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ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE DIFUSÃO E APOIO Á PESQUISA Núcleo de Ação Educativa Sequência Didática: A propaganda reproduzindo e legitimando modelos de comportamento feminino em diferentes épocas Francisco Rogério dos Santos Itanhaém 2º semestre 2013

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ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE DIFUSÃO E APOIO Á PESQUISA

Núcleo de Ação Educativa

Sequência Didática: A propaganda reproduzindo e legitimando modelos de comportamento

feminino em diferentes épocas

Francisco Rogério dos Santos

Itanhaém 2º semestre 2013

Agradecimentos

Aos funcionários do Arquivo Público do Estado, nas pessoas dos orientadores Janaína e Stanley, perfeitos nas orientações a distância e na acolhida em nossas aulas presenciais.

Aos colegas participantes do curso, cujas observações durante a exposição da sequência didática foram enriquecedoras.

I. Justificativa:

Atualmente, nossos alunos têm boa parte de sua compreensão do mundo determinada

pela mídia. E uma parte importante dessa mídia é a propaganda. Valores como coragem,

confiança, tolerância são associados ao consumo de determinadas marcas. Observando

o caráter transgressor que caracteriza a juventude, a propaganda também exalta vícios e

atitudes condenáveis em relação ao convívio humano e a saúde física e mental.

Princípios são transformados em mercadorias, associados ao consumo de um

determinado produto. A escola e a família, como “formadoras de opinião” dos

adolescentes, são infinitas vezes confrontadas com essas propagandas, e

invariavelmente perdem esse confronto.

É tarefa da escola promover a formação do cidadão analítico e crítico diante do mundo

midiático. Daí a importância de se historicizar a construção dos modelos de

comportamento, assim como seus estereótipos. Através de uma seqüência didática, levar

o aluno a reflexão sobre os objetivos da propaganda, que vão além da simples venda de

uma mercadoria. Capacitar o aluno para perceber a ficção criada pela mídia, ao reduzir

valores humanísticos às práticas de consumo. Cultivar a formação humanística em

contraposição a “formação” mercadológica, construindo já na adolescência uma

consciência crítica na relação com o mundo.

II. Objetivos

Colocar o aluno diante de situações problema tendo como temática o uso da mulher

como protagonista em propagandas e a reprodução de estereótipos sobre o modelo de

comportamento feminino nessas propagandas, no passado e no presente.

Refletir sobre até que ponto a propaganda induz determinados comportamentos, ou

apenas reproduz (e legitima) comportamentos já existentes.

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III. Componente curricular

História

IV. Ano (série)

3º ano do Ensino Médio

V. Tempo previsto

5 aulas

VI. Desenvolvimento e conteúdo das atividades 1ª aula:

Na sala de vídeo, utilizando o projetor multimídia, exibir imagens de propagandas

(documentos anexos 1 a 6) tendo a mulher como protagonista. Durante a exibição,

provocar os alunos para analisarem, oralmente, os estereótipos de modelos

comportamentais femininos valorizados nessas propagandas. O enfoque principal é o

papel atribuído a mulher, em cada época.

Dividir os alunos em grupos de 3 a 4 alunos. Cada grupo receberá uma folha de papel

A4 com uma das imagens (anexos 1 a 6) e outra folha com questionamentos organizados

em uma “Ficha de análise da propaganda” (anexo 15). Cada grupo preencherá a ficha

coletivamente.

Nesse momento, comunicar aos grupos as próximas etapas: a busca de uma

propaganda atual que mostre estereótipos de comportamento feminino e o refazer, pelo

grupo, dessas propagandas. Agendar a terceira aula para que tragam o vídeo da

propaganda pesquisada, gravada em um pen-drive, celular (com cabo para transmissão

de dados) ou em outro aparelho portátil. Sugerir que filmem a propaganda da TV no

celular, caso não encontrem o vídeo na internet. O grupo deve preencher uma “Ficha de

análise da propaganda” (anexo 15) da propaganda escolhida.

