ARQUITETURA DE INFORMAÇÃO PARA O GERENCIAMENTO … · JGS Jaraguá do Sul JVE Joinville KDD...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO E SISTEMAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
ARQUITETURA DE INFORMAO PARA O
GERENCIAMENTO DE PERDAS COMERCIAIS DE
ENERGIA ELTRICA
NERY ARTUR ELLER
Tese apresentada ao Programa de Ps- Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de Produo.
Florianpolis2003
NERY ARTUR ELLER
ARQUITETURA DE INFORMAO PARA O
GERENCIAMENTO DE PERDAS COMERCIAIS DE
ENERGIA ELTRICA
Esta tese foi julgada adequada para a obteno do ttulo de DOUTOR EM ENGENHARIA DE PRODUO e aprovada em sua forma final pelo Programa
de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal deSanta Catarina
Florianpolis,/aiieiro de 2003
Prof. Edson Pdneco Paladini, Dr. CoocdnaV do Curso
BANCA EXAMINADORA
JU CProf. Jos^eomar Todescoyur. ORIENWDOR
Raimundo C. G. Teive, D: MODERADOR
&
Este trabalho dedicado aos meus pais, Artur e Nilza,
aos meus irmos, Joo Batista, Augustinho e Bemadete,
minha esposa, Eliane, e s minhas filhas, Julia e Elisa.
Agradecimentos
Gostaria de registrar os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que direta ou
indiretamente contriburam para a realizao deste trabalho.
Ao meu orientador e amigo, Jos Leomar Todesco, pela humildade, dedicao e
competncia na conduo desta parceria.
Universidade Federal de Santa Catarina, pela oportunidade de realizar este trabalho.
Ao professor Alejandro, por ter confiado em mim e por aceitar-me como aluno regular
do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo.
Ao meu amigo Garbelotto, pelas importantes contribuies no desenvolvimento da
arquitetura de informao proposta.
Agradeo tambm, de forma muito especial, s Centrais Eltricas de Santa Catarina
S.A. (Celesc), pelos recursos e pelo tempo a mim destinados enquanto realizava a ps-
graduao.
Pelo apoio recebido, externo tambm meus agradecimentos a Sylvio Luiz Reibnitz e
Antnio Carlos Kleinubing, chefes, respectivamente, da Diviso de Suporte Tcnico e do
Departamento de Informtica da Celesc.
Aos meus amigos Manoel Arisoli Pereira e Joo Airto de Bettio, pelos trabalhos de
campo realizados na Agncia Regional de Rio do Sul e na Agncia Regional de Florianpolis.
Prefeitura Municipal de Florianpolis, pelo fornecimento gratuito da base de dados
do IPTU dos bairros de Coqueiros e Abrao.
IBM, por ter cedido e instalado a plataforma de desenvolvimento do Intelligent
Mining.
A todos, empresas e pessoas, que deram alguma contribuio, mas que no esto aqui
relacionados, meus sinceros agradecimentos.
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................................................ VII
LISTA DE QUADROS..................................................................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................................................... IX
LISTA DE REDUES....................................................................................................................................... X
RESUMO.............................................................................................................................................................XII
1 IN T R O D U O ..........................................................................................................................................................................1
1.1 A p r e s e n t a o .................................................................................................................................................................. 11.2 O b je t iv o .............................................................................................................................................................................. 21.3 O bjetivos espe c fic o s ....................................................................................................................................................21.4 Ju s t if ic a t iv a .....................................................................................................................................................................31.5 O r ganizao do t r a b a l h o ........................................................................................................................................6
2 C A R A C T E R IZ A O D O P R O B L E M A ........................................................................................................................7
2.1 Intro d u o ........................................................................................................................................................................ 72.2 H istrico do seto r eltrico b r a sil e ir o ..............................................................................................................72.3 H istrico da C el e sc ....................................................................................................................................................102.4 P erdas de energia el t r ic a .................................................................................................................................... 132.5 F raude no co n su m o de energia eltr ic a ........... ..............................................................................................142.6 G erenciam ento das perdas com erciais na C e l e s c ...................................................................................... 15
2.6.1 Conceitos........................................................................................................................................ 152.6.2 Aspectos legais............................ ...................................................................................................162.6.3 Tipos de inspees utilizadas na fiscalizao.................................................................................162.6.4 Periodicidade das inspees.......................................................................... ............................... 17
2.7 G erncia de perdas com erciais em outras em presa s do Se t o r .............................................................182.8 P erdas de energia na C elesc e empresas do se t o r ...................................................................................... 212.9 Solues sendo pesquisadas por em presas do seto r eltr ic o ..............................................................25
2.9.1 Medies s claras.........................................................................................................................252.9.2 Sistema integrado de medio e gerenciamento de perdas........................................................... 262.9.3 Energia pr-paga..................................... ..................................................................................... 272.9.4 Sistema de medio centralizada...................................................................................................27
2.10 R eestruturao do setor eltrico b r a sileir o ....................... .....................................................................282.11 C o nsid era es f in a is ................................................................................................................................................. 30
3 M IN E R A O D E D A D O S ................................................................................................................................................ 31
3.1 In tr o d u o ......................................................................................................................................................................313.2 T arefas realiza das no uso das tcnicas de m in er a o de d a d o s .......................................................333.3 T cnicas d e m inerao de d a d o s ..........................................................................................................................343.4 R edes neu rais a r t if ic ia is ......................................................................................................................................... 37
3.4.1 Breve histrico...............................................................................................................................383.4.2 Principais arquiteturas...................................................................................................................393.4.3 Rede Perceptron de Mltiplas Camadas (MLP).............................................................................403.4.4 Rede Funo de Base Radial (RBF)............................................................................................... 423.4.5 Mapa auto-organizvel de Kohonen.............................................................................................. 453.4.6 Segmentao demogrfica..............................................................................................................46
3.5 T rabalhos q u e utilizam M D para detec ta r f r a u d e s ................................................................................ 473.6 C on sid era es fin a is ................................................................................................................................................. 51
4 A R Q U IT E T U R A D E IN F O R M A O PA R A G E R E N C IA M E N T O D E P E R D A S C O M E R C IA IS D E E N E R G IA E L T R IC A ................................................................................................................................................................. 53
4.1 Introdu o 53
4.2 C o n s tit u i o da a r q u it e t u r a .............................................................................................................................. 534.3 M d u lo 1: P repa ra o dos d a d o s ......................................................................................................................55
4.3.1 Estrutura de dados...................................................................................................................564.3.2 Processamento dos dados..............................................................................................................60
4.4 M d u lo l : perdas nos a l im e n t a d o r e s ............................................................................................................. 604.4.1 Natureza........................................................................................................................................ 614.4.2 Localizao................................................................................................................................... 614.4.3 Componentes................................................................................................................................. 614.4.4 Fator de carga............................................................................................................................... 624.4.5 Clculo das perdas tcnicas..........................................................................................................62
4.5 M d u lo 2: K er n el I A ................................................................................................................................................ 744.5.1 Introduo..................................................................................................................................... 744 5.2 Dados de entrada da rede.............................................................................................................754.5.3 Classificao de consumidores secundrios.................................................................................754.5.4 Segmentao de consumidores primrios.....................................................................................774.5.5 Dados de sada da rede............................. ................................................................................... 78
4.6 M d u lo 3: A pl ic a t iv o s .............................................................................................................................................794.6.1 Introduo..................................................................................................................................... 794.6.2 Aplicativos para a fiscalizao......................................................................................................794.6.3 Aplicativos para a gerncia regional............................................................................................824.6.4 Aplicativos para a gerncia central..............................................................................................85
4.7 Co n sid era es f in a is ................................................................................................................................................ 87
5 E X P E R IM E N T O S R E A L IZ A D O S ................................................................................................................................89
5.1 In tr o d u o .....................................................................................................................................................................895.2 C la ssifica o de consum ido res residenciais ............................................................................................... 895.3 C la ssifica o de consum ido res c o m er c ia is ..................................................................................................935.4 Seg m en ta o de consum ido res in dustriais ...................................................................................................975.5 V er ific a o d e c a m po ............................................................................................................................................ 1035.6 C on sid era es f in a is ..............................................................................................................................................106
6 C O N C L U S E S E T R A B A L H O S F U T U R O S .........................................................................................................107
