Artigo - Destinação Fraldas Descartáveis - Gisele Corrigido

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O SURGIMENTO DA FRALDA DESCATÁVEL COMO RESÍDUO SÓLIDO DOMICILIAR E SUAS POSSÍVEIS DESTINAÇÕES FINAIS AMBIENTALMENTE ADEQUADAS 1 Taborda Gisele 2 Kendrick, Eva 3 RESUMO O objetivo deste artigo é abordar algumas destinações finais possíveis para os resíduos sólidos urbanos gerados nos municípios brasileiros levando-se em consideração a destinação destes para plantas com licenciamento ambiental e a obtenção de seu aproveitamento por meio de adoção de um sistema de tratamento. A relevância deste tema é grande quando se trata de um país como o Brasil onde aproximadamente 53 % dos resíduos gerados são encaminhados a lixões onde permanecem até sua total degradação, as potenciais áreas viáveis para implantação de um aterro sanitário são cada vez mais escassas, distantes do centro gerador de resíduos. Para escolha dos tipos de tratamento que vão compor o sistema de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos faz-se necessário analisar a quantidade e composição dos resíduos, bem como conhecer os diversos tipos de tratamentos existentes e as comprovações de sua eficiência, entre outros itens, que como foi visto, no caso das fraldas descartáveis torna-se inviável, tanto por questões econômicas quanto sociais. O que se pode concluir, contudo, é que a preservação dos recursos naturais, associadas aos novos desafios de geração de energia e as necessidades humanas, torna imprescindível que a questão ambiental deva ser repensada em nível governamental e da sociedade civil, pois é do conhecimento que os recursos naturais são finitos. Palavras-chave: Coleta seletiva, aterro sanitário, composição gravimétrica 1 Texto produzido sob a orientação da professora Msc. Ana Tereza B. Guimarães como requisito para avaliação do Curso de Especialização em Gestão Ambiental Urbana da Faculdade Spei. 2 Pós-graduanda do curso de Emergências Ambientais da Pontifícia Universidade Católica. 3 Pós-graduanda do curso de Emergências Ambientais da Pontifícia Universidade Católica.

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O DESCARTE DE FRALDAS DESCARTVEIS E SUAS POSSVEIS DESTINAES

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O SURGIMENTO DA FRALDA DESCATVEL COMO RESDUO SLIDO DOMICILIAR E SUAS POSSVEIS DESTINAES FINAIS AMBIENTALMENTE ADEQUADAS [footnoteRef:1] [1: Texto produzido sob a orientao da professora Msc. Ana Tereza B. Guimares como requisito para avaliao do Curso de Especializao em Gesto Ambiental Urbana da Faculdade Spei.]

Taborda Gisele[footnoteRef:2] [2: Ps-graduanda do curso de Emergncias Ambientais da Pontifcia Universidade Catlica.]

Kendrick, Eva[footnoteRef:3] [3: Ps-graduanda do curso de Emergncias Ambientais da Pontifcia Universidade Catlica.]

RESUMO

O objetivo deste artigo abordar algumas destinaes finais possveis para os resduos slidos urbanos gerados nos municpios brasileiros levando-se em considerao a destinao destes para plantas com licenciamento ambiental e a obteno de seu aproveitamento por meio de adoo de um sistema de tratamento. A relevncia deste tema grande quando se trata de um pas como o Brasil onde aproximadamente 53 % dos resduos gerados so encaminhados a lixes onde permanecem at sua total degradao, as potenciais reas viveis para implantao de um aterro sanitrio so cada vez mais escassas, distantes do centro gerador de resduos. Para escolha dos tipos de tratamento que vo compor o sistema de tratamento e destinao final dos resduos slidos urbanos faz-se necessrio analisar a quantidade e composio dos resduos, bem como conhecer os diversos tipos de tratamentos existentes e as comprovaes de sua eficincia, entre outros itens, que como foi visto, no caso das fraldas descartveis torna-se invivel, tanto por questes econmicas quanto sociais. O que se pode concluir, contudo, que a preservao dos recursos naturais, associadas aos novos desafios de gerao de energia e as necessidades humanas, torna imprescindvel que a questo ambiental deva ser repensada em nvel governamental e da sociedade civil, pois do conhecimento que os recursos naturais so finitos.

Palavras-chave: Coleta seletiva, aterro sanitrio, composio gravimtrica

ABSTRACTThe aim of this paper is to address some possible final destinations for municipal solid waste generated in Brazilian municipalities taking into account the allocation of these plants for environmental licensing and obtaining their use through adoption of a treatment system. The relevance of this theme is great when it comes to a country like Brazil, where approximately 53% of waste generated are sent to landfills where they remain until their complete degradation, potential areas for deployment of a viable landfill are becoming increasingly scarce, distant the center to produce waste. To select the types of treatment that will compose the system of treatment and disposal of municipal solid waste is necessary to analyze the quantity and composition of waste as well as learn about the various types of existing treatments and the proof of its efficiency, among other items, which as seen in the case of disposable diapers becomes unfeasible because of both social as economic. What can be concluded, however, is that the preservation of natural resources associated with the new challenges of power generation and human needs, makes it essential that the environmental issue should be revisited at the governmental and civil society, as is well known that natural resources are finite

