Arquitetura em Unidades de Conservação

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O Parque Botânico do Morro do Baú, Unidade de Conservação, situada no estado de Santa Catarina, apresenta expressiva área de mata primária, caracterizando-se pelo potencial paisagístico inerente ao maciço que lhe atribui o nome (o Morro do Baú). É palco de um expressivo contingente de visitantes na busca das práticas de lazer e recreação, atividades concomitantes às pesquisas científicas próprias da Unidade de Conservação. A diversificação de usos e atividades decorrentes, extremamente pertinentes a uma Área de Preservação Ambiental, tem configurado conflitos, especialmente no que tange ao acolhimento e controle da visitação pública. A falta de uma infraestrutura de apoio adequada a essa visitação, bem como de fiscalização e normas claras para sua realização, tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, contribuindo para a degradação do patrimônio natural e cultural do Parque. É dentro do contexto, onde se entende a qualidade da visitação como um dos itens fundamentais no processo de planejamento de uma Unidade de Conservação, que se insere o conteúdo desta pesquisa. O principal objetivo é a busca de subsídios visando uma melhor organização espacial da área destinada à visitação pública desse Parque. Para tanto, além de estudos sobre o referido Parque, a pesquisa incorpora conceitos teóricos sobre unidades de conservação e planejamento ambiental bem como três estudos de similares, com ênfase na análise de suas áreas de visitação pública. Entende-se que estas áreas são importantes na medida em que, o visitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorpore informações ambientais, passando a ter uma outra visão do significado da unidade de conservação e da importância de se preservar esse enorme reservatório de energia vital - a natureza. Arquitetura em Unidades de Conservação Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú Orientadores: Almir Francisco Reis Vera Helena Moro Bins Ely Bolsistas: Fábio Bubniak Fabíola Bernardes de Souza

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O principal objetivo da pesquisa é a busca de subsídios visando uma melhor organização da área destinada à visitação pública deste parque. Para tanto, além de estudos sobre o referido parque, a pesquisa incorpora conceitos teóricos sobre unidades de conservação e planejamento ambiental, bem como três estudos de similares, com ênfase na análise de suas áreas de visitação pública. Entende-se que estas áreas são importantes na medida em que o visitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorpore informações ambientais, passando a ter uma outra visão do significado da unidade conservação e da importância de se preservar esse enorme reservatório de energiavital - a natureza.

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O Parque Botânico do Morro do Baú, Unidade de Conservação,situada no estado de Santa Catarina, apresenta expressiva área demata primária, caracterizando-se pelo potencial paisagísticoinerente ao maciço que lhe atribui o nome (o Morro do Baú). Épalco de um expressivo contingente de visitantes na busca daspráticas de lazer e recreação, atividades concomitantes às pesquisascientíficas próprias da Unidade de Conservação.

A diversificação de usos e atividades decorrentes, extremamentepertinentes a uma Área de Preservação Ambiental, tem configuradoconflitos, especialmente no que tange ao acolhimento e controleda visitação pública. A falta de uma infraestrutura de apoioadequada a essa visitação, bem como de fiscalização e normasclaras para sua realização, tem levado a atitudes incompatíveis comos ideais de preservação, contribuindo para a degradação dopatrimônio natural e cultural do Parque.

É dentro do contexto, onde se entende a qualidade da visitaçãocomo um dos itens fundamentais no processo de planejamento deuma Unidade de Conservação, que se insere o conteúdo destapesquisa. O principal objetivo é a busca de subsídios visando umamelhor organização espacial da área destinada à visitação públicadesse Parque. Para tanto, além de estudos sobre o referido Parque,a pesquisa incorpora conceitos teóricos sobre unidades deconservação e planejamento ambiental bem como três estudos desimilares, com ênfase na análise de suas áreas de visitação pública.Entende-se que estas áreas são importantes na medida em que, ovisitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorporeinformações ambientais, passando a ter uma outra visão dosignificado da unidade de conservação e da importância de sepreservar esse enorme reservatório de energia vital - a natureza.

Arquitetura em Unidades de ConservaçãoCritérios para implementação de elementos

construídos no Parque Botânico do Morro do BaúOrientadores:Almir Francisco ReisVera Helena Moro Bins Ely

Bolsistas:Fábio BubniakFabíola Bernardes de Souza

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ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Universidade Federal de Santa Catarina

Lúcio José Botelho

Marcos Laffin

Centro TecnológicoJúlio Felipe Szeremeta

Diretor de centro

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Almir Francisco ReisChefe de Departamento

Maria Inês Sugai

Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo

Orientadores:Almir Francisco Reis

Vera Helena Moro Bins Ely - Tutora do grupo PET / Arquitetura e Urbanismo

Bolsistas:Fábio Bubniak

Fabíola Bernardes de Souza

Colaboradores:

Pedro BazzoProfessor Ademir Reis

Reitor

2005 - Grupo PETC

Arquitetura e UrbanismoUniversidade Federal de Santa Catarina

Coordenação do Curso

Pró-reitora de ensino e graduação

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Arquitetura em Unidades de Conservação:Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Colaboradores:

Ademir ReisPedro Bazzo

Universidade Federal de Santa Catarina Grupo PET - Arquitetura e Urbanismo

Florianópolis, Maio de 2005.

Orientadores:Almir Francisco Reis

Vera Helena Moro Bins Ely

Bolsistas:

Fábio BubniakFabíola Bernardes de Souza

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ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Coordenação e Textos:Almir Francisco Reis

Vera Helena Moro Bins Ely

Textos:Fábio Bubniak

Pedro Bazzo

Edição:

Fabíola Bernardes de Souza

Fabíola Bernardes de SouzaFábio Bubniak

Capa:

Fabíola Bernardes de SouzaFábio Bubniak

Ilustrações:Fábio BubniakPedro Bazzo

Editora:

Gráfica:

Agradecimentos:

Grupo PET - Arquitetura e UrbanismoProfessor Ademir Reis - Botânico responsável pela administração do Parque Botânico do Morro do Baú

fotografias:

Fabíola Bernardes de Souza

Montagem de fotos aéreas e fotografias:

Fabíola Bernardes de SouzaFábio Bubniak

Fabíola Bernardes de Souza

Fábio Bubniak

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Sumário1. Introdução

1.1. Apresentando a Pesquisa...........................................................................................................................................81.2. Objetivos.......................................................................................................................................................................91.3. Etapas e Métodos da Pesquisa.................................................................................................................................10

1.3.1. Estudos Teório-conceituais.......................................................................................................................101.3.2. Reconhecimento do Parque Botânico do Morro do Baú.....................................................................111.3.3. Estudo de Similares....................................................................................................................................12

2. Conceituação2.1. Unidades de Conservação num contexto geral - Breve Histórico.....................................................................162.2. Unidades de Conservação no Brasil - Breve Histórico........................................................................................182.3. Planejamento, administração e Manejo de Unidades de Conservação..............................................................192.4. Arquitetura em Unidades de Conservação.............................................................................................................24

3. Estudo de Similares3.1. Parques da Ilha de Santa Catarina............................................................................................................................28

3.1.1. Parque Municipal da Lagoa do Peri..........................................................................................................303.1.2. Parque Florestal do Rio Vermelho............................................................................................................40

3.2. Reserva Natural Salto Morato..................................................................................................................................50

4. Parque Botânico do Morro do Baú4. 1. Apresentando o Parque............................................................................................................................................66

4.1.1. Limites...........................................................................................................................................................694.1.2. Acesso............................................................................................................................................................694.1.3. Orientação.....................................................................................................................................................724.1.4. Infra-estrutura...............................................................................................................................................734.1.5. Reflexões acerca dos problemas detectados............................................................................................79

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5. Considerações Finais

5.1. Comparação entre os Parques estudados da Ilha de Santa Catarina...................................................................845.2. Comparação entre os Parques da ILha de Santa Catarina e a Reserva Natural Salto Morato..........................865.3. O futuro da pesquisa....................................................................................................................................................89

6. Anexos

6.1. Artigo enviado ao VII ENEPEA...............................................................................................................................926.2. Poster IV SEPEX e 12° SIICUSP...........................................................................................................................1176.3. Relatório de pesquisa anexo enviado à Fundação O Boticário de Proteção à Natureza................................1186.4. Artigo enviado ao PLURIS 2005..............................................................................................................................129

7. Bibliografia

Sumário

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7Introdução

1.Introdução

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8 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

1.1.Apresentandoa Pesquisa

Este relatório apresenta estudos preparatórios para um posterior trabalho de intervençãona área destinada à visitação pública do Parque Botânico do Morro do Baú. Além deestudos sobre o referido Parque, incorpora conceitos teóricos sobre unidades deconservação e planejamento ambiental, bem como três estudos de similares.

Destaca-se que as unidades de conservação foram estabelecidas como uma forma de sedefender a biodiversidade. É uma prática adotada mundialmente para reservar áreas dosprocessos, muitas vezes destrutivos, do desenvolvimento.

O Parque Botânico do Morro do Baú, situado em terras pertencentes aos municípios deIlhota e Luís Alves, é uma Unidade de Conservação administrada pelo Herbário BarbosaRodrigues, centro de pesquisa botânica e ambiental de reconhecimento mundial, sediadona cidade de Itajaí-SC. O parque, considerado pelo MAB-UNESCO ¹ como Área Pilotodentro da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica apresenta expressiva área de mataprimária, caracterizando-se pelo potencial paisagístico inerente ao maciço que lhe atribuio nome, o Morro do Baú. É palco de um expressivo contingente de visitantes na buscadas práticas de lazer e recreação, atividades concomitantes às pesquisas científicas própriasda Unidade de Conservação.

A diversificação de usos e atividades decorrentes, extremamente pertinentes a uma Áreade Preservação Ambiental, tem configurado conflitos, especialmente no que tange aoacolhimento e controle da visitação pública. A falta de uma infraestrutura de apoioadequada a essa visitação, bem como de fiscalização e normas claras para sua realização,tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, contribuindo para adegradação do patrimônio natural e cultural do Parque.

É dentro do contexto, onde se entende a qualidade da visitação como um dos itensfundamentais no processo de planejamento de uma Unidade de Conservação, que seinsere o conteúdo desta pesquisa.

¹ Programa Man and Biosfere (MAB) da UNESCO, cujo objetivo é o de propiciar a harmonia entre as relações dohomem com o seu ambiente.

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9Introdução

Nesta pesquisa, além da busca por referências bibliográficas acerca das Unidades deConservação e suas implicações e da realização de visitas ao Parque Botânico do Morrodo Baú - de modo a detectar os problemas com relação à sua organização espacial -julgou-se imprescindível os estudos de similares visando a compreensão do funcionamentode uma área destinada à visitação pública de uma unidade de conservação.

Assim, estudou-se os locais de visitação pública e respectivos equipamentos de duasunidades de conservação de Florianópolis localizadas na Ilha de Santa Catarina: o ParqueMunicipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal do Rio Vermelho, e de uma unidadede conservação do Estado do Paraná, localizada nas proximidades do município deGuaraqueçaba e considerada referência internacional, a Reserva Natural Salto Morato.

O capítulo 1 apresenta a introdução do trabalho. No capítulo 2, estão apresentadosconceitos sobre unidades de conservação; planejamento, administração e manejo dessasáreas bem como sobre a arquitetura e elementos construídos numa unidade deconservação. O capítulo 3 é composto pelas reflexões acerca dos três estudos desimilares. No capítulo 4 tem-se os estudos sobre o Parque Botânico do Morro do Baúsomados aos problemas detectados na área. As conclusões dessa etapa da pesquisa seencontram no capítulo 5 onde se encontram comparações entre os parques da Ilha deSanta Catarina, e entre esses e a Reserva Natural Salto Morato e ainda, discorre sobre ofuturo da pesquisa. São apresentados também quatro documentos anexos: dois artigos,um poster e um projeto de pesquisa.

1.2.ObjetivosA pesquisa tem como objetivo realizar estudos teórico-práticos, visando a preparaçãode material para subsidiar um posterior trabalho de planejamento espacial no ParqueBotânico do Morro do Baú.

Para tanto se procurou compreender a Arquitetura de Parques, isto é, o seu zoneamentode usos, localização e tipos de equipamentos e edificações presentes, a comunicaçãovisual, caminhos e trilhas, entre outros. Além disso, buscou-se entender como éadministrada uma unidade de conservação e de que forma se dá a organização e a gestãoespacial numa área protegida.

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1.3. Etapas eMétodos daPesquisa

Esta pesquisa divide-se em três etapas principais de trabalho: a etapa teórica-conceitual,a de reconhecimento do Parque Botânico do Morro do Baú e a etapa dos estudos desimilares. Ressalta-se que essas etapas ocorreram de forma simultânea, não havendo umaordem cronológica.

1.3.1 Estudos Teórico-conceituais

A partir da revisão bibliográfica com a leitura de livros, teses, artigos e projetos, pretendeu-se adquirir conhecimento sobre:

-Unidades de Conservação-Conceitos ambientais;-A Situação das unidades de conservação no Brasil;-Histórico Geral das Unidades de Conservação;

Outro aspecto importante é o fato de oportunizar, aos bolsistas do PET/ARQ, contatocom unidades de conservação, uma vez que esta, ainda, não é uma escala estudadadentro das escolas de Arquitetura, caracterizando-se, portanto, como um temacomplementar na sua formação, em especial ao que tange à questão ambiental, hojefundamental para o arquiteto.

Além de subsidiar futuros estudos de planejamento, esta pesquisa possibilitou, no 2°semestre de 2004, a elaboração de um projeto referente ao planejamento ambiental doParque do Morro do Baú, pelo grupo em conjunto com o Laboratório de Botânica daUFSC, posteriormente enviado à Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.Pretendia-se, se aprovado, com os recursos financiados pela Instituição acima citada,ampliar o projeto de planejamento ambiental do Parque, reunindo arquitetos e biólogospara discutir alternativas espaço-ambientais que atendessem às demandas e conflitosespaciais diagnosticados no Parque. O conjunto destes projetos arquitetônicos que visamgarantir uma visitação qualificada e maior consciência ambiental, iriam compor umPlano Global Emergencial de Visitação para o Parque Botânico do Morro do Baú, emnosso entender, um passo fundamental para a formulação posterior de um Plano deManejo global da Unidade de Conservação.

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11Introdução

1.3.2. Reconhecimento do Parque Botânico do Morro do Baú

Foram realizadas algumas visitas a campo, com o intuito de conhecer característicasecológicas e paisagísticas do parque bem como suas potencialidades e limitações emtermos de lazer, recreação e visitação pública. Desta forma, na área destinada à visitaçãopública do Parque, foram feitos diversos levantamentos expeditos e fotográficos,captando características espaciais e arquitetônicas dos elementos construídos hojeexistentes.

Para a análise da implantação e localização do Parque, buscou-se por documentações,como, aerofotos e mapas topográficos. Com estas ferramentas pode-se elaborar umamaquete da área e, através do rastreamento desses mapas e da montagem das aerofotos

-Administração e Manejo de Unidades de Conservação;-Usos e atividades em Unidades de Conservação;-Planejamento de Unidades de Conservação;-Arquitetura em Unidades de Conservação;-Concepção de Elementos construídos em Unidades de Conservação;-Tecnologias adequadas;-Bibliografia específica do Morro do Baú.

Nesta etapa, também foram realizadas algumas “conversas informais” com diversostécnicos ligados à área, como a arquiteta Fátima Brezola da Fundação Municipal deAmparo ao Meio Ambiente - FATMA e o botânico Ademir Reis, administrador doParque Botânico do Morro do Baú e professor do curso de Biologia da UFSC. Asconversas foram importantes para que se entendesse a função do profissional arquitetono contexto de uma unidade de conservação, além de melhor compreender como écriada uma unidade de conservação e como a mesma funciona, principalmente emrelação à área de visitação pública.

Através dessas conversas, foram adquiridos ferramentas e subsídios para conseguir detectaros conflitos espaciais e os pontos positivos com relação à área de visitação pública dastrês unidades de conservação estudadas, bem como do Parque Botânico do Baú.

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atrativas, fator que dificulta a disseminação de educação ambiental e conseqüentemente,o envolvimento dos cidadãos na luta para que áreas de exuberante beleza natural tenhamuso compatível com os ideais de proteção.

Os critérios que levaram o grupo a estudar os dois Parques da Ilha de Santa Catarina,foram: a localização dentro da Ilha, ou seja, são mais facilmente acessíveis pelo grupo ea relevância turística e ecológica que os dois parques apresentam. Quanto à ReservaNatural Salto Morato tem-se que é uma referência internacional na questão ambiental ese propõe a ser um modelo de unidade de conservação.

Critérios para a escolha dasUnidades de Conservação

O Parque Municipal da Lagoa do Peri, situado na região sul da Ilha, possui o maiormanancial de água potável da Ilha de Santa Catarina, a Lagoa do Peri, cujas característicaspeculiares a tornam, também, o maior habitat de Florianópolis para espécies de água

1.3.3. Estudo de SimilaresComo uma das etapas da pesquisa julgou-se necessário o estudo de similares de modoa compreender o funcionamento de uma área destinada à visitação pública de umaUnidade de Conservação. Desta forma, estudou-se as áreas de visitação pública erespectivos equipamentos de duas importantes unidades de conservação de Florianópolislocalizadas na Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o ParqueFlorestal do Rio Vermelho, e de uma unidade de conservação do Estado do Paraná,localizada nas proximidades do município de Guaraqueçaba e considerada referênciainternacional, a Reserva Natural Salto Morato.

Estes estudos foram elaborados a partir de visitas a campo, levantamentos fotográficose entrevistas com funcionários e usuários dos Parques, além de referências bibliográficas.

Os dados recolhidos foram organizados em tabelas a fim de se observar, comofuncionam estas áreas apropriadas pelos visitantes. Constatou-se que a falta de qualificaçãodestas áreas destinadas à visitação pública tornam as unidades de conservação menos

em programas computacionais, o grupo conseguiu se apropriar e compreender melhora área de estudo.

Ocorreram, também, “conversas informais” com o- professor Ademir Reis (Botânicoresponsável pelo Herbário Barbosa Rodrigues), onde se conseguiu detalhes daadministração e zoneamento do Parque Botânico do Morro do Baú, além de materiaiscomo mapas, teses ou mesmo, informações empíricas sobre o Parque.

Os Parques da Ilha de SantaCatarina

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13Introdução

Os Parques da Ilha de SantaCatarina

MétodosDestaca-se que todas as unidades de conservação estudadas se propõem à realização deatividades simultâneas de pesquisa e de lazer. Na verdade, este é um fator comum àgrande maioria das unidades de conservação, daí a importância destes três estudos.Nesta pesquisa, além da análise das áreas destinadas a visitação pública, com as estruturas(edificações e instalações) e infraestruturas (caminhos, energia elétrica, elementos decomunicação...) que a unidade de conservação oferece para os usuários, abordam-sebrevemente tanto as características naturais, paisagísticas, em especial a vegetação existentequanto a relação destas áreas protegidas com o entorno rural ou urbano circundante.

Nestes estudos de similares, os mapas foram ferramentas fundamentais para a análiseda implantação das unidades de conservação, de modo a compreender sua articulaçãodentro de uma área geográfica específica e sua relação com o entorno imediato. Assim,buscou-se adquirir mapas, aerofotos e dados sobre a legislação ambiental pertinente àárea de estudo.

A Reserva Natural SaltoMorato

A Reserva Natural Salto Morato, administrada pela Fundação O Boticário de Proteçãoà Natureza, é considerada referência internacional em questões relacionadas a áreas deproteção ambiental. Está localizada no bairro rural denominado Morato a 20 Km dasede do município de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná. Além de proteger umaamostra significativa de Floresta Atlântica, bem como da fauna ligada a ela, tem comometa tornar-se modelo de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), de modoque seja um centro de difusão de conhecimento e tecnologia para o manejo de Unidadesde Conservação. Vale dizer que, todo o ecossistema, no qual se insere essa reserva, foireconhecido pela UNESCO em dezembro 1999, como Patrimônio Natural daHumanidade.

doce. Soma-se a isto, a “Mata Pluvial Atlântica”, cobrindo as encostas e picos dosmorros compreendidos na área da Bacia da Lagoa do Peri, caracterizando-se como amais importante vegetação da área. Ressalta-se, também, a expressiva visitação públicaneste parque, em especial no período do verão.

O Parque Florestal do Rio Vermelho, localizado na porção nordeste da Ilha de SantaCatarina, entre o Oceano Atlântico e a Lagoa da Conceição, teve uma parte da sua áreade restinga substituída na década de 60 por plantios experimentais de diferentes espéciesde Pinus. Atualmente, o Parque se propõe a restaurar a área de vegetação nativa, tendoem vista as alterações que a vegetação exótica vem causando no solo e no ecossistemaem geral. O Parque abriga uma das mais importantes faixas de dunas recobertas porvegetação de restinga da Ilha de Santa Catarina, abrigando espécies endêmicas, raras eameaçadas de extinção. É uma área de grande relevância ecológica, sendo visitada emmédia por 80 mil pessoas por ano.

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15Conceitos

2. Conceituação

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2.1.Unidades deConservação -breve histórico

Já faz algum tempo que a humanidade assiste a uma aceleração e destruição impostas adiversidade biológica do planeta. Esta rápida e desordenada ocupação dos espaçosnaturais da Terra redunda num planeta quase totalmente antropizado, onde variadasespécies de animais ou vegetais são dia a dia reduzidas. Como forma de se defender omeio-ambiente, foram estabelecidas unidades de conservação, isto é, áreas legalmenteprotegidas por uma legislação específica e com o seu uso direcionado à sua conservação.

Uma unidade de conservação ou uma área natural protegida é definida, segundo a UICN(União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), 1994,como: “uma superfície de terra ou mar consagrada à proteção e manutenção dadiversidade biológica, assim como dos recursos naturais e dos recursos culturaisassociados, e manejada através de meios jurídicos e outros eficazes.”( UICN apud Brito,2003, p. 19)

Dentro desse contexto, coube a UICN, estabelecer diretrizes que viriam a auxiliar ospaíses nas práticas de conservação de suas áreas de beleza exuberante e importânciaecológica. No entanto, “cada país, em razão das especificidades políticas, econômicas,culturais, e de recursos naturais que possui, tem formas diferenciadas de entender quaisdevem ser os objetivos de conservação da natureza – para quê e para quem.”(BRITO,2003, p. 13)

No decorrer da história, há diversos registros de ações humanas de proteção à natureza,estimuladas pelos mais variados motivos. No entanto, tem-se como marco referencialmoderno, a criação do Yellowstone National Park, em 1872, nos Estados Unidos da América(ver FIGURAS 1 e 2). Este parque tem como grande avanço, em relação ao que sevinha fazendo até então, “a sua destinação para preservação contra qualquer exploraçãoou interferência, garantindo seu estado natural em perpetuidade” (MILANO, 2002,p.194).

De acordo com Brito (2003), neste primeiro momento, na visão dos preservacionistas,havia uma separação entre homem e natureza. Para estes especialistas, o “natural” eraaquilo que não precisava da presença ou atuação humana, e que deveria permanecer daforma como foi originalmente criado pela “ação divina”.

Fig.1: Centro de visitantes do ParqueNacional de YellowstoneFonte: http://www.nps.gov/yell/home.htm

Fig.2: Portal do Parque Nacional deYellowstoneFonte: http://www.nps.gov/yell/home.htm

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17Conceitos

Assim, logo após a iniciativa estadunidense, tem-se em 1885 a criação de um parquenacional no Canadá; em 1894, na Nova Zelândia; em 1898, na África do Sul e no México;em 1903, na Argentina; em 1914, na Suíça; em 1926, no Chile; em 1934, no Equador eVenezuela e somente, em 1937, no Brasil.

Mas, foi a partir dos anos 50, em especial na década de 70, que o número de áreasnaturais protegidas cresceu notavelmente. Neste período 1.300 novos parques foramcriados no mundo, sendo que 2/3 deste total foram áreas criadas em paísessubdesenvolvidos.

Também na década de 70, foi criado pela UNESCO, o programa MAB (Man and Biosfere),que visava o desenvolvimento compatível com os ideais de proteção numa relaçãoharmônica entre o homem e a natureza. Incorporava-se, assim, a realidade da ocupaçãohumana no interior das áreas naturais protegidas.

Enfim, tem-se claro que somente o estabelecimento de um sistema de unidades deconservação, corretamente administradas e dotadas de uma significativa e relevantevariedade de espécies, pode amenizar o processo de redução da diversidade biológica.Esta importância remetida às unidades de conservação é reconhecida hoje em escalaglobal. No entanto, de acordo com Milano (2002), há de se pensar na criação de unidadesde conservação de forma prática e ao mesmo tempo filosófica, embasada em princípioséticos e em ciência, de maneira a implantá-las com responsabilidade, garantindo que nãosejam esquecidos sua essência e os reais motivos da sua existência.

Desde o surgimento do parque nacional Yellowstone ( ver FIGURAS 3 e 4), áreas protegidasforam criadas por todo o mundo e congressos sobre o assunto são disseminados pordiversos países, permitindo, portanto, o avanço da conservação da natureza como técnicae ciência, possibilitando a preservação da diversidade biológica do planeta, a manutençãode serviços ecológicos essenciais, a proteção de monumentos naturais e a preservaçãode belezas cênicas.

Fig.3: Educação Ambiental - ParqueNacional de YellowstoneFonte: http://www.nps.gov/yell/home.htm

Fig.4: Paisagem - Parque Nacional deYellowstoneFonte: http://www.nps.gov/yell/home.htm

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18 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Estima-se que o Brasil possua cerca de vinte por cento da diversidade biológica mundial.São muitas as preciosidades encontradas em terras brasileiras, as quais por vezes, tornam-se reféns das ações imediatistas e da ganância humana. Como solução a esta lamentávelrealidade, a proteção de áreas naturais bem como a concepção e o manejo destas comotal, tornam possível que objetivos quanto à conservação de áreas naturais de um paísvenham a ser, de fato, alcançados.

Influenciado pela criação do Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, o brasileiroAndré Rebouças propôs, em 1876, a criação dos Parques Nacionais de Sete Quedas e daIlha do Bananal, demonstrando que, já naquela época, havia brasileiros preocupadoscom a progressiva degradação da natureza do país. Entretanto, os ideais preservacionistasdeste cidadão não foram contemplados. E, apenas cinqüenta e sete anos depois, foicriado o primeiro Parque Nacional brasileiro, pautado no Código Florestal de 1934 – oParque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro (ver FIGURAS 5,6,7,8 e 9).

Segundo Milano (2002), o termo Unidades de Conservação surgiu de forma definitiva -substituindo o termo bem genérico “áreas protegidas” - pelo final da década de 70 numartigo assinado por Maria Tereza de Pádua em uma publicação do extinto IBDF – InstitutoBrasileiro de Desenvolvimento Florestal. Foi nesta época, também, que “a idéia de áreaprotegida passou a ser mundialmente orientada de uma maneira mais científica e a requererum tratamento mais sistêmico” (MILANO, 2002, p. vii).

No Brasil, exceto algumas poucas exceções, os governantes vêm demonstrandodesconhecimento a respeito da importância da conservação e, por vezes, uma falta deinteresse pelo estabelecimento de uma verdadeira política de unidades de conservação.Devido aos esforços de pessoas dedicadas, esclarecidas e comprometidas, que aproveitamraras oportunidades favoráveis, é que se vem implantando novas unidades de conservação.Atualmente, elas devem fazer parte de um pouco mais de 8% do território nacional.

Vale ressaltar que o Brasil possui imensas áreas naturais ainda pouco alteradas. Mesmo aMata Atlântica, uma das que mais sofreu com as pressões antrópicas, ainda dispõe deconsideráveis ecossistemas naturais, permitindo a conservação dos mesmos. Para Ibsende Gusmão (2002), ainda está em tempo de se estabelecer uma verdadeira política deunidades de conservação, a fim de se garantir a permanência de parcelas naturaissignificativas da “megabiodiversidade” deste País.

2.2. Unidades deConservação noBrasil - brevehistórico

Fig.6: Maciço das PrateleirasFonte: www.webavista.com.br

Fig.5: Planalto ItatiaiaFonte:www.crescentefertil.org.br/parquenacional/br

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19Conceitos

Fig.9: Centro de visitantesFonte: www.brasilviagem.com/cidades/

Fig.7: Placa informativa dentro doParque de ItatiaiaFonte: www.webavista.com.br/index/

Fig.8: Cachoeira PorongaFonte: www.webavista.com.br/index/

2.3. Planejamento,administração emanejo deUnidades deConservação

Segundo a Lei N° 9.985, SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação – de18 de julho de 2000, unidade de conservação é:

Um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, comcaracterísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivosde conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicamgarantias adequadas de proteção. (SNUC, 2000)

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC divide as unidades em doisgrupos com características distintas: unidades de proteção integral e unidades de usosustentável.

De acordo com a Lei SNUC N° 9.985, as unidades de conservação de uso integraltêm como principal objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indiretodos seus recursos naturais. Já as unidades de uso sustentável têm como objetivocompatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seusrecursos naturais.

