ArqueologiaMedieval 6-1

292
3. Palavras prévias Santiago Macías 5. Montinho das Laranjeiras (Alcoutim). Escavações de 1955 M. Justino Maciel 11. Sobre o epitáfio de Juliano, Bispo (Cacela, 987 d.C.) Maria Manuela Alves Dias 19. Cerro Salomón e la mineria hispanomusulmana en Garg-Al-Andalus Juan Aurelio Pérez Macías 39. Uma fortificação islâmica do termo de Silves: o Castelo Belinho Luís Filipe Oliveira 47. Osma, una aldea de Niebla en el camino de la raya J. Aurelio Pérez Macías / Miguel López Domínguez / J. Manuel Beltrán Pizón 59. A alcáçova da cidade da Guarda — proposta de reconstituição Lídia Fernandes / Emanuel Carvalho / Teresa Julião 73. Poder e poderes nas comunas muçulmanas Maria Filomena Lopes de Barros 79. Uma taça islâmica com decoração antropomórfica proveniente do Castelo de Palmela Isabel Cristina Ferreira Fernandes 101. Estudio de las producciones postcalifales del alfar de la Casa de Los Tiros (Granada). Siglos XI-XII Ángel Rodríguez Aguilera 123. Estudo do armamento islâmico procedente da escavação na encosta do castelo e na alcáçova de Mértola Lígia Rafael 133. Restos de tesouro de moedas islâmicas nas imediações de Azóia (Sesimbra) Miguel Telles Antunes 139. Intervención arqueológica en el Cuartel del Carmen. Sevilla (1990-1994) Rosario Huarte Cambra / Pilar Lafuente Ibañez / Pilar somé Muñoz 183. Notícia sobre as peças pedradas do galeão «San Diego» (1600) Olinda Sardinha 193. Tipologia e cronologia de cerâmicas dos séculos XVI, XVII e XIX encontradas em Cascais Guilherme Cardoso / Severino Rodrigues 213. Azenhas e moinhos no Algarve. Segunda metade do século XIII e século XIV Teresa Rebelo da Silva 227. Sobre o pão medieval minhoto: o testemunho das Inquirições de 1258 Iria Gonçalves 247. Fuentes olvidadas para la historia de la alimentación: crónicas, libros de viaje y biografías Teresa de Castro Martinez 257. Documentos para a história da mina de S. Domingos — o relatório do geólogo Carlos Ribeiro Jorge Custódio 269. La casa rurale nel territorio di Mértola Ilaria Agostini / Daniele Vannetiello 279. La colección antropológica del Campo Arqueológico de Mértola (s. II-XVI) Alicia Candón Morales Director: Cláudio Torres Coordenador: Santiago Macías Conselho Científico: António Borges Coelho, Cláudio Torres, José Luís de Matos, José Mattoso, Manuel Luís Real Conselho de Redacção: Abdallah Khawli, Artur Goulart, Carlos Manuel Pedro, Fernando Branco Correia, João Carlos Garcia, Joaquim Manuel Boiça, José Carlos Oliveira, Manuel Passinhas da Palma, Maria de Fátima Barros, Miguel Rego, Rui Mateus, Virgílio Lopes Apoios: Câmara Municipal de Mértola, JNICT, Associação de Defesa do Património de Mértola, Comissão de Coordenação da Região Alentejo

Transcript of ArqueologiaMedieval 6-1

  • 13. Palavras prvias Santiago Macas

    5. Montinho das Laranjeiras (Alcoutim). Escavaes de 1955 M. Justino Maciel11. Sobre o epitfio de Juliano, Bispo (Cacela, 987 d.C.) Maria Manuela Alves Dias

    19. Cerro Salomn e la mineria hispanomusulmana en Garg-Al-Andalus Juan Aurelio Prez Macas

    39. Uma fortificao islmica do termo de Silves: o Castelo Belinho Lus Filipe Oliveira47. Osma, una aldea de Niebla en el camino de la raya J. Aurelio Prez Macas / Miguel Lpez Domnguez / J. Manuel Beltrn Pizn

    59. A alcova da cidade da Guarda proposta de reconstituio Ldia Fernandes / Emanuel Carvalho / Teresa Julio

    73. Poder e poderes nas comunas muulmanas Maria Filomena Lopes de Barros79. Uma taa islmica com decorao antropomrfica proveniente do Castelo de Palmela Isabel Cristina Ferreira Fernandes

    101. Estudio de las producciones postcalifales del alfar de la Casa de Los Tiros (Granada). Siglos XI-XII ngel Rodrguez Aguilera

    123. Estudo do armamento islmico procedente da escavao na encosta do casteloe na alcova de Mrtola Lgia Rafael

    133. Restos de tesouro de moedas islmicas nas imediaes de Azia (Sesimbra) Miguel Telles Antunes

    139. Intervencin arqueolgica en el Cuartel del Carmen. Sevilla (1990-1994) Rosario Huarte Cambra / Pilar Lafuente Ibaez / Pilar som Muoz183. Notcia sobre as peas pedradas do galeo San Diego (1600) Olinda Sardinha

    193. Tipologia e cronologia de cermicas dos sculos XVI, XVII e XIX encontradas em Cascais Guilherme Cardoso / Severino Rodrigues

    213. Azenhas e moinhos no Algarve. Segunda metade do sculo XIII e sculo XIV Teresa Rebelo da Silva227. Sobre o po medieval minhoto: o testemunho das Inquiries de 1258 Iria Gonalves

    247. Fuentes olvidadas para la historia de la alimentacin: crnicas, libros de viaje y biografas Teresa de Castro Martinez

    257. Documentos para a histria da mina de S. Domingos o relatrio do gelogo Carlos Ribeiro Jorge Custdio269. La casa rurale nel territorio di Mrtola Ilaria Agostini / Daniele Vannetiello

    279. La coleccin antropolgica del Campo Arqueolgico de Mrtola (s. II-XVI) Alicia Candn Morales

    Director: Cludio Torres Coordenador: Santiago Macas Conselho Cientfico: Antnio Borges Coelho, Cludio Torres, Jos Lus de Matos,Jos Mattoso, Manuel Lus Real Conselho de Redaco: Abdallah Khawli, Artur Goulart, Carlos Manuel Pedro, Fernando Branco Correia,Joo Carlos Garcia, Joaquim Manuel Boia, Jos Carlos Oliveira, Manuel Passinhas da Palma, Maria de Ftima Barros, Miguel Rego, Rui Mateus, VirglioLopes Apoios: Cmara Municipal de Mrtola, JNICT, Associao de Defesa do Patrimnio de Mrtola, Comisso de Coordenao da Regio Alentejo

  • 2Capa e Design Grfico: Gil Maia.

    Fotografia da capa: Lamparina, pormenor National Museum, Manila. Foto: Joaqun Cortz Noriega

    Fotografia da contracapa: Beco dos invlidos. Foto: Guilherme Cardoso

    ISSN: 0872-2250

    N de edio: 572

    Depsito legal: 66923/93

    Edio: Edies Afrontamento, Lda. Rua Costa Cabral, 859 4200 Porto Portugal

    Telefones: (02) 529271, 594880 Telefax: (02) 591777

    Impresso: Rainho & Neves, Lda. Santa Maria da Feira

    Acabamento: Rainho & Neves, Lda Santa Maria da Feira

    Periodicidade: Anual

    Data de publicao: Outubro de 1999

    EDIO APOIADA PELO

    FEDER / PORA

    COMISSO DE COORDENAO DA REGIO ALENTEJO

  • 3PALAVRAS PRVIASSANTIAGO MACAS

    Reduzida at h alguns anos a uma situao de marginaildade, e frequentemente vista quase como um objecto extico, aarqueologia medieval tem vindo a conhecer um assinalvel impulso no decorrer dos ltimos anos. A nossa rivisla deixou, felizmente,de estar s no terreno. Em stios to afastados geograficamente como Tondeia, Silves ou Palmeia multiplicam-se as Iniciativas, aspublicaes ou os colquios tendo como pano de fundo a cultura material da Idade Mdia.

    Se alguns gmpos de investigao se dedicam em particular ao estudo das cermicas ou anlise de um determinado territrio,outros imprimem um carcter monogrfico s suas iniciativas. Todos estes esforos para um melhor conhecimento da Idade Mdiaso, afinal, complementares e tm vindo a contribuir: para um alargamento de perspectivas e horizontes e relao a estes domnios.

    A pluralidade de experincias e de reas do conhecimento so tambm a imagem de marca deste sexto nmero da ArqueologiaMedieval, organizado, como vem sendo hbito, em torno de blocos temticos.

    Uma primeira rea prende-se quase exclusivamente com a anlise de stios, feitas a partir de interveres arqueolgicas (Montinhodas Laranjeiras, Corro Salomn e Guarda) ou usadas como ponto da partida para o estudo de territrios (como nos casos da CasteloBelinho e de Osma). Apenas dois deles no tm origem no perodo lslmico: o Montinho das Laranjeiras, cujos comeos datam dapoca romana, e a Guarda, cidade que desempenhou um papel de grande importncia na Baixa Idade Mdia portuguesa. Ainda nestesector se inclui um trabalho sobre o poder nas comunas muulmanas medievais.

    Aos objectos arqueolgicos se dedica um conjunto de outros trabalhos. Um deles recupera a lpide funerria do bispo Julio,uma pea de finais do sculo X d.C. h muito dada como perdida e que agora de novo Iida e alvo da um estudo aprofundado. Aoperodeo islmico reportam-se quatro outros artigos: dois sobre cermicas encontradas em Palmela e em Granada, um sobre restosda armamento islmico de Mrtola e um ltimo sobre uma coleco de numismas proveniente da regio de Sesimbra.

    O texto sobre os trabalhos arqueolgicos no Cuartel del Carmen, em Sevilha, tem o particular interesse de nos apresentar asdiferentes fases de ocupao (bem como os raspespetivos esplios) de um nico stio ao longo de muitas centenas da anos. O nfaseposto nos materiais do perodo moderno tem continuidade em dois outros trabalhos, um sobre peas pedradas, outro sobre tipologiase cronologias de cermicas encontradas em Cascais. Oualquer delas constitui um contributo importante para domnios sobra os quaisas dvidas ultrapassam em muito as certezas.

  • 4rtola, 1999

    Os textos em volta da histria da alimentao voltam a ocupar destaque neste nmem da A. M. es fontes escritas usadas nestesestudos as azenhas do Algarve medieval e o po medieval minhoto do corpo a um pequeno bloco de trabalhos de grande interessepara os arquelogos.

    Encerram esse nmem trs argos de caractersticas bem diversas. O estudo sobre o relatrio do gelogo Carlos Ribeiro constituium contributo indito para a histria da Mina de S. Domingos e entra j nos domnios da Arqueologia Industrial. Num outro registose coloca o levantemento sobre a casa mural no territrio de Mrtola, eiaborado por dois arquitectos mas que pode despertar o maiorinteresse entre historiadores, antroplogos e arquelogos. Refira-se finalmente a proposta metodolgica elaborada a partir dacoleco antropolgica que o Campo Arqueolgico de Mrtola tem vindo a recolher nas escavaes desde 1978.

    A diversidade dos textos que agora se apresentam reflecte bem algumas das temticas em estudo nos domnios da arqueologiamedieval (com destaque para a que se dedica ao perodo islmico) assim como um conjunto de perspectivas e metodologias que,apesar de nem sempre serem coincidentes, se enriquecem mutuamente.

    Ir, de alguma forma, contrabalanar esta disparidade de temas o prximo nmem da revista, o qual incluir as comunicaesapresentadas no colquio Lisboa encruzilhada de cristos, judeus e muulmanos, celebrado em Outubro de 1997, por ocaso doaniversrio da reconquista da cidade.

  • 55

    MONTINHO DAS LARANJEIRAS(ALC0UTIM).ESCAVAES DE 1995

    * Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

    M. JUSTINO MACIEL *

    O complexo arqueolgico do Montinho das Laranjeiras, na margemdireita do Guadiana, Concelho de Alcoutim, tem vindo a ser estudado por nsdesde 199O. Conhecido desde o sculo XIX como Villa Romana, o trabalho dereescavao que temos desenvolvido vem mostrando que, de facto, correspondea uma construo dos primeiros tempos da colonizao romana que foi evoluindocontinuamente at Idade Mdia, destacando-se no perodo da AntiguidadeTardia a implantao de uma ecclesia cruciforme e baptisterium revestidos aopus tessellatum e no perodo islmico o desenvolvimento e instalao denovas estruturas em que teria predominado a tcnica de construo em taipa,estruturas essas que actualmente se estudam numa perspectiva de percepodas continuidades entre a Antiguidade Tardia e a poca Islmica. Em todasestas fases, algo est sempre presente neste local: a relao com o rio Guadianacomo via de comunicao.

