Revista Electrnica de Enseanza de las Ciencias Vol. 14, N 1, 1-16 (2015)

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Construo do heredograma da prpia famlia: Umaproposta interdisciplinar e contextualizada para o

ensino mdio

Rosemar de Ftima Vestena, lgion Lucio da Silva Loreto e LeniraMaria Nunes Sepel

Universidade Federal de Santa Maria, Brasil. Emails:rosemarvestena@gmail.com, elgionl@gmail.com; lenirasepel@gmail.com.

Resumo: O artigo analisa como os alunos avaliaram uma atividade deconstruo de heredogramas. Nessa atividade, cada aluno pesquisou eorganizou as informaes para construir e apresentar o heredograma daprpria famlia com no mnimo quatro geraes. No final, os alunosproduziram textos avaliando a atividade. Trs grandes grupos de categoriasno excludentes foram identificados nas redaes: conceitos de gentica,identidade e contextualizaes. A busca e organizao das informaesestimularam o uso dos conceitos tericos recebidos em sala de aula epermitiram o exerccio de habilidades necessrias para a pesquisa emcincia, tais como: observao, registro criterioso de informaes e anlisede dados. A atividade tambm propiciou o desenvolvimento de anlisessobre o contexto histrico, cultural, econmico e sociolgico que influencia aformao das famlias. A representao tcnica da estrutura de famliastambm cumpriu o propsito de desafiar os estudantes na busca deconhecimentos interdisciplinares e contextualizados, tendo como ponto departida a comunidade onde a escola se insere. Essa proposta pode serconsiderada uma boa alternativa didtica para o ensino aprendizagem deconceitos complexos, desenvolver conhecimentos e atitudes positivas emrelao cincia e aos mtodos de pesquisa.

Palavras-chave: heredogramas, gentica, ensino mdio,contextualizao.

Title: The construction of the own family pedigree: an interdisciplinaryand contextualized activity for high school students

Abstract: This paper analyses how the students evaluated the relevanceof a pedigree construction activity. In this didactic activity, developed in ahigh school class, each student presented the pedigree of his family with atleast four generations. At the end of activity, the students write a textexplaining if construct their own pedigrees was important and why. Threegroups of ideias were recognized in the texts: genetic concepts, identity andcontextualization. The research and the organization of the information fromthe families stimulated the use of genetic concepts presented in class andabilities like observation, criteria register and analyses of data. Moreover,the construction of the pedigree promoted a better perception and analysisof the historical, cultural, economic and sociological context that influencesthe formation of families. The technical representation of families challengedthe students to seek for interdisciplinary information and to propose

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contextualized explanations. The activity was a good alternative to theprocess of teaching and learning of complex concepts, the importance of thescientific language was recognized and positive attitudes regarding scienceand technologies were developed.

Keywords: human families pedigrees, genetics, high school,contextualization.

Introduo

Vrios conceitos de Biologia so a base para a compreenso de assuntospolmicos que ganham espao na mdia, tais como uso de organismostransgnicos, desenvolvimento de clulas-tronco para combater doenas,fecundao in vitro, clonagem de organismos, banco de clulas de cordoumbilical para transplantes, entre outros. O avano das tecnologiasbaseadas no conhecimento de genes e genomas tem sido to grande quemanter-se atualizado difcil at para os especialistas na rea (Zatz, 2011).

Os assuntos relacionados Gentica e suas tecnologias expostos pelamdia devem fazer parte do contedo escolar, de maneira formal ouinformal. Os conhecimentos trabalhados pela escola precisam auxiliar oaluno a enfrentar as questes contemporneas (Selles e Ferreira, 2005),porm, no contexto educacional brasileiro, a construo dos currculos, oplanejamento e a conduo do processo de ensino e aprendizagem aindaso tpicos do incio do sculo XX. Os conceitos cientficos so apresentadosnos livros didticos de modo enciclopdico e so tratados na educaobsica como um corpo de conhecimento a ser memorizado.