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20 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Dentre as categorias de proteção integral tem-se as seguintes categorias de unidades deconservação: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Naturale Refúgio da Vida Silvestre.

No grupo das unidades de conservação de uso sustentável tem-se: Área de ProteçãoAmbiental, Área de Relevante Interesse ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,Reserva da Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular doPatrimônio Natural.

Neste trabalho, estudamos as áreas de visitação pública e respectivos equipamentos deduas Unidades de Conservação de Florianópolis localizadas na Ilha de Santa Catarina.Uma delas, o Parque Municipal da Lagoa do Peri, sob tutela da FLORAM - FundaçãoMunicipal de Amparo ao Meio-Ambiente, adquiriu o status de Parque Municipal, em1989. Por essa razão, segundo a Lei SNUC- Sistema Nacional de Unidades deConservação, se enquadra na categoria Parque, a qual faz parte do grupo de Unidadesde Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza, sendo admitido apenaso uso indireto dos seus recursos naturais. Segundo a legislação ambiental citada acima, acategoria Parque tem como principais objetivos a preservação de ecossistemas naturaisde grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisascientíficas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, derecreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

A segunda unidade de conservação estudada neste trabalho é o Parque Florestal do RioVermelho. Tem-se que em 1962, o governo do Estado de Santa Catarina criou a EstaçãoFlorestal do Rio Vermelho, onde foram executados plantios experimentais de 25 espéciesde Pinus aspirando ao futuro extrativismo vegetal de grande rentabilidade econômica.Somente em 1974, a antiga Estação Florestal do Rio Vermelho, segundo decreto estadualnº 994, torna-se Parque Florestal do Rio Vermelho, tendo como objetivos: a restauraçãoda flora e fauna, introdução de essências florestais nativas ou exóticas, e desenvolvimentode técnicas de drenagem para o aproveitamento de áreas alagadiças, assim como técnicaspara a fixação e reflorestamento de dunas, execução de trabalhos de melhoramentosgenéticos, estabelecer adequado manejo da floresta, introduzir o plantio do palmito,produzir sementes e mudas, realizar pesquisas e promover o aproveitamento de áreasapropriadas ao turismo, à prática do escotismo e do lazer público. No entanto, o Parque

Parques

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21Conceitos

citado acima precisa de uma categorização no Sistema Nacional de Unidades deConservação (SNUC), visto que a categoria “Parque Florestal” não consta no mesmo.Para proteção integral da área, sugere-se, portanto, a categorização como “ParqueEstadual”, já que a CIDASC - Companhia Integrada de Desenvolvimento agrícola deSanta Catarina, pertencente ao Estado de Santa Catarina, é a responsável pela área.

O Parque Botânico do Morro do Baú, segundo Marterer (1996) foi criado através deuma iniciativa privada e conta hoje com 750 ha. Tem-se que o Morro do Baú e arredoresforam adquiridos pelo Herbário Barbosa Rodrigues da família von Buettner. Desde1963, a área do Parque foi caracterizada pelo Departamento Estadual de Caça e Pesca deSanta Catarina, como “Parque de Refúgio” pela portaria N° 05 de 10 de setembro de1963, cujos principais objetivos são: preservar e desenvolver pesquisa sobre conservaçãoe manejo de florestas, além de implementar educação ambiental junto aos seus visitantese moradores vizinhos.

Sendo assim, o Refúgio da Vida Silvestre, que se enquadra na categoria de Unidades deProteção Integral, tem como objetivo “proteger ambientes naturais onde se asseguramcondições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local eda fauna residente ou migratória” (LEI SNUC, 2000, art. 13).

De acordo com a Lei SNUC (2000) a visitação pública nessa área está sujeita às normase restrições ora estabelecidas por um Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidaspelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. Comrelação à pesquisa científica a Lei SNUC (2000) reitera que esta depende da autorizaçãoprévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições erestrições estabelecidas e previstas no regulamento.

Analisamos, também, a área de visitação pública da Reserva Natural Salto Morato, umaunidade de conservação privada, administrada pela Fundação O Boticário de Proteção àNatureza.

O conceito legal das unidades de conservação privadas surgiu no Brasil com a Portariado extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF que, com base noartigo 6° da lei 4771/65 – Código Florestal, instituiu os Refúgios Particulares da Fauna.

Refúgio da Vida Silvestre

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22 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Mas, foi o Decreto n° 98914/90, que instituiu a Reservas Particulares do PatrimônioNatural – RPPNs, onde as áreas que apresentavam condições de primitividade ou semi-primitividade, aspecto paisagístico ímpar, ou contribuíssem para a manutenção do ciclobiológico das espécies de fauna e flora nativas do Brasil, poderiam ser reconhecidaslegalmente, por iniciativa dos proprietários, como RPPNs.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (2000), a ReservaParticular do Patrimônio Natural se enquadra no grupo das unidades de Uso Sustentávelcujo principal objetivo é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentávelde parcela dos seus recursos naturais, e tem-se como definição de RPPN, o seguinte:“uma área privada, gravada com perpetuidade, com objetivo de conservar a diversidadebiológica” (Lei SNUC, 2000, Art. 21).

Destaca-se que numa RPPN só são permitidas atividades de pesquisa científica e visitaçãocom objetivos turísticos, recreativos e educacionais, desde que previstos no regulamentoda unidade.

A criação de unidades de conservação é algo louvável. Contudo, para que aimplementação delas seja realmente eficiente, é evidente que a criação das mesmas deveser o resultado de estudos sérios, onde não haja erros quanto à escolha da categoria daárea bem como da sua delimitação, além da existência de uma administração e gestãoadequados pautados num Plano de Manejo.

O Plano de Manejo de Unidades de Conservação, de acordo com IBAMA (1996), é umprojeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determina ozoneamento de uma Unidade de Conservação, caracteriza cada uma de suas zonas, epropõe seu desenvolvimento físico de acordo com suas finalidades e estabelece diretrizesbásicas para o manejo da unidade. Estes são documentos elaborados por gruposinterdisciplinares (geógrafos, biólogos, arquitetos, entre outros) que visam a orientaçãode intervenções na Unidade de Conservação, evitando equívocos que impliquem emreações contrárias à da Conservação, tornando assim essas áreas menos vulneráveis adanos impostos sobre o patrimônio natural. O profissional arquiteto-urbanista, auxiliadopor um Plano de Manejo tem um papel fundamental no sentido de organizarespacialmente áreas de conservação em zonas, com seus respectivos graus de proteção

Plano de Manejo de Unidades deConservação

RPPN

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23Conceitos

e intervenção, de acordo com suas finalidades.

Dentre estes trabalhos, destaca-se a qualificação da infra-estrutura de apropriação públicade uma área protegida, através da concepção de edificações, da orientação de caminhose trilhas utilizando-se da comunicação visual, enfim, planejando e organizando as áreaspermitidas para pesquisa e visitação. A organização das áreas que serão apropriadas pelosvisitantes numa Unidade de Conservação é bastante importante, pois orienta de formaeficiente os visitantes dizendo o que pode e o que não pode ser feito e ainda facilita afiscalização por parte da administração da Unidade de Conservação. Portanto, é de sumaimportância que Unidades de Conservação não sejam simplesmente implementadas,sem que exista um plano de manejo ou algo parecido que venha a orientar as açõesdentro da área protegida. Só assim, será possível que áreas de exuberante beleza naturale importância tenham uso compatível com os ideais de proteção. Dentro do contextodas áreas de conservação estudadas, somente a Reserva Natural Salto Morato possui umPlano de Manejo.

No entanto, destaca-se que junto à criação do Parque Municipal da Lagoa do Peri,instituiu-se o Plano Diretor de Ocupação e Uso do Solo, descrevendo os objetivos quelevaram à criação do Parque. Os objetivos são: “(...) proteger o patrimônio naturalrepresentado pela flora, fauna e paisagem, (...) aproveitar as condições peculiares de suapaisagem natural e cultural para o adequado desenvolvimento de atividades educativas,de lazer e recreação” (CECCA, 1997, pg.91). Esse Plano Diretor é um documentosemelhante ao Plano de Manejo e, embora não seja tão completo e complexo quantoum Plano de Manejo, o mesmo auxilia nas intervenções dentro da área destinada àvisitação pública do Parque.

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24 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Assim, tem-se que os elementos arquitetônicos em uma unidade de conservação são desuma importância para a definição dos usos e serviços interessantes para o manejo daárea. Segundo Hardt (1996), a concepção dos elementos construídos em uma unidadede conservação pode ser considerada em dois momentos: o primeiro, em nível deconjunto e o segundo, em nível individual.

Em nível de conjunto, as estruturas construídas devem atender algumas condicionantes,sendo a capacidade de carga uma delas. Esta condicionante está relacionada a quantidadede uso que pode ser mantida em um tempo específico, sem causar danos ao patrimônionatural da unidade de conservação. Há que se pensar no limite aceitável de visitação, ostipos de atividades que serão desenvolvidas em determinadas áreas. Enfim, deve-secompreender a unidade como um todo, para que sejam evitados conflitos entre osdiversos usos do local, visando tanto o bem estar dos visitantes quanto a proteção dosrecursos naturais.

Dentro desse contexto, as unidades estruturadoras do espaço podem ser locadas emfunção de temas e objetivos particulares, permitindo um certo nível de organização dasatividades desenvolvidas. É importante salientar que os elementos construídos em cadazona devem estar condicionados às características do sítio. Contudo, é fundamental queseja mantida a unidade das estruturas do conjunto da área de conservação. Esta unidadede conjunto pode ser obtida por diversos meios, seja pelo uso de formas puras, ou pelarepetição de elementos, pela repetição alternada de elementos diferentes (dando ritmo),entre outros.

Com relação ao nível individual, as arquiteturas em unidades de conservação, devem ser

2.4. Arquitetura emUnidades deConservação

O processo de concepção de elementos construídos em unidades de conservação é ummomento importante para a elaboração da chamada “arquitetura ecológica”, a qual deacordo com Costa (apud Hardt, 1996) pode ser conceituada como, a “arte de construiredificações aproveitando (...) apenas os recursos imediatos propiciados pela próprianatureza, sem alterar o equilíbrio ecológico da mesma” e mesmo da “arquiteturabioclimática”, ou seja:

O conjunto de soluções projetuais que permite que num mesmo edifício sejamasseguradas as condições de bem –estar utilizando o menos possível instalaçõesque exijam consumos energéticos de fontes exauríveis. É preciso que o edifíciodetermine uma relação com o ambiente exterior capaz de produzir as necessáriasalterações de condições ambientais, sobretudo em virtude das suas características(morfológicas, termofísicas, dimensionais,...). (ENEA & IN/ARCH apud Hardt ,1996).

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25Conceitos

pensadas de modo a estarem em harmonia tanto com o meio e com as condicionantesambientais, funcionais e conceituais, quanto com as tecnologias necessárias para a suaconcepção.

Conforme (Muller apud Hardt, 1996) na idealização de qualquer elemento construídodentro da unidade de conservação, a orientação das atividades do planejador deveráestar voltada para a preservação e intensificação das características naturais da áreaprotegida, evitando, portanto, o rompimento da integridade da paisagem, estando emharmonia com o ambiente.

Ressalta-se, ainda, que a qualidade estética da paisagem é de fundamental importânciapara a concepção da estrutura edificada em uma unidade de conservação, uma vez quequalquer composição de espaço é pautada em princípios de estética. A estética pode serdefinida como a “ciência das aparências perceptíveis pelos sentidos, da sua percepçãopelos homens e da sua importância como parte do sistema sócio-cultural” (Dondis apudHardt, 1996). Sendo assim, deve-se considerar tanto a atratividade do elemento construídode acordo com o seu uso, quanto o impacto deste uso sobre a sua qualidade.Outro aspecto importante a se considerar, é a análise das limitações do ambiente. Afinal,o clima é determinante das características de conforto ambiental – térmico, acústico, deventilação e luminosidade - de edificações. Soma-se a isto, o cuidado com as drenagensnaturais, com a possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos, além de se consideraras características da topografia, fauna e flora. Não se pode perder de vista, também, aadequação funcional do elemento construído, a qual segundo Hardt (1996) está relacionadaàs necessidades dos usuários.

Na concepção de edificações, instalações e elementos de comunicação visual,provavelmente prevalecem as questões relacionadas à forma e à função. Na verdade, asedificações em áreas protegidas, não necessariamente precisam comportar-se comosimples construções, e nem devem. A forma de uma obra arquitetônica deve sim,buscar uma identidade ou possuir um “caráter”, expressando claramente a função quedesempenha enquanto peça fundamental na organização espacial de uma unidade deconservação.

Quanto ao sistema de circulação bem como, ao traçado das vias de acesso, deve-sepossibilitar ao visitante contato com uma variedade de paisagens e de recursos naturaisexpressivos do lugar. É importante, também, que se restrinja o uso do automóvel no

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26 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

interior da unidade de conservação, de modo a facilitar a fiscalização e a proteção doselementos naturais e culturais da área.. Além disso, não se pode esquecer de soluçõesprojetuais que facilitem a acessibilidade de portadores de deficiências físicas, cognitivas,sensoriais, oportunizando momentos especiais, em contato com à natureza, a todos.

Hardt (1996) deixa claro que as soluções arquitetônicas para os elementos construídosnuma unidade de conservação, devem considerar a construção de novos elementos e arestauração e/ou eliminação dos já existentes. Assim, o uso de materiais deve levar emconsideração a sua durabilidade, resistência e rusticidade, visando a diminuição de custosde implantação e manutenção, e ainda, possibilitando a integração dos elementosarquitetônicos na paisagem natural.

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Estudo de Similares

3.Estudo de SimilaresParques da Ilha de Santa Catarina e ReservaNatural Salto Morato

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28 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

3.1 Os Parquesda Ilha deSantaCatarina A Ilha de Santa Catarina possui uma área aproximada de 423 Km², sendo que suas

encostas eram ,a princípio, cobertas pela Mata Atlântica e suas planícies por vegetaçãode restingas e manguezais. Soma-se a isto a existência de lagoas, lagunas, praias arenosas,dunas, enfim, uma rica variedade de ambientes compondo vários ecossistemas naturais.Entretanto, a partir do século XVIII, com a colonização, as práticas agrícolas levaram aodesmatamento, degradando bastante rápido esses ecossistemas.

Como continuidade deste processo, o crescimento acelerado e desordenado, aliado àindústria do turismo e à construção civil, causaram os maiores impactos, induzindoocupações em áreas de encostas, manguesais e restingas.

Para proteger a natureza de Florianópolis da sistemática agressão humana, tornou-seimprescindível a implementação de Unidades de Conservação, que somam 42% da áreatotal do município (ver FIG. 10).

Neste momento, expõe-se os estudos e reflexões acerca das áreas de visitação pública erespectivos equipamentos de duas Unidades de Conservação de Florianópolis localizadasna Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal doRio Vermelho.

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Estudo de Similares

Fig.10: mapa Ilha de Santa CatarinaFonte: Laboratório Infoarq/UFSC e modificado pelos autores

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30 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

O Parque Municipal da Lagoa do Peri está inserido numa bacia hidrográfica de 20,3 km².Abriga a Lagoa do Peri cujas características peculiares a tornam o maior manancial deágua potável da Ilha de SC, com 5,2 Km² e profundidade máxima de 11m, além decaracterizar-se como o maior habitat de Florianópolis para espécies de água doce.

Distante 24 km do Centro de Florianópolis e 14 Km do Aeroporto Hercílio Luz, oacesso ao Parque da Lagoa do Peri se dá através da rodovia SC-406, que corta o Parqueno sentido Norte/Sul, chegando até o distrito do Pântano do Sul (ver FIG. 11).

A chegada ao Parque da Lagoa do Peri é sinalizada junto à via de acesso (SC-406) comuma placa consideravelmente grande (ver FIG. 12). Ao adentrar, o usuário tem apossibilidade de deixar seu automóvel num estacionamento não coberto e previsto paraaté 200 carros (ver FIG. 13). É importante ressaltar que bem em frente à entrada principaldo Parque, tem-se uma parada de ônibus, a partir da qual o visitante leva poucos segundospara acessá-lo.

Além da entrada principal, há diversas entradas periféricas na extensão do Parque, queacabam por dificultar uma possível fiscalização e proteção da área, deixando o Parquemuitas vezes exposto a ações contrárias a da preservação, como caças ilegais, extração damadeira e ocupação de áreas destinadas à preservação.

A cobertura vegetal da Bacia da Lagoa do Peri constitui-se de três tipos bem definidos:a “Mata Pluvial Atlântica”, a mais importante formação da área, com 8,06 Km², ocupandoas encostas e picos dos morros e pequena área da restinga; a “Vegetação Litorânea”distribuída ao longo da restinga e os “Campos”, os quais são representados por pequenasmanchas situadas, predominantemente, na encosta sul da Lagoa (ver FIG. 14).

Ocupação e Uso do Solo

3.1.1.ParqueMunicipal daLagoa do Peri

Fig.11: Vista panorâmica da RodoviaSC-406 separando duas áreas derestinga. A sede do Parque encontra-sedo lado direito da rodovia.Fonte: Cabral (1999)

Fig. 12: Placa localizada na SC-406Fonte: Cabral (1999)

Fig.13: Área de estacionamentoFonte: Cabral (1999)

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31Parque Municipal da Lagoa do Peri

Fig.14: Uso do Solo – Lagoa do Peri.Fonte: foto área de 1998, modificada pelos autores

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32 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

A Restinga é caracterizada pela Vegetação Litorânea, distribuída numa faixa entre a Lagoae o Mar. Vem diminuindo e se modificando em decorrência da potencialidade turísticada porção leste da lagoa, e sua conseqüente urbanização e da extração de areia. Estaúltima, além de modificar o aspecto topográfico da restinga, implica no desmatamentoda vegetação litorânea e conseqüente assoreamento da Lagoa.

A Lagoa do Peri por guardar até hoje grande parte do seu aspecto natural, constitui-secomo um laboratório para pesquisas científicas, além de servir como importante manancialpara captação d’água e como área de lazer e recreação. Estes aspectos justificam aimportância de um controle mais eficaz das atividades a serem desenvolvidas no local,bem como a constante manutenção do seu equilíbrio ambiental.

A comunicação da Lagoa com o Oceano Atlântico se dá através de um canal extravasorconhecido por Rio Sangradouro, que desemboca entre as praias do Matadeiro e daArmação. O canal, originalmente, era cheio de curvas que serviam para frear o escoamentoda água da Lagoa. No ano de 1975, com o intuito de drenar os terrenos da restinga, oDepartamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) retificou o traçado naturaldo canal aumentando a velocidade de escoamento, o que provocou um considerávelrebaixamento do nível de água da Lagoa. Uma barragem de pedras foi construída paraimpedir a saída de água junto à Lagoa, o que possibilitou a recuperação do nível original.Desde então, diversas iniciativas vêm sendo tomadas para tentar recuperar o nível original.De acordo com SILVA (2000), o aproveitamento do maior manancial de água potávelda Ilha, para abastecer as regiões sul e leste da Ilha, foi cogitado desde o início dos anos80, época em que não havia ainda estudos definitivos sobre a viabilidade e impacto douso da Lagoa para este fim. Em abril de 1994, instalações para o Sistema deAbastecimento de Água dos Balneários Costa-Leste/Sul da CASAN – CompanhiaCatarinense de Águas e Saneamento, foram projetadas. A obra foi inaugurada em 24 denovembro de 2000, entrando em fase experimental de operação e manutenção.

Atualmente a Mata Pluvial Atlântica da área encontra-se em processo de recuperaçãodevido, principalmente, à decadência da lavoura. Entretanto, este processo de regeneraçãoé bastante prejudicado pelo desmatamento predatório resultante da extração da madeira.O desmatamento indiscriminado acarreta problemas para o equilíbrio ecológico daLagoa do Peri, sendo que, a falta de vegetação traz conseqüências como erosões,desfertilização do solo, entre outros.

Mata Atlântica

Restinga

Lagoa

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33Parque Municipal da Lagoa do Peri

Histórico da Implementação do ParqueTendo em vista a riqueza do patrimônio natural e cultural da área, no ano de 1976, todaa Bacia da Lagoa do Peri, bem como os limites compreendidos entre a porção leste dabacia e a estrada SC-92, foram tombados como Patrimônio Natural do Município. Destaforma, garantiu-se legalmente a proteção de todos os bens naturais, condicionando eestabelecendo regras para o uso e apropriação destas áreas.

Entretanto, somente em 9 de dezembro de 1989, a área que compreende a Lagoa do Perie arredores, adquiriu status de Parque Municipal. Junto à sua criação instituiu-se o PlanoDiretor de Ocupação e Uso do Solo, descrevendo os objetivos que levaram à criação doParque. Os objetivos são: “(...) proteger o patrimônio natural representado pela flora,fauna e paisagem, (...) aproveitar as condições peculiares de sua paisagem natural e culturalpara o adequado desenvolvimento de atividades educativas, de lazer e recreação” (CECCA,1997, pg.91).

De acordo com a legislação vigente do Sistema Nacional de Unidades de Conservação –SNUC – e Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, a área de estudoencontra-se na categoria Parque Municipal, caracterizando-se como uma unidade deproteção integral. Além de Parque Municipal, a área é ainda considerada uma APP – áreade preservação permanente. Tais classificações contribuem para que amostrassignificativas dos ecossistemas naturais e do patrimônio cultural sejam protegidas deforma adequada, através de uma administração coerente que respeite as regras e diretrizesestabelecidas para esta categoria.

Cabe ressaltar que a manutenção do Parque, bem como sua administração é procedidapela FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente, instituição que colaboracom o gerenciamento do Parque e em alguns casos atua como mediador de relaçõesentre o Parque e Prefeitura Municipal.

Plano Diretor do Parque

O Plano Diretor de Ocupação e uso do Solo instituído na criação do Parque Municipalda Lagoa do Peri, aproxima-se a um Plano de Manejo. Desta maneira, a administraçãodo parque possui um instrumento que a auxilia na manutenção e, por vezes, tornapossível que os objetivos propostos para a implantação do Parque sejam realmentealcançados.

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34 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.15: Plano Diretor e Uso do solo – sem escalaFonte: FLORAM/ modificado por Cabral (1999) e pelos autores

Este Plano Diretor do parque divide a área em três porções: área destinada aodesenvolvimento de atividades de lazer, que compreende a restinga; área de preservaçãocultural, situada na encosta sul, onde se encontra a comunidade tradicional do Sertão doPeri; e área de reserva biológica destinada exclusivamente à preservação, nas encostasnorte e oeste (ver FIG.15).

Pântano do Sul

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35Parque Municipal da Lagoa do Peri

A área de Paisagem Cultural do Parque corresponde às porções de terras em que sedesenvolvem as atividades agrícolas a nível de subsistência e de caráter artesanal.Trata-se, portanto, de uma forma de garantir a preservação dos recursos naturais, preservandoinclusive o importante patrimônio cultural já instalado no local (ver FIG. 16).

Destaca-se que em meados do século XVIII, diversos núcleos de colonização açorianasurgem pelo território da Ilha de Santa Catarina. Dentre estes núcleos, tem-se a freguesiada Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha, onde teve início a ocupação da baciahidrográfica da Lagoa do Peri, e cuja população originou a comunidade do Sertão doPeri. Cabe ressaltar a importância desta área do Sertão, por se caracterizar, segundo oPlano Diretor do Parque, como área de preservação cultural, resguardando portanto,antigas tradições e costumes do povo ilhéu interiorano.

A população do Sertão do Peri, diferentemente da população da restinga, ocupa asencostas altas, sendo difícil o acesso para o centro da cidade ou mesmo para outraspraias do sul da Ilha, e vivem basicamente da agricultura.

É importante salientar que os nativos do Sertão do Peri obtinham alimento, também,através da atividade de pesca na Lagoa. Depois de instituídas as regras para o uso doParque, não há dúvidas de que conflitos surgiram entre a comunidade do entorno e oparque. Estes conflitos encontram-se já bastante amenizados e existe uma certa integraçãodo parque com a comunidade do entorno através de atividades de educação ambientalpara escolas vizinhas ao Parque, entre outras, o que possibilita uma maior compreensãoda importância de se conservar e valorizar este Patrimônio Natural.

Área de Paisagem Cultural

Área de LazerA área de lazer é representada pela própria Lagoa e pela área de restinga. É o localonde se desenvolvem atividades científicas, educacionais, de lazer e de recreação quesejam compatíveis com a preservação dos recursos naturais. No entanto, a maioria dosvisitantes não possuem a consciência ambiental, sendo bastante comum fazeremchurrascos sob as árvores ou mesmo, lançarem lixos (latas, sacos plásticos...) na Lagoa.Não há dúvidas de que há a necessidade de organizar e fiscalizar estas atividades demodo que o meio ambiente não seja prejudicado.

A área de reserva biológica é constituída, predominantemente, de florestas primárias,esta área é tida como de preservação permanente, sendo permitido, exclusivamente, seuuso para fins científicos e educacionais. É importante salientar que esta área é de extremaimportância para o equilíbrio ecológico da Lagoa do Peri.

Área de Reserva Biológica

Fig.16: Vista do Sertão do PeriFonte: Cabral, 1999.

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36 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Área destinada à visitação públicaA construção do edifício da sede do Parque teve início em 1997, visando uma estruturade apoio à fiscalização para pesquisa e educação ambiental. A obra contou com a ajudada Fundação Nacional do Meio Ambiente, sendo o responsável pelo projeto o arquitetoMarcos Frugolli (ver FIG. 17).

Essa edificação busca a contextualização com a área de lazer do Parque, através do usode madeira de reflorestamento – eucalipto - na sua estrutura construtiva (ver FIG.18).No entanto, observou-se a inexistência de estudos específicos sobre fontes alternativasde energia para o Parque Municipal da Lagoa do Peri visando a minimização de impactosambientais.

Esporadicamente ocorrem exposições de trabalhos realizados pela população do entornono hall central da edificação, mas são esparsas, e o local acaba tendo pouco uso. Alémdisso, a edificação não estabelece uma relação muito clara com o entorno, não havendo,por exemplo, uma área de transição entre o exterior e o interior da edificação quepossibilite a permeabilidade dos usuários entre a área externa do Parque e o interior daedificação. Desta forma, percebe-se que este é um prédio bastante utilizado pelospesquisadores e pouco pelos turistas.

Com relação à área de lazer, não há disponível mobiliário suficiente para atender ademanda de visitantes, a qual é razoavelmente grande no período de verão. Faltamlugares cobertos como quiosques, e uma melhor organização espacial de modo aaproveitar todo o potencial paisagístico da área, além de otimizar a fiscalização e aproteção do lugar.

De acordo com o Curso”Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente), os elementos construídos em áreas naturaisprotegidas podem ser classificados em estruturas e infra-estruturas:

As estruturas são as edificações (estruturas pesadas, fixas, especialmente obras dearquitetura); instalações (estruturas leves fixas e/ou móveis, relacionadas à área de desenhoindustrial) e especiais (elementos do patrimônio natural, compreendendo instalações eedificações).

As infra-estruturas servem de apoio a serviços, exemplo: obras de engenharia, envolvendocirculação, saneamento, energia, comunicações e outras infra-estruturas especiaisrelacionadas por exemplo, à restauração ambiental de áreas alteradas.

Fig.17: Estruturade frente para a lagoaFonte: autores

Fig.18: EstruturaFonte: autores

Principais Componentesdas Estruturas e Infra-estruturas do Parque.

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37Parque Municipal da Lagoa do Peri

Na área de lazer do Parque foram encontradas quatro edificações: a edificação da Sede,a edificação de manutenção, a edificação do restaurante/lanchonete e uma edificaçãocom sanitários ( ver FIG.19).

Estrutura - Edificaçõesexistentes no Parque

Com base nessa classificação, estudamos os elementos construídos existentes na área delazer do Parque Municipal da Lagoa do Peri, como apresentado na sequência.

EDIFICAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES Edificação da Sede

Centro de pesquisa Alojamento (para técnicos e cientistas) Copa

sanitários Sala de reuniões

Laboratório Centro de Visitantes

Sala de recepção com balcão de informação Sala de exposições (permanentes/temporária)

Auditório (ver FIG. 20) Sanitários

Centro administrativo

Escritório de administração Copa

Sanitários Edificação de manutenção (ver FIG. 21)

Depósito (armazenamento de material, equipamentos e provisões)

Garagem para barcos Encontra-se de frente para a lagoa nos fundos (fachada

oeste) da edificação da Sede Edificação Centro de alimentação

Lanchonete/restaurante Encontra-se em frente à fachada leste da edificação da Sede,

próxima à SC 406 Edificação Sanitários (ver FIG. 22)

Pias e chuveiros coletivos Sanitários privados

Encontra-se nos fundos da edificação da sede, perto da lagoa

Fig.19: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Fig.20: Auditório da SedeFonte: autores

Fig.22: Edificação dos sanitáriosFonte: autores

Fig.21: Edificação de manutençãoFonte: autores

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38 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Estrutura - instalaçõesexistentes no Parque

Na área de lazer do Parque encontraram-se estruturas leves configurando instalações derecreação ativa, de recreação passiva, instalações para piqueniques/churrascos e instalaçõesde turismo. Além destes tipos específicos, encontram-se espalhados por esta área lixeirase, em frente à fachada leste (frontal) da Sede, há um telefone público (ver FIG. 23).

