Arqueacao Tanques

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR RICARDO MENDES DE OLIVEIRA ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIVERSOS MÉTODOS DE ARQUEAÇÃO DE TANQUES CURITIBA 2010

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN - UFPR

    RICARDO MENDES DE OLIVEIRA

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIVERSOS MTODOS DE

    ARQUEAO DE TANQUES

    CURITIBA

    2010

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN - UFPR

    RICARDO MENDES DE OLIVEIRA

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIVERSOS MTODOS DE

    ARQUEAO DE TANQUES

    Trabalho de concluso de curso

    apresentado ao Programa de Ps-Graduao

    da Universidade Federal de Curitiba para

    obteno do ttulo de Especialista em

    Metrologia Legal.

    Orientador: Prof . Manolo Gipiela

    CURITIBA

    2010

  • AGRADECIMENTOS

    Deus, pela vida, bno e proteo.

    minha famlia por todo apoio e confiana.

    Ao professor Manolo Gipiela, pela orientao, apoio e incentivo.

    Aos amigos e colegas Paulo Delgado, Jair, Marilice, Joel Franceschini,

    Anilson e Gilmar Scopel pela amizade, companheirismo e pela colaborao na

    realizao deste trabalho.

    Aos amigos de ps-graduao Gustavo Yamanishi, Fabrcio Negro, Murilo

    Contador e Elisley Gorrz, pela amizade, companheirismo e colaborao recebida

    durante o curso. E aos demais colegas que de uma forma contriburam no

    desenvolvimento do trabalho.

    Aos funcionrios do IPEM Joselita, Cida e Jlia pela ajuda e amizade.

    Aos tutores e professores da Universidade Federal do Paran pelo

    incentivo, apoio e conhecimento.

    Ao INMETRO, pelo auxlio financeiro.

  • RESUMO

    A metrologia definida como a cincia da medio. Medir e estabelecer padres

    de medio esto entre as mais antigas necessidades da vida civilizada. A

    metrologia legal tem por base uma regulamentao nacional ou internacional, que

    torna obrigatrias tcnicas e procedimentos metrolgicos na verificao da

    conformidade do instrumento de medida com o regulamento especfico. A

    metrologia industrial aplicada em equipamentos que passem por processos de

    validao peridica, sejam estes calibraes ou ajustes, para a realizao de

    medies confiveis. Pode-se dessa maneira conhecer a capacidade de um

    instrumento no controle e medio de um processo. Assegura-se assim a

    fabricao de produtos com qualidade em processos dependentes de medies

    confiveis.

    A atividade de medir a capacidade volumtrica de reservatrios (tanques, silos e

    embarcaes) utilizados para armazenamento de produtos a granel conhecida,

    nos meios tcnicos da metrologia, como arqueao. O objetivo fazer um estudo

    comparativo entre os diversos mtodos de arqueao, assegurar a confiabilidade

    metrolgica nas medies fiscais, custdia de produtos e para o controle de

    estoques das empresas. Os principais clientes desse tipo de servio so as

    refinarias e distribuidoras de petrleo, usinas de lcool, moinhos de gros,

    empresas do segmento de sucos e companhias de gs.

    Palavras-chave: Arqueao, Confiabilidade Metrolgica.

  • ABSTRACT

    Metrology is defined as the science of measurement. Measure and establish

    measurement standards are among the oldest needs of civilized life. The legal

    metrology is based on a national or international regulations, which makes

    compulsory metrological techniques and procedures for compliance testing of the

    measuring instrument with the specific regulation. Metrology is applied in industrial

    equipment passing through validation procedures periodically, whether calibrations

    or adjustments to perform reliable measurements. One can thus know the capacity

    of an instrument control and measurement of a process. This will ensure the

    production of quality products in processes dependent on reliable measurements.

    The activity measuring the volumetric capacity of reservoirs (tanks, silos and

    vessels) used for storage of bulk commodities is known among specialists in

    metrology, as tonnage. The goal is to make a comparative study between the

    various methods of tonnage, ensure reliability in metrology measurements fiscal

    and custody products for inventory control of companies. The main customers of

    this service are the refineries and oil distribution companies, ethanol plants, grain

    mills, companies in the juice segment and gas companies.

    Keywords: Tonnage, Metrological Reliability.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 ......................................................................................................05

    Figura 2 .......................................................................................................06

    Figura 3 .......................................................................................................07

    Figura 4 ......................................................................................................09

    Figura 5 .......................................................................................................10

    Figura 6 ......................................................................................................11

    Figura 7 .......................................................................................................16

    Figura 8 Tcnica da fita mtrica (a)............................................................21

    Figura 9 Tcnica da fita mtrica (b)............................................................21

    Figura 10 Tcnica da fita mtrica (Leitura da circunferncia) Trena

    topogrfica.....................................................................................................22

    Figura 11 Tcnica da fita mtrica (Medidas externas) Altura de

    referncia.......................................................................................................22

    Figura 12 Tcnica da fita mtrica (Medidas internas) Estruturas internas

    e topografia do fundo.....................................................................................23

    Figura 13 Mangueira de nvel.....................................................................24

    Figura 14 Corda..........................................................................................24

    Figura 15 Trena de profundidade...............................................................24

    Figura 16 Trena topogrfica.......................................................................24

    Figura 17 Desenho esquemtico mostrando medidas de ofsets atravs do

    procedimento tico ORLM.............................................................................26

    Figura 18 Mangueira de nvel.....................................................................26

    Figura 19 Corda..........................................................................................26

    Figura 20 Trena de profundidade...............................................................27

    Figura 21 Trena topogrfica.......................................................................27

    Figura 22 Estao total (Teodolito).............................................................27

    Figura 23 Estaes de teodolitos e projeo de tangentes em diferentes

    nveis..............................................................................................................28

    Figura 24 Esquemtico do sistema utilizado para medio.......................30

  • Figura 25 Visualizao de todo o sistema plotado em 3D..........................34

    Figura 26 1o Anel........................................................................................35

    Figura 27 2o Anel........................................................................................36

    Figura 28 3o Anel........................................................................................36

    Figura 29 4o Anel........................................................................................37

    Figura 30 5o Anel........................................................................................37

    Figura 31 Distncias e ngulos medidos no primeiro anel do tanque

    Mtodo das Tangentes..................................................................................39

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Dimenses do tanque................................................................29

    Tabela 2 - Coordenadas obtidas nas medies dos cinco anis em

    campo...........................................................................................................33

