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ISTITUTO TEOLÓGICO MOTE DAS OLIVEIRAS

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arqueologia

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    Copyright 2007 Instituto Teolgico Monte das Oliveiras

    PROIBIDA A REPRODUO POR QUALQUER MEIO, SALVO EM BREVE CITAES COM A INDICAO DA REFERIDA FONTE.

    As citaes bblicas utilizadas nesta apostila foram extradas da Bblia verso Almeida Corrigida e Fiel (ACF), Copyright 2007 . Sociedade Bblica Trinitariana e da Bblia de Estudo Pentecostal verso Almeida revista e corrigida (ARC), Copyright 1995 Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

    Todos os direitos esto reservado ao:

    IINNSSTTIITTUUTTOO TTEEOOLLGGIICCOO MMOONNTTEE DDAASS OOLLIIVVEEIIRRAASS Estr Marechal Mallet, 811 Magalhes Bastos - RJ - CEP 21.745-091 Ministrio Vencedor em Jardim Novo Realengo CNPJ: 07.292.849/0001-25 Tel: (21) 3071-1847 // e-mail: [email protected]

    O Itemol est amparado pelo Parecer 241/99 da CES, publicado no DOU em 05/07/1999 e pelo Art 80 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional Nr 9394, de 20 dezembro de 1996).

    A presente apostila foi baseada nos princpios basilares e mais importantes da disciplina em pauta.

    A orientao pedaggica seguiu a metodologia do CORE no qual empregado o direcionamento til e a abordagem prtica do ensino, procurando apontar os tpicos necessrios para uma excelente prxis pedaggica.

    O material produzido de excelente qualidade e revisada por pedagogos, telogos e professores com o objetivo de apresentar uma apostila de propriedade incomparvel.

    Seminarista,

    Aproveite esta oportunidade mpar que o Senhor lhe concede para se preparar para sua obra.

    Lembre-se:

    O meu povo foi destrudo porque lhe faltou conhecimento. Os 4.6

    A Direo

    Obs: Os seminaristas podero opinar, comentar e nos mandar, via e-mail, qualquer contribuio para esta apostila e caso no concorde com qualquer opinio aqui assinalada, fique a vontade para comentar.

    O Itemol agradece a sua colaborao.

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    ARQUEOLOGIA BBLICA CULTURAL

    ITRODUO

    A palavra arqueologia vem de duas palavras gregas, archaios e logos, que

    significam literalmente um estudo das coisas antigas. No entanto, o termo se aplica,

    hoje, ao estudo de materiais escavados pertencentes a eras anteriores. arqueologia

    bblica pode ser definida como um exame de artefatos antigos outrora perdidos e hoje

    recuperados e que se relacionam ao estudo das Escrituras e caracterizao da vida nos

    tempos bblicos.

    A arqueologia basicamente uma cincia. O conhecimento neste campo se

    obtm pela observao e estudo sistemticos, e os fatos descobertos so avaliados e

    classificados num conjunto organizado de informaes. A arqueologia tambm uma

    cincia composta, pois busca auxlio em muitas outras cincias, tais como a qumica, a

    antropologia e a zoologia.

    Naturalmente, alguns objetos de investigao arqueolgica (tais como obeliscos,

    tempos egpcios e o Partenon em Atenas) jamais foram perdidos, mas talvez algum

    conhecimento de sua forma e/ou propsito originais, bem como o significado de

    inscries neles encontradas, tenha se perdido.

    FUES DA ARQUEOLOGIA BBLICA

    A arqueologia auxilia-nos a compreender a Bblia. Ela revela como era a vida

    nos tempos bblicos, o que passagens obscuras da Bblia realmente significam, e como

    as narrativas histricas e os contextos bblicos devem ser entendidos.

    A Arqueologia tambm ajuda a confirmar a exatido de textos bblicos e o

    contedo das Escrituras. Ela tem mostrado a falsidade de algumas teorias de

    interpretao da Bblia. Tem auxiliado a estabelecer a exatido dos originais gregos e

    hebraicos e a demonstrar que o texto bblico foi transmitido com um alto grau de

    exatido. Tem confirmado tambm a exatido de muitas passagens das Escrituras,

    como, por exemplo, afirmaes sobre numerosos reis e toda a narrativa dos patriarcas.

    No se deve ser dogmtico, todavia, em declaraes sobre as confirmaes da

    arqueologia, pois ela tambm cria vrios problemas para o estudante da Bblia. Por

    exemplo: relatos recuperados na Babilnia e na Sumria descrevendo a criao e o

    dilvio de modo notavelmente semelhante ao relato bblico deixaram perplexos os

    eruditos bblicos. H ainda o problema de interpretar o relacionamento entre os textos

    recuperados em Ras Shamra (uma localidade na Sria) e o Cdigo Mosaico. Pode-se,

    todavia, confiantemente crer que respostas a tais problemas vir com o tempo. At o

    presente no houve um caso sequer em que a arqueologia tenha demonstrado definitiva

    e conclusivamente que a Bblia estivesse errada!

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    Enquanto a arqueologia de grande ajuda para a compreenso das Escrituras, os

    que com esse propsito dela se utilizam devem evitar que as evidncias materiais os

    levem a criticar a autenticidade e a exatido do texto bblico. A. Momigliano expressa

    corretamente esse cuidado:

    Bblicos ou clssicos, ns historiadores, temos aprendido que a arqueologia e a

    epigrafia no podem tomar o lugar da tradio viva de uma nao. [...] Ao mesmo

    tempo, fomos curados da antiga iluso de que a confiabilidade de tradies histricas

    pode ser facilmente demonstrada pela p do arquelogo.

    Uma das razes para que o registro no texto bblico tenha prioridade sobre a

    evidncia arqueolgica so as limitaes da arqueologia, por natureza confinada ao

    reino material. O professor Amihai Mazar, diretor do Instituto de Arqueologia da

    Universidade Hebraica de Jerusalm, observa:

    [...] a arqueologia obviamente limitada. A arqueologia lida principalmente

    com a cultura material, no tanto com idias, filosofia, poesia, sabedoria, etc., como

    temos na Bblia. A Bblia uma riqueza, um mundo cheio de pensamento intelectual. A

    arqueologia limitada. Ela nos fornece [somente] cermica, construes, fortificaes,

    plantas de cidades, modelos de comunidades, [ou informa] quantos stios houve em

    cada perodo, qual era a populao.

    A limitao bsica da arqueologia a natureza fragmentria das evidncias que

    se retiram do solo. Edwin Yamauchi, professor de histria na Universidade de Miami, e

    tambm em Oxford e Ohio, enfatiza essa limitao ao apontar o nvel de fragmentao

    dos achados arqueolgicos. Atualizei suas observaes, como segue:

    Somente uma frao do que fabricado ou escrito sobrevive. No caso do

    material escrito, que acresce diariamente o nosso conhecimento do passado, apesar de

    vrios e grandes arquivos terem sido descobertos no Oriente Prximo, eles representam

    um nmero infinitesimal comparado ao que foi destrudo. Por exemplo, a grande

    biblioteca localizada em Alexandria reunia quase um milho de volumes, muitos dos

    quais eram cpias nicas, e tudo se perdeu quando ela foi queimada at os alicerces no

    sculo VII. A terra de Israel ainda est para produzir um arquivo, de qualquer perodo,

    apesar de a correspondncia com seus vizinhos ser atestada por descobertas feitas em

    outras terras. Caso os israelitas tenham usado materiais perecveis para a escrita,

    natural esse vcuo, como j observamos. Se encontrssemos um arquivo, ele

    provavelmente dataria de um perodo cananita mais antigo. Tabletes de argila j

    descobertos em Tel Hazor indicam essa possibilidade. Ainda assim, o que fosse achado

    constituiria apenas uma frao diminuta do material produzido.

    Somente uma frao dos stios arqueolgicos disponveis foi pesquisada. Em

    Israel e no Oriente Prximo, existem ainda milhares de tels no escavados. (Tel um

    outeiro artificial criado pela repetida destruio e reconstruo de cidades antigas e vilas

    no mesmo stio.) Com certeza, os stios arqueolgicos jamais sero devidamente

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    pesquisados no mesmo ritmo das descobertas que se verificam a cada ano. Muitos stios

    so conhecidos, porm no recebem a necessria ateno por falta de recursos ou

    disputas polticas sobre territrios. Outros nunca sero pesquisados porque foram

    destruidos pelo crescimento populacional e por projetos de construo.

    Somente uma frao dos stios pesquisados foram escavados. Mesmo em Israel,

    onde est ligada economia turstica nacional e isto pode ser uma surpresa para

    muitos -, a arqueologia no recebe alta prioridade. A maior parte do oramento do

    governo israelita destina-se ao incremento militar, para proteger o pas contra o

    terrorismo, ou ao desenvolvimento de uma nao ainda jovem. Arquelogos, na maioria

    assalariados como professores, precisam levantar de fontes particulares o dinheiro para

    suas expedies. E a maior parte dos trabalhadores so voluntrios., que pagam as

    prprias despesas para escavar. Por essas razes, menos de dois por cento dos stios

    pesquisados em Israel foram escavados.

    Somente uma frao de um stio examinada. Novamente devido escassez de

    recursos, os arquelogos determinam reas de prioridade em um tel onde supem que

    iro desenterrar os achados mais significativos. Tal seleo faz-se necessria porque, em

    alguns casos, a proviso de fundos para a continuao do trabalho depende do progresso

    demonstrado em anos anteriores. Alm disso, com tantos stios ainda inexplorados,

    encurtam-se as temporadas de escavao e descobertas importantes em potencial so

    perdidas como resultado de trabalho incompleto. At os stios mais estratgicos,

    escavados por exemplo, em virtude de suas imensas propores, representa o tel menos

    escavado em Israel.

    Somente uma frao do material encontrado chega ao conhecimento do pblico.

    Nem mesmo os achados mais significativos, como as inscries tm publicao

    garantida, ou o processo pode ser muito demorado. A causa que muitos deles so fonte

    de controvrsia. Um exemplo so os rolos da caverna 4, dos manuscritos do mar Morto:

    uma demora de quarenta anos apenas para a liberao das fotografias. Os relatrios

    finais de Kathleen Kenyon sobre Jeric foram publicados trinta anos aps a descoberta

    das runas da antiga cidade. Falta de interesse, de percia, de tempo e de dinheiro

    tambm so empecilhos publicao. Por essa razo, cerca de noventa por cento dos

    quinhentos mil textos cuneiformes armazenados em depsitos de museus permanecem

    inacessveis ao pblico.

    O desenvolvimento contnuo da arqueologia como cincia tambm se constitui

    obstculo publicao das descobertas. Uma enxurrada de especialistas, mtodos

    sofisticados e instrumentao tecnolgica multiplicou os domnios nos stios

    arqueolgicos. Houve um tempo em que alguns anos bastavam para se completar um

    relatrio de campo. Hoje a mesma tarefa pode arrastar-se por dcadas. Por isso, so

    raros os profissionais cujas carreiras duram o suficiente para testemunhar a publicao

    das evidncias por eles escavadas.

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    Outro problema proteger dos ladres os stios escavados. A cada temporada,

    stios so pilhados pelos nmades bedunos e por comerciantes que vivem da venda de

    antigidades no cmbio negro. Assim, algumas descobertas se perdem para sempre sem

    ao menos um registro.