A falta de dilogo entre as disciplinas e reas do conhecimento ainda muito presente nas instituies de ensino. Esta fragmentao doconhecimento vem resistindo interdisciplinaridade apesar das mudanascurriculares propostas a partir das novas Diretrizes Curriculares Nacionaispara o Ensino Mdio (DNEM) (Ministrio de Educao do Brasil, 2013). AsDNEM orientam para a organizao curricular por rea do conhecimentopreconizando a aglutinao, integrao e interlocuo dos campos do saber,com consequncias perceptveis nos educandos e transformadoras dacultura escolar rgida e fragmentada. Tambm destacam que a propostacurricular tem a interdisciplinaridade como princpio e a contextualizaocomo recurso.

No Ensino Mdio, grande parte das informaes que compem o currculodas disciplinas da rea de cincias no tem vnculo com o contexto histricoe sociocultural dos alunos. Considerando que ensinar auxiliar o aluno aconfrontar e ressignificar informaes (Selbach, 2010), necessrio que asatividades propostas pelo professor permitam uma reflexo histrico-socialda realidade, que conduzam a uma construo pessoal, permitindo que oaluno estabelea relaes entre o conhecimento cientfico e as suasvivncias particulares.

Kato e Kawasaki (2011) definem contextualizao do ensino como aaproximao das informaes formais ou cientficas do conhecimento noformal que o aluno possui. Para esses autores, se o conhecimento formalestiver contextualizado ele deve tornar-se interessante e significativo, umavez que a contextualizao evocaria reas, mbitos ou dimenses

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presentes na vida pessoal, social e cultural, mobilizando competnciascognitivas j adquiridas (Kato e Kawasaki, 2011, p.39).

Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN), para o ensino mdio(Ministrio de Educao do Brasil, 1999) sinalizam da necessidade deagregar a comunidade escolar em torno de projetos que articulem saberesdas diferentes disciplinas e, integrem as reas de conhecimento. Aaproximao do currculo com a realidade social dos estudantes considerada importante no processo de ensino-aprendizagem, mas exigeum planejamento interdisciplinar das atividades. a organizao doscontedos que permite que se perceba a totalidade do objeto de estudo etorna possvel exercitar a anlise crtica e a sntese (Porto et al., 2009 eMaldaner et al., 2006). Compete escola criar condies para que ossaberes prvios, advindos dos contextos dos estudantes, sejamprogressivamente aproximados da viso cientfica do mundo (Kato eKawasaki, 2011).

De modo ideal, consideramos que o ensino de cincias deveria sercontextualizado, interdisciplinar e diversificado em relao aos tipos decontedos e mtodos de apresentao. Segundo Zabala (2007) oscurrculos apresentam trs tipos de contedos: conceituais, procedimentaise atitudinais. Os contedos conceituais so aqueles que se deve saber eesto associados a fatos, datas, conceitos ou conhecer processos efenmenos (Zabala, 2007). Esses, sem dvida, compem a maior parte doscurrculos. Os contedos procedimentais esto relacionados aprendizagem de aes especficas e implicam em saber fazer, como porexemplo, formular perguntas, organizar e registrar informaes, consultar epesquisar em diferentes fontes. O terceiro grupo de contedos descrito porZabala (2007) como atitudinais se referem a como o indivduo deve ser,supem reflexo sobre valores, atitudes e condutas. Acreditamos que essegrupo de contedos o que mais permite a insero do indivduo nacomunidade e que melhor representa o ensino para a cidadania. As aulastradicionais, terico-expositivas com apoio do livro didtico, podem cumpriro objetivo de desenvolver os dois primeiros tipos de contedos, masdificilmente estimulam processos reflexivos.