    Tabela 3 Coordenadas nos pontos de medio (Estaes).....................34

    Tabela 4 Comparao de resultados Trena x Coordenadas.................38

    Tabela 5 Comparao dos resultados filtrados por Curva Gaussiana..38

    Tabela 6 Comparao de resultados Trena x Tangentes......................39

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.......................................................................................01

    1.1 OBJETIVOS...........................................................................................04

    1.1.1 Objetivo geral.....................................................................................04

    1.1.2 Objetivos especficos.........................................................................04

    2 REVISO DA LITERATURA.................................................................05

    2.2 Breve Histrico da Metrologia................................................................05

    2.2.1 As Medidas .......................................................................................05

    2.2.2 Os Padres........................................................................................10

    3 METODOLOGIA....................................................................................19

    3.1 Diversos Mtodos de Arqueao de Tanques......................................20

    4 RESULTADOS E DISCUSSES..........................................................29

    5 CONCLUSO........................................................................................40

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.....................................................41

  • 1 INTRODUO

    Com a criao da Petrobrs em 1953, e a necessidade de se importar

    petrleo lquido para o processo de refino, automaticamente cresceu a demanda

    do servio de arqueao de tanques, incrementou-se tambm, o nmero de

    tanques para armazenamento e transporte dos derivados dele advindos. Com a

    falta de pessoal especializado quantitativamente e qualitativamente, e pela

    inexistncia de um programa especfico de treinamento, ou de um curso regular

    acreditado para a adequao, qualificao e certificao de pessoal; Instituto

    Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial Inmetro, buscou

    nos pases desenvolvidos esta formao tcnica, a exemplo de tantas outras

    atividades e, comps as principais equipes com um metrologista - chefe da equipe

    operando como multiplicador, e assim, repassando na prtica o conhecimento

    adquirido (conhecimento tcito) e o conhecimento terico ou intrnseco, e um

    segundo metrologista da equipe, para que juntos executassem o servio

    necessrio. Por questes funcionais, o Inmetro obrigava-se a regularizar a

    situao deste corpo tcnico que, na realidade, no apresentava o nivelamento e

    igualdade na proficincia das medies e dos clculos dos diversos tipos de

    tanques arqueados.

    Estudiosos como Ikujiro Nonaka identificam duas formas bsicas de

    conhecimento: conhecimento tcito e explcito. Conhecimento tcito abrange o

    que as pessoas sabem, mas no conseguem expressar prontamente. Elas o

    transmitem por meio de aes, smbolos, analogias, metforas e outras

    representaes cognitivas. Conhecimento explcito ou codificado aquele que as

    pessoas criam e transmitem mediante a linguagem formal, sistemtica.

    A globalizao da economia impactou significativamente o movimento de

    abertura da economia do Brasil, que se viu obrigado a revisar sua poltica de

    recursos humanos, a adoo de programas de privatizao, houve a queda de

    barreiras tarifrias com a extino do General Agreement for Trade and Tarifs

  • GATT; e a desregulamentao setorial, dentre os quais o grande mercado

    produtor, extrativista e transformador do petrleo. Ao mesmo tempo houve uma

    grande preocupao do governo com as medies, pois, fundamentado nelas

    seriam estabelecidos os pagamentos dos royalties aos Estados, Municpios e

    demais produtores. Como a metrologia legal responsvel pelas atividades

    relacionadas s unidades de medida, mtodos de medio e instrumentos de

    medio, relativas s exigncias tcnicas e legais obrigatrias, com o objetivo de

    garantir publicamente a segurana, a exatido das medies e a concorrncia

    legtima, dentre outros. No campo econmico o objetivo principal proteger o

    comprador e o vendedor. Sendo assim temos que nos referenciar a Resoluo do

    Conselho Nacional de Metrologia - Conmetro n 11, de 12 de outubro de 1988,

    captulo III, subitem 8, que estabelece as diretrizes para o efetivo controle

    metrolgico dos instrumentos de medio e das medidas materializadas.

    A Organizao Internacional de Metrologia Legal OIML, a organizao

    internacional que tem por objetivo promover a harmonizao global dos

    requerimentos da metrologia legal. Para evitar contradies entre a normalizao

    voluntria e as recomendaes internacionais e na sua extenso, dos

    regulamentos tcnicos, estabelecem-se acordos de cooperao entre associaes

    como a International Organization for Standardization - ISO, a International

    Eletrotecnical Commission - IEC e outras.

    A ISO uma organizao no governamental sem fins lucrativos, com sede

    em Genebra, na Sua, cujo objetivo promover o desenvolvimento de normas

    nos diversos ramos da atividade humana e atividades afins em mbito mundial,

    procurando facilitar a troca de bens de consumo e servios, e desenvolver

    atividades de cooperao nos campos intelectual, cientfico, tecnolgico e

    econmico.

    No Brasil, a Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT, fundada em

    1940, a organizao responsvel pela normalizao tcnica dita voluntria,

  • sendo membro fundador da ISO em 1947, atualmente scia da ISO na categoria

    participante, o frum nacional de normalizao, e promove a edio de normas

    nos diversos ramos da atividade econmico/industrial brasileira.

    O Inmetro regulamenta, gerencia, supervisiona e executa as atividades de

    metrologia, legal e cientfica e da qualidade, atravs do seu pessoal e da Rede

    Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade RBMLQ - Inmetro, executando

    verificaes metrolgicas de instrumentos de medio, medidas materializadas. A

    Rede composta pelos rgos Metrolgicos Estaduais conveniados (IPEMs). A

    elaborao da regulamentao se baseia nas recomendaes da OIML qual

    estamos filiados, somos o nico pas na Amrica do Sul filiado a ela; e

    trabalhamos em harmonia com centenas de outros pases do mundo; e atuamos

    em colaborao com fabricantes, com entidades de classe e entidades

    representativas dos consumidores.

    A Arqueao de Tanques no Brasil uma atividade regulamentada como as

    demais da Metrologia Legal. O Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial, vem prestando estes servios sociedade,

    utilizando-se da metodologia herdada e repassada internamente entre os tcnicos

    envolvidos com a atividade. Com o advento das filosofias da Qualidade e a nova

    lei do petrleo, e outros agentes motivadores, se faz necessrio rever alguns

    aspectos gerenciais e operacionais desta rea. Buscou-se estudar e analisar as

    prescries normativas de organizaes representativas no mundo, assim como

    novas tecnologias disponveis e preconizadas nas normas.

    Fez-se aplicao prtica em tanques, bem como as tabelas volumtricas e

    os certificados de arqueao. Entrevistou-se especialistas em metrologia,

    procurando encontrar a melhor metodologia para incrementar a capacidade de

    atendimento do sistema Inmetro; e isto significa utilizar as prescries normativas

    mais adequadas ao nosso pais, trabalhando hanonicamente com nossos parceiros

    comerciais.