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2ª aula

Utilizando o projetor multimídia, realizar uma aula expositiva dialogada, exibindo

imagens e tópicos de fatos relevantes da história da luta das mulheres por direitos no

Brasil (anexos de 7 a 15). Dialogar com os alunos, contextualizando historicamente os

fatos exibidos.

Relembrar dos próximos passos: trazer uma propaganda atual com modelos de

estereótipos para a próxima aula e preparar uma apresentação refazendo a propaganda

que escolherem, já sem os estereótipos.

Agendar a apresentação da propaganda refeita para a 5ª aula. Para isso, utilizarão o

recurso de filmadora dos celulares, e de edição no computador. Na impossibilidade de

uso dos meios eletrônicos, a propaganda refeita pode ser apresentada ao vivo, numa

próxima aula.

4ª aula

Utilizando o projetor multimídia, os grupos de alunos vão exibir o vídeo da propaganda

que pesquisaram. Os alunos expositores farão uma análise comparativa entre as

mensagens da propaganda do século XX e as atuais, evidenciando os estereótipos de

comportamento feminino na atualidade. O professor deve interferir, estimulando e

organizando a participação dos alunos, para que opinem ou façam perguntas.

Durante a apresentação, os alunos farão anotações individuais sobre as discussões,

que serão entregues ao final dos trabalhos. Pode ser necessário permitir que essas

anotações sejam entregues em uma próxima aula.

5ª aula

Cada grupo irá expor a sua versão da propaganda refeita, já sem os estereótipos que

foram percebidos durante a pesquisa e contribuições dos colegas, durante as exposições

anteriores. Ao final, orientar para que cada aluno redija um texto dissertativo, de no

mínimo 10 linhas, sobre o tema “Estereótipos de comportamento feminino”.

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VII. Avaliação

Ao final da sequência didática, serão entregues para avaliação:

• As duas produções individuais: Ficha de Análise da Propaganda da primeira aula e o

texto dissertativo da última aula.

• As duas fichas de análise das propagandas, preenchidas pelos grupos, sobre as

propagandas que escolheram.

• Os dois momentos de exposição dos grupos, sendo considerado como critérios de

avaliação o cumprimento dos objetivos propostos, assim como a atitude de todos os

grupos durante a exposição de cada grupo.

VIII. Bibliografia

MOVIMENTO FEMINISTA. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-

justica/2012/02/feminismo-pela-igualdade-dos-direitos>

MUSEU BERTHA LUTZ. Disponível em: <http://lhs.unb.br/bertha/>

<http://sandradeandrade.com.br/?p=3951>

PEREIRA. Carla Janaína de Freitas. Roteiro para a elaboração da Sequência

Didática. O(s) uso(s) de documentos de arquivo na sala de aula. São Paulo, Arquivo

Público do estado de São Paulo. Disponível em:

<http://ead.arquivoestado.sp.gov.br/moodle/file.

php/3/Roteiro_para_elaboracao_sequencia_didatica.pdf>

PINSKI, Jaime; PINSKI, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e

conseqüente. In: KARNAL, Leandro (org.) História na sala de aula – conceitos,

práticas e propostas. 3 ed. São Paulo. Ed. Contexto, 2008, p. 17 – 36.

KITS PEDAGÓGICOS PARA A ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA. O(s)

uso(s) de documentos de arquivo na sala de aula. São Paulo, Arquivo Público do

estado de São Paulo. Disponível em:

<http://ead.arquivoestado.sp.gov.br/moodle/mod/book/view.php?id=137>

SEMANA DA MULHER: PRIMEIRA PREFEITA ELEITA NO BRASIL FOI A

POTIGUAR ALZIRA SORIANO. Disponível em < http://www.tse.jus.br/noticias-

5

tse/2013/Marco/semana-da-mulher-primeira-prefeita-eleita-no-brasil-foi-a-potiguar-

alzira-solano>

ZABALA, Antoni. A prática educativa – como ensinar: As sequências didáticas e as

sequência de conteúdo. Porto Alegre. Ed. Artmed, 1998, p. 53 – 86.