Key-words: Selective collection, landfill, gravimetric composition

1 INTRODUO

O objetivo deste artigo abordar algumas destinaes finais possveis para os resduos slidos urbanos gerados nos municpios brasileiros levando-se em considerao a destinao destes para reas com licenciamento ambiental e a obteno de seu aproveitamento por meio de adoo de um sistema de tratamento.Apesar de um pequeno nmero de municpios brasileiros possurem coleta seletiva e os rejeitos desta nas melhores condies ambientais serem encaminhados para um aterro sanitrio, faz-se necessrio consorciar outras tecnologias para melhor destin-los bem como, os demais resduos que representam uma significativa e crescente quantidade e que ao longo do tempo no possuem reciclagem. Alguns exemplos destes rejeitos so trapos, couros, diversos tipos de plsticos e fraldas descartveis. A relevncia deste tema grande quando se trata de um pas como o Brasil em que aproximadamente 53 % dos resduos gerados so encaminhados a lixes onde permanecem at sua total degradao. As potenciais reas viveis para implantao de um aterro sanitrio so cada vez mais escassas, distantes do centro gerador de resduos e soma-se a isto, o longo tempo para efetivao e incio de operao de um sistema de tratamento devido as diversas demandas judiciais que as administraes municipais enfrentam.Neste trabalho vamos nos aprofundar em historiar o produto fralda descartvel, por este representar um percentual significativo na composio gravimtrica dos resduos slidos domiciliares do Municpio de Curitiba e ser possvel identificar seu surgimento como resduo e a apresentao de algumas destinaes finais que podem ser consorciadas de forma mais eficiente e ambientalmente mais adequada aos resduos Slidos Urbanos.

2 CARACTERSTICAS FSICAS DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS

A caracterizao fsica dos resduos permite identificar os resduos gerados pela populao, pois permite conhecer todas as caractersticas percentuais de seus componentes e mostrar as potencialidades econmicas. De acordo com Tavares (2007, p. 58) ao conhecer a caracterizao fsica dos resduos os gestores municipais podem por meio de simulaes de cenrios futuros compreender o sistema de gesto dos resduos em toda a sua dimenso, do dimensionamento das rotas, estaes de reciclagem, tratamento e disposio final, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), aterro energtico, e mapeamento de recicladores. Ainda segundo o autor acima citado, diversos fatores influenciam as caractersticas fsicas do resduo slido urbano, tais como: populao residente urbana e rural do municpio (cidades litorneas populao flutuante); renda per capita dos diversos estratos populacionais; nvel de escolaridade (taxa de alfabetizao); formao cultural (hbitos e costumes); fator clima; densidade demogrfica.Deve-se entender tambm a composio destes resduos como se pode verificar no Quadro 1, a seguir. Os municpios que dispem seus resduos no Aterro Sanitrio e compuseram a anlise da Composio gravimtrica da regio metropolitana trazida pelo quadro so: Almirante Tamandar, Araucria, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Contenda, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Pinhais, Quatro Barras, Quitandinha, Piraquara e So Jos dos Pinhais.

MaterialPercentual

Papel15,33%

Papelo4,20%

Plstico Filme12,19%

Plstico Duro6,63%

Metais Ferrosos2,21%

Mateis No-Ferrosos0,70%

Vidro3,81%

Tetra Pak1,74%

Madeira0,81%

Trapos4,35%

Couros1,72%

Fraldas4,87%

Borracha2,34%

Outros Materiais0,93%

Matria Orgnica38,17%

Total100,00%

QUADRO 1 - composio gravimtrica dos resduos do municpio de Curitiba e regio metropolitana (ano base 2006)Fonte: SMMA, Edital de Concorrncia 001/2007, p. 57.

2.1 A GERAO DOS RESDUOS ORIUNDO DO DESCARTE DAS FRALDAS

Para Alexander (2009), diante do crescimento da populao mundial em cerca de 300 % nas ltimas dcadas, a produo de resduos aumentou vertiginosamente e a destinao final das fraldas descartveis tornou-se um dos grandes problemas da modernidade. Mudaram os problemas e desafios globais e a soluo das fraldas continuou a mesma criada h 47 anos. O descarte das fraldas apenas a ponta final do problema, j que no foram considerados a o consumo de recursos naturais, energia e descarte de resduos durante a fabricao das fraldas.De acordo com Francioly (2009) pode-se apontar os seguintes aspectos negativos dos resduos gerados pelo descarte das fraldas descartveis: uma criana utiliza aproximadamente 5.500 fraldas durante os primeiros dois anos de vida; fraldas levam em mdia 450 anos em sua decomposio, nos lixes e aterros sanitrios; so cortadas cerca de 5 rvores para a fabricao de 5.500 fraldas descartveis; em mdia, 2% do lixo recolhido no mundo correspondem a fraldas; um bilho de rvores so usadas, no mundo inteiro, por ano, para suprir a indstria de fraldas; no processo de branqueamento da polpa de madeira para fabricao do papel, (sendo que este tambm utilizado nas fraldas), h liberao de dioxinas, fato que tambm ocorre caso o lixo plstico (fraldas descartveis) seja queimado.Segundo dados da Prefeitura Municipal de Curitiba (2006) as fraldas descartveis constituem aproximadamente 4,87 % de todo o resduo slido gerado pelo municpio. Em 2006 foram gerados no Municpio de Curitiba cerca de 1.771 toneladas por dia de resduo, o que significa que a cada dia foi destinada ao Aterro Sanitrio de Curitiba aproximadamente 86 toneladas de fraldas descartveis, o equivalente a nove caminhes compactadores de 15 m cheio de fraldas.

2.2 DESTINAO DE FRALDAS DESCARTVEIS

O descarte e destinao das fraldas apenas um dos aspectos do problema, j que na discusso da melhor forma de descartar e destinar as fraldas no so considerados o consumo de recursos naturais, energia e descarte de resduos durante a fabricao das mesmas. Alguns estudos de anlise de ciclo de vida e pegada ecolgica foram produzidos recentemente e podem colaborar para trazer luz discusses muitas vezes pouco fundamentadas. Um estudo realizado com dados obtidos no Canad, trazido por Alexander (2009), faz uma comparao dos impactos gerados pelas fraldas descartveis em relao s fraldas reutilizveis lavadas em casa e lavadas em lavanderias, chegando ao seguinte quadro (quadro 2):

RecursoFraldas DescartveisReutilizveis lavadas em casaReutilizveis lavadas em lavanderia especializada

MnimoMximoMnimoMximoMnimoMximo

Energia Manufatura0,1350,2220,0140,0230,0290,048

Energia utilizao0,0000,0000,1450,2380,0800,132

gua - Manufatura0,0040,0200,0020,0080,0020,010

gua - uso0,0000,0000,0080,0390,0030,016

Papel0,3000,5580,0000,0000,0000,000

Algodo0,0000,0000,0090,0150,0140,024

Total0,440,800,180,320,130,23

QUADRO 2 COMPARAO ANLISE DE CICLO DE VIDAFonte: Alexander (2009).

