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Perfil e satisfação no trabalho de uma equipe ... – pp. 66-80 66 PERFIL E SATISFAÇÃO NO TRABALHO DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO Marilize Sonntag Okoinski 1 , Walderes Aparecida Filus 2 RESUMO Objetivo: Identificar o perfil e a satisfação do trabalhador de enfermagem que atua na Central de Material Esterilizado. Métodos: Pesquisa quantitativa, desenvolvida em um Hospital de alta complexidade, localizado na região Central de Curitiba. A população foi constituída por 13 colaboradores, técnicas e auxiliares de enfermagem atuantes na Central de Material Esterilizado. Os profissionais foram convidados a participar da pesquisa, seguido da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos receberam o questionário no início do plantão, o qual foi recolhido ao término da aplicação e posteriormente analisado. Resultados: Este estudo nos mostrou uma população em plena fase de produção e com grande capacidade de qualificação. Os dados apontam que os trabalhadores atuantes na CME, 75%, estão há menos de 3 anos nesta unidade, sendo que 91,67% dos profissionais atribuem importância máxima ao seu trabalho. Muitos trabalhadores (50%) referiam à necessidade dessa unidade ser valorizada pelos demais colaboradores do hospital. Foi identificado também que 75% dos profissionais não têm interesse em deixar de trabalhar na CME. Conclusão: Os trabalhadores que fizeram parte desta pesquisa são, na sua maioria, adultos maduros que consideram o seu trabalho de importância máxima, satisfeitos nas funções desenvolvidas e que apontaram o pouco reconhecimento do seu trabalho por outros profissionais da instituição, ficando a sugestão de trabalhos que divulgue e conscientize a importância que esta unidade possui dentro do serviço hospitalar. Palavras-chave: Enfermagem, satisfação no emprego, trabalho. ABSTRACT Objective: To identify the profile and work satisfaction of the nursing staff at the Sterilized Material Centre. Methods: quantitative research, carried out at a high-complexity hospital located in the central region of Curitiba/Parana State, Brazil. The population entailed 13 employees, nursing assistants and aides working at the Sterilized Material Centre. The professionals were invited to participate in the study and later signed the Informed Consent Form. The questionnaire was delivered at the beginning of the shift, collected at the end of it and later analyzed. Results: This study showed a population in its full production phase, and with great capacity of qualification. The data indicate that 75% of the workers from the SMC are less than 3 years in this sector and among them, 91.67% attach utmost importance to their work, but 50% of workers reported the need of the sector to be valued by other employees of the hospital. It was also identified that 75% of the professionals have no interest in leaving the SMC. Conclusion: The employees that took part in this research are mostly mature adults who see the importance of their work, are satisfied with the tasks they develop and pointed out the little recognition of their work by other professionals in the institution, suggesting that educational work should be carried out in order to disclose and be recognized the importance of this sector within the hospital. Keywords: Nursing, job satisfaction , work _________________________________________________________________________ 1. Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. 2. Especialista em Administração Hospitalar. Docente do Curso de Enfermagem, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. UTP - Campus: Prof. Sydnei Lima Santos (Barigüi), Rua Sydnei A. Rangel Santos, 238, Cep.: 82.010- 330 Curitiba – Paraná. E-Mail: [email protected].

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PERFIL E SATISFAÇÃO NO TRABALHO DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO

