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Em Santiago de Compostela, en-contra-se o Túmulo de Santiago “o Maior”. Ele era um dos 12 Apóstolos de Jesus Cristo e a

razão de inúmeras peregrinações prove-nientes de toda a Europa. Independen-temente dos motivos religiosos e cultu-rais que têm vindo a mover um denso e secular fluxo de pessoas por esta árdua caminhada, os caminhos de Santiago encontram-se repletos de subidas infin-dáveis, descidas aparatosas e trilhos povoados pelas mais belas paisagens rurais que possamos encontrar em terras luso-galaicas. Junte um grupo de aman-tes de btt e parta para a verdadeira aventura. E lembre-se: o espírito de equi-pa determina a performance.

Antes de partir: atleta e bicicleta em boa formaAntes de iniciar esta “cruzada” em btt, há que ter em atenção alguns factores cruciais ao seu sucesso, nomeadamente: forma física, alimentação, preparação da bicicleta e a planificação do itinerário a seguir.No que concerne à preparação física, Marco Fidalgo (www.marcofidalgo.com), atleta internacional de btt (nas vertentes de down hill, free ride, 4X e mini MX) e imagem da marca BERG Cycle (www.sportzone.pt), refere que a diversi-dade do percurso aliada aos diferentes níveis de dificuldade carece de uma adaptação prévia (um mês pelo menos) em caminhos e zonas de piso irregular. Deve-se treinar um pouco cada dia e aumentar gradualmente as distâncias e o nível de dificuldade.Para além disso, há que ter em mente vários aspectos que importam treinar: rotatividade dos músculos inferiores, quantidade de quilómetros percorridos, sprints, endurance e resistência. A preparação da bicicleta não deverá ser descurada nesta aventura. Apesar de exis-tirem oficinas de bicicletas em vários pontos do percurso, é aconselhável efectuar uma revisão geral para prevenir complicações que possam ocorrer e atrasar a realização do itinerário planea-do. É fundamental não deixar nenhum equipamento por experimentar antes de partir – tanto materiais como indumentá-ria – e dispor de alguns conhecimentos básicos da mecânica da bicicleta. Se possível, é aconselhável a presença de

Os Caminhos de Santiago de Compostela são uma das mais importantes marcas de identidade da cultura europeia. A Performance foi à descoberta dos caminhos portugueses por trajectos antigos que cruzam bosques, aldeias, vilas e cidades históricas. Do Porto a Santiago de Compostela: uma excelente proposta de passeio em BTT!

Pelos Caminhos

de Santiago Em BTTTexto > Paulo Canas*

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um carro de apoio para o caso de ser uma equipa de dimensões consideráveis.

Peregrino em btt: obtenha a credencial Para fazer este percurso pelos Caminhos de Santiago, o primeiro passo será obter a credencial de peregrino. Este documen-to permite o acesso aos albergues de peregrinos que oferecem a hospitalidade durante o caminho e também o acesso à “Compostela” (certificação da peregrina-ção) na Oficina do Peregrino em Santia-go de Compostela.

I. Porto a Barcelos 50kmSe optar por programar a sua pere-grinação em btt a partir do Porto, o seu início deverá ser, sem dúvida, a Sé Cate-dral. Provavelmente será o percurso que mais quilómetros de estrada terá e com tráfego muito intenso.Seguindo as setas amarelas que se encon-tram pelo mobiliário urbano, paredes e calçada, não pode perder a Torre dos Clérigos, o último ex-líbris da cidade in-victa, e a rua da Cedofeita, a principal artéria comercial do Porto.Após percorrer a cidade da Maia, o cenário rural começa a sobrepor-se ao agitado cenário urbano e a actividade agrícola demarca a paisagem até à chega-da à vila de Vilarinho. Pouco depois, passará por uma ponte medieval sobre o Rio Ave e por extensas propriedades agrícolas onde o verde é a cor preponde-rante. Na chegada a Barcelos, o Rio Cávado é a porta de entrada para esta cidade marcada pelo célebre milagre do galo.