    Os objectivos da escavao de 1995 1 continuaram os das intervenesanteriores, tendendo progressivamente para um mais directo e melhoresclarecimento das estruturas, procurando respostas para as questes quese vo levantando, nomeadamente, sobre a evoluo do espao construdo,aferio de cronologias, classificao do esplio cermico e museologizaodo local.

    Mais concretamente, e numa perspec-tiva metodolgica, pretendia-se continuar aestudar a insero do Monumento Cruci-forme/Ecclesia no contexto da Villa tardia estrutura escavada nas campanhas de1990 e 1991 no conjunto global do com-plexo arqueolgico e perceber o papel que omesmo desempenhou na evoluo arqui-tectnica da Villa Romana na AntiguidadeTardia e transio para a poca islmica emedieval.

    Continuou-se o trabalho de escavao nasquadrculas B-12, B-11, A-12 e A-13 at estrada alcatroada e at ao declive para oEsteiro das Laranjeiras, onde as estruturasparecem ter sido j totalmente arrancadaspelos trabalhos agrcolas.

    Neste sector do extremo sudeste docomplexo arqueolgico, as camadas estra-tigrficas, se assim as podemos chamarno contexto da evoluo do solo no local,continuamente agricultado desde as esca-

  • 66

    vaes do sculo XIX, revelam o mesmotipo de sedimentaes intramuros, onde asmquinas menos fizeram sentir o revol-vimento de terras, estratificao esta ques se revela no interior das quadrculas B-12e B-11, alis numa zona onde a planta deEstcio da Veiga no clara (Vd. plantas 1,3 e 5):

    A. Solo arvel.B. Terra com rebocos, cal, cermica,

    pedras.C. Terra com lascas de xisto, fragmentos

    de cermica de construo e muitacinza.

    D. Terra, tegulae e imbrices partidas,lateres fragmentados e cal.

    Gravura 1 Planta das estruturas escavadas por E. da Veiga.

    Gravura 2 Mesma planta com indicao da parte j reescavada.

    Dados a registar:

    1. Verificao de que as estruturas escavadas em 1994 continuam para SE.2. Colocao da hiptese de que o espao interior intramuros da ponta SE

    da quadrcula B-12 teve uma funcionalidade que se relacionar com a grandequantidade de cinza e restos de carves encontrados sobre a camada detegulae e de imbrices partidas. Base de um forno a colocado nas pocasvisigtica, islmica ou medieval? Algumas pedras maiores niveladas lembram

    Fig. 1 Montinho das Laranjeiras, 1995. Viso deconjunto do Sector Sudeste. Em primeiro plano, aparte escavada em 1994. Em segundo plano, a parteescavada em 1995. (Foto Sandra Vieira).

    Fig. 2 Montinho das Laranjeiras, 1995. Compar-timento intramuros no Sector Sudeste em que seabriu uma porta e se construiu um muro enviezadonuma ltima fase. (Foto Sandra Vieira).

  • 77

    Grav. 4 Planta das estruturas escavadas em 1995, no Sector Noroeste (acabamento deSandra Vieira).

    Gravura 3 Planta das estruturas escavadas em 1995 no Sector Sudeste(acabamento de Sandra Vieira).

    um possvel lastro acondicionado por estrei-tos muros de argamassa de terra, enviezadosem relao ortogonalidade dos muros depedra e cal da antiga Villa. A existncia departe de uma antiga m, com 27 cm de raio,e de restos de uma possvel caixa limitadapor estreitas placas de xisto dispostas navertical podero reforar esta hiptese. Naprxima campanha pensamos desmontar oenchimento do suporte desse possvelforno, tentando clarificar estes dados.

    3. Descoberta de uma passagem entreeste espao intramurrio e a galeria de quefala Estcio da Veiga.

    Fig. 3 Montinho das Laranjeira, 1995. Enchimentointramurrio no Sector Sudeste com muros envie-zados argamassados com terra envolvendo umapossvel estrutura com pedras niveladas, restos deuma pequena m e de uma cavidade delimitadapor finas placas de xisto dispostas na vertical. (FotoSandra Vieira).

    Fig. 4 Montinho das Laranjeiras, 1995. Estruturasescavadas no Sector Noroeste, do lado mais prximoao Monumento Cruciforme. Em segundo plano,pavimento em lageado. (Foto Sandra Vieira).

  • 88

    4. Possvel identificao do Ponto D daplanta, de Estcio da Veiga.

    5. Maior espessura do muro exterior dagaleria de Estcio da Veiga do que as queefectivamente indica na sua planta, o queleva a pensar que, apesar da sua presentequase total destruio, merc de um maiorisolamento e consequente maior exposioaos ferros das mquinas agrcolas, a paredeque nascia deste alicerce se levantava maisalta, robusta e forte na parte mais baixa daVilla romana contra as peridicas grandescheias do rio. A espessura mdia destasolidatio de 120 cm, enquanto as dosrestantes muros com argamassa de cal apenas de 75 cm.

    6. Remodelao contnua do espao arqui-tectnico, com sobreposio de muros,estreitamentos e aberturas de portas, assimcomo acrescentamento de pilares interiores,

    Gravura 5 Corte estratigrfico B B intra-muros no sector sudeste, onde se interromperam as escavaes de 1994 e se iniciaram as de 1995(acabamento de Sandra Vieira).

    constatao que permitir, uma vez concluda a escavao, propor o levan-tamento de diferentes fases de utilizao com redistribuio de espaos.

    7. Aqui e ali, sobre a camada mais baixa de imbrices e de tegulae, algunsseixos, como j se verificou nas estruturas prximas, escavadas no anotransacto. Possvel utilizao de parte destes espaos como cortes de gado,em determinadas pocas?

    8. Achados relevantes:

    Duas moedas do sculo IV, em fase de limpeza no Campo Arqueolgicode Mrtola. Encontradas sem contexto especfico, nos nveis inferiores.

    Descoberta contnua, nos nveis mais baixos, de tegulae e imbrices detipologias variveis.

    Reduzido aparecimento de sigillata e de alguma cermica comum, numou noutro caso j da poca muulmana.

    Rarssimos fragmentos de vidro.

    As escavaes continuaram, tambm, no outro extremo do complexoarqueolgico, no sector noroeste. Tambm aqui os resultados ultrapassaram

  • 99

    as expectativas, tendo presente que, no estando plantadas rvores na rea dasquadrculas escavadas e tendo havido intenso remeximento agrcola do local,no espervamos descobrir j estruturas significativas, uma vez que os poucosalicerces que encontrramos nos anos anteriores eram suporte de umaarquitectura de terra. Praticamente o que foi solo arvel repousa directamentesobre a camada de imbrices e estes directamente sobre as lajes do pavimento.Da que no seja significativo proceder representao grfica do seu corteestratigrfico at ao momento presente.

    Na Campanha deste ano foi possvel, neste sector noroeste:

    1. Aprofundar a escavao nas quadrculas G-2O e G-19 e iniciar a escavaona quadrcula H-20.

    2. Descortinar uma ambincia nova, diferente do que se observanormalmente numa Villa romana, seja na pouca espessura das paredes, cercade 50 cm, seja na exclusividade da utilizao do mortarium de terra quedenuncia a tcnica de construo em opus craticium ou, o mais provvel, emtaipa, seja ainda numa disposio e vivncia diferente dos espaos.

    3. Constatar espaos interiores que comunicam em cotovelo e se dispemem pequenos socalcos com ligeira inclinao, onde pequenos degraus surgemcomo soluo de continuidade.

    4. Verificar uma tipologia de pavimentao sobre terra argamassada compequenas lajes de xisto.

    5. Descobrir um pequeno recesso com disposio em L, que lembra osuporte de uma esteira numa alcova.

    6. Contrastando com o que sucede no outro Sector, no Sector Noroeste,salvo um ou outro fragmento de tegula, quase s se encontram imbricespartidas, mais tardias e diferentes, in genere, das encontradas no SectorSudeste. Mas num e noutro caso parecem indiciar que a runa dos telhados ter

    ocorrido aps um perodo de abandono, dadoque quase nenhuma documentao nos surgeentre as imbrices e o pavimento.

    7. A cermica identificvel sobretudoda poca muulmana. Torna-se, assim, evi-dente a ocupao neste perodo mas mantm-se a interrogao: casa rural, monasteriumou simples entreposto fluvial?

    8. Achados relevantes:

    Parte de uma base de talha com rebor-dos vidrados onde se lem duas inscri-es rabes estampilhadas (G-19).

    Uma ponta de ferro (de lana?) (H-20). Uma ponta de pina de pavio (?) (H-20).

    NOTAS

    1 Reiteramos aqui o nosso reconhecimento aosproprietrios dos terrenos desta estao arqueo-lgica, Senhor Carlos Francisco, do Montinhodas Laranjeiras, Senhor Jos Galrito, de Guer-reiros do Rio, e Senhor Eduardo Faustino, deBalurcos de Baixo.Os trabalhos tiveram o apoio logstico e financeiroda Cmara Municipal de Alcoutim e um subsdioda Fundao Calouste Gulbenkian.Participaram nas escavaes os Mestres Drs.Licnia Correia Wrench e Helder Coutinho, a Dr.aVitria Antunes e os alunos da Universidade Nova

    Fig. 5 Montinho das Laranjeiras, 1995. Sector Noroeste. Pormenordas estruturas. (Foto Sandra Vieira).

    Fig. 6 Montinho das Laranjeiras, 1995. Sector Noroeste. Pormenor deestreito corredor pavimentado e de recesso em L. (Foto Sandra Vieira).

  • 10

    10

    Sandra Vieira, Teresa Castro, Susana Maia e Silva,Sandra Simes, Purificao Coelho, bem comoos alunos da Escola Secundria da AmadoraVassili Barros, Ricardo Gaspar, Carla Silva,Mnica Gomes, Filomena Maia, Mnica Santos eFilipa Coutinho. Pagos hora, contratados nolocal, Lus Antnio dos Santos, Joo Paulo Costae Marco Jorge Ribeiros.

    BIBLIOGRAFIA

    COUTINHO, H Cermica Muulmana do Monti-nho das Laranjeiras, in Arqueologia Medieval(Mrtola), 2 (1993), 39-54. Sigillata clara do Montinho das Laranjeiras(Escavaes de 1990), in Actas da IV Reuniode Arqueologia Crist Hispnica (Lisboa, 1992),Barcelona, 1995, pp. 507-514.

    MACIEL, M. J. Reescavaes na Villa romana do Montinho das Laranjeiras (Alcoutim),in Arqueologia Medieval (Mrtola), 2 (1993), 31-38.

    A Villa romana fluvial do Montinho das Laranjeiras, junto ao Guadiana (Algarve).Escavaes de 1991, in Actas del Encuentro Internacional de Arqueologia del Suroeste,Arqueologia en el entorno del Bajo Guadiana, Huelva, 1994, pp. 469-484.

    Trois glises de plan cruciforme au Portugal et les trajects mditrranens des VIe etVIIe Sicles, in Actes du XIII Congrs dArchologie Chrtienne (Split/Porec, 1994),Split/Vaticano, 1998.

    Suevos, bizantinos e visigodos no sul da Btica e da Lusitnia. Arte, percursos efronteiras, comunicao s I Jornadas Transfronteirias, Aroche, 1995 (no prelo).

    LArt palochrtien au Portugal lpoque justinienne, in International ConferenceEarly Christianity and Albania, Tirana, 1995 (no prelo).

    Do romano ao medieval. A Villa do Montinho das Laranjeiras (Algarve). Escavaes de1994, in Livro de Homenagem a Flrido de vasconcelos (no prelo).

    A poca Clssica e a Antiguidade Tardia, in Histria da Arte Portuguesa (Dir. PauloPereira), 1, Lisboa, Crculo de Leitores, 1995, pp. 76-149.

    Antiguidade Tardia e Paleocristianismo em Portugal, Lisboa, 1996.SANTOS, M. L. E. V. A. Arqueologia Romana do Algarve, II, Lisboa, 1972.VEIGA, S. P. M. E. Antiguidades Monumentaes do Algarve, II, Lisboa, 1887.

  • 11

    11

    SOBRE O EPITFIO DE JULIANO,BISPO (CACELA, 987 d.C.)

