ARTAUD, A. a Arte e a Morte

24

description

Ó cães, que acabastes de rolar na minha alma as vossas pedras. Eu. Eu. Voltai a página dos escombros. Também ando à espera do celeste saibro e da página já sem margens. Este fogo precisa de começar em mim. Que os blocos de gelo venham naufragar-me nos dentes. Sou de crânio rude mas alma lisa, como um coração de matéria naufragada. Tenho ausência de meteoros, ausência de injúrias inflamadas. Na minha garganta procuro nomes e como que o cílio vibrátil das coisas. O cheiro do nada, um relento de absurdo, a estrumeira da morte total… O leve e rarefeito humor. Eu próprio já só espero o vento. E chame-se amor ou miséria, não vai naufragar-me em nenhum lado que não seja uma praia de ossos.

Transcript of ARTAUD, A. a Arte e a Morte

  • A Arte e a Morte_001A Arte e a Morte_002A Arte e a Morte_003A Arte e a Morte_004A Arte e a Morte_005A Arte e a Morte_006A Arte e a Morte_007A Arte e a Morte_008A Arte e a Morte_009A Arte e a Morte_010A Arte e a Morte_011A Arte e a Morte_012A Arte e a Morte_013A Arte e a Morte_014A Arte e a Morte_015A Arte e a Morte_016A Arte e a Morte_017A Arte e a Morte_018A Arte e a Morte_019A Arte e a Morte_020A Arte e a Morte_021A Arte e a Morte_022A Arte e a Morte_023A Arte e a Morte_024