Marilize Sonntag Okoinski1, Walderes Aparecida Filus2

RESUMO Objetivo: Identificar o perfil e a satisfação do trabalhador de enfermagem que atua na Central de Material Esterilizado. Métodos: Pesquisa quantitativa, desenvolvida em um Hospital de alta complexidade, localizado na região Central de Curitiba. A população foi constituída por 13 colaboradores, técnicas e auxiliares de enfermagem atuantes na Central de Material Esterilizado. Os profissionais foram convidados a participar da pesquisa, seguido da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos receberam o questionário no início do plantão, o qual foi recolhido ao término da aplicação e posteriormente analisado. Resultados: Este estudo nos mostrou uma população em plena fase de produção e com grande capacidade de qualificação. Os dados apontam que os trabalhadores atuantes na CME, 75%, estão há menos de 3 anos nesta unidade, sendo que 91,67% dos profissionais atribuem importância máxima ao seu trabalho. Muitos trabalhadores (50%) referiam à necessidade dessa unidade ser valorizada pelos demais colaboradores do hospital. Foi identificado também que 75% dos profissionais não têm interesse em deixar de trabalhar na CME. Conclusão: Os trabalhadores que fizeram parte desta pesquisa são, na sua maioria, adultos maduros que consideram o seu trabalho de importância máxima, satisfeitos nas funções desenvolvidas e que apontaram o pouco reconhecimento do seu trabalho por outros profissionais da instituição, ficando a sugestão de trabalhos que divulgue e conscientize a importância que esta unidade possui dentro do serviço hospitalar. Palavras-chave: Enfermagem, satisfação no emprego, trabalho. ABSTRACT Objective: To identify the profile and work satisfaction of the nursing staff at the Sterilized Material Centre. Methods: quantitative research, carried out at a high-complexity hospital located in the central region of Curitiba/Parana State, Brazil. The population entailed 13 employees, nursing assistants and aides working at the Sterilized Material Centre. The professionals were invited to participate in the study and later signed the Informed Consent Form. The questionnaire was delivered at the beginning of the shift, collected at the end of it and later analyzed. Results: This study showed a population in its full production phase, and with great capacity of qualification. The data indicate that 75% of the workers from the SMC are less than 3 years in this sector and among them, 91.67% attach utmost importance to their work, but 50% of workers reported the need of the sector to be valued by other employees of the hospital. It was also identified that 75% of the professionals have no interest in leaving the SMC. Conclusion: The employees that took part in this research are mostly mature adults who see the importance of their work, are satisfied with the tasks they develop and pointed out the little recognition of their work by other professionals in the institution, suggesting that educational work should be carried out in order to disclose and be recognized the importance of this sector within the hospital. Keywords: Nursing, job satisfaction , work _________________________________________________________________________ 1. Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. 2. Especialista em Administração Hospitalar. Docente do Curso de Enfermagem, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. UTP - Campus: Prof. Sydnei Lima Santos (Barigüi), Rua Sydnei A. Rangel Santos, 238, Cep.: 82.010-330 Curitiba – Paraná. E-Mail: [email protected].

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INTRODUÇÃO

A Central de Material Esterilizado (CME) tem grande importância dentro de um

serviço hospitalar, visto que prioriza a limpeza, desinfecção e esterilização de materiais.

Cabe a ela, a guarda de materiais e a distribuição deles para as unidades de origem. Deve

ser de fácil localização, ou seja, em área de fácil acesso a todos que necessitam deste

serviço, como Centro Cirúrgico (CC) Geral ou Obstétrico (CO), Unidades de Terapia

Intensiva (UTIs), Pronto Socorro (PO),Pronto Atendimento (PA), Ambulatórios,

Hemodinâmica e outros.

Nos ensinamentos de Santos (2003), é compreendido como uma unidade específica,

com serviço próprio, independente do centro cirúrgico, com o objetivo de cuidar de todo o

material inerente à instituição; material cirúrgico ou não.

Porém, nem sempre foi assim, conforme estudos publicados por Silva (1998),

algumas décadas atrás, os materiais eram processados e esterilizados nas próprias unidades

de permanência dos pacientes, sem muita preocupação com o preparo do pessoal para

trabalhar com processamento e esterilização e os trabalhadores não eram fixos nesta função

porque a prioridade era assistência ao cliente. Com a complexidade dos procedimentos e

surgimento de muitos novos materiais e formas de processamento e esterilização essa

atividade, passou a ser centralizada, em uma unidade.

Segundo Silva (1995), os trabalhadores de enfermagem encaminhados para

trabalhar nessa unidade eram os considerados não aptos a trabalhar na assistência direta ao

paciente, os próximos à aposentadoria, os com problemas de saúde, com problemas de

relacionamento com os colegas entre outros fatores, caracterizando desvalorização de

trabalhadores desta unidade.

Pela história do surgimento da unidade central de material esterilizado e o processo

de trabalho que passa a ser lidar com material e não com assistência direta ao paciente,

verifica-se uma maior dificuldade para se conseguir trabalhadores de enfermagem

interessados nessa atividade que envolve o reprocessamento de artigos médicos

hospitalares.