A anlise foi conduzida utilizando como base o impacto por beb/ano, e concluiu que as fraldas reutilizveis apresentam os menores impactos ambientais. Dos dois sistemas de fraldas reutilizveis, as fraldas que so lavadas por lavanderias especializadas demonstram ser a melhor opo, tomando como base os pressupostos da anlise de ciclo de vida.No que se refere reciclagem da fralda descartvel, a tecnologia existe. O processo desenvolvido e implementado pela Knowaste no Canad e na Holanda e entrar em funcionamento em 2010 na Inglaterra, contudo esta no utilizada no Brasil ainda. Em Portugal existem estudos sobre a implantao desse processo (KNOWASTE, 2010).De acordo com informaes da empresa Knowaste o processo desenvolvido pela empresa consiste em trs estgios:1) fraldas descartveis utilizadas por crianas e adultos com incontinncia urinria e produtos de higiene feminina so recolhidos e transportados para uma unidade Knowaste;2) O processo Knowaste esteriliza o material recolhido por meio de uma autoclave, desativa e mecanicamente separa os componentes individuais: resduos orgnicos, plsticos e polmeros superabsorventes. A partir daqui, as fraldas so enviadas para um despolpador para comear a processar. Na prxima etapa feita a lavagem do material e um tratamento qumico especial para desativar o polmero super absorvente. Aps a concluso deste processo de lavagem, os materiais plsticos so removidos e enviados para um dispositivo separado para processamento. Os componentes de plstico so novamente filtrados e limpos, em um ciclo de lavagem final. O plstico ento comprimido em pastilhas pequenas que podem ser vendidos para fcil reutilizao. As partes restantes dos produtos de higiene absorventes entram em um processo de triagem que capta qualquer vestgio de plstico e outros materiais orgnicos. Para conservar os recursos durante todo o processo de reciclagem, a gua recapturada em cada ciclo de lavagem e enviada para um dispositivo de tratamento interno para clarificao. A gua ento reutilizada no sistema de reciclagem. Os resduos orgnicos restantes so secos e usados para criar a energia verde;3) Os componentes recuperados podem ento ser transformado em produtos reciclados, tais como: madeira plstica; telhas plsticas; materiais de absoro; no processo de fabricao de edulcorantes; produtos de papel reciclado; metano transformado em gs; energia verde.Segundo a Knowaste, de cada tonelada de fraldas reciclada podem ser extrados 400 kg de celulose e 145 metros cbicos de gs. Como este processo ainda no est disponvel no Brasil, o destino para as fraldas descartveis no pas acaba sendo os lixes ou aterros sanitrios. Logo, fraldas descartveis no se configuram como materiais reciclveis no contexto brasileiro. Pode-se concluir que no h receita de bolo e a importncia do programa de coleta seletiva ter coerncia com a realidade local, isto , a realidade social, ambiental e econmica.