Fig.23: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Fig.24: Play-groundFonte: Cabral (1999)

Fig.25: Margem da Lagoa do PeriFonte: Cabral (1999)

Fig.26: Piqueniques/churrascosFonte: Cabral (1999)

INSTALAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES De recreação ativa Play-ground

(ver FIG. 24) De recreação passiva Mirante Casa dos Retiros (Morro das Pedras)

Áreas para pesca recreativa Bancos espalhados pela margem da lagoa (ver

FIG. 25) Para piquenique/churrasco (ver FIG. 26)

Mesas Bancos

churrasqueiras De turismo Camping

Elementos especiais: elementos do patrimônio cultural como o Sertão do Peri com engenhos

de farinha de mandioca Casa dos Retiros (Morro das Pedras –

encontros de caráter religioso, possui uma vista exuberante, área para contemplação)

Page 40: Arquitetura em Unidades de Conservação

39Parque Municipal da Lagoa do Peri

Infra-estrutura do ParqueDestacam-se, como infra-estrutura, os componentes que servem de apoio a serviços,como: as obras de engenharia envolvendo circulação, saneamento, energia e comunicações.

Com relação ao saneamento básico, tem-se que o abastecimento de água é realizadoatravés de poços freáticos individuais, fontes e córregos. Entretanto, sabe-se que otratamento dado ao esgoto é precário, assim como em diversas localidades deFlorianópolis. Atualmente, todas as áreas da Bacia da Lagoa do Peri são servidas deenergia elétrica e telefone como meio de comunicação.

Os elementos de comunicação visual do Parque, placas e painéis com funções diversassão feitos em madeira, o que de certa forma contextualiza com o lugar, é discreto ecumpre a função de informar. Mas, por estarem sujeitos a intempéries como chuva,vento e sol, têm menos durabilidade, aumentando os custos de manutenção. A localizaçãodessas placas está nos lugares de maior fluxo e ocupação mais intensa, portanto asplacas encontram-se em lugares estratégicos para orientação e apropriação dos espaçospelos visitantes (ver FIGURAS 27, 28 e 29).

As placas informativas visam transmitir dados básicos aos usuários sobre a unidade deconservação e também se destinam à proteção de visitantes e dos recursos naturaisencontrados na área. A comunicação de divulgação do Parque é sustentada por placasde trânsito espalhadas pelas rodovias, principalmente pela SC-406, sendo que na extensãoda rodovia bem perto da Sede, encontra-se uma placa de divulgação que se caracterizacomo um portal (ver FIG.12).

Quanto à circulação, não existem caminhos definidos na área de lazer do Parque, sendoum solo arenoso sem pavimentação. A falta de alguns caminhos pavimentados prejudicaa acessibilidade nos percursos, dificultando o deslocamento de portadores de deficiênciafísica, idosos, entre outros. O principal componente da circulação do Parque é a circulaçãode pedestres. Esta é constituída por caminhos para fins diversos e trilhas autoguiadas ounão para a interpretação da natureza (pouco afetadas pela introdução de materiais deconstrução).

Uma das principais trilhas realizadas neste Parque é a trilha chamada “Caminho daGurita”. Este caminho, que margeia a Lagoa do Peri, segue sobre os traços do antigocaminho colonial do século XIX. O caminho percorre trechos de capoeirão e matasecundária, revelando paisagens enriquecidas por cachoeiras, riachos e lagoa de formaininterrupta durante seus 3075 metros de extensão. A mata preservada da FlorestaAtlântica está em estado avançado de regeneração, após sua intensa utilização em atividadeseconômicas vernaculares essenciais para a comunidade do Sertão do Peri.

Fig.27: IndicaçãoChurrasqueiras/sanitáriosFonte: autores

Fig. 28: Informações trilhasFonte: www.suldailha.com.br

Fig.29: Orientação sobre o Plano diretorFonte: Cabral (1999)

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40 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

3.1.2. ParqueFlorestal doRio Vermelho

Fig. 31: Sede da CIDASC vista da rodoviaJoão Gualberto Soares

Fig. 32: Sede CIDASC.Fonte: autores

Fonte: autores

O Parque Florestal do Rio Vermelho está situado na Costa Leste da Ilha de SantaCatarina, entre as comunidades da Barra da Lagoa e do Rio Vermelho. O Parque foicriado em 1962 por um decreto estadual, possuindo 1.465 hectares, banhados 12,5Km pelo Oceano Atlântico, mais precisamente pela praia do Moçambique, a maiorda Ilha de Santa Catarina e 8,5 Km pela Lagoa da Conceição. A idéia original doparque era a de ser um centro de experimentação de novas espécies de árvoreseconomicamente viáveis para o Estado. Desta forma, teve sua restinga (vegetaçãonativa) praticamente toda substituída por plantios experimentais de 25 espécies dePinus.

Distante 29 km do Centro de Florianópolis, o acesso ao Parque Florestal do RioVermelho se dá através da rodovia João Gualberto Soares (ver FIG. 30), que liga aBarra da Lagoa ao Rio Vermelho. Esta rodovia é uma continuação da Estrada Geralda Barra da Lagoa que segue até os Ingleses. A chegada ao Parque Florestal do RioVermelho é sinalizada por placas de trânsito informando a distância em que o Parquese encontra; entretanto, só é possível saber que se chegou ao mesmo, quando seavista a Sede da CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola deSanta Catarina (Órgão que administra o Parque), na frente da qual existem placasinformando a entrada principal do Parque (ver FIG. 31 e 32). Ao adentrar, o usuáriotem a possibilidade de deixar seu automóvel num estacionamento não-coberto, localonde encontram-se o camping para barracas e trailers e as áreas de lazer. É importanteressaltar que algumas linhas de ônibus públicos passam pelo Parque, facilitando oacesso de visitantes.

Além do acesso principal pela Sede da CIDASC há outros acessos, como por exemplo,pela sede do 1º Pelotão de Polícia de Proteção Ambiental, responsável inclusive pelafiscalização do Parque e pelo Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres(Cetras). As diversas possibilidades de acesso à área do Parque dificultam afiscalização, deixando a área muitas vezes vulnerável à ações contrárias à daconservação.

Este Parque está situado em terreno arenoso e plano, com exceção de uma pequenaparcela que abrange a encosta do extremo norte da Lagoa. A cobertura vegetal doParque Florestal do Rio Vermelho se constitui de tipos bem definidos, sendo que arodovia estadual corta o Parque ao meio, separando duas importantes áreas de restinga:

Ocupação e Uso do Solo

Fig. 30: Rodovia João Gualberto Soares,margeada por plantações de pinus.Fonte: autores

Page 42: Arquitetura em Unidades de Conservação

41Parque Florestal do Rio Vermelho

a primeira próxima ao mar (Praia do Moçambique), composta principalmente pordunas e a segunda, composta de restinga arbórea, constituída pelo ecossistema lagunar(Lagoa da Conceição) e Floresta Ombrófila Densa de Encosta. Calcula-se que hoje,30% da área do parque está ocupada por espécies exóticas, outros 30% por espéciesnativas e o restante abriga uma das mais importantes faixas de dunas recobertas porvegetação de restinga da Ilha de Santa Catarina (ver FIG. 33).

Fig. 33: Uso do solo – Parque Florestal do Rio Vermelho.Fonte: foto aérea de 1998 – modificada pelos autores

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42 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Na década de 60, em resposta à lei federal dos incentivos fiscais nº 5.106 de 1986, queoferecia desconto no imposto de renda para iniciativas de reflorestamento, espécies dogênero Pinus despontavam convenientemente como potenciais indutores dodesenvolvimento do setor florestal brasileiro.

Em 1962, com o propósito de verificar a viabilidade de produção florestal em “áreasimprodutivas”, o governo do Estado de Santa Catarina criou a Estação Florestal doRio Vermelho, perfazendo uma área de 1.465 ha, incluindo,à leste, a Praia deMoçambique (12,5 km de extensão) e, à oeste, 8,5 km da porção norte da Lagoa daConceição. Exaltando o falso pretexto de comprovar melhores índices dedesenvolvimento de espécimes adaptáveis à região catarinense, foram executados plantiosexperimentais de 25 espécies de Pinus.

Através de um convênio estabelecido entre a Secretaria da Agricultura do Estado deSanta Catarina, a Associação Rural e a mão-de-obra da Penitenciária do Estado, aimplantação dessa vegetação exótica aniquilou os atributos gênicos e paisagísticos darestinga do Parque Florestal do Rio Vermelho, uma área que já sofria um processo dedegradação deflagrado pelo tradicional cultivo de mandioca procedido pela populaçãonativa.

No ano de 1974, a antiga Estação Florestal do Rio Vermelho, segundo decreto estadualnº 994, torna-se Parque Florestal do Rio Vermelho. Na década de 80, a invasão dasespécies exóticas nessa grande fita da porção nordeste da Ilha de Santa Catarina torna-se alarmante. Afirma-se que tais reflorestamentos são “(...) desertos verdes que nãopermitem o desenvolvimento e sobrevivência da flora e fauna nativas e o equilíbrioecológico” (BECHARA, 2003, pg.15). É certo que o Parque foi criado visandopreferencialmente a conservação; entretanto, só agora é que vêm sendo implantadosprojetos que visam a recuperação do ecossistema natural através da poda dos pinus eeucaliptos de forma gradual. Até então, promovia-se um turismo alheio aos problemasestabelecidos e portanto desprovido de qualquer programa de interpretação e educaçãoambiental.

Apesar de Florianópolis contar com a lei nº 1.516/1997, que proíbe reflorestamentocom espécies exóticas nas áreas verdes das zonas urbanas, o município carece de legislaçãorelativa a proibição do uso paisagístico e comercial de Pinus em zonas rurais, assimcomo a eliminação de povoamentos existentes. Ainda que exótico, o ecossistema dePinus spp. é compatível com alguns valores culturais das comunidades do entorno, São

Histórico da Implementação do Parque

Page 44: Arquitetura em Unidades de Conservação

43Parque Florestal do Rio Vermelho

O Parque Florestal do Rio Vermelho protege o maior complexo de vegetação derestinga conservada da Ilha de Santa Catarina, abrigando espécies endêmicas, raras eameaçadas de extinção. Devido a sua grande relevância ecológica, o parque necessita deuma categorização no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), vistoque a categoria “Parque Florestal” não consta no mesmo. Para proteção integral da área,sugere-se a categorização como “Parque Estadual”, já que a área está sob a tutela daCIDASC, pertence ao Estado de Santa Catarina e busca inserir no uso recreativo eeducacional os valores elementares da conscientização estimuladora da conservaçãoambiental. Sob o status dessa categoria, a exigência de um Plano de Manejo teria respaldolegal, tornando-se exeqüível o zoneamento adequado do Parque. Faz-se necessária adelimitação física dos limites do Parque, hoje diluída e dependente de referenciais naturaiscomo a Lagoa da Conceição, a Praia do Moçambique e as dunas tombadas do Santinhoe Ingleses. Acrescenta-se que a delimitação física do Parque, acompanhada de programaseducacionais e forte comunicação visual, expondo esclarecimentos sobre cuidados coma flora e fauna local para os visitantes, facilitaria a fiscalização e a proteção da área.

No entanto, isento de um enquadramento adequado aos trâmites legais, o Parque vemsofrendo um processo desordenado de parcelamento do solo, uma vez que, além daespeculação imobiliária clandestina, “fragmentos” de seu território foram doados paramúltiplos órgãos que gerenciam tais glebas sem qualquer adequação ao manejo sustentável.Como exemplo pode-se citar: Estação de Tratamento de Esgoto da Barra da Lagoa(Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), 1º Pelotão da Policia de ProteçãoAmbiental do Estado de Santa Catarina, Camping do Rio Vermelho, Camping dosEscoteiros, Camping do Exército Brasileiro (tropas do exército fazem exercícios deguerra dentro do parque), Estação de Maricultura da Barra da Lagoa (UFSC).

Outro fator que tem grande relevância na fragmentação da área do Parque é a rodoviaestadual que o corta ao meio. Na tentativa de interligar os fragmentos de restingaremanescentes, poderiam ser feitos túneis que permitissem a passagem de animais efluxo gênico sob a pista de rodagem, evitando a constante aniquilação da fauna procedidapelos motoristas descuidados. No entanto, outra possibilidade seria elevar a rodovia,permitindo o livre fluxo destes animais sem restrição alguma, o que, por outro lado,seria muito mais agressivo à paisagem.

Ausência de Plano de Manejo e de Plano Diretor

João do Rio Vermelho e Barra da Lagoa, já que está inserido no local há 30 anos. Issorequer políticas conservacionistas de educação, congregando órgãos públicos ecomunidades em prol da restauração do Parque Florestal do Rio Vermelho, o qualconstitui a área mais significativa para conservação de restingas da Ilha de Santa Catarina.

Page 45: Arquitetura em Unidades de Conservação

44 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Área destinada à visitação pública

As atividades científicas e de lazer distribuem-se sobre o desordenado parcelamento dosolo do Parque. Isto é resultado da ausência de um Plano de Manejo que estabeleça umzoneamento apropriado e atribua determinadas atividades a áreas adequadas e específicas.Essa fragmentação do Parque resultou em três principais áreas de lazer, sendo que duasdelas - Camping do Clube Brasil e Holiday Camping - são áreas privadas, restandocomo área de apropriação pública a Sede do Parque do Rio Vermelho.

A área da sede é equipada com poucos elementos edificados que proporcionam apoiologístico aos veranistas. Demarcando a transição entre a avenida principal de acesso e aárea de camping, a sede administrativa contém um escritório da CIDASC - órgão públicoresponsável pela organização das atividades vigentes no parque e manutenção da infra-estrutura - e um refeitório que não abarca a intensa demanda de veranistas.

Na área de camping, os volumes edificados são destinados aos serviços hidrosanitários,sendo que elementos lúdicos de entretenimento são inexistentes. As possibilidades delazer baseiam-se na prática de esportes e na exploração de antigos caminhos utilizadospor pescadores para acessar os ranchos de pesca na Praia Grande (Moçambique).

Logo, é na área da sede em que se esboça a territorialidade e a identidade inerente aoParque Florestal do Rio Vermelho, uma vez que apresenta uma centralidade proporcionadapor um forte substrato histórico colocado em evidência até os tempos atuais acompanhadopela qualificação da infra-estrutura de prestação de serviços turísticos que, apesar deinsuficiente, é o único elemento indutor da apropriação sazonal desse espaço por partede um grande contingente de turistas.

Estrutura - Edificaçõesexistentes no Parque

Dentro da área da Sede da CIDASC, encontraram-se três edificações: o Centroadministrativo e de visitantes, o Centro de manutenções e Edificação com sanitários (verFIG. 33).

Page 46: Arquitetura em Unidades de Conservação

45Parque Florestal do Rio Vermelho

Fig. 33: Tabela baseada na apostila do Curso”Projetos Arquitetônicos e Equipamentos emUcs” (Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Fig. 34: Edificação da SedeFachada Leste - Fundos

Fonte: autores

Fig. 35: Edifcação da SedeInterior do Refeitório

Fig. 37: Edificação Sanitários

Fonte: autoresFonte: autores

Fig.36: Edificação refeitório(alimentação)Fonte: autores

EDIFICAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES Centro Administrativo e de visitantes (Edificação da Sede - CIDASC) (ver FIG. 34 e 35)

Sala de recepção Escritório para administração

Sanitários Refeitório

Salão de jogos (mesa de tênis de mesa) Churrasqueira

Pequeno palco para apresentações em geral Centro de manutenção Depósitos (armazenamento de material, equipamentos e

provisões) Depósito de mudas para o reflorestamento da área de

restinga Garagem (retroescavadeira, trator, pampa e corsa)

Edificação sanitários e alimentação (área do camping) (ver FIGURAS 36 e 37)

Equipamentos de uso coletivo

Page 47: Arquitetura em Unidades de Conservação

46 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Estrutura - Instalações existentesno Parque

Na área da Sede da CIDASC encontraram-se instalações de recreação ativa, de recreaçãopassiva, instalações para piquenique/churrasco e instalações de turismo. Além destasinstalações, há lixeiras e bancos espalhados por toda a área. (ver FIG. 38).

Fig. 38: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Fig. 39: vista campo de futebolFonte:autores

Fig. 40: equipamentos de ginásticaFonte:autores

Fig. 41: vista equipamentos para hipismoFonte: autores

INSTALAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES De recreação ativa

Play-ground Campo de futebol. (ver FIG. 39)

Quadra de vôlei de areia Equipamentos de ginástica (ver FIG.40)

Quadra de bocha Espaço e equipamentos para a prática de

hipismo (ver FIG. 41)

Mesas para tênis de mesa na edificação do centro de visitantes

De recreação passiva (ver FIGURAS 42 e 43)

Contemplação na Lagoa da Conceição (Sede da Polícia Ambiental)

trapiche Para piquenique/churrasco (área do camping)

Mesas Bancos

Churrasqueiras coletivas (ver FIGURAS 44 e 45)

Cozinhas coletivas Sanitários

De turismo Camping da Sede da CIDASC (com capacidade para 400 barracas e trailers). (ver FIGURAS

46, 47, 48 e 49) Praia do Moçambique

Dunas Área da Lagoa da Conceição dentro do 1°

Pelotão da Polícia Ambiental do Estado (contemplação e passeios de barco pela lagoa)

(ver FIG.50)

Page 48: Arquitetura em Unidades de Conservação

47Parque Florestal do Rio Vermelho

Fig. 42: vista da Lagoa da ConceiçãoFonte: autores

Fig. 43: vista do trapiche sobre Lagoa da ConceiçãoFonte: autores

Fig. 45: vista da churrasqueiraFonte: autores

Fig. 44: vista da churrasqueira sendoutilizadaFonte: autores

Fig. 46: Apropriação do campingFonte: autores

Page 49: Arquitetura em Unidades de Conservação

48 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig. 48: vista camping / baixa temporadaFonte: autores

Fig. 49: vista camping / alta temporadaFonte: autores

Fig. 50: passeios de barco pela LagoaFonte: autores

Fig. 47: Apropriação do campingFonte: autores

Page 50: Arquitetura em Unidades de Conservação

49Parque Florestal do Rio Vermelho

Principais componentes dainfra-estrutura do parque

O Parque Florestal do Rio Vermelho conta com infra-estrutura necessária como água,luz elétrica e telefone. Entretanto, assim como no Parque da Lagoa do Peri, o tratamentodado ao esgoto é precário, fator que implica na poluição dos lençóis freáticos, algototalmente incabível e paradoxal, sabendo-se que esta é uma área de proteção ambiental.Assim como no Parque Municipal da Lagoa do Peri, os elementos de comunicaçãovisual no Parque Florestal do Rio Vermelho estão relacionados a placas e painéis comfunções diversas.

Estes elementos são, normalmente, feitos de latão e cumprem a função de informar. Porserem feitos com materiais menos suscetíveis a intempéries como chuva, vento e sol,acabam tendo boa durabilidade, diminuindo os custos de manutenção.

A divulgação do Parque pela extensão da rodovia João Gualberto Soares é feita atravésde placas de trânsito que indicam sua distância, sendo que em frente à Sede da Cidascencontram-se placas e inscrições nas paredes da edificação da Sede que informam achegada ao Parque Florestal pela Sede Principal.

Desta forma, tem-se que a sinalização para informação visa transmitir dados básicos aosusuários da unidade de conservação, destinando-se também à proteção de seus visitantese dos seus recursos naturais (ver FIGURAS 51, 52 e 53).

Assim como no Parque Municipal da Lagoa do Peri, na área destinada à visitação públicado Parque Florestal do Rio Vermelho não há caminhos definidos, sendo configuradopor um solo arenoso sem pavimentação. O principal componente de circulação norestante do Parque é o de pedestres, constituído por caminhos para fins diversos, trilhasautoguiadas ou não para a interpretação da natureza (pouco afetadas pela introdução demateriais de construção).

Destaca-se a trilha da Lomba do Ingá, caminho que liga a praia do Santinho à praia doMoçambique, contornando a face oeste do Morro das Aranhas, ladeado por dunas erestingas do Parque Florestal do Rio Vermelho. O antigo caminho servia à população donorte da ilha para alcançar a praia de Moçambique nos deslocamentos até a Barra daLagoa, e desse ponto em direção a Lagoa da Conceição e centro de Florianópolis. Ocaminho percorre lagoas formadas entre as dunas, é sombreado por arbustos de portemédio e por Pinus na maior parte do percurso. O uso desse caminho, vem desdemeados dos anos 40 e 50, quando as escolas locais já o utilizavam para pesseios ecológicos,além disso, essa é a principal rota de pescadores nos períodos de safra da tainha.

Fig. 51: Placa em frente à Sede daCIDASCFonte: autores

Fig. 52: Comunicação visual na cozinhaFonte: autores

Fig. 53: Comunicação visual na cozinhaFonte: autores

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50 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Localizada no litoral norte do estado do Paraná, a Área de Proteção Ambiental (APA)de Guaraqueçaba abrange os municípios de Guaraqueçaba, Paranaguá, Antonina eCampina Grande, fazendo parte do complexo Lagamar, uma área onde o encontroentre as águas do mar e dos rios forma belas lagunas entre ilhas e manguezais (verFIG.54) A região de Guaraqueçaba junto com a Serra dos Itatins no litoral sul de SãoPaulo conforma o maior remanescente contínuo de Floresta Atlântica no país, commais de 350.000 ha.

Esta região de exuberante natureza, só foi preservada devido a baixa densidadedemográfica somada à falta de estradas de ligação com o resto do estado do Paraná, ecom o estado de São Paulo, com quem faz divisa. As características peculiares da região,de expressiva cobertura vegetal e grande diversidade de espécies animais e vegetais, fezcom que o IBAMA criasse a APA – Área de Proteção Ambiental - de Guaraqueçaba, noano de 1985, e uma Estação Ecológica garantindo-se a proteção de 313.000 ha.

Assim, a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), através de seu Programade Áreas Naturais Protegidas (PANP), criou uma Reserva Particular do PatrimônioNatural (RPPN) na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, denominada ReservaNatural Salto Morato.

Fig. 54: Localização APA de GuaraqueçabaFonte: IBGE e alterada pelos altores

Sobre a APA de Guaraqueçaba3.2. ReservaNaturalSalto Morato

Page 52: Arquitetura em Unidades de Conservação

51Reserva Natural Salto Morato

Neste momento, tem-se como objetivo retratar esta RPPN inserida na APA deGuaraqueçaba, já que é uma referência internacional. Esta análise se dá a partir de umavisita realizada à Reserva Natural Salto Morato, em abril de 2004, além de referênciasbibliográficas.

Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), é uma entidade privada semfins lucrativos criada e mantida pelo grupo O Boticário, que tem como objetivo promovere realizar ações de conservação da natureza. Sua atuação é direcionada a três programas, nos quais a Fundação O Boticário “protege áreas naturais, promove a educação emobilização para a conservação da natureza e apóia financeiramente projetosdesenvolvidos por outras organizações relacionados a áreas verdes, unidades deconservação e proteção da vida silvestre”(www.fundacaoboticario.org.br).

Vale destacar um desses programas desenvolvidos pela FBPN, o Programa de ÁreasNaturais Protegidas, cujos objetivos são: assegurar a proteção de áreas naturais importantes,estabelecer uma rede própria de RPPNs, monitorar as Unidades de Conservação deProteção Integral, incentivar a criação de áreas naturais protegidas pela iniciativa privadaatravés do fomento de criação de RPPN e averbação de Reserva Legal e Áreas dePreservação Permanente e colaborar com interessados em programas semelhantes(imformações cedidas por José Aurélio – eng. Florestal – responsável pela Reserva NaturalSalto Morato).

No ano de 1993 a FBPN iniciou estudos para a seleção de áreas prioritárias para aconservação, com o intuito de transformá-las em RPPNs. A região de Guaraqueçaba foiescolhida, por abrigar um dos maiores remanescentes contínuos de Floresta Atlântica,como já foi mencionado anteriormente. Dentro deste contexto, foram selecionadas trêsáreas potenciais para aquisição e posterior transformação em RPPN: as fazendas Figueira,Esperança e Salto Dourado. Assim, as fazendas foram adquiridas pela FBPN, que porsua vez, ficou responsável pela implantação, administração e manejo da RPPN, conhecidapelo nome de Reserva Natural Salto Morato, com o apoio da TNC (The NatureConservancy), entidade Norte-Americana.

Page 53: Arquitetura em Unidades de Conservação

52 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Localização e descrição da área da Reserva Natural SaltoMorato

A Reserva Natural Salto Morato está localizada no bairro rural denominado Morato a20 Km da sede do município de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, sul doBrasil, a 170 Km de Curitiba. (ver FIG. 55)

O acesso a esta reserva particular se dá através da rodovia PR-440 e PR- 405(Cacatu-Guaraqueçaba), com 79 quilômetros de estrada não asfaltada, o que dificultao acesso à unidade de conservação.

Fig. 55: Mapa Paraná – Localização Reserva Natural Salto MoratoFonte: Guias Philips. Região Sul – Brasil. Diretor Geral: Peter Miko. Horizonte Geográfico.São Paulo 2003- Alterado pelos autores.

Page 54: Arquitetura em Unidades de Conservação

53Reserva Natural Salto Morato

No interior da unidade de conservação há uma entrada principal, devidamente sinalizadae orientada, pela qual todos os visitantes adentram a Reserva (ver FIG. 56). A partir daío usuário é atendido pela portaria (Centro Administrativo) e encaminhado para os outrosCentros (Centro de visitantes ou de pesquisa, entre outros) espalhados pela área destinadaà visitação pública desta unidade de conservação. Há a possibilidade de estacionar oveículo em áreas destinadas a essa função (ver FIG. 57). O fato de possuir uma entradaprincipal, a única que pode ser acessada pelos usuários, confere a reserva uma certaorganização que influi diretamente na fiscalização e proteção da área, a qual por estarazão torna-se mais eficiente, evitando ações contrárias à da preservação, como: caçasilegais, extração da madeira e vegetais e ocupação de áreas destinadas à preservação.

Fig. 56: Pórtico da entrada principal daReservaFonte: autores

Fig. 57: Área de estacionamentoFonte: autores

A Reserva Natural Salto Morato conta com uma área de 2.340 ha, se estendendo dasplanícies litorâneas até as encostas médias da Serra do Mar paranaense. Estas característicasassociadas ao clima, possibilitam a ocorrência de variados ecossistemas de FlorestaAtlântica. Além disso, os usos de parte da área pela população local, anteriores àtransformação da mesma em RPPN, caracterizam a ocorrência de diversas fasessucessionais das formações vegetais típicas da região. Assim, existem áreas com florestaprimária em diferentes níveis de alteração, florestas secundárias e áreas alteradas poragropecuária e mineração.

Tendo em vista a expressividade dos remanescentes de Floresta Atlântica e os ambientesnaturais de rara beleza e, com grande vocação à recreação e educação ambiental, optou-se por manejar essa RPPN através dos fundamentos e diretrizes técnicas que regem acategoria Parque, definido pelo SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação.Desta forma, sua administração é direcionada para o uso indireto e a proteção integraldos recursos naturais, tendo como objetivos específicos:

Manejo da Unidade de Conservação

(...) garantir proteção à biodiversidade local; proteger e conservar a beleza cênica que oSalto Morato e a Figueira do rio do Engenho representam; promover e incentivar aeducação ambiental; promover e incentivar pesquisas científicas, em particular, aquelasque levem ao melhor conhecimento dos recursos naturais locais e à otimização do manejoda Reserva; propiciar recreação em ambiente natural, desde que compatível com osprincípios de conservação; demonstrar a importância das RPPNs para complementar oSistema Nacional de Unidades de Conservação e para conservação da biodiversidade;manejá-la sob o regime de proteção integral e uso indireto do solo e buscar asustentabilidade econômica da Reserva; planejar e implementar o manejo da Reserva,de modo a transformá-la em modelo de RPPN.” (informações cedidas pela administraçãoda Reserva Natural Salto Morato, 2004)

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54 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Zoneamento Os princípios utilizados para a elaboração do zoneamento da Reserva foram: “proteçãomáxima e interferência humana mínima”. Sendo assim, foram levadas em conta ascaracterísticas naturais da área, definindo-se o zoneamento da Reserva da seguinte maneira:

Zona Primitiva – área onde ocorreu pequena ou mínima intervenção humana, apresentao maior grau de conservação e importância ecológica, compreendendo a maior parte daReserva, com aproximadamente 80% da área.