  • 1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo geral

    Fazer um estudo comparativo entre os diversos mtodos de arqueao de

    tanques, visando a aplicabilidade, relao custo benefcio, margens de erro

    associados e assegurar a confiabilidade metrolgica da armazenagem de

    combustveis, produtos qumicos e petroqumicos.

    1.1.2 Objetivos especficos

    Estudar os diversos mtodos de arqueao de tanques, dentre os quais:

    Mtodo por Trenas (ISO 7507-1);

    Mtodo por Triangulao ptica (ISO 7507-3);

    Mtodo da determinao de distncias/coordenadas por

    medio eletro-ptica externa (ISO 7507-5).

  • 2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 Breve Histrico da Metrologia

    2.1.1 As Medidas

    TEMPO - O sol foi por muito tempo usado pelo homem como um relgio

    simples, desde que no estivesse temporariamente encoberto por nuvens. A hora

    era estimada por meio do comprimento da sombra e a durao do tempo pelo

    aumento ou diminuio dessa sombra (Figura 1). Como anteparo para produzir

    sombra, o homem utilizava um objeto de comprimento estipulado, como por

    exemplo no Egito, uma vara de aproximadamente 50 cm. Durante milnios o

    relgio do sol, com inmeras formas de execuo, foi o medidor de tempo mais

    utilizado.

    Figura 1

    Para o perodo da noite, no Egito antigo, usava-se o relgio de entrada e

    sada de gua. Do nvel correspondente de gua obtinha-se o tempo. O mais

    antigo relgio de gua conhecido origina-se do tempo de Amenofis III, em 1 400

    a.C. Na Idade Mdia apareceu o sucessor do relgio de gua, o relgio de areia,

    que era mais fcil de ser transportado. Villard de Honnecourt fez, em 1 250, a

    primeira experincia para construir um relgio com engrenagens. Surgiram

    inicialmente os relgios de peso e, a partir do sculo XIV em diante, os relgios de

  • mola. Peter Henlein conseguiu reduzir, em 1 510, o tamanho do relgio para o

    formato de bolso. Somente no incio do sculo XIX a eletricidade foi usada como

    propulsora de relgios. Atualmente a unidade de tempo adotada

    internacionalmente e tambm no Brasil o segundo, cuja definio :

    "O segundo a durao de 9 192 631 770 perodos de radiao correspondente

    transio entre os dois nveis hiperfinos do estado fundamental do tomo de Csio

    133".

    MASSA - Nos tmulos do antigo Egito encontram-se balanas de braos

    iguais que visavam pesar os pecados e as boas aes. Tambm as balanas de

    um s brao, com peso deslizante, j eram conhecidas no Egito h cerca de 1 000

    anos antes de Cristo, muito tempo antes que Arquimedes de Siracusa, no sculo

    III a.C., tornou conhecida a lei da alavanca (Figura 2).

    Figura 2

    PRESSO - Um discpulo de Galileu, Evangelista Torricelli, descobriu em 1

    643, que o ar exercia uma presso sobre todos os objetos e construiu, baseado

    em suas observaes, o primeiro barmetro de mercrio. O experimento de

    Torricelli consistia em preencher com mercrio um tubo de vidro de 2 braccia ou

    cerca de 115 cm de altura, aberto em uma extremidade. O tubo era ento virado

    de cabea para baixo e a extremidade aberta era mantida fechada com o auxlio

  • de um dedo. O tubo era ento colocado na posio vertical dentro de um

    recipiente cheio de mercrio (Figura 3). Quando o dedo era removido da

    extremidade aberta do tubo, a coluna de mercrio descia, sempre parando na

    altura de 1 1/4 braccia ou cerca de 72 cm. Esse fenmeno evidenciou que a

    presso atmosfrica oferecia resistncia descida da coluna de mercrio contido

    no recipiente. Torricelli observou que a altura da coluna de mercrio variava com

    variaes na temperatura. Assumiu tambm que havia formao de vcuo no tubo

    depois da descida do mercrio.

    Figura 3

    TEMPERATURA - O mdico italiano Santorre Santoria construiu, em 1 611,

    um termoscpio semelhante ao que j era conhecido por Filon de Bizncio, 200

    anos antes de Cristo. Meio sculo mais tarde, este termoscpio foi aperfeioado

    pela "Accademia del Cimento", resultando em um termmetro.

    O termmetro um equipamento usado para medir temperaturas. O nome

    composto de duas pequenas palavras: "Termo" significando calor e "metro"

    significando medio. O termmetro pode ser usado para determinar a

    temperatura fora ou dentro de sua casa, dentro de seu forno e at mesmo a

    temperatura de seu corpo se voc estiver doente. Quando se observa a um

  • termmetro de bulbo, percebe-se uma fina coluna de lquido avermelhada ou

    prateada que cresce quando a temperatura aumenta e decresce quando ela

    diminui. Algumas vezes esse lquido poder ser algum lcool colorido mas tambm

    pode ser um metal lquido chamado mercrio. Ambos se dilatam quando

    aquecidos e se contraem quando resfriados. Dentro do tubo de vidro do

    termmetro o lquido no tem para onde ir seno subir se a temperatura aumentar

    ou descer se a temperatura decair. Nmeros so dispostos ao lado do tubo de

    vidro que servem para determinar a temperatura naquela escala e naquele ponto.

    Um dos primeiros inventores do termmetro foi Galileu, mais conhecido por

    seus estudos sobre o sistema solar e sua teoria revolucionria, na poca, de que a

    Terra e os planetas giravam ao redor do Sol. Os termmetros usados atualmente

    so bem diferentes do que o que Galileu possa ter utilizado. Existe geralmente um

    bulbo na base do termmetro e um longo tubo de vidro sai na vertical (Figura 4).

    Os primeiros termmetros usavam gua, mas por causa das caractersticas desse

    material no era possvel medir temperaturas abaixo de seu ponto de

    congelamento. O lcool ento passou a ser usado, com ponto de congelamento

    abaixo do ponto da gua.

    A linha avermelhada ou prateada no termmetro move para cima ou para

    baixo dependendo da temperatura. O termmetro mede temperaturas em graus

    Fahrenheit, Celsius ou em uma outra escala chamada Kelvin, essa mais usada por

    cientistas. A escala Fahrenheit usada principalmente nos Estados Unidos. No

    restante do mundo utilizada a escala Celsius. A escala Fahrenheit (F), mostrada

    ao lado esquerdo da figura 18, tem esse nome em homenagem ao fsico

    germnico Gabriel D. Fahrenheit (1686-1736), que desenvolveu sua escala no ano

    de 1 724. A gua congela a 32 F e ferve a 212 F. Ele, arbitrariamente, decidiu

    que a diferena entre o ponto de ebulio e de congelamento da gua deveria ser

    de 180 F.

