Artigo caderno pedagógico tics novo

14
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL- UFRGS CURSO: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ACESSÍVEL ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATRÁVES DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS ACESSÍVEIS Professor cursista: Gilcélia Gonçalves Batista Formador: Berenice Moresco Tutores: Aline Cardoso, Denice Menegais e Marinês Cendron RESUMO Este projeto tem como objetivo apresentar um relato de experiência vivenciado na regência de classe de atendimento especializado a alunos com necessidades especiais principalmente a deficiência intelectual no contra turno, onde são aplicados conteúdos de forma individualizada que atenda suas limitações e os estimule no desenvolvimento de suas aprendizagens, para isso foram utilizados recursos tecnológicos como o mouse adaptado mouse key e teclado virtual (para o aluno que tem as mãos atrofiadas), carta e texto enigmáticos, história coletiva para todos os alunos especiais inclusive esse que tem as mãos atrofiadas, porém utilizando os recursos adaptados para ele, oportunizando assim o acesso de todos a esses recursos para que de fato ocorra a inclusão digital a esses alunos muitas vezes excluídos desses recursos pela falta de Recursos Tecnológicos acessíveis e adaptados a suas limitações. Palavras-Chaves: Inclusão Digital. Deficiência Intelectual. Recursos Tecnológicos Acessíveis e Adaptados. 1. INTRODUÇÃO

Transcript of Artigo caderno pedagógico tics novo

Page 1: Artigo caderno pedagógico tics novo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL- UFRGSCURSO: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ACESSÍVEL

ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATRÁVES DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS

ACESSÍVEIS

Professor cursista: Gilcélia Gonçalves Batista

Formador: Berenice Moresco

Tutores: Aline Cardoso, Denice Menegais e Marinês Cendron

RESUMO

Este projeto tem como objetivo apresentar um relato de experiência vivenciado na regência de classe de atendimento especializado a alunos com necessidades especiais principalmente a deficiência intelectual no contra turno, onde são aplicados conteúdos de forma individualizada que atenda suas limitações e os estimule no desenvolvimento de suas aprendizagens, para isso foram utilizados recursos tecnológicos como o mouse adaptado mouse key e teclado virtual (para o aluno que tem as mãos atrofiadas), carta e texto enigmáticos, história coletiva para todos os alunos especiais inclusive esse que tem as mãos atrofiadas, porém utilizando os recursos adaptados para ele, oportunizando assim o acesso de todos a esses recursos para que de fato ocorra a inclusão digital a esses alunos muitas vezes excluídos desses recursos pela falta de Recursos Tecnológicos acessíveis e adaptados a suas limitações.

Palavras-Chaves: Inclusão Digital. Deficiência Intelectual. Recursos Tecnológicos Acessíveis e Adaptados.

1. INTRODUÇÃO

Com muita rapidez a tecnologia e os meios de comunicação estão sendo cada vez

mais utilizados pela população e dentro dessa perspectiva podemos como docentes

nos valer dessa ferramenta para incluir nossos alunos com limitações no que tange

a deficiência intelectual na era digital e com isso motivar uma aprendizagem real e

inclusiva. Compreendemos que cada vez mais a globalização tem sido um

fenômeno em todo o mundo e nasce daí a necessidade de que a informação seja

transmitida cada vez mais rápida e atualizada. Assim sendo a inclusão dos alunos

Page 2: Artigo caderno pedagógico tics novo

com necessidades se faz urgente para que os mesmos se sintam integrantes dessa

sociedade informatizada.

Por isso esse relato se faz necessário para fomentar que a escola é o local mais

propicio para que haja essa inclusão, sendo que a escola ofereça um ambiente

equipado com recursos tecnológicos adaptados beneficiando assim que os alunos

utilizem esses recursos promovendo um avanço no seu desenvolvimento cognitivo,

social e cultural, pois por meio da informática onde as informações e recursos são

mais motivadores e criativos o desenvolvimento intelectual desses alunos podem ser

ampliados e elevados, porem deve-se ressaltar que para que haja um verdadeiro

desenvolvimento se faz necessário profissionais especializados para realizar tal

atendimento nas salas de recurso educacional especializado.