6.1 C o n c l u s e s ................................................................................................................................................................. 1076.2 C o n t r ib u i e s ............................................................................................................................................................ 1086.3 T rab a lh o s fu t u r o s ................................................................................................................................................. 110
R E F E R N C IA S B IB L IO G R F IC A S .................................................................................................................................112
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Rede MLP de 3 camadas...................................................................................................................40Figura 3.2 - Rede RBF de 3 camadas....................................................................................................................43Figura 4.1 - Arquitetura de informao proposta..................................................................................................55Figura 4.2 - Modelo E-R da base de dados do Mdulo 1......................................................................................57Figura 4.3 - Sistema Eltrico de Distribuio.......................................................................................................63Figura 4.4 - Balano energtico............................................................................................................................64Figura 4.5 - Representao de demanda por patamares........................................................................................65Figura 4.6 - Representao de um trecho de rede.................................................................................................66Figura 4.7 - Representao de circuito primrio...................................................................................................67Figura 4.8 - Representao da alimentao de uma carga.....................................................................................68Figura 4.9 - Trecho de uma rede secundria.........................................................................................................70Figura 4.10 - Arquitetura bsica para suportar aplicativos da rea de fiscalizao.............................................. 80Figura 4.11 - Relao de possveis fraudadores localizados geograficamente......................................................81Figura 4.12 - Zoom de um possvel fraudador......................................................................................................81Figura 4.13 - Tela do aplicativo em um PDA....................................................................................................... 82Figura 4.14 - Tela inicial do aplicativo de gerncia regional................................................................................83Figura 4.15 - Seleo de possveis fraudadores para uma determinada taxa de confiana................................... 83Figura 4.16 - Grfico do consumo de um possvel fraudador...............................................................................84Figura 4.17 - Listagem de possvel fraudador - aplicativo de gerncia regional.................................................. 84Figura 4.18 - Tela de registro de ocorrncia na fiscalizao.................................................................................85Figura 4.19 - Seleo de fraudadores por regio geogrfica.................................................................................86Figura 4.20 - Fraudes agrupadas por agncias regionais.......................................................................................87Figura 5.1 - Grfico de formao dos grupos a partir de uma Segmentao demogrfica.................................... 99Figura 5.2 - Valores estatsticos das variveis numricas do grupo de fraudadores............................................. 99Figura 5.3 - Valores estatsticos das variveis de todos os tipos do grupo de fraudadores................................100Figura 5.4 - Valores estatsticos do grupo de fraudadores..................................................................................101Figura 5.5 - Valores estatsticos de alguns grupos..............................................................................................101Figura 5.6 - Caractersticas e similaridades dos grupos......................................................................................102Figura 5.7 - Grfico do consumo de energia do fraudador do caso 19................................................................104Figura 5.8 - Grfico do consumo de energia do fraudador do caso 19................................................................104Figura 5.9 - Grfico do consumo de energia do caso 16 imvel em reformas................................................ 105Figura 5.10 - Grfico do consumo de energia do caso 15 - imvel em reformas.............................................. 105
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro 4.1 - Descrio e tipo de dados da tabela CNS_Residencial...................................................................57Quadro 4.2 - Descrio e tipo de dados da tabela CNS Comercial.....................................................................58Quadro 4.3 - Descrio e tipo de dados da tabela CNS_Industrial......................................................................59Quadro 4.4 - Descrio e tipo de dados da tabela CNS_Classificacao................................................................78Quadro 4.5 - Descrio e tipo de dados da tabela CNS Segmentacao................................................................78
LISTA DE TABELAS
ix
Tabela 2.1 - Perdas globais de energia eltrica na Celesc.................................................................................... 21Tabela 2.2 - ndices de perdas nos sistemas MT e BT......................................................................................... 21Tabela 2.3 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo B em 2001 - Monfsico e Bifsico...............22Tabela 2.4 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo B em 2001 - Trifsicos................................. 23Tabela 2.5 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo A em 2001.................................................... 24Tabela 2.6 - Resultados financeiros das perdas comerciais na Celesc................................................................. 24Tabela 4.1 - Perdas no ferro e no cobre de transformadores................................................................................ 68Tabela 5.1 - Experimentos realizados com consumidores residenciais................................................................ 91Tabela 5.2 - Experimentos realizados com consumidores comerciais......................................................... .........94
LISTA DE REDUES
Abreviaturas
ASMAE Agente Negociador do Mercado Aberto de EnergiaBNU BlumenauCCO ChapecCDA ConcrdiaCUA CricimaDIC Durao da Interrupo do ConsumidorFIC Freqncia da Interrupo do ConsumidorFNS FlorianpolisIA Inteligncia ArtificialIAI ItajaJAM Java Agents for Meta-LearningJCA JoaabaJGS Jaragu do SulJVE JoinvilleKDD Knowledge Discovery in DatabaseLGS LagesMBR Memory-Based ReasoningMD Minerao de dadosMFA MafraMLP Multi Layer PerceptronPDA Personal Digital AssistantRBF Rede Funo de Base RadialRNA Redes neurais artificiaisRSL Rio do SulRTD Recomendao Tcnica de DistribuioSBS So Bento do SulSD Segmentao demogrficaSGE So Miguel do OesteTC Transformador de correnteIRO TubaroVII Videira
Siglas
ABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasABRADEE Associao Brasileira de Distribuidoras de Energia EltricaANEEL Agncia Nacional de Energia EltricaBNDE Banco Nacional de Desenvolvimento EconmicoCCON Comit Coordenador de Operao do Norte/NordesteCEB Companhia de Eletricidade de BrasliaCELESC Centrais Eltricas de Santa CatarinaCELPE Centrais Eltricas de PernambucoCEPEL Centro de Pesquisa da EletrobrsCHESF Companhia Hidroeltrica do So FranciscoCITENEL Congresso de Inovao Tecnolgica em Energia EltricaCNAE Conselho Nacional de Aguas e EnergiaCOD Centro de Operao da DistribuioCODI Comit de Distribuio da Regio Sul/SudesteCOELBA Companhia de Eletricidade da BahiaCOPEL Companhia de Eletricidade do Paran
CPREDE Caixa Padro de RedeDPSC/DVMD Departamento de Consumidores/Diviso de MedioELETROBRS Centrais Eltricas Brasileiras S/AELETROPAULO Eletricidade de So Paulo S. A.ELETRONUCLEAR Eletrobrs Termonuclear S.A.ELETROSUL Eltrica do Sul do Brasil S.A.EMPRESUL Empresa Sul Brasileira de Eletricidade S.A.ENERAM Comit Coordenador de Estudos Energticos da Amaznia -ESCELSA Esprito Santo Centrais Eltricas S.A.FIESC Federao da Indstria do Estado de Santa Catarina.GCOI Grupo Coordenador para Operao InterligadaMAE Mercado Atacadista de Energia EltricaMME Ministrio das Minas e EnergiaONS Operador Nacional do Sistema EltricoPROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia EltricaPND Programa Nacional de DesestatizaoUFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
RESUMO
As empresas distribuidoras de energia eltrica possuem como um forte item na queda de receita a perda comercial de energia. perda global de energia verificada pela diferena entre a energia requerida pelo sistema eltrico e a energia realmente faturada, e possui duas componentes: a perda tcnica e a perda comercial. As perdas tcnicas so aquelas associadas passagem e interao do fenmeno fsico nos meios e materiais utilizados e nos efeitos da resultantes. As perdas comerciais so motivadas principalmente por problemas apresentados na unidade de medio que influenciam a leitura, por fraudes cometidas no consumo de energia eltrica e por ligaes clandestinas, realizadas diretamente no sistema de distribuio.
So vrios milhes de reais perdidos com perdas comerciais de energia, principalmente aquelas que envolvem fraudes. Somente em 2001, a Celesc - Centrais Eltricas de Santa Catarina S.A. recuperou R$ 1.967.716,90 com fraudes que foram descobertas.
Para auxiliar no gerenciamento de perdas comerciais de energia eltrica prope-se a presente arquitetura, que atuar principalmente na indicao de possveis fraudadores. Esta arquitetura baseia-se na tcnica de minerao de dados, que permite buscar esses consumos fraudados. Dentro da soluo de minerao de dados, destaca-se o uso de redes neurais artificiais (RNA) para descobrir comportamentos suspeitos. Duas tarefas da RNA foram exploradas: classificao e segmentao. A classificao foi utilizada para se trabalhar com consumidores residenciais e comerciais, e a segmentao voltou-se a consumidores industriais.
Destaca-se tambm, nesta arquitetura, a possibilidade de se calcular as perdas global, tcnica e comercial por alimentador, de forma que se tenha um controle mais rgido e especfico sobre elas. A partir do presente trabalho, abriram-se vrias oportunidades para novas pesquisas.
Palavras-chave: Perdas de energia; Minerao de dados; Arquitetura de informaes
ABSTRACT
The companies that distribute electricity have suffered strong income losses because of commercial losses in energy itself. The global loss of energy is calculated taking into account the required energy distributed and the energy affectively billed, and can be classified in 2 types: technical losses and commercial losses. Technical losses are those regarding transport and interaction of electrical energy through the wired and other devices. The commercial losses are those derived from bad reading of measurement devices and usage frauds that arise from illegal connections that are not taken into account by the meters.
Several millions of brazilian reais are lost with such problems, specially those involving frauds. In 2001 the company Gelesc - Centrais Eltricas de Santa Catarina S.A recalled R$ 1.967.716, 90 from frauds that were uncovered.
In order to help the management of commercial losses involving electricity distribution we propose the present architecture, which will be used in chasing possible frauds. This architecture is based on data mining to gather information on abnormal energy consumption. This data mining process will use neural nets (AI - Artificial Intelligence) to point any uncommon or unexpected behavior over the gathered data. Two tasks are presented: classification and segmentation. Classification is used to deal with home customers and companies, and segmentation deals with industrial consumers.
Another strong feature of this architecture is the possibility of detailing global, technical and commercial losses from every power supply, in order to increase the control over each one of them. The present work also opens up several opportunities for further research.
Key-words: Losing of energy; Data mining; Information architecture
1
1 INTRODUO
1.1 Apresentao
Segundo estimativas das Centrais Eltricas de Santa Catarina S.A. (Celesc), a empresa
perde cerca de quatro milhes de reais por ms com ligaes clandestinas, desvios e fraudes
de energia eltrica. Ocorre uma perda em tomo de 3% do consumo, ficando 0,5% nas favelas
e 2,5% nos outros setores da sociedade (PAVEI, 2001).
As irregularidades mais comuns ocorrem na adulterao de medidores e na instalao
de circuito paralelo durante a construo do imvel. Somente no ano de 2001, a Celesc
precisou deslocar equipes em todas as agncias regionais para recuperar o equivalente a R$
1.967.716,90 em energia roubada. Foram 11.579.565 KWH de energia fraudada (BEC, 2001).
O professor Jorge Mrio Campagnolo, da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), destaca que a ousadia dos fraudadores evolui tanto quanto as maneiras de burlar a
fiscalizao (PAVEI, 2001).
A partir de uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2001, envolvendo cinco
mil residncias de seis capitais brasileiras, o Centro de Polticas Sociais da Fundao Getlio
Vargas constatou que cerca de 10% dos consumidores no pas so gatunos, no pagando pelo
que gastam de energia eltrica. Do total, 6% so de classe mdia, e 2%, da elite (PAVEI,
2001).
