Arte grega: história da pintura.

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Pelo Professor Gilson Nunes

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Pelo Professor Gilson Nunes

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A evolução da pintura por estilos e séculos.

Abstrato – 1800 – aproximadamente. (a.C.)

Figurativo - 1500 a. C. (painéis do palácio de Cnossos).

Proto-geométrico – 1050-900 – aproximadamente. (a.C.)

Geométrico – 900-750 – aproximadamente. (a.C.)

Arcaico – 750-650 – aproximadamente. (a,C.)

Figuras negras – 650-500 – aproximadamente. (a. C.)

Figuras vermelhas – 500-330 – aproximadamente. (a. C.)

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Período abstrato: peças de utilidade doméstica ou religiosa.

No período de 1800 a 900 a.C. a decoração da cerâmica tem traçado abstrato.

O lécito (moringa) ao lado, uma relíquia da técnica em policromia.

“A olaria pintada merece relevo na história da arte”. (JANSON, 1993:150)

Lécito com Asa (encontrado no santuário de Kamares). 1800 a. C. Museu de Heraklion, Ilha de Creta, Grécia.

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Falar da origem da pintura Grega e ter conhecimento do Palácio de Cnossos (seu nome se refere ao da antiga cidade grega), construído há 2000 a. C.

Destruído e incendiado em virtude das constantes guerras. Reconstruído de forma monumental em 1600 a.C.

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O Palácio Cnossos era um ambiente de luxo e ostentação. Todos os seus cômodos eram decorados com pinturas, na técnica afresco. E possuía 1000 quartos.

Afresco: técnica de pintar sobre uma parede recentemente rebocada hipermibilizada por uma camada de gesso.

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Não conheciam a cor verde, pois as folhas das plantas são na cor azul-claro.

E a lírios parecem borboletas. Uma coroa desproporcional sobre a cabeça, e as plumas de pavão.

Puxa algo invisível, que poderia ser um animal para o ritual.

“O Principe dos Lírios”. Afresco. Palácio de Cnossos. 1600 a. C. Ilha de Creta. Grécia.

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O tecido da calça de boca larga é o que mais chama atenção ao primeiro olhar.

Outro detalhe é o busto volumoso de forma proporcional, talvez relacionado a uma divindade da fertilidade, levando sobre a mão algo de importância, pelo cuidado e leveza do movimento da mão superior.

Sua cor branca nos faz lembrar pessoas que nunca existiram na face da terra. Divindades aladas.

Estes golfinhos decoravam o hall de um salão nobre do palácio, parecem flutuar, e a água pintada parece mais uma imitação do mármore.

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Seios salientes, perfeita anatomia das mãos e dedos, em perspectiva, algo inovador em relação a arte egípcia.

Porém, as três mulheres possuem o mesmo tamanho. A terceira do lado esquerdo consegue mostrar todo o seu peitoral, mas o rosto permanece de lado.

A valorização do cabelo é outro detalhe, cumprido e todo decorado por pérolas.

As três graças do palácio de Cnossos. 1600 a. C. Ilha de Creta, Grécia.

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Este afresco nos faz lembrar as pinturas das cavernas.

O touro em movimento espetacular, acompanhado pelo movimento da calda e do corpo do toureiro e das pernas do equilibrista, algo imaginável para época. O enquadramento geométrico da imagem é outro detalhe, o artista tenta dá um aspecto marmorizado no fundo do painel e nos detalhes do ornamento da borda. Um diferencial bastante significativo em relação a pintura egípcia.

Afresco do toureiro. 1500 a.C. Museu de Heraklion Ilha de Creta, Grécia.

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Por volta de 900 a.C a representação na cerâmica passa a ser geométrica – as urnas funerárias geometrizadas, abrindo destaque para figuras humanas .

Observe que a representação figurativa narra uma história na parte mais larga do jarro e os desenhos geométricos limitados as bordas da boca e do pé, o que conhecemos por gregas (labirinto). Esse estilo vai sendo aperfeiçoado ao longo dos cinco séculos.

Vaso de Dipylon. Séc. VIII a. c. Alt. 1,08 . Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque. (Encontrada no cemitério de Atenas de Dipylon, Grécia).

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Placa de madeira pintada, encontrada em Corinto. Séc. VI. Museu Arqueológico de Atenas, Grécia.

Observe que uma criança leva um cordeiro, possivelmente para o sacrifício religioso, já que a primeira figura da frente leva na mão uma lécito (jarra), que também está relacionado ao ritual religioso. As mulheres são brancas, talvez simbolizando pessoas de outro planeta.

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Entre 650 a 330 a. C. os pintores de cerâmica desenvolveram dois estilos de pintura. Figuras negras sobre fundo vermelho e figuras vermelhas sobre fundo negro.

