Artes da política - Amaral Peixoto

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ASPSIA CAMARGO Lucia Hippolito, Maria Celina Soares D 'Arajo, Dora Rocha Flaksman

DILOGO COI

EDITORA NOVA FRONTEIRA

CPDOC/FGV-UFF

2

EDIO

Artes da poltica o presidente Juscelino Kubits chek costumava dizer - e o dizia reiteradas vezes - que o Brasil no sabe o homem pblico que possui em Amaral Peixoto, Posso dar tam bm este testemunho, Quando se tiver que escrever a Histria verdadeira, a histria ocul ta, aquela que no vem para o pros cnio dos acontecimentos, mas que aquela que na verdade promove a tessitura dos fatos, dos aconteci mentos, o nome de V. Ex," vir to na e ocupar lugar de destaque no reconhecimento e na gratido de to dos os brasileiros, No prescindo dos conselhos de V. Ex,", Sempre os recebi no passa do, Quero receb-los no presente, Quando me sentir deles carente, irei a sua casa, como sempre o fiz, para receber do seu senso po'ttico, da sua ponderao, da sua lucidez, a pala vra tranqilizadora, a sua palavra iluminada,Resposta do enador Tancredo te do eves a apar Amaral Peixoto, em seu discur so de despedida do Se nado Federal, pronun

ciado na sesso de IOde maro de 1983,

CoIoiio BrasllSculo 20

ARTES DA POLTICA

ARTES DA POLTICADilogo com Amaral Peixoto

ASPSIA CAMARGOLucia Hippolito Maria Celina Soares D'Arajo Dora Rocha Flaksman

EDITORA NOVA FRONTEIRA

CPDOC/FGV Universidade Federal Fluminense

1986. by Ernani do Amaral Peixoto. Aspsia Camargo, Lucia HippolilO,Maria Celina Soares D'Arajo e Dora Rocha Flaksman Direitos de (.diao da obra em lngua portuguesa adquiridos Ia EDITORA NOVA FRONTEIRA S.A. Rua Bambina. 2S-

80lafol0 - CEP: 22.251 - Te!.: 286-7822

Ender(o telegrfico: NEOFRONT - Telex: 34695 ENFS aR Rio de Janeiro. RJ

UrAHv CAETANO DOS SANfOS FIUIO EUII SON CHAVES C."NTALICE Rl:NATO ROSRIO CARVALHO

Revislo tipogrfica

FOlu lia I:apa Almllmu,l(C'flRintrdu Pf'IIUReproduOcs fOlograricas

Jlio A IcnlQrQ

CIP-Brasil. Calalogalo-na-fonte. Sindic310 Nacional dos Editores de Livros, RJ.

A82S

Artes da politica; dilogo com Ernani do Amaral Peixoto / Aspsia Camargo, Lucia HippolilO, Maria Celina Soares O'Arajo, Dora Rocha Flaksman. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. (Coleto Brasil Sculo 20)

1. Cincia Politica - Brasil- Depoimentos. 2. Peixoto, Ernani do Amarai. I. Camarlo, Aspsia. II. SCrie. CDD-

86-0497

CDD

320.981 32(81)

SUMRIO

Nota de Ernani do Amaral Peixoto, 9 Apreselllao Jos Raymundo Martins Romo, II O poder do dilogo Aspsia Camargo, 13-

Prlogo: Conversas mesa

Conversas entre o pai e o av iniciam o menino na poltica, 28 O jovem educado entre jesutas decide-se pela Escola Naval. 34 Forma-se uma turma de elite que se rene pela vida inteira, 39 .

l.a parte: Como se faz 11m polticoCAPITULO 1: R(voluo ('m famlia.