No acompanhamento sistemtico das perdas anuais globais da empresa (compra de
energia menos o consumo medido) dos ltimos quatro anos, verifica-se que o valor mdio foi
de 7,62%. um dos melhores ndices do setor eltrico brasileiro. No entanto, pode ser
melhorado ainda mais, combatendo-se eficazmente o desvio e a fraude de energia, mantendo-
se com qualidade o cadastro de consumidores, verificando-se periodicamente defeitos nas
unidades de medio e controlando-se a qualidade tcnica da rede de distribuio.
Para identificar fraudadores, a Celesc segue a sua meta de unidades a serem
fiscalizadas anualmente (informaes mais detalhadas no captulo 2), agindo atravs de
denncias de terceiros, registros dos leituristas e alertas lanados pelo sistema de
consumidores.
2
No ano de 2001, foram realizadas 15.487 fiscalizaes em consumidores alimentados
em alta-tenso (indstrias, basicamente) - eram 7.114 consumidores, constatando-se 52
fraudes no uso da energia eltrica; a relao fraudes/fiscalizaes d um valor de 0,34. Nos
demais consumidores (1.766.343), foram realizadas 217.954 fiscalizaes, resultando em
1.383 constataes de fraudes; a relao fraudes/fiscalizaes d como resultado 0,63.
Apesar do nmero de fraudes constatadas ser relativamente pequeno em relao ao
nmero de fiscalizaes empreendidas, o valor arrecadado atingiu a cifra de R$ 1.967.716,90
somente no ano de 2001.
Melhorando-se a sistemtica de relacionar possveis fraudadores e dotando-se as reas
de fiscalizao com solues informatizadas que agilizem os trabalhos dos fiscais no
escritrio e no campo, a deteco de fraudes/irregularidades na medio se tomar mais
eficiente, fazendo com que a perda comercial de energia sofra uma sensvel reduo.
1.2 Objetivo
Este trabalho tem como objetivo propor uma arquitetura de informao para melhorar
o processo de identificao e combate s fraudes e irregularidades na medio de energia
eltrica, utilizando-se tcnicas de minerao de dados.
1.3 Objetivos especficos
Na busca de mecanismos para combater as perdas comerciais de energia eltrica, tm-
se os seguintes objetivos especficos:
identificar padres de comportamento de consumidores fraudadores;
identificar variveis endgenas e exgenas empresa (Celesc) que tenham algum
vnculo com os padres de comportamento fraudulento;
utilizar tcnicas de inteligncia artificial para descobrir padres de fraudes no
consumo de energia eltrica;
definir possveis solues tecnolgicas atravs da informtica para o combate e o
acompanhamento de fraudes e irregularidades na medio, tendo como pblico-
alvo a administrao central da Celesc, as agncias regionais da referida empresa e
seu contingente de fiscais;
3
estudar isoladamente, e de forma mais consistente, consumidores residenciais,
comerciais e industriais, aproveitando as caractersticas comuns entre eles; ,
testar em campo a eficincia dos prognsticos emitidos pelo engine IA, mdulo 2
da arquitetura de informao proposta;
propor uma sistematizao da Gerncia de Perdas Comerciais na Celesc;
definir um modelo para calcular perda tcnica e comercial por alimentador;
munir a empresa (Celesc) de um mtodo mais eficaz para detectar fraudes e
irregularidades na medio, otimizando assim os trabalhos de seu efetivo de
fiscalizao;
propor melhorias na qualidade da fiscalizao realizada em campo.
1.4 Justificativa
A energia eltrica um bem de consumo cujo custo calculado no montante
consumido, ou seja, quanto mais se consome, mais se gasta. Quando a energia representa um
alto custo no negcio ou na economia do lar, alguns comerciantes, industriais e demais
consumidores partem para caminhos alternativos no desvio de energia, fazendo ponte no
medidor ou invertendo a ligao na entrada da unidade de medio. Os caminhos da planejada
esperteza so vrios, todavia, qualquer um deles tem um nome: furto.
Em Santa Catarina, o maior volume de fraudes concentra-se em consumidores
residenciais. Em seguida, vm os consumidores comerciais e, em menor nmero, as
indstrias.
A Celesc possui aproximadamente 7.320 (set/2002) indstrias no grupo A
(alimentadas em alta-tenso). Anualmente, a equipe de fiscalizao (especializada nesse tipo
de consumidor) verifica a unidade de medio de cada um deles. Mesmo assim, constataram-
se 52 fraudes somente no ano de 2001. Esse nmero pode ser ainda maior, pois se pode
questionar a eficincia da metodologia adotada na fiscalizao como tambm conhecimentos
atualizados em relao aos mecanismos de fraudes utilizados pelos fraudadores.
Os desvios de energia a partir dos postes, os defeitos nas unidades de medio e a falta
de qualidade do cadastro de consumidores podem acarretar grandes perdas na arrecadao de
uma empresa de energia eltrica. Essas variveis esto totalmente sob controle da rea
gerencial da empresa.
4
O mesmo no ocorre quando o consumidor desvia energia em sua residncia,
comrcio ou indstria, ou realiza fraudes sutis nas unidades de medio. O pior ainda
acontece quando ele efetua caminhos alternativos para a energia em uma nova construo.
Com a arquitetura de informao proposta, pretende-se atuar no combate reduo de
fraudes, tornando ainda menor o atual ndice (em tomo 3%) de perdas comerciais na empresa.
Atravs da identificao do padro comportamental dos indivduos considerados fraudadores,
pretende-se indicar possveis fraudadores com um grau satisfatrio de preciso.
Essa nova arquitetura contempla solues que visam melhorar a eficincia da equipe
de fiscalizao como tambm dotar a rea gerencial (central e regionais) com instrumentos
que propiciem meios de melhor acompanhar e combater as perdas comerciais de energia
eltrica na empresa.
Nos anos de 1998 e 1999, houve uma receita adicional com as descobertas de fraudes
nos valores de R$ 468.000,00 e R$ 1.063.910,00, respectivamente.
No ano 2000, para um contingente de 44.848 unidades de medio do grupo B
(alimentados em baixa tenso) fiscalizadas, detectaram-se 249 fraudes; j no grupo A,
12.334 fiscalizaes resultaram em 40 fraudes. A receita conseguida foi de R$ 1.444.871,00.
Em 2001, atravs de um esforo concentrado, chegou-se descoberta de 52 fraudes no
grupo A, a partir de 15.487 fiscalizaes; no grupo B, foram 1.383 fraudes para 217.954
fiscalizaes. A recuperao de receita com as fraudes descobertas ficou em R$ 1.967.716,90.
Dados acumulados ao longo do ano de 2002 (at setembro) mostram uma receita
adicional de R$ 2.627.706,98 com descobertas de fraudes. Para um universo de 7.320
consumidores do grupo A, 10.741 fiscalizaes foram realizadas, resultando em 28 fraudes.
No grupo B, de 1.716.026 consumidores monofsicos, 158.844 foram fiscalizados,
resultando em 1.563 fraudes. Ainda no grupo B, para 189.094 consumidores trifsicos,
42.143 unidades foram fiscalizadas, detectando-se 433 fraudes.
Segundo dados da Celesc, as perdas comerciais em 1998, 1999, 2000 e 2001 ficaram
em 7,19%, 7,74%, 7,78% e 7,78%, respectivamente. Considerando-se uma perda comercial
(gatos, fraudes e irregularidades na medio) na ordem de 3,2% e tendo-se um faturamento
bruto mensal (set/2002) de R$ 213.467.150,07, pode-se concluir que a perda de receita em
setembro foi na ordem de R$ 6.830.948,00.
5
H vrios pontos que devem ser atacados para reverter esse quadro, iniciando-se pelo
controle de qualidade dos dados do Sistema de Consumidores, combatendo-se os gatos e
gerenciando-se as irregularidades nas unidades de medio.
Segundo a COELBA (Companhia de Eletricidade da Bahia), no ano 2000 os
fraudadores causaram um prejuzo de 30 milhes de reais, sendo 25 mil ligaes somente com
gatos (FRANCISCO, 2001).
A Eletropaulo (So Paulo) calcula que na rede eltrica de So Paulo existam 200 mil
ligaes clandestinas (JOESP, 2001).
Na CELPE (Pernambuco), de um faturamento de 900 milhes de reais, 180 milhes
(19,4%) so de perdas tcnicas e comerciais (JDP, 2001).
A Light (Rio de Janeiro) estima que 10% do total de sua energia so roubados por
ligaes clandestinas, acarretando uma perda anual de 300 milhes de reais (DARIANO,
2001).
Estima-se que no Rio Grande do Sul o furto de energia eltrica chegue a 2% do total
do consumo gacho (SFREDO, 2001).
Os nmeros mostrados do uma idia da magnitude do problema que est sendo
tratado. O grau de dificuldade para equacion-lo de natureza diversa, variando de regio
para regio do pas. Algumas distribuidoras de energia eltrica sofrem mais com os gatos,
motivados pelo grande nmero de favelas (Rio de Janeiro, So Paulo, Bahia, Pernambuco);
outras so mais visadas pelas fraudes na prpria unidade de medio (Paran, Santa Catarina,
Minas Gerais, Rio grande do Sul).
Vrias empresas esto se mobilizando para reduzir drasticamente suas perdas
comerciais. A Light, por exemplo, est investindo numa parceria com a Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) para reduzir seu alto ndice de perdas tcnicas e comerciais. Na
CELPE, o Grupo Rede est trabalhando com software e hardware para combater as perdas
comerciais, inclusive vendendo tecnologias a outras concessionrias.
Essa nova proposta de deteco de fraudes no tem como propsito ser um mtodo
infalvel de descobertas de fraudadores. , na realidade, um mecanismo que ir auxiliar a
gerncia da fiscalizao e seus fiscais na descoberta de fraudes, como tambm facilitar o
trabalho de campo da equipe, com o intuito de melhor-lo.
6
1.5 Organizao do trabalho
Este trabalho est dividido em seis captulos: no primeiro foi feita a apresentao e
foram definidos o objetivo e a justificativa.