Zona de Uso Extensivo – caracteriza-se como uma zona de transição entre a ZonaPrimitiva e a Zona de Uso Intensivo. O objetivo do manejo é a manutenção de umambiente natural com mínimo impacto humano, mesmo oferecendo acessos públicospara fins educativos e recreativos, e de caráter contemplativo. Destina-se a receber acirculação moderada de visitantes e compreende 2 % da área da Reserva.

Zona de Uso Intensivo – são áreas já alteradas pela ação antrópica, mas que possuemalgumas características naturais. O manejo tem como objetivo facilitar a recreação intensivae a educação ambiental, buscando a harmonização com a natureza. Destina-se a recebera maior parte da visitação e compreende 2 % da área.

Zona de Uso Especial – esta possui as áreas necessárias às instalações de administração,manutenção e serviços da Reserva, incluindo habitações, laboratório, oficina, entre outros.São áreas escolhidas de forma a não conflitarem com os objetivos de proteção da Reserva,sendo que o objetivo do manejo é minimizar o impacto das estruturas ou os efeitos dasobras no ambiente natural da Reserva. Esta zona caracteriza aproximadamente 1 % daunidade.

Zona de Recuperação – esta é uma zona de caráter provisório, contendo áreasconsideravelmente alteradas pelo homem, as quais assim que restauradas serãoincorporadas a uma das zonas permanentes. O principal objetivo do manejo é deter adegradação dos recursos e/ou restaurar a área. Esta zona compreende: a área alterada doRio Morato, devido à extração de cascalhos para utilização em aterros e estradas peloDepartamento de Estradas de Rodagem do Paraná, em período anterior à criação daReserva; algumas áreas da antiga Fazenda Figueira; a sede da Fazenda Esperança; asterras alteradas por uso agropecuário ao longo da estrada principal da Reserva. Estazona representa, ao todo, 15 % da unidade.

Cabe ressaltar que a Reserva conta com 6 funcionários: 1 engenheiro florestal, 1 técnico

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55Reserva Natural Salto Morato

Segundo a administração da Reserva Natural Salto Morato, “desde o início da implantaçãoda Reserva buscou-se efetuar a organização espacial e elaborar projetos arquitetônicosque se harmonizassem com a paisagem, e assim iniciar a implantação da infra-estruturanecessária ao atendimento dos objetivos da unidade de conservação.”(informaçõescedidas por escrito pela administração da Reserva Natural Salto Morato, 2004).

De fato o que se vê é uma organização espacial planejada a partir de um estudo sobrea área, no sentido de entendê-la e saber o que se pode fazer, que atividades ocorrerãoem tais locais, ou seja, uma organização espacial pautada num plano de manejo. Esteaspecto a torna especial e uma das exceções à regra de irregularidades quanto àimplantação de áreas protegidas, tendo em vista a ausência de planos de manejo nagrande maioria das unidades de conservação do Brasil.

Nas Unidades de Conservação estudadas anteriormente, pelo grupo, situadas na Ilha deSanta Catarina ( Parque Municipal da Lagoa do Peri e Parque Florestal do Rio Vermelho),a situação é diferente. No caso do Parque Municipal da Lagoa do Peri, por exemplo,tem-se elaborado um zoneamento da área, o chamado Plano Diretor de Ocupação e Usodo Solo, o qual se assemelha a um Plano de Manejo. Não chega a ser um plano demanejo, mas, já é um instrumento que possibilita que os objetivos propostos para aimplantação do Parque sejam realmente alcançados, além de auxiliar na manutenção daárea. Já o Parque Florestal do Rio Vermelho possui um desordenado parcelamento dosolo, sendo este o resultado da ausência de um plano de manejo. Assim, o ParqueFlorestal do Rio Vermelho não possui um zoneamento apropriado, o que acaba porfragmentar o Parque, além de dificultar muito a manutenção e a fiscalização da área.

Área destinada à visitação pública

ambiental, 3 guardas-parque e 1 zeladora. Estes últimos são membros das comunidadeslocais vindos de atividades relacionadas a silvo-agropecuária, onde em muitos casos foinecessária a capacitação destas pessoas para atividades de conservação da natureza,atendimento de visitantes, primeiros-socorros, entre outros.

Os principais componentes das estruturas da Reserva. Estes componentes estãorelacionados às edificações e instalações existentes na área de lazer da Reserva NaturalSalto Morato.

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56 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Estrutura - Edificaçõesexistentes na Reserva

Natural

Por outro lado são edificações com soluções construtivas que, de certa forma,contextualizam com o lugar. Construídas com estruturas pré-fabricadas, proporcionamuma montagem rápida e um canteiro de obra mais limpo, agredindo menos o lugar.São arquiteturas discretas e procuram não competir com a paisagem natural exuberanteda Reserva. O uso de telhado inclinado, com estrutura de madeira e telhas cerâmicas éadequado para o local, visto que as chuvas são freqüentes. A utilização de madeiraescura nas vedações cria uma harmonia com a natureza do lugar em que as edificações

A Reserva Natural conta com algumas edificações que visam apoiar e sustentar o desenvolvimentodas atividades dentro da área da unidade, possibilitando, também, a proteção do patrimônio naturaldo lugar.

No entanto, possui suas edificações espalhadas pela zona de uso especial sem que se estabeleça umarelação ou, um diálogo entre elas. Na verdade, a principal crítica diz respeito à forma em que seencontram implantadas, na medida em que foram construídas grandes clareiras, isolando-as davegetação natural, havendo pouca relação entre os espaços internos e o meio exuberante em que seencontram estabelecidas. Ainda neste contexto, tem-se que são arquiteturas que não falam por si só,são todas muito parecidas desempenhando funções completamente diferentes, fazendo-se necessáriaa comunicação visual para que os usuários possam identificá-las (ver FIG. 58).

Fig. 58 : Croqui esquemático da organição da Reserva Natural Salto MoratoFonte: Autores

Page 58: Arquitetura em Unidades de Conservação

57Reserva Natural Salto Morato

Fig. 60: Centro de pesquisaFonte: autores

Enfim, são encontradas na Reserva as seguintes edificações: residências para funcionários,Centro de Pesquisa, Centro de Visitantes, Casa de hópedes, Centro de CapacitaçãoTécnica, Centro de Manutenção, Casa de estagiários, edificação com sanitários, lanchonetee quiosques piquenique, edificações do camping (ver FIG. 59).

Fig. 59 : Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em (UniversidadeLivre do Meio Ambiente. 2000)

estão inseridas, entretanto, tornam os ambientes internos bastante escuros. Um aspectopositivo são as grandes aberturas, que permitem a circulação de ar, deixando os ambientesmais arejados e permite uma relação interior-exterior mais harmônica. Em algumasedificações, tem-se também, o uso de tijolos aparentes.

Fig. 62: LanchoneteFonte: autores

Fig. 61: Croqui lanchoneteFonte: autores

EDIFICAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES Centro de pesquisa (ver FIG. 60)

Alojamento (para 12 pesquisadores) refeitório sanitários

Laboratório Centro de Visitantes

Sala de exposições (exposição permanente sobre a Floresta Atlântica)

Espaço para maquete e dioramas Auditório para 30 pessoas

Loja com produtos da FBPN Sanitários

Centro administrativo – Casa de Estagiários

Escritório de administração Portaria

Dormitório para estagiários Copa

Sanitários Centro de Manutenção Depósito (armazenamento de material, equipamentos e

ferramentas) Garagem para 1 micro-trator, 2 barcos de alumínio com

motor de popa e 2 caminhonetes Edificação Alimentação / piqueniques

1 Lanchonete (ver FIGURAS 61 e 62) 5 quiosques com churrasqueiras e sanitários

Residências para funcionários

2 residências

Casa de Hóspedes Com capacidade para 6 pessoas Centro de Capacitação Técnica (ver FIG. 63)

Com capacidade para 24 pessoas

Edificações do camping (ver FIG. 64)

Edificação central com 2 churrasqueiras, sanitários com chuveiros e tanques para lavar louça e roupas

Guarita do camping (ver FIG. 65)

Page 59: Arquitetura em Unidades de Conservação

58 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig. 63: Edificação do campingFonte: autores

Fig. 64: Centro de Capacitação TécnicaFonte: autores

Fig. 65: Guarita do CampingFonte: autores

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59Reserva Natural Salto Morato

Edificações existentes naReserva Natural

Na área de lazer da Reserva Natural encontraram-se estruturas leves configurandoinstalações de recreação ativa, de recreação passiva, instalações para piqueniques/churrascos e instalações de turismo. Além destes tipos específicos, encontram-seespalhados por esta área lixeiras.

Quanto às instalações existentes nesta unidade de conservação, tem-se que as mesmassão muito bem elaboradas (ver FIG. 66), propiciando momentos de:

Recreação ativa: caracterizados pelas pontes que passam sobre rios, espalhadaspelas trilhas. Vale dizer que no trecho inicial da Trilha da Figueira há uma passagem parao outro lado do rio sobre cabos de aço;

Recreação passiva: no caso, os mirantes distribuídos nos principais pontos, comono aquário natural e na Figueira do rio do Engenho, elementos estes que possibilitam acontemplação da natureza. Há ainda, um banco protegido por uma cobertura, localizadonum trecho de trilha que leva à queda d’água Salto Morato;

Educação ambiental: é o caso do anfiteatro localizado bem próximo ao Centrode Visitantes, e ainda, instalações que sustentam os painéis interpretativos locados noCentro de visitantes. Estes painéis conformam um corredor dentro do Centro deVisitantes, e são protegidos por uma tela, evitando que pássaros e/ou outros animaisatinjam os painéis;

Turismo: estes seriam o camping e as instalações que sustentam as visitas à quedad’água Salto Morato e à Figueira.

As instalações, assim como as edificações, procuram contextualizar com a natureza daunidade de conservação. As pontes e mirantes possuem suas estruturas em madeira enão agridem, de forma alguma, a visualização da área.

O mirante do Aquário Natural é bastante interessante, uma vez que dele sai uma escadaque permite aos visitantes descerem e tomarem banho no aquário natural. Soma-se aisto os bancos distribuídos nos arredores do mirante. Trata-se de um amplo espaço quepossibilita momentos de lazer, descanso e contemplação. Já o mirante localizado na

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60 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Figueira é menor, contudo sabe-se que o número de pessoas permitido para fazer estatrilha é restrito. Questiona-se o fato de parte da vegetação que se encontra próxima aomirante estar um pouco degrada em virtude da apropriação inadequada por parte dosvisitantes que se sentem induzidos a avançar pela mata somada a falta de infra-estrutura(caminho definido) que conduza os visitantes a um ponto mais perto da Figueira.

O anfiteatro fica numa clareira e possui seus bancos distribuídos de forma radial, e feitosem madeira, sendo o palco feito em pedra. Já os chuveiros localizados próximos aoCentro de Visitantes e bem onde desemboca a trilha que leva ao aquário natural e àqueda d’água Salto Morato, são protegidos por uma vegetação em volta e por uma estruturaem bambus.

Fig. 66 : Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em (UniversidadeLivre do Meio Ambiente. 2000)

Fig. 71: Banco com proteção Fonte: autores

Fig. 72: Anfiteatro Fonte: autores

INSTALAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES De recreação ativa

Aquários naturais (possibilidade de banho) (ver FIG. 67)

Pontes em madeira e cabos de aço pelo caminho das trilhas (ver FIG. 68)

Passagens sobre cabos de aço

De recreação passiva

Mirantes nos aquários naturais e na Figueira (ver FIG. 69)

Banco com proteção na trilha que leva à Salto Morato (ver FIG. 70)

De educação ambiental e manifestações artísticas

Anfiteatro (ver FIG. 71) Instalações que sustentam os painéis

interpretativos Para piquenique/churrasco

Mesas Bancos

churrasqueiras De turismo

Camping Chuveiros protegidos por uma estrutura de

bambus Elementos especiais: queda d’água Salto

Morato e Figueira do rio do Engenho (ver FIGURAS 72 e 73)

Fig. 67: Um dos aquários naturais Fonte: autores

Page 62: Arquitetura em Unidades de Conservação

61Reserva Natural Salto Morato

Fig. 68: Ponte pêncil Fonte: autores

Fig. 69: Mirante Figueira Fonte: autores

Fig. 70: Mirante Aquário Natural Fonte: autores

Fig. 73: Figueira do Rio do Engenho Fonte: autores

Fig. 74: Queda d’água Fonte: www.fundacaooboticario.com.br

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62 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Infra-estrutura do Parque Quanto à infra-estrutura da Reserva, se destacam os componentes que servem de apoioa serviços, como por exemplo: obras de engenharia envolvendo circulação, saneamento,energia e comunicações.

A Reserva conta com a implantação de um sistema de esgotos com fossas, sumidourose valas de infiltração, visando sempre o mínimo impacto ambiental. Além disso, possuicaptação de água que atende a comunidade do Morato e a Reserva Natural Salto Morato.A energia elétrica é garantida por um gerador próprio e, a comunicação é possívelatravés dos telefones locados no Centro Administrativo. Os elementos de comunicaçãovisual do Parque, placas e painéis com funções diversas são feitos em madeira, maisprecisamente madeira Imbuia ( ver FIGURAS 75 e 76 ). Estes elementos de comunicaçãovisual possuem informações em texto e desenho, cumprem a função de informar, sãovisualmente bonitos e, não agridem a visualização da paisagem.

Destacam-se os painéis interpretativos localizados dentro do Centro de visitantes e, emalguns trechos da trilha que leva à queda d’água Salto Morato e ao aquário natural (verFIG.77). São painéis feitos, também, em madeira, cujo conteúdo apresenta explicaçõessobre a flora e fauna do lugar, com textos e imagens. A localização desses painéisinterpretativos e das placas fica em lugares de maior fluxo e ocupação mais intensa e sãolocados em lugares estratégicos para orientação e apropriação dos espaços pelos visitantes,não interferindo com a circulação.

As placas informativas têm como função transmitir dados básicos aos usuários sobre aunidade de conservação, destinando-se também, à proteção de visitantes e dos recursosnaturais da área. A comunicação de divulgação do Parque é sustentada por algumas(poucas) placas de trânsito espalhadas pelas rodovias, principalmente pela PR-405.

Fig. 76: Placa de Informação Fonte: autores

Fig. 75: Placa de Entrada - Acesso àReserva Fonte: www.fundacaooboticario.com.br

Fig. 77: Painéis Interpretativos Fonte: autores

A circulação dentro da Reserva Natural em nenhum momento é pavimentada, sendo umdos resultados da intenção de interferência humana mínima na natureza do local. Assimhá alguns caminhos definidos e orientados através de “rasgos” pela vegetação. Estacaracterística dificulta bastante a participação nas atividades existentes, por pessoas comrestrição de deslocamento, uma vez que os usuários da Reserva não podem serdeficientes físicos ou com dificuldades de locomoção ( idosos, por exemplo), pois, afalta de caminhos pavimentados prejudica a acessibilidade dos percursos.

Page 64: Arquitetura em Unidades de Conservação

63Reserva Natural Salto Morato

O principal componente da circulação da Reserva é a circulação de pedestres, sendopermitida a circulação de veículos apenas pela Zona de Uso Especial (ver FIG. 78). Acirculação de pedestres é constituída por caminhos para fins diversos e trilhas autoguiadasou não para a interpretação da natureza.

Vale dizer que as trilhas da Reserva Natural Salto Morato foram todas muito bemelaboradas, utilizando-se de técnicas para se evitar alagamentos de alguns trechos e garantirmaior segurança para os usuários. Além disso, foram feitos estudos para se decidir paraonde estas trilhas levariam os visitantes, que lugares eram estratégicos e quais possuíammaior potencial paisagístico somado à possibilidade de interferência humana.

Sendo assim, dentro da Zona de Uso Extensivo, pode-se fazer duas trilhas ecológicas: aprimeira, uma trilha que vai até o Salto Morato. A segunda trilha, que só pode ser feitacom guias da reserva, é a que leva a uma velha figueira (ver FIG.79).

Uma grande parte do caminho que leva ao Salto Morato acompanha a trajetória do rioque desce da cachoeira. Durante o percurso tem-se a travessia pela ponte pêncil, além deser permitida a parada num enorme e translúcido aquário natural, formado onde oleito do rio faz uma curva e represa uma grande quantidade de água. A medida que seavança em direção ao Salto, a vegetação vai ficando mais densa e o volume de águacorrendo junto à trilha aumenta. O Salto é a imponente imagem de 130 m de quedad’água.

A Trilha da Figueira, começa com a travessia por cabos de aço sobre um rio ou,atravessando-o a pé. A partir daí tem-se a imagem de uma vegetação de capoeira(estágio de recuperação da vegetação nativa, que por sua vez foi alterada para o uso dafazenda que ali existia), e um trecho por onde ainda é permitida a passagem de automóveis(usados pelos funcionários da Reserva). Logo se tem uma vegetação fechada e umaflora super rica e variada, delineando um caminho estreito e restrito para pedestres. Emalguns momentos a passagem se dá sobre pontes feitas em madeira. Ao chegar naFigueira do Rio do Engenho tem-se um mirante de proporções pequenas, mas quepermite aos usuários a contemplação da paisagem composta por uma Figueira centenáriarepleta de orquídeas e samambaias por sua extensão e, que lançou suas raízes sobre oleito do rio até alcançar a outra margem, conformando uma ponte natural (ver FIG.73).

Fig. 78: Caminho que leva ao Centro deVisitantesFonte: autores

Fig. 79: Trilha que leva à FigueiraFonte: Grupo

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64 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Page 66: Arquitetura em Unidades de Conservação

65Parque Botânico do Morro do Baú

4. Parque Botânico do Morro do Baú

Page 67: Arquitetura em Unidades de Conservação

66 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

4.1.Apresentandoo Parque

O Parque Botânico do Morro do Baú (ver FIG. 80), área piloto dentro da Reserva daBiosfera da Mata Atlântica, apresenta expressiva área de mata primária, paisagem naturalprivilegiada e ótimo potencial para atividades de lazer e recreação, o que tem atraídogrande contingente de visitantes. Contudo, a falta de infraestrutura de apoio adequado aessa visitação tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, taisquais roubo de palmito, caças ilegais disposição inadequada de lixo, entre outros. Estesaspectos contribuem para a degradação de seu patrimônio natural e cultural, exigindomedidas urgentes para a formulação de políticas de educação ambiental centradas emseus atributos ambientais, paisagísticos e culturais.

Fig. 80: Panorâmica do Morro do BaúFonte: autores Para uma melhor identificação dos problemas do Parque foram realizadas algumas

visitas em momentos diferenciados. Num primeiro momento, o grupo de pesquisa foiao Parque com o perfil de um usuário comum, isto é, buscou reconhecer a área atravésdas trilhas e do usufruto da infraestrutura disponível aos visitantes. Já, num segundomomento, foram realizadas visitas mais técnicas com uma visão de arquiteto. Nestasegunda etapa foram elaborados levantamentos arquitetônicos expeditos e fotográficos,o que permitiu obter uma grande quantidade de croquis e imagens importantes da área.

A partir de plantas topográficas e fotos áreas, foi confeccionada uma maquete (verFIGURAS 81, 82, 83 e 84) da área de pesquisa do Parque. Esta maquete passou a serutilizada como instrumento de trabalho do grupo de pesquisa em todas as suas visitas acampo de forma a melhorar a apropriação e compreensão da área de estudo.

Page 68: Arquitetura em Unidades de Conservação

67Parque Botânico do Morro do Baú

Enfim, através dos estudos e visitas ao parque, constatou-se que a visitação pública é jáuma realidade e que as atividades daí decorrentes têm sido motivo de degradação decertas áreas. Mais grave do que isto, é o fato do visitante não ter a oportunidade deinterar-se dos reais objetivos conservacionistas e de pesquisa científica, tornando-se, namaioria das vezes somente um consumidor e degradador dos atrativos naturais doparque. As análises realizadas permitiram um diagnóstico inicial da situação, onde aliadosàs potencialidades e atrativos naturais da unidade de conservação, foram levantadas asdeficiências existentes em termos de visitação pública. De modo a tornar a análise maisobjetiva e legível, buscou-se classificar os problemas detectados em três itens fundamentais:limites, orientação (sinalização e informação) e infra-estrutura.

Área da Sede do Parque

Estrada que corta o Parque

Fig. 83: Foto MaqueteFonte: autores

Trilha do Baú

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68 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Trilha que leva ao “Baú”

Fig. 84: Foto MaqueteFonte: autores

Fig. 82: Foto MaqueteFonte: autores

Fig. 81: Foto MaqueteFonte: autores

Trilha da cachoeira “Véu de Noiva”

Cachoeira do Poção

Sítio Arqueológico

Page 70: Arquitetura em Unidades de Conservação

69Parque Botânico do Morro do Baú

4.1.1. Limites

A não delimitação clara dos limites do Parque bem como a utilização, em termos delazer e recreação, de pontos diferenciados não conectados e não controlados (cachoeiras,trilhas, pontos de interesse paisagístico), tem prejudicado de diferentes formas o meioambiente: deposição de lixo, fogueiras, destruição da vegetação nativa, roubos de espéciesvegetais e animais, entre outros (ver FIG. 86).

Além disso a estrada ao cortar o Parque, em dois trechos desconexos não funcionamcomo limite; ao contrário, dificulta a percepção do “ todo”.

A partir desta análise, tem-se que a elaboração de um Plano de Manejo para a unidadede conservação pode vir a ser uma ótima alternativa para que se definam os limites reaisdo parque, contribuindo para a sua preservação.

Fig. 86:Vista do “Poção”, área degradapelo uso descontrolado.Fonte: autores

4.1.2. Acesso

A passagem da estrada estadual (ver FIGURAS 87, 88, 89 e 90) que corta todo oparque, bem como as várias possibilidades de acesso à área do Parque, acabam pordificultar a fiscalização, deixando o Parque muitas vezes suscetível a ações contrárias a daconservação.

Dentro desse contexto, entende-se a ausência de estacionamentos organizados, como omotivo que induz a localização indevida de automóveis no correr da via de acesso, alémdas possíveis invasões que venham a ser danosas para o ecossistema do local.

É de suma importância que se crie uma entrada principal, orientando os visitantes aacessarem ao Parque somente por determinada área. Assim, facilita-se a fiscalização porparte da administração, obtendo-se maior domínio acerca da utilização da área destinadaà visitação pública do Parque.

Fig. 88:Vista da estrada estadual quecorta o parqueFonte: autores

Fig. 87:Vista da estrada estadual quecorta o parque.Fonte: autores

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70 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Figuras 89 : Croqui beseado na carta topográfica da área deestudo. Levantamento da rede hidrográfica e sistema viário.Fonte: IBGE/ 1980 - Alterado pelos autores

Page 72: Arquitetura em Unidades de Conservação

71Parque Botânico do Morro do Baú

Figura 90: Croqui beseado na carta topográfica da área deestudo. Levantamento da rede hidrográfica e sistema viário.Fonte: IBGE/ 1980 - Alterado pelos autores

Page 73: Arquitetura em Unidades de Conservação

72 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

4.1.3. Orientação/ Comunicação

A busca por um sistema de orientação para o cenário é tão importante quanto àdelimitação da área ou mesmo quanto à restrição de acessos, uma vez que pode ajudarno sucesso destes últimos, orientando e indicando os locais e ações permitidas dentrode determinada área.

Segundo Bins Ely (2001) um sistema de orientação é formado por três diferenteselementos: a configuração espacial, a informação adicional e a comunicação verbal.Todos estão relacionados ao deslocamento das pessoas bem como às suas habilidadesde se situar mentalmente em determinado espaço( saber onde se está e como chegar adeterminado local).

A configuração espacial está relacionada às características do espaço arquitetônico, nocaso do Morro do Baú está, principalmente, relacionada às características do espaçonatural. Isso se dá quanto à forma do arranjo físico, ou seja, o princípio de organizaçãoespacial, o qual diz respeito aos volumes do “layout” e ao sistema de circulação existente.Outra característica do espaço arquitetônico seria o zoneamento funcional e a presençade elementos naturais e arquitetônicos que venham a atuar como marcos referenciais(entradas, escadas, pórticos, etc.).

A informação adicional é constituída por toda informação gráfica, ou seja, placas desinalização e informação, avisos sonoros, luminosos ou as mensagens tácteis (mapas,texturas...). Já a comunicação verbal caracteriza-se pela informação que é dada pelosfuncionários e/ou usuários do lugar.

Destaca-se que quando há uma coerência nas informações de um lugar, gerada peloselementos citados acima, o visitante tende a se guiar mais facilmente e a compreenderespacialmente o lugar. Quando não existe essa coerência do conjunto, a informaçãoobtida no lugar torna-se de difícil percepção dificultando a orientação dos visitantes. E,é isto que se percebe na área de visitação do Parque em estudo. Carente de informaçõesrelacionadas à configuração espacial das arquiteturas existentes, bem como de deficientesinformações gráficas (ver FIGURAS 91, 92 e 93), o cenário acaba se utilizando, quaseque exclusivamente, da comunicação verbal e dos referenciais naturais. Não compreendera configuração espacial do parque, dificulta o deslocamento do usuário na busca dedeterminada atividade. Estar desorientado é um sentimento negativo para a maioria daspessoas. Este aspecto acaba sendo bastante ruim para uma unidade de conservaçãocujos objetivos centram-se na conservação da natureza, caracterizando-se como umcentro de pesquisa, lazer e educação ambiental.Fig. 93:Comunicação Visual existente

Fonte: Grupo

Fig. 92:Comunicação Visual existenteFonte: Grupo

Fig. 91:Comunicação Visual existenteFonte: Grupo

Page 74: Arquitetura em Unidades de Conservação

73Parque Botânico do Morro do Baú

Na comunicação gráfica existente no Parque percebe-se em alguns momentos ausência deinformações e em outros a sobrecarga destas, dificultando muitas vezes a compreensãoda mensagem. Segundo Bins Ely (2001) a percepção é seletiva sempre que houver excessode informação. Na verdade, os usuários tendem a buscar um destino determinado nolugar, selecionando somente as informações importantes para o seu comportamentoimediato e não percebem informações irrelevantes relacionadas a esta tarefa imediata.Estudos indicam que no máximo três indicações são perceptíveis em um lance de olhar àsplacas indicativas ou mapas. As informações devem estar alinhadas, facilitando a leitura daesquerda para a direita e de cima para baixo.

Outro aspecto relevante e referente à comunicação gráfica seria a localização das mesmas.Elas não devem estar localizadas de maneira aleatória, devem sim, estar disponíveis demodo a facilitar a localização e a tomada de decisão dos visitantes. Ainda neste contexto,tem-se o aspecto formal das placas como algo bastante importante para a orientação eobtenção de bons resultados de legibilidade da informação tipográfica. De acordo comBins Ely (2001) ao se elaborar a comunicação gráfica, é essencial que se leve em consideraçãocritérios como: o tipo de letra, espaçamento entre elas, proporção, distância, distorçõesangulares, contraste fundo/figura, uso de sinais tipográficos versus sinais pictográficos,reflexos nos cartazes, etc.

Enfim, é visível a deficiência de um sistema de sinalização que oriente sobre a localizaçãodos atrativos e infraestruturas existentes. Pois, de acordo com Bins Ely (2001) a habilidadede um indivíduo orientar-se em um lugar depende de um sistema de comunicação presenteno próprio ambiente, e este aspecto é bastante deficiente na área do Parque.

Sentiu-se falta, também, de informações para a devida interpretação ambiental, traduzindoo significado do patrimônio natural e cultural da unidade de conservação para a linguagemcomum dos visitantes. Esta informação diluída por todo o parque, na forma de placas,totens, pórticos, publicações, exposições audiovisuais, etc, necessita também, de um espaçoespecífico organizado próximo ao acesso principal, sob a forma de um centro de visitantes.

4.1.4. Infra-estruturaQuanto à infra-estrutura (ver FIG. 94), notou-se a inexistência de uma área de recepçãoaos visitantes, que informe e organize o processo de visitação, apresentando informaçõesacerca do Parque, sua estrutura, seus objetivos, suas potencialidades ambientais e paisagísticas.

Page 75: Arquitetura em Unidades de Conservação

74 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.94: Croqui de Locação das Infra-estruturasFonte: autores

São evidentes, as deficiências da área de camping (ver FIG. 95), no sentido de acomodaros campistas e a visível degradação dos equipamentos de apoio (churrasqueiras) (verFIGURAS 96 , 97 e 98), bem como conflito em sua localização, na medida em que seencontram numa área de especial interesse paisagístico no contexto da reserva.

Page 76: Arquitetura em Unidades de Conservação

75Parque Botânico do Morro do Baú

Fig. 95: Panorâmica da área do camping. Vista da Cachoeira Central.Fonte: autores

Figuras 97e 98:Vista dos equipamentosde apoio - churrasqueirasFonte: autores

A falta de estruturação das trilhas existentes, no sentido de permitir a abordageminterpretativa na educação ambiental, também foi apontada como um problema a sersolucionado. No parque, existem cinco trilhas ecológicas destinadas ao uso público. Umaque leva à Cachoeira Central, outra que leva às inscrições rupestres, outra que leva à“Pedra Filhote”, uma que leva ao baú e outra que chega a um agradável ambiente,dotado de um curso d’água repleto de uma vegetação alta e densa configurada porpedras.