    As limitaes da arqueologia deveriam levar os arquelogos, cientistas sociais e

    telogos a no fazerem julgamentos prematuros com base apenas em resqucios

    arqueolgicos, o que pode gerar crticas injustas historicidade ou exatido do texto

    bblico. Esse argumento, claro, vai de encontro prtica contempornea, defendida

    por aqueles que supe a arqueologia avultada alm da prioridade bblica. Mas sempre

    que ocorrem dvidas, o tempo tem demonstrado a integridade das Escrituras.

    POR QUE ATIGAS CIDADES E CIVILIZAES DESAPARECERAM

    Sabemos que muitas civilizaes e cidades antigas desapareceram como

    resultado do julgamento de Deus. A Bblia est repleta de tais indicaes. Algumas

    explicaes naturais, todavia, tambm devem ser brevemente observadas.

    As cidades eram geralmente construdas em lugares de fcil defesa, onde

    houvesse boa quantidade de gua e prximo a rotas comerciais importantes. Tais

    lugares eram extremamente raros no Oriente Mdio antigo. Assim, se alguma catstrofe

    produzisse a destruio de uma cidade, a tendncia era reconstruir na mesma localidade.

    Uma cidade podia ser amplamente destruda por um terremoto ou por uma invaso.

    Fome ou pestes podiam despovoar completamente uma cidade ou territrio. Nesta

    ltima circunstncia, os habitantes poderiam concluir que os deuses haviam lanado

    sobre o local uma maldio, ficando assim temerosos de voltar. Os locais de cidades

    abandonadas reduziam-se rapidamente a runas. E quando os antigos habitantes

    voltavam, ou novos moradores chegavam regio, o hbito normal era simplesmente

    aplainar as runas e construir uma nova cidade. Formavam-se, assim, pequenos morros

    ou taludes, chamados de tell, com muitas camadas superpostas de habitao. s vezes, o

    suprimento de gua se esgotava, rios mudavam de curso, vias comerciais eram

    redirecionadas ou os ventos da poltica sopravam noutra direo -o que resultava no

    permanente abandono de um local.

    A ESCAVAO DE UM STIO ARQUEOLGICO

    O arquelogo bblico pode ser dedicar escavao de um stio arqueolgico por

    vrias razes. Se o talude que ele for estudar reconhecidamente cobrir uma localidade

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    bblica, ele provavelmente procurar descobrir as camadas de ocupaes relevantes

    narrativa bblica. Ele pode estar procurando uma cidade que se sabe ter existido, mas

    ainda no foi positivamente identificada. Talvez procure resolver dvidas relacionadas

    proposta identificao de um stio arqueolgico. Possivelmente estar procurando

    informaes concernentes a personagens ou fatos da histria bblica que ajudaro a

    esclarecer a narrativa bblica.

    Uma vez que o escavador tenha escolhido o local de sua busca, e tenha feito os

    acordos necessrios (incluindo permisses governamentais, financiamento,

    equipamento e pessoal), ele estar pronto para comear a operao. Uma explorao

    cuidadosa da superfcie normalmente realizada em primeiro lugar, visando saber o que

    for possvel atravs de pedaos de cermica ou outros artefatos nela encontrados,

    verificar se certa configurao de solo denota a presena dos resto de alguma edificao,

    ou descobrir algo da histria daquele local. Faz-se, sem seguida, um mapa do contorno

    do talude e escolhe-se o setor (ou setores) a ser (em) escavado (s) durante uma sesso de

    escavaes. Esses setores so geralmente divididos em subsetores de um metro

    quadrado para facilitar a rotulao das descobertas.

    A ARQUEOLOGIA E O TEXTO DA BBLIA

    Embora a maioria das pessoas pense em grandes monumentos e peas de museu

    e em grandes feitos de reis antigos quando se faz meno da arqueologia bblica, cresce

    o conhecimento de que inscries e manuscritos tambm tm uma importante

    contribuio ao estudo da Bblia. Embora no passado a maior parte do trabalho

    arqueolgico estivesse voltada para a histria bblica, hoje ela se volta crescentemente

    para o texto da Bblia.

    O estudo intensivo de mais de 3.000 manuscritos do N.T. grego, datados do

    segundo sculo da era cristo em diante, tem demonstrado que o N.T. foi notavelmente

    bem preservado em sua transmisso desde o terceiro sculo at agora. Nem uma

    doutrina foi pervertida. Westcott e Hort concluram que apenas uma palavra em cada

    mil do N.T. em grego possui uma dvida quanto sua genuinidade.

    Uma coisa provar que o texto do N.T. foi notavelmente preservado a partir do

    segundo e terceiro sculos; coisa bem diferente demonstrar que os evangelhos, por

    exemplo, no evoluram at sua forma presente ao longo dos primeiros sculos da era

    crist, ou que Cristo no foi gradativamente divinizado pela lenda crist. Na virada do

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    sculo XX uma nova cincia surgiu e ajudou a provar que nem os Evangelhos e nem a

    viso crist de Cristo sofreram evolues at chegarem sua forma atual. B. P. Grenfell

    e A. S. Hunt realizaram escavaes no distrito de Fayun, no Egito (1896-1906), e

    descobriram grandes quantidades de papiros, dando incio cincia da papirologia.

    Os papiros, escritos numa espcie de papel grosseiro feito com as fibras de

    juncos do Egito, incluam uma grande variedade de tpicos apresentados em vrias

    lnguas. O nmero de fragmentos de manuscritos que contm pores do N.T. chega

    hoje a 77 papiros. Esses fragmentos ajudam a confirmar o texto feral encontrado nos

    manuscritos maiores, feitos de pergaminho, datados do quarto sculo em diante,

    ajudando assim a forma uma ponte mais confivel entre os manuscritos mais recentes e

    os originais. O impacto da papirologia sobre os estudos bblicos foi fenomenal. Muitos

    desses papiros datam dos primeiros trs sculos da era crist. Assim, possvel

    estabelecer o desenvolvimento da gramtica nesse perodo, e, com base no argumento

    da gramtica histrica, datar a composio dos livros do N.T. no primeiro sculo da era

    crist. Na verdade, um fragmento do Evangelho de Joo encontrado no Egito pode ser

    paleograficamente datado de aproximadamente 125 AD! Descontado um certo tempo

    para o livro entrar em circulao, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data

    prxima do fim do primeiro sculo - exatamente isso que a tradio crist

    conservadora tem atribudo a ele. Ningum duvida que os outros trs Evangelhos so

    um pouco anteriores ao de Joo. Se os livros do N.T. foram produzidos durante o

    primeiro sculo, foram escrito bem prximo dos eventos que registram e no houve

    tempo de ocorrer qualquer desenvolvimento evolutivo.

    Todavia, a contribuio dessa massa de papiros de todo tipo no pra a. Eles

    demonstram que o grego do N.T. no era um tipo de linguagem inventada pelos seus

    autores, como se pensava antes. Ao contrrio, era, de modo geral, a lngua do povo dos

    primeiros sculos da era crist. Menos de 50 palavras em todo o N.T. foram cunhadas

    pelos apstolos. Alm disso, os papiros demonstraram que a gramtica do N.T. grego

    era de boa qualidade, se julgada pelos padres gramaticais do primeiro sculo, no pelos

    do perodo clssico da lngua grega. Alm do mais, os papiros gregos no-bblicos

    ajudaram a esclarecer o significado de palavras bblicas cuja compreenso ainda era

    duvidosa, e lanaram nova luz sobre outras que j eram bem entendidas. At

    recentemente, o manuscrito hebraico do A.T. de tamanho considervel mais antigo era

    datado aproximadamente do ano 900 da era crist, e o A.T. completo era cerca de um

    sculo mais recente. Ento, no outono de 1948, os mundos religioso e acadmico foram

    sacudidos com o anncio de que um antigo manuscrito de Isaas fora encontrado numa

    caverna prxima extremidade noroeste do mar Morto. Desde ento um total de 11

    cavernas da regio tm cedido ao mundo os seus tesouros de rolos e fragmentos.

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    Dezenas de milhares de fragmentos de couro e alguns de papiro forma ali recuperado.

    Embora a maior parte do material seja extra bblico, cerva de cem manuscritos (em sua

    maioria parciais) contm pores das Escrituras. At aqui, todos os livros do A.T.,

    exceto ster, esto representados nas descobertas. Como se poderia esperar, fragmentos

    dos livros mais freqentemente citados no N.T. tambm so mais comuns em Qumran

    (o local das descobertas). Esses livros so Deuteronmio, Isaas e Salmos. Os rolos de

    livros bblicos que ficaram melhor preservados e tm maior extenso so dois de Isaas,

    um de Salmos e um de Levtico.

    Encontrado o palcio do rei Davi em Jerusalm

    O arquelogo Randall Price comenta que referente tomada da cidade de

    Jerusalm das mos dos jebuseus (II Sm. 5:7-25) pelo Rei Davi j foram celebrados

    pelos Judeus mais de 3.000 aniversrios. Dentro dessa conjuntura importantssima

    fazem-se necessrias evidncias, alm de paleogrficas, arqueolgicas e parece que tais

    evidncias esto sendo achadas.

    O Jornal Folha de So Paulo, na sua edio de Sbado (06/08/05), traz a notcia

    do possvel achado do Palcio do Rei Davi em Jerusalm, relata o seguinte matria:

    "Uma arqueloga israelense diz ter descoberto em Jerusalm Oriental o lendrio

    palcio do rei bblico Davi... A descoberta rara e importante: um grande edifcio

    pblico do sculo 10 a.C., junto com fragmentos de cermica da poca de Davi e

    Salomo e um sinete (usado para carimbar documentos) que pertenceu a um funcionrio

    mencionado no livro do profeta Jeremias. A descoberta provavelmente vai se tornar

    mais um argumento numa das maiores controvrsias da arqueologia bblica... Baseada

    na Bblia e em um sculo de arqueologia no local, Mazar, 48, especulou que uma

    famosa escadaria com degraus de pedra escavada antes era parte da fortaleza que Davi

    conquistou... Seu palcio ficaria depois do permetro original dos muros da cidade, no

    caminho para a Esplanada do Templo, edificado por seu filho, Salomo... Afirma ela -

    Quando os filisteus (grandes inimigos dos israelitas) vinham lutar, a Bblia diz que

    Davi descia de sua casa para a fortaleza... Fiquei pensando: descia de onde? Ento

    imaginei que talvez houvesse algo aqui (em Jerusalm Oriental)'... Mazar acredita ter

    achado a resposta: um grande edifcio pblico, com pelo menos alguma cermica da

    poca, e um sinete governamental de Jeucal, filho de Selemias, mencionados no livro de

    Jeremias. O prdio pode ser razoavelmente datado com a cermica achada ainda

    debaixo dele. Sob o Palcio encontrou fragmentos dos sculos 12 a.C. ou 11 a.C., pouco

    antes da conquista da cidade por Davi. Acima estavam as fundaes de um edifcio

    monumental, com pedras grandes usadas para fazer muros de 1,8 m de espessura. Num

    canto havia cermica dos sculos 10 ao 9 a.C., mais ou menos da poca do reino unido

    de Israel".