47

A famnia que conspira unida permanece unida, 49 O governo no deu a anistia que teria evitado a revoluo 54 A revoluo dos tenentes inclua o terrorismo urbano em So Paulo, S8 Com a Aliana Liberal os tenentes ganham um plano de governo, 63 PeJo Brasil, o povo ganha as ruas trazendo o seu apoio a Getlio, 69 A revoluo era muito esperada mas ningum sabia para quando. 75 Os tenenles nomeiam almirantes tomando conta dos ministrios, 77 O Clube 3 de Outubro sustentava tanto Getlio quanto a revoluo, 83 A ao se desdobra entre a Europa, as frentes de guerra e o Catete. 85.

.

CAPTULO 2: As ort/c'ns

de

Vargas. 95

As tramas da poltica nacional envolvem o auxiliar do presidente. 98 O grande erro foi a ausncia de partidos polfticos nacionais, 105 Getlio controlava os generais em guerra uns contra os outros. 1 J3

o futuro deputado termina interventor no estado do Rio, 1 19 Os candidatos presidncia so responsabilizados pelo golpe, 122 Em sigilo, civis e militares ajudam a preparar o golpe, 1 3 1 O presidente anuncia o golpe e vai jantar na embaixada argentina. 1 34 A Marinha perde um tenente e a poltica ganha o comandante, 137

2.Q parle: O che poltico feCAPITULO 3: O ('umandanll' inlerventor,

143

Um passado de gJ6rias termina em uma sucesso de crises. 145 Brigas entre faces se resolvem com a nomeao de um ter/ius, ISO Com habilidade o novo interventor se infiltra na poltica fluminense. 154 Em meio pobreza e desordem organiza-se o poder pblico, 163 O grande de afio do governo foi a organizao da produo, 172 Petrleo e siderurgia mobilizam a nova administrao fluminense, 178 Entre despachos no Catete o interventor pede a mo de Alzira, 182 O interventor vence desconfianas e lana suas bases no estado 188CAPTULO 4:

O illft'rVi''''or ('m guerra, 193

O golpe integralista revela a fragilidade do governo, 195 Getlio e os militares impedem a formao de partidos poHticos, 202 A autonomia dos interventores dependia da confiana de Getlio, 205 O apoio aos Aliados chega junto com Volta Redonda. 209 O Brasil entra na guerra sem a conscincia da guerra, 2 1 3 O decidido combate quinta-coluna absorve o interventor fluminense. 2 1 7 A guerra gera a insegurana que enfraquece a ditadura, 220 Os militares e os Estados Unidos afastam o ditador popular. 225

CApfTULO ,:

A "0110

do comandante.

23 1

O poUtito enganado pelo presidente que ajudou a eleger, 233 As umas consagram o comandante que regressa com o apoio do povo, 240 Presses panidrias dificultam a escolha do secretariado. 245 A nova administrao continua a obra anteriormente iniciada, 250 Canrios. loteria e jogo do bicho ocupam a ateno do governador, 255CAPTULO 6: Amaral e o amoralismo,

261

Uma sucesso intranqila inicia a crise do pessedismo fluminense, 263 NovaS lideranas emergem com Tenrio e Robeno da Silveira, 269

o comandante protege seu estado dos desmandos da Revoluo de 64, 275 O segredo do sucesso residiu no cantata pessoaJ com as lideranas. 279

3.a parle: Presideflle do PSD

CAPITULO 7: Os partidus

(! D

red(>moera/izao.

287

Criam-se os partidos nacionais em luta por sua identidade. 289 Me mo adversrios, PSD e UDN colaboram durante a Constituinte. 297 O deputado vota contra, mas o PSD apia a cassao dos comunistas, 304 Outra tenta mas no consegue controlar a sucesso e os partidos, 308 Os candidatos se diluem entre o poder de Getlio e de Outra. 3 1 3 O PSD enfraquecido se divide entre Cristiano e Getlio, 3 1 8 A incompetncia dos partidos reacende o carisma de Vargas. 322CAPITULO 8: O re/orno de Vllrgas.