Segundo Ayuso e Banet (2002) aprender Gentica no uma tarefa fcil,pois requer capacidade de abstrao. Neste sentido, se faz necessrio aaproximao dos contedos com temas mais prximos das experincias dosestudantes. Para Ausubel et al. (1980), uma aprendizagem se tornasignificativa quando decorre da interao de uma nova informao comaspectos relevantes j existentes na estrutura de conhecimento de umindivduo. De acordo com essa explicao, a aprendizagem significativanecessita de subsunores, ou seja, de ancoradouros para o acolhimento dasnovas ideias. Para Ausubel et al. (1980) deve-se buscar o que o aluno jsabe, pois a partir dessas informaes que se constri o conhecimento.Tambm relevante considerar as argumentaes de Vygotsky (1994) emrelao aprendizagem pautada numa perspectiva histrica e cultural,tendo o desenvolvimento cognitivo altamente influenciado pelo contextosocial.

Em relao gentica, Santos (2005) salienta que muitas explicaes desenso comum tm perpassado as geraes, sendo usadas para elucidar as

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semelhanas e diferenas entre os indivduos. Bizzo (2010) tambm destacaque, nas explicaes do senso comum, os vnculos hereditrios so usadospara explicar semelhanas entre pais e filhos (sob forma de umdeterminismo gentico), ao mesmo tempo em que o ambiente pode servalorizado. A crena popular que vontades no realizadas durante agestao podem se transformar em marcas no bebe um exemplo dessetipo de situao (Bizzo, 2010). Cabe a escola proporcionar a troca deinformaes, alertar e desvelar as contradies presentes nas explicaesbaseadas no senso comum.

Giordan e Vecchi, (1996) enfatizam a importncia das concepes pr-cientficas que fazem parte do conjunto de conhecimentos de um estudantee constituem substrato do saber. Identificar as preconcepes que criamobstculos para a aprendizagem das cincias uma tarefa importante evrias publicaes so dedicadas a esse tema. A American Association forthe Advancement of Science (AAAS), por exemplo, apresenta umlevantamento das principais concepes errneas na rea de cincias(Deboer, 2005).

A chamada Gentica Mendeliana (herana monognica) corresponde maior parte dos contedos de gentica trabalhados no Ensino Mdio. Aconstruo e anlise de heredogramas geralmente so as nicasinformaes sobre mtodos de estudo em gentica. Essa forma derepresentao de famlias til para exemplificar os padres de herana,desenvolver situaes e problemas e fazer anlises de casos.

A linguagem usada para a representao de famlias sob forma deheredogramas padronizada e inequvoca. Os indivduos so representadospor smbolos geomtricos, os pares que reproduziram so unidos comtraos horizontais e a descendncia dos casais reunida sob um traovertical. H uma simbologia especfica para cada situao; possvelrepresentar gmeos, abortamentos, natimortos, indivduos comcaractersticas especiais, unies consanguneas, adoes, etc. Conhecendoas convenes estabelecidas pela Pedigree Standardization Task Force(Bennett, et al., 1995) para a construo de heredogramas, rapidamentepode-se compreender qual a estrutura de um grupo familiar (Figura 1).

Comunidades com origem a partir de um pequeno nmero de famliasimigrantes, como o caso da regio onde esse trabalho foi desenvolvido,propiciam a formao de casais endogmicos e o aumento daconsanguinidade. Estas caractersticas so boas para pesquisas acadmicasde Gentica Humana (Ribeiro, 2011), porm, esse no o foco da propostade construo de heredograma apresentada aos alunos. Ao longo dos anos,nas suas vrias aplicaes, a construo de heredogramas usando asinformaes das famlias dos alunos revelou uma abrangncia muito maior,ultrapassando as questes tcnicas e o domnio da gentica. Estudar aprpria famlia e conhecer as famlias da comunidade so formas dedesenvolver a identidade cultural (Hall, 2005) e permitem uma abordagemmais contextualizada de ensino e aprendizagem.

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Figura 1.- Heredograma de uma famlia apresentado segundo a padronizaointernacional. Cada gerao representada em uma linha identificada por nmerosromanos. Os Indivduos de sexo feminino so representados por crculos e osmasculinos por quadrados. Os indivduos de uma mesma gerao so identificadospor nmeros arbicos de acordo com a sequncia em que aparecem noheredograma, da esquerda para direita. Pares que se reproduziram so ligados portraos horizontais e as proles so ligadas aos genitores por traos verticais.