Para tanto todo o processo utilizado pela minha prática pedagógica visa

desenvolver, fundamentalmente, atividades para a apropriação da leitura e da

escrita com os alunos com necessidades educativas especiais. È imprescindível

destacar que se para os alunos ditos “normais” a informática é uma utopia na

maioria das escola públicas, imagine como é vista pelos alunos com necessidades,

por tal motivo este artigo se baseia que todos têm direito aos recursos tecnológicos,

mesmo com suas limitações físicas ou cognitivas, apesar das diferentes formas e

tempos para utilização desses recursos, os alunos com necessidades buscam se

desenvolver como qualquer outro aluno.

Faz-se necessário e urgente que a escola e a sociedade, as quais precisam

enfrentar as dificuldades em lidar com o diferente e com aquilo que se afasta dos

padrões estabelecidos como normais, que olhem para os alunos com limitações

como pessoas que precisam ser estimuladas e que podem ser produtivas,

valorizadas pela sua capacidade individual dentro do seu tempo de aprendizagem.

2. OBJETIVOS

Relatar uma experiência do atendimento educacional especializado através da sala

de recursos com recursos tecnológicos acessíveis e adaptados.

Page 3: Artigo caderno pedagógico tics novo

2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Definir conceitos relacionados à Educação Especial, Inclusão Escolar e a

utilização de recursos tecnológicos;

Analisar como se dá o atendimento educacional especializado no processo de

inclusão digital;

Valorizar a educação inclusiva e digital como forma de se alcançar uma

educação de qualidade para todos;

Motivar uma aprendizagem cognitiva real através da inclusão tecnológica.

3. MÉTODO E MATERIAIS

Deste modo, a pesquisa apresenta-se exploratória, em um primeiro momento, a

partir do instante que se deseja explicitar a natureza do problema formulado que é

analisar o processo de inclusão.

Quando o tema é inclusão, logo nos lembramos das leis vigentes a essa temática no

Brasil, que defendem os direitos adquiridos da pessoa com necessidades especiais.

Mas muitas vezes o que ocorre é apenas a integração dessas pessoas no sistema

educacional, mas a verdadeira inclusão que resguarda seus direitos não é

respeitada. Nessa problemática tão presente dentro da escola poderíamos analisar

qual tem sido a ação de inclusão da escola?

Dentro desse contexto podemos utilizar a fala de Cavalcante (2005) que assim diz:

Por falta de informação ou mesmo omissão de pais, de educadores e do poder público, milhares de crianças ainda vivem escondidas dentro de suas casas ou isoladas em instituições especializadas, situação que priva as crianças com ou sem deficiência de conviver com a diversidade. (CAVALCANTE, 2005 P.40)

A pesquisa objetivou também explicitar as múltiplas conceituações de inclusão e

integração, finalidades, práticas inclusivas em relação aos alunos com Necessidades

Educacionais Especiais (NEE) quanto ao uso dos recursos tecnológicos. A questão

da inclusão escolar digital vem sendo um tema fortemente focado pelas políticas

Page 4: Artigo caderno pedagógico tics novo

governamentais do Ministério da Educação.

A inclusão escolar, entendida em seu sentido mais amplo, é o conjunto de ações

realizadas em todos os níveis e por todos os segmentos da escola, que buscam dar

oportunidade aos alunos para que vivenciem as mais variadas formas e chances de

garantia de sucesso. Muitos estudiosos tentaram chegar à essência da prática

inclusiva. Alguns descreveram sua visão de inclusão, mas hoje em dia, a maioria,

considera que a inclusão seja uma jornada sem fim. Algumas escolas são bem

equipadas para a jornada, outras, em sua maioria, possuem uma bagagem

inadequada que precisa ser adaptada. A escola deve ser preparada para o processo

da inclusão.