3 A FRALDA DESCARTVEL E SUA HISTRIA

3.1 A INVENO

O conceito de fralda descartvel data de 1946 com a colocao de proteo de nylon numa fralda de algodo, contudo, a produo em massa tem como marco o ano de 1961, quando as fraldas descartveis passaram a ser vistas como uma soluo fcil e prtica para a maioria das mes nas dcadas de 70 e 80, o que fez com que o produto passa-se a ser de uso dirio para a higiene dos bebs. Contudo, se o objetivo do produto era facilitar a vida domstica, j no final da dcada de 80, passou-se a enfrentar o problema da degradao e desperdcio ambiental gerados pelo volume de resduos slidos gerados pela sua utilizao (WORDPRESS, 2008).A fralda descartvel nos anos 50 era um artigo luxuoso e somente usada em ocasies especiais, como viagens e visitas ao mdico. A primeira fralda industrializada, foi fabricada usando-se um desenho retangular e em seu ncleo eram colocadas vrias camadas de papel-tecido de 15 a 25 folhas e eram envolvidas por uma pelcula plstica (WORDPRESS, 2008).Nos anos 50, praticamente permaneceu sem mudanas, porm seu alto custo no permitia atingir a maioria da populao, alm do mais, sua distribuio estava limitada a poucos pases. Nesta mesma poca, os absorventes deram um salto muito grande no mercado (WORDPRESS, 2008).Ainda segundo informaes de Wordpress (2008) no final da dcada de 50 foi que Vic Mills, que trabalhava para a Proctor & Gamble, pensando no conforto de seu neto, reestilizou/reformulou o desenho e deu o nome de Pampers que em ingls significa mimar, aconchegar.Para Resinentti (2004), em 1956, fraldas descartveis eram um objeto de luxo e representavam apenas 1% do mercado; quase todas as famlias americanas lavavam as fraldas de pano em casa ou em lavanderias. Uma fbrica de papel teve uma inusitada idia de adotar fibras de celulose porque estas eram mais resistentes e poderiam melhorar o desempenho das fraldas descartveis. S que as fibras precisavam ser amaciadas para dar conforto ao beb. Segundo a autora acima citada, cinco anos depois de muitas pesquisas, esta mesma empresa conseguiu lanar uma fralda tecnicamente boa, mas ainda muito cara. Insistindo na pesquisa, no desenvolvimento e na reduo de custos, poucos anos depois, o custo de fabricao caiu para a metade e os consumidores recompensaram firmemente a evoluo: as vendas anuais aumentaram de US$ 10 milhes para US$ 370 milhes. Nos anos 60 foi substitudo o recheio de papel tecido por fibras de celulose e com isso as fraldas apresentaram uma grande melhoria no desempenho. As fraldas eram grossas, pois tinham que evitar o vazamento (8 a 10% vazavam). O tamanho mdio pesa bastante, no mnimo 65 g cada e as mquinas faziam no mximo 100 peas por minuto (WORDPRESS, 2008).Nos anos 70 houve uma grande exploso, alm da Proctor & Gamble, tambm entraram neste mercado a Kimberly-Clark e Johnson & Johnson. A partir da os preos comearam a cair para os consumidores. No incio da dcada a Johnson & Johnson lanou no mercado as fraldas com fitas adesivas laterais j incorporadas. A demanda mundial excedeu a capacidade produtiva por muitos anos e a taxa de penetrao cresceu muito nos Estados Unidos, Europa, Japo e tambm a Amrica Latina no ficou para trs (WORDPRESS, 2008).Nos anos 80, com os elsticos, foi possvel alterar a anatomia das fraldas, pois nas laterais e na cintura j dispunham desse recurso ajustvel. Houve movimentos dos ecologistas combatendo as fraldas e ento j se falava em plsticos biodegradveis. Isso foi muito evidenciado na Europa e no Canad e com menos intensidade nos Estados Unidos e Amrica Latina (WORDPRESS, 2008).Ao se descobrir o SAP (Gel), a taxa de vazamento caiu para aproximadamente 2%, reduziu-se a espessura; reduziu-se o peso de at 50% e aumentou-se muito o desempenho/absorvncia; reduziu-se o consumo das embalagens (ecolgico) e os problemas das assaduras desapareceram. Cada 1 grama de gel, reduzia 4 de celulose. No Japo j se falava em filme respirvel (WORDPRESS, 2008).Nos anos 90 foram agregadas novas caractersticas que traziam mais conforto, tais como: telas sms (maciez e resistncia); clothlike; barreiras fecais; fitas laterais com fechamento mecnico por meio de velcro; aloe vera; indicadores de umidade; protetores contra germes; fitas frontais florescentes, etc. Nos Estados Unidos, Japo e Europa Ocidental a taxa de penetrao chega a mais de 95%. Na Amrica Latina h muitas variaes de 15 a 75%. No final, a mdia das mquinas estava em 300 peas por minuto, embora os grandes fabricantes j falassem em 800 peas por minuto (WORDPRESS, 2008).

2.2 A CONSTITUIO ATUAL DAS FRALDAS DESCARTVEIS

De acordo com Marconato e Franchetti (2002) uma fralda descartvel constituda por: filme de polietileno: polmero sinttico, hidrofbico, cuja funo ajudar a evitar o vazamento de lquido para fora da fralda; polpa de celulose: polmero natural, hidroflico. Associado s partculas do polmero superabsorvente, auxilia na reteno da umidade; poliacrilato de sdio (flocgel): polmero sinttico, superabsorvente, utilizado na forma de pequenos cristais. Este material possui grande capacidade de reteno de gua; no tecido de polipropileno: este o nome dado pelas indstrias de fraldas ao polmero sinttico de natureza hidrofbica que aps receber um tratamento com surfactantes, que reduz a tenso superficial do material (tornando-o hidroflico), permite o escoamento do lquido para a camada absorvente. a parte da fralda que tem contato direto com o beb; elsticos: polmero sinttico, geralmente feito de fios de poliuretanas, borracha ou lycras, so utilizados para melhor ajuste das fraldas ao corpo do beb; adesivos termoplsticos: constitudos de polipropileno impregnado com adesivo, so utilizados para o fechamento das fraldas; faixa de ajuste frontal: constituda de filmes de polipropileno, colada com adesivos sobre a fralda. Sua utilidade permitir abrir e fechar a fralda tantas vezes quantas forem necessrias, sem danific-la.

4 A DESTINAO FINAL DOS RESDUOS NO BRASIL

O crescimento populacional das sociedades de consumo tem contribudo para o aumento da produo de resduos que precisam ser descartados para dar lugar a novos bens de consumo, formando um ciclo de agresso ao ambiente. Considera-se a disposio do lixo como etapa final deste ciclo, em que produtos mobilizados pelo homem para satisfao de suas necessidades so devolvidos ao ambiente de onde vieram (PINTO,1979).Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico realizada em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, 63,6% dos municpios brasileiros utilizam lixes como forma de disposio dos resduos slidos urbanos, 18,4% utilizam aterros controlados, 13,8% dispem os resduos em aterros sanitrios e 4,2 % no informaram para onde encaminham seus resduos.Seguem abaixo algumas definies destes tipos de disposio, que com os dados acima demonstra que a questo de destinao final dos resduos slidos no Brasil ainda muito preocupante. Segundo a Norma Brasileira (NBR) 8419 de 1992 da ABNT- Associao Brasileira de Normas Tcnicas, Aterro Sanitrio de Resduos Slidos Urbanos definido como:

Uma tcnica de disposio final de resduos slidos no solo, sem causar danos sade pblica e sua segurana, minimizando os impactos ambientais, mtodo este que utiliza princpios de engenharia para confinar os resduos slidos menor rea possvel e reduzi-los ao menor valor permissvel, cobrindo-os com uma camada de terra na concluso de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessrio.