No segundo captulo, descrita a caracterizao do problema. Apresenta-se um breve
histrico do setor eltrico nacional e estadual como tambm informaes sobre perdas de
energia eltrica na Celesc e em outras empresas distribuidoras do Brasil. Discutem-se tambm
algumas solues que esto sendo pesquisadas para combater as perdas comerciais de energia.
Finaliza-se o captulo apresentando-se rapidamente a reestruturao do setor eltrico
brasileiro.
O terceiro captulo trata de minerao de dados. A minerao de dados descrita
basicamente em funo de suas tarefas e tcnicas. As tcnicas utilizadas para minerar
informaes so descritas objetivamente para possibilitar um bom entendimento do seu uso na
arquitetura de informao trabalhada. Para ilustrar o uso da minerao de dados na deteco
de fraudes, apresentam-se alguns trabalhos que abordam esse assunto. Detalha-se um pouco
mais o tema redes neurais artificiais, uma vez que este ocupa um importante papel na soluo
do problema em questo.
No quarto captulo, descreve-se de forma detalhada a arquitetura de informao para o
gerenciamento de perdas comerciais de energia eltrica. Todos os mdulos constituintes da
arquitetura so explorados, mostrando-se de forma clara a funo de cada um no processo
geral de deteco de fraudes.
A implementao da arquitetura proposta apresentada no quinto captulo. Os
experimentos realizados e alguns dos resultados obtidos esto aqui descritos. As fases de
preparao dos dados e as tcnicas de minerao utilizadas como tambm os aplicativos para
o usurio final so adequadamente descritos, seguindo a estrutura de cada um dos mdulos
apresentados.
O trabalho finalizado com o sexto captulo, no qual constam as consideraes finais
e os trabalhos futuros que podero ser conduzidos a partir de aprofundamentos ou
desmembramentos de idias e solues lanadas no desenvolvimento da arquitetura que se
prope.
7
2 CARACTERIZAO DO PROBLEMA
2.1 Introduo
Neste captulo, relaciona-se um conjunto de informaes para que o tema Perdas
Comerciais de Energia fique adequadamente contextualizado no tema maior, que o setor
eltrico.
A histria do setor eltrico nacional, como tambm da empresa que serviu de
laboratrio (Celesc), resumidamente destacada para dar uma breve idia da importncia
dessa empresa para o desenvolvimento do Estado catarinense. A histria do setor eltrico
nacional pertinente, pois nossa matriz energtica atual est grandemente alicerada na
energia eltrica, constituindo-se no principal insumo do desenvolvimento econmico do pas.
A magnitude do problema tratado retratada nas descries das perdas comerciais de
energia eltrica, tanto da Celesc como de outras empresas do setor.
A partir do ano de 1997, houve uma reestruturao substancial no setor eltrico
brasileiro, ocorrendo uma srie de privatizaes e tambm a criao da Agncia Nacional de
Energia Eltrica (ANEEL). Esse assunto visto aqui com o nvel de detalhe suficiente para se
ter uma idia de suas implicaes no setor eltrico em seu conjunto.
Apresentam-se tambm alguns trabalhos que esto sendo desenvolvidos visando a
combater as perdas comerciais de energia nas empresas distribuidoras de energia eltrica.
2.2 Histrico do setor eltrico brasileiro
Os relatos cronolgicos da histria do setor eltrico brasileiro esto sendo
apresentados da mesma forma como se apresentam no site da Associao Brasileira de
Distribuidoras de Energia Eltrica (ABRADEE, 2002). A histria da energia eltrica no Brasil
comea com o interesse de D. Pedro II pelas descobertas de Thomas Edison. O relato do atual
acontecimento do setor fica por conta da sua reestruturao, em que o governo sai
parcialmente do mercado, atuando a partir de ento como agente fiscalizador e
regulamentador.
A energia eltrica no Brasil passou por diversas fases que podem ser assim elencadas:
primrdios (1879-1899), implantao (1903-1927), regulamentao (1934-1945), expanso
(1952-1961), consolidao (1962-1973), estatizao (1975-1986), privatizao (1988-1999) e
os tempos atuais, caracterizados pela desregulamentao do setor, a partir do ano 2000.
Em 1879, D. Pedro II concedeu a Thomas Alva Edison o privilgio de introduzir no
pas aparelhos e processos de sua inveno destinada utilizao da eletricidade na
iluminao pblica. Nesse ano, tambm era inaugurada na Estao Central da Estrada de
Ferro D. Pedro II, atual Estrada de Ferro Central do Brasil, a primeira instalao de
iluminao eltrica permanente.
A Diretoria Geral dos Telgrafos, em 1881, instalou na cidade do Rio de Janeiro a
primeira iluminao externa pblica do pas em trecho da atual Praa da Repblica.
Em 1883, entrou em operao a primeira usina hidreltrica no pas, localizada no
Ribeiro do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, na cidade de Diamantina. Nesse mesmo
ano, D. Pedro II inaugurou na cidade de Campos o primeiro servio pblico municipal de
iluminao eltrica do Brasil e da Amrica do Sul.
A primeira hidreltrica de maior porte do Brasil, Marmelos-Zero, da Companhia
Mineira de Eletricidade, pertencente ao industrial Bernardo Mascarenhas, entrou em operao
em 1889.
A fase de implantao da energia eltrica no Brasil inicia-se com o primeiro texto de
lei disciplinando o uso de energia eltrica no pas, aprovado pelo Congresso Nacional em
1903. J em 1908, entra em operao a Usina Hidreltrica Fontes Velha, na poca, a maior
usina do Brasil e uma das maiores do mundo.
Logo no incio da fase de regulamentao, em 1934, foi promulgado pelo Presidente
Getlio Vargas o Cdigo de guas, assegurando ao poder pblico a possibilidade de controlar
rigorosamente as concessionrias de energia eltrica. Em 1939, o presidente Getlio Vargas
criou o Conselho Nacional de guas e Energia (CNAE), para sanear os problemas de
suprimento, regulamentao e tarifa referentes indstria de energia eltrica do pas.
No ano de 1945, foi criada em Recife a primeira empresa de eletricidade de mbito
federal, a Companhia Hidroeltrica do So Francisco (CHESF).
9
Entrando na fase expansionista do setor de energia eltrica, em 1952 era criado o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico (BNDE), para atuar nas reas de energia e
transporte.
Em 1954, entrava em operao a primeira grande hidreltrica construda no rio So
Francisco, a Usina Hidreltrica Paulo Afonso I, pertencente CHESF. Nesse mesmo ano,
entrou em operao a Usina Termeltrica Piratininga, a leo combustvel, primeira
termeltrica de grande porte do Brasil.
Em 1957, foi criada a Central Eltrica de Fumas S.A., com o objetivo expresso de
aproveitar o potencial hidreltrico do rio Grande e solucionar a crise de energia na Regio
Sudeste. Passados trs anos, em 1960, o Presidente Juscelino Kubitschek, dentro de seu
programa Plano de Metas, criou o Ministrio das Minas e Energia (MME). Para coordenar o
setor de energia eltrica brasileiro, o presidente Jnio Quadros criou, em 1961, a Eletrobrs.
A fase de consolidao do setor eltrico marcada com a entrada em operao da
Usina Hidreltrica de Fumas, a maior usina do Brasil na poca de sua construo. Em 1968,
nascia a empresa Eltrica do Sul do Brasil S.A. (ELETROSUL), na qualidade de empresa
subsidiria da Eletrobrs. Tambm entrava em operao a maior termeltrica do pas, a Usina
Termeltrica Santa Cruz, de Fumas - Centrais Eltricas S.A. Para supervisionar os estudos
hidroenergticos relacionados Regio Amaznica, foi criado o Comit Coordenador de
Estudos Energticos da Amaznia (ENERAM).
Concluindo essa fase de consolidao, destaca-se o ano de 1973, como conseqncia
do tratado firmado entre Brasil e Paraguai, regulando a construo e operao de hidreltricas
no rio Paran, foi criada a Itaipu Binacional (ITAIPU).
No incio da fase de estatizao, em 1975, foram criados o Comit de Distribuio da
Regio Sul/Sudeste (CODI) e o Comit Coordenador de Operao do Norte/Nordeste
(CCON).
Em 1984, entrou em operao a Usina Hidreltrica Itaipu, maior hidreltrica do
mundo, com 12.600 MW de capacidade instalada.
No ano de 1985, foi constitudo o Programa Nacional de Conservao de Energia
Eltrica (PROCEL), com o objetivo de incentivar a racionalizao do uso da energia eltrica.
Entrou em operao, tambm nesse ano, a Usina Termonuclear Angra I, primeira usina
nuclear do Brasil.
10
Um fato marcante da fase de privatizao ocorreu em 1990, com a Lei n 8.031 sendo
sancionada pelo presidente Fernando Collor de Mello. Era ento criado o Programa Nacional
de Desestatizao (PND).
Em 1995, as empresas controladas pela Eletrobrs foram includas no Programa
Nacional de Desestatizao, que orientava a privatizao dos segmentos de gerao e
distribuio. Realizado o leilo de privatizao da Escelsa, inaugurando nova fase do setor de
energia eltrica brasileiro em consonncia com a poltica de privatizao do Governo Federal.
No ano de 1997, a operao da Usina Hidreltrica Itaipu atingiu 88.560 GWh,
estabelecendo novo recorde mundial de produo de energia eltrica em uma s central
hidrulica. Nesse ano, tambm foi criada a Eletrobrs Termonuclear S.A.
(ELETRONUCLEAR), empresa que passou a ser a responsvel pelos projetos das usinas
termonucleares brasileiras. Ainda nesse ano era constitudo o novo rgo regulador do setor
de energia eltrica sob a denominao de Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL).