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    A pessoa do Rei Davi agiganta-se nas pginas do Antigo e Novo Testamentos,

    sendo mencionada cerca de 1.048 vezes. No AT ele o assunto primrio de 62 captulo

    e o autor de 73 salmos. No NT, figura proeminentemente em ambos os lados da

    genealogia de Jesus e no lugar onde nasceu (Mt. 1:1,6,17,20; Lc. 2:4,11; 3:31),

    mostrando sua relevncia para a historiografia bblica. Os atuais achados s vm

    corroborar mais uma vez com provas factuais j atestadas pelas provas paleogrficas.

    Apesar de alguns quererem usar a falta de evidncias para provar alguma contradio da

    Bblia, o tempo e as pesquisas sempre advogam favorveis Escritura Sagrada.

    O significado dos Manuscritos do Mar Morto tremendo. Eles fizeram recuar

    em mais de mil anos a histria do texto do A.T. (depois de muito debate, a data dos

    manuscritos de Qumran foi estabelecida como os primeiros sculos AC e AD). Eles

    oferecem abundante material crtico para pesquisa no A.T., comparvel ao de que j

    dispunham h muito tempo os estudiosos do N.T. Alm disso, os Manuscritos do Mar

    Morto oferecem um referencial mais adequado para o N.T., demonstrando, por

    exemplo, que o Evangelho de Joo foi escrito dentro de um contexto essencialmente

    judaico, e no grego, como era freqentemente postulado pelos estudiosos. E ainda,

    ajudaram a confirma a exatido do texto do A.T. A Septuaginta, comprovaram os

    Manuscritos do Mar Morto, bem mais exata do que comumente se pensa. Por fim, os

    rolos de Qumran nos ofereceram novo material para auxiliar na determinao do sentido

    de certas palavras hebraicas.

    Uma anlise da pertinncia histrica do xodo: A propsito do

    documentrio

    Por longo tempo as pesquisas sobre o Israel antigo foram conduzidas por

    religiosos. Sendo assim, havia um esforo no sentido de confirmar a veracidade das

    informaes bblicas. Confundia-se a histria bblica com a histria de Israel[2].

    A partir da dcada de 60 do sculo XX as pesquisas histrico-crticas,

    sobretudo de exegetas alemes[3], possibilitaram um certo rompimento com a

    tradicional histria de Israel. No entanto, essa rea de estudo passou por profunda

    reviso somente a partir dos anos 90[4] do citado sculo. Aps esse perodo presenciou-

    se uma crescente descrena nas informaes veterotestamentrias.

    As recentes pesquisas sobre o Israel antigo[5] conseguiram demonstrar a

    impertinncia histrica da histria de Israel presente na Bblia. Evidentemente, os

    resultados de tais pesquisas no so consensuais, desse modo, presencia-se atualmente

    uma reao neo-conservadora com o intuito de atestar a veracidade da narrativa presente

    no Antigo Testamento.

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    Em 2006, o cineasta canadense, Simcha Jacobovici, produziu um

    documentrio sobre o xodo[6]. No mesmo ano a referida produo foi veiculada no

    History Channel. Em seu documentrio, Jacobovici, afirma comprovar a historicidade

    do xodo bblico, um evento que, segundo prope, ocorreu por volta do ano 1500 a.C.

    Dentre outros elementos, o citado diretor apresenta a comprovao cientfica das

    pragas do Egito, no obstante, aponta a localizao exata do monte Sinai.

    Tendo em vista esses dados, o objetivo do presente artigo reside em

    investigar as afirmaes de Jacobovici, certamente, contestando os resultados de sua

    produo. Nesse sentido, almeja-se concordar com o arquelogo Eric Cline[7] quando

    este denunciou, em um artigo de 2007[8], as constantes fraudes na arqueologia. Cline

    sustenta que, frente a atual reao neo-conservadora, se faz necessrio contra-atacar. Do

    mesmo modo, o historiador Emanuel Pfoh[9] tem alertado sobre as graves incoerncias

    das pesquisas de cunho fundamentalista.

    Em princpio, pretende-se proceder a um escrutnio que considere,

    principalmente, trs aspectos: o fara do xodo, a data do xodo e a localizao do

    monte Sinai.

    1. O fara do xodo

    O texto bblico de Gn 37, 39-50 afirma que Jos foi vendido como

    escravo para trabalhar no Egito, porm, superando uma srie de adversidades, assumiu a

    posio de brao direito do fara. Na seqncia, a narrativa bblica afirma que a

    famlia de Jos migrou para o Egito onde se estabeleceu e se multiplicou. Com o passar

    dos anos, o fara que conhecia Jos morreu e ento um novo governante egpcio passou

    a escravizar os israelitas at o momento em que Yahweh, por meio de Moiss,

    empreendeu a libertao do trabalho forado, ou seja: o xodo.

    O citado relato bblico, tal como est, revela-se nitidamente teolgico.

    Seu objetivo no registrar o que aconteceu, mas sim, ensinar uma lio: para os que

    so fiis a Yahweh at mesmo o mal se converte em bem[10].

    Por sua vez, Simcha Jacobovici aceita a literalidade da narrativa

    veterotestamentria e empreende uma tentativa de comprovar cientificamente o que

    relata a Bblia. Fazendo uso de pressupostos cientficos extremamente duvidosos,

    Jacobovici chega a uma verso insustentvel sobre o xodo. Em sua opinio o fara

    Ahmose foi o responsvel pela opresso dos israelitas.

    Entretanto, antes de tratar especificamente sobre o fara, se faz

    necessrio comentar alguns elementos. Nesse sentido, deve-se esclarecer que

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    12

    impossvel sustentar a presena de israelitas no Egito. A formao da unidade Israel

    somente ocorre na Palestina, em um perodo posterior ao suposto xodo, logo, no se

    pode conceber que israelitas estivessem no Egito. Segundo os exegetas histrico-

    crticos, apenas uma parcela da populao que constituiu Israel esteve em territrio

    egpcio[11].

    Conseqentemente, considerando que no havia uma unidade israelita na

    terra dos faras, tambm cai por terra a idia de uma crena javista. De modo

    semelhante, a elaborao de uma crena no deus Yahweh fruto de um processo

    posterior ao suposto xodo. O versculo de Ex 18.12 pode sugerir que a f javista foi, na

    origem, uma herana midianita[12].

    Dentre outras incoerncias a proposta de Simcha implica problemas no

    que concerne cronologia. Segundo prope, o xodo teria ocorrido durante o reinado de

    Ahmose. A tentativa de encaixar este evento por volta de 1500 a.C. no original,

    muitos pesquisadores fundamentalistas j a fizeram[13]. Isso se deve, basicamente, pela

    idia de que a narrativa do xodo teve lugar no mesmo perodo da dominao hicsa no

    Egito. Essa concepo est baseada nos paralelismos existentes entre o relato religioso

    da sada do Egito e a histria dos hicsos escrita por Mneto[14].

    Entretanto, a maior parte dos pesquisadores que defendem a

    historicidade do xodo apontam Ramss II como o fara da opresso. De acordo com

    Ex 1.11 a mo-de-obra israelita foi empregada na construo de cidades como Pitom e

    Ramss. Tais cidades teriam sido construdas no reinado do referido fara. A essa

    informao pode-se somar o contedo do Papiro Leyde 348 o qual atesta que Ramss II

    realizou obras de construo[15].

    Desse modo, torna-se perceptvel que a definio do fara do xodo est

    diretamente relacionada com a cronologia do evento. Sendo assim, tentar-se-

    investigar, a seguir, as datas propostas para o acontecimento em questo.

    2. A cronologia do xodo

    Tradicionalmente duas datas so propostas para o citado evento bblico,

    uma no sculo XV a.C. e outra no sculo XIII a.C. A data mais antiga (sc. XV a.C.)

    apresenta maior harmonia com a cronologia interna do Antigo Testamento, dessa

    maneira, defendida por pesquisadores de orientao fundamentalista. Em

    contrapartida, a data mais recente, situada no sculo XIII a.C., sustentada pela maioria

    dos pesquisadores, sejam telogos, arquelogos e/ou historiadores[16].

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    13

    No versculo bblico de 1 Reis 6.1 consta que o xodo ocorreu 480 anos

    antes da fundao do Templo de Salomo, o que situaria este evento no sculo XV

    a.C.[17] Alm desse dado bblico, outro recurso utilizado para confirmar a data em

    questo reside nos argumentos de cunho naturalista. Nesse caso, Jacobovici tenta

    relacionar a erupo do Santorini com os milagres descritos na Bblia[18].

    Para o referido cineasta a erupo do Santorini explicaria as 10 pragas do

    Egito assim como a diviso do mar, o que permitiu a libertao definitiva dos israelitas.

    Segundo afirma, os gases da erupo foram os responsveis pela cor avermelhada da

    gua (1 praga: gua transformada em sangue) o que desencadeou toda srie de pragas:

    morte dos seres aquticos, proliferao de insetos, dentre outras. Para Jacobovici, a

    ltima e mais importante praga, a morte dos primognitos, explica-se pelo fato de que o

    primeiro filho de cada famlia egpcia dormia no trreo das casas enquanto o restante

    das pessoas repousavam em lugares mais elevados, assim, o dixido de carbono

    liberado pela erupo teria matado os primognitos.

    Contudo, o mirabolante esforo para encaixar o xodo no sculo XV a.C.

    torna-se invlido. Como j dito, a maior parte dos pesquisadores que defendem a

    historicidade deste evento o situam no sculo XIII a.C. Considera-se a referncia ao

    nome Ramss (Ex 1.11) como uma memria histrica autntica e com isso defende-se

    que Ramss II foi o fara que oprimiu os israelitas[19].

    Entretanto, recentes pesquisas acadmicas contestam a historicidade do

    xodo[20]. Finklestein e Silberman, por exemplo, sustentam que uma fuga em massa do

    Egito na poca de Ramss II seria algo imporvvel, devido ao bem estruturado sistema

    de controle de fronteiras existente naquele perodo[21]. Para os citados autores a

    narrativa bblica da sada do Egito foi elaborada durante a poca do rei Josias.

    A saga do xodo de Israel do Egito no uma verdade histrica nem fico

    literria. uma poderosa expresso da memria e da esperana, nascida num mundo em

    plena mudana. A confrontao entre Moiss e o fara espelhava o significativo

    confronto entre o jovem rei Josias e o fara Necau, recentemente coroado. Fixar essa

    imagem bblica em uma s data trair o significado mais profundo da histria[22].

    3. A localizao do monte Sinai

    Em seu documentrio, Jacobovici, procede a uma concluso

    surpreendente: parte do grupo que saiu do Egito foi para a atual Grcia e outra parte

    rumou para o monte Sinai. Os argumentos utilizados para apontar a Grcia como

    destino so plenamente discutveis[23], porm, almeja-se aqui restringir o objeto de

    anlise apenas ao citado monte.