Outra definio bastante importante para o entendimento do tema, o aterro controlado. De acordo com Almeida e Vilhena (2010, p. 243)

Aterro controlado uma tcnica de disposio de resduos slidos municipais no solo sem causar danos ou riscos sade pblica e segurana, minimizando os impactos ambientais. Esse mtodo utililiza alguns princpios de engenharia para confinar os resduos slidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na concluso de cada jornada de trabalho. Esta forma de disposio produz poluio, porm localizada, pois, similarmente ao aterro sanitrio, a rea de disposio minimizada. Geralmente, no dispe de impermeabilizao de base (comprometendo a qualidade das guas subterrneas), nem sistemas de tratamento de chorume (termo empregado para caracterizar a mistura entre o chorume, produzido pela decomposio do lixo, e a gua de chuva que percola o aterro) ou do biogs gerado.

E por fim, lixo o local onde lanado o lixo coletado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as guas subterrneas e superficiais das vizinhanas (MONTEIRO, 2001).A partir disso, pode-se considerar que o lixo se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteo ao meio ambiente ou sade pblica. O mesmo que descarga de resduos a cu aberto ou vazadouro. Os resduos assim lanados acarretam problemas sade pblica, como proliferao de vetores de doenas (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), gerao de maus odores e, principalmente, poluio do solo e das guas subterrnea e superficial pela infiltrao do chorume.Segundo a Resoluo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n 001, de 23 de janeiro de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alterao nas propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do ambiente, causado por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: [...] a sade, a segurana, e o bem estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a biota; as condies estticas e sanitrias do ambiente e a qualidade dos recursos naturais (BRITO E MOREIRA, 1992, p. 172).Segundo o IBGE (2000), a destinao final do resduo slido urbano coletado no pas em peso : 47% em aterros sanitrio, 22% em aterros controlados, 31 % em lixes.Levando-se em considerao a Resoluo Conama n 001, citada neste item que na tica deste trabalho, h que se considerar que aterro controlado no a maneira adequada de destinao final de resduos, pois no dispe de impermeabilizao de base, nem sistema de tratamento do percolado ou do biogs.O aproveitamento dos resduos pode trazer benefcios interessantes, tanto do ponto de vista ambiental como tambm: na reduo da criao e utilizao de aterros; nos gastos com acondicionamento e transporte; na reduo da utilizao dos recursos naturais; na diminuio dos riscos ambientais proporcionados por esses resduos.Do ponto de vista econmico, essas solues so atrativas tanto na reduo de custos de transporte e da disposio legal do aterro, quanto na reduo dos custos globais de matrias-primas, conforme destaca Maruon (2006).A cada tonelada de papel reciclado conserva-se 3,5 MWh de energia e a cada tonelada de plstico reciclado conserva-se 5,3 MWh, totalizando 8,8 MWh de energia conservada por tonelada de material. Caso a mesma quantidade de material fosse incinerada, o mximo obtido de energia seria 3,3 MWh por tonelada da material incinerado (ROSA, 2003).A coleta seletiva o ponto de partida para um sistema de gerenciamento de resduos do municpio que tenha por objetivo estimular a reciclagem. Segundo informaes do Cempre (2009, p. 21) em 1984, cerca de 81 municpios realizavam coleta seletiva em escala significativa. Passados dez anos, em 2004, esse nmero chegou a 237. Em 2006, passou a 327 e em 2008 a 405 municpios, com o atendimento de a 26 milhes de pessoas.Segundo Leite (2009, p. 14) [...] A expresso Logstica reversa comea a fazer parte do vocabulrio, principalmente, dentro das empresas que investem em reciclagem, e um de seus inibidores a legislao, alm do conhecimento. A legislao pode ser inibidora na medida em que pode no adequar a tributao, por exemplo, dos produtos que podem ser reaproveitados. A matria-prima reciclada e os produtos reciclados deveriam ter tributao reduzida. O privilgio s matrias-primas originais, como fazemos ainda no Brasil um inibidor.No entanto, algumas legislaes so bem feitas e h setores que funcionam. Uma que a mais bem feita, das embalagens dos defensivos agrcolas. uma legislao que afeta a todos os elos da cadeia reversa e da cadeia direta: o que fabrica, o que distribui, o que consome, o varejo, o consumidor final e depois toda cadeia reversa, aquele que vai coletar, o que vai reciclar. A ida e a volta da embalagem afetada por essa legislao (LEITE, 2009).Mas o que logstica reversa? A logstica reversa a rea da logstica que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. O processo de logstica reversa gera materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de suprimento, produo e distribuio.Segundo Lacerda (199-), os processos de logstica reversa tm trazido considerveis retornos para as empresas. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornveis tm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas e esforos em desenvolvimento e melhoria nos processos de logstica reversa.De acordo com Malinverni (2002), preocupadas com questes ambientais, as empresas esto cada vez mais acompanhando o ciclo de vida de seus produtos. Isto se torna cada vez mais claro quando observamos um crescimento considervel no nmero de empresas que trabalham com reciclagem de materiais. Um exemplo dessa preocupao o projeto Replaneta, que consiste em coleta de latas de alumnio e garrafas PET, para posterior reciclagem, e que tem como bases de sustentao para o sucesso do negcio a automao e uma eficiente operao de logstica reversa.