Observe que existem duas figuras humanas pintadas em branco, poderiam está relacionadas as representações do Palácio de Cnossos?

Pintura negra. Ânfora ática. 540. a.C. Teseu ataca o Minotauro com punhal. Museu do Louvre.

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Pintura negra. Ânfora ática. 540. a.C. Teseu ataca o Minotauro com punhal. Museu do Louvre.

Podemos observar que a cor vermelha na roupa e o sangue do minotauro, o pintor traz para cerâmica a policromia dos painéis do Palácio de Cnossos, mas sem muito sucesso.

O que se mantém por séculos são as figuras negras sobre fundo vermelho. Uma técnica rigorosa e conservadora.

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As figuras eram pintadas na cerâmica de forma delicada e cuidadosa, para dá efeito aos desenhos negros o pintor usava um estilete com habilidade impecável. Valorizando os detalhes da imagem.

Podemos observar que o artista continua representar a mulher com a pele branca. Outra relação com as figuras do Palácio de Cnossos?

Mulheres com hydrias (vasos) na fonte. 530 a.C. Museu de Villa Giulia, Roma.

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Pintor Douris. Eos ( deusa do amanhecer – aurora) e Memnon (seu filho e rei etíope). Interior de um kylix (prato) ático de figuras vermelhas. 490-480 a. C. Diâm. 0,30m. Museu do Louvre, Paris.

Figuras vermelhas sobre fundo negro.

Outro detalhe é o pé de Memnon, que se apresenta de frente, algo inédito.

Parece mais a imagem de Cristo. Pura semelhança. Isso há 490 a. C.

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Lápida (lutador) e Centauro. Interior de um kylix, (prato) ático com figuras vermelhas. 490-480 a. C. Staatliche Antikensmmlungen, Munique. (Mestre desconhecido, cognominado de Pintor de Fundição)

Outro avanço: a descoberta da frontalidade da imagem. 490-480 a.C. - A Revolução.

Podemos ver uma visão tridimensional da cabeça do centauro, além da expressão do rosto.

Outro detalhe, a posição do pé é frontal e não mais lateral. As patas traseiras do centauro seguem movimento frontal e tridimensional.

A riqueza de detalhes na roupa do guerreiro, além do movimento sinuoso do plissado do saiote.

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Com o aperfeiçoamento da pintura mural entre 475-459, a pintura de vasos perdeu qualidade. E os pintores de afrescos passaram a gozar de igual prestígio dos pintores de vasos.

Perseu e Andrômeda. Afresco de Pompéia. Museu Nacional de Nápoles. Itália.

Observe que a composição é a mesma do vaso e a narrativa segue o ideal grego, a mitologia.

Porém, Andrômeda passa a expor parte do corpo e o Perseu se mantém fiel ao nudismo do corpo grego, um padrão a ser seguido pelos escultores.

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Pintores notáveis - 1

Polignoto: Considerado o mais importante criador da pintura. Foi primeiro artista a pintar mulheres com roupas transparentes, a cobri-lhes a cabeça com turbantes multicoloridos, boca aberta e com sorriso. (475-447 a.C.)

Zeuxis: pintor da ilusão, do realismo fotográfico (mimese). Pintou uvas tão reais que chegavam a enganar os pássaros. (464-398 a.C.)

Parrásios: Num concurso de pintura, derrotou Zeuxis, pintou uma cortina tão real que impressionou Zeuxis, mandando-o abrir a cortina para ver o seu quadro. (440-380 a. C.)

Polignoto. Hydria. 470-465. a. C –

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Pintores notáveis - 2

Timantes: conseguiu derrotar Parrásios com a obra “o Sacrifício de Ifigênia”.

Agatarcos: foi um pintor que introduziu elementos arquitetônicos e o uso de contrastes de luz para criar a ilusão de perspectiva e volume.

Protógenes: pintor teatral e mais imitativo da natureza.

Pausias: Cena de gênero, natureza-morta e eficaz uso do escorço (quando parte da figura se projeta para fora do quadro – perspectiva).

Polignoto. Hydria. 470-465. a. C.

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Apolodoro: aperfeiçoou a luz e a sombra. O primeiro a descobrir a gradação de cores.

Apeles: talvez o maior pintor da Grécia antiga, autor de um tratado sobre pintura e pintor oficial de Alexandre, o Grande. (352-308 a. C.)

Peiraicos: pintor de coisas banais, seus quadros valiam mais do que qualquer outro pintor.

Serapeão: Só pintou cenários, não conseguia pintar uma pessoa.

Dionísio: só pintou seres humanos, foi apelidado de antropógrafo.