  • Figura 4

    A escala Celsius (C), mostrada ao lado direito da figura 4, homenageia

    Anders Celsius (1701-1744). O grau Celsius s vezes chamado erroneamente

    de grau centgrado. Anders Celsius desenvolveu sua escala em 1 742 falecendo

    dois anos depois com 42 anos de idade, vtima de tuberculose. Ele comeou com

    o ponto de congelamento da gua e definiu que esse ponto seria equivalente a 0

    C. No ponto em que a gua fervia ele marcou o equivalente a 100 C. Essa

    escala muito mais cientfica porque as medies so divididas em partes de 100

    o que a torna similar ao sistema mtrico.

    A escala Kelvin (K) uma homenagem ao Lord Kelvin, cujo nome inteiro

    era Sir William Thomson, Baron Kelvin of Largs, Lord Kelvin of Scotland. Lord

    Kelvin levou a idia da temperatura um passo adiante com a inveno da escala

    Kelvin em 1 848. A escala Kelvin mede a temperatura mais fria que pode existir.

    Ele afirmava que no h limite para quo quente a temperatura pode alcanar,

    mas que existia uma limite para o quo fria ela pode chegar. Kelvin desenvolveu

    ento a idia do Zero Absoluto. Sua escala comea nesse zero, 0 K que equivale

    a 273,15 C ou 523,67 F.

    Nessa temperatura tudo incluindo o movimento dos eltrons em uma tomo

    pra completamente. At o momento cientistas afirmam que no h nada no

    universo que chegue a atingir a temperatura absoluta de 0 K.

  • 2.1.2 Os padres

    A origem dos padres est associada ao comeo da cultura humana. Nos

    tempos mais antigos a vida em comunidade era governada por costumes e regras

    comuns, administrados pelo chefe do grupo, dando origem assim ao primeiro

    padro de vida - a famlia. Esses grupos usavam os mesmos smbolos escritos e

    fonticos, roupas e abrigos comuns, tinham a mesma religio, as mesmas leis e

    as mesmas divises de tempo.

    Em um dado momento da histria observa-se a existncia de uma unidade

    de comprimento chamada cvado ordinrio, com dimenso de 450 mm. As

    supostas dimenses da Arca de No, como citadas na Bblia, eram de

    aproximadamente 300 cvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura

    (Figura 5).

    Figura 5

    Os mais antigos padres de peso foram achados nos tmulos de AMRAH e

    datam da segunda metade do IV Milnio a.C. Eram constitudos por pequenos

    cilindros de base cncava, com cerca de 13 gramas.

  • Os sistemas de pesos e medidas dos egpcios passaram para a Judia e

    Grcia e, com algumas modificaes, estenderam-se Itlia onde foram adotados

    pelos romanos e, subseqentemente, por todas as naes europias.

    J em 3 900 a.C., os egpcios utilizavam um padro de comprimento de

    granito denominado cbito que era equivalente ao antebrao do fara Khufu com

    523 mm de comprimento. Baseados nesse padro eram construdos padres que

    seriam utilizados pelos trabalhadores (Figura 6). Este padro foi muito eficiente

    pois garantiu bases para as pirmides quase que perfeitamente quadradas pois o

    comprimento de seus lados no variavam mais que 0,05% de seu valor mdio que

    era de 228,6 metros.

    Figura 6

    No ano 300 a.C., os gregos mediram todo seu litoral usando uma corda

    cheia de ns que flutuava na gua. Atenas tinha quatro padres. O primeiro era

    conservado no santurio do Herve Stphanphoro, ao lado do Atelier Monetrio. O

    segundo na cidade e disposio do pblico, o terceiro em Pireu e o quarto em

    Eleusis. As cidades importantes possuam organizao semelhante, e os

  • magistrados encarregados da guarda do que denominavam Metron ou seja

    medida, recebiam o ttulo de Metronomos ou Agoranomos.

    Em Roma, essas medidas se chamavam Mensura Capitulina. A partir de

    Constantino, as medidas de peso foram denominadas de Exagium. Os padres

    eram depositados nos templos de Jpiter Capitulino e de Castor, sob a guarda de

    Edis. Constantino, mais tarde, ordenou ficarem os mesmos sob custdia no templo

    principal de cada cidade, onde deveriam ser conferidas as respectivas cpias. O

    supervisor da fiscalizao nomeado era um delegado imperial, fato que visava

    evitar fraudes das quais a plebe muito reclamava. Na Idade Mdia encontrava-se

    muita diversidade e desordem. Na Frana, no reinado de Dagoberto I (622 - 628),

    os padres eram conservados no prprio Palcio Real. Carlos Magno (742 - 814)

    preocupou-se com a uniformidade das unidades de medida, legislou e

    recomendou a introduo da libra por volta do ano de 789.

    No ano de 1 300, o rei Eduardo I, regulou o sistema Avoir-Dupois, palavra

    francesa que quer dizer "bens de peso", para uso no comrcio. Em 1305 o rei

    Eduardo I decretou que fosse considerada como uma polegada a medida de trs

    gros secos de cevada, colocados lado a lado. Os sapateiros ingleses aprovaram

    a idia e passaram a fabricar, pela primeira vez na Europa, sapatos com

    tamanhos padro baseados nessa unidade. Dessa maneira, um calado medindo

    quarenta gros de cevada passou a ser conhecido como tamanho 40 e assim por

    diante. No incio do sculo XII, Henrique I, da Inglaterra, fixou o valor da jarda, a

    unidade em uso na poca, como igual distncia entre seu nariz e o polegar de

    seu brao. Ao final do sculo XII, Ricardo I fez a primeira lei criando padres de

    comprimento e de capacidade. As unidades fundamentais do sistema britnico

    eram a Imperial Standard Yard e a Imperial Standard Pound, ou em portugus

    a "Jarda Imperial" e a "Libra Imperial". Construdos em 1 758, os padres

    primitivos foram destrudos por um incndio que, em 1 834, arrasou a casa do

    Parlamento Ingls.

  • Na Frana, com base em medies feitas pelos astrnomos Delambre e

    Mechain, um grupo de cientistas construiu, em 1 799, os padres do metro (barras

    de platina pura de seo retangular com 25,3 mm de largura e 4 mm de espessura

    equivalente a 0,000 000 1 da distncia do Plo Norte linha do Equador, medido

    ao longo do meridiano que passava pelo Observatrio de Paris) e do quilograma

    (cilindro de platina com dimetro igual a altura com o peso de 1 dm3

    de gua pura

    na temperatura de 4,44C) depositados nos Archives de France.