Acredito que um trabalho bem direcionado, com objetivos claros e definidos,

seguidos com orientações sobre cada limitação do aluno, possa ajudar este aluno a

vencer certos desafios que serão de importância fundamental para sua inserção na

sociedade.

A proposta da inclusão é oferecer uma educação de qualidade para todos,

promovendo a convivência e valorização da diversidade, assim como as diferenças

e as necessidades de aprendizagem das crianças com necessidades.

A inclusão depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo

paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem

receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e

comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em

conta as diferenças.

A sala de recursos na qual foi utilizada para realização dessa pesquisa para o relato

de experiência conta com 08 alunos conforme tabela abaixo:

ALUNO IDADE DEFICIÊNCIA ESCOLARIDADE

Aluna L. 15 (paralisia cerebral) 1º Ensino médio

Aluno V. 40 Síndrome de Down 1º Ensino Médio

Page 5: Artigo caderno pedagógico tics novo

Aluno E. 14 Síndrome de

Williams

8º Ano Ensino

Fundamental

Aluno B. 14 DI 8º Ano E.F.

Aluna C. 18 DI 8º Ano E.F.

Aluna T. 14 DI 8º Ano E.F.

Aluna I. 13 DI 6º Ano E.F.

Aluno M. 14 DI 6º Ano E.F

Tabela 01: Listagem de alunos da sala de recursos

Dos 08 alunos atendidos na sala de recursos, 100% dos alunos eram incluídos em

classe regular na própria Unidade Escolar. O atendimento educacional especializado

funciona de acordo com as normas da Secretaria de Educação Especial / MEC que

diz que pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos que

apresentem necessidades educacionais especiais, em horário diferente daquele em

que frequentam a classe comum.

Em pesquisa realizada pelo Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos

da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo chegou-se aos números que

em 31% das escolas, o uso de computadores faz parte dos projetos de inclusão,

sendo que os alunos com deficiência costumam compartilhar os computadores com

outras crianças (20%) ou usar junto com o professor (12%). O gráfico abaixo mostra

a porcentagem de alunos com necessidades educacionais especiais que utilizam os

recursos tecnológicos.

Page 6: Artigo caderno pedagógico tics novo

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiência

Gráfico 01. Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiências. Fonte:http://www.fvc.org.br/estudos-e-

pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso-computadores.shtml?page=3. Acesso em 01/03/2014.

Assim sendo percebo que como educadora mostrar aos meus alunos e incluí-los nesse

mundo digital, onde se percebe claramente o fascínio que eles têm sobre tais ferramentas

tecnológicas. A tecnologia foi o teclado virtual livre com um mouse adaptado, que

permite pessoas com limitações motoras digitarem textos usando apenas o mouse.

Foto 01: Aluno Lucas Utilizando o mouse adaptado e realizando suas atividades com mouse key. (Aluno com diagnóstico de paralisia cerebral e apresenta os movimentos atrofiados)

O aluno não sentiu dificuldades no manuseio do computador, pois já faz uso

contínuo do aparelho e gosta muito de ficar conectado, porém seus movimentos

estão atrofiados, por isso quase não aguenta ficar digitando. Apresenta vontade de

Page 7: Artigo caderno pedagógico tics novo

ficar manuseando o mouse. Como forma de auxiliá-lo até o lápis e tesoura que ele

utiliza na sala de aula são adaptados.

Foto 02: O aluno Lucas Utilizando o teclado virtual e mouse adaptado para realização das tarefas no contra turno.

Sobre a atividade, levou certo tempo para realizá-la, pois é um pouco complicado

para quem não conhece essa tecnologia. Às vezes ele clicava em teclas erradas

sem querer e tinha que apagar a palavra, demorando um pouco para terminar a

digitação. Portanto o resultado foi muito satisfatório.