Além disso, percebeu-se a sub-utilização de algumas edificações históricas (ver FIG. 99)existentes que remontam ao passado agrícola-colonial da área, uma vez que podem abrigarnovos usos que ressaltem seu valor patrimonial e ainda, que possam ser utilizadas pelaunidade de conservação como instrumentos que venham a disseminar educaçãoambiental, possuindo em seu interior espaços de apoio aos visitantes, destinados, porexemplo, a eventos ou exposições (ver FIGURAS 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106,107, 108, 109 e 110).

Fig. 99: Panorâmica das edificações históricasFonte: autores

Fig.96:Croqui Levantamento daschurrasqueirasFonte: autores

Page 77: Arquitetura em Unidades de Conservação

76 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.100: Edificação HistóricaFonte: autores

Fig.101 :Edificação HistóricaFonte: autores

Fig.102: Croqui Levantamento dasFachadas - Edificação HistóricaFonte: autores

Page 78: Arquitetura em Unidades de Conservação

77Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.103: Fachada Leste - Edificação HistóricaFonte: autores

Fig.105:Croqui Fachada Leste -Edificação HistóricaFonte: autores

Fig.104: Fachada Norte - Edificação HistóricaFonte: autores

Page 79: Arquitetura em Unidades de Conservação

78 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.107: Fachada Oeste da residência existentedentro do parqueFonte: autores

Fig.106: Residência existente dentro do ParqueFonte: autores

Fig.108:Croqui Levantamento da Fachada - Residência existente dentro do parqueFonte: autores

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79Parque Botânico do Morro do Baú

Em suma, constata-se a necessidade de estruturação da visitação, no sentido de que ovisitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorpore informações ambientais,passando a ter uma outra visão do real significado da unidade de conservação.

Entende-se como fundamental, portanto, a qualificação da visitação para propiciar oaumento da consciência ambiental dos usuários. Pretende-se, num próximo momento,elaborar um trabalho que venha a unir arquitetos e biólogos no intuito de se elaborarprojetos e discutir alternativas espaço-ambientais para que sejam atendidas as demandasdiagnosticadas. O conjunto destes projetos visa compor um Plano Global Emergencialde Visitação para o Parque Botânico do Morro do Baú, em nosso entender, um passofundamental para a formulação posterior de um Plano de Manejo global da Unidadede Conservação.

4.1.5. Reflexões acerca dos problemas detectados

Figuras 109 e 110:Fachadas - Edificações Históricas e Vista das Palmeiras.Fonte: autores

A seguir seguem os levantamentos da vegetação existente no parque, bem como daspotencialidades do mesmo, a partir de sua exuberante beleza natural, possui (verFIGURAS 111 e 112).

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80 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.111: Croqui baseado no Levantamento Planialtimétricoe Perimetral do Parque Botânico do Morro do Baú / 1997Fonte: Zimmermann (2000) e alterado pelos autores

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81Parque Botânico do Morro do Baú

Fig.112: Croqui baseado no LevantamentoPlanialtimétrico e Perimetral do Parque Botânicodo Morro do Baú / 1997Fonte: Zimmermann (2000) e alterado pelosautores.

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82 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

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83Considerações Finais

5. Considerações Finais

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84 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

5.1. Comparaçãoentre osParquesestudados daIlha de SantaCatarina

É fato o aumento significativo, nas últimas décadas, em número e extensão, das Unidadesde Conservação no Brasil. Atualmente, elas constituem um pouco mais de 8% do territórionacional. Comparativamente é notável citar que esta proporção aumenta para 42% quandoa análise refere-se ao município de Florianópolis. Evidentemente, este crescimento donúmero de áreas protegidas é louvável. Contudo, questiona-se sobre a relevância daimplantação de unidades de conservação que não estabelecem nenhuma conexão com oespaço urbano. Sua utilidade torna-se secundária, uma vez que, por estarem relegadas agerenciamentos públicos descomprometidos, não cumprem o objetivo de conservar asamostras significativas da biota, assim como não exaltam o substrato histórico do local ea identidade inerente ao mesmo. Na ausência de diagnósticos e análises ambientais quesustentem um plano de manejo, as unidades de conservação tornam-se locais alheios aocotidiano da vida urbana. Logo, a ocupação dessas áreas torna-se sazonal e é suscitadaapenas pelo usufruto alienado de seu potencial paisagístico, desconsiderando-se acompreensão e a subseqüente apropriação do espaço como fatores essenciais para aconstrução da consciência ecológica.

Este aspecto foi observado em ambos os Parques estudados. Notou-se que a área destinadaà visitação pública não é o que estimula o contato dos visitantes com a unidade deconservação, sendo a paisagem natural exuberante, tão característica da cidade deFlorianópolis, o único aspecto convidativo e que se encontra bastante desvinculado daorganização espacial do Parque. O tratamento dado à organização espacial é carente deelementos lúdicos, contemplação e comunicação visual, que valorizem a paisagem naturale cultural da unidade de conservação.

Dentro desse contexto, é indispensável que o plano de manejo busque inserir a unidadena sociedade e na economia local, através do turismo sustentável ou do ecoturismo. Noentanto, acredita-se que essa vinculação funcional entre unidade de conservação e meiourbano só pode ser efetivada através da qualificação da infraestrutura de apropriaçãopública das áreas preservadas. Isso significa dizer que as áreas de visitação devemestruturar-se de maneira a exaltar os ideais conservacionistas vigentes em cada unidade,constituindo-se como espaço pedagógico, agente comunicador e esclarecedor danecessidade de se preservar, pelo menos, a maioria das áreas remanescentes da flora,fauna e da cultura .

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85Considerações Finais

Portanto, confrontar os dados obtidos sobre as áreas de visitação do Parque Municipalda Lagoa do Peri e Parque Florestal do Rio Vermelho significa transcender uma análisemeramente instrumental na busca de avaliar o grau de inserção destas unidades na culturado meio urbano. É inevitável constatar que a materialização da arquitetura implantadanos dois estudos de similares não é resultado de um processo metodológico de geraçãodo espaço, onde estejam incluídos conceitos interdisciplinares enaltecidos pela elaboraçãode um plano de manejo. Este teria a incumbência de congregar as necessidades da macroe micro escala num conceito comum, fazendo do entorno urbano e do Parque um espaçocomutativo.

Cabe ressaltar que o Parque Municipal da Lagoa do Peri é o único parque de Florianópolisque possui um documento semelhante a um Plano de Manejo, o Plano Diretor doParque. Este possibilitou a execução de um zoneamento para o Parque o que, entreoutras coisas, permite que os visitantes, através de algumas placas informativas, saibamquais são essas zonas que configuram a unidade de conservação, de que são constituídas,onde se localizam e a importância das mesmas, ponto positivo para a educação ambiental.Por outro lado, a falta de funcionários e de investimentos traz a desqualificação dosespaços construídos que acabam se deteriorando pela falta de manutenção regular. Alémdisso, a existência de poucos funcionários implica em precária fiscalização da área, o quegera roubos de espécies vegetais e caças ilegais. Constata-se, então, que, mesmo com oauxílio de um Plano Diretor - primeiro passo importantíssimo - o Parque Municipal daLagoa do Peri conta com inúmeras irregularidades que contradizem os ideais de proteçãoda área. Desta forma, os dois Parques da Ilha de Santa Catarina, expostos neste trabalho,possuem características semelhantes no que tange à organização espacial das áreasapropriadas pelos visitantes, à falta de funcionários e à fiscalização. Mas o Parque Florestaldo Rio Vermelho carente de um documento que venha a esclarecer corretamente seuslimites e orientar onde podem se dar as intervenções arquitetônicas, está bem menosprotegido. Enfim, “(...) o aumento da demanda de usuários, a falta de recursos, anecessidade de atendimento imediato e o interesse eleitoreiro favorecem o surgimentoquase instantâneo de espaços mal executados e mal projetados, o que torna projetosbem articulados e socialmente adequados exceções a uma regra geral de irresponsabilidadee depredações” (MACEDO, 2002).

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86 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

5.2. Comparaçãoentre osParquesestudados daIlha de SantaCatarina e aR.NSalto Morato

Comparar o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal do Rio Vermelhocom a Reserva Natural Salto Morato pressupõe, em primeiro lugar, a compreensão docontexto no qual as unidades se inserem.

Locados num contexto urbano, o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestaldo Rio Vermelho chegam muito perto dos chamados Parques Urbanos, diferenciando-se apenas por possuírem como prioridade a conservação dos recursos ambientais eparalelamente atribuírem áreas concentradas, voltadas para atividades de lazer ativo, passivoe de pesquisa científica. Por estarem inseridos na cultura da cidade, sofrem algumasconseqüências com relação ao adensamento urbano, como as invasões de áreas reservadasa conservação da biota, sendo este aspecto extremamente prejudicial ao cumprimentodos objetivos concervacionistas propostos na criação desses parques. Por outro lado,a Reserva Natural Salto Morato está inserida numa área rural, cuja acessibilidade,diferentemente dos parques da Ilha de Santa Catarina, é bastante ruim, um dos motivosque restringe e acaba selecionando os usuários dessa unidade de conservação –normalmente pessoas já conscientes da importância ecológica da área.

Enquanto o Parque Florestal do Rio Vermelho nem sequer tem uma categorização dentrodo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, destaca-se que a ReservaNatural Salto Morato além de proteger uma amostra significativa de Floresta Atlânticaem suas diferentes tipologias e estágios evolutivos naturais, bem como da fauna ligada aela, tem como meta tornar-se modelo de RPPN (Reserva Particular do PatrimônioNatural), de modo que seja um centro de difusão de conhecimento e tecnologia para omanejo de unidades de conservação. Desta forma, a importância da Reserva paranaensetoma proporções nacionais e até, internacionais, como um exemplo de administração emanejo a ser seguido.

A implementação da Reserva Natural Salto Morato não só garantiu a proteção da naturezado local como buscou trazer melhorias na qualidade de vida da população do entornoatravés de um ecoturismo ordenado, com benefícios para as comunidades da região asquais, na sua maioria, viviam da extração de palmito. Algo louvável, uma vez que aotirar uma fonte de renda da população para salvaguardar amostras da vegetação dolocal, tornou-se imprescindível buscar outras alternativas de subsistência para a população,estimulando-a a valorizar e entender a importância desta unidade de conservação. Assim,a Fundação O Boticário com o intuito de proteger a natureza da área da Reserva

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87Considerações Finais

Natural Salto Morato, criou um programa de artesanato para capacitar os moradoresda Vila Salto Morato em atividades que pudessem servir como fonte de renda. Comisto, colocou-se a produção de cestas artesanais, desta comunidade, nas lojas franqueadasdo O Boticário.

Dentro desse contexto, tem-se que tanto o Parque Municipal da Lagoa do Peri quanto oParque Florestal do Rio Vermelho, são carentes de programas relacionados a umecoturismo sustentável, fato que os tornam distantes da população do entorno, trazendoprejuízos à proteção dos patrimônios naturais e culturais dessas áreas. Nesse sentido, éimportante salientar, que o Parque Municipal da Lagoa do Peri possui algumas ações quevisam a aproximação do parque com o entorno. Uma delas é a destinação de uma área,dentro da edificação da sede principal, para exposição esporádica de obras realizadaspelas pessoas da comunidade. A outra seria as visitações de crianças das escolas vizinhasao Parque. Ainda assim, é muito pouco. Distante da população, o parque torna-semeramente um espaço público de lazer, sem que as pessoas entendam o real significadoda sua existência, que é salvaguardar o rico ecossistema dessa parte da Ilha de SantaCatarina.

Enfim, notou-se que a organização espacial da área destinada à visitação pública daReserva Natural Salto Morato, diferentemente da encontrada nos parques estudados daIlha de Santa Catarina, está bastante vinculada à paisagem natural da área, exaltando asbelezas naturais e garantindo a compreensão e a apropriação do espaço como aspectosimportantes para o desenvolvimento da consciência ecológica dos usuários. A qualificaçãoda infra-estrutura de apropriação pública oferecida pela Reserva Natural é um aspectoque torna a unidade de conservação um espaço pedagógico e esclarecedor da importânciade se preservar os remanescentes da flora, fauna e da cultura local. Assim, conclui-se quenão é apenas a paisagem natural da região que estimula o contato dos visitantes com aReserva, mas também, toda a infra-estrutura de apoio que lhes é oferecida.

Constatou-se que as obras arquitetônicas implantadas na Reserva Natural Salto Moratosão o resultado de estudos sérios de organização espacial, onde estão incluídos conceitosinterdisciplinares exaltados pelo plano de manejo da unidade de conservação. Mesmoque se tenha achado o conceito arquitetônico de unidade das edificações um tantoequivocado, uma vez que são intervenções pontuais locadas em clareiras, sem que estejamdevidamente “encaixadas” na vegetação local, há de se destacar a eficiente comunicação

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88 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

visual, a definição de caminhos de acordo com as potencialidades da área e a tecnologiadas trilhas. Esses três últimos são, sem dúvida, intervenções riquíssimas que contribuemmuito para a eficácia da educação ambiental proporcionada aos visitantes.

Não se pode deixar de falar do Plano Diretor do Parque Municipal da Lagoa do Peribem como, da edificação imponente da sua sede principal. Esse Plano Diretor, semelhantea um Plano de Manejo, permite uma certa organização na área do parque, no entanto,muito inferior à organização encontrada na Reserva Natural Salto Morato. A edificaçãoda sede, mesmo que em harmonia com a paisagem, peca no quesito função, já que émuito pouco utilizada. Outro aspecto é a falta de unidade, ou de um conceito, que façacom que tanto a edificação da sede, quanto as instalações e comunicação visual, pareçamfazer parte de um conjunto, de uma mesma idéia. Essa característica também pode serencontrada no Parque Florestal do Rio Vermelho, onde se tem a impressão de que asedificações, as instalações e a comunicação visual foram pensadas em diferentesmomentos, aleatoriamente, não havendo uma unidade. Contudo, não se pode negar abeleza, funcionalidade e a integração entre o interior e exterior da edificação que abrigao refeitório, do Parque Florestal do Rio Vermelho.

Finalmente, percebe-se o quão importante foram esses estudos de similares para odesenvolvimento do trabalho no Parque Botânico do Morro do Baú, uma unidade deconservação sem um Plano de Manejo e, portanto com uma infra-estrutura para recebervisitantes bastante deficiente, dificultando a proteção da natureza exuberante do local.Acredita-se que esses estudos dão subsídios para o grupo poder lançar idéias com relaçãoà organização espacial do Parque Botânico do Morro do Baú. As soluções arquitetônicasque serão propostas posteriormente têm como objetivo torná-lo um local disseminadorde educação ambiental através de edificações, instalações e comunicação visualapropriadas, inspirando-se nas soluções encontradas para a Reserva Natural Salto Morato,especialmente com relação à comunicação visual e às trilhas ecológicas.

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89Considerações Finais

5.3. O Futuroda Pesquisa

A partir da formulação de um diagnóstico da situação atual do Parque Botânico doMorro do Baú, somado aos estudos de similares realizados durante o trabalho, adquiriu-se subsídios para, em um próximo momento, realizar estudos de planejamento ambientalpara o Parque, visando a qualificação da sua estrutura de visitação pública.

Entende-se por planejamento ambiental o planejamento das ações humanas numadeterminada área, onde as ações antrópicas devem estar em harmonia com a conservaçãodo meio ambiente, visando, entre outras coisas, a melhoria da qualidade de vida humana.Segundo Maria de Assunção Franco (2003), o Planejamento ambiental emprega comoinstrumentos todas as informações disponíveis sobre a área de estudo, vindas das maisdiversas áreas de conhecimento, bem como as tecnologias de ponta que possam facilitaro seu meio principal de comunicação e de projeto que é o Desenho Ambiental.

Desta forma, pretende-se lançar idéias para uma organização espacial aliada ao DesenhoAmbiental, cujos resultados podem ir além da qualificação da visitação. Acredita-se queuma melhor estruturação desta área, além de tornar o parque mais atrativo e propício àsatividades de pesquisa e recreação, se aproximaria do ideal de um planejamento sustentável,contribuindo na minimização dos impactos ambientais.

Enfim, o objetivo é o lançamento de propostas, através de croquis, de edificações,instalações, caminhos e comunicação visual. Além de indicativos genéricos para umzoneamento global do Parque. Essas idéias estarão pautadas num conceito arquitetônico,que vise a harmonia desses elementos construídos entre si e com a paisagem, clima,topografia, história e cultura do local. Ressalta-se que na concepção desses elementosconstruídos, é importante não dissociar a forma da função. Na verdade, não se pretendeque as arquiteturas pensadas se comportem como meras construções, pensa-se sim, emachar uma identidade a elas, as quais deverão expressar claramente a função quedesempenham enquanto peças fundamentais na organização espacial do Parque Botânicodo Morro do Baú.

Espera-se, portanto, que o visitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorporeinformações ambientais, passando a ter uma outra visão do significado da unidade deconservação e da importância de se preservar esse enorme reservatório de energiavital- a natureza.

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90 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

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91Anexos

6. Anexos

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92ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

6.1. Artigo enviadoao VIIENEPEA

ESTRUTURA DE APROPRIAÇÃO PÚBLICA EMUNIDADE DE CONSERVAÇÃO DA ILHA DE SANTA

CATARINA: PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERIE PARQUE FLORESTAL DO RIO VERMELHO

REIS, Almir Francisco (1); ELY, Vera Helena Moro Bins (2); SOUZA,Fabíola Bernardes (3); BAZZO, Pedro (4)

(1) Arquiteto urbanista, Dr., Professor do Departamento de Arquitetura eUrbanismo da UFSC – Doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismoda Universidade de São Paulo.

End.: Rua Prof. Simão José Hess, n° 191, Edifício Residencial Champagnat, ap.1203 - CEP 88036-580 – Florianópolis – SC – E-mail: [email protected](2) Arquiteta urbanista, Dra., Professora do Departamento de Arquitetura e

Urbanismo da UFSC, Tutora do grupo PET/ARQ/UFSC (Programa Especialde Treinamento) – Doutora em Engenharia de Produção – UFSC e UCL(Université Catholique de Louvain).

End.: Rua Prof. Marcos Cardoso Filho, n° 597 – CEP 88037-040 – Florianópolis – SC – E-mail: [email protected](3) Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, bolsista do grupo

PET/ARQ/UFSC (Programa Especial de Treinamento).End.: Rua Leonor de Barros, n° 32 – CEP 88040-240 – Florianópolis – SC – E-mail: [email protected]

(4) Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, bolsista do grupoPET/ARQ/UFSC (Programa Especial de Treinamento).

End.: Serv. Arvoredo, n° 100 – Florianópolis – SC – E-mail:[email protected]

ABSTRACTThis job’s main target is the study of public visiting areas and respective equipments oftwo Conservation Unities of Florianópolis: The Parque Municipal da Lagoa do Periand the Parque Florestal do Rio Vermelho. These studies were elaborated from fieldvisits, photographic researches and interviews with the parks’ employees and users. Allcollected data was organized in tables with the purpose of a quantitative and qualitativeobservation. It was verified that the lack of a qualification of these areas makes the

ENEPEA - ENCONTRONACIONAL DO ENSINO DEPAISAGISMO EM ESCOLASDE ARQUITETURA EURBANISMO NO BRASIL- 9, 10, 11 e 12 de junho de2004 – Belo Horizonte –MG

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93Anexos

1. APRESENTANDO O PROBLEMA

A Ilha de Santa Catarina possui uma área aproximada de 423 Km², sendo que suasencostas eram a princípio cobertas pela Mata Atlântica e suas planícies por vegetação derestingas e manguezais. Soma-se a isto a existência de lagoas, lagunas, praias arenosas,dunas, enfim, uma rica variedade de ambientes naturais compondo vários ecossistemasnaturais. Entretanto, a partir do século XVIII, com a colonização, as práticas agrícolaslevaram ao desmatamento, degradando bastante rápido esses ecossistemas. Comocontinuidade deste processo, o crescimento acelerado e desordenado, aliado à indústriado turismo e à construção civil, causaram os maiores impactos, induzindo ocupaçõesem áreas de encostas, manguezais e restingas.

Para proteger a natureza de Florianópolis da sistemática agressão humana, tornou-seimprescindível a implementação de Unidades de Conservação, que somam 42% da áreatotal do município (ver FIG. 1). Segundo a Lei SNUC – Sistema Nacional de Unidadesde Conservação - 2000, unidade de conservação é um espaço territorial e seus recursosambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.Para que a implementação de Unidades de Conservação seja realmente eficiente é evidenteque a criação das mesmas deve ser o resultado de estudos sérios, onde não há errosquanto à escolha da categoria da área bem como da sua delimitação, além da existênciade uma administração e gestão adequados, pautados em Planos de Manejo. O Plano deManejo de Unidades de Conservação, de acordo com IBAMA, de 1996, é um projetodinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determina o zoneamentode uma Unidade de Conservação, caracterizando cada uma de suas zonas e propondoseu desenvolvimento físico de acordo com suas finalidades, e estabelece diretrizes básicaspara o manejo da unidade. Estes são documentos que visam a orientação de intervençõesna Unidade de Conservação, evitando equívocos que impliquem em reações contráriasà da Conservação, tornando assim essas áreas menos vulneráveis e suscetíveis a danosimpostos sobre o patrimônio natural.

parks less attractive, which is an obstacle for the growth of environmental education andalso for the evolvement of citizens with the efforts for a compatible use of such exuberantnatural areas with the protection ideal.

Key-words: Conservation Unities; Parks; visiting areas.

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94ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Figura 1: mapa Ilha de Santa CatarinaFonte: Laboratório Infoarq/UFSC e modificado pelos autores

O profissional arquiteto-urbanista, auxiliado por um Plano de Manejo, tem um papelfundamental no sentido de organizar espacialmente áreas de conservação em zonas,com seus respectivos graus de proteção e intervenção.

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95Anexos

Dentre estes trabalhos, destaca-se a qualificação da infra-estrutura de apropriação públicade uma área protegida, através da concepção de edificações, da orientação de caminhose trilhas utilizando-se da comunicação visual, enfim, planejando e organizando as áreaspermitidas para pesquisa e visitação. A organização das áreas que serão apropriadaspelos visitantes numa Unidade de Conservação é bastante importante, pois orienta deforma eficiente os visitantes dizendo o que pode e o que não pode ser feito e aindafacilita a fiscalização por parte da administração da Unidade de Conservação. Portanto,é de suma importância que Unidades de Conservação não sejam simplesmenteimplementadas, sem que exista um plano de manejo ou algo parecido que venha aorientar as ações dentro da área protegida. Só assim, será possível que áreas de exuberantebeleza natural e importância tenham uso compatível com os ideais de proteção.

2. OBJETIVO

Neste trabalho, estudamos as áreas de visitação pública e respectivos equipamentos deduas Unidades de Conservação de Florianópolis localizadas na Ilha de Santa Catarina: oParque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal do Rio Vermelho. De acordocom o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC e o Sistema Estadualde Unidades de Conservação – SEUC, ambos se enquadram na categoria Parque, aqual faz parte do grupo de Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservara natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Segundo alegislação ambiental citada acima, a categoria Parque tem como objetivos básicos apreservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades deeducação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismoecológico.

Estes estudos têm como objetivo a melhor compreensão do funcionamento de umaárea destinada a visitação pública de uma Unidade de Conservação que se enquadre nacategoria Parque. Para isto optou-se pelo estudo de dois importantes Parques da Ilha deSanta Catarina, onde se pode entender como é administrada uma Unidade deConservação e de que forma se dá a organização espacial da área destinada à visitaçãopública numa área protegida.

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96ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

churrasqueiras, bancos, playground, e outros. Assim como acontece em outros parques,algumas atividades extrativistas voltadas para a subsistência da população nativa sãorestringidas pelas medidas de Proteção do Parque da Lagoa do Peri, o que gera conflitosentre as duas partes - a população e o órgão que administra a Unidade de Conservação.Nas áreas de restinga pertencentes ao Parque, verifica-se o processo de adensamentourbano, o que não condiz com a existência de uma Unidade de Conservação.

O Parque Florestal do Rio Vermelho, localizado entre o Oceano Atlântico e a Lagoa daConceição, caracteriza-se como uma área de restinga substituída na década de 60 porplantios experimentais de 25 diferentes espécies de Pinus. Atualmente, o Parque se propõea restaurar a área de vegetação nativa, tendo em vista as alterações que a vegetaçãoexótica vem causando no solo e no ecossistema em geral. O mesmo também possuiuma área destinada a visitação pública, com camping, sede equipada com refeitório,campo de futebol, quadra de vôlei e equipamentos em geral. É um Parque de considerávelrelevância turística, sendo visitado em média por 80 mil pessoas por ano.

Ambos os parques se propõem à realização de atividades simultâneas de pesquisa e delazer. Na verdade, este é um fator comum à grande maioria das Unidades de Conservação,daí a importância destes dois estudos de casos. Neste artigo, além da análise das áreasdestinadas a visitação pública, com as estruturas (edificações e instalações) e infraestruturas(caminhos, energia elétrica, elementos de comunicação...) que a unidade de conservaçãooferece para os usuários, abordam-se brevemente tanto a vegetação existente na áreadas unidades de conservação e arredores quanto a relação destas áreas protegidas como entorno urbano.

3. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

O Parque Municipal da Lagoa do Peri, situado na região Sul da Ilha de Santa Catarina,é de grande relevância na atividade turística da cidade. O mesmo possui uma sede pararecepção dos visitantes, além de uma área de camping e equipamentos como

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97Anexos

A chegada ao Parque da Lagoa do Peri é sinalizada junto à via de acesso (SC-406) comuma placa consideravelmente grande (ver FIG. 3). Ao adentrar, o usuário tem apossibilidade de deixar seu automóvel num estacionamento não coberto e previstopara até 200 carros (ver FIG. 4). É importante ressaltar que bem em frente à entradaprincipal do Parque, tem-se uma parada de ônibus, a partir da qual o visitante levapoucos segundos para acessá-lo.

Figura 3: placa localizada na SC-406Fonte: www.suldailha.com.br

Figura 4: área de estacionamentoFonte: Cabral (1999)

Além da entrada principal, há diversas entradas periféricas na extensão do Parque, queacabam por dificultar uma possível fiscalização e proteção da área, deixando o Parquemuitas vezes exposto a ações contrárias a da preservação, como caças ilegais, extraçãoda madeira e ocupação de áreas destinadas à preservação.

A cobertura vegetal da Bacia da Lagoa do Peri constitui-se de três tipos bem definidos:a “Mata Pluvial Atlântica”, a mais importante formação da área, com 8,06 Km²,ocupando as encostas e picos dos morros e pequena área da restinga; a “VegetaçãoLitorânea” distribuída ao longo da restinga e os “Campos”, os quais são representadospor pequenas manchas situadas, predominantemente, na encosta sul da Lagoa (ver FIG.5).

4. PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERI

4.1. Apresentando o Parque

O Parque Municipal da Lagoa do Peri está inserido numa bacia hidrográfica de 20,3km². Abriga a Lagoa do Peri cujas características peculiares a tornam o maior manancialde água potável da Ilha de SC, com 5,2 Km² e profundidade máxima de 11m, além decaracterizar-se como o maior habitat de Florianópolis para espécies de água doce.Distante 24 km do Centro de Florianópolis e 14 Km do Aeroporto Hercílio Luz, oacesso ao Parque da Lagoa do Peri se dá através da rodovia SC-406, que corta o Parqueno sentido Norte/Sul, chegando até o distrito do Pântano do Sul (ver FIG. 2).

Figura 2: Vista panorâmica da RodoviaSC-406 separando duas áreas derestinga. A sede do Parque encontra-se do lado direito da rodovia.Fonte: Cabral (1999)

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98ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Figura 5: uso do solo – Lagoa do Peri.Fonte: foto área de 1998, modificada pelos autores

Tendo em vista a riqueza do patrimônio natural e cultural da área, no ano de 1976, todaa Bacia da Lagoa do Peri, bem como os limites compreendidos entre a porção leste dabacia e a estrada SC-92, foram tombados como Patrimônio Natural do Município.Desta forma, garantiu-se legalmente a proteção de todos os bens naturais, condicionandoe estabelecendo regras para o uso e apropriação destas áreas.

Entretanto, somente em 9 de dezembro de 1989, a área que compreende a Lagoa doPeri e arredores, adquiriu status de Parque Municipal. Junto à sua criação instituiu-se oPlano Diretor de Ocupação e Uso do Solo, descrevendo os objetivos que levaram àcriação do Parque. Os objetivos são: “(...) proteger o patrimônio natural representadopela flora, fauna e paisagem, (...) aproveitar as condições peculiares de sua paisagemnatural e cultural para o adequado desenvolvimento de atividades educativas, de lazer erecreação” (CECCA, 1997, pg.91).