5. OUTRAS POSSVEIS DESTINAES DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS

5.1 ATERRO SANITRIO COM MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO MDL

A disposio final de resduos orgnicos em aterros sanitrios gera a emisso de uma mistura de gases conhecida como biogs, sendo o seu principal componente o metano (CH4), que um dos gases conhecidos como gases de efeito estufa (GEE), pois quando liberados no meio ambiente causam o efeito estufa, levando ao aquecimento do planeta. Os principais GEE so o dixido de carbono (CO2) e o metano (CH4). O CH4, que 21 vezes mais ativo na reteno de calor na estratosfera, o principal componente do biogs de aterros sanitrios, decorrente da decomposio da matria orgnica.De acordo com Mesquita Junior (2007) os resduos slidos urbanos, pelo seu elevado teor de matria orgnica, representam cerca de 12% das fontes emissoras desse gs. Por falta de recursos e, principalmente, por deficincias crnicas de organizao administrativa, esses resduos acabam sendo dispostos de forma inadequada, contaminando a gua, o solo e a atmosfera por meio do chorume e do biogs (oriundos da decomposio da matria orgnica). Ainda para Mesquita Junior (2007, p. 32)

A implantao de projetos para evitar a disperso do CH4 no meio ambiente, ou mesmo a reduo dessa emisso por meio de uma captao adequada, que promova a combusto desse gs e a sua conseqente transformao em CO2, ou atravs de seu tratamento e aproveitamento energtico seria, portanto, altamente benfica para o meio ambiente. Esse tipo de projeto estaria dentro das atividades do MDL e poderia buscar a validao do projeto e a obteno de RCEs, uma vez que, nesse caso, estariam preenchidos os requisitos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto em termos de efetividade e adicionalidade do benefcio.

Segundo Blmel (2008) no Brasil, o aterro da central de Tratamento de Resduos Nova Iguau, no Rio de Janeiro, foi o primeiro a realizar o aproveitamento energtico do biogs na gerao de energia limpa, transformando lixo em crditos de carbono. Mesquita Junior (2007) destaca a iniciativa do Ministrio das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), em conjunto com o Ministrio do Meio Ambiente, no mbito da Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano (SRHU), apoiados financeiramente pelo Banco Mundial e pelo Governo do Japo, ao lanar o projeto Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) Aplicado Reduo de Emisses de Gases Gerados nas reas de Disposio Final de Resduos Slidos.Segundo o autor acima citado, este projeto tem se desenvolvido nos 200 municpios mais populosos, que concentram mais da metade da populao brasileira e so responsveis por cerca de 60% do total de resduos slidos urbanos gerados no pas. As atividades que fazem parte do projeto tm como objetivos a contribuio para o desenvolvimento sustentvel nas reas urbanas, disseminando o MDL como ferramenta eficaz para a implementao de programas econmicos, sociais e ambientais. Outra destinao relatada no projeto o aproveitamento do biogs proveniente de aterros para a gerao de energia e tambm a erradicao de lixes, contribuindo para a incluso social e para a emancipao das famlias que vivem da catao dos resduos slidos, proporcionando benefcios nos aspectos ambientais e sociais envolvidos.

5.2 INCINERAO

A incinerao consiste na queima do lixo a altas temperaturas em instalaes chamadas incineradores. um mtodo de alto custo devido utilizao de equipamentos especiais (INCINERAO, 2002).A incinerao um processo de combusto controlada (em instalao prpria), que permite a reduo em volume e em peso dos resduos slidos, em cerca de 90 a 60%. Os resduos so transformados em gases, calor e materiais inertes (cinza e escrias de metal) (INCINERAO, 2002).Os grandes inconvenientes desse sistema so a (INCINERAO, 2002): poluio do solo por cinzas e escrias; a poluio da gua pelas guas de arrefecimento das escrias e de lavagem de fumos e pelas escorrncias de solos contaminados; poluio do ar por cinzas volteis e dioxinas; estas ltimas tm um elevado teor txico e so agentes de doenas, nomeadamente hiperpigmentao da pele, danos no fgado, alteraes enzimticas, alteraes no metabolismo dos lipdios, nos sistemas endcrino e imunolgico e efeitos cancergenos.Desta forma, para os estudiosos, o processo de incinerao no Brasil, ganhou o conceito de poluidor, nocivo sade e prejudicial ao meio ambiente devido ao uso de equipamentos j obsoletos ou operao e manuteno inadequadas (INCINERAO, 2002). A incinerao, ou seja, a queima do lixo, o mtodo principal no Japo e na Sua, sendo que mais de 60% do Lixo incinerados. A Sucia, a Frana, a Alemanha e a Holanda incineram algo em torno de 40%. Os Estados Unidos, a Itlia, o Canad, a Inglaterra e a Espanha possuem baixos ndices de incinerao, no chegando a 20% (INCINERAO, 2002).Segundo Maroun (2006) o processo de incinerao utiliza a combusto controlada para degradar termicamente materiais residuais. Os equipamentos envolvidos na incinerao garantem fornecimento de energia, turbulncia, tempo de residncia e temperatura adequados e devem ser equipados com mecanismos de controle de poluio para a remoo dos produtos da combusto incompleta e das emisses de particulados, de Sox e Nox. A tecnologia da incinerao tem como principal atrativo a possibilidade de diminuir para cerca de 4% o volume do resduo a ser destinado ao aterro sanitrio, prolongando dessa forma a vida til do mesmo. Alm, de ser um eficiente combustvel, as cinzas dos resduos podero ser destinadas incorporao na construo civil (TOLMASQUIM, 2003).Segundo o autor supra citado, atualmente as tecnologias de incinerao so suficientemente sofisticadas, como os sistemas de turbilhonamento, a secagem, a ignio e o controle de combusto. Vrios so os processos de pr-tratamento do resduo, antes da incinerao, para aumentar a sua homogeneizao, baixar a umidade e aumentar o poder calorfico.De acordo com Henriques (2004), aumentam os processos de controle das emisses, principalmente, sobre o NOx, as dioxinas e os furanos, tornando-se cada vez mais sofisticados, perseguindo a meta de emisso zero. Para Tavares (2007) com a incinerao controlada dos resduos slidos urbanos possvel com 500 toneladas dirias, abastecer uma usina termo eltrica com potncia instalada de 16 Mega watt (MW), o que representa um potencial energtico de cerca de 0,7 Mega watt hora por tonelada (Mwh/Tonelada). Dessa forma, fundamental ressaltar a importncia do desenvolvimento de fontes energticas alternativas, sobretudo para a segurana no fornecimento de energia eltrica, na medida que permite a gerao distribuda, contando com combustvel prximo dos consumidores, como o aproveitamento energtico do lixo.