    * UCEH da Universidade do Algarve. Resid. part. Av. de Madrid, 24-2., 1000 Lisboa.** Abreviaturas usadas neste artigo:

    ICERV = J. Vives, Inscripciones cristianas de la Espaa romana y visigoda, Barcelona,1969.ICVR = Inscriptiones Christianae Verbis Romae, Roma, 1857-1992.IHC = Bibliografia indicada na nota 1.J. C. Ayres de Campos = Bibliografia indicada na nota 3.M. J. Barroca = Bibliografia indicada na nota 3.J. M. Cordeiro de Sousa = Bibliografia indicada na nota 4.

    MARIA MANUELA ALVES DIAS *

    A primeira notcia desta inscrio de Tavira foi publicada, nos fins do sculopassado, nas Inscriptiones Hispaniae Christianae 210 **. De facto, uma cpiada inscrio tinha sido mandada por S. P. M. Estcio da Veiga a E. Hbner aquem tambm informou do local de achado: um stio que se chamava, na alturada descoberta, Fonte Salgada, e que a lpide tinha sido guardada, emTavira, em casa de Jos Francisco Marques Freire 1.

    De J. Leite de Vasconcellos v-se que, quando foram recolhidos os materiaisque viriam a formar a sua Etnografia portuguesa tentame de sistematizao,Lisboa, 1933 e ss., tinha aproveitado este epitfio para, no Algarve, documentara existncia de comunidades de moarbes 2.

    Um desenho, a lpis, da inscrio, feito por Francisco Rafael da Paz Fur-tado que, em 1877 ou 1878, o ofereceu ao museu de arqueologia do Insti-tuto, de Coimbra, indica-a como descoberta em um terreno despovoado da

    freguezia de Cacella 3. Mais tarde, em 1948,J. M. Cordeiro de Sousa refere--a a partir dabibliografia publicada at data 4. Em 1995, inventariada, na basedos estudos anteriores, no trabalho de M.J. Barroca 5. Recentemente, foi publicada aprimeira fotografia da inscrio, cremos, eatribudo o achado ao stio da Fonte Sa-grada, freguesia de Vila Nova de Cacela,concelho de Vila Real de Santo Antnio 6. Defacto, ela foi reencontrada, h pouco tempo,o que nos permitiu fazer uma observaodirecta da pea, de que resultaram a pro-posta de caracterizao estilstica da deco-rao do suporte, a anlise paleogrfica e areviso crtica das leituras anteriores que,agora, se publicam 7.

    DESCRIO

    Trata-se de uma placa de mrmore branco,de recorte rectangular (37,5 cm alt. x 30 cm

  • 12

    12

    larg. x e 4,2 cm espess.), apresentando umamoldura cordada 8, de 2,2 cm que bordeia,limitando e definindo, um campo epigrficode 30 cm alt. x 25,5 cm larg.; esta moldu-rao cordada, sobre pedra, tem paralelo nada inscrio funerria de Speciosa e Tran-quilla, proveniente de Lucena 9, e coeva

    desta, de Iulianus. Vemos que apresenta uma fractura, no canto superiordireito, que, no final da primeira linha do texto, danificou as duas ltimas letras assim, ficou-nos, em relao primeira transcrio do texto, metade do ne perdeu-se o t.

    O texto distribui-se por sete linhas, de 3 a 4 cm de alt., e mostra vestgiosclaros de finos traos horizontais, de orientao de escrita, que definem espaosinterlineares de 1 cm aproximadamente.

    Fig. 1 Epitfio de Iulianus, bispo.

  • 13

    13

    Transcrio:

    1 (crux) HIC REQVIESCVN[T] =

    2 MEBRA IVLIANI EPISCOPI

    --3 QVI OBIIT DIE XII KLES APRLS

    = 4 ERA XX-IIIII POST Ta

    5 QVESO LECTOR PRO EO ORARE

    -- --

    6 NON ABNVAS.SIC XPM DNM

    =7 PROTECTORE HABEAS

    Variantes de edio:

    Na l. 1 J. M. Barroca, requ(i)escunt.Na l. 3 IHC desenvolve Apr(i)l(e)s; J. C. Ayres de Campos, kls Aprilis; J.

    M. Cordeiro de Sousa kls apris (sem desenvolvimento das abreviaturas); J. M.

    Barroca prope k(a)l(enda)ss [sic], e, a seguir,o desenvolvimento Aprls = Aprilis.

    Na l.4, IHC transcreve correctamentea data XX-IIIII, mas na leitura omite um I edepois do T anota uma hedera acursivo; J. C. Ayres de Campos l XXVIIIIpost. M.a, no que foi seguido por J. M.Cordeiro de Sousa; J. M. Barroca, XXVIIII(seguindo J. C. Ayres de Campos e J. M.Cordeiro de Sousa) e post T a [hedera].

    Na l.5 IHC esquece pro na transcriomas admite-o na leitura; J. C. Ayres deCampos e J. M. Cordeiro de Sousa indicampro eo orare; e J. M. Barroca, eo orare.

    Das verses existentes parece-nos ser acpia que S. P. M. Estcio da Veiga enviou aE. Hbner a melhor de todas; a de J. M.Cordeiro de Sousa apenas no coincide com

    Fig. 2 Epitfio de Speciosa e Tranquilla (Lucena, Crdova).

  • 14

    14

    a de J. C. Ayres de Campos porque admite,seguindo E. Hbner, que o nome do ms estabreviado; J. M. Barroca segue mais de pertoa cpia de J. C. Ayres de Campos comalgumas alteraes que podem ter tidoinfluncia de E. Hbner ( l.5) e outras, ainda,de que no possvel determinar a origem(l.3 k(a)l(enda)ss [sic] ).

    Leitura:

    (crux) Hic requiescun[t] I me(m)bra Iulianiepiscopi | qui obiit die XII k(a)le(nda)sApr(i)l(e)s | era [*](millesima) XXIIIII postt(empor)a | queso lector pro eo orare | nonabnuas sic Chr(istu)m D(omi)n(u)m | pro-tectore(m) habeas.

    O * assinala a abreviatura constituda pordois traos horizontais supralineares quecorrespondem ao m de m(illesima), con-firmando a quantidade de anos (XXIIIII = 25)indicados antes da locuo de fecho, postt(empor)a, cf. IHC 475 (do ano de 998) 10, e,entre ns, J. S. R. Viterbo 11, onde o valorquantitativo da contagem do tempo tomou,por translao de significado do T ou de Ta,o valor de millesima, variante de uma prticade datao bem documentada nas suasformas hispnicas, cf. IHC 456 (do ano de1002), 470 (do ano de 1040) e 474 (dos anosde 1063 e 1065).

    Justificao da leitura:

    A recuperao da inscrio veio pr fims dvidas de transcrio, mas quanto interpretao e leitura que propomos deve-mos, no entanto, fazer algumas observaes.Quanto aos numerais da datao, o que algunsautores tomaram por um V o desenhoaparente que resultou da unio das termi-naes inferiores de dois II. No desenvol-

    vimento das abreviaturas, e porque penso que esta inscrio segue a tradiodas inscries crists do perodo visigtico, optei por Apriles a concordar comkalendas e desempenhando a funo de adjectivo 12 em vez de Aprilis em

    Fig. 3 Epitfio do bispo Martinus (Monedero, Crdova).

  • 15

    15

    genitivo, tomado como um substantivo 13, como ser uso, mais tarde, nasinscries portuguesas e nos manuscritos; esta prtica tardia poderia, assim,justificar a verso de J. C. Ayres de Campos, e as dos que dele dependem. Aopo de leitura da data pode ser polmica, pois se admite que o sinal deabreviatura sobre a datao querer indicar igualmente a falta de um M que, nadatao, se leria como abreviatura de millesima; a frmula proposta temparalelos prximos no epitfio de Ciprianus, de Iliberris, onde se l quadrageniin milleni tempor[is era] 14. Existem tambm paralelos para a colocao emposio exponencial de vogais que formam parte de palavras em inscriesdesta poca, e que ser uma prtica vulgarizada mais tarde; assim se entendeuo T numa inscrio de Crdova, IHC 226 (do ano de 987) 15.

    A inscrio est, portanto, datada da era de mil e vinte e cinco, o queequivale ao ano 987 da nossa era.

    A ORGANIZAO DO TEXTO E O ALFABETO

    A inscrio muito cuidada. Pela ordinatio vemos que houve a inteno derespeitar um alinhamento do texto, primeiro esquerda e depois direita, oque foi conseguido, nas ll.4 e 5, atravs do prolongamento dos traos do acursivo e do e, respectivamente. Por necessidade da ordinatio, foram utilizadasletras inclusas, de menor tamanho; assim, na l.2, o segundo i de Iulianiacomoda-se no espao do l, e, depois, na palavra episcopi, os dois ii, de menortamanho que as restantes letras, esto arrumados por debaixo da barriga dospp que os antecedem; na l.3 acontece o mesmo com os dois ii de obiit queforam colocados no espao que fica por debaixo do trao horizontal do t; na l.5,na palavra lector, o c est incluso no e anterior, bem como o o de pro e o a deorare, que se encaixam debaixo da barriga dos rr que os antecedem. Existemtrs nexos neste epitfio, na l.3, le da abreviatura de k(a)le(nda)s, na l.5, to emlector 16, e na l.6, mn na abreviatura de D(o)m(i)n(um ).

    Os sinais de abreviatura so de dois tipos: a) dois riscos paralelos (=), nasll. 2 e 7, por cima do e de me(m)bra e do e final de protectore(m), indicam afalta do m, e, por cima da datao, suponho que querero indicar igualmentea falta de um m que, na datao, se leria como abreviatura de m(illesima); b)um s risco (em mega em forma estirada) sobre as palavras (--), nas ll.3 e6, em Aprls (Apr(i)l(e)s), Xpm (Chr(istu)m) e Dmn (D(o)m(i)n(um) indicamoutras abreviaturas. Note-se que sobre k(a)le(nda)s no existe sinal deabreviatura, o que um pouco intrigante uma vez que, nesta inscrio, oslocais, onde deviam colocar-se os sinais de abreviatura, foram previamentemarcados por pequenos pontos (ainda visveis sobre as ll.2, 4 e 7) donde ficara ideia que o sinal de abreviatura seria representado por um trao oblquo, aquipresente no recurvamento da barra mediana do e ou que se poderia tratar deum grupo de letras to conhecido que dispensava sinal de abreviatura. Sobre

    o ltimo t, na l.4, existem trs pontos, e maisdois a um tero da altura da haste vertical daletra, os quais, pelo cuidado com que foramfeitos, devem ter um significado simblicoque no consimos ver qual seja.

    As letras inscrevem-se num mdulo rec-tangular, em que a altura duas vezes e meiaa largura e, geralmente, apresentam termi-naes patadas. No desenho deste alfabetoutilizaram-se letras de traado claramentecurvo a par de traados, das mesmas letras,de desenho recto como o caso dos cc e dosee; assim, na l. 1, o c de hic recto, bemcomo o c de lector; na l.5, enquanto que osrestantes so curvos; e, na l.2, o e de episcopi curvo, bem como o de orare, na l.5,enquanto que todos os restantes so detraado recto. A ocurrncia simultnea destesdois tipos de letra numa inscrio no novidade nem indita, e aparece, j no ano de737, numa inscrio de Cangas de Ons e,tambm, numa outra encontrada na serra deCrdova e datada de 962 17. Os hh destainscrio so cursivos como se pode ver emhic e habeas, nas ll.1 e 7 respectivamente 18;os aa apresentam um trao horizontal comexcepo do de orare que de pequenotamanho; os bb so de duas panas afastadas, excepo do b de me(m)bra, na l.2; os mm,de pernas verticais, prolongam, num s trao,a juno das barras interiores oblquas semno entanto tocarem a linha inferior deorientao de escrita; os nn ainda no soclaramente coxos, mas a segunda perna daletra sensivelmente mais curta que aprimeira; os oo so bastante esguios mas detraado curvo; os tt apresentam trs traados:o de obiit, na l.3, tem a barra horizontal recta,bem como, na l.5, o de lector, mas, na l.4, empost, a metade esquerda da barra horizontalde corte do t, prolonga--se para baixo,enquanto que o t de t(empor)a apresenta doistringulos suspensos dos braos 19, e,

  • 16

    16

    finalmente, na l.7, em protectore(m) o ladoesquerdo da haste horizontal dos tt, prolonga--se em curva em direco s hastes verticaisdas letras.