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99Anexos

O Plano Diretor de Ocupação e uso do Solo instituído na criação do Parque Municipalda Lagoa do Peri, aproxima-se a um Plano de Manejo. Desta maneira, a administraçãodo parque possui um instrumento que a auxilia na manutenção e, por vezes, tornapossível que os objetivos propostos para a implantação do Parque sejam realmentealcançados. Este plano diretor do parque divide a área em três porções: área destinadaao desenvolvimento de atividades de lazer, que compreende a restinga; área depreservação cultural, situada na encosta sul, onde se encontra a comunidade tradicionaldo Sertão do Peri; e área de reserva biológica destinada exclusivamente à preservação,nas encostas norte e oeste (ver FIG. 6).

Figura 6: Plano Diretor e Uso do solo – sem escalaFonte: FLORAM/ modificado por Cabral (1999) e pelos autores

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100ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Cabe ressaltar que a manutenção do Parque, bem como sua administração é procedidapela FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente, instituição que colaboracom o gerenciamento do Parque e em alguns casos atua como mediador de relaçõesentre o Parque e Prefeitura Municipal.

4.2. Área destinada à visitação pública (desenvolvimento de atividades de lazer)

A construção do edifício da sede do Parque teve inicio em 1997, visando uma estruturade apoio à fiscalização para pesquisa e educação ambiental. A obra contou com o apoioda Fundação Nacional do Meio Ambiente, sendo o responsável pelo projeto o arquitetoMarcos Frugolli (ver FIG. 7 e 8).

Essa edificação busca a contextualização com a área de lazer do Parque, através do usode madeira de reflorestamento – eucalipto - na sua estrutura construtiva (ver FIG. 9).No entanto, observou-se a não existência de estudos específicos sobre fontes alternativasde energia para o Parque Municipal da Lagoa do Peri visando a minimização de impactosambientais.

De vez em quando ocorrem exposições de trabalhos realizados pela população doentorno no hall central da edificação, mas são esparsas, e o local acaba tendo pouco uso.Além disso, a edificação não estabelece uma relação muito clara com o entorno, nãohavendo, por exemplo, uma área de transição entre o exterior e o interior da edificaçãoque possibilite a permeabilidade dos usuários entre a área externa do Parque e o interiorda edificação. Desta forma, percebe-se que este é um prédio bastante utilizado pelospesquisadores e pouco pelos turistas.

Com relação à área de lazer, não há disponível mobiliário suficiente para atender ademanda de visitantes, a qual é razoavelmente grande no período de verão. Faltamlugares cobertos como quiosques, e uma melhor organização espacial de modo aaproveitar todo o potencial paisagístico da área, além de otimizar a fiscalização e aproteção do lugar.

Figura 7: fachada lestede frente para a rodoviaFonte: Cabral (1999)

Figura 9: fachada oestede frente para a lagoaFonte: autores

Figura 9: estruturaFonte: autores

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101Anexos

4.2.1. Principais componentes das estruturas do Parque

Estes componentes estão relacionados às edificações e instalações existentes na área delazer do Parque Municipal da Lagoa do Peri.

4.2.1.1. Edificações existentes no Parque

Na área de lazer do Parque foram encontradas quatro edificações: a edificação da Sede,a edificação de manutenção, a edificação do restaurante/lanchonete e uma edificaçãocom sanitários (ver FIG. 10).EDIFICAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES Edificação da Sede

Centro de pesquisa Alojamento (para técnicos e cientistas) Copa

sanitários Sala de reuniões

Laboratório Centro de Visitantes

Sala de recepção com balcão de informação Sala de exposições (permanentes/temporária)

Auditório (ver FIG. 11) Sanitários

Centro administrativo

Escritório de administração Copa

Sanitários Edificação de manutenção (ver FIG. 12)

Depósito (armazenamento de material, equipamentos e provisões)

Garagem para barcos Encontra-se de frente para a lagoa nos fundos (fachada

oeste) da edificação da Sede Edificação Centro de alimentação

Lanchonete/restaurante Encontra-se em frente à fachada leste da edificação da Sede,

próxima à SC 406 Edificação Sanitários (ver FIG. 13)

Pias e chuveiros coletivos Sanitários privados

Encontra-se nos fundos da edificação da sede, perto da lagoa

Figura 10: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Figura 11: auditório da SedeFonte: autores

Figura 12: edificação de manutençãoFonte: autores

Figura 13: edificação sanitáriosFonte: autores

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102ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

4.2.1.2. Principais instalações existentes no Parque

Na área de lazer do Parque encontraram-se estruturas leves configurando instalações derecreação ativa, de recreação passiva, instalações para piqueniques/churrascos e instalaçõesde turismo. Além destes tipos específicos, encontram-se espalhados por esta área lixeirase, em frente à fachada leste (frontal) da Sede, há um telefone público (ver FIG. 14).

INSTALAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES De recreação ativa Play-ground

(ver FIG. 15) De recreação passiva Mirante Casa dos Retiros (Morro das Pedras)

Áreas para pesca recreativa Bancos espalhados pela margem da lagoa (ver

FIG. 16) Para piquenique/churrasco (ver FIG. 17)

Mesas Bancos

churrasqueiras De turismo Camping

Elementos especiais: elementos do patrimônio cultural como o Sertão do Peri com engenhos

de farinha de mandioca Casa dos Retiros (Morro das Pedras –

encontros de caráter religioso, possui uma vista exuberante, área para contemplação)

Figura 14: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Figura 15: play-groundFonte: Cabral (1999)

Figura 16:margem da Lagoa do PeriFonte: Cabral (1999)

Figura 17:piqueniques/churrascosFonte: Cabral (1999)

4.2.2. Principais componentes da infra-estrutura do Parque

Destaca-se, neste item, componentes que servem de apoio a serviços, como por exemplo:obras de engenharia envolvendo circulação, saneamento, energia e comunicações.Com relação ao saneamento básico, tem-se que o abastecimento de água é realizadoatravés de poços freáticos individuais, fontes e córregos. Entretanto, sabe-se que otratamento dado ao esgoto é precário, assim como em diversas localidades deFlorianópolis.

Page 104: Arquitetura em Unidades de Conservação

103Anexos

Atualmente, todas as áreas da Bacia da Lagoa do Peri são servidas de energia elétrica etelefone como meio de comunicação.

Os elementos de comunicação visual do Parque, placas e painéis com funções diversassão feitos em madeira, o que de certa forma contextualiza com o lugar, é discreto ecumpre a função de informar. Mas, por estarem sujeitos a intempéries como chuva,vento e sol, têm menos durabilidade, aumentando os custos de manutenção. A localizaçãodessas placas está nos lugares de maior fluxo e ocupação mais intensa, portanto asplacas encontram-se em lugares estratégicos para orientação e apropriação dos espaçospelos visitantes (ver FIG. 18, 19 e 20).

As placas informativas visam transmitir dados básicos aos usuários sobre a unidade deconservação e também se destinam à proteção de visitantes e dos recursos naturaisencontrados na área. A comunicação de divulgação do Parque é sustentada por placasde trânsito espalhadas pelas rodovias, principalmente pela SC-406, sendo que na extensãoda rodovia bem perto da Sede, encontra-se uma placa de divulgação que se caracterizacomo um portal (ver FIG. 2).

Quanto à circulação, não existem caminhos definidos na área de lazer do Parque, sendoum solo arenoso sem pavimentação. A falta de alguns caminhos pavimentados prejudicaa acessibilidade dos percursos, dificultando o deslocamento de portadores de deficiênciafísica, idosos, entre outros. O principal componente da circulação do Parque é a circulaçãode pedestres. Esta é constituída por caminhos para fins diversos e trilhas autoguiadas ounão para a interpretação da natureza (pouco afetadas pela introdução de materiais deconstrução).

Uma das principais trilhas realizadas neste Parque é a trilha chamada “Caminho daGurita”. Este caminho, que margeia a Lagoa do Peri, segue sobre os traços do antigocaminho colonial do século XIX. O caminho percorre trechos de capoeirão e matasecundária, revelando paisagens enriquecidas por cachoeiras, riachos e lagoa de formaininterrupta durante seus 3075 metros de extensão. A mata preservada da FlorestaAtlântica está em estado avançado de regeneração, após sua intensa utilização em atividadeseconômicas vernaculares essenciais para a comunidade do Sertão do Peri.

Figura 18: indicaçãoChurrasqueiras/sanitáriosFonte: autores

Figura 19: informações trilhasFonte: www.suldailha.com.br

Figura 20: orientação sobre o planodiretorFonte: Cabral (1999)

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104ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

5. PARQUE FLORESTAL DO RIO VERMELHO

5.1. Apresentando o Parque

O Parque Florestal do Rio Vermelho está situado na Costa Leste da Ilha de SantaCatarina, entre as comunidades da Barra da Lagoa e do Rio Vermelho. O Parque foicriado em 1962 por um decreto estadual, possuindo 1.465 hectares, banhados 12,5 Kmpelo Oceano Atlântico, mais precisamente pela praia do Moçambique, a maior da Ilhade Santa Catarina e 8,5 Km pela Lagoa da Conceição. A idéia original do parque era ade ser um centro de experimentação de novas espécies de árvores economicamenteviáveis para o Estado. Desta forma, teve sua restinga (vegetação nativa) praticamentetoda substituída por plantios experimentais de 25 espécies de Pinus.

Distante 29 km do Centro de Florianópolis, o acesso ao Parque Florestal do RioVermelho se dá através da rodovia João Gualberto Soares, que liga a Barra da Lagoa aoRio Vermelho. Esta rodovia é uma continuação da Estrada Geral da Barra da Lagoaque segue até os Ingleses.

A chegada ao Parque Florestal do Rio Vermelho é sinalizada por placas de trânsitoinformando a distância em que o Parque se encontra; entretanto, só é possível saber quese chegou ao mesmo, quando se avista a Sede da CIDASC – Companhia Integrada deDesenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Órgão que administra o Parque), na frenteda qual existem placas informando a entrada principal do Parque (ver FIG. 21 e 22). Aoadentrar, o usuário tem a possibilidade de deixar seu automóvel num estacionamentonão-coberto, local onde encontram-se o camping para barracas e trailers e as áreas delazer. É importante ressaltar que algumas linhas de ônibus públicos passam pelo Parque,facilitando o acesso de visitantes.

Figuras 21 e 22: Sede da CIDASC vistada rodovia João Gualberto SoaresFonte: autores

Além do acesso principal pela Sede da CIDASC há outros acessos, como por exemplo,pela sede do 1º Pelotão de Polícia de Proteção Ambiental, responsável inclusive pelafiscalização do Parque e pelo Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres(Cetras). As diversas possibilidades de acesso à área do Parque dificultam a fiscalização,deixando a área muitas vezes vulnerável à ações contrárias à da conservação.

Page 106: Arquitetura em Unidades de Conservação

105Anexos

Este Parque está situado em terreno arenoso e plano, com exceção de uma pequenaparcela que abrange a encosta do extremo norte da Lagoa. A cobertura vegetal doParque Florestal do Rio Vermelho se constitui de tipos bem definidos, sendo que arodovia estadual corta o Parque ao meio, separando duas importantes áreas de restinga:a primeira próxima ao mar (Praia do Moçambique), composta principalmente pordunas e a segunda, composta de restinga arbórea, constituída pelo ecossistema lagunar(Lagoa da Conceição) e Floresta Ombrófila Densa de Encosta. Calcula-se que hoje,30% da área do parque está ocupada por espécies exóticas, outros 30% por espéciesnativas e o restante abriga uma das mais importantes faixas de dunas recobertas porvegetação de restinga da Ilha de Santa Catarina (ver FIG. 23).

Figura 23: uso do solo – Parque Florestal do Rio Vermelho.Fonte: foto área de 1998 – modificada pelos autores

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106ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

O Parque Florestal do Rio Vermelho protege o maior complexo de vegetação derestinga conservada da Ilha de Santa Catarina, abrigando espécies endêmicas, raras eameaçadas de extinção. Devido à sua grande relevância ecológica, o parque necessita deuma categorização no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), vistoque a categoria “Parque Florestal” não consta no mesmo. Para proteção integral da área,sugere-se a categorização como “Parque Estadual”, já que a área está sob a tutela daCIDASC, pertence ao Estado de Santa Catarina e busca inserir no uso recreativo eeducacional os valores elementares da conscientização estimuladora da conservaçãoambiental. Sob o status dessa categoria, a exigência de um Plano de Manejo teria respaldolegal, tornando-se exeqüível o parcelamento adequado do Parque em zonas intangíveis(preservação, fiscalização e pesquisa), zonas de uso intensivo (educação ambiental erecreação) e zonas de restauração. Faz-se necessária a delimitação física dos limites doParque, hoje diluída e dependente de referenciais naturais como a Lagoa da Conceição,a Praia do Moçambique e as dunas tombadas do Santinho e Ingleses. Acrescenta-se quea delimitação física do Parque, acompanhada de programas educacionais e fortecomunicação visual, expondo esclarecimentos sobre cuidados com a flora e fauna localpara os visitantes, facilitaria a fiscalização e a proteção da área.

No entanto, isento de um enquadramento adequado aos trâmites legais, o Parque vemsofrendo um processo desordenado de parcelamento do solo, uma vez que, além daespeculação imobiliária clandestina, “fragmentos” de seu território foram doados paramúltiplos órgãos que gerenciam tais glebas sem qualquer adequação ao manejo sustentável.Como exemplo pode-se citar: Estação de Tratamento de Esgoto da Barra da Lagoa(Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), 1º Pelotão da Policia de ProteçãoAmbiental do Estado de Santa Catarina, Camping do Rio Vermelho, Camping dosEscoteiros, Camping do Exército Brasileiro (tropas do exército fazem exercícios deguerra dentro do parque), Estação de Maricultura da Barra da Lagoa (UFSC).

Outro fator que tem grande relevância na fragmentação da área do Parque é a rodoviaestadual que o corta ao meio. Na tentativa de interligar os fragmentos de restingaremanescentes, poderiam ser feitos túneis que permitissem a passagem de animais efluxo gênico sob a pista de rodagem, evitando a constante aniquilação da fauna procedidapelos motoristas descuidados. No entanto, outra possibilidade seria elevar a rodovia,permitindo o livre fluxo destes animais sem restrição alguma, o que, por outro lado,seria muito mais agressivo à paisagem.

Page 108: Arquitetura em Unidades de Conservação

107Anexos

5.2. A implementação do Parque

Na década de 60, em resposta à lei federal dos incentivos fiscais nº 5.106 de 1986, queoferecia desconto no imposto de renda para iniciativas de reflorestamento, espécies dogênero Pinus despontavam convenientemente como potenciais indutores dodesenvolvimento do setor florestal brasileiro.

Em 1962, com o propósito de verificar a viabilidade de produção florestal em “áreasimprodutivas”, o governo do Estado de Santa Catarina criou a Estação Florestal doRio Vermelho, perfazendo uma área de 1.465 ha, incluindo, a leste, a Praia de Moçambique(12,5 km de extensão) e, a oeste, 8,5 km da porção norte da Lagoa da Conceição.Exaltando o falso pretexto de comprovar melhores índices de desenvolvimento deespécimes adaptáveis à região catarinense, foram executados plantios experimentais de25 espécies de Pinus aspirando ao futuro extrativismo vegetal de grande rentabilidadeeconômica.

Através de um convênio estabelecido entre a Secretaria da Agricultura do Estado deSanta Catarina, a Associação Rural e a mão-de-obra da Penitenciária do Estado, aimplantação dessa vegetação exótica aniquilou os atributos gênicos e paisagísticos darestinga do Parque Florestal do Rio Vermelho, uma área que já sofria um processo dedegradação deflagrado pelo tradicional cultivo de mandioca procedido pela populaçãonativa.

A grande ironia vem em 1974, quando a antiga Estação Florestal do Rio Vermelho,segundo decreto estadual nº 994, torna-se Parque Florestal do Rio Vermelho, tendocomo objetivos: a restauração da flora e fauna, introdução de essências florestais nativasou exóticas e desenvolvimento de técnicas de drenagem para o aproveitamento deáreas alagadiças, assim como técnicas para a fixação e reflorestamento de dunas, execuçãode trabalhos de melhoramentos genéticos, adequado manejo da floresta, introdução doplantio do palmito, produção de sementes e mudas, realização de pesquisas e promoçãodo aproveitamento de áreas apropriadas ao turismo, à prática do escotismo e do lazerpúblico. Na década de 80, a invasão das espécies exóticas nessa grande fita da porçãonordeste da Ilha de Santa Catarina torna-se alarmante. Afirma-se que tais reflorestamentossão “(...) desertos verdes que não permitem o desenvolvimento e sobrevivência da flora

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108ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

e fauna nativas e o equilíbrio ecológico” (BECHARA, 2003, pg.15). É certo que oParque foi criado visando preferencialmente a conservação; entretanto, só agora é quevêm sendo implantados projetos que visam a recuperação do ecossistema natural atravésda poda dos pinus e eucaliptos de forma gradual. Até então, promovia-se um ecoturismoalheio aos problemas estabelecidos e portanto desprovido de qualquer programa deinterpretação e educação ambiental.

Apesar de Florianópolis contar com a lei nº 1.516/1997, que proíbe reflorestamentocom espécies exóticas nas áreas verdes das zonas urbanas, o município carece de legislaçãorelativa a proibição do uso paisagístico e comercial de Pinus em zonas rurais, assimcomo a eliminação de povoamentos existentes. Ainda que exótico, o ecossistema dePinus spp. é compatível com alguns valores culturais das comunidades do entorno, SãoJoão do Rio Vermelho e Barra da Lagoa, já que está inserido no local há 30 anos. Issorequer políticas conservacionistas de educação, congregando órgãos públicos ecomunidades em prol da restauração do Parque Florestal do Rio Vermelho, o qualconstitui a área mais significativa para conservação de restingas da Ilha de Santa Catarina.

5.3. Área destinada à visitação pública (desenvolvimento de atividades de lazere pesquisa)

As atividades científicas e de lazer distribuem-se sobre o desordenado parcelamento dosolo do Parque. Isto é resultado da ausência de um Plano de Manejo que estabeleça umzoneamento apropriado e atribua determinados gêneros de atividades a áreas adequadase específicas. Essa fragmentação do Parque resultou em três principais áreas de lazer,sendo que duas delas - Camping do Clube Brasil e Holiday Camping - são áreas privadas,restando como área de apropriação pública a Sede do Parque do Rio Vermelho.

A área da sede é equipada com poucos elementos edificados que proporcionam apoiologístico aos veranistas. Demarcando a transição entre a avenida principal de acesso e aárea de camping, a sede administrativa contém um escritório da CIDASC - órgãopúblico responsável pela organização das atividades vigentes no parque e manutençãoda infra-estrutura - e um refeitório que não abarca a intensa demanda de veranistas. Naárea de camping, os volumes edificados são destinados aos serviços hidrosanitários,

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109Anexos

sendo que elementos lúdicos de entretenimento são inexistentes. As possibilidades delazer baseiam-se na prática de esportes e na exploração de antigos caminhos utilizadospor pescadores para acessar os ranchos de pesca na Praia Grande (Moçambique).

Logo, é na área da sede em que se esboça a territorialidade e a identidade inerente aoParque Florestal do Rio Vermelho, uma vez que apresenta uma centralidadeproporcionada por um forte substrato histórico colocado em evidência até os temposatuais acompanhado pela qualificação da infra-estrutura de prestação de serviços turísticosque, apesar de insuficiente, é o único elemento indutor da apropriação sazonal desseespaço por parte de um grande contingente de turistas.

5.3.1. Principais componentes das estruturas no Parque

5.3.1.1. Edificações existentes no Parque

Dentro da área da Sede da CIDASC, encontraram-se três edificações: o Centroadministrativo e de visitantes, o Centro de manutenções e Edificação com sanitários(ver FIG. 24).

EDIFICAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES Centro Administrativo e de visitantes (Edificação da Sede - CIDASC) (ver FIG. 25 e 26)

Sala de recepção Escritório para administração

Sanitários Refeitório

Salão de jogos (mesa de tênis de mesa) Churrasqueira

Pequeno palco para apresentações em geral Centro de manutenção Depósitos (armazenamento de material, equipamentos e

provisões) Depósito de mudas para o reflorestamento da área de

restinga Garagem (retroescavadeira, trator, pampa e corsa)

Edificação sanitários (área do camping) (ver FIG. 27)

Equipamentos de uso coletivo

Figura 24: Tabela baseada na apostila do Curso”Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Figura 25: edificação da sedeFachada leste – fundosFonte: autores

Figura 27: edificação sanitáriosFonte: autores

Figura 26: edifcação da sedeinterior do refeitórioFonte: autores

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110ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

5.3.1.2. Instalações existentes no Parque

Na área da Sede da CIDASC encontraram-se instalações de recreação ativa, de recreaçãopassiva, instalações para piquenique/churrasco e instalações de turismo. Além destasinstalações, há lixeiras e bancos espalhados por toda a área. (ver FIG. 28).

INSTALAÇÕES PRINCIPAIS COMPONENTES De recreação ativa

Play-ground Campo de futebol. (ver FIG. 29)

Quadra de vôlei de areia Equipamentos de ginástica (ver FIG. 30)

Quadra de bocha Espaço e equipamentos para a prática de

hipismo (ver FIG. 31)

Mesas para tênis de mesa na edificação do centro de visitantes

De recreação passiva (ver FIG. 32 e 33)

Contemplação na Lagoa da Conceição (Sede da Polícia Ambiental)

trapiche Para piquenique/churrasco (área do camping)

Mesas Bancos

Churrasqueiras coletivas (ver FIG. 34) Cozinhas coletivas

Sanitários De turismo Camping da Sede da CIDASC (com capacidade

para 400 barracas e trailers). (ver FIG. 35) Praia do Moçambique

Dunas Área da Lagoa da Conceição dentro do 1°

Pelotão da Polícia Ambiental do Estado (contemplação e passeios de barco pela lagoa)

Figura 28: Tabela baseada na apostila do Curso “Projetos Arquitetônicos e Equipamentos em Ucs”(Universidade Livre do Meio Ambiente. 2000)

Figura 29: vista campo de futebolFonte:autores

Figura 30: equipamentos de ginásticaFonte:autores

Figura 31: vista equipamentospara hipismoFonte:autores

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111Anexos

Figura 32: vista da Lagoa daConceiçãoFonte: autores

Figura 33: vista do trapiche sobrea Lagoa da ConceiçãoFonte: autores

Figura 34: vista da churrasqueiraFonte: autores

Figura 35: vista campingFonte: autores

5.3.2. Principais componentes da infra-estrutura do parque

O Parque Florestal do Rio Vermelho conta com infra-estrutura necessária como água,luz elétrica e telefone. Entretanto, assim como no Parque da Lagoa do Peri, o tratamentodado ao esgoto é precário, fator que implica na poluição dos lençóis freáticos, algototalmente incabível e paradoxal, sabendo-se que esta é uma área de proteção ambiental.Assim como no Parque Municipal da Lagoa do Peri, os elementos de comunicaçãovisual no Parque Florestal do Rio Vermelho estão relacionados a placas e painéis comfunções diversas.

Estes elementos são, normalmente, feitos de latão e cumprem a função de informar.Por serem feitos com materiais menos suscetíveis a intempéries como chuva, vento esol, acabam tendo boa durabilidade, diminuindo os custos de manutenção.

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112ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

A divulgação do Parque pela extensão da rodovia João Gualberto Soares é feita atravésde placas de trânsito que indicam sua distância, sendo que em frente à Sede da Cidascencontram-se placas e inscrições nas paredes da edificação da Sede que informam achegada ao Parque Florestal pela Sede Principal.

Desta forma, tem-se que a sinalização para informação visa transmitir dados básicosaos usuários da unidade de conservação, destinando-se também à proteção de seusvisitantes e dos seus recursos naturais (ver FIG. 36 e 37).

Assim como no Parque Municipal da Lagoa do Peri, na área destinada à visitação públicado Parque Florestal do Rio Vermelho não há caminhos definidos, sendo um solo arenososem pavimentação. O principal componente de circulação no restante do Parque é o depedestres, constituído por caminhos para fins diversos, trilhas autoguiadas ou não paraa interpretação da natureza (pouco afetadas pela introdução de materiais de construção).

Destaca-se a trilha da Lomba do Ingá, caminho que liga a praia do Santinho à praia doMoçambique, contornando a face oeste do Morro das Aranhas, ladeado por dunas erestingas do Parque Florestal do Rio Vermelho. O antigo caminho servia à populaçãodo norte da ilha para alcançar a praia de Moçambique nos deslocamentos até a Barra daLagoa, e desse ponto em direção a Lagoa da Conceição e centro de Florianópolis. Ocaminho percorre lagoas formadas entre as dunas, é sombreado por arbustos de portemédio e por Pinus na maior parte deste caminho cujo uso vem desde meados dos anos40 e 50 para passeios ecológicos pelas escolas locais, além de ser principal rota depescadores nos períodos de safra da tainha.

Figura 36: Placa em frente à Sede daCIDASCFonte: autores

Figura 37: Comunicação visual nacozinhaFonte: autores

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113Anexos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É fato o aumento significativo, nas últimas décadas, em número e extensão, das Unidadesde Conservação no Brasil. Atualmente, elas constituem um pouco mais de 8% doterritório nacional. Comparativamente é notável citar que esta proporção aumenta para42% quando a análise refere-se ao município de Florianópolis. Evidentemente, estecrescimento do número de áreas protegidas é louvável. Contudo, questiona-se sobre arelevância da implantação de unidades de conservação que não estabelecem nenhumaconexão com o espaço urbano. Sua utilidade torna-se secundária, uma vez que porestarem relegadas a gerenciamentos públicos descomprometidos, não cumprem oobjetivo de conservar as amostras significativas da biota, assim como não exaltam osubstrato histórico do local e a identidade inerente ao mesmo. Na ausência de diagnósticose análises ambientais que sustentem um plano de manejo, as unidades de conservaçãotornam-se locais alheios ao cotidiano da vida urbana. Logo, a ocupação dessas áreastorna-se sazonal e é suscitada apenas pelo usufruto alienado de seu potencial paisagístico,desconsiderando-se a compreensão e a subseqüente apropriação do espaço como fatoresessenciais para a construção da consciência ecológica.

Este aspecto foi observado em ambos os Parques estudados. Notou-se que a áreadestinada à visitação pública não é o que estimula o contato dos visitantes com a unidadede conservação, sendo a paisagem natural exuberante, tão característica da cidade deFlorianópolis, o único aspecto convidativo e que se encontra bastante desvinculado daorganização espacial do Parque. O tratamento dado à organização espacial é carente deelementos de comunicação visual, lúdicos e de contemplação que valorizem a paisagemnatural e cultural da unidade de conservação.

Dentro desse contexto, é indispensável que o plano de manejo busque inserir a unidadena sociedade e na economia local, através do turismo sustentável ou do ecoturismo. Noentanto, acredita-se que essa vinculação funcional entre unidade de conservação e meiourbano só pode ser efetivada através da qualificação da infraestrutura de apropriaçãopública das áreas preservadas. Isso significa dizer que as áreas de visitação devemestruturar-se de maneira a exaltar os ideais conservacionistas vigentes em cada unidade,constituindo-se como espaço pedagógico, agente comunicador e esclarecedor danecessidade de se preservar, pelo menos, a maioria das áreas remanescentes da flora,fauna e da cultura .

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114ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Portanto, confrontar os dados obtidos sobre as áreas de visitação do Parque Municipalda Lagoa do Peri e Parque Florestal do Rio Vermelho significa transcender uma analisemeramente instrumental na busca de avaliar o grau de inserção destas unidades na culturado meio urbano. É inevitável constatar que a materialização da arquitetura implantadanos dois estudos de caso não é resultado de um processo metodológico de geração doespaço onde estejam incluídos conceitos interdisciplinares enaltecidos pela elaboraçãode um plano de manejo. Este teria a incumbência de congregar as necessidades damacro e micro escala num conceito comum, fazendo do entorno urbano e do Parqueum espaço comutativo.

Cabe ressaltar que o Parque Municipal da Lagoa do Peri é o único parque de Florianópolisque possui um documento semelhante a um Plano de Manejo, o Plano Diretor doParque. Este, permitiu a execução de um zoneamento para o Parque o que, entre outrascoisas, permite que os visitantes, através de algumas placas informativas, saibam quaissão essas zonas que configuram a unidade de conservação, de que são constituídas,onde se localizam e a importância das mesmas, ponto positivo para a educação ambiental.Por outro lado, a falta de funcionários e de investimentos traz a desqualificação dosespaços construídos que acabam se deteriorando pela falta de manutenção regular. Alémdisso, a existência de poucos funcionários implica em precária fiscalização da área, o quegera roubos de espécies vegetais e caças ilegais. Constata-se, então, que, mesmo com oauxílio de um Plano Diretor - primeiro passo importantíssimo - o Parque Municipal daLagoa do Peri conta com inúmeras irregularidades que contradizem os ideais de proteçãoda área. Desta forma, os dois Parques expostos neste artigo, possuem característicassemelhantes no que tange à organização espacial das áreas apropriadas pelos visitantes, àfalta de funcionários e à fiscalização. Mas o Parque Florestal do Rio Vermelho carente,de um documento que venha a esclarecer corretamente seus limites e orientar ondepodem se dar as intervenções arquitetônicas, está bem menos protegido. Enfim, “(...) oaumento da demanda de usuários, a falta de recursos, a necessidade de atendimentoimediato e o interesse eleitoreiro favorecem o surgimento quase instantâneo de espaçosmal executados e mal projetados, o que torna projetos bem articulados e socialmenteadequados exceções a uma regra geral de irresponsabilidade e depredações” (MACEDO,2002).