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    14

    A Bblia no fornece indicaes precisas sobre a localizao do

    Sinai[24], porm, uma tradio crist do sculo IV d.C. identificou o referido monte

    com o Djebel Musa: Desde o sc. 4 d.C. o monte de Deus est firmemente ancorado na

    montanha central da parte meridional da Pennsula do Sinai. Trata-se do Djebel Musa

    (2.292m), na vizinhana imediata de outros picos que igualmente foram includos na

    malha da tradio crist, em especial Djebel Qaterin (2.606m) e Djebel el-Munadja

    (2.097m). Em fins do sc. 4 a peregrina Etria visitou a regio; sobre o pico do Djebel

    Musa j viu uma igreja e relata a respeito da presena de monges. Entre 548 e 562 o

    imperador Justiniano fundou o mosteiro de Santa Catarina. [...] Na regio do Djebel

    Serbal (2.060m), distante uns 40 Km do macio central, foram encontradas numerosas

    inscries nabatias do sc. 2-3, grafitos breves de peregrinos [...] testemunham a

    sacralidade dessa regio montanhosa em poca pr-bizantina, e possvel imaginar que

    a tradio monacal crist se tenha reportado a isso.[25]

    Entretanto, Jacobovici contesta a identificao com Djebel Musa e

    sugere que o verdadeiro Sinai seria Hashem el tarif. O fato que determinar a

    localizao do citado monte representa uma tarefa praticamente impossvel. Isso se deve

    a impreciso das informaes bblicas. O Antigo Testamento fornece dados divergentes

    no que concerne localizao do Sinai. Considerando que o texto de Ex 19.18 pode

    preservar memria de um fenmeno vulcnico, tentou-se encontrar uma determinada

    regio de possvel atividade vulcnica, podendo ser a mesma identificada ao leste do

    Golfo de caba (Hedjaz, deserto da Arbia). Entretanto, segundo as indicaes de Jz

    5.4s; Dt 33.2; Sl 68.8s, constata-se que Yahweh vem de Seir (Edom). Por sua vez, Hc

    3.3 e Nm 10.12 mencionam o deserto de Far/Par, embora essa no seja uma

    interpretao pacfica. Far/Par geralmente identificado com Djebel Faran, 80km a

    oeste de Petra[26].

    Contudo, por mais que fosse possvel identificar o monte Sinai o que isso

    representaria para a historicidade do xodo? De fato, alguns estudiosos[27]

    desenvolveram pesquisas arqueolgicas na pennsula sinatica com o intuito de resgatar

    as evidncias do xodo. Evidentemente, isso se deve a compreenso de que os israelitas

    que saram do Egito migraram para o monte Sinai.

    No entanto, pesquisas direcionadas pelo mtodo histrico-crtico[28]

    apontam que o xodo e o Sinai representam tradies distintas. Algumas passagens do

    Antigo Testamento permitem supor que a tradio do monte de Deus no deserto,

    originalmente, tenha sido independente e apenas posteriormente foi combinada com a

    tradio do xodo e da tomada da terra.

    A isso conduzem sobretudo numerosos textos cltico-religiosos que

    recapitulam os acontecimentos da poca salvfica clssica de Israel, desde o xodo at a

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    15

    tomada da terra, e nos quais falta o monte de Deus no deserto: p. ex. Dt 6.20-24; 26.5-9;

    Js 24.2-13; Ex 15; Sl 78; 105; 135; 136 e outros mais. Com isso, naturalmente, nada se

    decide com respeito antiguidade da tradio do monte de Deus. Trata-se to-somente

    da independncia histrico-traditiva dessa tradio, que possibilitou falar sobre a

    histria da salvao de Israel sem sequer mencionar o monte de Deus.[29]

    Tendo em vista essas informaes, seria um equvoco buscar por

    evidncias do xodo na regio sinatica. De qualquer forma, um consenso sobre a

    historicidade desse evento bblico ainda encontra-se distante. Ao que tudo indica,

    segundo a lgica das mais recentes pesquisas acadmicas, o xodo ser interpretado

    como pertencente ao passado mtico de Israel[30].

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    16

    GEOGRAFIA BBLICA CULTURAL

    Introduo

    Sumrio: I - O que a Geografia? II - A Geografia atravs da Histria. III - A estruturao cientfica da Geografia. IV - A Geografia Bblica e a sua importn-cia.

    A Histria situa o drama humano no tempo. Pelas asas da cronologia, leva-nos a acompanhar os passos de nossos ancestrais at os nossos dias. Possumos, porm, uma exigente concepo espacial. Curiosos, de quando em quando, indagamos: "Onde, exatamente, deu-se tal fato?" A Historiografia, por ser documental e limitar-se s crni-cas, no pode responder-nos tais questes com preciso.

    Recorremos, ento, Geografia.

    Situando nos palcos da tragdia humana, d-nos uma idia mais ampla e mais clara do nosso passado. Atravs dessa cincia, trilhamos os caminhos de nossos pais e demarcamos os raios de ao de nossos filhos.

    Mas, qual a afinidade entre a Histria e a Geografia?

    Afrnio Peixoto responde: "A Geografia ser assim a cincia do presente, explicada pelo passado; a Histria, a cincia do passado, que explica o presente".

    Conscientes dos reclamos temporais e espaciais do estudioso das Sagradas Escrituras, escrevemos esta obra. Unindo a Histria Geografia, possibilitamos ao leitor localizar os fatos no tempo e no espao, desde os primeiros representantes da raa humana at os apstolos de Cristo.

    Faremos uma fascinante viagem da Mesopotmia Europa. Percorreremos os caminhos antigos, para compreendermos por que a nossa f to atual. A Bblia fornecer-nos- o roteiro. s informaes geogrficas contidas nas Sagradas Escrituras so exatas e reconstituem, com fidelidade e riqueza de detalhes, a topografia e as divises polticas da antiguidade. O Estado de Israel, a propsito, com base em informaes bblicas, redescobriu vrias minas exploradas pelo rei Salomo que, hoje, continuam a produzir divisas a essa jovem nao.

    Entretanto, vejamos como se desenvolveu essa cincia chamada Geografia. Comecemos por defini-la.

    I - O QUE A GEOGRAFIA?

    Segundo a etimologia da palavra, "geo" terra; "graphein" descrever, a Geografia limitou-se, de fato, durante sculos, a descrever a Terra. Entretanto, a partir do Sculo XIX, assumiu um carter cientfico. No mais se limitou descrio; passou, tambm, a explicar os fatos.

    No entanto, as definies variam de autor para autor.

    Para o alemo Alfred Hettner, Geografia o ramo de estudos da diferenciao regional da superfcie da Terra e das causas dessa diferenciao.

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    17

    Richard Hartshorne declara ser o objetivo da Geografia "proporcionar a descrio e a interpretao, de maneira precisa, ordenada e racional, do carter varivel da superfcie da Terra".

    Ambas as definies, porm, "carecem de consenso sobre o que se entende por superfcie da Terra". A Enciclopdia Mirador Internacional pondera:

    Tomar como tal apenas a face exterior da camada slida e lquida, ilumina-da pela luz do Sol, equivale a suprimir do campo de interesse geogrfico as minas e a atmosfera. Nesta ocorrem os fenmenos meteorolgicos e se configuram os tipos climticos de profunda influncia na vida de todos os seres e, particularmente, na atividade humana.

    II - A GEOGRAFIA ATRAVS DA HISTRIA

    1.1 &a Antigidade

    Os conhecimentos geogrficos dos egpcios limitavam-se ao Nordeste da frica, sia Ocidental e Assria. Os fencios e gregos foram mais longe. Estimulados por intensas transaes comerciais, vasculharam o mar Mediterrneo. Afoitos e aventureiros por natureza, fundaram Cartago, em 800 a.C, transpuseram o estreito de Gibraltar e chegaram s ilhas britnicas. Eles, afirmam alguns estudiosos, aportaram, inclusive, nas costas brasileiras, onde deixaram inscries em vrios monolitos.

    Mais comedido, os gregos limitaram-se regio do Mediterrneo. Fundaram diversas cidades, entre as quais Masslia (atual Marselha). Alexandre Magno foi quem alargou os conhecimentos geogrficos dos helenos, em virtude de suas rpidas, fulminantes e dilatadas conquistas. Saindo da Macednia, na Europa Oriental, ele alcanou a ndia, no Extremo Oriente.

    Renomados pensadores gregos dedicaram-se ao estudo da Geografia: Pteas, Herdoto, Hipcrates, Anaximandro, Tales, Eratstenes e Aristteles. Concebiam os oceanos unidos em uma s massa lquida e os continentes em uma s massa de terra. O primeiro conceito seria corroborado por navegadores europeus dos sculos XV e XVI.

    1.2 - Em Roma

    Pragmticos, os romanos no se limitaram ao mundo conhecido pelos gregos. Foram alm. Em virtude de suas vastssimas conquistas, alargaram, sobremaneira, os conhecimentos geogrficos de ento. Seus generais, durante as guerras expansionistas, elaboraram minuciosos relatrios acerca das novas possesses romanas. Jlio Csar, por exemplo, escreveu "Comentrios sobre a guerra contra os gauleses", obra riqussima em informaes geogrficas.

    Polbio e Estrabo deixaram importantes tratados geogrficos. Os trabalhos de Estrabo, alis, so to abalizados que foi chamado o pai da Geografia. Sem os seus apontamentos, os gegrafos posteriores encontrariam enormes dificuldades para elaborar descries mais acuradas da Terra.

    1.3 - &a Idade Mdia

    A Geografia no progrediu na Europa durante a Idade Mdia. Detentor do monoplio cultural, o clero s transmitia ao povo as informaes que, segundo seu critrio, estivessem de conformidade com os textos sagrados e com as tradies catlicas. Apesar das Cruzadas Terra Santa, no houve progresso sensvel nas informaes geogrficas.

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    Muitos conceitos bblicos foram deturpados nessa -poca pela "Santa" S. Os padres ensinavam ser a Terra plana, em uma despropositada aluso mesa do Tabern-culo. Afirmavam, tambm, ser o Sol o centro do Universo, ao interpretar, erroneamente, uma passagem do livro de Josu.

    Censurados, os escritos de Marco Polo em nada contriburam para o desenvolvimento da Geografia. Os povos pagos, entretanto, livres dos tentculos de Roma, apresentaram notveis progressos nessa cincia, notadamente os vquingues.

    Com o islamismo, os conhecimentos geogrficos foram dilatados. Os rabes chegaram China, embrenharam-se na Rssia e dominaram a frica. Ibn Haw'qal deixou importante obra, contendo preciosas descries das terras conquistadas pelos maometanos. A Geografia, para o Isl, uma cincia agradvel a Deus, por facilitar a peregrinao dos fiis a Meca.

    1.4 - Tempos Modernos

    Com as descobertas de novos continentes, Portugal e Espanha deram inestimvel contribuio Geografia. O capitalismo mercantilista do Sculo XV, XVI e XVII, levou ambos esses povos ibricos s mais remotas regies do Globo. O descobrimento do Novo Mundo marcou, de forma definitiva, o fim de uma era de obscurantismo. Finalmente, o homem redescobria uma verdade elementar dita no Sculo VIII a.C. pelo profeta Isaas: a Terra esfrica. Galileu, enfim, tinha razo.

    A partir dos feitos de Colombo. Vasco da (lama e Cabral, comearam a ser produzidas, com mais regularidade, obras geogrficas especializadas. 0 jovem alemo Varenius. notvel pela sua genialidade, escreveu dois tratados: Geografia generalis e Geografia specialis. O segundo trabalho, alis, no pde ser completado, por causa da morte prematura do autor.

    Kant empreendeu vrios estudos geogrficos, objetivando conhecer empiricamente o mundo.

    III - A ESTRUTURAO CIETFICA DA GEOGRAFIA

    Deve-se a dois sbios alemes, a estruturao da Geografia como cincia. Ambos viveram na mesma poca. durante algumas dcadas, em Berlim. Alexander von Humboldt (1769-1859) e Carl Kitter (1779-1859) influenciados por Varenius e Kant, traaram novos mtodos e rumos para a Geografia.

