo o ltimo dado censitrio possui 140 000 habitantes. Oconsulado do Brasil em Caiena possui o registro de 10 000 brasileirosdocumentados e estima em 8 000 os chamados flutuantes10.

    Os brasileiros, na Guiana francesa, somaram-se a uma populao local deetnias variadas, fruto do processo de ocupao colonial francs na Amricado Sul. O guians o descendente de escravos trazido principalmente dasCarabas francesas desde o sculo XVIII para atender o projeto de exploraoeconmica daquela regio. H ainda chineses, malaios, haitianos, franceses eafricanos provenientes da ex-Guinana holandesa, alm de uma populaoamerndia espalhada pelo seu territrio ainda quase que totalmente inexplo-rado. Todos convivem sob a proteo do Estado francs.

    O status poltico de departamento de ultra-mar deu a Guiana francesa amelhor condio scioeconmica das Guianas. Pode-se afirmar que suapopulao nativa possui o mesmo padro de vida da metrpole, e usufruidos benefcios sociais de alta qualidade do governo social-democrata daFrana. O seu custo de vida, no entanto, sensivelmente mais caro do que naFrana j que no existe uma produo agrcola local que possa atender suapopulao. Todos os componentes alimentcios so importados da Europa.

    Aparentemente, no h conflitos sociais graves na Guiana francesa com oadvento das duas migraes recentes mais importantes : os brasileiros e oshaitianos. Este segundo grupo foi oficialmente aceito pelo governo da Frananaquele departamento por razes humanitrias a partir dos graves conflitospolticos no Haiti nos anos 1980. Ambas as populaes, quando oficializadas,usufruem sem problemas dos benefcios sociais franceses disponveis aosnacionais como sade e educao gratuitas e outros benefcios das leistrabalhistas francesas.

    A partir dos anos noventa, o perfil do brasileiro que emigrou para aGuiana francesa modificou-se um pouco pela entrada de elementos da classemdia, com maior nvel educacional e provenientes de outras regies queno da Amaznia brasileira.

    Esta nova feio social provocou um novo tipo de articulao entre osindivduos do segmento brasileiro que, entretanto, carece de maiores estu-dos. As observaes preliminares apontam por uma certa diferenciao noestilo de articulao e convivncia entre os brasileiros componentes dasclasses de origem proletria e aqueles da classe mdia hoje radicados naGuiana francesa. Esta caracterstica tambm observada por Sales (1999 :54), entre os brasileiros imigrados nos Estados Unidos que no possuem omesmo nvel de ajuda mtua como o que acontece entre os indivduos deorigem hindu ou chinesa naquele pas.

    09. O bilhete areo Caiena/Macap pago pelo governo da Frana.10. Notas de campo do autor, 2000.

  • 76 Ronaldo AROUCK

    Este novo tipo de convvio entre os elementos do segmento brasileiro naGuiana francesa pode ser observado pelo modo como os dois grupos(o proletrio e o de classe mdia) organizam certas manifestaes culturaistipicamente brasileiras como as festas juninas ou o Carnaval. Os pontos deencontro para o lazer so tambm diferenciados entre as duas classes.

    Pelas observaes at agora realizadas, podemos distinguir entre os bra-sileiros residentes na Guiana francesa, quer legal ou ilegalmente, conjuntosde valores distintos. H aqueles cujos valores so eminentemente burguesese esto na Guiana, segundo eles, para num curto prazo de tempo (de 4 a5 anos) juntarem dinheiro suficiente para montarem no Brasil um negcioque lhes possibilite um sustento ao nvel de uma classe mdia. Outros estona Guiana para obterem um sustento e um padro de vida que jamaisconseguiriam no Brasil pelo seu baixo nvel educacional e ganho salarial.Este segundo grupo, entretanto, no possui um projeto de vida bem definidoe a maioria acaba por gastar o pouco que lhes resta em dinheiro no final doms, repetindo o ciclo de empobrecimento a que estavam acostumados noBrasil.

    Entretanto, os brasileiros bem sucedidos na Guiana francesa, na suamaioria, j esto ali h mais de dez anos. Chegaram de maneira ilegal, conse-guiram um emprego na rea de servios e depois de anos economizandoconseguiram abrir um pequeno negcio para si. Suas estratgias maisrelatadas para o futuro revelam a vontade de entregar aquele negcio a umparente que viria do Brasil para em seguida abrirem um outro tambm noBrasil, vindo somente a Guiana a cada seis meses.