    Foram confeccionados trs exemplares do metro padro em platina pura. O

    metro prottipo foi conservado nos Archives de France. As duas cpias foram

    relocadas para o Conservatoire des Arts et Mtiers e para o Observatoire de Paris.

    Em 1 812 dois decretos do Imperador Napoleo I deram incio a aplicao do

    sistema mtrico decimal. A Lei de 4 de Julho de 1 837 tornou obrigatrio o sistema

    mtrico decimal na Frana. A partir de 1 de janeiro de 1 840 foi recomendado que

    uma ordem real regulasse o processo de verificao.

    A Associao Geodsica constituda em Berlim, que continha

    representantes da maior parte dos Estados Europeus, pronunciou-se sobre a

    convenincia da criao de um Bureau Internacional de Pesos e Medidas,

    recomendando aos delegados junto governos de seus pases que opinassem

    favoravelmente a respeito. Por convocao do Imperador Napoleo III reuniu-se,

    em Paris em 8 de agosto de 1 870, a Primeira Comisso Internacional do Metro.

    A Conferncia Diplomtica do Metro realizada em Paris no dia 01 de maro de 1

    875, sob a presidncia do Duque de Decazes, Ministro de Negcios Estrangeiros

    de Frana, contou com a participao de 20 naes. Pela primeira vez o Brasil

    fez-se presente com o representante Visconde de Itajub. Nessa conferncia,

    estabeleceu-se em uma conveno geral, a criao do Bureau International des

    Poids et Mesures-BIPM, cientfico e permanente, com sede em Paris. Em 1 960,

    com revises e simplificaes da Conveno Internacional do Metro, criou-se o

    Sistema Internacional de Unidades - SI.

  • As embalagens, inicialmente necessrias para armazenar e transportar

    pequenas quantidades de produtos hoje se caracterizam como sofisticados

    artefatos tecnolgicos, de dimenses variadas, nos quais tem-se a contribuio de

    vrios ramos das cincias e engenharias, seja pela diversidade de materiais

    empregados como tambm nas tcnicas empregadas em sua construo.

    importante voc saber que diferentes metais e suas ligas, polmeros e

    seus compsitos, alm de sofisticados processos de montagem e soldagem so

    hoje aplicados. Ainda, face necessidade sempre crescente de quantificar com

    maior grau de preciso seu contedo faz-se necessrio o emprego de tcnicas

    cada vez mais acuradas, aplicadas nos processos de medio e tambm o uso de

    especiais instrumentos de medida. Responsveis pelo transporte e

    armazenamento de riquezas presentes na maioria das atividades de produo

    desenvolvidas pelo homem, este indispensvel componente tem evoludo bastante

    ao longo dos anos.

    Desde os tempos remotos, a necessidade de conservar ou transportar

    alimentos fez com que o homem procurasse, ainda que de forma improvisada,

    adequar utenslios como forma de acomodar aqueles gneros que garantiam seu

    sustento. Surgiram assim as primeiras embalagens. Pode-se assim dizer que o

    desenvolvimento da sociedade tem relaes diretas com a presena destes

    objetos.

    A explorao de novas terras exigia que alimentos, ou qualquer tipo de

    suprimento fossem estocados e transportados para atender assim a necessidade

    daqueles viajantes durante as grandes jornadas. Fossem os alimentos, salgados,

    cozidos, ou em gros, a necessidade de acomodao era uma constante j

    naqueles tempos. Os alimentos, caas, frutos, at mesmo gua, ainda que obtidos

    ao longo das travessias, nem sempre era garantido encontr-los a disposio

    durantes as longas distncias percorridas, da a necessidade de conserv-los para

    atender as ocasies de sua total ausncia ou mesmo escassez.

  • A grande diversidade de gneros descortinados ao longo de suas

    andanas, por aqueles ancestrais viajantes conduziu consequentemente ao

    surgimento das trocas e posteriormente ao comrcio entre as diferentes

    comunidades.

    Novas rotas surgiam o que acarretava no s em uma crescente demanda

    para os novos itens como tambm um grande intercmbio de culturas e

    aprendizados. medida que a distncia entre as civilizaes aumentava, maior

    se tornava tambm a necessidade de melhor proteo para que aqueles produtos

    resistissem ao transporte por um maior perodo de tempo. O comrcio globalizado

    teve incio acelerado com as naus que permitiam transporte em maior escala. Em

    conseqncia, a aventura por novas rotas martimas permitiram alavancar ainda

    mais este processo.

    O desenvolvimento tecnolgico no que se refere s embalagens, ainda que

    no tenha ocorrido na mesma velocidade em que as fronteiras ficavam

    literalmente mais prximas, aos poucos acrescentava melhoramentos, no s no

    desenvolvimento de novas formas de embalar mas tambm de conservao dos

    produtos estocados. O emprego de salga, cozimento ou frio e tambm a adio de

    conservantes foram paulatinamente incorporados ao conjunto de processos de

    preservao, associados tambm introduo e uso de novos materiais

    empregados na construo das embalagens.

    Dos primeiros materiais empregados em embalagens, o barro reinou por

    milhares de anos. Anterior a estes utenslios, na pr historia, nossos ancestrais

    usavam folhas de plantas onde os alimentos como carne eram embrulhados.

    Cestos, fabricados com galhos ou razes de rvores, assim como pedaos de

    troncos, cascas de certos frutos tambm foram empregados naqueles tempos.

    Contudo, com a descoberta do fogo, os artefatos de barro puderam ser

    construdos na forma de recipientes com dimenses maiores, bem definidas e

  • mais resistentes, alm claro, da facilidade da conformao, favorecendo assim

    formas mais adequadas para o transporte.

    Exemplo destes vasilhames so as nforas, que tiveram origem na Grcia.

    Nestes recipientes, produtos lquidos como azeites eram estocados, e/ou

    transportados para comercializao. As nforas eram vasos de formato ovide

    construdos em barro ou terracota com duas asas simtricas, terminados

    geralmente, na parte inferior em uma ponta afunilada ou ento em base de apoio

    plana e estreita.

    Alm de azeite estes recipientes tambm serviam para guarda ou

    transporte de muitos outros produtos lquidos como: gua, salmoura ou vinho

    como faziam os gregos e romanos, ou mesmo mel, mas tambm produtos a

    granel como frutos secos, cereais ou peixe salgado. Algumas destas nforas

    empregadas na antiguidade podem ser vistas na figura 7.