    Eles no objetivavam contrariar os postulados de seus antecessores. Aps seus estudos, porm, tornou-se possvel, por exemplo, fazer a correlao dos fenmenos caractersticos de uma regio. A Geografia deixou de ser um mero acervo de dissertaes e descries disposio de militares e administradores, para tornar-se uma cincia madura e dinmica. Hoje, alis, lanamos mo de seus mtodos, inclusive, para confirmarmos a veracidade e a exatido das informaes bblicas.

    IV - A GEOGRAFIA BBLICA E A SUA IMPORTCIA

    Farte da Geografia Geral, a Geografia Bblica tem por objetivo o conhecimento das diferentes reas da Terra relacionadas com as Sagradas Escrituras. Descrevendo e delimitando os relatos sagrados, d-lhes mais consistncia e autenticidade e auxilia-nos na interpretao e compreenso dos fatos bblicos.

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    A Geografia Bblica, definida por Mackee Adams como o "painel bblico em que o Reino de Deus teve o seu incio e onde experimentou seus triunfos". indispensvel a todos os estudiosos da Bblia.

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    Primeira Parte

    A cosmogonia hebraica

    Sumrio: Introduo. I - A matria original. II - A esfericidade da Terra. III - Heliocentrismo ou geocentrismo? IV - O Supremo Comandante do Universo.

    ITRODUO

    Apesar de no ser um livro cientfico, a Bblia no emite nenhum conceito errneo acerca da formao do Universo. Sua doutrina cosmognica tem sido corroborada por cientistas das mais diferentes especialidades.

    Podemos confiar sem reservas nas Sagradas Escrituras.

    Por causa das absurdas interpretaes do catolicismo romano, a Bblia sofreu impiedosas investidas de muitos "sbios segundo o mundo". Tacharam-na de retrgrada e aliengena. Iluministas e renascentistas, dando excessiva nfase razo, consideraram-na um livro anacrnico.

    O Livro dos livros, entretanto, continua atual, mostrando, em todas as pocas, sua contemporaneidade, seus conceitos, imbatveis, sua cosmogonia lgica e plausvel.

    I - A MATRIA ORIGIAL

    Existiu, realmente, o que os gregos denominaram de matria original? Caso tenha existido, como podemos identific-la? Como a Bblia se posiciona a respeito?

    Vejamos, em primeiro lugar, como os helenos encaravam a questo da matria original.

    Anaximandro, pertencente Escola Jnica, defende que o mundo teve origem a partir de uma substncia indefinida: o "apeiron" em grego, sem fim.

    Para Tales de Mileto, era a gua o elemento dos quais todos os demais so originrios. Ele foi levado a posicionar-se, dessa forma, explica Aristteles, depois de observar a presena da gua em todas as coisas.

    Anaxmenes de Mileto afirma ser o ar o princpio de tudo. At o fogo, argumenta, depende do ar. O que dizer da gua em estado gasoso? Tivssemos, entretanto, oportunidade de question-lo, perguntar-lhe-amos: "Qual a origem do ar?" Ser que ele poderia responder-nos? No basta asseverar ser este ou aquele elemento a matriz da ordem csmica. Interessa-nos saber, acima de tudo, como surgiu o Universo.

    Acreditava Herclito estar todas as coisas em constante devenir. Tudo corre, tudo flui, ensinava. Se o Cosmo transmuta-se sem parar, para onde caminhamos? Se a ordem fsica altera-se indefinidamente, em um futuro prximo seremos precipitados em um imensurvel abismo. A teoria heraclitiana em vo tenta explicar-nos o surgimento do mundo.

    Cria Empdocles serem quatro os elementos originais: ar, gua, terra e fogo. Mais tarde, essa tese seria esposada por Aristteles e, por mais de vinte sculos, foi tida como dogmtica. Plato no a aceitava: Diz ele: "Os quatro elementos parecem contar um mito, cada um o seu, como faramos s crianas".

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    21

    Anaxgoras declara o seu credo. O Universo formado por diminutas partculas. Para o pensador de Clazomena, elas podem estar em estado inanimado ou no. Aristteles denominou-as de hemeomerias. A semelhana dos outros sbios gregos deixou-nos na ignorncia.

    Leucipo, principal representante da Escola Atomstica, aperfeioada por Demcrito, apregoa serem todas as coisas, inclusive a alma, compostas por corpsculos, invisveis a olho nu. Esses corpsculos so conhecidos como tomos.

    Alguns pensadores gregos, todavia, aproximaram-se timidamente do criacionismo bblico.

    Pitgoras de Samos, em seu cego devotamento pela matemtica, aponta Deus como a Cirande Unidade e o Nmero Perfeito. Dele, aduz, nasceram os mundos e o homem.

    Fundador da Escola Eletica, Xenfanes mostra-se monotesta. No hesita em desprezar a mitologia helena, por crer que o Universo obra de Deus, do nico Deus.

    O que diz a Bblia acerca da matria original?

    O autor da Epstola aos Hebreus escreve: "Pela f entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visvel veio a existir das coisas que no aparecem" (Hb 11.23).

    Pela f, apenas pela f. Ousaria algum fazer semelhante afirmao? -nos impossvel, por causa de nossas limitaes, entender como Deus criou o Cosmo do nada. Os escritores sagrados descartam, radicalmente, a existncia de uma matria original. Para eles, todas as coisas foram criadas, simplesmente, pela palavra de Deus.

    No h explicao mais plausvel e convincente!

    No Arepago, Paulo mostra-se convicto ante os filsofos epicureus e esticos: "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe..." (At 17.24). Homem de f assevera aos exigentes helenos que, do nada, do no-ser, o Todo-poderoso fez os cus e a Terra.

    Os gregos, durante sculos, receberam de seus sbios as mais desencontradas e absurdas idias acerca do aparecimento do Universo. O apstolo, contudo, rejeita-as e expe-lhes as mais cristalinas verdades concernentes gnese do Universo.

    muito importante ao homem saber sua origem e a de seu habitat. Mostremos, pois, aos que jazem em trevas ser Deus o Criador do Universo. Mostremos, acima de tudo, ser Deus rico em misericrdia e que, no obstante seu imenso poder, est pronto a receber-nos por intermdio de Jesus!

    II - A ESFERICIDADE DA TERRA

    Alguns sbios egpcios acreditavam estar a Terra suspensa sobre cinco colunas. Outros admitiam haver sido o nosso mundo chocado de um descomunal ovo csmico. Os mais desvairados diziam estar a linda esfera azul librando-se no infinito com um magnfico par de asas.

    Moiss, embora fosse educado em toda a cincia do Egito, jamais transportou para seus escritos quaisquer resqucios da mitologia e da cosmogonia egpcias. Inspirado pelo Esprito Santo, revela-nos a verdadeira gnese dos cus e da Terra.

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    Os gregos, no obstante seu esprito inquiridor e apego ao saber, s descobririam as verdades reveladas aos santos do Antigo Testamento concernentes esfericidade e ao movimento da Terra, sculos mais tarde.

    Cognominado de o "pai da cincia", Tales de Mileto, que viveu um sculo aps Isaas, desconhecia a forma da Terra. Ele a imaginava com o formato de um pires.

    Anaxgoras, contemporneo de Tales, ensinava ter o nosso habitat forma cilndrica e que se mantinha centrado no espao, em virtude da presso atmosfrica.

    Insupervel em seus conhecimentos, Pitgoras, depois da Bblia, foi o primeiro a declarar ser a Terra uma esfera em constante movimento. Seus postulados s seriam ultrapassados por Coprnico, que nasceria quase dois milnios aps sua morte.

    Aproximando-se da moderna astronomia, Aristarco conclui, no Sculo III a.C, ser a Terra muito menor do que o Sol. Descobriu, tambm, estar o nosso planeta movendo-se em redor do astro-rei.

    A forma da Terra , realmente, esfrica?

    Responde-nos a Bblia, por intermdio do profeta Isaas: "Ele |Deus| o que est assentado sobre o globo da Terra, cujos moradores so para ele como gafanhotos: ele o que estende os cus como tenda para neles habitar..." (Is 40.22.) Essa verdade foi dita no Sculo VIII a.C e continua atual. No pode ser contestada!

    III - HELIOCETRISMO OU GEOCETRISMO?

    Ensinadas, principalmente por Ptolomeu, as teorias geocntricas eram a base do ensino astronmico medieval. Todos (com raras excees) criam ser a Terra o centro do Universo. Em torno dela, giravam os demais planetas e o prprio Sol. A Igreja Romana tinha o geocentrismo como dogma. Ai de quem ousasse pensar de outra maneira! So-freria todos os rigores do "Santo" Ofcio e da insana e bestial "Santa" Inquisio.

    Nicolau Coprnico (1473-1583), entretanto, instigado pelos ares renascentistas da cultura greco-romana, volta-se s idias de Pitgoras, Herclites do Ponto e Aristarco de Samos. Inconformado com as complicaes do geocentrismo, admite a hiptese heliocntrica, segundo a qual o Sol, e no a Terra, o centro do Universo.

    Formado em Medicina, Matemtica, Leis e Astronomia, afirma Coprnico, esse padre ilustre, em seu famoso tratado De Revolutiones Orbium: "No me envergonho de sustentar que tudo que est debaixo da Lua, inclusive a prpria Terra, descreve, com outros planetas, uma grande rbita em redor do Sol, que o centro do mundo ... E sus-tento que mais fcil admitir o que acabo de afirmar, do que deixar o esprito perturbado por uma quantidade quase infinita de crculos, coisa a que so forados aqueles que retm a Terra fixa no centro do mundo."

    A teoria do renomado polons, confirmada pela cincia, foi uma das principais causas da crise cientfico-religiosa iniciada no Sculo XVI. A Igreja Romana ops-se ferozmente ao posicionamento coperniano. A obra do in-signe cnego foi condenada pela Santa S e includa no Index. At mesmo o progressista Lutero, referindo-se ao grande astrnomo, teria afirmado: "O imbecil queria conturbar toda a cincia astronmica".

    Caberia a Galileu (1564-1633), todavia, o desferimen-to de um contundente golpe nesssa crena da teologia tradicional. Em sua obra intitulada Dialoghi sopra idue Massa-ni Sistemi dei Mondo Tolomaico e Coperniano, que se tornou clebre

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    23

    rapidamente, execra, com energia, os ultrapassados conceitos astronmicos existentes at Coprnico.

    Acusado de heresia pela fantica e reticente Igreja Romana, o grande fsico, j com 70 anos, foi obrigado a comparecer ante o Tribunal da Inquisio, em Roma. Para salvar sua vida, teve de ajoelhar-se ante seus inimigos, admitir seus "erros" e renegar suas descobertas.

    Galileu, no entanto, no cria em um conflito entre a cincia e a Bblia. Diz ele: "A Santa Escritura no pode jamais mentir, desde que, todavia, penetre-se seu verdadeiro sentido, o qual - no creio possvel neg-lo - est muitas vezes escondido e muito diferente do que parece indicar a simples significao das palavras".

    Em conseqncia das absurdas posies da "Santa" S quanto evoluo cientfica, conforme j dissemos, iluministas e renascentistas voltam-se contra a Bblia, considerando-a incompatvel com a razo e o bom-senso. A Palavra de Deus, contudo, inerrante, absolutamente inerrante. Nunca cometeu um disparate sequer.