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115Anexos

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL, Lei N° 9.985, De 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, incisos I, II, IIIe VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservaçãoda Natureza e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefiapara Assuntos Jurídicos.BECHARA, Fernando Campanha. Restauração Ecológica de RestingasContaminadas por Pinus no Parque Florestal do Rio Vermelho. Florianópolis, SC.Dissertação de Pós-graduação. Centro de Ciências Biológicas. Departamento de Botânica.Pós-graduação em Biologia Vegetal. Universidade de Santa Catarina. 2003.CABRAL, Luiz Otávio. Bacia da Lagoa do Peri: sobre as dimensões da paisageme seu valor. Florianópolis, 1999. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Departamentode Geociências , Universidade Federal de Santa Catarina.CENTRO DE ESTUDOS CULTURA E CIDADANIA - CECCA. Unidades deConservação e Áreas Protegidas da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: EditoraInsular, 1997.FLORAM - FUNDAÇÃO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE DEFLORIANÓPOLIS. Histórico e Características Gerais da Área.GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Lei N° 11.986, De 12 denovembro de 2001. Institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Naturezae adota outras providências.MACEDO, Sílvio Soares; SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil.Editora da Universidade de São Paulo. SP. 2002.UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE. Curso: ProjetosArquitetônicos e Equipamentos em UCs. Curitiba, 08 - 10 de maio de 2000.

8. BIBLIOGRAFIA DE APOIO

AMARAL, Eduardo Antônio Ribas. Parques e comunidades rurais são compatíveis?Estudo de caso no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Dissertação de Mestrado.Centro de Ciências Agrárias Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas.

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116ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Universidade Federal de Santa Catarina. Fev/1998.ECSA Engenharia Sócio-Ambiental S/C Ltda. Usina Hidrelétrica Campos Novos:Considerações sobre a guarda e divulgação dos resultados do programa 9 doPBA da UHE Campos Novos: Programa de Salvamento e preservação doPatrimônio Histórico, Cultural, Paisagístico e Arqueológico. Julho de 2003.

LICKORISH, Leonard J. JENKINS, Carson L. Introdução ao Turismo. Editora:Campus.MILANO, Miguel Sereduik – organizador. Unidades de Conservação: Atualidadese Tendências. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 2002.SOCIOAMBIENTAL Consultores e associados Ltda. Plano de Manejo da EstaçãoEcológica Estadual Barra dos Queimados Usina Hidrelétrica Ita. Julho 2001.REIS, Almir. Turismo e formas de crescimento urbano: permanências etransformações na paisagem da Ilha de Santa Catarina.

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117Anexos

6.2. Poster IVSEPEX E 12°SIICUSP

SIICUSP - SIMPÓSIOINTERNACIONAL DEINICIAÇÃO CIENTÍFICADA UNIVERSIDADE DESÃO PAULO- São Paulo - SP no período de22 a 23 de novembro de 2004.

SEPEXSEMANA DE PESQUISA EEXTENSÃO DA UFSC- Florianópolis - SC no períodode 18,19 e 20 de setembro de2004.

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118ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

6.3. Projeto dePesquisaanexoenviado àFundação OBoticário

PROPOSTA DETALHADA

Planejamento Ambiental: Qualificação da Estrutura de Visitação Pública do ParqueBotânico do Morro do Baú – SC

Síntese da Proposta

O Parque Botânico do Morro do Baú, Área Piloto dentro da Reserva da Biosfera daMata Atlântica, apresenta expressiva área de mata primária, paisagem natural privilegiadae grande potencial para atividades de lazer e recreação, o que tem atraído grandecontingente de visitantes. A falta de infraestrutura de apoio adequado a essa visitaçãotem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, contribuindo para adegradação de seu patrimônio natural e cultural, bem como inviabilizando a formulaçãode políticas de educação ambiental centradas em seus atributos ambientais e paisagísticos.Dentro da diretriz geral de garantir uma visitação qualificada que propicie aumento daconsciência ambiental, este projeto une arquitetos e biólogos para criar projetos e discutiralternativas espaço-ambientais para atender às demandas diagnosticadas. O conjuntodestes projetos visa compor um Plano Global Emergencial de Visitação para o ParqueBotânico do Morro do Baú, em nosso entender, um passo fundamental para aformulação posterior de um Plano de Manejo global da Unidade de Conservação.

1. Justificativas

O Parque Botânico do Morro do Baú, situado em terras pertencentes aos municípiosde Ilhota e Luís Alves, é uma Unidade de Conservação administrada pelo HerbárioBarbosa Rodrigues, centro de pesquisa botânica e ambiental de reconhecimento mundial,sediado na cidade de Itajaí-SC. O parque, considerado pelo MAB-UNESCO comoÁrea Piloto dentro da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, apresenta expressiva áreade mata primária, caracterizando-se pelo potencial paisagístico inerente ao maciço quelhe atribui o nome (o Morro do Baú) e um expressivo contingente de visitantes na buscadas práticas de lazer e recreação, atividades concomitantes às pesquisas científicas própriasda Unidade de Conservação.

A diversificação de usos e atividades daí decorrente, extremamente pertinente a umaÁrea de Preservação Ambiental, tem configurado, também, conflitos, especialmente no

FUNDAÇÃO O BOTICÁRIODE PROTEÇÃO ÀNATUREZA.

enviado em 31 de agosto de 2004.

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119Anexos

que tange ao acolhimento e controle da visitação pública. A falta de uma infraestruturade apoio adequada a essa visitação, bem como de fiscalização e normas claras para suarealização, tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, contribuindopara a degradação do patrimônio natural e cultural do Parque. Perde-se, outrossim,excelente oportunidade de divulgação de ideais preservacionistas e de formulação deuma política de educação ambiental centrada em seus atributos ambientais e paisagísticos.(1)

É dentro desse contexto, onde se entende a qualidade da visitação como um dos itensfundamentais no processo de planejamento de uma Unidade de Conservação, que seinsere o projeto de pesquisa ora proposto. O conjunto de atividades previstas centra-seno desenvolvimento de propostas de organização espacial visando responder aos conflitosdetectados, exigindo a contribuição de profissionais diferenciados, mormente aquelesrelacionados ao trato espacial e ambiental. Daí a configuração da equipe proponente,vinculada à proposição arquitetônica e à pesquisa biológico-ambiental. É importanteressaltar que, na ausência de um Plano de Manejo para a área, estas atividades propostastêm caráter emergencial, dado a intensidade e os impactos ambientais dos níveis atuaisde visitação. A presença na equipe de integrante da administração do Parque garante anecessária integração entre as proposições atuais e um futuro Plano de Manejo integralda reserva a ser realizado.

A importância das áreas de visitação pública no contexto da problemática das Unidadesde Conservação tem sido já tema de outros estudos do Grupo PET/ARQ/UFSC,com estudos de caso centrados na Ilha de Santa Catarina, bem como através de visitasa outros referenciais. Em Florianópolis, estudamos o Parque Municipal da Lagoa doPeri e o Parque Florestal do Rio Vermelho, realizando diversos levantamentos, queincluíram pesquisas de campo, entrevistas com gestores, funcionários e usuários, e outrasatividades (Reis, 2004). Estes estudos confirmaram nossas hipóteses iniciais de que afalta de qualificação das áreas destinadas à visitação pública torna as Unidades deConservação menos atrativas, além de as exporem a diversos riscos e danos ambientais.Os problemas daí inerentes têm colocado, também, diversas dificuldades à realização

1 Dentre a bibliografia que relaciona a infraestrutura de visitação à qualificação do trabalho de EducaçãoAmbiental nas Unidades de Conservação, destacamos: Franco, 1997; Macedo, 2002; Milano, 2002;Milano, sd.; Universidade Livre do Meio Ambiente, 2000. Wallace, 1997. Wurz, 1997.

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120ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

de efetivos programas de disseminação ambiental por parte dessas unidades, diminuindo,conseqüentemente, o envolvimento dos cidadãos na luta para que áreas de beleza naturalexuberante tenham uso compatível com os ideais de proteção. Do mesmo modo, avisita a áreas de proteção efetivamente estruturadas no sentido de qualificar e colocarlimites à visitação pública, comprovaram a relevância do tema, bem como os benefíciosgerados, tanto em termos de efetiva proteção ambiental quanto de disseminação dosideais preservacionistas. Há que se destacar, neste sentido, a visita realizada à ReservaNatural Salto Morato, mantida pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza,unidade de conservação considerada referência internacional, onde o planejamento dainfraestrutura de visitação pública ocupou efetivamente um papel relevante noplanejamento global da Reserva (2).

No caso efetivo do Parque Botânico do Morro do Baú, o envolvimento do GrupoPET/ARQ/UFSC, executor da presente proposta, incluiu já algumas visitas, uma sériede levantamentos e o estudo da significativa bibliografia científica já produzida sobre aárea (3). Neste caso, onde a visitação pública é já uma realidade, o que se nota é que asatividades daí decorrentes têm sido motivo de degradação de certas áreas. Mais grave,o visitante não tem tido a oportunidade de interar-se dos reais objetivos conservacionistase de pesquisa científica , tornando-se, na maioria das vezes, tão somente um consumidore degradador, dos atrativos naturais da reserva. As pesquisas realizados permitiram umdiagnóstico inicial da situação, onde aliados às potencialidades e atrativos naturais dareserva, levantamos as deficiências da reserva em termos de visitação pública:

1.1. falta de controle de acesso , fato agravado pela passagem de estrada estadual quecorta todo o parque e não delimitação clara de seus limites. A utilização, em termos delazer e recreação, de pontos diferenciados, não conectados e não controlados (cachoeiras,trilhas, pontos de interesse paisagístico), tem impactado de diferentes formas o meioambiente: deposição de lixo, fogueiras, destruição da vegetação nativa, entre outros;

1.2. inexistência de uma área de recepção aos visitantes, que informe e organize o processo

2 Visita realizada em abril de 2004, dentro das atividades de ensino do grupo PET/ARQ/UFSC.3 Dentre outros, Marterer, 1996; Duarte,1999;Hoeltgebaun, 2003; Iza, 2002; Lisboa, 2001; Reitz, 1961; Zimermam, 2000.

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121Anexos

de visitação, apresentando informações acerca da reserva, sua estrutura, seus objetivos,suas potencialidades ambientais e paisagísticas;

1.3. ausência de estacionamentos organizados, o que motiva a localização indevida deautomóveis no correr da via de acesso, bem como a invasão de áreas da reserva;

1.4. a deficiência de um sistema de sinalização que oriente sobre a localização dos atrativose infraestruturas existentes;

1.5. inexistência de informações para a devida interpretação ambiental, traduzindo osignificado do patrimônio natural e cultural da reserva para a linguagem comum dosvisitantes. Esta informação diluída por todo o parque, na forma de placas, totens,pórticos, publicações, exposições audiovisuais, etc, necessita de um também de umespaço específico, organizado próximo ao acesso principal, sob a forma de um centrode visitantes;

1.6. deficiências da área de camping, no sentido de acomodar os campistas, bem comoconflito em sua localização, na medida em que se encontra numa área de especial interessepaisagístico no contexto da reserva;

1.7. falta de estruturação das trilhas existentes, no sentido de permitir a abordageminterpretativa na educação ambiental;

1.8. sub-utilização de algumas edificações históricas existentes que remontam ao passadoagrícola-colonial da área, na medida em que podem abrigar novos usos que ressaltemseu valor patrimonial.

Em suma, se constata a necessidade de estruturação da visitação, no sentido de que ovisitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorpore informações ambientais,passando a ter uma outra visão do seu real significado para a vida humana sobre oplaneta. Dentro da diretriz geral de garantir uma visitação qualificada que propicie aumentoda consciência ambiental, este projeto une arquitetos e biólogos para criar projetos ediscutir alternativas espaço-ambientais para atender as demandas diagnosticadas. Oconjunto destes projetos visa compor um Plano Global Emergencial de Visitação para

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122ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

o Parque Botânico do Morro do Baú, em nosso entender, um passo fundamental paraa formulação posterior de um Plano de Manejo global da Unidade de Conservação.

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral:

Realizar estudos de planejamento ambiental para o Parque Botânico do Morro do Baú,visando qualificar sua estrutura de visitação pública, tendo em vista a implementação deuma efetiva política de educação ambiental a partir de seus atributos ambientais epaisagísticos.

2.2. Objetivos Específicos:

· Realizar um diagnóstico da situação atual da infraestrutura de apoio aos visitantesno Parque· Realizar um plano global de visitação para o Parque· Fornecer aos gestores do Parque um plano de atuação, configurado a partir dediferentes projetos, no sentido de permitir a busca por financiamentos e a efetivação deobras de qualificação da estrutura de visitação, fazendo frente às demandas emergenciaisexistentes.· Propiciar a estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal deSanta Catarina, através da vivência e da especulação projetual, o envolvimento com aproblemática colocada pelas Unidades de Conservação, bem como a qualificaçãoambiental de sua futura atuação profissional.

3. Metas

3.1. Atingir o primeiro objetivo específico (diagnóstico), significa atingir as seguintesmetas:

· levantamento dos principais problemas na interação visitante X parque, a partirde uma avaliação das atividades realizadas;· definição dos potenciais, carências e deficiências do parque em relação a

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123Anexos

infraestrutura de visitação pública existente;· mapeamento das potencialidades ambientais e paisagísticas do parque em relaçãoàs atividades de visitação, lazer, recreação e educação ambiental;· avaliar a situação das edificações patrimoniais existentes.

3.2. Atingir o segundo objetivo específico (plano global de visitação), significa atingir asseguintes metas:

· iIdentificar e mapear os principais pontos de interesse para visitação, identificandosuas possibilidades e limitações em termos de lazer, recreação e educação ambiental;· propor estrutura de acessibilidade ao Parque, envolvendo locais paraestacionamento, recepção e informação.

3.3. Atingir o terceiro objetivo específico (plano de atuação / projetos), significa atingiras seguintes metas:

· formular diretrizes para um sistema de sinalização visual que oriente percursos einforme acerca da localização da infraestrutura e dos atributos da reserva;· formular diretrizes de um sistema de informação para a devida interpretaçãoambiental, traduzindo o significado do patrimônio natural e cultural da reserva para alinguagem comum dos visitantes;· potencializar a utilização do patrimônio edificado através de projetos de restauro.· realizar proposta de qualificação da área de camping;· idealizar estratégias para qualificação e utilização do atual sistema de trilhas.No momento em que as metas formuladas para os dois primeiros objetivos específicosforem atingidas, naturalmente o terceiro objetivo específico proposto (envolvimentodos estudantes de Arquitetura e Urbanismo na questão ambiental) estará concretizado.Para concretização deste objetivo específico torna-se fundamental, também, a divulgaçãodo projeto e seus resultados junto ao restante dos corpos docente e discente do Cursode Arquitetura e Urbanismo, através de exposições e palestras, ou de sua utilizaçãocomo temática em estudos de caso em disciplinas de Projeto Arquitetônico, Urbanismoe Paisagismo.

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124ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

4. Métodos

4.1. Pesquisa e levantamentos de campo no Parque Botânico do Morro do Baú,complementando os dados já existentes acerca da situação de sua estrutura de visitação.

4.2. Revisão bibliográfica visando entender o estado atual da arte (conceitos/estudosde caso/bibliografia existente sobre o Parque);

4.3. Pesquisa de casos similares e referencias de outras unidades de conservação,analisando sua estrutura de visitação pública.

4.4. Estudos aerofotogramétricos e execução de maquete explicitando a estrutura físicado parque.

4.5. Realização de pesquisa junto aos gestores do Parque, no sentido de explicitar suavisão acerca da questão

4.6. Observação do processo de visitação pública, em diferentes épocas e estações,identificando hábitos e estudandoo perfil dos visitantes.

4.7. Formulação de um Plano Global de Visitação e eleição de prioridades de atuação.

4.8. Realização de diretrizes para projeto de comunicação visual;

4.9. Levantamento técnico das edificações existentes;

4.10. Proposta de reutilização da edificação existente como centro de recepção aosvisitantes;

4.11. Reestudo / projeto de qualificação da área de camping;

4.12. Eleição de uma trilha para projeto piloto;

4.13. Redação de relatório final.

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125Anexos

5. Indicadores

5.1. Diagnóstico:

· levantamento de 100% da literatura existente sobre o Parque Botânico do Morrodo Baú;· listagem/avaliação de 100% dos problemas existentes na interação visitante Xparque;· identificação das atividades realizadas e das potencialidades e riscos em termosde recreação e lazer;· mapeamento das principais atrações ambientais e paisagísticas do parque, com olevantamento dos riscos e potencialidades envolvidos em sua visitação;· avaliação preliminar de 100% das edificações existentes;· 0realização do relatório.

5.2. Plano Global de Visitação:· realização de projeto global de visitação e acessibilidade ao parque, com eleiçãodos principais locais de recepção, lazer e informação;· definição de prioridades de atuação; eleição de área piloto para detalhamento;· seções mensais de discussão com administração do parque;· relatório.

5.3. Plano de atuação/Projetos:· concretização das diretrizes para sistema de sinalização visual do parque;· concretização das diretrizes para sistema de informação;· estudo preliminar para projeto de restauro de 1 edificação existente como centrode recepção aos visitantes;· proposta espacial / estudo preliminar de reestruturação da área de camping;· eleição / estudo preliminar de 1 trilha modelo;· seções mensais de discussão com administração do parque;· relatório.

5.4. Envolvimento Estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFSC na problemática

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126ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

ambiental:· realização, a cada 2 meses, de evento de discussão do projeto junto aos demaismembros do grupo PET/ARQ/UFSC;· 02 apresentações abertas do trabalho aos corpos docente e discente do Curso deArquitetura e Urbanismo da UFSC;· utilização do tema para trabalhos em 1 disciplina de Projeto Arquitetônico e 1disciplina de Urbanismo ou de Paisagismo do Curso de Arquitetura e Urbanismo daUFSC.

6. Contrapartida Institucional

A implantação do PET, no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federalde Santa Catarina remonta a 1992, data em que se iniciam seus trabalhos de ensino,pesquisa e extensão. Hoje o PET/ARQ/UFSC possui 12 bolsistas permanentes,contandotambém com a participação de professores, alunos de graduação e bolsistas de pós-graduação em Arquitetura da UFSC. As atividades desenvolvidas pelo grupo abrangemdiferentes linhas de pesquisa no contexto da Arquitetura e do Urbanismo – Projeto,Desenho Urbano, Habitação Popular, Mobiliário Urbano, Psicologia Ambiental, DesenhoUniversal,Planejamento Ambiental e Paisagismo. Decorrente dessas pesquisas, que temresultado em inúmeros artigos nacionais e internacionais publicados, o grupo temconseguido destaque e reconhecimento, sendo chamado a participar de várias parceriascom órgãos públicos.Dentre estas parcerias, destacam-se aquelas realizadas com o Institutode Planejamento Urbano de Florianópolis, o Instituto de Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional e a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. Característica básica detodos estes trabalhos é o relacionamento com outras áreas do conhecimento,complementares à Arquitetura e Urbanismo. Desse modo, dependendo da áreatrabalhada, temos sempre buscado assessorias com outros profissionais, bem comorealizado trabalhos em parceria com grupos de pesquisas ligados a outras áreas doconhecimento. No caso do trabalho proposto para o Parque Botânico do Morro doBaú, a vinculação tanto com o Herbário Barbosa Rodrigues, quanto com o Laboratóriode Ecologia Vegetal, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de SantaCatarina, garantem o necessário aporte multidisciplinar necessário ao trabalho, além dacontribuição em termos de infraestrutura para sua realização.

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127Anexos

Atualmente o Grupo PET/ARQ/UFSC conta com uma infraestrutura privilegiada,plenamente capaz de dar conta das demandas originadas por este trabalho. A sede doGrupo situa-se no Prédio do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, contandomicro-computadores, câmeras digitais, impressoras, material de desenho, e todo materialnecessário para o desenvolvimento dos projetos propostos. Além disso o grupo contarácom o apoio de outros laboratórios do Departamento de Arquitetura e Urbanismo –Maquetaria, Laboratório de Informática, Laboratório de Projetos, Laboratório deConforto Ambiental, Biblioteca. O Laboratório de Ecologia Vegetal do Departamentode Botânica também fará parte dessa rede de apoio ao projeto O Herbário BarbosaRodrigues fornecerá também apoio logístico ao projeto, especialmento no que tange aoalojamento no Parque Botânico do Morro do Baú, já que o parque conta com estruturaespecialmente criada para este fim. .Todo o pessoal técnico ligado ao projeto pertenceao corpo docente da Universidade Federal de Santa Catarina (Departamento deArquitetura e Urbanismo e Departamento de Botânica). Os bolsistas participantes sãomembros do Grupo PET/ARQ/UFSC.

7. Plano de Informação/Divulgação do Projeto

Prevê-se, para divulgação dos resultados do projeto, ações variadas, tendo em vista osdiferentes públicos alvo:

7.1. reuniões a cada dois meses com o grupo PET/ARQ/UFSC, discutindo os trabalhosem andamento e inserindo a problemática ambiental e das Unidades de Conservaçãojunto à totalidade de seus membros;

7.2. apresentações e exposições do projeto em dois momentos específicos do projeto,viabilizando seminário de discussão dos resultados e divulgação de idéiasconservacionistas. Estes eventos terão como grupo-alvo prioritário os corpos docentee discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC;

7.3. apresentação dos resultados do trabalho em eventos científicos de caráter nacional,com a publicação de artigos em Anais (03);

7.4. publicação de artigos científicos em revistas, tanto da área arquitetônica quantobiológico-ambiental (02).

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Meses

Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pesquisa e levantamentos de campo

x x x x

Revisão bibliográfica x x x

Pesquisa de casos similares

x x

Estudos aerofotogramétricos e execução de maquete do parque como um todo

x x

Observação do processo de visitação pública

x x x

Plano Global de Visitação x x x x x

Diretrizes para projeto de comunicação visual

x x

Estudo Preliminar do centro de recepção aos visitantes

x x

Proposta de qualificação da área de camping

x x

Projeto Piloto de Trilha x x

Redação de relatório final x x x x

Pesquisa/seminário com os gestores do Parque

x x x x

Seminários Grupo PET x x x x

Exposição/Seminários com coletivo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC

x x

8. Cronograma de atividades

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129Anexos

6.4. Artigo enviado aoPluris 2005.

1º CONGRESSO LUSOBRASILEIRO PARA OPLANEJAMENTO URBANO,REGIONAL, INTEGRADO ESUSTENTÁVEL

- 20 a 30 de setembro - SãoCarlos - São Paulo

ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: CRITÉRIOSPARA IMPLEMENTAÇÃO DE ELEMENTOS CONSTRUÍDOS NO

PARQUE BOTÂNICO DO MORRO DO BAÚ.

V. H. M. B. Ely, A. F. Reis, F. Bubniak e F. B. de Souza.

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar o estágio atual da pesquisa “Arquitetura emUnidades de Conservação: Critérios para Implementação de Elementos Construídosdo Parque Botânico do Morro do Baú” cuja principal meta é a busca de subsídiosvisando uma melhor organização espacial da área destinada à visitação pública do ParqueBotânico do Morro do Baú, área de preservação situada em Santa Catarina. Para tanto,além de estudos sobre o referido Parque, a pesquisa incorpora conceitos teóricos sobreunidades de conservação e planejamento ambiental bem como três estudos de similares,com ênfase na análise de suas áreas de visitação pública. Entende-se que estas áreas sãoimportantes na medida em que, aliados ao desfrute da natureza, permitam aos visitantesa incorporação de informações ambientais, aumentando sua consciência acerca dosideais preservacionistas.

1 APRESENTAÇÃO

Já faz algum tempo que a humanidade assiste a uma aceleração das modificações e dadestruição impostas a diversidade biológica do planeta. Esta rápida e desordenadaocupação dos espaços naturais da Terra redunda num planeta quase totalmenteantropizado, onde variadas espécies de animais e vegetais são dia a dia reduzidas. Comoforma de se defender o meio-ambiente, foram estabelecidas unidades de conservação,isto é, áreas legalmente protegidas por uma legislação específica e com o seu usodirecionado à sua conservação.Já faz algum tempo que a humanidade assiste à umaaceleração das modificações e da destruição impostas a diversidade biológica do planeta.

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130ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Esta rápida e desordenada ocupação dos espaços naturais da Terra redunda num planetaquase totalmente antropizado, onde variadas espécies de animais ou vegetais são dia adia reduzidas. Como forma de se defender o meio-ambiente, foram estabelecidasunidades de conservação, isto é, áreas legalmente protegidas por uma legislação específicae com o seu uso direcionado à sua conservação.

Uma unidade de conservação ou uma área natural protegida é definida, segundo aUICN (União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais),1994, como: “uma superfície de terra ou mar consagrada à proteção e manutenção dadiversidade biológica, assim como dos recursos naturais e dos recursos culturaisassociados, e manejada através de meios jurídicos e outros eficazes” ( UICN apud Brito,2003, p. 19).

Este artigo apresenta os estudos preparatórios para um posterior trabalho de intervençãona área destinada à visitação pública do Parque Botânico do Morro do Baú. Além deestudos sobre o referido Parque, incorpora conceitos teóricos sobre unidades deconservação e planejamento ambiental bem como três estudos de similares.Este relatórioapresenta estudos preparatórios para um posterior trabalho de intervenção na áreadestinada à visitação pública do Parque Botânico do Morro do Baú,. Além de estudossobre o referido Parque, incorpora conceitos teóricos sobre unidades de conservação eplanejamento ambiental bem como, três estudos de similares.

1.1 O Parque Botânico do Morro do Baú

O Parque Botânico do Morro do Baú (ver FIG. 1), situado em terras pertencentes aosmunicípios de Ilhota e Luís Alves, é uma Unidade de Conservação administrada peloHerbário Barbosa Rodrigues, centro de pesquisa botânica e ambiental de reconhecimentomundial, sediado na cidade de Itajaí-SC. O parque, considerado pelo MAB-UNESCOcomo Área Piloto dentro da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, apresenta expressivaárea de mata primária, caracterizando-se pelo potencial paisagístico inerente ao maciçoque lhe atribui o nome, o Morro do Baú. É palco de um grande contingente de visitantesna busca das práticas de lazer e recreação, atividades concomitantes à pesquisa científica.

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131Anexos

Fig. 1 Panorâmica do Morro do Baú

A diversificação de usos e atividades decorrentes, extremamente pertinentes a uma Áreade Preservação Ambiental, tem configurado conflitos, especialmente no que tange aoacolhimento e controle da visitação pública. A falta de uma infraestrutura de apoioadequada a essa visitação, bem como de fiscalização e normas claras para sua realização,tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, contribuindo para adegradação do patrimônio natural e cultural do Parque.A diversificação de usos eatividades decorrentes, extremamente pertinentes a uma Área de Preservação Ambiental,tem configurado conflitos, especialmente no que tange ao acolhimento e controle davisitação pública. A falta de uma infraestrutura de apoio adequada a essa visitação, bemcomo de fiscalização e normas claras para sua realização, tem levado a atitudesincompatíveis com os ideais de preservação, contribuindo para a degradação dopatrimônio natural e cultural do Parque.

É dentro do contexto, onde se entende a qualidade da visitação como um dos itensfundamentais no processo de planejamento de uma Unidade de Conservação, que seinsere o conteúdo da pesquisa “Arquiteturas em Unidades de Conservação: Critériospara implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú”,em desenvolvimento pelo grupo PET/ARQ – Programa de Ensino Tutorial do cursode Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Santa Catarina. Neste artigo,apresentaremos a situação atual da pesquisa com ênfase nos métodos utilizados.É dentrodo contexto, onde se entende a qualidade da visitação como um dos itens fundamentaisno processo de planejamento de uma Unidade de Conservação, que se insere o conteúdodeste relatório.