Silva (1998) enfatiza que a grande evolução tecnológica, onde frequentemente

novos tipos de materiais, com "design" e matéria prima diferentes que demandam

processamentos especiais; embalagens diferenciadas para os inúmeros equipamentos de

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esterilização, mais sofisticados e complexos , requerem maior conhecimentos e preparo dos

trabalhadores de enfermagem.

Hoje, para construção, reformas ou adaptações, nos estabelecimento de saúde

devem atender a RDC nº50 da ANVISA, de 21 de fevereiro de 2002, com mudança no

texto pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, que dispõe sobre o Regulamento

Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de

estabelecimentos assistências de saúde. Para a CME cada atividade define um ambiente

obrigatório, quantidade, dimensões mínimas e instalações necessárias (SOBECC, 2009).

O trabalho na CME pode ser comparado ao de uma indústria, pela necessidade de

uma grande demanda na produtividade e processamento de materiais. No entanto, percebe-

se pouca atenção dispensada aos trabalhadores no que tange à motivação e satisfação

pessoal no trabalho. Muitas vezes, o grande e contínuo volume de trabalho resulta em

descontentamento nos seguintes aspectos: treinamento precário, desvalorização do serviço,

distanciamento do cuidado direto ao paciente. (SILVA, 1999).

Para Oliveira, Albuquerque e Rocha (1998), o serviço na CME deve ser prestado

com qualidade e quantidade, e para isto deve ter uma Enfermeira(o) que tenha capacitação,

responsabilidade e dinamismo para trabalhar com sua equipe. Deve ter senso crítico na

contratação dos funcionários, capacitados com conhecimento técnico e específico. A

Enfermeira responsável deve organizar educação permanente para a equipe, abordando

temas pertinentes ao serviço, para manter os funcionários atualizados.

Conforme Spector ( 2003), a Satisfação no Trabalho “é uma variável de atitude que

reflete como uma pessoa se sente com relação ao trabalho de forma geral e em seus vários

aspectos”.

Carvalho et.al (2006) compreendem que satisfação no trabalho é o quanto as

pessoas gostam do seu trabalho, sendo causas de realização dos funcionários e das

organizações. Os mesmos autores realizaram estudo avaliando satisfação no trabalho em

relação ao líder direto. O resultado obtido foi que o líder ao criar estratégias para que os

colaboradores, acaba motivando-os, tendo-os sempre satisfeitos com o trabalho e, como

consequência, haverá retorno financeiro à organização .

Para West e Lisboa (2001), um trabalhador insatisfeito pode influenciar

negativamente toda uma equipe em sua área de trabalho. É função do enfermeiro(a), líder

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da equipe, atentar para que esta insatisfação não venha prejudicar as atividades e o

desenvolvimento do pessoal.

O líder deve ser um enfermeiro que tenha plena condição de assumir uma equipe

com segurança, competência, atitude e organização. Estas qualidades transmitem aos

funcionários confiança e conseqüente satisfação dos mesmos. (KURCGANT, 1991).

Para Kwasnicka (1995), o líder é tido como uma pessoa capaz de influenciar outras

em seu ambiente de trabalho, ou em qualquer outra atividade. Para o mesmo autor, liderar é

saber lidar com mudanças dentro de uma organização. As alterações que ocorrem dentro de

uma instituição demandam sempre uma liderança eficaz.

Poucos são os estudos publicados sobre a satisfação e qualificação dos

trabalhadores que atuam na CME. Por não trabalhar diretamente com a assistência prestada

ao paciente, esses trabalhadores referem ser poucos valorizados dentro do seu serviço.

Portanto, o presente estudo pretende avaliar o perfil e a satisfação dos trabalhadores

que laboram na CME.

OBJETIVO Identificar o perfil e a satisfação do trabalhador de enfermagem que atua na Central

de Material Esterilizado.

MÉTODOS A pesquisa foi realizada na CME de um Hospital de Alta Complexidade, com 150

leitos, localizado na região central de Curitiba.

Para realização desta pesquisa, optou-se pelo estudo de natureza quantitativa.

Segundo Oliveira (1998), a pesquisa quantitativa tem como a característica principal

análise de dados, através da construção de gráficos e tabelas, com o intuito de garantir um

resultado mais preciso. Os dados foram coletados com aplicação de um questionário

elaborado por West e Lisboa (2001).