    A Bblia, a propsito, jamais afirmou ser a Terra o centro do Universo. Os incrus, no obstante, apresentam o relato de -Josu como prova da falibilidade bblica. Esquecem-se, porm, de que o autor sagrado, ao registrar o fato, f-lo em linguagem comum, por desconhecer a nomenclatura cientifica. Era ele, afinal de contas, militar e no cientista.

    Levemos em conta, tambm, as circunstncias. O grande general hebreu encontrava-se em renhida batalha. Acossado pelos inimigos e tendo de agir depressa, no poderia perder tempo a escolher palavras, apenas para satisfazer os tolos que. sob quaisquer pretextos, tentam desprestigiar a Bblia.

    Consideremos que, ainda hoje, aps trs milnios da memorvel batalha de -Josu, mesmo os cientistas no conseguem desvencilharem-se da linguagem comum e, naturalmente, dizem: "O Sol est nascendo" ou "O Sol est se pondo". Apesar de no ser exato, esse corriqueiro modo de falar no errado por causa da aparncia.

    O grande astrnomo Kepler, ao fazer a apologia das palavras usadas para descrever o prodgio do sucessor de Moiss, afirmou: "Ns dizemos com o povo: os planetas param, voltam ... o Sol nasce e pe-se, sobe para o meio do cu, etc. Falamos com o povo e exprimimos o que parece passar-se diante dos nossos olhos, posto que nada de tudo. isso seja verdadeiro. Entretanto, todos os astrnomos esto nisso de acordo. Devemos tanto menos exigir da Escritura sobre este ponto, quanto certo que ela, se abandonasse a linguagem ordinria para tomar a da cincia e falar em termos obscuros, que no seriam compreendidos por aqueles a quem ela quer instruir, confundiria os fiis simples e no conseguiria o fim sublime a que se prope".

    Abrao de Almeida, em seu livro Deus, a Bblia e o Universo, reafirma a inerrncia das Sagradas Escrituras: "...a orao de Josu, segundo o sentido original, pode traduzir-se por 'Sol, cala-te', ou 'aquieta-te'. E os cientistas informam-nos que a luz vocal, ou seja, o Sol, ao enviar suas irradiaes sobre este mundo, provoca um som musical pelas rpidas vibraes das ondas do ter. Esta msica, contudo, no pode ser ouvida pelos nossos ouvidos. Admite-se, tambm, que a ao do Sol sobre a Terra a causa de sua evoluo em torno do seu prprio eixo. Assim, as palavras de Josu demonstrariam uma tremenda exatido cientfica, e a Terra teria diminudo a velocidade de seu movimento de rotao, em virtude de um temporrio enfraquecimento da ao do Sol sobre ela. O grande Newton demonstrou quo rapidamente a velocidade da Terra poderia ser diminuda sem choque aprecivel para seus habitantes".

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    IV - O SUPREMO COMADATE DO UIVERSO

    O Universo funciona com uma perfeio assustadora. Milnio aps milnio, astros e estrelas descrevem suas rbitas com absoluta exatido. Essa maravilha leva-nos a concluir: H um Deus no Cu, a comandar e a preservar o Cosmo.

    O grande fsico ingls, sir Isaac Newton, escreve: "Esse Ser governa todas as coisas, no como a alma do mundo, mas como o Senhor de tudo; e, por causa de seu domnio, costuma-se cham-lo de Senhor, Pantocrtor, ou Soberano Universal, pois Deus uma palavra relativa e tem uma referncia a servidores; e Deidade o domnio de Deus, no sobre seu prprio corpo, como imaginam aqueles que supem que Deus a alma do mundo, mas sobre os serventes."

    Os gregos, entretanto, acreditavam estar a soberania do Universo dividida entre vrios deuses, sendo Zeus o principal deles. Como estavam errados! O apstolo Paulo, todavia, ao visitar Atenas, afirmou-lhes: "...sendo [Deus| Senhor do cu e da terra ..." (At 17.24b). Em outras palavras, disse-lhes o grande campeo do Evangelho: "H um s Deus que sobre todos domina, porque tudo dele provm".

    Joo Calvino compreendeu perfeitamente o universal senhorio de Deus: "...que no solamente habiendo creado una vez el mundo, lo sustenta con su inmensa potncia, lo rige con su sabiduria, lo conserva con su bondad, y sobre todo cuida de regir el gnero humano com justicia y equidad, lo suporta con misericrdia, lo defiende com su amparo..."

    Quanto a ns, falveis seres humanos, devemos nos dirigir a Deus: "...teu o reino, o poder e a glria, para sempre. Amm."

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    Segunda Parte

    Os Imprios humanos e a supremacia divina

    Desde a fundao do mundo, os imprios continuam a ascender e a cair. A supremacia divina, porm, continua indelvel, imarcescivel. Frova-nos isso estar Deus no supremo comando da Histria. De acordo com a sua soberana vontade, vo os filhos dos homens escrevendo suas crnicas.

    Depois de exaltar-se e desafiar os cus, confessa Nabucodonozor, poderoso rei de Babilnia: "Agora, pois, eu, Nabucodonozor, louvo, e exalo e glorifico ao rei do cu; porque todas as suas obras so verdades; e os seus caminhos juzo, e pode humilhar aos que andam na soberba" (Dn 4.37).

    Veremos, a seguir, como os grandes imprios da antigidade e mencionados na Bblia ascenderam e caram. Tanto em sua ascenso, como em sua queda, no nos ser difcil vislumbrar a potente mo de Deus. Rapidamente, portanto, acompanharemos o nascimento, o apogeu e a queda destes imprios: Egito, Assria, Babilnia, Prsia, Grcia e Roma.

    Logo aps, na terceira parte desta obra, comearemos a caminhar sobre a Terra Santa, onde se desenrolou a maravilhosa histria da salvao.

    Imprio Egpcio

    Sumrio: Introduo. I - Histria do Egito. II -Geografia do Egito. III - A grandeza do Egito. IV - O Egito e os filhos de Israel.

    ITRODUO

    O Egito representa uma das mais antigas civilizaes humanas. Sua histria quase to antiga como o prprio homem. Julgam alguns historiadores, por isso, ter sido o Vale do Nilo o bero da humanidade. Mas, por intermdio das Sagradas Escrituras, sabemos ser a Mesopotamia o primeiro lar de nossos mais remotos ancestrais.

    Napoleo Bonaparte, em sua campanha pelo Oriente Mdio, ficou extasiado com a antigidade da civilizao egpcia. Ao contemplar as colossais pirmides, exclamou aos seus homens: "Soldados, do alto dessas pirmides, quarenta sculos vos contemplam". A grandiosidade do Egito exerce um grande atrativo sobre o nosso esprito. Como no admirar as monumentais conquistas dos forja-dores da civilizao egpcia?

    A presena do Egito nas Escrituras Sagradas muito forte. Por esse motivo, precisamos conhecer melhor a histria e a geografia desse lendrio e misterioso pas. Tendo em vista o exguo espao de que dispomos, no poderemos tratar, com profundidade, da cultura egpcia. Cabe ao leitor, entretanto, aprofundar-se no assunto e buscar novas informaes em uma bibliografia adequada. Basta-nos. por enquanto, alguns dados gerais sobre o outrora portentoso imprio do Nilo.

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    I - HISTRIA DO EGITO

    No podemos datar, com preciso, quando chegaram os primeiros colonizadores aos territrios egpcios. Quanto mais recuamos no tempo, mais a cronologia torna-se imprecisa. Sabemos, contudo, que os primeiros habitantes dessa regio foram nmades. Aps uma vida de rduas e incmodas peregrinaes, eles comearam a organizar-se em pequenos Estados. Essas diminutas e inexpressivas unidades polticas conhecidas como nomos, foram agrupando-se com o passar dos sculos, at formarem dois grandes reinos: o Alto Egito, no Sul; e, o Baixo Egito, no Norte. Ambos estavam localizados, respectivamente, no Vale do Nilo e no Delta do mesmo rio.

    Entre ambas as regies havia um forte contraste. Seus deuses eram diferentes, como diferentes eram, tambm, seus dialetos e costumes. At mesmo a filosofia de vida desses povos eram marcadas por visveis antagonismos. Declara o egiptlogo Wilson: "Em todo o curso da histria, essas duas regies se diferenciaram e tiveram conscincia da sua diferenciao. Quer nos tempos antigos, como nos modernos, as duas regies falam dialetos muito diferentes e vem a vida com perspectivas tambm diferentes."

    Sobre essa poca, escreve Idel Becker: "Neste perodo pr-dinstico, o desenvolvimento da cultura egpcia foi, quase totalmente, autctone e interno. Houve apenas, alguns elementos de evidente influncia mesopotmica: o selo cilndrico, a arquitetura monumental, certos motivos artsticos e, talvez, a prpria idia da escrita. H, nessa poca, progressos bsicos nas artes, ofcios e cincias. Trabalhou-se a pedra, o cobre e o ouro (instrumentos, armas, ornamentos, jias). Havia olarias; vidragem; sistemas de irrigao. Foi-se formando o Direito, baseado nos usos e costumes tradicionais - leis consuetudinrias."

    1 - A unificao do Egito

    Em conseqncia de suas muitas diferenas, o Alto e o Baixo Egito travaram violentas e desgastantes guerras por um longo perodo. Essas constantes escaramuas enfraqueciam ambos os reinos, tornando-os vulnerveis a ataques externos. Consciente da inutilidade desses conflitos, Mens, rei do Alto Egito, conquista o Baixo Egito. Depois de algumas reformas administrativas, esse monarca (para alguns historiadores, uma figura lendria) unificou o pas, estabeleceu a primeira dinastia e tornou Tnis, a capital de seu vasto imprio.

    A unificao do Egito ocorreu, de acordo com clculos aproximados, entre 3.000 a 2.780 a.C. Nesta mesma poca, os egpcios comearam a fazer uso da escrita e de um calendrio de 365 dias.

    Unificados, o Alto e Baixo Egito transformaram-se no mais florescente e poderoso imprio da antiguidade. Os reis iniciaram a construo das grandes pirmides, que lhes serviu de tumba. Por causa desses arroubos arquitetnicos, receberam o apelido de "casa grande" - fara. Ento, a cultura egpcia alcanou propores considerveis.

    No final do Antigo Imprio, que abrange o perodo de 2.780 a 2.400 a.C, o poder dos faras comeou a declinar. O fim dessa era de glrias marcado por revoltas e desordens, ocasionadas pelos governadores dos nomos.

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    Uma febre de independncia alastra-se por todo o pas. Cresce, cada vez mais, o poder da nobreza; a influncia da realeza decai continuamente. Aproveitando-se desse caos generalizado, diversas tribos negrides e asiticas invadem o pas.

    Graas, entretanto, a interveno dos faras tebanos, o Egito consegue reorganizar-se, pelo menos at a agresso hicsa.

    2 - A invaso dos hicsos

    No obstante a segurana trazida pelos prncipes de Tebas (11* dinastia) e pelas conquistas poltico-sociais do povo, o Egito comea a sofrer incurses de um bando aguerrido de pastores asiticos. Nem mesmo o prestgio internacional dos faras seria suficiente para tornar defensveis as fronteiras egpcias.