5.3 COMBUSTVEL DERIVADO DOS RESDUOS CDR

Do ingls Refuse Derived Fuel (RDF), designao genrica dos combustveis obtidos a partir de RSU, no obedecendo a caractersticas tcnicas especficas, o CDR tem sido largamente utilizado como combustvel de substituio em vrias instalaes de co-incinerao (DIAS, 2006; KAI E MARZI, 2002). Outras definies utilizadas para o CDR so: combustvel produzido por separao, fragmentao e processamento de resduos mistos; combustvel preparado por separao de Resduo Slido Urbano e processamento da frao com maior poder calorfico em pellets (combustvel slido granulado) de uso comercial; resduos que tenham sido parcialmente separados e classificados previamente sua queima.O CDR pode ser utilizado em fornos de cimento ou indstrias de energia e geralmente produzido a partir de plsticos e resduos orgnicos biodegradveis. A produo de CDR possibilita a subsequente converso trmica de pequenas pores de resduos combustveis.Segundo Varanda (2008) o processo de gerao de energia por tratamento trmico do lixo compreende duas fases: na primeira etapa, o lixo separado, j que apenas matria orgnica e resduos no-reciclveis (papel e plstico que tiveram contato com matria orgnica) so encaminhados para incinerao. Esses materiais so, ento, fragmentados e triturados num moinho, dando forma ao Combustvel Derivado dos Resduos (CDR).Para a autora acima citada, na segunda etapa, o CDR incinerado a uma temperatura de cerca de 1000 C e os gases quentes so aspirados para uma caldeira de recuperao, onde produzido o vapor que aciona o turbogerador (com potncia efetiva de 0,6 MW, por tonelada de lixo tratado). Os gases extrados da caldeira so neutralizados por um processo de filtragem, com rotores que giram a 900 rpm e lavagem com gua alcalina. Os gases limpos so, ento, lanados na atmosfera. J os resduos inertes so arrastados para um decantador e podem ser aproveitados na produo de material de construo. Com 150 toneladas de lixo por dia, possvel fabricar pisos e tijolos para 28 casas populares de 50m2 por ms.Uma linha de transformao de lixo em CDR consiste numa sequncia de operaes unitrias organizadas em srie com o objetivo de separar componentes indesejados e condicionar a matria combustvel de maneira a obter CDR com as caractersticas desejadas, ainda de acordo com a autora acima citada.Os principais processos utilizados na transformao de lixo em CDR visam: separao mecnica e seleo de fluxos; reduo de tamanho das partculas; secagem, homogeneizao e densificao; embalamento e armazenamento.A transformao de lixo em CDR no um processo recente. Esse mtodo foi inicialmente desenvolvimento como um meio de evitar-se a queima imediata do RSU, transformando-o em um combustvel que pudesse ser transportado e armazenado (VARANDA, 2008).Para poder converter o CDR em energia, necessrio um processo de transformao baseado em combusto do mesmo. A tecnologia de combusto do CDR foi desenvolvida na Amrica do Norte pela Babcock & Wilcox no incio dos anos 1970 como uma alternativa queima do resduo slido municipal (VARANDA, 2008).

5.4 DIGESTO ANAERBICA ACELERADA

Segundo Henriques (2004) a tecnologia de digesto anaerbica acelerada advm da necessidade do homem otimizar a decomposio dos resduos de maneira controlada. Esta tecnologia objetiva a destinao adequada dos resduos, visando a utilizao dos seus subprodutos, a saber: biogs e composto orgnico. Analogamente tecnologia de gs do lixo, a digesto acelerada contribui para evitar as emisses de metano e destin-los a outros fins que no somente a sua emisso descontrolada para a atmosfera. Para a autora, a digesto anaerbica consiste na degradao do material orgnico na ausncia de oxignio. Isto produz principalmente 55 % do volume de metano e 45 % de dixido de carbono em forma gasosa e um produto composto que serve como condicionador de solo. Conforme destaca Verma (2002), tanto a digesto anaerbica quanto compostagem aerbica oferecem uma rota para recuperao de nutrientes da frao orgnica dos resduos slidos municipais. No entanto, compostagem aerbica consumidor de energia, requerendo entre 50 75 kWh de energia eltrica gerada por tonelada de resduos que entram. Em contraste, a digesto anaerbica um produtor de energia, produzido entre 75 150 kWh de energia eltrica gerada por tonelada de resduos slidos. Usando os dados obtidos e aplicando uma eficincia de 31 % usada nas plantas dos Estados Unidos utilizando combustveis fsseis, a eletricidade gerada com metano por tonelada de resduo processada pela digesto anaerbica calculada entre 48 104 kWh/t de RSU. Segundo Verma (2002), geralmente os processos de digesto anaerbica podem ser divididos em quatro estgios: pr-tratamento, digesto de resduos, recuperao de gs e tratamento de resduos. Muitos sistemas de digesto requerem pr-tratamentos de resduos para obter uma carga homognea. O processamento envolve separao do material no digervel. Os resduos recebidos pelo digestor da digesto anaerbica normalmente vm de coleta seletiva ou de seleo mecnica. A separao assegura a remoo de materiais indesejveis ou reciclveis, como o caso de vidros, metais, pedras e etc. Na coleta seletiva os materiais reciclveis so removidos dos resduos orgnicos na fonte. A separao mecnica pode ser empregada se a coleta seletiva no est disponvel. No entanto, a frao resultante mais contaminada, conduzindo ento para compostos de pior qualidade. De acordo com Henriques (2004) dentro do digestor a carga diluda para atingir o teor de slidos desejado e continuar no digestor pelo tempo de reteno designado. Para diluio, uma ampla variedade de fontes de gua pode ser utilizada, como gua limpa, gua de esgoto, ou lquido recirculante do efluente de digestor. Um trocador de calor normalmente requerido para manter a temperatura no vaso de digesto. O biogs obtido na digesto acelerada depurado para obter gs de qualidade suficiente para passar nos dutos. Caso haja tratamento residual, o efluente do digestor desidratado e o liquido reciclado para ser usado na diluio da carga que entra. Os bio-slidos so aerobicamente tratados para obter um composto como produto.