Como destaque na fase atual do setor, cita-se o ano de 1998, com a regulamentao do
Mercado Atacadista de Energia Eltrica (MAE), consolidando a distino entre as atividades
de gerao, transmisso, distribuio e comercializao de energia eltrica. Foram
estabelecidas as regras de organizao do Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), para
substituir o Grupo Coordenador para Operao Interligada (GCOI).
Em 1999, a primeira etapa da Interligao Norte-Sul entrou em operao,
representando um passo fundamental para a integrao eltrica do pas.
E, finalmente, no ano 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso lanou o
Programa Prioritrio de Termeltricas visando implantao no pas de diversas usinas a gs
natural. Nesse ano, entrou em operao a Usina Termonuclear Angra II.
2.3 Histrico da Celesc
Este breve histrico das Centrais Eltricas de Santa Catarina S.A (Celesc) est contido
no site da empresa (CELESC, 2002).
A Celesc foi criada em dezembro de 1955 pelo Decreto Estadual n 22, assinado pelo
governador Irineu Bomhausen. At a metade do sculo, as necessidades energticas do Estado
eram supridas por pequenos e mdios sistemas eltricos regionalizados, geralmente mantidos
pela iniciativa privada.
11
Ainda na primeira dcada do sculo, Blumenau j dispunha de um rudimentar sistema
de iluminao pblica. L, a usina hidreltrica Salto Weissbach, datada de 1916, significou
uma evoluo dos pequenos geradores mantidos pelo esprito empreendedor dos imigrantes
desde a virada do sculo. Essa usina foi definitiva para a extraordinria expresso industrial
de todo o Mdio Vale do Itaja.
Em Joinville, a usina hidreltrica Pira entrou em funcionamento em 1908 e, em 1913,
foi a vez da So Loureno, em Mafra. Para o suprimento da Capital, o governador Gustavo
Richard ordenou a construo da usina hidreltrica Maroim, em So Jos. Essa usina est
desativada e encontra-se em processo de recuperao arquitetnica.
Esse modelo, no entanto, comeou a se mostrar incapaz de responder ao aumento da
demanda, pressionada pelo surto desenvolvimentista que tomou conta do pas no governo de
Juscelino Kubitschek. Preocupado em oferecer condies de infra-estrutura aos investimentos,
o governo do Estado decide, ento, pela criao da estatal.
Como resultado imediato, o incio das operaes da Celesc viabilizou a entrada de
Santa Catarina no Sistema Eltrico Interligado Sul-Sudeste, medida que garantiu o
fornecimento de eletricidade adequado ao parque industrial catarinense.
A princpio, a Celesc funcionou mais como um rgo de planejamento do sistema
eltrico estadual. Depois, assumiu o papel de holding at comear a incorporar,
gradativamente, o patrimnio das velhas empresas regionais. Foi assim que comeou seu ciclo
de expanso, e a regio Sul, j na dcada de 70, foi a ltima a ser atendida. Nessa regio ainda
se concentra o maior nmero de cooperativas de eletrificao em Santa Catarina.
O primeiro grupo de empresas tomadas subsidirias foi formado pela Empresa Sul
Brasileira de Eletricidade S.A. (Empresul), com base em Joinville, pela Fora e Luz Videira
S.A., pela Companhia Oeste de Eletricidade, de Concrdia, pela Companhia Serrana de
Eletricidade, de Lages, pela Companhia Pery de Eletricidade, com base em Curitibanos, e pela
Empresa Fora e Luz Santa Catarina S.A., com atuao no Vale do Itaja e sede em
Blumenau.
A consolidao tcnica da Celesc e o delineamento definitivo do sistema eltrico
estadual ocorreram a partir de 1965, com a construo da Linha de Transmisso Tubaro-
Lages-Joaaba-So Miguel D'Oeste.
Gradativamente, a Celesc cobriu todo o Estado e tomou-se a estatal catarinense mais
importante.
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A Celesc, em dados atuais (set/2002), est assim constituda:
rea de concesso:
Nmero de clientes:
96% da rea do Estado
1.798.034
Nmero de empregados: 4.229
Consumo de energia:
Gerao prpria:
1.050.978.001 KHW
3,6%
A Celesc passa atualmente por uma reestruturao significativa, que dar origem a um
novo modelo de empresa. Os responsveis por esse novo modelo (Governo do Estado -
1999/2002, FIESC e empregados, basicamente) almejam fazer dele uma referncia nacional
em gesto de empresas estatais.
Essa reestruturao possui duas etapas distintas. Na primeira etapa, a distribuidora de
energia eltrica firma-se como uma holding, tendo abaixo dela as subsidirias integrais de
gerao e telecomunicaes. Numa segunda etapa, ser criada uma holding pura, com trs ou
mais subsidirias.
Inicialmente a Celesc ser desmembrada em trs ramos/empresas: Celesc
Distribuidora, Celesc Gerao e Celesc Telecom.
As bases do novo modelo esto estabelecidas como descrito abaixo.
Acordo de acionistas.
Firmado entre o Estado de Santa Catarina e os acionistas minoritrios com
direito a voto.
Regras de governana corporativa.
Contrato de gesto e resultados.
Firmado entre o Conselho de Administrao (contratante) e a Diretoria
Executiva (contratada).
Conselho de administrao.
Composio: 6 representantes do Estado de Santa Catarina; 3 representantes
dos acionistas minoritrios; 3 representantes dos consumidores; 1 representante
dos empregados.
13
Diretoria executiva.
Formada por quatro membros: Diretor Presidente; Diretor Econmico-
Financeiro; Diretor Tcnico; Diretor de Gesto e Desenvolvimento
Organizacional. A escolha do presidente se processa atravs de lista trplice,
para um mandato de trs anos.
2.4 Perdas de energia eltrica
As perdas de energia eltrica encontradas em um sistema de distribuio so
basicamente de duas naturezas: tcnica e comercial. Ao conjunto das duas perdas d-se o
nome de Perda Global do Sistema.
O documento tcnico do Comit de Distribuio (CODI, 1997, p. 7) define perdas
tcnicas como a energia perdida no transporte, na transformao e nos equipamentos de
medio da energia eltrica quando do fornecimento da mesma. As perdas comerciais so
aquelas decorrentes da energia efetivamente entregue aos consumidores finais ou a outras
concessionrias, mas no computadas na venda.
Rocha et al. (1997, p. 5) definem perdas globais como a diferena entre a energia
requerida por uma fonte consumidora e a energia faturada nessa rea. Desmembrando-se as
perdas globais, ter-se- as perdas tcnicas e as perdas comerciais. As perdas tcnicas so
aquelas associadas passagem e interao do fenmeno fsico nos meios e materiais
utilizados e os efeitos da resultantes. Compreendem toda a energia dissipada por efeito joule
no transporte de corrente eltrica, nos condutores, equipamentos e conexes, acrescentadas a
estas, energia associada s correntes de fiiga massa em um sistema de potncia. As perdas
comerciais so aquelas oriundas de falhas administrativas, na poltica de comercializao, ou
da ao de terceiros no uso irregular de energia.
Para Nunes Filho (2000, p. 1), as perdas comerciais so aquelas associadas
comercializao da energia fornecida ao usurio final. Existe uma parcela de energia que
produzida, transportada e fornecida, no entanto, no faturada, propiciando uma perda direta
no faturamento. Elas so classificadas em administrativas e de interveno ilcita. As perdas
comerciais de natureza administrativa possuem como causas: sistema de medio incompleto,
obsoleto ou descalibrado; cadastro de consumidores ineficiente; erro na leitura registrada pelo
medidor ou no processo de informao dessa leitura; e erro no processo de faturamento. As
intervenes ilcitas correspondem ao montante de energia no faturado, devido s
14
intervenes que no so autorizadas pela concessionria, realizadas pelos usurios
legalizados ou no, com a finalidade de alterar o registro de energia eltrica ou o seu desvio.
2.5 Fraude no consumo de energia eltrica
Conceitua-se fraude no uso de energia eltrica o ato de m-f praticado contra a
empresa fornecedora de energia eltrica, o qual impede a correta medio e/ou faturamento
(BETTIO, 2001).
No consumo de energia eltrica a fraude, ou furto de energia, estabelecida quando
ocorre o desvio da energia eltrica em pontos localizados antes da medio; a adulterao dos
mecanismos internos do medidor; a alterao dos registros de consumo; a interferncia na
chave de aferio; a interferncia na fiao dos circuitos dos sistemas de medio indireta;
ligao revelia; a religao revelia; a interferncia ou avaria provocada nos
transformadores para instrumentos e quaisquer outros atos provocados intencionalmente com
o objetivo de diminuir o registro da energia eltrica efetivamente consumida na unidade
consumidora (CODI, 1997).
Pode-se tambm definir fraude como a ocorrncia de qualquer procedimento irregular
na unidade consumidora cuja responsabilidade no lhe seja atribuvel e que tenha provocado
faturamento inferior ao correto, ou no caso de no ter havido qualquer faturamento. Constitui-
se tambm em fraude a ligao clandestina ou religao revelia (ANEEL, 2001).
Os tipos mais comuns de fraudes encontradas em consumidores de baixa tenso da
Celesc so (BETTIO, 2001):
derivao antes da medio;
abertura da ponte de potencial do medidor de energia;
bloqueio do disco do medidor atravs de furo na carcaa, vidro ou com abertura da
tampa;
inverso dos fios de entrada com os de sada da unidade medidora;
descalibragem proposital do medidor;
presso de um mancai contra o outro, visando ao funcionamento irregular;
desacoplamento do registrador;
troca de engrenagens do registrador;
15
abertura de um plo do disjuntor nos consumidores rurais ligados em 440/220 V.