Quíron instruindo Aquiles. Afresco de Pompeia. Museu Nacional de Nápoles. Itália.

Pintores notáveis - 3

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Nicômaco e Aristides: emoção as figuras.

Eufranor e Níkias: tridimensionalidade e volume do corpo.

Timarete: a pintora grega comparável ao estilo de muitos artistas.

Restaram apenas escritos sobre as obras desses artistas.

Quíron instruindo Aquiles. Afresco de Pompéia. Museu Nacional de Nápoles. Itália.

Pintores notáveis - 4

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Com toda a evolução da pintura grega o que restou para a história foi a pintura em cerâmica. Todos esses artistas suas obras desapareceram no tempo, pois a madeira não resistiu, porém suas técnicas foram espalhadas por outras regiões, muitos artistas gregos migraram para Roma, fundaram a cidade de Pompéia, que importava o que existia de melhor da cultura grega.

Era uma praxe copiar as obras dos artistas gregos.

Musa Hospitium dei Sulpicii,Pompeia, Séc. I a. C.

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Penteu (rei de Tebas, assassinado e depois ressuscitado), Casa dos Vettii, Pompeia. Séc. I a. c.

Ao olharmos para a arte romana estamos memorizando a arte grega.

Esse estilo vai exercer profunda influência aos artistas do Renascimento, Séc. XV e Neoclássico Séc. XIX d.C.

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O rompimento com a lei da lateralidade, do uso da perspectiva, da gradação de cores e veladuras (camada transparente de tinta) mudou por completo a forma de representação dos pintores do século V da Grécia antiga e a pintura em cerâmica foi o grande laboratório.

A produção de cerâmica e de painéis na técnica em afresco continuam simultaneamente, e os novos pintores com o mesmo prestígio dos pintores de cerâmica.

Apolo e Artémis matando as crianças de Niobe. 455-450 a.C. Museu do Louvre, Paris.

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Discurso de Aristóteles em relação aos pintores Polignoto, Páuson e Dionísio:

“os poetas imitam homens melhores, piores ou iguais a nós, como fazem os pintores. Polignoto representa os homens superiores; Pauson, inferiores; Dionísio representava-os semelhantes a nós. Ora, é claro que cada uma das imitações referidas contém estas mesmas, diferenças, e que cada uma delas há de variar, na imitação de coisas diversas, desta maneira”.

Teseu recebe o agradecimento do povo, após a morte do Minotauro. Séc. I a. C. Pompeia. Museu Nacional de Nápoles, Itália.

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Enéias e Dido, Casa do Citarista, Pompéia.

Arte e valor moral.

Para alguns filósofos, os jovens não deveriam olhar para os quadros de Pauson, era aconselhável olhar para os obras de Polignoto e dos demais pintores e escultores de caráter nobre.

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Hércules, encontrando o seu filho Télefo, Basílica de Herculano, Pompéia.

Valorização do corpo masculino serve de base para a escultura. Observe como o artista desenha Hércules, como se fosse uma escultura pintada.

O nu masculino parece ser uma regra padrão dos artistas.

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Natureza-morta. Casa de de Julia Felix, Pompéia. Sec. I a. c.

Todo esse acervo só foi possível ser revelado a humanidade em 1599, quando o arquiteto Domenico Fontana abria uma vala para construção de um rio, descobre parte das cidades de Pompéia e Herculano (Roma), soterradas pelo vulcão Vesúvio em 79 d.C.

A cidade desapareceu por todo esse tempo. Como os artistas gregos migraram para vários pontos da Europa, o legado da arte foi preservado.

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Fragmento de paisagem. Vila de Livia, Roma.

Não existia a palavra arte – o que faziam estava relacionado a técnica ou artesania. Porém, eram orgulhosos de suas produções.

A pintura tinha um conceito funcional, oferenda aos deuses, comemorar um evento histórico ou ato heróico e atos de pessoas ilustres.

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Bodas de Zéfiro e Cloris. Casa de Naviglio, Pompéia. Séc. I a. C.

O Renascimento no Século XV d.C. e o Neoclássico do Século XVIII d.C. tiveram como pilares o ideal Greco-romano. O renascer.

Muito dessas pinturas estavam reservadas a privacidade das famílias nobres. Por isso, muitas imagens de caráter íntimo.

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Referencial:

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Criação e autoria:

Gilson Cruz Nunes Especialista em Artes Visuais – UFPB

Professor da Disciplina de Artes das Escolas: Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro – Rede Estadual Pe. Antonino e Lafayete Cavalcante – Rede Municipal. Campina Grande, 02 de julho de 2010. Paraíba - Brasil [email protected]

www.professorgilsonunes.blogspot.com