Os participantes convidados para esta pesquisa foram 13 profissionais da equipe de

enfermagem, sendo elas técnicas e auxiliares, sendo que uma funcionária não se habilitou a

participar. O principal quesito para o preenchimento do questionário foi pertencer ao corpo

de enfermagem e ser funcionário da CME.

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O projeto passou por apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Tuiuti do Paraná; após a aprovação e autorização da gerência de enfermagem do hospital

iniciou-se a coleta de dados do dia 20/03/09 a 01/04/09.

Aos participantes foi apresentado e explicado sobre o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE). O questionário foi entregue no início do plantão, e recolhido

no fim do expediente, o instrumento continha a identificação e caracterização da

população: idade, tempo de trabalho na CME, tempo de trabalho na área de enfermagem e

questões relacionadas à satisfação do trabalhador.

Após a coleta dos dados, estes foram apresentados na forma de gráficos, analisados

e discutidos comparando com trabalhos que abordam o assunto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para analisar os resultados obtidos na pesquisa, optou-se pela formulação de

gráficos nas questões de múltipla escolha. A questão aberta foi analisada de acordo com as

respostas mais citadas. A amostra correspondeu a 92,31% da população investigada.

Analisando o gráfico 1 referente à caracterização da população quanto à idade, pode

–se verificar que o trabalhador que labora na CME, apresenta na sua maioria idade superior

a 36 anos, sendo acima de 45 anos (41,66%); de 36 a 44 anos (41,66%) e apenas (16,7%)

com idade de 26 a 35 anos.

Na pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), a população é constituída

majoritariamente com a faixa etária de idade entre 26 a 35 anos, logo após vem à população

com idade entre 36 a 44 anos, e por último prevalecem a população com mais de 45 anos.

Diante do exposto, verificamos uma diferença significante de idade entre as

populações estudadas, visto que neste setor estudado, a população é constituída de adultos

maduros e na pesquisa de West e Lisboa a idade predominante foi de adultos jovens, ou

seja, os de idade entre 26 a 35 anos.

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Gráfico 1- Caracterização da população quanto à idade. Curitiba, 2009.

36 a 44 anos41,66%

26 a 35 anos16,7%Acima de 45

anos41,66%

26 a 35 anos36 a 44 anosAcima de 45 anos

O gráfico 2 nos mostra que a maioria dos trabalhadores que laboram na CME tem

menos de 3 anos de trabalho nesta unidade. Apenas 25% têm mais de 3 anos de trabalho na

CME, já no estudo realizado por West e Lisboa (2001), o que prevaleceu foi a presença de

profissionais com menos de 5 anos de trabalho na CME, com a minoria da população que

afirmou possuir mais de 11 anos de experiência nesta área.

Gráfico 2 - Caracterização da população quanto ao tempo de trabalho na CME. Curitiba,

2009.

Mais de 3 anos25%

Menos de 3 anos75%

Mais de 3 anosMenos de 3 anos

O gráfico 3 nos mostra que 50% da população estudada são técnicas de

enfermagem, outras 50% são auxiliares. O registro em carteira equivale à função

desenvolvida, ou seja, 50% são registrados como Técnicas de Enfermagem e os outros 50%

como Auxiliares de Enfermagem. Sabemos que em muitos serviços existem profissionais

que embora sejam técnicos de enfermagem atuam como auxiliares de enfermagem.

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Gráfico 3 - Função desenvolvida e Registro em Carteira Técnico/ Auxiliar. Curitiba, 2009.

Função desenvolvida e registro em carteira

Técnica de Enfermagem

50%

Auxiliar de Enfermagem

50%

Técnica deEnfermagemAuxiliar deEnfermagem

De acordo com o gráfico 4, os fatores que mais facilitam o trabalho são em primeiro

lugar o ambiente agradável com 21,42%, seguidos de bom relacionamento interpessoal

com (19,05%), atuação da chefia com (16,7%), autonomia no trabalho e espírito

colaborativo da equipe com (14,28%), e com (11,90%) a divisão de tarefas, ou seja, acham

que a divisão de tarefas não são suficientes para suprir a necessidade do setor. O fator

menos referido foi à reciclagem na área (2,38%), evidenciando a sua necessidade no

trabalho. Nesta pesquisa, o relacionamento interpessoal e a autonomia foram apontados em

2º e 4º lugar, respectivamente. Nos ensinamentos de Santos e Filho (1995), o bom

relacionamento interpessoal e a autonomia no trabalho têm sido apontados como

importantes fatores necessários para a satisfação no trabalho.