    No que respeita expresso hic requies-cunt membra 20, pouco documentada na His-pnia, o texto apresenta paralelos formularescom o de uma inscrio de Crdova, datadado ano de 982; no que respeita ao apelo aoleitor para que reze, feito, aqui, pela negativae pela voz activa de algum que no omorto, quando se diz queso lector pro eoorare non abnuas sic Christum Dominumprotectorem habeas tratar-se- certamente deuma prtica que, sob a forma de apelo directo,j tinha razes na epigrafia pag, e que, aqui,explicitando a vantagem que o eventual leitorobter da prece pela alma de outrm, radicanas concepes de troca de favores esta-belecida entre os homens e Deus ou entre oshomens e os santos; h paralelos para fr-mulas idnticas que datam de meados dosc.VII a finais do VIII, e que se encontram,sobretudo, nos locais de peregrinao 21.

    Pelas caractersticas paleogrficas e deco-rativas, o epitfio de Iulianus parece, quantoa ns, filiar-se no que poderiamos chamar oatelier de Crdova. Ao estudar as comunida-des morabes, F. J. Simonet assinalou umasrie de inscries desta poca, provenientesde Crdova e dos arredores, tendo-as comoprovas do prestgio social e poltico dascomunidades morabes da segunda metadedo sculo X, perodo em que alguns cristoschegaram mesmo a ter importncia junto dacorte, como o caso de Recesmundo 22. Foicertamente neste ambiente de tolerncia, emesmo, por vezes, de cumplicidade, que ascomunidades morabes viveram e se desen-volveram, e, talvez, assim a hegemonia pol-tica e cultural de Crdova, sobre o territrioque hoje o Algarve se ter prolongado ataos primeiros anos do sculo XI.

    Seja-nos permitida uma conjectura sobre este Juliano, bispo que no sesabe donde.

    F. J. Simonet, com base no local do achado da inscrio funerria deIulianus atribui-lhe a sede episcopal de Ossonoba, a actual Faro, que distacerca de 30 km do local de achado e, assim, justifica a vitalidade de uma sedeepiscopal de que, h muito no se tinha notcia 23, e que, para este autor, deviater reflorescido como consequncia lgica da revolta de Yahya, filho de Becer,chefe muladi de linhagem goda que se declarou indepen-dente, na regio algarvia, nos ltimos anos do reinado de Mohmmed (mortoem 886), na provncia de Ossonoba. Escreve F. J. Simonet:

    Es de presumir que esta iglsia de santa Maria de Ossonoba hara de Catedral,y ms estando en la capital de la comarca y donde, bajo la denominacin visigoda,hubo silla episcopal sufragnea de Mrida. Es asimismo de suponer que en todaslas comarcas que por este tiempo se fueron emancipando del yugo sarraceno bajojefes espaoles, aunque mulades, volveria florecer el culto catlico, se restauraranlas sedes iglsias destrudas y se crearan acaso otras nuevas, floreciendo lasconservadas desde los tiempos antiguos 24.

    Assim, pois para justificar a existncia duma catedral (=sede episcopal)em Faro que F. J. Simonet refere a inscrio de Iulianus, episcopus, sugerindoimplicitamente que a revitalizao da sede ossonobense poderia ter ocorridodesde finais do sculo IX.

    E. Hbner tinha dito a respeito desta inscrio: Parece-me que Iulianusfosse bispo de Hispalis (Sevilha), na verdade o seu nome no conhecidoentre os dos Portucalen-ses 25, isto sem mais justificaes. F. J. Simonet nose acorda com a sugesto de E. Hbner, pois admite que a data 987 no seencaixa nas falhas que existem nas listas dos bispos desconhecidos de Sevi-lha 26; ele admite, isso sim, que Sevilha teria sido, por volta 937, governada porum possvel Juliano baseando-se no facto das listas conhecidas dos bispos,logo a seguir a Recafredo, terem ficado interrompidas e, ainda no facto de, nocdigo Emilianense e nos dpticos da Missa morabe, se referirem doisnomes David e Iulianus que seriam dois dos que se teriam seguido a Meudulanona gesto da sede episcopal de Sevilha; contudo, as falhas das fontes ao fim eao cabo, no lhe permitiram 27 a ele, Simonet, nem nos permitem hoje, a ns,produzir afirmaes mais conclusivas.

    A hiptese de E. Hbner que admitiu implicitamente que um bispo deSevilha tivesse sido sepultado perto de Tavira, fora da sua sede episcopal, temparalelos numa prtica contempornea; de facto, Martinus, bispo de Astigi, foisepultado em 931, em Monedero, na serra a norte de Crdova, num mosteiroa existente 28, mas, ao contrrio da inscrio funerria de Iulianus, na desseMartinus claramente se afirma que ele foi bispo de Astigi. Este argumento, dadeslocao da sepultura dum bispo, para fora da sua igreja episcopal, podesupr tambm a existncia, perto de Tavira, de um importante ncleo morabe

  • 17

    17

    que justificasse, assim, a inumao daquele que tinha sido a cabea da sedeepiscopal de Ossonoba. O silncio textual da inscrio sobre a sede de queIulianus foi bispo pode explicar-se por na regio no existir, alm de Ossonoba,notcia sobre qualquer outra sede episcopal, enquanto que, no caso de Martinusque foi sepultado perto da sede episcopal de Crdova, com o qual fazemos estasugesto comparatista, nada teria sido claro se no tivesse ficado exarado queele tinha sido bispo de Astigi.

    Com os dados de que dispomos, se podemos ter a certeza quanto clarainfluncia dos prestigiados artfices de Crdova na feitura da inscrio deIulianus no podemos saber, ao certo, qual foi a sua sede episcopal. evidenteque as maiores probabilidades vo para Ossonoba, mas nada garante que nocaso de Iulianus no se tenha repetido o caso de Martinus de Astigi, com aagravante, para o nosso conhecimento, de estarmos diante da possibilidadeduma inumao, por hipotticas razes de f, origem ou propriedade, bastantedistante da sede episcopal a que o nosso Iulianus, episcopus presidiu. Asrpidas mutaes polticas da poca parecem aconselhar-nos esta reserva.

    NOTAS

    1 E. Hbner Inscriptiones Hispaniae Christianae, Berlin, 1871, p. 69, n. 210.2 J. Leite de Vasconcellos Etnografia portuguesa, IV (ed. M.V. Guerreiro e O. Ribeiro,

    Lisboa, 1958) pp. 254-298 (Focos de moarabismo em territrio que veio a ser dePortugal), especialmente pp. 271-272, onde transcreve a leitura epigrfica de E. Hbner.

    3 J. C. Ayres de Campos Catlogo dos objectos existentes no Museu de Arqueologiado Instituto de Coimbra (supplemento), O Instituto, XXVIII, 2 sr., 1880-1881, p. 391.Sobre a actividade deste arquelogo do sc. XIX, to intimamente ligado ao O Instituto,cf. o Dicionrio Bibliogrfico Portugus de Inocncio F. da Silva, III, p. 352, X, p. 227, XI,p. 286, e, ainda, de A. G. Ribeiro de Vasconcellos, Ayres de Campos - Elogio histricolido em sesso solene na noite de 2 de Junho de 1895, Coimbra, 1895.

    4 J. M. Cordeiro de Sousa Relao das inscries dos sculos VIII a XIII existentes emPortugal, Ethnos, III, Lisboa, 1948, p. 115.

    5 M. J. Barroca Epigrafia medieval portuguesa (862-1422), II, Porto, 1995 (dissertaode doutoramento, policopiada), pp. 41-43.

    6 C. Torres O Al Garbe, in Noventa sculos entre a serra e o mar, Lisboa, 1997,pp. 431-447, esp., p. 433. Existindo os dois topnimos, Fonte Salgada (concelho deTavira) e Fonte Santa, ou Sagrada (concelho de Vila Real de Santo Antnio), distando asduas localizaes muito pouco entre si e ficando ambas muito prximas de Cacela.Visitmos recentemente os dois lugares e na Fonte Salgada, junto da capela do santurioa existente, encontrmos vestgios de cermica rabe.

    7 Agradeo a Francisco Serpa (de Portimo) e ao Dr. Rui Parreira (de vora) pela informaoda recente recuperao deste epitfio e por me terem confiado o seu estudo.

    8 Molduraes cordadas, semelhantes a esta, a envolverem laudas funerrias, so vul-gares nos textos em mosaico na Hispania, desde meados do sc. IV, cf. J. GmezPallars; M. Mayer Aproximacin a un inventario de los mosaicos funerarios depoca paleocristiana de Hispania, Cahiers des tudes Anciennes, (Universit du Qubec Trois-Rivires), XXI (1996), pp. 49-96, especialmente, pp. 61-62 e 65-66. Na inscrio

    funerria de Speciosa e Tranquilla, provenientede Lucena, e coetnea desta de Iulianus, encon-tramos a mesma moldurao cordada.

    9 Cf. E. Serrano Ramos; R. Atencia Paez Ins-cripciones latinas del Museo de Malaga, Madrid,1981, p. 58, n. 62, e fig. lxxxv (= IHC 222).

    10 Onde a datao assim indicada: era mil(esima)T XXXVI.

    11 Cf. J. de Santa Rosa Viterbo Elucidrio daspalavras, termos e frases que em Portugal antiga-mente se usaram e que hoje regularmente seignoram: obra indispensvel para entender semerro os documentos mais raros e preciosos queentre ns se conservam, 1798-99, I e II, (3 ed.crtica de M. Fiza, Porto, 1965-66) p. 575 -T3.Nas suas Etimologias, Santo Isidoro de Sevilhaescreveu por trs vezes, pelo menos, sobre osvalores simblicos do T (Et., I, 3,4,5 e 24), masnunca o indicou como uma abreviatura cronom-trica; ora como Santo Isidoro ter morrido,segundo a Carta de Redempto, aos 4 de Abril de636 e como, at hoje, o T como indicativo crono-mtrico de era, s tem aparecido, em materialepigrfico, em datas bastante posteriores a essa,parece ser legtimo admitir que a introduo damoda do seu uso, nos epitfios de Hispnia, lhefoi, porque mais tardia, posterior.

    12 Cf. A. Carnoy Le latin dEspagne daprs lesinscriptions, Bruxelles, 1906, p. 271 e ICERV,pp. 260-261. IHC, p. 155, refere, na indicaodo ms, trs ocorrncias de terminao em -is,que interpreta como acusativos do plural de -ispro -es: IHC 155 (Aprilis, ano 589, falsa?), 136 e396 (Novembris, anos 486 e 579, respectiva-mente).

    13 Na inscrio funerria do bispo Martinus,encontrada em Monedero, datada do ano de 931,e infelizmente incompleta, l-se, na l.8,sexagesim[a nona Mai]ar(um) III id(u)s, ondetalvez tambm se podesse restituir sexagesim[anona M]ar(tias) III id(u)s, cf. E. Serrano Ramos;R. Atencia Paez, op. cit., supra, nota 9, n. 59, pp.56-57 e fig. lxxxi (= IHC 223).

    14 IHC 456 (= 291), proveniente de Iliberris.15 Onde se l: era T vicesim(a) V, (a. 1025 = 998),

    cf. IHC, p. 144.16 Este nexo em lector tem paralelos estreitos no da

    inscrio do bispo Martinus, datada do ano de931, e proveniente de Monedero, a norte deCrdova cf. IHC 223 (= E. Serrano Ramos; R.Atencia Paez, op. cit., supra, nota 9, n. 59, pp.56-57, fig. lxxx, p. 147.

  • 18

    18

    17 Cf. IHC 284 = 149 (do ano de 737), e 224 (datadade 962).

    18 Paralelos em E. Serrano Ramos; R. AtenciaPaez, op. cit., supra, nota 9, n. 59 (epitfio dobispo Martinus, encontrada em Monedero,datada do ano 931), n.62 (epitfio de Speciosae Tranquilla, acima referido, encontrado emLucena e datado do ano 966), n. 63 (epitfio,em acrstico, de um bispo, sem data) e n. 64(epitfio, do senhor Teudefredo, encontradoem Crdova, tambm sem data) cf., tb., J. Mallon,Lcriture de la chancellerie impriale romaine,Salamanca, 1948, quadros A e B, A. MillaresCarlo, Consideraciones sobre la escritura visi-gtica cursiva, Len, 1973, p. 25 e B. Bischoff,Latin Palaeography, Cambridge, 1990, pp. 96--100.

    19 Este traado tem paralelos em IHC 457 (= 290)proveniente de Mesas de Villaverde, junto aMlaga.

    20 Cf. IHC 464, inscrio funerria de Salvatus,encontrada prximo de Crdova, junto da linhado caminho-de-ferro.

    21 Cf., v.g., C. Carletti Viatores ad martyres. Testimonianze scritte alto-medievali nellecatacombe romane, Epigrafia medievale greca e latina. Ideologia e funzione, (ed. G.Cavallo; C. Mango), Spoleto, 1995, pp. 197-225, referindo ICVR II 4533b, um esgrafitotraado sobre a imagem de S. Marcelino, referente ao presbtero Eustquio, quando estefoi em visita piedosa catacumba de Ponciano, onde se l: tu qui legis ora pro me etabeas d(eu)m protectorem.