    Esses invasores, que dominariam o Egito por 200 anos, aproximadamente, so conhecidos como hicsos. Eles iniciam sua dominao em 1.785 e so expulsos por volta de 1580 a.C.

    Idel Becker, com muito critrio, fala-nos acerca desse conturbado perodo: "Esta a poca mais confusa e discutida da histria do antigo Egito: um perodo de invases e de caos interno. Os hicsos - conglomerado de povos semitas e arianos, invadiram o Egito (atravs do istmo que o ligava pennsula do Sinai), venceram os exrcitos de fara e dominaram grande parte do pas. Possuam cavalos e carros de guerra (com rodas); e armas de bronze (ou talvez, mesmo, de ferro), mais bem acabadas e mais fceis de manejar do que as dos egpcios. Tudo isso explica a sua superioridade blica e os seus triunfos militares. Os hicsos talvez estivessem fugindo da presso dos invasores indo-europeus (hititas, cassitas e mitanianos), sobre o Crescente Frtil."

    Com os hicsos, acrescenta Becker, devem ter entrado no Egito os hebreus.

    3 - &ovo Imprio

    Com a expulso dos hicsos, renasce o Imprio Egpcio com grande pujana. Com Ames I, os faras tornaram-se imperialistas e belicosos. Tutms III, por exemplo, conquistou a Sria e obrigou os fencios, cananitas e assrios a pagarem-lhe tributo.

    A expanso egpcia, entretanto, esbarrou nos interesses dos poderosos hititas, senhores absolutos da sia Menor. Na ocasio, o clebre fara, Ramss II fez ingentes esforos para venc-los. Como no conseguiu o seu intento, assinou com o reino hitita um tratado de paz, que vigorou por muitos anos. 32

    Foi durante o Novo Imprio (1580-1200 a.C), que os israelitas comearam a ser escravizados pelos faras. 4 - Decadncia

    Aps o Novo Imprio, o Egito comeou a sofrer sucessivas intervenes: lbia, etope, indo-europia, assria, persa, grega e romana. Em linhas gerais, essa nao, cujo passado foi to glorioso, pertenceu ao Imprio Romano, durante 400 anos; ao Imprio Bizantino, durante 300 anos. No Sculo VII d.C, fica sob a tutela dos muulmanos. A partir de 1400, torna-se possesso turca. No Sculo XIX, fica sob a custdia franco-inglesa. No incio deste Sculo, torna-se protetorado ingls.

    Em 1922, todavia, conquista sua independncia. Hoje, porm, no passa de um apagado reflexo de sua primeira glria.

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    II - GEOGRAFIA DO EGITO

    Netta Kemp de Money descreve o antigo Egito: "O Egito da antigidade se assemelhava em sua forma a uma flor de ltus (planta importante na literatura e na arte egpcia), no extremo de um talo sinuoso que tem esquerda e um pouco abaixo da prpria flor, um boto de flor. A flor composta pelo Delta do Nilo, o talo sinuoso a terra frtil que se estende ao longo do dito rio, e o boto o lago de Faium que recebe o excedente das inundaes anuais do Nilo".

    O Egito atual tem o formato de um quadrado. Localizado no Nordeste da frica, limita-se ao norte, com o mar Mediterrneo; a leste, com Israel (e, tambm, com o mar Vermelho); ao sul, com o Sudo; a oeste, com a Lbia. De sua rea, de quase um milho de quilmetros quadrados, 96 por cento so compostos de terras ridas. Sua populao, de 45 milhes de habitantes, obrigada a viver com os 4 por cento de terras cultivveis.

    Localizava-se o Alto Egito no Sul do atual territrio egpcio. Essa regio, chamada de Patros pelos hebreus (Jr 44.1,15), constituda por um estreito vale ladeado por penedos de formao calcria. O Baixo Egito, por seu turno, localizava-se no Norte e sua rea mais frtil encontra-se no Delta.

    O Egito, no entanto, no existiria sem o Nilo. Esse rio o mais extenso do mundo, com um percurso de 6.400 km com suas vazantes, fertiliza vastas extenses de terra, tornando possvel fartas semeaduras. Herdoto, com muita razo, disse ser o Egito um presente do Nilo.

    Em seu livro Geografia das Terras Bblicas, afirma o pastor Enas Tognini:

    Sem o Nilo, o Egito seria um Saara - terrvel e inabitado. O Nilo proporcionou riquezas aos faras que puderam viver nababescamente, construindo templos suntuosos, monumentos grandiosos, palcios de alto luxo, pirmides gigantescas e a manuteno de exrcitos bem armados que, no somente protegiam o Egito, mas tomavam, nas guerras novas regies. Os egpcios no tinham necessidade de observar se as nuvens trariam chuvas ou no. O Nilo lhes garantia a irrigao e as suas guas lhes davam colheitas fartas e certas. fato que uma seca poderia trazer pobreza terra, como aconteceu no tempo de Jos. Se a cheia fosse alm dos limites, as guas poderiam arrasar cidades, deixando o povo desabrigado e prejudicariam as safras. Mas, tanto secas como enchentes eram raras. O Nilo era ento, como hoje, a vida do Egito e o principal fator de suas mltiplas organizaes, simples algumas e sofisticadas e complexas outras.

    III - A GRADEZA DO EGITO

    Os egpcios deixaram um marco de indelvel grandeza na Histria. Desde as pirmides s conquistas cientficas e tecnolgicas, foram magistrais. Haja vista, por exemplo, os arquitetos modernos que continuam a contemplar, com grande admirao, os monumentos piramidais construdos pelos faras.

    Desta forma Halley descreve a Grande Pirmide de Queops: "O mais grandioso monumento dos sculos. Ocupava 526,5 acres, 253 metros quadrados (hoje 137), 159 m de altura (hoje. 148). Calcula-se que se empregaram nela 2.300.000 pedras de 1 metro de espessura mdia, e peso mdio de 2,5 toneladas. Construda de camadas sucessivas de blocos de pedra calcria toscamente lavrada, a camada exterior alisada, de blocos de granito delicadamente esculpidos e ajustados. Estes blocos exteriores foram removidos e empregados no Cairo. No meio do lado norte h uma passagem, 1 m de largura por 130 de altura, que leva a uma cmara cavada em rocha slida, 33 m abaixo do nvel do

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    solo, e exatamente 180m abaixo do vrtice; h duas outras cmaras entre esta e o vrtice, com pinturas e esculturas descritivas das proezas do rei".

    Os antigos egpcios destacaram-se, ainda, na matemtica e na astronomia. H mais de quatro mil anos, quando a Europa revolvia-se em sua primitividade, os sbios dos faras j lidavam com frmulas para calcular as reas do tringulo e do crculo e, tambm, do volume das esferas e dos cilindros.

    Souto Maior fala-nos, com mais detalhes, acerca do avano cientfico dos antigos egpcios: "Apesar de no conhecerem o zero, j resolviam nessa poca equaes algbricas. Os seus conhecimentos astronmicos permitiram-lhes a organizao de um calendrio baseado nos movimentos do Sol. A diviso do ano em doze meses de trinta dias de origem egpcia; os romanos adotaram-na e ainda hoje conservada com pequenas modificaes. A medicina egpcia tambm era surpreendentemente adiantada. Chegaram a fazer pequenas operaes e a tratar com habilidade as fraturas sseas. Pressentiram a importncia do corao e, na observao das propriedades teraputicas de certas drogas, adquiriram alguns conhecimentos de farmaco-dinmica".

    IV - O EGITO E OS FILHOS DE ISRAEL

    O relacionamento de Israel com o Egito remonta Era Patriarcal. Premidos pela fome e outras agruras, Abrao e Isaque desceram terra dos faras, onde sofreram srios constrangimentos. O primeiro e maior patriarca hebreu, por exemplo, esteve prestes a perder a esposa, cuja beleza embeveceu o rei daquela nao. No fosse a interveno divina. Sara no seria contada entre as ilustres mes do povo israelita.

    Em sua velhice, Abrao recebe esta sombria revelao do Senhor: "Saibas, de certo, que peregrina ser a tua semente em terra que no sua, e servi-los-o; e afligi-los-o quatrocentos anos; mas tambm eu julgarei a gente, a qual serviro, e depois sairo com grande fazenda. E tu irs a teus pais em paz; em boa velhice sers sepultado. K a quarta gerao tornar para c; porque a medida da injustia dos amorreus no est ainda cheia" (Gn 15.13-16).

    1 - Jos, primeiro-ministro do Egito

    Estvo, sbio dicono da igreja primitiva, conta-nos como Jos chegou a primeiro-ministro do Fara: "E os patriarcas, movidos de inveja, venderam a Jos para o Egito, mas Deus era com ele. E livrou-o de todas as suas tributaes, e lhe deu graa e sabedoria ante Fara, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa. Sobreveio ento a todo o pas do Egito e de Cana fome e grande tributao; e nossos pais no achavam alimentos. Mas, tendo ouvido Jac que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez. E, na segunda vez foi Jos conhecido por seus irmos, e a sua linhagem foi manifesta a Fara. E Jos mandou chamar a seu pai Jac e a toda sua parentela, que era de setenta e cinco almas" (At 7.9-14).

    No obstante sua humilde condio de escravo, Jos tornou-se primeiro-ministro do Fara. E, por seu intermdio, Deus salvou toda a descendncia de Israel. No fosse o providencial ministrio exercido por esse intrpido hebreu, a prognie abramica ver-se-ia em grandes dificuldades. Sua histria uma das obras-primas da humanidade.

    Jos chegou ao Egito no Sculo XX a.C. Nesse tempo, segundo os historiadores, os hicsos dominavam o pas. Sendo, tambm, semitas, os novos senhores da terra no

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    tiveram dificuldades em demonstrar sua magnanimidade aos hebreus. Mostrando-se liberais e generosos, ofereceram aos israelitas a regio de Gsen, onde a linhagem abramica desenvolveu-se sobremaneira.

    2 - Moiss

    Continua Estvo a contar a histria dos israelitas no Egito:

    Aproximando-se, porm, o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abrao, o povo cresceu e se multiplicou no Egito; at que se levantou outro rei, que no conhecia a Jos. Esse, usando de astcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer enjeitar as suas crianas, para que no se multiplicassem. Nesse tempo, nasceu Moiss, e era mui formoso, e foi criado trs meses em casa de seu pai. E, sendo enjeitado, tomou-o a filha de Fara, e o criou como seu filho. E Moiss foi instrudo em toda a cincia dos egpcios; e era poderoso em suas palavras e obras.

    "E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao corao ir visitar seus irmos, os filhos de Israel. E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egpcio. E ele cuidava que seus irmos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mo; mas eles no entenderam. E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis lev-los paz, dizendo: Vares, sois irmos; por que vos agravais um ao outro? E o que ofendia o seu prximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu prncipe e juiz sobre ns? Queres tu matar-me, como ontem mataste o egpcio?

    "E a esta palavra fugiu Moiss, e esteve como estrangeiro na terra de Midi, onde gerou dois filhos. E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor, no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo de um saral. Ento Moiss, quando viu isto, maravilhou-se da viso; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor: "Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abrao, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jac. E Moiss, todo trmulo, no ousava olhar. E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus ps, porque o lugar em que ests terra santa: Tenho visto atentamente a aflio do meu povo que est no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livr-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito.