    .

    Figura 7

    O vidro e a porcelana datam tambm de pocas remotas. Contudo, destes,

    vidro ainda perdura como material de construo de muitas embalagens,

    particularmente para acomodao de pequenos volumes. Porcelana por outro lado

    tem aplicaes muito mais limitadas. Mais delicadas so empregadas com

  • frequncia em peas pequenas e utenslios de mesa. A madeira, pela

    versatilidade de construo, tambm fez histria nas embalagens, na fabricao

    caixas e confeco de barris para transporte de produtos lquidos. Ainda hoje se

    faz uso deste material.

    Contudo, com o surgimento de novos materiais como polmeros sintticos

    seu uso tem cado em declnio. Ficando sua aplicao hoje voltada construo

    de paletes e caixas, que servem de embalagens finais para o transporte de

    equipamentos, peas e acessrios de mquinas e tambm de objetos frgeis,

    como louas, equipamentos eletrnicos entre outros. Nestas aplicaes comum

    inclusive a associao com papelo e filmes plsticos que servem para o

    acondicionamento primrio.

    Um grande salto, porm foi dado com o desenvolvimento de tcnicas de

    processamento do vidro, mas mais particularmente dos metais. No que se refere

    s embalagens de grande dimenso, sem sombra de dvidas as ligas metlicas,

    em particular aquelas contendo o ferro como principal elemento tem posio de

    destaque. Elementos como o alumnio e cobre, em maior proporo, ou ento

    associados a outros metais modificadores de liga como; o nquel, o cromo, o

    cobalto, molibdnio entre outros, tambm tem seu papel relevante na elaborao

    de ligas especiais aplicadas na construo de tanques, neste caso, para

    estocagem e transporte de produtos qumicos, materiais txicos, inflamveis ou

    corrosivos.

    Embalagens constitudas de polmeros como polietileno, polipropileno,

    polister, entre outros, reforados ou no com fibra de vidro, ou mesmo

    empregados como revestimento tambm prestam seu papel nas embalagens,

    desde pequenos a grandes tanques. Um grande e diversificado nmero de

    reservatrios so hoje construdos para estocagem. Os tanques estacionrios

    como os tanques de processo encontrados na indstria, tanques para transportes,

  • seja ferrovirio, rodovirio e tambm de embarcaes so exemplos destes

    artefatos.

    Nos dias atuais milhes de toneladas de produtos so estocados ou

    transportados diariamente atravs dos mares, estradas, ferrovias at mesmo por

    aeronaves. Destes produtos, um grande nmero se encontra no estado lquido.

    Neste sentido, tanques de diferentes formas e capacidades so empregados para

    o transporte, comercializao ou estocagem.

    O conhecimento preciso da quantidade de mercadoria contida nas

    embalagens de crucial importncia em todas as transaes comercias. O

    conhecimento da massa, seja, obtida por pesagens ou indiretamente, pela

    determinao do volume com base no conhecimento da densidade. So as

    operaes de uso corrente. Logo, para aqueles produtos onde os faturamentos

    so efetuados por volume, o correto conhecimento deste parmetro de grande

    relevncia.

    Contudo, sem o preciso conhecimento das dimenses dos reservatrios

    onde se encontram os produtos de interesse no possvel mensurar de forma

    direta o volume. Assim, entre em cena a importante processo metrolgico

    denominado arqueao.

    Arqueao de tanques a medio volumtrica dos tanques de

    armazenamento de combustvel instalados em refinarias de petrleo e

    distribuidoras. Para fazer a arqueao, o Instituto de Pesos e Medidas dos

    Estados Brasileiros coleta todas as informaes e medidas do tanque e, a partir

    delas, confecciona uma tabela volumtrica prpria para o reservatrio.

    Aps a confeco da tabela, ser emitido um Certificado de Arqueamento

    para o tanque de armazenamento. Para que o tanque possa ser utilizado no

    processo de armazenagem de produtos derivados do petrleo e do lcool,

  • obrigatria a sua certificao. A tabela volumtrica tem validade de dez anos.

    Caso o tanque sofra qualquer alterao em sua estrutura, a refinaria ou

    distribuidora deve solicitar ao IPEM uma nova medio, para a confeco de uma

    nova tabela.

    Metrologia pode ser considerada um conjunto de metodologias visando

    prover confiana s medies, bem como desenvolver medies mais exatas e de

    validade e aceitao mais amplas. A metrologia lida com conhecimentos de vrias

    disciplinas e envolve sistematizao, documentao de informaes, bem como

    uma rigorosa avaliao de incertezas de medio, visando dar o mximo de

    objetividade na sua funo de agregar confiana e qualidade s medies.

    3 METODOLOGIA

    A metodologia empregada consiste na elaborao de um clculo

    dimensional e obteno de uma tabela volumtrica. Primeiramente, os tcnicos

    efetuam as medies geomtricas dos tanques e, em seguida, os clculos para

    gerao da tabela volumtrica: uma tabela, a partir do ponto zero ou mesa de

    medio, fornecendo o volume do tanque em litros para cada centmetro de altura.

    As tabelas volumtricas so ferramentas fundamentais para o controle

    quantitativo, para efeito fiscal e de custdia, dos produtos. Um estudo da

    Universidade Federal Fluminense, em parceria com o Inmetro, mostra bem a

    medida da importncia desse instrumento: as movimentaes de produtos a

    granel, o processo de refino, recebimento e entrega de petrleo lquido e seus

    derivados so baseados nas quantidades dos produtos considerados, que so

    determinadas atravs da tabela volumtrica de cada tanque de armazenamento.

    O processo para se chegar elaborao da tabela volumtrica feito por

    meio de medies de comprimento dimensional e topografia ou clculo do volume

  • contido no fundo do tanque. Para isso, o tcnico utiliza trenas, medidores de

    espessura e outros instrumentos calibrados aos padres do Inmetro, conformes

    com as normas da ISO.

    Na inspeo, o tcnico precisa entrar no tanque. Alm de traar a

    topografia, com auxlio de uma mangueira de nvel ou nvel a laser, extrai as

    medidas de toda e qualquer singularidade, como tubulaes de entrada e sada de

    produto, portas de limpeza ou outros elementos que possam influenciar

    significativamente no acrscimo ou decrscimo do volume do tanque.

    O trabalho consiste na medio da circunferncia, espessura das paredes e

    altura de cada anel do tanque para chegar altura total do costado, com emisso

    do tabelamento volumtrico. Outra medida tomada pelos tcnicos a altura de

    referncia do tanque, que feita a partir da boca de medio, localizada numa

    abertura no topo do tanque.