    22 Cf. F. J. Simonet Historia de los Mozrabes de Espaa, Madrid, 1903, p. 624 para asinscries. Recesmundo, que os rabes conheciam por Rabi ben Zaid, tinha sido nomeado,primeiramente para um cargo palatino e, depois, foi indigitado bispo de Iliberris porAbderrahman III, em 958; continuou na corte depois da morte deste, sendo apoiado peloseu filho filho e sucessor no califado, Alhquen II (961-976), Id., ibid., pp. 606 e ss.

    23 A propsito, cf. J. A. Pinheiro e Rosa A catedral do Algarve e o seu cabido. Temposde Ossonoba, e J. Ferreiro Alemparte A cidade Morabe de Santa Maria de Faro eo milagre da cantiga CLXXXIII, em fontes anteriores ao Rei Sbio, Anais do Municpiode Faro, 6 (1976), pp. 43-50 (com reservas para muita da documentao aduzida), e pp.51-61, respectivamente.

    24 Cf. F. J. Simonet, op. cit., supra, nota 22, pp. 524-525.25 IHC 210.26 F. J. Simonet, op. cit., supra, nota 22, p. 524, nota 3.27 Id., Ibid., p. 604, nota 3.28 Id., Ibid., p. 605, onde se refere a inscrio funerria do bispo Martinus (IHC 223). Cf. tb.,

    a propsito, L. A. Garca Moreno Los monjes y monasterios en las ciudades de lasEspaas tardorromanas y visigodas, Habis, 24 (1993), pp. 179-192.

  • 19

    19

    CERRO SALOMNY LA MINERIA HISPANOMUSULMANAEN GARB-AL-ANDALUS

    * Universidad de Huelva.

    JUAN AURELIO PREZ MACAS *

    Aunque en obras de carcter general se indique la produccin de cobre enRiotinto en poca musulmana (Levi Provenal, 1987), la historiografia sobrela minera en el Cinturn Ibrico de Piritas seala repetidamente que durantela poca medieval sta qued relegada al olvido en la mayor parte de losyacimientos minerales. Tan slo se manifiesta que durante el Califato, en elreinado de Alhaken, se explotaron algunas minas del distrito de Aroche; staes una referencia sin ningun fundamento, que se inicia en Gonzalo y Tarn(1886) y se repite en otros autores como Pinedo Vara (1963). Deligny (1863)es el nico autor que resea una explotacin medieval en la mina de Cueva dela Mora, aunque sin ninguna justificacin desde el punto de vista arqueolgicoo metalrgico. El nico elemento metalrgico relacionado con el laboreode metales es el crisol de plata procedente de niveles islmicos de Mrtola,cercana la mina de San Domingos, pero este crisol debe relacionarse mscon trabajos de orfebrera que con la metalurgia extractiva de la plata (DaSilva, 1992).

    Esta ausencia de materiales hispanomusulmanes traducen un escaso intersen la metalurgia extractiva en el Cinturn Ibrico de Piritas. Pero la ausencia deyacimientos arqueolgicos con materiales metalrqicos no implica un desinterspor el laboreo de minerales. Algunos yacimientos islmicos de las minas, comoel Cerro Salomn (Blanco, Luzn y Ruiz, 1970), estn indicando una presencia

    de poblaciones en el territorio minero que nopuede ser obviada por la falta de materialesmetalrgicos. Despus de algunos trabajosde prospeccin, hemos comprobado que elcaso de Cerro Salomn no era una excepcinque confirmara la regla, sino un enclave msde otros conocidos, a los que hay que daruna explicacin desde el punto de vista de larelacin de estas poblaciones con las masasde minerales, en proximidad a las cuales seestablecen.

    Antes de comentar estos yacimientos,conviene que anotemos lo que las fuentesescritas nos indican sobre las minas yminerales de Al-Andalus. Este tema ha sidotratado de forma monogrfica por VallveBermejo (1980) y de este trabajo extractamoslas notas que siguen.

    El aspecto ms interesante radica en quelas fuentes escritas nos informan sobre laforma de explotacin de los yacimientosmineros y las tcnicas introducidas en elcampo de la metalurgia.

  • 20

    20

    Con respecto a los minerales se cita larecogida de oro aluvial en las arenas de losros Segre, Tajo y Darro. En el caso de mine-rales de oro, la fundicin se realizaba con laadicin de borax y plomo, que oxidaba losminerales y dejaba libre el oro.

    La plata se explotaba en las regiones deSevilla, Almera, Murcia y Granada, tal comonos sealan Al-Bakri, Ibn Galib, Idrisi yQazwini. Segn Al-Udri, las minas de la reginde Murcia explotaban venas de plata nativa,pero la mayora de los yacimientos eran degalenas argentferas, lo que supona ladesplatacin de los plomos argentferosmediante la copelacin. Segn Al-Dawha, elmtodo ms empleado consista en mezclarel mineral de plomo-plata con plomo y boraxpara obtener un buen rgulo de plomo argen-tfero, que podra ser refinado posteriormentepor copelacin para separar la plata. Se sealaque estas copelas o crisoles estaban fabri-cados con un tercio de huesos calcinados ydos tercios de yeso (Vallve Bermejo, 1980),aunque este extremo no tiene una referenciaprecisa en las fuentes y su realidad no estconfirmada.

    El plomo se explotaba en la regin deMurcia, como producto o subproducto deltratamiento de galenas argentferas. Otrasregiones importantes en la explotacin de lasgalenas eran las de Baza (Granada), cuyaproduccin se destinaba a la produccin deplomo y azufre.

    Las minas de hierro ms importantesestaban situadas en Constantina del Hierro(Sevilla), Alquife (Guadix, Granada), Onda(Castelln), Almera y Montes de Toledo.Importantes fargas estaban situadas enHuesca, Sevilla, Crdoba y Salts. Slo enSaltes se han encontrado residuos de estasfundiciones, aun cuando carecemos de laanaltica de las mismas (Bazzana y Cresier,1989). Estas fraguas estaban especializadas

    en la elaboracin de acero indio o alfinge, cuyo mtodo de fabricacin consistaen recocer el hierro y enfriarlo varias veces para que adquiriera dureza ytemple. La aleacin de estao y hierro consegua una especie de hojalata, quese empleaba en el forrado de las puertas como seala Ibn Galib.

    Segn Qazwini y Al-Zuhri el cobre se obtena en la zona de Granada, Almeray Montes de Toledo.

    Otras explotaciones famosas eran las de mercurio y cinabrio, muy utilizadoscomo colorante en las tinturas. Al-Idrisi cita estas minas en Almadn (CiudadReal) y en Ovejo (Hornachuelos, Crdoba).

    Adems de la industria metalrgica, la minera sirvi para obtener todauna serie de variedades minerales utilizados en la industria textil, cermica,construccin, etc. De los criaderos de la zona de Huelva se citan constantementeen relacin a la Kura de Niebla los tres fuentes del ro Tinto, una de ellas deagua dulce, otra con alumbre sulfato de almina y otra con caparrosa oaceche -sulfato ferroso (Roldan Castro, 1993). La caparrosa era muy utilizadaen las industrias tintoreras como colorante. Otra fuente para la obtencin decolorantes sera el almagre, que se obtena segn Al-Udri en la zona de Mazarrnde Lorca y en la Sierra de Crdoba. Para la industria cermica se empleaba elxido de zinc, abundante en Salobrea (Granada) y Sierra de Crdoba, y elxido de cobalto de la provincia de Granada. Entre las rocas de empleo indus-trial se citan el mrmol, cal, yeso, piedra sangunea o hematites, jacinto,magnetita o piedra imn, marcasita, lapislzuli, rubes y talco.

    Toda esta informacin carece hoy en da de una confirmacin arqueolgica,y segn los datos que aporta Carbonell y Trillo Figueroa (1929) slo puedesostenerse una explotacin altomedieval en la mina de Mirabuenos (Villaviciosa,Crdoba), sobre un yacimiento de galena argentfera, aunque existen indiciosen otras, como la Dehesa de la Plata en Posadas, Ingertal en Almodvar del Rioy Cerro Muriano.

    La pericia demostrada en las explotaciones de galena argentfera deMirabuenos no desmerece de la desarrollada por los romanos en otras minasde la Pennsula Ibrica. La profundidad alcanzada por los trabajos lleg a los102 metros y la longitud de las galeras a ms de 300 metros. En estos trabajosse encontraron herramientas de hierro en forma de martillos, punterolas,cuas, azadas y toneles de madera con cinchos formados por aros de hierro.Dentro de estas labores eran tan abundantes los candiles, redomas y arcaducesque se la llam Mina de los Cacharros.

    Otra mina en la que abundaban los candiles era la de La Tercera, enBelalczar, en el valle de los Pedroches (Carbonell y Trillo Figueroa, 1929).

    Las minas de Posadas se completaban con gran cantidad de escoriales ensus alrededores. Estos escoriales se extienden a zonas al Sur del Guadalquivir,donde no existen yacimientos mineros, pero donde el mineral llegara en brutopara fundirse (Carbonell y Trillo Figueroa, 1929).

  • 21

    21

    En la mina de Ingertal se han descubierto tambin escoriales y entresus restos destacaban los fragmentos de copelas (Carbonell y Trillo Figue-roa, 1929).

    El hierro tambin fue objeto de produccin en las minas de Crdoba. Pruebade ello es el escorial que dio nombre a la aldea de Herreras, al Sur de Posadas,donde tambin se han encontrado cermicas islmicas (Carbonell y TrilloFigueroa, 1929).

    Este mismo autor nos indica explotacin medieval en la mina de MonteRomero-Cueva de la Mora (Huelva), donde el tipo de entibacin, que utilizgruesos troncos de encina entallados unos con otros, podra corresponder apoca rabe (Carbonell y Trillo Figueroa, 1929).

    EL ASENTAMIENTO ALMOHADE EN CERRO SALOMN

    Desde la rehabilitacin de las minas de Riotinto en el siglo XVI, las alusionesa los restos arqueolgicos en Cerro Salomn fueron una constante. Laimportancia de este yacimiento, con dos ocupaciones, una protohistrica y otramedieval, lo convertan en un elemento clave en el anlisis de la historia de laminera de Riotinto y prueba de las posibilidades econmicas que an contenanestos yacimientos minerales.

    La primera referencia moderna sobre el yacimiento de Cerro Salomnse encuentra en el informe del clrigo Diego Delgado de 1556. Este clrigviaj a las minas de Riotinto y otras de la actual provincia de Huelva pororden de Felipe II tras el descubrimiento de la mina de plata de Guadalcanalen 1555:

    ... Ansimesmo, andando en el dicho descubrimiento desta como de otras,vimos muy grandes asientos y edificios de fundiciones y escuriales de lasvenas y metales que los antiguos labraban y se aprovechaban, los cualesescurials son tan grandes que parescen ser muy grandes montaas y cerros;sern estos escuriales que vimos tenan ms de 8 leguas de largo.

    Asimesmo fuimos a ver otra cueva, la cual est llena de agua y sala dedebajo della un ro, el cual se dice ro Tinto; la causa por qu nace por venerosde caparrosa, que por otras partes se dice aceche, de lo que sirve para tinta; yansi todas las orillas de este ro estn llenas de aceche, principalmente en elmes de agosto, y ansi todos los lugares por donde pasa este ro, o cercanosson obligados cada concejo a enviar sus cuadrillas de mujeres y mozos emozas, en todo el mes de agosto, a coger este aceche, y con este aceche paganal Arzobispo de Sevilla ciertos tributos de los cuales ellos estn obligados; losconcejos y otras personas no lo pueden coger en ningn tiempo, porque essuyo, del Arzobispo, so pena de graves penas.

    Ac no saban la causa por qu este roiba teido, hasta que se lo di a sentir y conocercomo naca por veneros de caparrosa, aunquehay otro secreto en ello, lo cual no se lo darporque le guard; y como le vean y ven ireste ro teido, no se dice de otra manerasino ro Tinto.