II Barcelos a Valença 68km Este troço da rota é o mais complicado e possui um elevado grau de dificuldade. Repleto de subidas impossíveis de percor-rer em btt e descidas cheias de adrenali-na, este caminho prima pelas suas paisa-gens bucólicas merecedoras de algumas fotografias memoráveis.A partir de Barcelos a estrada transmuta-

Hidratação: beba a melhor soluçãoO desempenho desejado depende não só da forma física como também de uma correcta ingestão de alimen-tos e de uma hidratação constante. A desidratação pode afectar o desempe-nho físico.Paula Cristino, nutricionista do Club Clínica das Conchas (www.clinicadasconchas.pt), adverte para o facto de a ingestão de alimentos líquidos na bicicleta ser facilitada, sendo as bebidas isotónicas a melhor opção: permitem repor sódio, potássio e sais minerais perdidos no suor. A ingestão de líquidos após cada etapa realizada deve ser equivalente a 150% do peso perdido: a perda de 1 kg implica a ingestão de 1,5 l de líquidos.

se em velhos caminhos rurais que nos conduzem ao magnífico Vale Lima num percurso fantástico. Depois de percorrer a Facha, a Seara e a Correlhã, entrará em Ponte de Lima pela Av. dos Plátanos sempre junto ao Rio.Saindo desta última cidade e atravessan-do uma ponte gótico-romana de 25 ar-cos, mergulhará em trilhos enlameados e outros tantos salpicados de olivais e vinhedos que circundam algumas quin-tas. A partir deste ponto são requisitadas todas as energias possíveis necessárias à prossecução do caminho.Posto isto, começamos a avistar a Serra da Labruja bafejada com um manto de arvoredo onde se escondem os dois quilómetros mais extenuantes. Portanto, terá de carregar a sua bicicleta às costas pelo que o ponto de viragem para esta árdua subida está localizado na Capela da N. Sr.ª das Neves. A meio da encosta poderá encontrar novo fôlego junto à Cruz dos Franceses

que assinala o local onde os retardatários do Exército de Napoleão foram embosca-dos pela população, na invasão de 1809. Mais tarde, entrará na bacia do Rio Mi-nho pelo Vale do Coura onde a jornada até Valença será dificultada pelo cansaço acumulado.

III. Valença a Caldas de Reis 73 kmPortugal fica para trás e com ele os trilhos mais complicados desta rota. Atra-vessando a ponte metálica até Tui, en-contra a Catedral de Santa María de Tui onde pode carimbar o seu passaporte. O caminho continua pela estrada N-550, sempre paralela ao caminho, e que servirá de guia até Santiago de Compos-

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Partida Chegada km

1 Porto Vilarinho 25 km

2 Vilarinho S. Pedro de Rates 12 km

3 S Pedro de Rates Barcelos 14 km

4 Barcelos Ponte de Lima 30 km

5 Ponte de Lima Rubiães 19 km

6 Rubiães Valença 19 km

7 Valença/ Tuy Redondela 2 + 29 km

8 Redondela Pontevedra 18 km

9 Pontevedra Caldas de Reis 24 km

10 Caldas de Reis Padron 16 km

11 Padron Santiago 22 km

Volta: Etapas do Porto a Santiago

Grau de Dificuldade: MédioAltura Ideal: Primavera e OutonoFonte: Associação Espaços Jacobeus (AEJ) www.jacobeus.web.pt

tela. Após vislumbrar uma magnífica panorâmica sobre a Ria de Vigo é altura de acertar rumo até Redondela onde nos deparamos com a primeira origem do Caminho Português – Igreja românica de Santiago. Até Pontevedra terá oportunidade de percorrer uma das partes mais bonitas do Caminho. Atravessando o Rio Ullo e um cenário montanhoso exuberante, avizinham-se campos, vinhas e pomares. Já em Pontevedra não deixe de visitar a Basílica de Santa Maria “a Grande”.De Pontevedra até Caldas de Reis são 24 km com um grau de

Equipamento básico para o ciclista Calçado de bicicleta de montanha ou ténis de sola dura

Luvas Capacete Óculos de sol Impermeável Estojo de ferramentas Camel Bag (mochila com depósito de água)