Com relao aos consumidores de alta-tenso da Celesc, os procedimentos mais
comuns de fraude so (BETTIO, 2001):
abertura da chave de aferio;
alargamento do plo da chave de aferio, impedindo dessa forma o contato
eltrico;
colocao de verniz isolante na chave de aferio, impedindo assim a correta
medio do consumo;
fios do circuito secundrio dos transformadores de corrente (TC) de medio
descascados, formando pontos por contato entre os condutores, reduzindo assim a
corrente no medidor;
fios do circuito secundrio dos transformadores de potencial (TP) interrompidos
em determinados horrios;
desacoplamento do registrador;
troca dos transformadores de corrente por relao de transformao superior
mantendo a placa original;
curto-circuito no circuito primrio dos transformadores de corrente.
2.6 Gerenciamento das perdas comerciais na Celesc
O gerenciamento das perdas comerciais na Celesc realizado atravs do
acompanhamento mensal do total das perdas globais e da atuao sistemtica no combate s
fraudes e irregularidades na medio. O combate s perdas comerciais d-se atravs de
inspees peridicas, informaes fornecidas por leituristas e por terceiros, e relatrios de
ocorrncias do Sistema de Consumidores.
2.6.1 Conceitos
D-se o nome de inspeo de medio vistoria tcnica a ser realizada no padro de
entrada da unidade consumidora, visando a:
a) eliminar problemas de segurana;
16
b) verificar equipamentos de medio queimados e/ou danificados;
c) verificar ligaes erradas;
d) detectar fraudes e/ou desvios de energia;
e) verificar erros de cadastramento.
2.6.2 Aspectos legais
Para o tratamento de fraude, desvio de energia e irregularidades na medio, a Celesc
mune-se dos seguintes aspectos legais:
Resoluo 456, de 29/11/2000, da ANEEL (artigos 71 a 78);
Recomendao Tcnica de Distribuio - RTD n 9, de 22/09/82, do CODI;
Normativa 1-321.0006, da Celesc;
Cdigo penal, Artigo 155;
Cdigo de defesa do consumidor - Lei n 8.048, de 11/09/1990, Artigo 27.
2.6.3 Tipos de inspees utilizadas na fiscalizao
As inspees realizadas na empresa, para efeitos de fiscalizao, ocorrem da seguinte
forma:
Inspeo programada: so as inspees que possuem uma programao prvia, atendendo a
recomendaes da ANEEL e normativa interna (1-321.0011).
Os parmetros mais comuns que influem na determinao de uma inspeo
programada so:
a) nveis de carga das unidades consumidoras a serem visitadas;
b) caractersticas das unidades consumidoras;
c) rea geogrfica abrangida pelas agncias regionais.
Inspeo por amostragem: como o prprio nome sugere, neste tipo de inspeo toma-se uma
amostra como objeto da ao de fiscalizao.
Pode-se adotar os seguintes critrios:
a) por rotas de leituras ou razes;
b) critrios estatsticos, com base no ano da instalao da medio, ou da ltima
inspeo;
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c) incidncia de fraudes e/ou desvios em determinados tipos de consumidores ou em
regio especfica da rea de concesso da Celesc.
Inspeo por anlise de dados histricos: este tipo de inspeo leva em considerao o
Relatrio de Ocorrncia emitido pelo Sistema de Consumidores. Tal relatrio baseia-se em
variaes significativas dos seguintes parmetros:
a) demandas mximas mensais;
b) fatores de carga;
c) fatores de potncia mdios mensais;
d) consumos mensais;
e) outros.
Inspeo por denncia ou informao de leituristas: neste caso, so consideradas todas as
informaes, annimas ou no, principalmente as obtidas de leituras e de consumidores, em
cujas unidades consumidoras foram constatadas irregularidades, inclusive com violao ou
retirada de lacres.
Inspeo noturna e finais de semana: inspees especiais e eventuais para gerar o fator
surpresa em algumas regies problemticas.
2.6.4 Periodicidade das inspees
Compete ao DPSC/DVMD fiscalizar anualmente nas agncias regionais 30% das
unidades consumidoras do grupo A (fornecimento em alta-tenso), 100% de todas as
unidades consumidoras com medies especiais (Tarifao Horosazonal).
Compete s agncias regionais efetuarem anualmente a fiscalizao de todas as
unidades consumidoras do grupo A e, a cada 36 meses, todas as unidades consumidoras do
grupo B (consumidores trifsicos).
A agncia regional tambm responsvel pela inspeo anual de pelo menos 8%
(meta) dos consumidores monofsicos e bifsicos.
18
2.7 Gerncia de perdas comerciais em outras empresas do Setor
Em dezembro de 2001, enviou-se um questionrio s principais empresas de
distribuio de energia eltrica do Brasil, solicitando informaes sobre a gerncia de perdas
comerciais efetuadas em cada uma delas. Entre as que responderam ao questionrio, sero
relacionadas neste trabalho a Companhia de Eletricidade do Paran (COPEL) e a Companhia
de Eletricidade de Braslia (CEB).
A parte principal do questionrio estava assim formada:
1. medido e acompanhado o nvel de perdas comerciais em sua empresa? De que forma?
2. Quais os mecanismos utilizados para verificar fraudes e desvios de energia?
3. Como so feitas as inspees nas diversas classes de consumidores? Com que freqncia?
4. Existe processo, equipamento ou software para detectar fraude e desvio de energia? Caso exista, como se processa/funciona em linhas gerais?
5. Como so utilizados o cadastro de consumidores e o faturamento para gerenciar as perdas comerciais?
6. Existe cooperao entre reas/processos internos e externos empresa para combater fraudes?
7. Os sistemas de informao (comercial e engenharia) interagem para gerar conhecimentos que possam auxiliar o gerenciamento das perdas comerciais?
A COPEL assim se manifestou:
1. As perdas comerciais so normalmente medidas, melhor falando, estimadas, pela seguinte equao:
Perdas Comerciais = Perdas Globais - Perdas Tcnicas
Isso porque embora as empresas utilizem mecanismos para detectar e quantificar os
vrios tipos de perdas comerciais, como descrito nos itens seguintes, desconhecem, por
definio, onde se localizam e quais os valores das fraudes, medidores avariados, etc.
2. As perdas globais no sistema de distribuio da COPEL (redes de 34,5 kv e de
13,8 kv, incluindo-se as subestaes de 34,5 e 13,8 kv e redes de BT, composta por
transformadores e condutores), variaram no perodo de 1994 a 2000 entre um
mnimo de 5,111% e um mximo de 5,938%. Considerando-se as caractersticas
do mercado e do sistema construdo para atend-lo, conclui-se que as perdas
tcnicas so da mesma ordem de grandeza. Sendo assim, no faz sentido, no caso
19
deste trabalho, proceder ao clculo das perdas tcnicas, processo extremamente
trabalhoso e de pouca preciso: o erro normal desse clculo , provavelmente,
maior que as perdas comerciais, e no seria possvel tomar qualquer concluso.
3. Enquanto a situao comentada no item 2 se mantiver, julga-se suficiente limitar
as perdas comerciais s medidas permanentes e rotineiras relacionadas a seguir.
4. Quando existe uma diferena aprecivel entre as perdas globais e o nvel otimizado
das perdas tcnicas (dado pela curva de otimizao definida em trabalhos do
CODI, onde so consideradas as caractersticas de cada empresa), conclui-se que
as perdas comerciais so importantes. Nesse caso, aconselhvel fazer o clculo
das perdas tcnicas reais, com a finalidade quase exclusiva de determinar as perdas
comerciais: o clculo das perdas tcnicas pouco eficiente no combate perda
global, mas necessrio para, ao longo do tempo, monitorar os resultados obtidos no
combate s perdas comerciais.
5. As questes restantes sero tratadas neste item. Os cuidados para deteco de
fraudes, furtos e desvios de energia se iniciam j no momento da ligao da
unidade consumidora rede. A vistoria de uma ligao nova deve ser
acompanhada de inspeo apurada no local, pelo eletricista que far a ligao, para
verificar possveis artifcios utilizados para desviar a energia. As fraudes mais
difceis de serem detectadas so aquelas estabelecidas anteriormente ligao da
unidade consumidora, pois os histricos de consumo j se iniciam com valores
deturpados.
No ato das leituras mensais, o leiturista tambm orientado a apontar suspeita de
irregularidades na unidade consumidora, tais como interligaes clandestinas e desvios e
furtos de energia, que mais tarde geram relatrios para que as reas possam fazer uma
inspeo mais apurada no local, com vistas a constatar a irregularidade.
Variaes significativas de consumos e demandas so apontadas em relatrios de
consistncia de faturamento, que podem ser utilizados pelas reas para verificaes na
unidade consumidora.
As auto-religaes (quando a unidade consumidora desligada por falta de pagamento
e o consumidor religa revelia da empresa) so apontadas automaticamente pelo sistema
(compara a leitura atual com a anterior e informa que houve consumo em unidade desligada)
20
em relatrio de consistncia, possibilitando s reas a atuao no sentido de regularizao
junto ao consumidor e aplicao das medidas cabveis.
As inspees na empresa so feitas a partir de anlise de relatrios de irregularidades
apontadas por leituristas e anlise de histrico de consumo, ou seja, no de forma ostensiva,
mas sempre que houver indcios de fraudes.
Eventualmente, dependendo da regio (como reas invadidas e alta rotatividade da
populao), as inspees so realizadas de forma mais intensiva, muitas vezes por
amostragem.
A CEB retomou o seguinte documento:
1. No estimamos a perda com fraude, apenas a perda global.
2. Antes da publicao da Resoluo 456 da Agncia Nacional de Energia Eltrica
(ANEEL), o cliente era comunicado formalmente atravs de um documento (Comunicao de
Irregularidade, com as assinaturas do cliente, da CEB e de uma testemunha) que descrevia a
fraude e lhe dava um prazo para comparecer CEB sob risco de suspenso do fornecimento
de energia. Na CEB, aps os devidos esclarecimentos, era assinado outro documento (ambas
as partes) contendo informaes sobre legislao e posteriormente efetuada a cobrana,
autorizando a CEB proceder a regularizao da medio. Posteriormente, o cliente recebia
uma carta com o memorial descritivo do clculo do valor a ser pago devido fraude, dando-
lhe um prazo para recurso. Aps esse prazo, era emitida a fatura. Em alguns casos (consumo
alto ou suspeita de formao de quadrilha), a autuao era feita juntamente com o Instituto de
Criminalstica, com a devida ocorrncia policial. Nos dias atuais, em funo da nova
legislao, esse procedimento foi alterado.