    En este ro no se cra ningn gnero depescado, ni cosa viva, ni las gentes las beben,ni las alimaas, ni se sirve de esta agua enninguna cosa. Tiene una propiedad esta agua,que cualquier persona que tiene en el cuerpocosa viva como bebe de ella, se lo mata y leecha del cuerpo; otra propiedad les dije quetiene, de lo cual ellos se holgaron de saber, yes que ninguna persona que tuviese mal deojos, que como se lavase con aquella agua,que luego sanara; y esto les di por medicinaen aquella tierra, de lo cual ellos quedaronmuy contentos, porque lo vieron luego porexperiencia. Tiene otra propiedad, que s leechan un hierro en el agua, en pocos das seconsume; esto yo lo prob y tom una ranaviva y la eche al ro, y luego muri sin podersalir del agua. En todo este ro no se hallaarena en l ni cosa suelta, porque todas laspiedras que hay estn presas y pegadas alsuelo con las otras.

    Ansimesmo, andando buscando donde losantiguos tuvieran sus afinaciones para ver sipodamos descubrir alguna que nos diese luzpara ver s sacaban plata o algn otro metal,los cuales pudimos no descubrir por losmontes estar muy cerrados. Recogindonosa nuestro cuartel, hallamos en un cerro, en loms alto, una seal de edificio; all mandamoscavar y a ms de un estado hallose ciertoplomo, que su fin era aprovecharse en plata.

    Preguntando a muchas gentes viejas quehaban odo decir de aquellos edificios,respondieron que haban odo decir queEspaa sola antiguamente dar a los romanosciertos talentos de plata y oro en tributo, y

  • 22

    22

    que de all lo llevaban y no saban ms (PinedoVara, 1963: 47).

    Sobre este interesante texto volveremosms tarde, pues nos aporta las claves de loque pudo ser la explotacin medieval de loscriaderos minerales de Riotinto.

    A mediados del siglo XVII, Rodrigo Caronos dej esta narracin en su descripcin delas minas de Riotinto:

    ... La villa de Zalamea del Arobispo estseis leguas de Aracena, en lo muy fragoso deSierra Morena. Pareciome lugar antiguo, y vien el una inscripcin de Romanos, pero notocante a este intento. Los moradors de alltienen la tradicin (as lo dicen) que las gentesque el rey Salomn embiaba por oro, y plataa aquella tierra, la edificaron, y le llamarondel nombre de Salomn, Salamea. En pruevadesto alegan, que un castillo muy antiguo,que cerca de all est, desde aquel tiempo,hasta el presente, le llaman el castillo viejo deSalomn, y una de las aldeas, que este lugartiene, se llama Abiud, y un ro no lexos deaqu, Odiel, y todos estos nombres sonhebreos, impuestos por aquellas gentes; estoes lo que o decir all a los clrigos, y hombresancianos. (Caro, 1634: 210-211).

    Los restos de fundiciones antiguascatapultan la peticin de licencias paraexplotar los minerales.

    La mina sera finalmente puesta enexplotacin por el sueco L. Wolters. A sumuerte su sobrino Samuel Tiquet se haracargo de los trabajos. Uno de sus empleadosespaoles, Francisco Toms Sanz, se conver-tira en su mano derecha y juntos iniciaran laverdadera produccin de cobre a travs de lafundicin de partidas de mineral cobrizo y laprecipitacin de las aguas cidas de la minaen cubetas con hierro. Toms Sanz seguira

    como gerente de las minas despus de la muerte de Tiquet y de hecho sera elverdadero dueo de ella, que debido a su auge origin un nuevo pueblo minero,Riotinto, construido en la falda meridional de Cerro Salomn. En una de susvisitas subterrneas en busca de nuevas mineralizaciones, en Julio de 1762, enla llamada Caera de Nerva, prxima al Filn de los Planes, descubri unaplaca de metal erigida en honor del emperador Nerva. En la exploracin de estagalera se produjo un repentino derrumbamiento y murieron algunos mineros.En un escrito publicado ese mismo ao en Sevilla da cuenta del descubrimiento,y en l vuelven a encontrarse algunas referencias al yacimiento de CerroSalomn:

    Como aquel antiqusimo conducto tira de Sur a Norte, se cree, nos des-cubrir el secreto, hasta ahora ignorado, de la entrada, y desage de la MinaPrincipal, que cae debaxo del antiqusimo Castillo, que las corona, y se llama deSalomn.

    No carecen de fundamentos lo que ensean graves authores que de estesitio se sacaron metales, que se llevaban para el templo de Salomn, tanfamoso en la escritura Santa. Fuera de las razones en que se fundan, secomprueba esta opinin con no leves conjeturas del sitio, donde se conservanrastros de antigedad hebrea. Salamea del Arzobispo villa la ms cercana delas minas, se piensa tom su nombre de Salomn. Tiene dicha villa una aldea,que con nombre hebreo se llama Abiud. Tambin lo es el nombre Odiel de unro, que nace all junto, y ltimamente al enmarrarse mezcla sus aguas con elTinto. Un antiqusimo castillo oy arruinado corona las minas, al que llamanCastillo de Salomn. (Sanz, 1762).

    Todos estos autores que se haban ocupado de Riotinto siempre hacanmencin a las ruinas del castillo de Salomn como el elemento ms destacablede la historia de estas minas, pero la verdadera naturaleza de este yacimientotodava tardara en conocerse.

    A finales del siglo XIX una compaa britnica se hara cargo de la explotacin.Con la Rio Tinto Company Limted comenz la extraccin industrial de mineralespor medio de grandes cortas (opencast), y una de ellas afectara sensiblementeal yacimiento de Castillo de Salomn. El Cerro de Salomn se encontraba en elcentro de las mineralizaciones de Filn Sur y Filn Norte (figura 1). La corta deFiln Sur seccion su falda meridional, y de las tres cortas de Filn Norte, CortaSalomn, Corta Lago y Corta Dehesa, la primera afectara particularmente a losrestos arqueolgicos. La propia compaa minera cre un museto en el barriovictoriano de Bellavista, donde se fueron depositando los objetos que aparecanen la ampliacin de los trabajos mineros. Algunos de estos elementosarqueolgicos pasaron con el tiempo al Museo Minero de Riotinto, y a ellosdedicaremos nuestra atencin, pues son los nicos que ayudan a otorgar unacronologa a la ocupacin medieval del yacimiento.

  • 23

    23

    Habr que esperar a la dcada de los aos 70 para que se realicentrabajos arqueolgicos en lo que quedaba an del primitivo asentamientode Cerro Salomn. Algunos objetos depositados en el museito de compaaminera delataban la entidad del yacimiento, y A. Blanco Freijeiro dedic aellos una primera publicacin (Blanco Freijeiro, 1962), aunque, sin embargo,en ella no se recogen ninguna referencia a la ocupacin medieval del yaci-miento, pues la mayor abundancia de material protohistrico y las evidenciasclaras de metalurgia de la plata en esta fase (escorias, vasijas con adherenciasde xido de plomo, etc) despertaron un mayor inters por este momento,claramente relacionado con la cultura tartssica. Aunque se haca notar entodos los casos la existencia de una ocpacin medieval, en ninguno se prestinters a estos restos ante la falta de evidencias metalrgicas relacionadas conellos.

    El yacimiento sera finalmente excavado acausa de la ampliacin de las operacionesmineras, que si bien anteriormente habandestruido las faldas norte y sur, ahora seextenderan sobre toda la superficie del cerro,donde estaba proyectada la realizacin de lagran corta de Cerro Colorado, que unira todaslas extracciones al aire libre en Filn Norte ySur para la produccin de oro y plata (RioTinto Patio S.A.). La compaa minera per-miti que la Universidad de Sevilla desarrollarados campaas de excavaciones en el yaci-miento, aunque stas se concentraron en los

    Fig. 1 Yacimientos medievales minero-metalrgicos en Huelva.

  • 24

    24

    restos protohistricos (Blanco, Luzn y Ruiz,1970).

    En la publicacin de los resultados deesta investigacin se dibujaron tambinalgunas cermicas medievales recgidas ensuperficie, entre ellas como ms significativasfragmentos de un ataifor carenado, unacazuela de costillas con vedrio melado yalgunas asas con vidriado verde (figura 2).Sirvieron para fechar los restos del castilloen poca almohade, pero no se realizaronplantas o croquis de la construccin medi-eval que coronaba el cerro, que no obstantefue identificada con el Castillo de Salomn dela literatura del renacimiento (Blanco, Luzny Ruiz, 1970). En la publicacin se acompaauna fotografa de la construccin medieval,un muro de mampostera que acaso no puedacorresponder a la ocupacin medieval, sino alos restos de un santuario de poca romanaque puede relacionarse con otros restosaparecidos anteriormente en este yacimiento.Por ello, no creemos que el denominadoCastillo de Salomn sea una fortificacinmedieval, sino el nombre que dio la fantasapopular a todos los restos arqueolgicos quecoronaban el cerro. No he encontrado ningunareferencia a muros de tapial como era deesperar en una construccin defensiva depoca almohade, y me inclino a considerarque el poblado medieval era un hbitat abiertoy disperso por toda la cumbre del cerro.

    Despus de estas excavaciones elyacimiento desapareci a consecuencia delas operaciones mineras, pero en el transcursode ellas se recogieron algunos materialesarqueolgicos que se depositaron en elmuseito de la compaa minera. La cronologaalmohade del yacimiento pudo ser confirmadapor un pequeo tesorillo de dirhemsalmohades, del cual se conservan hoy cuatromonedas en el Museo Minero de Riotinto; lasrestantes se repartieron entre los ingenieros

    Fig. 2 Materiales islmicos de Cerro Salomn. (Segn Blanco, Luzn y Ruiz).

    responsables de las operaciones de minera. Entre las cermicas que seencuentran en este museo corresponden a este yacimiento tres candiles decazuela carenada, una embocadura de jarra con filtro, y cuatro fragmentos decermica estampillada, dos con motivos epifrficos en cfico y otros dos conmotivos fitomorfos (figuras 3 y 4). No existen materiales que indiquen unaocupacin anterior del periodo del Califato o poca de las Taifas.

    El inters que me ha llevado a comentar detalladamente las noticias yelementos arqueolgicos conocidos de este yacimiento, no era valorar sucronologa, ya suficiente detallada por autores anteriores (Blanco, Luzn yRuiz, 1970), sino indagar en la finalidad de este asentamiento medieval en unlugar carente de toda posibilidad de desarrollo en una economa agroganadera.

  • 25

    25

    Es decir, la especial situacin del yacimiento debi estar relacionada de algunaforma con el trabajo de los minerales, pues el yacimiento se situ sobre ellos.De haber primado otro tipo de actividad, la poblacin habra buscado otro lugarfuera del entorno minero de Riotinto, una tierra yerma ocupada por escoriales,escombreras romanas, y el ro Tinto, que como expona Diego Delgado mata yabrasa todo lo que se sumerge en su cauce.

    Pero ninguno de los autores que se han ocupado de la historia de Riotinto,tanto desde el punto de vista arqueolgico como metalrgico, ha credo enuna explotacin medieval de los depsitos minerales. La razn es bien sencilla,faltan restos de fundiciones o escoriales asociados a materiales medievales.Por su tecnologa, las escorias de Cerro Salomn, de slice libre, no se pueden

    relacionar con los restos medievales (Blancoy Rothenberg, 1980; Prez Macas, 1996a).Tampoco en la zona de escoriales ha apa-recido un nivel medieval, ni restos medievales,que hagan pensar en una fundicin de losminerales de Riotinto (Blanco y Rothenberg,1980; Perez Macias, 1996b). Si no se dedica-ron a la explotacin y fundicin de minerales,qu relacin tena esta poblacin medievalcon ellos? A esta pregunta intentaremosresponder al final de este trabajo, antes vamosdescribir qu mineralizaciones y mineralesse encuentran en las minas de sulfuros delCinturn Ibrico de Piritas.

    LOS RECURSOS MINERALES DEL SUROESTEIBERICO

    Se conoce por Cinturn Ibrico de Piritas(Faixa Piritosa) a un grupo de mineralizacio-nes de sulfuros polimetlicos y yacimientosde manganeso, de origen comn, que seextienden por todo el Suroeste Ibrico, desdela mina de Aznalcllar en la provincia de Sevillahasta la mina de la Sierra de Caveira en Por-tugal. La provincia de Huelva engloba la mayorparte de los yacimientos minerales, con treshitos importantes en las minas de Riotinto,Tharsis y Sotiel Coronada.

    El Cinturn Ibrico de Piritas se encuen-tra inmerso en la Zona Surportuguesa,limitada al norte por los materiales msantiguos de la Zona Ossa Morena. La ZonaSurportuquesa constituye la mayor parte delsector centro-meridional de la provincia deHuelva (Andvalo), as como el Este de laprovincia de Sevilla, y linda al norte con laSierra de Aracena. La Zona Ossa Morenaconstituye el sector noroeste de la reginandaluza, y ocupa el norte de las provinciasde Huelva (Sierra de Aracena), Sevilla, Cr-doba y Jan.

