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Heri e reparao manacaAt agora, enfatizamos os aspectos positivos e idealizados do arqutipo do heri. A instncia psquica que realiza a batalha com o estado de inconscincia original, que luta para diferenciar-se dos valores parentais e estabelecer uma identidade prpria.Contudo, possvel pensar em outras funes para o arqutipo do heri que, em condies patolas, pode ser ativado desde a infncia.Quando a me no supre as necessidades do beb, e prevalecem as experincias ms, forma-se um casal de pais maus no mundo interno do beb. Ativa-se uma cena primria negativa, e os pais protetores e nutritivos se transformam em monstros assassinos. Nessa circunstncia, as qualidades do heri apareceriam pela necessidade da criana lidar com os pais transformados em inimigos devastadores. Com o passar dos anos, ao entrar na adolescncia, reativa-se a cena primria negativa e as experincias de abandono e rejeio voltam tona (Sidoli, 1995, p. 46 e 51).Uma outra caracterstica ligada ao heri o estar sempre em ao. Esse mecanismo de defesa tpico adolescente tenta afastar a tristeza, a culpa e a preocupao, mas destri a capacidade de reflexo. uma forma de sair rapidamente da ambivalncia, uma defesa regressiva que leva o adolescente de volta a estados infantis. Ao mesmo tempo, atravs do sentimento de poder que a ao transmite, o adolescente tende a experimentar uma sensao de triunfo onipotente e arrogncia[...] (Ibdem, p. 52).Miranda Davies (1995) tambm sugere que determinadas atitudes hericas funcionam como uma defesa a dependncia, impotncia, depresso e desamparo. A autora faz uma relao entre os mitos de heri estudados por Jung em Smbolos da Transformao e o jogar manaco que observa em seu consultrio, garotos passando-se por Batman, Super-Homem, etc. Se um garoto usa muito esse mecanismo quando frustrado e ansioso, ele tende a entristecer-se e perceber-se mal equipado para lidar com a realidade (Davies, 1995, p83).Ao que nos parece, M, o caso mencionado no incio deste trabalho, utilizou-se desse tipo de recurso contra as ameaas que sentia. Estas provinham, inicialmente, de ambas figuras parentais. Sua me, apesar de disponvel e prxima, no conseguia colocar-lhe limites. J o pai manteve-se abandonador, pois, nos poucos contatos que fizera, era distante afetivamente, exigente nos deveres e agressivo quando contrariado.Alm das figuras parentais algo ameaadoras, a adolescncia exacerbava-lhe o conflito edpico. M, que nunca havia se deparado com um rival, teve que aceitar o padrasto em sua casa. O rapaz, desvitalizado nas lutas da sua etapa de vida, como encontrar uma companheira, ou vencer os estudos, dedicava-se com afinco a ser um samurai moderno. Negava assim, a sua dependncia e impotncia.O fim da adolescnciaO final da adolescncia se daria quando o jovem sente-se seguro e no precisa mais do seu grupo para auto-afirmao. Isso, normalmente, ocorreria com o estabelecimento do primeiro amor estvel. (Dadoorian, 2000, p. 52)Como vimos anteriormente, a luta simblica com o drago relaciona-se libertao da infantilidade para se ingressar no mundo adulto. Isso inclui transferir a libido presa aos pais e desloc-la para um companheiro ou companheira. Em relao aos meninos, Neumann (1973) sustenta que quando a anima se descola da me na vida real e a sua importncia eclipsada pelo encontro de uma parceira de alma, ocorre normalmente a concluso da luta com a me drago. (Neumann,1973, p.408)A capacidade de trabalhar e sustentar-se so condies fundamentais para o indivduo tornar-se adulto. A contribuio social funcionaria, tambm, para reparar e diminuir o sentimento de culpa referente aos impulsos agressivos inconscientes ligados s ligaes objetais e ao amor. (Winnicot, 1989, 128)Consideraes FinaisCom o presente trabalho, procuramos ressaltar alguns aspectos do desenvolvimento considerado normal, dando nfase aquisio da independncia. Essa s possvel quando o bestabelece uma dependncia segura com a me, e ento, consegue progressivamente suportar a sua distncia. A funo paterna, imprescindvel para se integrar a noo de limite, organizao interna e valores morais, no foi discutida por limitao de espao.Lembramos que quando nos referimos a me ou pai, no estamos considerando apenas as relaes biolgicas, mas as pessoas que exercem funes maternas ou paternas.Alguns fatores como o abandono materno e uma estrutura geneticamente desfavorvel podem bloquear a aquisio da independncia.Na crise da adolescncia ocorrem tendncias regressivas com a reativao dos antigos padres de dependncia. O medo de manter-se preso aos pais e a ameaa do incesto causada pela intimidade da vida em famlia num momento de forte apelo sexual, impulsionam o jovem sua independncia.O arqutipo do heri fundamental para se realizar essa passagem, contudo, ele pode ser ativado em situaes patolgicas. Excesso de ao, atos de bravura evitam o sofrimento e a culpa, mas podem impedir o desenvolvimento. o que nos pareceu o caso mencionado o do jovem ninja. Guerreiro adolescente que procurava combater o obstculo do padrasto e a dependncia materna, com socos e armas brancas.