T-Shirt e calções adequados à prática de BTT

Câmara-de-ar Bomba microscópica Kit de remendos Protector solar

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Viagem sem percalçosDicas de Marco Fidalgo Para este percurso, utilize um pneu misto 1.9 no máximo 2.2;

A altura do selim deverá estar correctamente ajustada para evitar lesões nos joelhos e tendões. Coloque-se em pé, ao lado da bicicleta, o selim deverá estar ao nível da sua cintura;

Na bicicleta, os braços não devem estar esticados mas ligeiramente flectidos. Nas descidas com pedras soltas, esta dica é crucial;

A posição em cima da bicicleta é sustida pelos antebraços e tricípites e pela zona lombar, que sustenta o tronco. Portanto, as costas não devem estar demasiado baixas para não forçar a zona lombar.

dificuldade normal onde passará nova-mente por alguns troços enlameados até à cidade termal de destino.

IV. Caldas de Reis a Santiago de Compostela 38 kmMais uma distância a percorrer sem gran-des complicações e com quadros seduto-res. Prados e bosques antecedem a entra-da novamente na estrada N-550 que se estende até à Igreja de St.ª Maria de Carracedo.Mais uma vez a natureza ostenta orna-mentos de difícil comparação e que nos guiam até Padrón.Este destino encerra em si o Convento do Carmo e o padrão onde foi amarrada a barca de Santiago e que deu nome a esta cidade.A jornada de Padrón a Santiago é relativamente curta. Até lá existem dois pontos de grande interesse que não deve-rá perder: Colegiade de Santa Maria de Iria Flavia e o magnífico Santuário da Nosa Señora da Escravitute.

Contactos ÚteisObtenção da Credencial de PeregrinoCentro de Estudos JacobeusSecretariado: S.A.O.M – Rua das Virtudes, 11 – 4050-630 PortoTelef.: 22 200 24 24

Albergues e Informações Gerais Centro de Estudos Galegos – Universidade Nova de Lisboa http://ceg.fcsh.unl.pt/Amigos del Camino Portugués a Santiago http://caminoportugues.iespana.es/caminoportugues/Associação dos Amigos do Caminho de Santiago do Norte de Portugal http://www.caminhoportugues.web.ptAssociação dos Amigos do Caminho Português de Santiago http://www.caminhoportuguesdesantiago.com/PT/Caminho de Santiago de Compostela – O Portal Peregrinohttp://www.caminhodesantiago.com

Abasteça-se: pedalar com barras energéticas As refeições antes da viagem devem ser ricas em hidratos de carbono (8 a 10g/kg de peso) tais como: cereais, pão de mistura, fruta, massa e batata. E deverão ser realizadas 2 a 3 horas antes, de modo a evitar algum desconforto gástrico. Ao pequeno-almoço, aconselha-se pão de mistura, cereais, fruta com teor moderado de fibras (banana). Já durante o percurso, sandes com doces de fruta e barras energéticas são boas opções.O jantar, recomenda-se que seja rico em hidratos de carbono, pobre em gordura e moderado em proteínas: massas, cereais e batata.

Pouco tempo depois estará a pedalar pelos entrelaçados medievais característi-cos do estreito labirinto que o guiarão até à praça do Obradoiro e, finalmente, à Catedral de Santiago de Compostela.Decerto no final desta prova de fogo à sua forma física, nada é mais merecido do que um bom descanso. Mas se ainda tiver “pedalada”, aproveite a noite de Santia-go pois é considerada como uma das mais bombásticas da província da Galiza.

Dica btt Se a sua Camel Bag ainda tiver

algum espaço livre. Ligue o seu leitor de MP3 a umas colunas portáteis que pode colocar na parte exterior

da sua mochila (presa aos elásticos que existem na maior parte das

mochilas) e terá animação imediata. Lembre-se de reduzir o volume ou mesmo desligar o aparato musical quando passa em locais religiosos.

Agradecimentos:Sport Zone, Berg Cycle, Marco Fidalgo, Centro de Estudos Jacobeus e Club Clínica das Conchas

*paulo.canas@kanguru.pt