No estudo realizado por West e Lisboa (2001), prevaleceu o espírito colaborativo

da equipe e o bom relacionamento interpessoal, e em terceiro lugar ficou o ambiente

agradável, ao contrário desta pesquisa onde o ambiente agradável prevaleceu.

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Gráfico 4 - Fatores que facilitam o desempenho das atividades diárias na CME. Curitiba, 2009.

14,28

14,28

16,7

11,92,38

21,42

19,05

Ambiente agradável

Bom relacionamentointerpessoalAtuação da chefia

Autonomia no trabalho

Espirito colaborativo da equipe

Divisão das tarefas

Reciclagem na área

Segundo o gráfico 5, 91,67% consideram a sua rotina profissional com interesse

máximo, e 8,33% acham que o trabalho desempenhado possui média importância.

Na medida em que o trabalho é visto como importante para o trabalhador, este

representa um caminho na realização profissional e na satisfação (SANTOS e

FILHO,1995).

Na pesquisa realizada por West Lisboa (2001), encontramos uma população que

considera sua rotina profissional com máxima e de muito valor. Respectivamente, neste

estudo, foi possível encontrar profissionais que consideram sua rotina profissional com

máxima e média importância.

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Gráfico – 5 Distribuição do grau de importância conferido pelos colaboradores do CME ao trabalho desempenhado. Curitiba, 2009.

000

91,67

8,330

102030405060708090

100

Nenhumaimportância

Pouca Média Muitaimportância

Importânciamáxima

Conforme o gráfico 6, 58,3% da população declararam encontrar-se plenamente

satisfeitos; 33,4% parcialmente satisfeito e 8,3% insatisfeito.

Já na pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), verificamos que nenhum

profissional relatou encontrar-se insatisfeito, ao fim de cada plantão. A prevalência foi de

profissionais parcialmente satisfeitos (57%), ao contrário do que se encontrou nesta

pesquisa, onde a maioria relatou estar plenamente satisfeita.

De acordo com Sant'Anna e Antunes (1996), entende-se por satisfação o

estado em que o trabalhador se sente satisfeito. Um profissional que esteja insatisfeito com

o trabalho pode influenciar negativamente o clima organizacional, fazendo com que os

companheiros de trabalho adotam uma postura semelhante.

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Gráfico 6 – Distribuição do grau de satisfação apresentado pelos trabalhadores ao final de cada plantão. Curitiba, 2009.

58,3

33,4

8,30102030405060

Plenamentesatisfeito

Parcialmentesatisfeita

Insatisfeito

Segundo o gráfico 7, 83,3% dos entrevistados afirmaram que os recursos materiais e

o espaço físico não são adequados para o desempenho de sua função. E apenas 16,7%

afirmaram que o espaço físico e os recursos materiais são adequados para o

desenvolvimento de sua função.

De acordo com Salzano, Silva e Watanabe (1990), tem se observado nos hospitais

brasileiros, com algumas exceções, instalações físicas, recursos materiais e humanos não

estão de acordo com as necessidades do setor e isso pode ser um gerador de insatisfação no

trabalho.

Gráfico 7- Distribuição quanto o espaço físico da unidade e os recursos materiais adequados para o desempenho da função. Curitiba, 2009.

Não83,3%

Sim16,7%

SimNão

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Segundo o gráfico 8, 58,3% dos colaboradores consideram a relação com o colega

de trabalho bom, 25% regular e 16,7% consideram a relação ótima.

Segundo Santos e Filho (1995), a relação do pessoal de enfermagem é marcada por

dificuldades de relacionamento, proveniente de vários fatores, como a divisão social do

trabalho.

Esta pesquisa nos mostrou que a maioria dos participantes considera o

relacionamento dos funcionários bom ou ótimo, o que contradiz a opinião de Santos e Filho

(1995) quando afirma haver dificuldades de relacionamento entre o pessoal de

enfermagem.

Gráfico 8 - Distribuição da opinião quanto à relação interequipe. Curitiba, 2009.