    Essa abertura, um tubo cilndrico, destinada, no dia-a-dia da empresa, a

    medir a altura do produto contido. Com o uso da tabela volumtrica, o interessado

    poder saber a qualquer momento, quanto de produto existe no tanque, bastando

    para isso comparar o comprimento em centmetros indicado pela trena de

    profundidade e a quantidade em litros indicada pela tabela.

    Aps a medio emitido um Certificado de Arqueao para o tanque,

    documento de carter oficial, vlido por dez anos, certificando que foi feita a

    arqueao, com vistas a atender s exigncias dos rgos governamentais.

    Apesar do prazo da validade, o servio deve ser refeito sempre que haja

    alguma interveno no tanque que possa acarretar na capacidade volumtrica.

    Para realizar o servio, o tanque deve estar vazio, limpo e descontaminado, de

    acordo com o que estabelece a norma NBR 14787.

    Existem alguns fatores a serem considerados na apurao destes

    resultados:

    Foram os primeiros testes efetuados utilizando essa metodologia para

    arqueao de tanques;

  • At onde se sabe essa tecnologia no aplicada para este fim no Brasil, o

    que faz com que todas as dificuldades prticas sejam novidades;

    Todos os testes foram realizados no mesmo tanque, sendo que para uma

    melhor avaliao da viabilidade deste trabalho necessitam-se mais testes em

    diferentes tanques;

    O equipamento que foi utilizado no dos mais precisos, sendo que para

    novos testes isso ser observado.

    As dimenses do tanque tomadas como referncia foram obtidas em

    medies utilizando trenas, mtodo este que tambm tem algumas restries

    operacionais quanto a preciso e exatido.

    3.1 Diversos Mtodos de Arqueao de Tanques

    Mtodo por Trenas (ISO 7507-1)

    A ISO 7507-1 justamente aquela que trata da metodologia que emprega

    trenas como principal instrumento para a determinao do permetro dos tanques

    verticais e que, a partir destas medidas, conduz a determinao do dimetro e

    correspondente seo transversal interna do tanque. Este mtodo no se aplica a

    tanques que apresentem grandes deformaes em sua circunferncia, sendo

    aplicado especificamente queles tanques de seo circular. No caso de tanques

    que apresentem grandes deformaes emprega-se o mtodo de calibrao por

    transferncia de lquido.

  • Outro aspecto tambm considerado pela norma refere-se mxima

    inclinao permitida, desvio mximo de 3% da vertical, ainda que a correo

    correspondente seja efetuada na fase de clculo.

    Figura 8 Tcnica da fita mtrica (a)

  • Figura 9 Tcnica da fita mtrica (b)

    Figura 10 Tcnica da fita mtrica (Leitura da circunferncia) Trena topogrfica

  • Figura 11 Tcnica da fita mtrica (Medidas externas) Altura de referncia

  • Figura 12 Tcnica da fita mtrica (Medidas internas) Estruturas internas e

    topografia do fundo

  • Equipamentos utilizados:

    Figura 13 Mangueira de nvel Figura 14 - Corda

    Figura 15 Trena de profundidade Figura 16 Trena topogrfica

    Mtodo por Triangulao ptica (ISO 7507-3)

    Este processo de arqueao emprega, alm da trena metlica, nvel tico

    ou teodolito, carrinho magntico, rgua graduada e trip.

    O processo baseia-se na medio da distncia da circunferncia do tanque,

    com base em linhas de referncia, podendo estar estas linhas internas ou

  • externas ao tanque. A distncia entre estas linhas e a parede do tanque,

    denominadas ofset, permite avaliar a posio da parede em relao s

    referncias, ao longo de toda extenso da altura do tanque.

    Na realidade as referncias so linhas verticais paralelas a geratriz do

    costado do tanque cilndrico. As linhas de referncia inicialmente estabelecidas

    fisicamente como fios de prumo suspensas a partir do topo do tanque, so hoje na

    grande maioria das operaes linhas virtuais fornecidas por um instrumento tico.

    A distncia da parede linha de referncia efetuada com uma rgua

    graduada afixada o mais prximo possvel da linha de centro de um carrinho. A

    referida escala pode posicionar-se tanto horizontal, quanto verticalmente em

    relao a parede do tanque, dependendo do modo de operao. As tomadas dos

    ofsets so realizadas atravs deste carrinho, que sustentado por uma corda ou fio,

    pode ser baixado ou elevado ao longo da parede do tanque. Operao esta que

    pode ser efetuada do topo do tanque ou atravs de sistema de roldanas,

    permitindo assim operar ao nvel do solo.

    O carrinho mantido junto parede do tanque atravs de dispositivo

    magntico. O deslocamento vertical, controlado remotamente, possibilita proceder

    as medidas, interna ou externamente a parede do tanque. Neste sentido, com o

    carrinho e sistema tico no interior do tanque so feitas as medidas contra a linha

    de referncia situada internamente ao tanque e deslocando-se o carinho junto

    parede interna poder medir diretamente o dimetro interno, ou indiretamente

    pode medir o dimetro interno, com base na circunferncia externa, quando o

    carrinho externo ao tanque desloca-se junto sua superfcie externa fazendo

    referncia a linhas posicionadas externamente ao costado do tanque.

  • Figura 17 - Desenho esquemtico mostrando medidas de ofsets atravs

    do procedimento tico ORLM

    Equipamentos utilizados:

    Figura 18 Mangueira de nvel Figura 19 - Corda

  • Figura 20 Trena de profundidade Figura 21 Trena topogrfica

    Figura 22 - Estao total (Teodolito)

    Determinao de distncias/coordenadas por medio eletro-ptica externa

    (ISO 7507-5).

    Vista esquemtica de duas estaes de teodolitos e projeo de tangentes

    em diferentes nveis.

  • Figura 23 - Estaes de teodolitos e projeo de tangentes em diferentes

    nveis.

    Neste processo, com emprego de teodolito determina-se a circunferncia

    do tanque a diferentes nveis com referncia a uma linha base que pode ser; uma

    circunferncia de referncia, medida pelo procedimento de arqueao por

    cintamento, uso de trena graduada, ou ento com uma linha de base situada entre

    duas estaes de teodolito. Esta linha de base pode ser medida, por meio de uma

    trena ou por um dispositivo tico. O valor da circunferncia interna obtido por

    correo atravs da medida de sua dimenso externa.