6. CONSIDERAES FINAIS

A fralda descartvel apenas um exemplo dos diversos produtos que so criados pela indstria. H pouqussima preocupao por parte desta quanto ao tratamento e destinao final de seus produtos ps-consumo, porm verifica-se uma preocupao da indstria quanto ao atendimento junto ao seu cliente da qualidade de seu produto e sua evoluo tecnolgica sob a tica da diminuio dos custos de produo e a controversa tcnica, sobre qual o tratamento e destinao final acarreta menos impacto ambiental no caso das fraldas.A implantao do processo exclusivo de reciclagem de fraldas descartveis no Brasil no momento invivel. Primeiramente pelo preo elevado da instalao da usina. Segundo a implantao de um sistema eficiente de coleta porta a porta deste material demandaria do governo municipal um gasto elevado, tanto com a coleta propriamente dita quanto com campanhas macias para engajamento da populao no novo modelo de coleta. A favor do consumo sustentvel, j h iniciativas pontuais por parte de algumas empresas na confeco de novas fraldas de pano com estampas chamativas no formato parecido com a descartvel, com superfcie externa impermevel e absorvente de pano, ou de um papel, para ser colocado em contato com a pele do beb. A cada troca, a fralda passa por um enxgeenxgue (no se utiliza mais trema pelo novo cdigo gramatical brasileiro) e fica de molho em sabo neutro, aps acumular uma quantidade razovel podem ir para lavagem na mquina. E depois estendidas no varal no precisando deixar no sol, passar goma ou produto para clarear (NEVES, 2010). Quanto ao problema da destinao adequada das fraldas descartveis, o panorama da destinao final dos resduos slidos, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (2000) ainda crtico. Aterros Sanitrios bem projetados e operados atendem os padres ambientais e de sade pblica, sendo requisito o controle rigoroso da poluio ambiental, porm visando ampliar sua vida til e diminuir seu impacto em associao com outros sistemas de tratamento faz com que este seja efetivamente melhor aproveitado. Faz parte do controle ambiental o tratamento do gs metano, tendo como alternativa seu aproveitamento energtico.Segundo Tavares (2007), tendo em vista o balano energtico em se transformar os resduos via combusto e recicl-los, deve-se optar pela reciclagem por esta apresentar uma maior conservao de energia em detrimento da sua gerao.A caracterizao gravimtrica sistemtica dos resduos slidos urbanos subsidia a otimizao dos tipos de coleta e do sistema de tratamento e destinao final do municpio. Permite tambm conhecer o potencial energtico do resduo e com isto fazer um maior aproveitamento dos resduos e dos produtos e subprodutos, oriundos do sistema de tratamento a ser adotado, direcionar campanhas de reduo de gerao de resduos e ter conhecimento do potencial do mercado para reciclvel. Compatibiliza-se assim, as questes ambientais, econmicas e sociais vindo ao encontro da sustentabilidade do sistema.Ainda de acordo com Tavares (2007) a caracterizao gravimtrica dos resduos domiciliares do Municpio de Curitiba mostrou que h uma gama bastante significativa de materiais com alto poder calorfico como, por exemplo, o papel, o papelo, os diversos tipos de plsticos, madeiras, trapos, couros, fraldas e borracha que da ordem de 52,44% em mdia e com esta comprovao possvel avaliar o aproveitamento energtico desse resduo, isto sua capacidade de gerao de energia eltrica. A matria orgnica na caracterizao gravimtrica dos resduos slidos domiciliares do Municpio de Curitiba apresenta maior representatividade, 38,17 %, sendo desta maneira interessante avaliar a tecnologia de digesto anaerbica acelerada entre outras alternativas existentes destinao deste tipo de resduo. Aliado a isto, nota-se a necessidade dentre outras medidas do desenvolvimento de campanhas orientativas, visando a sensibilizao junto a populao quanto ao desperdcio de alimentos. Esta sensibilizao abrange toda cadeia da produo de alimentos, ou seja, desde o agricultor at o consumidor final.Para a escolha das diferentes tecnologias que vo compor a central de tratamento e destinao final dos resduos slidos urbanos faz-se necessrio analisar a quantidade e composio dos resduos, rea disponvel para implantao do empreendimento, restrio de zoneamento, distncia do centro gerador de coleta, a existncia de sistema de aproveitamento e reciclagem dos diversos tipos de resduos, custo do sistema, atendimento aos requisitos legais, bem como conhecer os diversos tipos de tratamentos existentes e as comprovaes de sua eficincia, entre outros itens, que como foi visto, no caso das fraldas descartveis torna-se invivel, tanto por questes econmicas quanto sociais.Tambm deve-se analisar a questo dos custos de manuteno, disponibilizao imediata de peas, bem como dispor de tcnicos preparados para operao contnua do sistema composto pelas diferentes alternativas tecnolgicas a serem adotadas. Para o sucesso do empreendimento, deve-se estar atento ao componente social, ao envolvimento e grau de conhecimento da populao e de todos os partcipes, ao se desenvolver estudos do sistema a ser implantado. Contudo, a preservao dos recursos naturais associadas aos novos desafios de gerao de energia e as necessidades humanas, torna imprescindvel que a questo ambiental deva ser repensada em nvel governamental e da sociedade civil, pois sabe-se que os recursos naturais so finitos.

REFERNCIAS

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