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

2 OBJETIVOS

Assim, além das referências bibliográficas acerca das Unidades de Conservação e suasimplicações e da realização de visitas ao Parque do Morro do Baú - de modo a detectaros problemas com relação à sua organização espacial - julgou-se imprescindível osestudos de similares, de modo a compreender o funcionamento de uma área destinadaà visitação pública de uma unidade de conservação. Neste relatório, além da busca porreferências bibliográficas acerca das Unidades de Conservação e suas implicações e, darealização de visitas ao Parque do Morro do Baú - de modo a detectar os problemascom relação à sua organização espacial - julgou-se imprescindível os estudos de similaresde modo a compreender o funcionamento de uma área destinada à visitação pública deuma unidade de conservação. Desta forma, estudou-se os locais de visitação pública erespectivos equipamentos de duas unidades de conservação de Florianópolis localizadasna Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal doRio Vermelho, e de uma unidade de conservação do Estado do Paraná, e consideradareferência internacional, a Reserva Natural Salto Morato.Assim, estudou-se os locais devisitação pública e respectivos equipamentos de duas unidades de conservação deFlorianópolis localizadas na Ilha de Santa Catarina: o Parque Municipal da Lagoa doPeri e o Parque Florestal do Rio Vermelho, e de uma unidade de conservação doEstado do Paraná, localizada nas proximidades do município de Guaraqueçaba econsiderada referência internacional, a Reserva Natural Salto Morato.

O artigo tem como objetivo apresentar o estágio atual dos estudos teórico-práticos,propostos para subsidiar um posterior trabalho de planejamento espacial no ParqueBotânico do Morro do Baú.A pesquisa tem como objetivo realizar estudos teórico-práticos, visando a preparação de material para subsidiar um posterior trabalho deplanejamento espacial no Parque Botânico do Morro do Baú.

Para tanto se procurou compreender a Arquitetura de Parques, isto é, o seu zoneamentode usos, localização e tipos de equipamentos e edificações presentes, a comunicaçãovisual, caminhos e trilhas, entre outros. Além disso, buscou-se entender como éadministrada uma unidade de conservação e de que forma se dá a organização e agestão espacial numa área protegida.Para tanto se procurou compreender a Arquitetura

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de Parques, isto é, o seu zoneamento de usos, localização e tipos de equipamentos eedificações presentes, a comunicação visual, caminhos e trilhas, entre outros. Alémdisso, buscou-se entender como é administrada uma unidade de conservação e de queforma se dá a organização e a gestão espacial numa área protegida.

Outro aspecto importante é o fato de oportunizar, aos bolsistas do PET/ARQ, contatocom unidades de conservação, uma vez que esta, ainda, não é uma escala estudadadentro das escolas de Arquitetura, caracterizando-se, portanto, como um temacomplementar na sua formação, em especial ao que tange à questão ambiental, hojefundamental para o arquiteto-urbanista.

3 MÉTODOS

Esta pesquisa divide-se em três etapas principais de trabalho: a etapa teórica-conceitual,a de reconhecimento do Parque Botânico do Morro do Baú e a etapa dos estudos desimilares. Ressalta-se que essas etapas ocorreram de forma simultânea, não havendouma ordem cronológica.

Contudo, neste artigo, os estudos de similares e alguns aspectos conceituais serãobrevemente abordados, o enfoque principal será dado ao reconhecimento e problemasdetectados no Parque Botânico do Morro do Baú.

4 PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E MANEJO DE UNIDADESDE CONSERVAÇÃO

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC divide as unidades em doisgrupos com características distintas: unidades de proteção integral e unidades de usosustentável. As unidades de conservação de uso integral têm como principal objetivopreservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.Já as unidades de uso sustentável têm como objetivo compatibilizar a conservação danatureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Neste trabalho, estudamos as áreas de visitação pública e respectivos equipamentos deduas Unidades de Conservação localizadas na Ilha de Santa Catarina. Uma delas, oParque Municipal da Lagoa do Peri, sob tutela da FLORAM - Fundação Municipal deAmparo ao Meio-Ambiente, adquiriu o status de Parque Municipal, em 1989. Por essarazão, segundo a Lei SNUC, se enquadra na categoria Parque, a qual faz parte do grupode Unidades de Proteção Integral.

A segunda unidade de conservação estudada neste trabalho é o Parque Florestal do RioVermelho. Em 1962, o governo do Estado de Santa Catarina criou a Estação Florestaldo Rio Vermelho, onde foram executados plantios experimentais de 25 espécies dePinus aspirando ao futuro extrativismo vegetal. Somente em 1974, a antiga EstaçãoFlorestal do Rio Vermelho, segundo decreto estadual nº 994, torna-se Parque Florestaldo Rio Vermelho. No entanto, o Parque citado acima precisa de uma categorização noSistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), visto que a categoria “ParqueFlorestal” não consta no mesmo.

O Parque Botânico do Morro do Baú, segundo Marterer (1996) foi criado através deuma iniciativa privada e conta hoje com 750 ha. A área do Parque foi caracterizada peloDepartamento Estadual de Caça e Pesca de Santa Catarina, como “Parque de Refúgio”pela portaria N° 05 de 10 de setembro de 1963, cujos principais objetivos são: preservare desenvolver pesquisa sobre conservação e manejo de florestas, além de implementareducação ambiental junto aos seus visitantes e moradores vizinhos. Desta forma esteparque se enquadra na categoria “Unidades de Proteção Integral”.

Analisamos, também, a área de visitação pública da Reserva Natural Salto Morato, umaunidade de conservação privada, administrada pela Fundação O Boticário de Proteçãoà Natureza.

O conceito legal das unidades de conservação privadas surgiu no Brasil com a Portariado extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF que, com base noCódigo Florestal, instituiu os Refúgios Particulares da Fauna. Mas, foi o Decreto n°98914/90, que instituiu a Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs, ondeas áreas que apresentavam condições de primitividade ou semi-primitividade, aspectopaisagístico ímpar, ou contribuíssem para a manutenção do ciclo biológico da fauna e

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da flora nativas do Brasil, poderiam ser reconhecidas, por iniciativa dos proprietários,como RPPNs. De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação(2000), a Reserva Particular do Patrimônio Natural se enquadra no grupo das unidadesde Uso Sustentável.

A criação de unidades de conservação é algo louvável. Contudo, para que aimplementação delas seja realmente eficiente, é evidente que a criação das mesmas deveser o resultado de estudos sérios, onde não haja erros quanto à escolha da categoria daárea bem como da sua delimitação, além da existência de uma administração e gestãoadequadas, pautadas num Plano de Manejo.

O Plano de Manejo de Unidades de Conservação, de acordo com IBAMA (1996), éum projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determina ozoneamento de uma Unidade de Conservação, caracteriza cada uma de suas zonas eestabelece diretrizes básicas para o manejo da unidade. Estes são documentos elaboradospor grupos interdisciplinares (geógrafos, biólogos, arquitetos, entre outros) que visam aorientação de intervenções na Unidade de Conservação, evitando equívocos queimpliquem em reações contrárias à da Conservação, tornando assim essas áreas menosvulneráveis a danos impostos sobre o patrimônio natural. O profissional arquiteto-urbanista, auxiliado por um Plano de Manejo tem um papel fundamental no sentido deorganizar espacialmente áreas de conservação em zonas, com seus respectivos graus deproteção e intervenção, de acordo com suas finalidades.

Dentre estes trabalhos, destaca-se a qualificação da infra-estrutura de apropriação públicade uma área protegida, através da concepção de edificações, da orientação de caminhose trilhas utilizando-se da comunicação visual, enfim, planejando e organizando as áreaspermitidas para pesquisa e visitação. Portanto, é de suma importância que Unidades deConservação não sejam simplesmente implementadas, sem que exista um plano demanejo ou algo parecido que venha a orientar as ações dentro da área protegida. Sóassim, será possível que áreas de exuberante beleza natural e importância tenham usocompatível com os ideais de proteção. Dentro do contexto das áreas de conservaçãoestudadas, somente a Reserva Natural Salto Morato possui um Plano de Manejo.

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

5 ESTUDOS DE SIMILARES

Estes estudos foram elaborados a partir de visitas a campo, levantamentos fotográficose entrevistas com funcionários e usuários dos Parques, além de referências bibliográficas.

Os critérios que levaram o grupo a estudar os dois Parques da Ilha de Santa Catarina,foram: a localização, ou seja, são mais facilmente acessíveis pelo grupo e a relevânciaturística e ecológica que os dois parques apresentam. Quanto à Reserva Natural SaltoMorato tem-se que é uma referência internacional na questão ambiental e se propõe aser um modelo de Unidade de Conservação.

Destaca-se que todas as unidades de conservação estudadas se propõem à realização deatividades simultâneas de pesquisa e de lazer. Na verdade, este é um fator comum àgrande maioria das unidades de conservação, daí a importância destes três estudos.

Neste momento, além da análise das áreas destinadas à visitação pública, com as estruturas(edificações e instalações) e infraestruturas (caminhos, energia elétrica, elementos decomunicação...) que essas unidades de conservação oferecem para os seus usuários,abordam-se brevemente tanto as características naturais, paisagísticas, em especial avegetação existente quanto a relação destas áreas protegidas com o entorno rural ouurbano circundante.

5.1 Apresentando os Parques e suas diferenças

O Parque Municipal da Lagoa do Peri, situado na região sul da Ilha de Santa Catarina,possui o maior manancial de água potável da Ilha de Santa Catarina, a Lagoa do Peri,cujas características peculiares a tornam, também, o maior habitat de Florianópolis paraespécies de água doce. Soma-se a isto, a “Mata Pluvial Atlântica”, cobrindo as encostase picos dos morros compreendidos na área da Bacia da Lagoa do Peri, e caracterizando-se como a mais importante vegetação da área. Ressalta-se, também, a expressiva visitaçãopública neste parque, em especial no período do verão (ver FIGURAS 2, 3 e 4).

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Figuras 2, 3 e 4 Parque Municipal da Lagoa do Peri. Rodovia que leva ao Parque / Placa deentrada / Lagoa do Peri.

O segundo parque estudado na Ilha de Santa Catarina, o Parque Florestal do RioVermelho, localiza-se na porção nordeste da Ilha de Santa Catarina, entre o OceanoAtlântico e a Lagoa da Conceição. Destaca-se, que o mesmo, teve uma parte da sua áreade restinga substituída na década de 60 por plantios experimentais de diferentes espéciesde Pinus. Atualmente, o Parque se propõe a restaurar a área de vegetação nativa, tendoem vista as alterações que a vegetação exótica vem causando no solo e no ecossistemaem geral. O Parque abriga uma das mais importantes faixas de dunas recobertas porvegetação de restinga da Ilha de Santa Catarina, abrigando espécies endêmicas, raras eameaçadas de extinção. É uma área de grande relevância ecológica, sendo visitada emmédia por 80 mil pessoas por ano (ver FIGURAS 5, 6 e 7).

Figuras 5, 6 e 7 Parque Florestal do Rio Vermelho. Rodovia que leva ao Parque / SedePrincipal / Lagoa da Conceição.

Com relação à Reserva Natural Salto Morato, tem-se que é administrada pela FundaçãoO Boticário de Proteção à Natureza, sendo considerada referência internacional emquestões relacionadas a áreas de proteção ambiental. Está localizada no bairro ruraldenominado Morato a 20 Km da sede do município de Guaraqueçaba, no litoral nortedo Paraná. Além de proteger uma amostra significativa de Floresta Atlântica, bem comoda fauna ligada a ela, tem como meta tornar-se modelo de RPPN (Reserva Particulardo Patrimônio Natural), de modo que seja um centro de difusão de conhecimento e

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

tecnologia para o manejo de Unidades de Conservação. Vale dizer que, todo oecossistema, no qual se insere essa Reserva, foi reconhecido pela UNESCO em dezembro1999, como Patrimônio Natural da Humanidade.

Comparar o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestal do Rio Vermelhocom a Reserva Natural Salto Morato pressupõe, em primeiro lugar, a compreensão docontexto no qual as unidades se inserem.

Locados num contexto urbano, o Parque Municipal da Lagoa do Peri e o Parque Florestaldo Rio Vermelho chegam muito perto dos chamados Parques Urbanos, dissociando-seapenas por possuírem como prioridade a conservação dos recursos ambientais eparalelamente atribuírem áreas voltadas para atividades de lazer ativo, passivo e pesquisacientífica. Por estarem inseridos na cultura da cidade, sofrem algumas conseqüênciascom relação ao adensamento urbano, como as invasões de áreas reservadas a conservaçãoda biota, sendo este aspecto extremamente prejudicial ao cumprimento dos objetivosconcervacionistas propostos. Por outro lado, a Reserva Natural Salto Morato está inseridanuma área rural, cuja acessibilidade, diferentemente dos parques da Ilha de Santa Catarina,é bastante ruim, um dos motivos que restringe e acaba selecionando os usuários dessaunidade de conservação – normalmente pessoas já conscientes da importância ecológicada área.

5.2 Área destinada à visitação pública (desenvolvimento das atividades delazer)

Com relação à área de lazer do Parque Municipal da Lagoa do Peri, tem-se que não hádisponível mobiliário suficiente para atender a demanda de visitantes, a qual érazoavelmente grande no período de verão. Faltam lugares cobertos como quiosques, euma melhor organização espacial de modo a aproveitar todo o potencial paisagísticoda área, além de otimizar a fiscalização e a proteção do lugar.

Contudo, não se pode deixar de falar sobre da edificação muito expressiva da sedeprincipal do Parque Municipal da Lagoa do Peri (ver FIG. 8). Essa edificação, mesmoque em harmonia com a paisagem, concentra poucas atividades, sendo sub-utilizada.Outro aspecto é a falta de unidade, ou de um conceito, que faça com que tanto a

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edificação da sede, quanto as instalações e comunicação visual, pareçam fazer parte deum conjunto, de uma mesma idéia (ver FIGURAS 9 e 10).

Figuras 8, 9 e 10 Parque Municipal da Lagoa do Peri. Sede Principal / Sanitários /Edificação Manutenção

Essa característica também pode ser encontrada no Parque Florestal do Rio Vermelho,onde se tem a impressão de que as edificações, as instalações e a comunicação visualforam pensadas em diferentes momentos, aleatoriamente. Contudo, não se pode negara beleza, funcionalidade e a integração entre o interior e exterior da edificação queabriga o refeitório, do Parque Florestal do Rio Vermelho (ver FIGURAS 11, 12 e 13).

Figuras 11, 12 e 13 Parque Florestal do Rio Vermelho. Churrasqueira / Sanitários /Edificação Refeitório

Com relação às atividades científicas e de lazer no Parque Florestal do Rio Vermelho,verificou-se que as mesmas se distribuem sobre o desordenado parcelamento do solodesse parque. Isto é resultado da ausência de um Plano de Manejo que estabeleça umzoneamento apropriado e atribua determinados gêneros de atividades a áreas adequadase específicas. A área da sede é equipada com poucos elementos edificados queproporcionam apoio logístico aos veranistas. As possibilidades de lazer baseiam-se naprática de esportes e na exploração de antigos caminhos utilizados por pescadores paraacessar os ranchos de pesca na Praia Grande (Moçambique). Essa infra-estrutura de

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

prestação de serviços turísticos, apesar de insuficiente, é o único elemento indutor daapropriação sazonal desse espaço por parte de um grande contingente de turistas.

A organização espacial da área destinada à visitação pública da Reserva Natural SaltoMorato, diferentemente da encontrada nos parques estudados da Ilha de Santa Catarina,está bastante vinculada à paisagem natural da área, exaltando as belezas naturais e,garantindo a compreensão e a apropriação do espaço como aspectos fundamentaispara o desenvolvimento da consciência ecológica dos visitantes. A qualificação da infra-estrutura de apropriação pública oferecida pela Reserva Natural é um aspecto que tornaa unidade de conservação um espaço pedagógico e esclarecedor da importância de sepreservar os remanescentes da flora, fauna e da cultura local. Assim, conclui-se que,diferentemente dos outros parques estudados pelo grupo, não é apenas a paisagemnatural da região que estimula o contato dos visitantes com a Reserva, mas também,toda a infra-estrutura de apoio oferecida a eles.

Constatou-se, ainda, que as obras arquitetônicas da Reserva Natural Salto Morato são oresultado de estudos de organização espacial, onde estão incluídos conceitosinterdisciplinares explicitados pelo plano de manejo da unidade de conservação. Mesmoconsiderando o conceito arquitetônico das edificações um tanto equivocado, uma vezque são intervenções pontuais locadas em clareiras, sem que estejam devidamenterelacionadas entre si e com a vegetação local, há de se destacar a eficiente comunicaçãovisual, a definição de caminhos de acordo com as potencialidades da área e a tecnologiadas trilhas (ver FIGURAS 14, 15 e 16).

Figuras 14, 15 e 16 Reserva Natural Salto Morato. Trilha (ponte) / Centro de Pesquisa/Comunicação visual

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5.3 Outras reflexões sobre os estudos de similares

A implementação da Reserva Natural Salto Morato não só garantiu a proteção danatureza do local como buscou trazer melhorias na qualidade de vida da população doentorno, com benefícios diretos e indiretos para as comunidades da região. Algo louvável,uma vez que ao tirar uma fonte de renda da população para salvaguardar o local,tornou-se imprescindível buscar outras alternativas para a população continuar tendouma renda. Assim, a Fundação O Boticário criou um programa de artesanato paracapacitar os moradores da Vila Salto Morato em atividades que pudessem servir comofonte de renda.

Dentro desse contexto, tem-se que tanto o Parque Municipal da Lagoa do Peri quantoo Parque Florestal do Rio Vermelho, são carentes de programas relacionados a umecoturismo sustentável, tornando-se distantes da população do entorno, trazendo prejuízosà proteção dos patrimônios naturais e culturais dessas áreas. Nesse sentido, é importantesalientar, que o Parque Municipal da Lagoa do Peri possui algumas ações que visam aaproximação do parque com o entorno. Uma delas, é a destinação de uma área dentroda edificação da sede principal, para exposição esporádica de obras realizadas pelaspessoas da comunidade. A outra, seria as visitações de crianças das escolas vizinhas aoParque. Ainda assim, é muito pouco.

Finalmente, percebe-se o quão importante foram esses estudos de similares para odesenvolvimento do trabalho no Parque Botânico do Morro do Baú, uma unidade deconservação sem um Plano de Manejo e, portanto com uma infra-estrutura deficientepara receber visitantes. As soluções arquitetônicas que serão propostas posteriormentetêm como objetivo torná-lo um local disseminador de educação ambiental através deedificações, instalações e comunicação visual apropriadas.

6 O PARQUE BOTÂNICO DO MORRO DO BAÚ

O Parque Botânico do Morro do Baú, área piloto dentro da Reserva da Biosfera daMata Atlântica, apresenta expressiva área de mata primária, paisagem natural privilegiadae ótimo potencial para atividades de lazer e recreação, o que tem atraído grandecontingente de visitantes. Contudo, a falta de infraestrutura de apoio adequado a essa

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

visitação tem levado a atitudes incompatíveis com os ideais de preservação, tais quaisroubo de palmito, caças ilegais e disposição inadequada de lixo. Estes aspectos contribuempara a degradação de seu patrimônio, exigindo medidas urgentes para a formulação depolíticas de educação ambiental centradas em seus atributos ambientais, paisagísticos eculturais.

Para uma melhor identificação dos problemas do Parque foram realizadas visitas emmomentos diferenciados, as quais foram essenciais para a elaboração de croquis elevantamentos sobre a situação atual dessa unidade de conservação (ver FIGURAS 17e 18). A partir de plantas topográficas e fotos áreas, foi confeccionada uma maquete,da área do Parque (ver FIG. 19). Esta maquete passou a ser utilizada como instrumentode trabalho do grupo em todas as suas visitas a campo de forma a melhorar a apropriaçãoe compreensão da área de estudo pelo grupo.

Figuras 17, 18 e 19 Parque Botânico do Morro do Baú. Levantamento da organizaçãoespacial do Parque / Levantamento das áreas de potencial paisagístico do Parque/

Maquete da área do Parque.

Enfim, constatou-se que a visitação pública é já uma realidade e que as atividades daídecorrentes têm sido motivo de degradação de certas áreas. Mais grave do que isto é ofato do visitante não ter a oportunidade de interar-se dos reais objetivos conservacionistase de pesquisa científica, tornando-se somente um consumidor e degradador dos atrativosnaturais do parque. As análises realizadas permitiram um diagnóstico inicial da situação,onde aliados às potencialidades e atrativos naturais da unidade de conservação, foramlevantadas as deficiências existentes em termos de visitação pública. De modo a tornara análise mais objetiva e legível, buscou-se classificar os problemas detectados em trêsitens fundamentais: limites, orientação (sinalização e informação) e infra-estrutura.

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6.1 Limites

A não delimitação clara dos limites do Parque bem como, a utilização, em termosde lazer e recreação, de pontos diferenciados, não conectados e não controlados(cachoeiras, trilhas, pontos de interesse paisagístico), tem prejudicado dediferentes formas o meio ambiente: deposição de lixo, fogueiras, destruição davegetação nativa, roubos de espécies vegetais e animais, entre outros.

6.2 Acessos

A passagem da estrada estadual que corta todo o parque, bem como as váriaspossibilidades de acesso à área do Parque, acabam por dificultar a fiscalização, deixandoo Parque muitas vezes suscetível a ações contrárias a da conservação.

Dentro desse contexto, entende-se a ausência de estacionamentos organizados, como omotivo que induz a localização indevida de automóveis no correr da via de acesso, alémdas possíveis invasões que venham a ser danosas para o ecossistema do local. Dentrodesse contexto, entende-se a ausência de estacionamentos organizados, como o motivoque induz a localização indevida de automóveis no correr da via de acesso, além daspossíveis invasões que venham a ser danosas para o ecossistema do local.

É de suma importância que se crie uma entrada principal, orientando os visitantes aacessarem ao Parque somente por determinada área. Assim, facilita-se a fiscalização porparte da administração, obtendo-se maior domínio acerca da utilização da área destinadaà visitação pública do Parque.

6.3 Orientação

A busca por um sistema de comunicação é tão importante quanto à delimitação da áreaou mesmo quanto à restrição de acessos, uma vez que pode ajudar no sucesso destesúltimos, orientando e indicando os locais e ações permitidas dentro de determinadaárea.

Segundo Bins Ely (2000) um sistema de comunicação é formado por três diferenteselementos: a configuração espacial, a informação adicional e a comunicação verbal.

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

Todos estão relacionados ao deslocamento das pessoas bem como às suas habilidadesde se situar mentalmente em determinado espaço.

A configuração espacial está relacionada às características do espaço arquitetônico, nocaso do Morro do Baú está, principalmente, relacionada às características do espaçonatural.

A informação adicional é constituída por toda informação gráfica, ou seja, placas desinalização e informação, avisos sonoros, luminosos ou as mensagens tácteis (mapas,texturas...). Já a comunicação verbal caracteriza-se pela informação que é dada pelosfuncionários e/ou usuários do lugar.

Destaca-se que quando há uma coerência nas informações de um lugar, gerada peloselementos citados acima, o visitante tende a se guiar mais facilmente e a compreenderespacialmente o lugar. Quando não existe essa coerência do conjunto, a informaçãoobtida no lugar torna-se de difícil percepção dificultando a orientabilidade dos visitantes.E, é isto que se percebe na área de visitação do Parque em estudo. Carente de informaçõesrelacionadas à configuração espacial das arquiteturas existentes, bem como de deficientesinformações gráficas, o parque acaba se utilizando quase que exclusivamente dacomunicação verbal e dos referenciais naturais.

Sentiu-se falta, também, de informações para a devida interpretação ambiental, traduzindoo significado do patrimônio natural e cultural da unidade de conservação para alinguagem comum dos visitantes. Esta informação diluída por todo o parque, na formade placas, totens, pórticos, publicações, exposições audiovisuais, etc, necessita também,de um espaço específico organizado próximo ao acesso principal, sob a forma de umcentro de visitantes.

6.4 Infra-estrutura

Quanto à infra-estrutura, notou-se a inexistência de uma área de recepção aos visitantes,que informe e organize o processo de visitação, apresentando informações acerca doParque, sua estrutura, seus objetivos, suas potencialidades ambientais e paisagísticas.São evidentes, as deficiências da área de camping, no sentido de acomodar os campistas

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145Anexos

e a visível degradação dos equipamentos de apoio (churrasqueiras), bem como conflitoem sua localização, na medida em que se encontra numa área de especial interessepaisagístico no contexto da unidade de conservação.

A falta de estruturação das trilhas existentes, no sentido de permitir a abordageminterpretativa na educação ambiental, também foi apontada como um problema a sersolucionado. No parque, existem cinco trilhas ecológicas destinadas ao uso público.Uma que leva à Cachoeira Central, outra que leva às inscrições rupestres, outra que levaà pedra filhote, uma que leva ao baú e outra que chega a um agradável ambiente,dotado de um curso d’água repleto de uma vegetação alta e densa configurada porpedras.

Além disso, percebeu-se a sub-utilização de algumas edificações históricas (ver FIG. 20)existentes que remontam ao passado agrícola-colonial da área, uma vez que podemabrigar novos usos que ressaltem seu valor patrimonial e ainda, que possam ser utilizadaspela unidade de conservação como instrumentos que venham a disseminar educaçãoambiental, possuindo em seu interior espaços de apoio aos visitantes, destinados, porexemplo, a eventos ou exposições.

Fig. 20 Parque Botânico do Morro do Baú. Edificações Históricas

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS: O FUTURO DA PESQUISA

A partir da formulação de um diagnóstico da situação atual do Parque Botânico doMorro do Baú, somada aos estudos de similares realizados durante o trabalho, adquiriu-se subsídios para em um próximo momento, realizar estudos de planejamento ambientalpara o Parque, visando a qualificação da sua estrutura de visitação pública.

Entende-se por planejamento ambiental o planejamento das ações humanas numadeterminada área, onde as ações antrópicas devem estar em harmonia com a conservaçãodo meio ambiente, visando, entre outras coisas, a melhoria da qualidade de vida humana.

Segundo Maria de Assunção Franco (2003), o Planejamento ambiental emprega comoinstrumentos todas as informações disponíveis sobre a área de estudo, vindas das maisdiversas áreas de conhecimento, bem como as tecnologias de ponta que possam facilitaro seu meio principal de comunicação e de projeto que é o Desenho Ambiental.

Desta forma, pretende-se lançar idéias para uma organização espacial aliada ao DesenhoAmbiental, cujos resultados podem ir além da qualificação da visitação. Acredita-se queuma melhor estruturação desta área, além de tornar o parque mais atrativo e propício àsatividades de pesquisa e recreação, se aproximaria do ideal de um planejamento sustentável,contribuindo na minimização dos impactos ambientais.

Enfim, o objetivo é o lançamento de propostas, através de croquis, de edificações,instalações, caminhos e comunicação visual. Essas idéias estarão pautadas num conceitoarquitetônico, que vise a harmonia desses elementos construídos entre si e com a paisagem,clima, topografia, história e cultura do local. Na verdade, não se pretende que asarquiteturas pensadas se comportem como meras construções, pensa-se sim, em dotá-las de uma identidade que expresse claramente a função que desempenham enquantopeças fundamentais na organização espacial do Parque Botânico do Morro do Baú.

Espera-se, portanto, que o visitante, aliado ao desfrute lúdico da natureza, incorporeinformações ambientais, passando a ter uma outra visão do significado da unidade deconservação e da importância de se preservar esse enorme reservatório de energia vital- a natureza.

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147Anexos

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL, Lei N° 9.985, De 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, incisos I, II, IIIe VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservaçãoda Natureza e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefiapara Assuntos Jurídicos.

BRITO, Maria Cecília Wey de. Unidades de Conservação: intenções e resultados. SãoPaulo: Annablume: Fapesp, 2003.

FRANCO, Maria de Assunção Ribeiro. Planejamento Ambiental para a cidade sustentável.São Paulo: Annablume: Fapesp, 2001.

MARTERER, Beloni Terezinha Pauli. A Avifauna do Parque Botânico do Morro do Baú –Riqueza, aspectos de freqüência e abundância. Santa Catarina: FATMA, 1996.MILANO, Miguel Sereduik – organizador. Unidades de Conservação: Atualidades e Tendências.Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2002.

Com exceção das figuras 2 e 3, todas as outras imagens desse artigo são de autoria daequipe.

Referência da Fig. 2 – CABRAL, Luiz Otávio. Bacia da Lagoa do Peri: sobre as dimensõesda paisagem e seu valor. Florianópolis, 1999. Dissertação (Mestrado em Geografia) -Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa Catarina.

Referência da Fig. 3 – www.suldailha.com.br

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Critérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

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149Bibliografia

7.Bibliografia

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150 ARQUITETURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOCritérios para implementação de elementos construídos no Parque Botânico do Morro do Baú

AMARAL, Eduardo Antônio Ribas. Parques e comunidades rurais são compatíveis? Estudo decaso no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Dissertação de Mestrado. Centro de CiênciasAgrárias Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas. Universidade Federal deSanta Catarina. Fev/1998.

BECHARA, Fernando Campanha. Restauração Ecológica de Restingas Contaminadas por Pinusno Parque Florestal do Rio Vermelho. Florianópolis, SC. Dissertação de Pós-graduação. Centrode Ciências Biológicas. Departamento de Botânica. Pós-graduação em Biologia Vegetal.Universidade de Santa Catarina. 2003.

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