Na atividade da carta enigmática houve de início, dificuldade por parte do aluno, em

compreender o objetivo da atividade por ele não ser alfabetizado, o foi sendo

superada ao conseguir relacionar as imagens à ideia a ser transmitida.

Foto 03: O aluno Valtair (Sindrome down) fazendo palavras enigmáticas.

Page 8: Artigo caderno pedagógico tics novo

A proposta pôde ser considerada positiva, pois o aluno compreendeu facilmente a

manipulação do Paint (corta e colar), podendo considerar sua interpretação de

imagem sendo construída gradativamente e, sobretudo ampliou as possibilidades do

aluno de comunicar-se através dos PECs, que ao serem formatados e organizados

pode transmitir a ideia que o mesmo demanda ser transmitidos.

A atividade foi desenvolvida durante três aulas de informática disponibilizadas na

grade curricular do ensino regular no qual o aluno está inserido.

Foram desenvolvidos conceitos relacionados à alfabetização, formas geométricas,

sentimentos, expressividade, comunicação, coordenação motora, domínio da

tecnologia.

Foto 03: Aluno Lucas ensinando Valtair utilizar o mouse key.

Quanto ao uso do Mouse Key, o que mais me chamou a atenção nessa tecnologia

utilizada foi a possibilidade de escrever executando o mínimo de movimentos e

permitindo às pessoas que suas limitações físicas não a impeçam de participar do

mundo virtual, de registrar suas impressões, suas ideias e principalmente sejam

independentes.

Page 9: Artigo caderno pedagógico tics novo

Foto 04: Professora auxiliando o aluno na utilização do mouse Key.

Esse software permite uma maior fluidez do raciocínio, pois além de trazer as

famílias silábicas, também tem a opção focalizar que com um simples

posicionamento da seta do mouse sobre a letra ou sílaba em instantes o símbolo

aparece digitado.

Foto 4: Aluno Eliscleiton deficiente intelectual realizando pesquisa para feira de ciências.

CONCLUSÕES: Estes resultados mostram que existe infraestrutura na maioria das

escolas que possibilita fazer uso pedagógico dos computadores com alunos. 

Page 10: Artigo caderno pedagógico tics novo

4. RESULTADOS

Após toda a realização das atividades realizadas com os recursos tecnológicos

adaptados as suas limitações pode-se verificar que os alunos demonstraram mais

interesados em participar das atividades propostas em sala, melhorou e ampliou-se

a aprendizagem na leitura e na escrita e principalmente na atenção e concentração.

Se sentiram mais valorizados e produtivos e isso elevou a auto-estima. Foi possível

constatar que o trabalho com atividades diversificadas e metodologias diferenciadas

para ministrar as aulas com recursos digitais atenderam as reais necessidades dos

alunos especiais.

5. CONCLUSÕES

A inclusão é antes de tudo, uma busca por uma educação de qualidade para todos,

que enriquece todos os envolvidos no processo educativo: alunos, professores,

escola, pais e sociedade. Podemos concluir afirmando que o computador é um

mecanismo interativo, dotado de informações. Com o computador, o aluno é capaz

de acessar várias informações e, ao mesmo tempo, analisá-las e questioná-las, em

um processo de construção do conhecimento. Uma das situações que presencio no

meu cotidiano como professora é que a inclusão dos alunos portadores de

Necessidades Especiais Educacionais (NEE) na escola está acontecendo de forma

gradual, vencendo desafios e que a disciplina de Artes é vista como importante

aliada para os alunos com estas características.

6. REFERENCIAS

CAVALCANTE, M. A escola que é de todas as crianças. Nova Escola. São Paulo: Editora Abril. N. 82, P.40-45, 2005.

Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiencias.http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso computadores.shtml?page=3. Acesso em 01/03/2014.