    Deve-se ressaltar, entretanto, que os brasileiros bem posicionados naGuiana so uma minoria em relao ao total desse segmento populacional.A grande maioria vive com menos de um salrio mnimo francs (6 000 FF) emora em condies ainda precrias.

    A grande questo sobre a populao brasileira na Guiana est entreaqueles que, embora no tendo nascido na Guiana, estudaram e viveramsuas infncias e adolescncias por l. Esta segunda gerao de brasileirosainda jovens parece refletir de certa forma sua ambigidade cultural parti-cipando de gangs de jovens que correm a cidade de Caiena em motonetasem alta velocidade, pichando paredes e cometendo pequenos delitos.

    Para alguns estudiosos como Chrubini (1988) h uma certa creolizaoda nova gerao brasileira em Caiena. Diz-se at que sobre essas fronteirasculturais : fala-se francs na escola, creolo na rua e estrangeiro em casa (Reginensi 1993 : 4). Quando questionados sobre sua nacionalidade os Brasi-leiros da segunda gerao se declaram brasileiros . Mas poucos queremvoltar ao Brasil ou tem ligaes mais fortes com o pas de origem (ibid.).

    Os brasileiros no participam da vida poltica da Guiana francesa ; sopouco articulados entre si e reproduzem naquele territrio o baixo grau decidadania a que estavam submetidos no Brasil. Quase todos possuemtrabalho e sempre conferem o seu ganho com o correspondente em moedabrasileira, na esperana de economizarem e terem um negcio prprio emsua cidade de origem. Comprar no Brasil um taxi, uma ou duas casas paraaluguel so os freqentes projetos relatados pelos brasileiros (ibid.).

    A Guiana francesa possui a caracterstica singular de ser hoje um paseminentemente de imigrantes. Os segmentos brasileiros, haitianos e chinesesde sua populao j ultrapassam grandemente aquele da populao nativa(Zonzon & Prost 1977 : 26). A hegemonia poltica, contudo, ainda permaneceentre os creolos remanescentes das primeiras levas de povoadores.

  • Brasileiros na Guiana francesa 77

    A questo brasileira na Guiana francesa est ainda no seu incio.A segunda gerao desempenhar um papel importante para o avano ouretrocesso nesse quadro poltico e integrativo da Guiana. O translado deuma sociedade excludente e de poucas chances de ascenso social como oBrasil para aquela de organizao democrtica forte e economia pungente eindustrial, exige do imigrante srias mudanas de atitudes, de valores queno concebia em sua terra de origem. Poucos, percebe-se, se do conta disso.Tudo esperam do governo, tudo esperam do consulado brasileiro, todosquerem os seus benefcios, poucos se integram com profundidadeNingum se sente cidado. Nem mesmo os l nascidos. Relatos de quasetodos : No Brasil s se d bem que tem estudo. Aqui pelo menos ganhamosmais . como se dissessem : continuo no sendo cidado mas pelo menosaqui ganho condignamente como operrio (ibid.).

    H uma enorme iluso de ascenso social que se realizar algum dia noBrasil, quando voltar rico e puder morar em casa de alvenaria, ter seuprprio negcio, ter um carro e ver os filhos em boas escolas privadas. Esteretorno triunfal quase nunca se realiza pois no se pode ganhar em francos eter despesas em reais. preciso economizar 50% do que ganham com par-cimnia durante no mnimo uns dez anos, morar mal, comer mal, no ir aoBrasil. Trabalhar e dormir, a nica rotina possvel. Muitos se perdem, seesgotam, caem na bebida, nas drogas e ficam no vai-e-vem entre Macap eCaiena (ibid.). Como preconizou Max Weber, castelos no se constrem comdinheiro mas com valores, resolues firmadas na base cultural.

    O amaznida um pr-burgus . Se algum lhes planejasse a vidapara os prximos dez anos. Ser empregado melhor que ser patro .A realidade fora de seu mbito cultural e num padro de vida industrialexige-lhes demais. A racionalidade requerida extremamente instrumental :produzir, produzir e produzir se quiser guardar alguma coisa. Os chinesesparecem realizar isso com aparente facilidade mas da mesma formaescondem uma angustia oriental, taciturna e que os isola dos demais.