    Fig. 3 Cermicas islmicas de Cerro Salomn. (Museo Minero de Riotinto).

  • 26

    26

    Las mineralizaciones estn ntimamenteligadas con el fenmeno de vulcanismo sub-marino que las provoc. En este vulcanismose producen manifestaciones finales de tipofumarlico que emiten azufre y metales en elfondo marino, donde precipitaran en formade sulfuros, que son el origen de los SulfurosMasivos. En las grietas de acceso fumarlicotambin precipitaron sulfuros produciendomineralizaciones de tipo stockwork. Tanto lasemisiones fumarlicas (Sulfuros Masivos)como la precipitacin de sulfuros en los ca-nales fumarlicos (Sulfuros de Stockwork)son contemporneos, y existe relacin estra-tigrfica entre ambas mineralizaciones. Lossulfuros masivos presentan una posicinsuprayacente con respecto a los stockwork.La mineralizacin de tipo stockwork sufrialteraciones relacionadas con el procesofumarlico: cloritizacin, silicificacin y seri-citizacin. Cuando una masa de sulfurosmasivos no se encuentra sobre una minera-lizacin de tipo stockwork, se supone que ladeposicin de los sulfuros masivos se produjoen taludes submarinos con cierta pendiente,donde pudo sufrir desplazamientos porgravedad que los alej de su relacin genticacon el stockwork (Garca Palomero, 1980).

    Las mineralizaciones a qe dieron lugarlas emisiones fumarolgicas son las siguien-tes:

    Mineralizacin diseminada. Est for-mada por cristales de sulfuro dentrode las lavas cidas y bsicas. Se inter-preta como formada a partir de losfluidos que acompaan a las lavasy que quedaron retenidos en ellasdurante la consolidacin.

    Mineralizacin en vetas (Stockwork).Consiste en una trama de vetas desulfuros relacionados con los centrosde actividad fumarlica. Es muy irre-

    Fig. 4 Cermicas islmicas de Cerro Salomn. (Museo Minero de Riotinto).

    gular ya que puede ser desde mineralizacin diseminada hasta una faltatotal de la roca encajante y slo sulfuros.

    Mineralizacin sedimentaria (Sulfuros Masivos). Se forma en el fondomarino por la cristalizacin de los componentes minerales existentes enellas. Tienen estructura estratiforme y se presentan bajo la forma degrandes lentejones o en forma de niveles poco potentes. La cristalizacinno siempre se produjo de manera paralela con la deposcin de las rocasvolcnicas, y pudo oriqinarse posteriormente a partir de los elementoscontenidos en las aguas y los sedimentos, ocasionando de esa formauna mineralizacin diseminada.

    Mineralizacin en fracturas tectnicas. Se produce cuando unamineralizacin ya formada sufre las consecuencias del plegamiento

  • 27

    27

    hercnico con removlizacin hacia zonas de fractura. Esta removilizacinpuede determinar microrremovilizaciones en las vetas ya formadas yrecristalizaciones, particularmente en el cuarzo, galena, calcopirita, barita,calcita, cobres grises y arsenopirita.

    Las masas de piritas han sido clasificadas en tres grupos por I. Pinedo Vara(1963). Partiendo del hecho de que las piritas, bisulfuros de hierro, puedenpresentar otros elementos importantes como el arsnico (piritas arsenicales),el cobre (piritas ferrocobrizas), etc, estas masas pueden ser de piritas normales,piritas marginales y piritas magnticas.

    Las piritas normales son las ms comunes. Se caracterizan por los altoscontenidos de azufre, de arsnico y leyes no constantes de cobre. Unacomposicin aproximada de estas piritas aportara la siguiente proporcin deelementos minerales:

    S ................... 47,82%Fe ................. 45,01%Cu ................ 0,38%Pb ................ 0,13%Zn ................. 0,48%As ................. 0,23%Slice ............ 5,70%

    Las piritas marginales presentan llamativos afloramientos de xidosde hierro. Se caracterizan por su escaso contenido de impurezas metlicas,como el cobre, arsnico, plomo o zinc. Un anlisis aproximado arrjara estacomposicin:

    S ................... 38,65%Fe ................. 40,45%Cu ................ 0,08%Pb ................ 0,02%Zn ................. 0,04%As ................. 0,06%Slice ............ 11,24%

    En su mayora se asocian a mineralizaciones discontinuas, con mezclas debisulfuro de hierro y xido de hierro.

    Se entiende por piritas magneticas aqullas en las que el contenido enhierro no aparece en forma de bisulfuro sino de Pirrotina (sulfuro de hierro) oMagnetita (xido de hierro). Tienen proporcin variable de arsnico, alta en

    cobre e inferiores en azufre que las normales.Las leyes aproximadas en estas piritas son:

    S................... 36,29%Fe ................. 41,66%Cu ................ 4,09%Pb ................ 0,70%zn ................. 1,53%As ................. 0,34%Slice ............ 1,46%

    Dentro de las piritas los elementos prin-cipales son el hierro y el azufre, que suponencasi el 91 por ciento de la masa mineral. Laslice alcanza proporciones de un 4 por cientodel total y el 5 por ciento restante correspondea elementos minoritarios, entre los que seencuentran el plomo, zinc, arsnico, oro, plata,cobalto, selenio, cadmio, talio, indio, germa-nio, nquel, manganeso, titanio, bismuto yantimonio. Los ms frecuentes son el cobre,con 0,3% a 1,5% aproximadamente, plomo,con 0,2% a 0,7%, zinc, con 0,4% a 2,00%, yel arsnico, con 0,2% a 0,7%. Los otroscomponentes se encuentran en leyes tan bajasque sus porcentajes deben expresarse, salvoacumulaciones en zonas de enriquecimientosecundario, en gramos por tonelada (ppm).

    Dentro de las minas de piritas se encuen-tran tambin mineralizaciones de sulfuros conproporciones importantes de galena, blendao calcopirita. Estos son los Sulfuros Com-plejos.

    La caracterstica ms notoria al llegar aestos yacimientos es la montera ferrugi-nosa (gossan). Las minas antiguas, o losrestos de minas, se encuentran en su mayoraen el nivel inferior de la zona gossanizada,incluso alguna en el propio contacto. Eldesarrollo de las mismas se produce, sinembargo, dentro del gossan, abandonndosela galera al encontrar roca infrayacente, nogossanizada.

  • 28

    28

    Qu minerales de inters pueden encon-trarse en estas monteras de xidos? Por quse cncentran las minas en las zonas msbajas del gossan?

    A continuacin vamos a desarrollar unaserie de conceptos que nos sirvan de orien-tacin para intentar aclarar esos plantea-mientos. Comenzaremos describiendo elconcepto de gossan.

    Se entiende como gossan una roca for-mada por xidos e hidrxidos de hierro,solos o mezclados con otras rocas, y quedirecta o indirectamente proceden de lameteorizacin de yacimientos prximos desulfuros. La gossanizacin es un proceso demeteorizacin que, en funcin de que afectea un tipo determinado de roca u otro, originardistintas variedades de gossan:

    Gossan Masivo.

    Originado en las masas de sulfurosmasivos. Normalmente ha sido desmanteladocon objeto de extraer los sulfuros masivosque se encuentran por debajo.

    Prfido Gossanizado.

    Se produce con la gossanizacinde stockworks de sulfuros. En el gossan destockworks la roca de caja es materialvolcnico (tobas, lavas brechadas, etc).

    Rocas piroclsticas y pizarras gossa-nizadas.

    Se origina por la impregnacin de xidosde hierro en las rocas piroclsticas y pizarras,sin contenidos iniciales de azufre.

    Gossan Transportado

    Consiste en la precipitacin de xidos dehierro a partir de aguas superficiales.

    El gossan masivo est constituido porconcreciones limonticas, incluidas tambinen una matriz limontica, mientras en el

    gossan a partir de stockworks, aun presentando iguales caractersticas que elgossan masivo, sus proporciones respecto a las rocas de caja son pequeas.

    El hecho de que las minas se encuentren en el contacto de una zona queviene determinada por un proceso de meteorizacin, nos induce a pensar quelas extracciones de estas minas, no son de mineralizacin primaria sino, msbien, de minerales que han sufrido un cierto proceso de transformacin derivadode la propia meteorizacin. Por tanto, a contnuacion analizaremos los procesosmineralgicos que se produce durante la meteorizacin.

    Dejando al margen las alteraciones derivadas de los originales procesosvolcnicos y fumarlicos, el fenmeno que est actuando, desde los tiemposgeolgicos recientes, es debido a la accin de las aguas metericas, y consisteespecialmente en Hematizacin y Caolinizacin de gran intensidad.

    Han sido descritos en estos yacimientos tres niveles de alteracin. De ellosel que ms nos interesa es el que ocupa la posicin ms superficial, que recibela denominacin de zona de oxidacin o de infiltracin, y se sita entre lasuperficie topogrfica y el nivel fretico subterrneo. Viene directamente influidopor l infiltracin de las aguas metericas en estos yacimientos de sulfuros.

    Las caractersticas de esta zona son:

    Formacin de minerales oxidados. Movimiento vertical de las aguas de superficie. Fenmenos tpicos:

    - Desaparicin del azufre.- Dispersin de ciertos elementos minerales.- Formacin de minerales oxidados.

    En las relaciones que se verifican intervienen fundamentalmente el aguasuperficial que, al llevar oxgeno disuelto, resulta un reactivo oxidante.

    Esta zona de oxidacin es de gran magnitud, y presentaba en Cerro Colo-rado (Riotinto) unos ochenta metros de potencia. Teniendo en cuenta que nosestamos refiriendo a una zona con cierta actividad qumica y que esta actividadpuede favorecer procesos mineralgicos de inters, describiremos acontinuacin el comportamiento de algunos metales originales en esta zona deoxidacin (Martn Gonzlez, 1981):

    Hierro.La pirita en estas condiciones y en presencia de oxigeno y humedad,reaccionar y dar finalmente hidrxido de hierro:

    2 S2 Fe + 7 O2 + 2H2O = 2 SO2 + 2 SO2 H24 SO4 Fe + 2 SO4 H2 + O2 = 2 (SO4)3 Fe3 + 2 H2 O(SO4)3 Fe2 + 6 H2 O = 2 Fe (OH)3 + 3 SO4 H2

  • 29

    29

    Este hidrxido de hierro formado es poco soluble y se separa en forma degel, que se deshidrata y se transforma en limonita.

    El hidrxido frrico final es considerado como el productor de una serie devariedades de minerales surgidos por diferencia de grados de hidratacin y deaspecto.

    La mayor parte de la limonita de estos afloramientos es hematites (Fe2 O3)y goethita (Fe2 O), junto a cantidades variables de jarosita [(SO4)2 K Fe3 (OH)6].

    El gossan se va formando como consecuencia de la gran insolubilidad delos hidrxidos, que se depositan y permanecen en la zona de oxidacin, con locual al ser eliminada la mayor parte de los otros constituyentes de los sulfurosfrricos se produce un considerable aumento del contenido de hierro.

    Cobre.Al contrario de lo que sucede con el hierro, el contenido de cobre desciende

    en la zona de oxidacin. La calcopirita se oxida y da sulfato de cobre, que essoluble y emigra hacia abajo, y el sulfato de hierro pasa a limonita y a azufre,que a su vez puede pasar a formar cido sulfrico.

    S2 Cu Fe + 4 O2 = SO4 Cu + SO4 Fe

    Zinc.El sulfato de zinc tambin se disuelve fcilmente y emigra con facilidad.

    S Zn + ZO2 = SO4 Zn

    Plomo.El sulfato de plomo, sin embargo, reacciona con gran dificultad con las

    aguas de superficie, hacindolo muy lentamente. Pero presenta cierta tendenciaa pasar a carbonato de plomo. Por esto y por la baja capacidad de reaccin sepuede encontrar, a veces, algo de galna en la zona de oxidacin, ya que lossulfatos o los carbonatos que se forman ofrecen una pelcula que impide lapenetracin del oxgeno hacia el resto del mineral.

    S Pb + 2 O2 = SO4 Pb

    Con cierta frecuencia aparecen en esta zona de infiltracin ciertos mineralesde plomo oxidado, como la plumbojarosita (SO4)2 Pb Fe6 (OH)4 o labeudantita (504/As O4) Pb Fe2 (OH)6.

    Bario.Su comportamiento es similar al del plomo. El sulfato de bario (baritina) es

    poco soluble, y se puede acumular en ciertas cantidades en la zona de oxidacin.