    "A este Moiss, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu prncipe e juiz? a este enviou Deus como prncipe e libertador, pela mo do anjo que lhe aparecera no saral. Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodgios e sinais na terra do Egito, e no mar Vermelho, e no deserto, por quarenta anos. Este aquele Moiss que disse aos filhos de Israel: Senhor vosso Deus vos levantar dentre vossos irmos um profeta como eu; a ele ouvireis" (At 7.17-37).

    Israel deixou o Egito no Sculo XV a.C. Depois do xodo, israelitas e egpcios voltariam a se enfrentar no tempo dos reis e no chamado perodo inter-bblico. Recente-mente, com a independncia do moderno Estado de Israel, as foras judaicas defrontaram-se com as egpcias diversas vezes. O antagonismo entre ambos os povos milenar. Entretanto, o futuro dessas naes ser de paz e glria: "Naquele dia haver estrada do Egito at a Assria, e os assrios viro ao Egito, e os egpcios iro Assria: e os egpcios adoraro com os assrios ao Senhor. Naquele dia Israel ser o terceiro com os egpcios e os assrios, uma bno no meio da terra. Porque o Senhor dos Exrcitos os abenoar, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assria, obra de minhas mos, e Israel, minha herana" (Is 19.23-25).

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    Assria

    Sumrio: Introduo. I - A geografia assria. II -A histria assria. III - As relaes entre a Assria e Israel.

    ITRODUO

    Os assrios jactavam-se de descender de Assur, filho de Sem e neto de No (Gn 10.11). Esse ilustre patriarca deixou a plancie de Sinear para estabelecer-se em uma ci-dade localizada na orla oriental do Tigre, que passou a levar seu nome.

    Durante muito tempo, os descendentes desse renomado semita tiveram uma tranqila existncia. Abstinham-se de conlitos abrangentes.

    I - A GEOGRAFIA ASSRIA

    O territrio assrio, no princpio, era inexpressivo. Perdia-se entre as grandes possesses dos pases circundantes. Com o passar dos sculos, foi se estendendo e abarcando muitas naes vizinhas, transformando-se em um grande imprio. As fronteiras assrias, porm, nunca foram definidas. Variavam de conformidade com as vitrias ou derrotas dos soberanos de Assur.

    No pice de sua glria, a Assria ocupava uma rea que ia do Norte da atual Bagd at as imediaes dos lagos Van e Urmia. Na linha leste-oeste, ia dos montes Zagros at o vale do rio Habur. Tendo em vista a sua privilegiada posio geogrfica, era alvo de constantes invases dos nmades e nativos do Norte e do Nordeste.

    II - A HISTRIA ASSRIA

    Durante muitos sculos, Nnive manteve-se inexpressiva no cenrio assrio. Em 2.350 a.C, contudo, Sargo transformou-a na capital dos filhos de Assur. A partir de ento, a cidade tornou-se participante das glrias e derrotas da Assria.

    Nnive a prpria histria do Imprio Assrio.

    No Sculo XII a.C, os assrios comeam a demonstrar suas intenes hegemnicas. Sob a poderosa influncia do rei Tiglete-Pileser, encetam vrias campanhas militares, visando expanso de seu territrio. Nessa poca, subjugaram facilmente os sidnios.

    Os assrios, entretanto, no possuam guarnies suficientes para manter suas conquistas. Enquanto marchavam em direo ao Ocidente, os vassalos orientais rebela-vam-se. A Assria, em conseqncia desses insucessos militares, sofre clamorosas perdas territoriais.

    O enfraquecimento do imprio assrio favoreceu a consolidao do reino davdico.

    Duzentos anos mais tarde, a Assria fez novas tentativas para dominar o mundo. Salmaneser II, primeiro soberano assrio a ser mencionado nas crnicas hebraicas, der-

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    rotou, na batalha de ('arcar, na Sria, uma coligao militar formada por srios, fencios e israelitas.

    Passados doze anos, ele volta a enfrentar a aliana palestnica. E, semelhana da primeira vez, vence-a. Rumores do Oriente, entretanto, fazem-no voltar Assria. Frustrado, abandona suas conquistas.

    No Sculo VIII a.C, a Assria comea a estabelecer-se, de fato, no Ocidente.

    Tiglete-Peliser II estende as fronteiras de seu imprio at Israel. Mostrando quo ilimitada era a sua autoridade, obriga o rei israelita, Manan, a pagar-lhe tributos.

    Mais tarde, ajuda Acaz, rei de Jud, a livrar-se das investidas do reino de Israel. Oportunista, toma dez cidades israelitas e translada sua populao Assria. Como se isso no bastasse, desaloja as tribos de Rubem, Gade e Manasses das possesses que elas receberam de Josu, sucessor de Moiss.

    A Assria teve o seu apogeu entre 705 a 626 a.C. Perodo que abrange os reinados de Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal. Esse clmax de prosperidade e brilho demasiado efmero. Alis, o poder humano, por mais invencvel que se mostre, no passa de vaidade, de tolas vaidades.

    O imprio assrio desmorona-se!

    Em 616 a.C, Nabopolassar, governador de Babilnia, subleva-se e declara a independncia dos territrios sob sua jurisdio. Decidido a arrasar com o j minado poderio assrio, alia-se ao rei medo Ciaxares. Este, em 614 a.C, conquista e destri totalmente Nnive, para onde Jonas fora enviado a proclamar os juzos do Eterno contra os reticentes filhos de Assur.

    Com a queda de Nnive, desaparece a glria da Assria.

    III - AS RELAES ETRE A ASSRIA E ISRAEL

    Visando atingir a hegemonia absoluta do Mdio Oriente, a Assria desencadeou vrias crises com seus vizinhos ocidentais: srios, fencios e hebreus. Esses povos se-paravam Assur de seu terrvel e ambicioso rival - o Egito.

    Enquanto Nnive no se impe no Ocidente, Davi solidifica seus domnios, alargados e engrandecidos por Salomo.

    Os filhos de Abrao estavam protegidos do imperialismo assrio por seus vizinhos setentrionais, cujos territrios formavam uma rea defensvel s suas possesses. Com a queda da Sria e da Fencia, porm, os reinos de Israel e Jud tornaram-se mais vulnerveis, no bastassem o sectarismo e a rivalidade entre ambos.

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    Em 723 a.C. a Assria destri Israel e deporta as dez tribos que o compunham. Desaparece o Reino do Norte, fundado por Jeroboo, depois de uma atribulada existn-cia de dois sculos.

    Roteiro da deportao das 12 tribos Assria

    Deportar para outras terras os povos subjugados e arrefecer-lhes o ardor nacionalista. Esta era a poltica assria; visava do extermnio moral das naes conquistadas. Povo cruel, os assrios esfolavam vivos seus prisioneiros: cortavam-lhes

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    as mos, os ps, o nariz e as orelhas; vazavam-lhes os olhos; arrancavam-lhes as lnguas. Funreos artistas, faziam montes de crnios humanos.

    As hordas assrias tentaram apoderar-se, tambm, de Jud. Foram os assrios obrigados a se concentrarem nos levantes da ('aldeia, onde exalariam seu ltimo suspiro como imprio.

    Babilnia

    Sumrio: Introduo. I - Histria de Babilnia. II - Geografia de Babilnia. III - A grandeza de Babilnia. IV - Babilnia e o povo de Jud. V - O fim de Babi-lnia.

    ITRODUO

    Babilnia, nas Sagradas Escrituras, sinnimo de poder e glria. A histria desse imprio, simbolizado pelo ouro, antiqussima. Trata-se de uma das primeiras civilizaes da Terra. As crnicas babilnicas esto intimamente associadas com as da Mesopotmia - bero da raa humana.

    Como no associar, tambm, a histria babilnica hebraica? Sculos de convvio, nem sempre belicosos, ligam ambos os povos. Babilnios e hebreus, segundo alguns estudiosos, so oriundos de uma mesma famlia semita. O patriarca Abrao, a propsito, originrio de Ur dos Caldeus.

    Conhecer Babilnia , acima de tudo, vislumbrar as funestas conseqncias da soberba humana.

    I - HISTRIA DE BABILIA

    Como j dissemos, Babilnia uma cidade antiqussima. A data de sua fundao incerta. No entanto, sua conexo com Acad e Calnesh (Gn 10.10), leva-nos a supor te-nha sido ela estabelecida por volta de 3.000 a.C! A histria da mais importante metrpole do Frtil Crescente no passa de uma longa srie de sangrentas lutas. Ambiciosos soberanos encetaram as mais renhidas guerras para expandirem Babilnia e preservarem seu territrio.

    Babilnia foi sitiada vezes sem conta. difcil calcular, tambm, quantas vezes seus muros e templos foram arrasados. vidos inimigos despojavam-na, com freqn-cia, de seus fabulosos tesouros. Seus orgulhosos habitantes sofreram os mais inumanos ataques. Essa opulentssima cidade, todavia, levantava-se com mais brilho e pujana at tornar-se, no tempo de Nabucodonozor, em uma das maravilhas do mundo.

    Durante sculos, Babilnia permaneceu sob a tutela assria. O governador da Caldia, Nabopolassar, levanta-se, porm, contra a hegemonia de Nnive. Auxiliado

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    pelos medos, sacode de si o jugo assrio. Em 622 a.C, ele proclamado rei, em Babilnia. Tem incio, dessa forma, uma nova dinastia na Mesopotmia. O intrpido monarca combate, sem trguas, o exrcito assrio. Com a tomada de Nnive, consolida, definitivamente, a sua soberania nessa regio.

    O novo imprio, entretanto, teria de se defrontar com a ambio egpcia. Neco, rei do Egito, aproveitando-se dos insucessos da Assria, enceta uma grande campanha contra o poder emergente de Babilnia. Chega a apoderar-se, inclusive, da metade do Frtil Crescente. Seu triunfo, porm, no duradouro.

    Nabucodonozor dirige-se contra o fara e o vence em Carquemis, no ano 606 a.C. (Quando celebrava a vitria, o prncipe herdeiro de Babilnia recebe a triste notcia da morte de seu pai. Regressa, ento, imediatamente capital do novel imprio onde, no ano seguinte, coroado rei.

    Empreendedor, d incio a gigantescas construes que fariam de seu reino, em tempo recorde, uma das maiores maravilhas do mundo.

    II - GEOGRAFIA DE BABILIA

    Babilnia abrange os territrios da Mesopotmia que vai de Hit e Samaria, no Norte de Bagd, at o Golfo Prsico. As possesses babilnicas ocupavam, por conseguinte, os antigos territrios de Sumer e Acad.

    Babilnia foi plantada em uma frtil regio, onde as chuvas eram constantes, possibilitando o surgimento, no local, de grandes civilizaes, desde os primrdios da humanidade. Foi justamente nessa abenoadssima rea que floresceu o imprio de Nabucodonozor. At os dias de hoje, Babilnia lembra opulncia e prosperidade.

    Essa notria cidade vem despertando crescente interesse de judiciosos pesquisadores. Em 1956 e 1957, arquelogos norte-americanos constataram a existncia de uma vasta rede de canais entre Bagd e Nippur. Esse sistema de irrigao, super-avanado na poca, fez de Babilnia uma potncia agrcola.Enquanto outros povos passavam ingentes necessidades, os babilnios desfrutavam de fartura. A escassez de alimentos era algo ignorado pelos cal-deus.

    Nessa regio, as pedras eram bastante raras. Em co