3. Atualmente, devido ao grande volume de solicitaes de servios, para o trabalho
em questo foram priorizados apenas os casos com perspectivas de maior retomo.
4. No.
5. Do Sistema de Consumidores, trabalhamos algumas informaes para tomada de
deciso.
6. No.
7. No.
21
2.8 Perdas de energia na Celesc e empresas do setor
Do total de energia produzida e comprada pela Celesc, em mdia, 7,62% (mdia dos
ltimos quatro anos) do total so perdidos: 4,4% so considerados perdas tcnicas
(principalmente por efeito joule), e 3,2% so perdas comerciais (fraudes, desvio de energia e
irregularidades na medio).
Na Tabela 2.1, pode-se observar as perdas globais de energia eltrica na Celesc ao
longo dos ltimos seis anos, onde pode-se verificar que a mdia ficou em tomo de 7,72%.
Para se chegar aos valores de perdas apresentados, utiliza-se a seguinte frmula (2.1):
PG = ((ES - CT) / ES) * 100) (2.1)
onde,PG = Perda Global (Percentual)ES = Energia Suprida (MWH)CT = Consumo Total de Energia (MWH)
Tabela 2.1 - Perdas globais de energia eltrica na Celesc
Ms 1996 1997 1998 1999 2000 2001TOTAL MWh 851.147 854.360 839.212 953.968 1.031.398 1.065.691
TAXA DE CRESC % 20,69 0,38 (1,77) 13,67 8,12 3.32
TOT. EN. REQ.(MWh) 10.356.551 11.216.678 11.664.574 12.331.535 13.249.765 13.698.992
NDICE PERDAS % 8,22 7,62 7,19 7,74 7,78 7,78
Fonte: DPSC/DVMD/Celesc
A Tabela 2.2 na seqncia relaciona as perdas globais da Celesc com outras empresas
do setor, ao longo dos ltimos nove anos. Pelos dados apresentados, constata-se que o ndice
de perdas da Celesc um dos menores entre as empresas citadas. Todavia, existe espao para
melhorar ainda mais, acompanhando-se e equacionando-se as perdas tcnicas, combatendo-se
as fraudes e irregularidades nas unidades de medio e mantendo-se o seu cadastro ntegro.
Tabela 2.2 - ndices de perdas nos sistemas MT e BTcontinua
ANO CELESC COPEL CPFL CELPE CEB LIGHT CEMIG2000 7.78 6.60 6,54 19.40 7,32 10.73 7,81
1999 7.74 6.59 7.70 20.22 8.80 14.90 7.97
1998 7.19 6.22 6.56 20.10 9.61 14.56 8.50
1997 7.62 6.41 6.11 17.72 8.65 16.09 8.47
22
concluso
ANO CELESC OPEL CPFL CELPE CEB LIGHT CEMIG1996 8.22 4.94 6.21 17.07 8.47 16.43 9.04
1995 7.29 6.07 5.86 15.80 7.93 15.85 8.64
1994 7.89 6.20 6.87 15.66 10.35 15.46 8.06
1993 7.55 5.50 6.20 14.80 9.50 14.30 10.00
1992 7.24 6.60 5.90 13.10 8.90 13.00 9.00
Fonte: ABRADEE
A meta de fiscalizao dos consumidores do grupo B (monofsicos e bifsicos) gira
em tomo de 8% na Celesc. Porm, todas as agncias ultrapassam esse limite. Na Tabela 2.3
apresenta-se um quadro-resumo da fiscalizao dos consumidores do grupo B (monofsicos
e bifsicos), realizada por todas as agncias durante o ano de 2001. Pelos resultados, pode-se
notar que a agncia de Florianpolis e a de Itaja apresentaram um volume de fraudes superior
s demais. Nota-se tambm que existe iam nmero considervel de irregularidades na medio
que no constituem fraude, porm afetam diretamente a arrecadao da empresa.Tabela 2.3 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo B em 2001 - Monfsico e Bifsico
Agncia Fiscalizado C/ Influncia Fraudes
FNS 61.085 346 317
BNU 8.557 278 41
JVE 12.379 349 71
LGS 7.724 53 47
VII 1.741 53 5
CDA 6.857 182 0
JGS 2.793 113 27
JCA 3.857 110 2
CUA 3.723 132 97
SGE 5.280 273 4
TRO 4.952 699 63
RSL 5.470 87 12
MF A 4.333 242 4
SBS 3.046 35 13
IAI 26.384 493 219
CCO 5.375 213 51
DVMD 1.012 28 12
Total 164.568 3.686 985
Fonte: DPSC/Celesc
23
Para os consumidores do grupo B trifsicos, a meta de fiscalizao cobrir 33% do
total de cada agncia, anualmente. Na Tabela 2.4, constata-se que nas agncias de Videira e
Itaja, em 2001, ocorreram mais irregularidades na medio, ficando Florianpolis com o
maior nmero de fraudes.
Tabela 2.4 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo B em 2001 - Trifsicos
Agncia Fiscalizado Cl Influncia FraudesFNS 13.434 369 80
BNU 2.328 429 8
JVE 3.354 659 82
LGS 1.080 3 3
VII 2.961 1.727 4
JGS 834 86 11
JCA 5.997 245 0
CUA 1.482 262 71
SGE 3.940 152 0
TRO 1.340 551 4
RSL 2.339 43 2
MFA 1.308 132 0
SBS 1.296 176 10
IAI 7.444 963 73
CCO 2.215 175 8
DVMD 2.309 263 42
Total 53.386 2.180 398
Fonte: DPSC/Celesc
Todos os consumidores do grupo A devem ser inspecionados no decorrer de um ano
(meta vigente na empresa). O nmero de fraudes nesse grupo de consumidores mais
reduzido, porm o seu impacto na arrecadao muitas vezes superior ao do grupo B.
Pode-se observar pela Tabela 2.5 que a agncia de Blumenau teve o maior nmero de
fraudadores no ano de 2001.
24
Tabela 2.5 - Resultado da fiscalizao de consumidores do grupo A em 2001
Agncia Fiscalizado C/ Influncia FraudesFNS 4.575 1 1BNU 859 70 39JVE 1.161 0 0LGS 355 0 0VII 411 5 0
CDA 379 20 0JGS 241 0 0JCA 462 39 0CUA 757 26 3SGE 192 6 0TRO 513 23 3RSL 599 25 1MFA 405 19 0SBS 490 1 1IAI 926 47 0
CCO 378 15 1DVMD 2784 83 3Total 15.487 380 52
Fonte: DPSC/Celesc
O volume de recursos que se deixa de arrecadar por anormalidades na medio devido
s fraudes e demais irregularidades um assunto que merece bastante ateno por parte da
empresa. Apresenta-se na Tabela 2.6 o total de energia comprada e no faturada por falhas e
fraudes detectadas pela empresa. Com um estudo mais aprofundado sobre perdas nos
alimentadores, poder-se- ter uma idia mais precisa do montante real de perdas comerciais e
tcnicas na empresa. Acredita-se em um valor bem mais expressivo.
Tabela 2.6 - Resultados financeiros das perdas comerciais na Celesccontinua
ANO FRAUDE IRREGULARIDADE TOTAL
KWH R$ KWH RS KWH R$1995
1996
1997
3.285.279
1.950.404
7.336.010
341.529,08
304.627,78
648.011,69
2.432.256
2.032.260
2.483.182
343.420,71
288.209,30
295.984,53
5.717.535
3.982.664
9.819.192
684.931,79
592.837,08
943.996,22
25
concluso
ANO FRAUDE IRREGULARIDADE TOTAL
KWH R$ KWH R$ .*' = KWH R$1998 3.517.291 468.641,02 4.185.889 511.900,05 7.703.180 980.541,07
1999 8.927.056 1.063.910,58 5.043.955 524.374,76 13.971.011 1.588.285,34
2000 9.340.184 1.444.871,87 8.025.822 1.472.443,11 17.366.006 2.917.314,25
2001 11.579.565 1.967.716,90 10.433.568 1.825.829,32 22.013.133 3.793546.22
Fonte: DPSC/DVMD/Celesc
2.9 Solues sendo pesquisadas por empresas do setor eltrico
Como mencionado anteriormente, as empresas de distribuio de energia eltrica esto
perseguindo de vrias formas a reduo de custos, visando a um decorrente aumento de
receita. O item perda comercial de energia um dos grandes sumidouros de recursos
financeiros. Vrias empresas nacionais de distribuio de energia eltrica esto buscando
alternativas que possibilitem a reduo desse item de custo.
Como exemplos de solues desenvolvidas para combater a fraude no consumo de
energia eltrica sero descritos quatro trabalhos.
O primeiro chama-se Medies s Claras, que uma soluo desenvolvida pelo
Grupo Rede e implementada na Companhia Energtica do Par, sua afiliada. O segundo
trabalho, Sistema Integrado de Medio e Gerenciamento de Perdas, est sendo desenvolvido
pela Eletrobrs. O terceiro o smart card, um sistema pr-pago de consumo de energia,
apresentado no I Congresso de Inovao Tecnolgica em Energia Eltrica (I CITENEL),
realizado em Braslia, em novembro de 2001. O quarto e ltimo trabalho o Sistema
Centralizado de Medio, que est em experincia na Celesc.
2.9.1 Medies s claras
um sistema criado pelo Grupo Rede, cuja afiliada a empresa Centrais Eltricas do
Par, para controlar o consumo de energia eltrica. formado pela Caixa Padro de Rede
(CPREDE), fixada nos postes, e por um conjunto de softwares. Os softwares atuam
basicamente no controle entre a energia comprada e a energia faturada.