    Qualquer estudo sobre a convivncia intertnica na Guiana francesa,contudo, ter sempre que levar em conta os fundamentos histricos doEstado-nao. H pases fundados eminentemente na imigrao como osEstados Unidos e pases unitrios e centralizados fundados na assimilaocomo a Frana. A integrao e a prpria sobrevivncia da Guiana francesadependero grandemente do jogo poltico interno e do papel a ser desenro-lado pelo Estado francs. O povo brasileiro de origem amaznica que lreside dever de alguma forma adicionar um grau de adaptabilidade aindadesconhecido naquelas plagas. Seria o jeitinho brasileiro com forma deresistncia e afirmao.

    Maio de 2000Ronaldo AROUCK

    Ncleo de altos estudos amaznicos/Mestrado em planejamento do desenvolvimento e

    Departamento de estudos tursticosda universidade federal do Par

  • 78 Ronaldo AROUCK

    BIBLIOGRAFIA

    ALMEIDA, A.W. Berno de 1995, Exportaes das tenses sociais na Amaznia ,Travessia Revista do Migrante (So Paulo), VIII (21), jan.-abril : 28-36.

    CASTOR, E. & OTHILY 1984, La Guyane. Les grands problmes, Les solutions possibles,Paris, ditions Caribennes, 338 p.

    CHERUBINI, B. 1994, Cayenne, ville crole et polyethnique. Essai d'antropologie urbaine.Paris, Cenadom/Karthala, 338 p.

    CNES LAgence franaise de lespace 1996, Port spatial de lEurope, Paris, CNES/Dpartement de publications, 4 p.

    FURTADO, C. 1967, Formao econmica do Brasil. So Paulo, Cia editora nacional, 261 p.GIACOTTINO, J.-C. 1984, Les Guyanes, Paris, Presses universitaires de France, 128 p.HOBSBAWM, E.J. 1990. Naes e nacionalidade desde 1780, Rio de Janeiro, Paz e Terra,

    238 p.IBGE (NSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA) 1990, Censo brasileiro, IBGE,

    1257 p.MARINHO I. 1999, Queda do real atrai brasileiros a Caiena , O Liberal (Belm PA),

    8 de fev.MAM-LAM-FOUK, S. 1996, Histoire gnrale de la Guyane franaise. Les grands problmes

    guyanais : permanence et volution, Cayenne, Ibis rouge ditions & Pressesuniversitaires croles/GEREC (Groupe dtudes et de recherches croles), 258 p.

    MARGOLIS, M.L. 1994, Little Brazil: Imigrantes Brasileiros em Nova York, Campinas,Ed. Papirus, 462 p.

    1995, A minoria invisvel : imigrantes brasileiros em Nova York , Travessia Revista do Migrante, VIII (21), jan.-abril : 9-15.

    MARTINS, J. de Sousa 1997, Fronteira. A degradao do Outro nos confins do humano, SoPaulo, Hucitec, 243 p.

    PRADO Jr, C. 1994, Formao do Brasil contemporneo, So Paulo, Brasiliense, 389 p.REGINENSI, C. 1993, Rythmes de vie des jeunes en Guyane franaise : reprsentations et

    citoyennet, Caiena, 36 p. mimeo. [manuscrito indito].SALES, T. 1992, Imigrantes estrangeiros, imigrantes brasileiros : uma reviso biblio-

    grfica e algumas anotaes para pesquisa , Revista brasileira de Estudos daPopulao, IX (1), jan.-julho : 14-21.

    1995, O Brasil no contexto das novas migraes internacionais , Travessia Revista do Migrante, VII (21), jan.-abril de 1995 : 5-8.

    1999, Brasileiros longe de casa, So Paulo, Cortez, 1999, 235 p.SANTOS, R. Bega 1997, Migrao no Brasil, So Paulo, Scipione, 132 p. ( Coleo Ponto

    de Apoio ).TILLY, C. 1990, Transplanted Networks in V. YANS-MCLAUGHLIN, Immigration

    Reconsidered History, Sociology and Politics, Oxford, New Oxford UniversityPress.

    ZONZON, J. & PROST, G. 1997, Gographie de la Guyane, Saint-Germain-du-Puy,Servedit, 252 p.