    Oro.El oro resiste la disolucin y permanece en la zona de oxidacin, induciendo

    una concentracin residual por prdida de otros elementos ms mviles. Detodas formas, algo de oro es lentamente transportado a travs de la zona de

    oxidacin, llegando a concentrarse relativa-mente en los lugares ms bajos.

    El movimiento del oro se puede justificarpor varios procesos: emigracin mecnicade partculas, o en soluciones acuosas coloi-dales segn procesos de sulfatacin o halo-genacin. El oro transportado coloidalmentepuede quedar depositado con la accin deelectrlitos, y bajo la influencia de ciertosminerales como la baritina, caolinita y elcuarzo, que lo pueden extraer de las solu-ciones.

    Plata.Se presenta ms abundante que el oro, y

    tambin manifiesta un enriquecimiento rela-tivo en la zona de oxidacin por eliminacinde otros elementos.

    Parte de la plata puede reaccionar con elsulfato frrico segn:

    2 Ag + (SO4)3 Fe2 = SO4 Ag2 + SO4 Fe

    El sulfato de plata, e incluso la plata, sonmuy inestables en la zona de oxidacin, loque permite que sta sea a veces extrada delas soluciones y depositada como Cl Ag, obien como plata nativa. Sin embargo, sonms frecuentes las acumulaciones terrosasde color amarillento de argentojarosita (SO4)2 Ag Fe (OH)2 (Martn Gonzlez, 1981).

    En el caso de la plata, las condiciones deemigracin son algo ms favorables que parael oro, lo que permite mayores desplaza-mientos.

    Dentro de esta zona de oxidacin se handescrito tres subzonas sucesivas en pro-fundidad, aunque no siempre se presentan(Martn Gonzlez, 1981). De hecho la mshabitual y la que presenta mayor inters paraeste estudio es la superior, denominadasubzona superficial de minerales oxidadoso gossan (cobertera o montera de hierro). Es

  • 30

    30

    la ms extendida, y puede ser la nica enciertas reas, llegando hasta potencias de 70metros. Est caracterizada por el gossan, quese presentar en cierta cantidad, derivada dela cantidad original de sulfuros.

    La subzona del gossan es meteorizadacon ms intensidad que las dems y es la quesufre mayores modificaciones. Su importanciase centra en el gossan, por las posibilidadesderivadas de la concentracin de elementosmetlicos como el oro y la plata.

    En lo referente a la composicin rese-amos a continuacin una tabla de valoresesenciales referidos a valores medios enmasas de sulfuros relacionndolos con valo-res en el gossan masivo (Garca, Bedia, Garcay Sides, 1986).

    Sulfuros Masivos Gossan Masivo

    S ............. 45-50%Fe ........... 35-45%Cu ........... 1% Trazas.Zn ........... 2% Trazas.Au ........... 0,3-0,5 ppm 1,6-2,5 ppmAg ........... 30-40 ppm 40-50 ppmPb ........... Trazas 1-2%

    Williams (1950) investig una capa detierras que, con variado colorido y pocapotencia, se hallaba en la base del gossan deCerro Salomn. Los anlisis de composicinrealizados detectaron, entre otros minerales,la presencia de:

    Jarosita. Plumbojarosita. Querargirita Cl Ag. Argentojarosita. Argentita S Ag2. Estembergita S3 Fe2 Ag. Estromeyerita S (Cu Ag)2. Proustita As S3 Ag3. Plata nativa. Oro nativo.

    La presencia de sulfuros, como podr suponerse por propia gnesis, esescasa en el gossan Su permanencia se debe a la ocupacin de ciertos lugaresque los han protegido de la oxidacin.

    Como resumen, deben destacarse algunos de los puntos anteriores:

    El entorno de las minas, como integrante de la zona surportuguesa, hasufrido etapas de tensiones que se han manifestado entre otros hechosestructurales, en forma de alineaciones como zonas de fracturas o bienorientacin de las rocas brechoides (stockworks).

    La meteorizacin produce en los sulfuros una zona oxidada, que es msabundante cuando se desarrolla sobre sulfuros masivos que cuando lohace sobre stockworks.

    En ciertos lugares del stockwork la densidad de vetillas es tan alta queprcticamente desaparece la roca.

    Minerales terrosos tpicos como la limonita o la jarosita, enriquecida enmetales preciosos se presentan acumulados en zonas trampa.

    Estos lugares trampa vienen determinados bien en zonas de fracturasestructurales, o bien por huecos derivados de la oxidacin de los sulfuros,tanto sulfuro masivo como en conjunto de vetas de stockworks. Ambosprocesos favorecen la formacin de huecos.

    La acumulacin de materiales terrosos se produce mayoritariamentehacia niveles ms bajos de estas rocas fisuradas y oquerosas.

    El depsito se producir por razones qumicas de precipitacin, opor razones mecnicas de arrastre y colmatacin de huecos, ya quegeneralmente el tipo de roca infrayacente y menos meteorizada es msdensa.

    Los puntos de acumulacin, por sus caractersticas litolgicas yestructurales, son de menor consistencia que el entorno.

    La existencia en los niveles ms bajos del gossan de acumulaciones terrosascon potencia rentable de metales preciosos en unas localizaciones mecni-camente debilitadas y de relativa continuidad, han inducido a los mineros anti-guos a su extraccin a lo largo de galeras que iban recorriendo estas zonas deacumulacin terrosa enriquecidas en plata y oro.

    LA MINERA HISPANOMUSULMANA EN EL SUROESTE.

    De esta forma, el minero antiguo tuvo a su disposicin en las minas delsuroeste la posibilidad de conseguir hierro, cobre y plata. El hierro, comosucedi en poca romana, era fcilmente obtenible del tratamiento de la monterade gossan; aunque el hierro no fuera de calidad, la proporcin de arsnico enestas monteras, de complicada eliminacin en las operaciones de tundicin,

  • 31

    31

    proporcionaba una mayor dureza al metal y le prevena de la herrumbre (HuntOrtiz, 1988).

    La plata e encontraba en niveles rentables en la zona jarositica, donde seacumularon minerales de plata como la plumbojarosita, jarosita, argentita,querargirita, etc. Existen evidencias de que en poca romana estos niveles deminerales de plata fueron intensamente explotados en todos los cotos minerosdel suroeste, y fue el principal sostn de la produccin metlica.

    El cobre se encontraba en la zona de enriquecimiento secundario, pordebajo del nivel jarositico, bajo la forma de sulfatos como los famosos negrillosy cobres grises de la bibliografia minera de la provincia de Huelva (PinedoVara, 1963).

    Aunque se repite en algunas ocasiones que en la antiguedad estas minasprodujeron oro, los valores de este mineral en los depsitos de suroeste, unos2 gramos por tonelada de mineral, impedan su aprovechamiento. Su explotacinno se ha iniciado hasta la dcada de los aos ochenta de este siqlo, merced ala depuracin de tcnicas mineralrgicas como la cianuracin. Todas lasreferencias a la produccin de oro carecen, pues, de argumentos arqueolgicos,metalrgicos y geolgicos.

    Los datos aportados por recientes trabajos de prospeccin en las minas deHuelva, han revelado la inexistencia de elementos que puedan relacionarse conuna minera extractiva medieval (Prez, Gmez, lvarez y Flores, 1991). Tampocoen la bibliografa de la zona minera se encuentran referencias a la restosmineros medievales (Pinedo Vara, 1963; Gonzalo y Tarin, 1886). En la zonaportuguesa tambin se testifica la inexistencia de labores mineras medievales,como en San Domingos (Aldana, 1864), en Aljustrel (Viana, Freire y Veiga,1956; Freire dAndrade, 1967; Almeida, 1970; Domergue, 1987; Estorninho,Martins, Ramos y Muralha, 1994), o en otros cotos mineros (Flores y Araujo,1945; Domergue, 1987).

    La falta de restos metalurgicos que puedan relacionarse con una explotacinmedieval de las minas (Salkield, 1970) confirman esta ausencia de prcticasmetalrgicas en la mayor parte de las minas del suroeste. No obstante, esconclusin puede ser explicada con los datos aportados por las investigacionesen estas minas. Sabemos que ya durante el siglo II d.C. los niveles jarositicosestaban prcticamente agotados en todos los yacimientos, y sta seria la causaprincipal del receso de la minera en poca del Bajo Imperio. Por otra parte, lossulfatos de cobre fueron sistemticamente rapiados por medio de pequeasgaleras. Slo existieron posibilidades de aprovechamiento metalrgico de lamontera de gossan, que como hemos comentado contaba con grandes reservas,pero su calidad era baja en relacin a la metalurgia del hierro. No extraa asque en los grandes depsitos de piritas no se encuentren seales de produccinmetalrqica de poca medieval. La minera moderna comenzara con la explo-tacin de los sulfuros primarios, no explotados anteriormente, mediante denuevas tcnicas hidromineralrgicas como la Cementacin.

    Volviendo al tema que nos ocupa, quexplicacin pueden tener entonces yaci-mientos como Cerro Salomn? Creo que larespuesta se encuentra en los informes delos primeros exploradores de siglo XVI comoDiego Delgado. Este autor nos sealaba quelos habitantes de la Aldea de Riotinto, actualNerva, se dedicaban a recoger la Caparrosa(sulfato de hierro) para pagar el diezmo alArzobispo de Sevilla, bajo cuya jurisdiccinse encontraban al pertenecer al trmino deZalamea del Arzobispo. Este residuo es muyabundante en las minas, y en el mes de agostose poda recoger fcilmente en las orillas delro Tinto, que naca en las masas mineralespor veneros de Caparrosa. Su color rojo seutilizaba como tintura y colorante, y era tanapreciado que servia para pagar el diezmo.

    Esta explotacin de la Caparrosa, muyabundante en todas las minas del Suroeste, aquien se debe el color rojizo de todas lasaguas que salen de las minas, pudo iniciarseen poca islmica y perdurar, como en elcaso de Riotinto, en la Baja Edad Media. Eraun producto descubierto desde la poca delCalifato, tal como indica su alusin conrespecto a la Kura de Niebla (Vallve Bermejo,1980), de la que en un principio dependeraeste coto minero. Sin embargo, a partir delsiglo XI d.C. es posible que la zona de Riotintopasara a la jurisdiccin de Sevilla, y as trasla conquista pas, como otras zonas de laKora de Sevilla (Almonaster) a manos delArzobispo de Sevilla, mientras el Reino deNiebla fue cedido a Doa Beatriz, hija deAlfonso X el Sabio (Ladero Quesada, 1992).El repartimiento de la tierra de Niebla serealizara con moros sabidores del terreno(Anasagasti y Rodrguez, 1984), y en l estnperfectamente delimitados sus lmites, queno incluan la zona de Riotinto.

    Esta actividad de explotacin de laCaparrosa con destino a la industria tintorera

  • 32

    32

    no seria exclusiva de Cerro Salomn. Ya hacealgunos aos dimos a conocer algunos recin-tos fortificados en el Andvalo, situadosalgunos de ellos sobre las monteras de gossande algunas minas (Prez, Roldn, Funes yLorca, 1987). De ellos el Castillo de Almo-nago, sobre la mina de La Mimbrera (ZalameaCopper Mining), y Castillo de Buitrn, sobrelos criaderos del Barranco de los Bueyes,pudieron estar dedicados a esta mismaproduccin, pues, como en Riotinto, de laslabores romanas abandonadas sala aguacargada de sulfato de hierro (Caparrosa), queen verano, en el receso de agosto, se depo-sitaba sobre los lchos de los arroyos.

    Pero a pesar de que en los principalescotos mineros del suroeste no existan huellasde explotacin metalrgica en poca medie-val, la fundicin de minerales de hierro estdocumentada, como sealamos en la intro-duccin, en yacimientos como Salts (Bazzanay Cressier, 1987). Existiendo a corta distanciagran cantidad de yacimientos mineros, en losque el mineral ms abundante es hierro bajola forma de xido, hidrxido y sulfato, resultadificultoso plantear que el mineral vendra deotras zonas mineras. Si en la mayor parte delos yacimientos mineros no existen huellasde fundiciones medievales, de qu yacimien-tos procedera el mineral fundido en Salts?

    No es fcil responder a esta pregunta, perola investigacin arqueolgica llevada a cabo enlas minas de Huelva puede contribuir a solu-cionar este problema. Uno de los yacimientosen los que se ha documentado fehacientementeesta minera y metalurgia del hierro es elyacimiento del Llano de la Torre de Aroche.Las prospecciones y excavaciones que hemosrealizado en l en los ltimos aos aclaran encierta forma esta contradiccin.

    Sobre el yacimiento alto-medieval de ElLlano de la Torre se han realizado variostrabajos arqueolgico de urgencia debido a

    las construcciones planificadas en el mi