O medies s claras foi criado inicialmente para resolver o problema dos
funcionrios da CELPA que tinham dificuldades para chegar at os medidores para efetuar a
26
leitura. Em 80% dos casos, os aparelhos ficavam dentro das residncias. Os medidores foram
ento substitudos por aparelhos fixados nos postes, com o nmero da residncia do
consumidor e uma lente de aumento para propiciar a leitura do consumo.
Segundo a empresa, as perdas comerciais, que eram de 29% em agosto de 1998,
passaram para 12% em 2000 e para 9,5% em 2001.
Em maio de 2001, a empresa j tinha instalado 410 mil medidores nos postes do Par e
vendido 160 mil para outras concessionrias (LIGHT, COELBA, ESCELSA).
2.9.2 Sistema integrado de medio e gerenciamento de perdas
A partir do conceito de medio centralizada, o Centro de Pesquisa da Eletrobrs
(CEPEL) desenvolveu um medidor e uma metodologia para reduzir ao mnimo as perdas
comerciais. O sistema de medio formado por unidade de medio eletrnica, medidor
eletrnico, unidade de leitura e medidor globalizador. Esse sistema pode ser simplificado para
uma simples caixa fixada no poste. Atravs de ondas de rdio, pode ser controlado e
monitorado distncia.
Alguns benefcios desse sistema so:
a) medio eletrnica;
b) leitura automtica para faturamento;
c) desconexo e religamentos remotos;
d) informaes para o clculo de DIC e FIC;
e) curva de carga dos consumidores e flexibilidade para futuras expanses;
f) reduo de perdas com fraudadores e irregularidades na medio;
g) reduo de perdas com inadimplentes.
A CEPEL est desenvolvendo tambm um software para deteco de fraudes, cuja
seleo de anlise pode ser realizada por:
a) informaes cadastrais;
b) faixa de consumo;
c) base de fraudadores;
d) queda de um percentual do consumo;
27
e) redes neurais artificiais;
f) visualizao grfica do consumo mdio anual;
g) visualizao grfica do consumo por ano;
h) visualizao grfica do consumo mensal;
i) visualizao da mdia mvel do consumo mensal;
j) padro de consumo.
2.9.3 Energia pr-paga
Um smart card (carto inteligente) que permite a adoo do sistema pr-pago no setor
energtico foi apresentado no I Congresso de Inovao Tecnolgica em Energia Eltrica (I
CITENEL), realizado em Braslia, em novembro de 2001.
O invento proveniente do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Latec) do
Paran e foi viabilizado pela empresa Procomp.
O carto abastecido com crditos por uma mquina especial. Quando o crdito
estiver acabando, uma mensagem aparecer no visor, avisando que hora de carregar o carto
novamente.
O consumidor ter a opo de, minuto a minuto, saber o quanto est gastando.
O maior benefcio ficaria por conta da emisso de fatura que atualmente custa para
uma distribuidora em tomo de R$ 1,70 por conta.
Com relao s fraudes, haveria pontos positivos e negativos. O desvio de energia, por
exemplo, estaria praticamente no mesmo patamar, uma vez que o equipamento estar sob o
domnio do consumidor. Podero ocorrer tambm fraudes no prprio equipamento, usando-se
energia sem consumo de crditos. As fraudes cometidas atravs do medidor desapareceriam,
pois o novo equipamento no eletromecnico.
2.9.4 Sistema de medio centralizada
Tambm chamada de Tarifa Amarela, um sistema que visa a reduzir o consumo de
energia na hora de pico, que compreende o perodo entre 18h30min e 21h30min. O consumo
de energia no horrio de pico que ficar abaixo de um valor predeterminado sofre uma reduo
de 50%.
28
um projeto experimental que est sendo testado em Joinville, em 450 residncias do
Conjunto Habitacional Ademar Garcia. Para participar desse experimento, o consumidor deve
concordar formalmente com o novo mtodo.
Nesse novo sistema de medio, a unidade de medio eletrnica (que comporta at
oito residncias) fica fixada no poste. Em um ponto determinado do Conjunto Habitacional,
instalou-se um concentrador de leitura, que centraliza as leituras instantneas de consumo. O
consumidor tem acesso ao consumo, na ponta e fora de ponta, a qualquer horrio, de uma
cabine munida de monitor e teclado.
A leitura efetuada remotamente. A rea de medio realiza essa tarefa atravs de
ligao via modem. possvel efetuar cortes e religar tambm remotamente, de forma rpida
e fcil, diferentemente do modelo manual atual, constrangedor e burocrtico.
Aliado ao objetivo de diminuir o consumo no horrio de pico, esse sistema tambm
inviabiliza as fraudes que eram realizadas nos medidores de energia como tambm nos
desvios feitos antes da entrada do medidor, em derivaes realizadas no interior das
residncias.
2.10 Reestruturao do setor eltrico brasileiro
A reestruturao do setor de energia eltrica brasileiro tem como principal
caracterstica a desverticalizao da indstria, isto , as atividades de gerao, transmisso,
distribuio e comercializao so agora desempenhadas de forma autnoma e independente
(CEPEL, 1999).
O mercado toma-se competitivo, e todos os interessados em participar dele tm livre
acesso aos sistemas de transmisso e distribuio.
A caracterstica principal desse novo modelo mercantil a criao de vim mercado
chamado Mercado Atacadista de Energia (MAE).
So requisitos bsicos nesse novo modelo (CEPEL, 1999):
a) eficincia econmica da indstria;
b) auto-sustentao da indstria, de modo a garantir a expanso do sistema;
c) operao do sistema com elevado grau de confiabilidade em consonncia com
requisitos de qualidade impostos pela sociedade;
29
d) a prestao dos servios no pode ser discriminatria e a universalizao destes
deve ser perseguida.
A partir desse novo modelo do setor eltrico, surgiram as figuras dos agentes (os
principais so ONS e ANEEL), para operar, planejar e regular o sistema eltrico brasileiro. O
Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS) a entidade responsvel pelo planejamento
operacional, programao e despacho. A Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) o
rgo mximo de regulamentao do setor eltrico nacional. Para atender ao Mercado Aberto
de Energia (MAE), foi criada a figura do operador de mercado, denominado Agente
Negociador do Mercado Aberto de Energia (ASMAE).
A funo da produo da indstria ficar a cargo dos agentes de produo (gerao),
ficando aberta concorrncia.
A funo de transporte da energia desempenhada pelos agentes de transmisso e
distribuio, sendo necessrio que estes ofeream o livre acesso a todos os agentes do
mercado de forma no discriminatria. A transmisso e distribuio constituem monoplios
naturais.
A partir de 2005, qualquer consumidor poder escolher a companhia comercializadora
de sua preferncia que far o seu suprimento de energia, independentemente de esta ser a
companhia que lhe presta o servio de distribuio, desde que pague pelo uso do sistema de
transmisso e distribuio.
Os contratos de compra e venda de energia podem ser efetuados das seguintes formas
(CEPEL, 1999):
a) contratos bilaterais entre comercializadores de energia e geradores, com preos
acertados livremente;
b) contratos bilaterais entre comercializadores de energia, com preos acertados
livremente;
c) atravs do mercado spot, com preos que reflitam o custo marginal do sistema.
O agente regulador (ANEEL) tem a atribuio de fixar preos e padres de qualidade,
estimulando a eficincia econmica da indstria e a universalizao do servio, evitando
abusos nas estruturas de custo do sistema.
As funes de regulaes tcnicas da ANEEL so (CEPEL, 1999):
a) critrios de expanso da gerao - atendimento de ponta e energia;
30
b) critrios de expanso da transmisso e distribuio;
c) qualidade do fornecimento - penalidades;
d) interrupes do fornecimento - penalidades.
As funes de regulaes econmicas da ANEEL so (CEPEL, 1999):
a) controle dos preos praticados nos servios de transmisso e distribuio;
b) controle dos preos para os consumidores cativos;
c) preservao do equilbio econmico-financeiro dos agentes.
2.11 Consideraes finais
Neste captulo descreveu-se brevemente a histria do setor eltrico brasileiro,
iniciando-se com o interesse de D. Pedro II pelos inventos de Thomas Edison, chegando-se
at os dias atuais, em que o governo de Fernando Henrique Cardoso inicia o processo de
privatizao do setor. A histria da Celesc tambm foi relacionada para se conhecer um pouco
da empresa que serviu de laboratrio para que a arquitetura de informao proposta fosse
trabalhada.
Conceituaram-se as perdas existentes na distribuio de energia eltrica e o modo
como a Celesc e outras empresas do ramo as gerenciam.
A Celesc possui baixos ndices de perdas de energia eltrica, sendo uma das melhores
do setor, estando muito prxima da COPEL (a melhor do setor em termos de baixas perdas).
Mesmo assim, estima-se que as perdas comerciais anuais cheguem a um valor aproximado de
80 milhes de reais. A CELPE calcula que atualmente suas perdas globais anuais giram em
tomo de 900 milhes de reais, e a Light, de 300 milhes. So valores expressivos que
justificam todo o esforo das empresas no sentido de combater tal sumidouro de recursos.
Atualmente, o Brasil possui 80% das empresas distribuidoras de energia eltrica
privatizadas. Mais do que nunca, as perdas de energia passaram a ter o merecido tratamento,
pois agora toda despesa desnecessria combatida, e todo lucro possvel perseguido.
Algumas solues que esto sendo pesquisadas esto relacionadas no item 2.8.
A partir de 2005, as empresas distribuidoras de energia eltrica estaro expostas
concorrncia, uma vez que o mercado ser livre. A competitividade forar as empresas a
terem um controle de custos mais enxuto e um fornecimento de energia de alta qualidade.
Quem tiver um bom programa de combate s perdas de energia e de previso de cargas levar
uma boa vantagem sobre as demais que iniciarem tardiamente esse pro