Bom58,3%

Ótimo16,7%

Regular25%

ÓtimoBomRegular

De acordo com o gráfico 9, 75% dos colaboradores não têm interesse em trabalhar

em outro setor, já 25% têm interesse em trabalhar em outro setor.

Ao contrário da afirmação de Silva (1998) de que os trabalhadores de enfermagem

raramente optam por trabalhar na CME, e que este é um local desprezado por eles, grande

parte dos colaboradores envolvidos nesta pesquisa não tem interesse em atuar em outro

setor do hospital.

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Gráfico 9- Distribuição quanto ao interesse em trabalhar em outra unidade. Curitiba, 2009.

Não75%

Sim25%

SimNão

Entre os comentários mais citados pelos colaboradores gráfico 10, destacamos a

necessidade de maior reconhecimento da unidade. Para Silva (1998), o trabalho envolvido

na CME é de vital importância para a prestação dos cuidados aos pacientes, uma vez que os

materiais utilizados nos procedimentos devem estar esterilizados, e em condições seguras

para o seu uso.

O segundo item, mais votado, foi a melhoria no espaço físico. Conforme já

mencionado por Salzano, Silva e Watanabe (1990), alguns hospitais não possuem

instalações físicas adequadas para o desempenho das atividades. Desde 2002, a construção,

reformas ou adaptações dos estabelecimentos de saúde devem atender à RDC nº50 da

ANVISA, de 21 de fevereiro de 2002 .

Os demais comentários foram mencionados apenas uma vez, como pode ser

verificado no gráfico 10.

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Gráfico 10-Comentários e sugestões citadas pelos colaboradores entrevistados. Curitiba, 2009.

12,5%

25%

50%12,5%

Necessidade de maiorreconhecimento do setor

Melhoria do espaço físico

Necessidade de maisunião entre osfuncionários

Está ótimo em termos deorganização e união daequipe

Este estudo nos apresentou uma população com idade madura, em plena fase de

produção exercendo suas atividades, na maioria com menos de 3 anos. Os dados obtidos

divergem dos achados de Silva (1999) que em sua pesquisa, final dos anos 90, o Centro de

Material apresentava-se como “destino final” do trabalhador, próximo da aposentadoria.

Na análise estatística dos dados, referentes aos fatores que facilitam o desempenho

das atividades diárias na CME, o que predominou foi o ambiente agradável seguido do bom

relacionamento interpessoal. No que nos ensina Sant, Anna e Antunes (1996), as condições

ambientais não são suficientes para induzir um estado de motivação, de disposição ou

vontade de trabalhar, uma combinação do ambiente de trabalho e do conteúdo do trabalho

que compõem as forças, um sem o outro é ineficaz. Para que os fatores de satisfação

tenham efeito desejado sobre o desempenho, é preciso que o trabalho ofereça um grau de

desafio para o trabalhador.

Em relação ao grau de satisfação apontada pelos trabalhadores, encontramos uma

população que afirma estar plenamente satisfeita. De acordo com Santos e Filho (1995), as

pesquisas sobre satisfação no trabalho demonstram que não é fácil apontar fatores capazes

de influir no comportamento das pessoas, e é complexo compreender e intervir para que

ocorra mudança de atitude.

Em analogia à pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), encontramos uma

população com características semelhantes.

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CONCLUSÃO

O estudo apresentou uma equipe de trabalhadores de enfermagem em idade madura

que considera seu trabalho de importância máxima, com a maior parte da equipe satisfeita

com suas funções desempenhadas, sendo poucas as trabalhadoras com intenção de sair

deste unidade de trabalho.

Apesar de apontarem satisfação no trabalho, os participantes desta pesquisa

apontaram que o central de material esterilizada é pouco reconhecida e valorizada pelos

profissionais de outras partes integrantes do hospital, ficando como sugestão trabalhos

educativos de divulgação da importância do trabalho desempenhado pele equipe de

enfermagem dessa unidade.

Outro fator bastante apontado foi à melhoria no espaço físico. Para que se possa ter

um trabalho com qualidade é necessário investir na planta física da unidade,

proporcionando aos trabalhadores condições adequadas para realização de suas atividades

diárias. Deve contar, portanto, com a enfermeira responsável do setor, para que comunique

as suas instâncias, a respeito da necessidade da melhoria do espaço físico.

REFERÊNCIAS

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