329

o ministrio da experincia aproveita quadros pessedistas, 33 1 Getlio reforma o ministrio chamando os auxiliares de 30, 336 O PTB elege Getlio mas recebe apenas o Ministrio do Trabalho, 340 Os militares mudam de mentalidade e preparam-se para intervir na poltica, 346 Uma raposa poltica tenta aproximar o PSD e o presidente, 3 5 1 Grandes interesses contrariados aumentam a instabilidade do governo. 353 O emprstimo /lima Hora converte-se em estopim da crise, 358 O medo do peronismo ronda os liberais e a oposio. 360 A conspirao contra o governo se inicia ainda antes da posse. 365 O contra-ataque getulista resulta em atentado e morte. 368 O presidente enfrenta a conspirao com a serenidade que uJmina em tragdia, 372 Populismo. rigor e autoridade moldaram o estilo do estadista, 379

CAPiTULO 9:

O pllflido

110

podl'r.

387

A candidatura Juscelino desencadeia resistncias dentro e fora do partido. 389 A campanha eleitoral exigiu habilidade. perseverana e ousadia. 394 O 1 1 de novembro foi a ltima tentativa para impedir a posse, 401 O refgio em Washington cria inesperadas funes polticas. 407 A Operao Pan-Americana resultou da ingenuidade do presidente e do poeta, 4 1 4 O caf. o trigo e o FMI ocupam nosso embaixador em Washington. 4 1 7 A longa ausncia do chefe enfraquece o PSD nas eleies de 60, 422 O candidato natural alijado peJas divises dentro de seu partido, 427-

CAPTULO 10:

A la/hrda

dos partidus.

435

o fracasso dos panidos acabou na desastrosa renncia de Jnio, 437 Os militares tomam o poder e os partidos contra-atacam. 444 O gabinete Tancredo Neves solapado pelo casufsmo de seu partido. 448 O PSD se separa de Jango aps longa e dificiJ convivncia, 454 O PSD rompe com o governo abrindo caminho para o golpe, 459 Pessedis18s tentam at o fim controlar a sucesso de Jaogo. 463 Os militares hostilizam o polticos e ocupam os postos de governo. 468 Castelo entende-se com o PSD mas acaba cassando Juscelino. 474 Apesar da colaborao. a ira militar se abate sobre os pessedislas. 477 A arrogncia militar acaba reconciliando velhos inimigos. 480 O grande mal da Revoluo de 64 foi extinguir os partidos polticos, 487

4. a parte; Do PSD ao PDSCAPITULO 11: O St'lIlu/or dll opositio.

493

Ir para o MDB foi um gesto de protesto em defesa da poltica, 495 A luta contra a fuso ocupa o senador do estado do Rio, 502 Chagas Freitas props um acordo certo de que no ia cumpri-lo, S06 Dentro do MDB, Chagas colabora com a represso e a ditadura. 5 1 0 A mquina chaguista foi eficaz apesar dos defeitos do lder, 5 1 4 A falta de alternativas obriga o senador a ingressar no PDS. 5 1 7CAPITULO 12, O PSD "" PDS.

523

A abertura exige uma Constituinte e partidos criados de baixo para cima, 525 O velho lder monta outro partido e a poltica continua em famnia, 530 A falta de conduo poltica levou ao caos a sucesso de Figueiredo, 537

Eplogo; COI/versas sem fim

A crise no partido do governo muda os rumos da sucesso de 85 , 545 A bu ca do consenso mobiliza o velho senador at o fim, 550 InabiJidade e incompetncia marcam o fina] do regime. 555 O senador se omite entre o PDS de MaJuf e o PSD de Tancredo. 559 Decises dramticas asseguram a mudana pacfica do regime, 563 O ruturo depender do partidn. do Congresso e dos polticos. 566

INDICE ONOMSTICO.

575

Amaral Peixoto durante a ellfrevisto (10. 7.84)

A maral Peixoto chegando

li

NOI'lI York com A lzira em IlIa-ele-mel (julho de /9J9;

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