Idem. A prática educativa – como ensinar: A organização social da classe. Porto

Alegre. Ed. Artmed, 1998, p. 111 - 136.

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Anexos

Anexo 1

MAMÃE. A Cigarra. São Paulo, jul. 1926, n.281. Apesp.

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Anexo 2

PORQUE não fazeis todo o possível para dar o maior realce á vossa formosura??A Cigarra. São Paulo mar. 1918, n. 88. Apesp.

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Anexo 3

COISAS da Vida. A Cigarra. São Paulo, abr. 1933, n. 348. Apesp.

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Anexo 4

QUANTO Dura... A Cigarra. São Paulo, fev. 1931, n. 390. Apesp.

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Anexo 5

ESCOLHEI a vossa edade. A cigarra. São Paulo, set. 1927, n. 390. Apesp

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Anexo 6

OS MARIDOS são maos enfermeiros. A Cigarra. São Paulo, set. 1930, n. 365. Apesp.

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Anexo 7

Imagem e tópicos

• O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA DO SÉCULO XX

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Anexo 8

Imagem e tópicos

• PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

• Sociedade patriarcal, remanescente do final do século XIX

• “esposa – mãe - dona de casa assexuada”

• Encarregada da organização do lar e da educação dos filhos

• Obediente ao marido no âmbito privado; sem iniciativa no âmbito público

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Anexo 9

Imagem e tópicos

• 1901, 1902, 1907 e 1917 operárias participam de greves nacionais

• operárias anarco - sindicalistas destacam-se como oradoras em comícios

• 1917: mulheres passam a ser admitidas no serviço público

“É já tempo que a mulher operária faça também nesta cidade o que vai

fazendo em tantas outras cidades civilizadas (...). Uni-vos, formai

sociedades de resistência, procurai conquistar bem-estar (...).” (Matilde Magrassi, “O

Amigo do Povo”, 27 de junho de 1903, apud: RAGO, 2000, p. 595).

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Anexo 10

Imagem e tópicos

• 1910: Prof.ª Deolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino

• 1917: lidera no RJ uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres

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Anexo 11

Imagem e tópicos

• 1922: Bertha Lutz funda a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

• 1932: Getúlio Vargas assina decreto autorizando o voto feminino

• 1934: Carlota Perez eleita deputada federal

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Anexo 12

Imagem e tópicos

• 1928: Luíza Alzira Soriano Teixeira eleita primeira prefeita da América Latina (Lajes

– RN) com 60% dos votos válidos

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Anexo 13

Imagem e tópicos

• 1922: Semana de Arte Moderna e as “revolucionárias modernistas” Anita, Tarsila e

Pagu

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Anexo 14 Imagem e tópicos

• 1932: Maria Lenk - primeira mulher brasileira a participar dos Jogos Olímpicos

• 1941 – Decreto - lei nº 3.199 (Estado Novo) “Às mulheres não se permitirá a prática

de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”

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Anexo 15

Imagem e tópicos

• 1975: Ano Internacional da Mulher

• 1977: aprovada a lei do divórcio

• 1985: primeira Delegacia da Mulher

• 1996: sistema de cotas - 20% de mulheres nas chapas proporcionais

• 2010: Dilma Rousseff eleita a primeira presidente mulher do Brasil.

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Anexo 16

FICHA DE ANÁLISE DA PROPAGANDA

Jornal:

Local e data:

Título:

Descrição da imagem:

Objetivo mercadológico:

Personagens:

Síntese da mensagem:

Enumere e descreva os modelos de comportamento/valores femininos exaltados:

Explique diferenças e permanências em relação à época atual:

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