  • 4 RESULTADOS E DISCUSSES

    Este trabalho mostra os resultados prticos obtidos no processo de

    desenvolvimento e implantao de um sistema ptico que se pretende utilizar em

    arqueao de tanques. O grande objetivo da implantao destes resultados ,

    alm da grande evoluo tecnolgica aplicada, a segurana dos operadores

    envolvidos neste tipo de trabalho.

    Cabe salientar que os procedimentos utilizados na realizao destes

    resultados so baseados nas normas ISO 7507-1 (Mtodo por Trenas), 7507-3

    (Mtodo por Triangulao ptica Externa) e 7507-5 (Determinao de

    distancias/coordenadas por medio eletro-ptica externa), basicamente. Sendo

    assim, sero aqui relatados essencialmente os resultados prticos dos

    experimentos.

    Desenvolvimento prtico

    Para os testes prticos, foi escolhido um tanque de dimenses conhecidas, j

    arqueado pelo INMETRO RS, utilizando o mtodo de trenas. O referido tanque

    pertence a Transpetro Refinaria de Canoas/RS, e suas dimenses (de acordo

    com a arqueao por trenas) esto dispostas na Tabela 1.

    Tabela 1 Dimenses do tanque

  • Equipamentos utilizados

    O equipamento utilizado foi uma Estao Total (Teodolito Laser Leica TCR

    307), capaz de medir ngulos e distncias, estas atravs da emisso de ondas

    eletromagnticas com caractersticas conhecidas (Laser ou Infravermelho), com

    ou sem utilizao de prisma reflexivo, ou seja, podendo tomar como anteparo

    reflexivo o prprio objeto da medio (parede do tanque).

    DETERMINAO DE DISTANCIAS (COORDENADAS) POR MEDIO

    ELETRO-PTICA EXTERNA

    Este mtodo descrito na Norma ISO 7507-5, e foi implementado com

    algumas adaptaes em relao a mesma, como por exemplo, medio sem a

    utilizao de fita reflexiva na parede do tanque. Este consiste em mapear as

    coordenadas das paredes do tanque para obteno de suas dimenses atravs do

    tratamento/processamento dos dados resultantes das medies. Para tal, foram

    utilizados 4 pontos de medio distribudos ao redor do tanque, conforme ilustrado

    na Figura 24.

    Figura 24 Esquemtico do sistema utilizado para medio

  • As coordenadas foram tomadas sempre no centro das chapas dos anis,

    para que fosse possvel traar uma circunferncia para cada uma dessas sees

    e, consequentemente, obter o melhor raio para as mesmas. O equipamento

    utilizado possui memria interna para gravao dos pontos medidos, permitindo a

    nomeao dos mesmos para facilitar posterior interpretao dos mesmos. Assim,

    os pontos foram nomeados da seguinte forma:

    Aps a realizao das medies, os pontos armazenados na memria do

    equipamento foram transferidos para o computador via conexo serial (RS 232), e

    podem ser visualizados na Tabela 2 (coordenadas dos pontos nas paredes dos

    anis do tanque) e na Tabela 3 (coordenadas dos pontos de medio estaes).

  • Tabela 2 Coordenadas obtidas nas medies dos cinco anis em campo

  • Tabela 3 Coordenadas nos pontos de medio (Estaes)

    possvel plotar os dados das tabelas Tabela 2 e Tabela 3 num sistema

    tridimensional para melhor visualizao. A Figura 25 apresenta ento o sistema de

    medio, indicando, em escala reduzida, a posio das estaes utilizadas ao

    redor do tanque bem como os pontos medidos no mesmo.

    Figura 25 Visualizao de todo o sistema plotado em 3D

  • A partir das coordenadas de uma seo transversal dos anis do tanque,

    possvel a obteno do raio e das coordenadas do centro da melhor

    circunferncia de cada anel, calculada por uma rotina que utiliza o mtodo dos

    mnimos quadrados.

    As figuras Figura 26 a Figura 30 mostram graficamente os pontos medidos

    (+) e a melhor circunferncia obtida por clculo para cada anel (1-5

    respectivamente), bem como apresentam o melhor raio e as coordenadas do

    centro dessas circunferncias (ambos em metros), obtidos pelo mtodo

    supracitado.

    Figura 26 1o Anel

  • Figura 27 2o Anel

    Figura 28 3o Anel

  • Figura 29 4o Anel

    Figura 30 5o Anel

  • A Tabela 4 apresenta uma comparao de valores entre os apresentados

    no item 0 como nominais e os obtidos pelo mtodo em teste, apresentados nas

    figuras Figura 26 a Figura 30.

    Tabela 4 Comparao de resultados Trena x Coordenadas

    Afim de verificar se alguns pontos por ventura estariam distorcendo os

    resultados, ou seja, muito distantes da melhor circunferncia, foi utilizado um

    mtodo para eliminao dos mesmos. Para tal, foi calculada a mdia das

    distncias dos pontos ao centro da circunferncia bem como o desvio padro em

    relao a essa mdia. Os pontos cujo mdulo da diferena ao centro maior que

    duas vezes o desvio padro foram eliminados. Os dados obtidos desse

    procedimento podem ser verificados na Tabela 5.

    Tabela 5 Comparao dos resultados filtrados por Curva Gaussiana

    TRIANGULAO PTICA EXTERNA (MTODO DAS TANGENTES).

    Para este mtodo tambm foram utilizadas 4 estaes ao redor do tanque,

    de acordo com a Figura 24. Este procedimento consiste na medio dos ngulos e

    distncias, conforme apresentados na Figura 31,

  • Figura 31 - Distncias e ngulos medidos no primeiro anel do tanque Mtodo

    das Tangentes

    Para este experimento foram medidos apenas o 1 e o 2 anel do tanque, e

    os resultados esto apresentados na Tabela 6.

    Tabela 6 - Comparao de resultados Trena x Tangentes

  • 5 CONCLUSES

    Tendo em vista fatores como aplicabilidade em um s tanque e uma

    tecnologia em fase de implantao no Brasil, pode-se classificar os resultados

    obtidos no mnimo como satisfatrios, e considerar a experincia, que aos poucos

    adquirida, servir para chegar ao nvel esperado com a maior preciso e

    exatido possvel para este tipo de trabalho.

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    http://www.inmetro.gov.br ;

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    RESENDE R. A. Modelo de gesto aplicado a metrologia legal: Proposta do

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  • N 47/1946 - R 71- Medies em tanques para depsito de gasolina,

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    N 33/1967- R 85 - Norma para determinao da altura de produtos de

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    N 163/2005 -V 02-Vocabulrio Internacional de Termos de Metrologia

    Legal, baseado no documento elaborado pela Organizao Internacional de

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    Especfica E Temperatura Apostila do Curso de Especializao em

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