Quando a representao da histria familiar construda pelo aluno ecorresponde situao concreta da prpria famlia, criam-se situaes queultrapassam o uso da linguagem tcnica e dos conceitos de hereditariedade.

A proposta de construo de heredogramas das famlias dos alunospermite que os trs tipos de contedos descritos por (Zabala, 2007) sejamtrabalhados. A parte conceitual abordada previamente comoembasamento para a atividade; ao longo da realizao, os alunos voexercitando e aprimorando as capacidades de observao, registro einvestigao. Os conhecimentos cientficos da parte conceitual sovalorizados e as atitudes em relao s questes de cincia e tecnologia queperpassam a construo de um heredograma se tornam pontos dequestionamentos e reflexo.

Durante o processo de construo do heredograma da prpria famlia(Figura 2), o aluno sente-se tambm um pesquisador, que investiga eprepara a divulgao do produto de seu trabalho. No final da atividadeesto envolvidos no apenas professor e aluno na apresentao de umtrabalho escolar, mas uma comunidade bem maior que, de um modo ou deoutro, colaborou ativamente para que a tarefa fosse realizada.

Desde 1991, a autora Rosemar Vestena vem desenvolvendo, em turmasde Ensino Mdio, um conjunto de atividades relacionado construo deheredogramas (Moreira, 2002; Vestena, 2006). Essas atividades tm comoobjetivos gerais inserir os contedos de gentica na realidade do aluno,valorizar a linguagem cientfica e aproximar os alunos de ensino mdio dosmtodos usados pela cincia. O presente artigo relata como a proposta deconstruo de heredogramas percebida pelos alunos. Atravs de anliseda produo textual que encerra a atividade, avaliou-se sob a perspectivados alunos, quais as principais contribuies que a organizao dos dadosda prpria famlia trouxe para os participantes.

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Figura 2.- Exemplos de heredogramas sendo construdos pelos alunos de ensinomdio a partir dos dados das prprias famlias: I - montagem final; II - adio econferncia de informaes e III - material pronto para a apresentao em sala deaula.

Material e mtodos

Descrio da comunidade

A cidade de Nova Palma RS, Brasil, tem aproximadamente 7000habitantes, sendo a maioria descendente de italianos que chegaram regio no final do sculo XIX. Como consequncia dessa composio, acomunidade tem uma tradio religiosa catlica que ainda dinamizadora eorganizadora das atividades sociais e instituies locais.

Em Nova Palma h o Centro de Pesquisas Genealgicas (CPG), criadopelo Padre Luiz Sponchiado (1922-2010) na dcada de 70 e atualmenteadministrado pela Prefeitura Municipal de Nova Palma, junto com o CirculoVneto de Nova Palma e a Parquia de Nova Palma.

O CPG abriga uma vasta documentao referente s famlias que vivemna regio. Segundo Stefanello (2012), o acervo atual est organizado em67 livros com dados de aproximadamente 50.000 famlias, incluindo todasas que imigraram da Itlia e as de seus descendentes.

As informaes que deram incio ao acervo CPG foram coletadas nosregistros Status animarum, ou angrafes, livros onde os padres registraminformaes sobre nascimentos, casamentos, batizados e mortes das

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famlias da parquia. No caso de Nova Palma, os livros mais antigoscorrespondem ao incio da colonizao, em 1878.

A coleta de dados realizada pelo Pe. Sponchiado foi muito ampla. Osdados das angrafes de Nova Palma foram complementados atravs depesquisas no Arquivo Pblico de Porto Alegre, Arquivo Histrico do Rio deJaneiro, arquivos paroquiais e cartrios civis de Porto Alegre, Rio de Janeiro,So Paulo, entre outros. Os registros de datas e locais referentes a eventosocorridos antes da instalao das famlias no municpio tambm forampesquisados nas parquias e cartrios da Itlia (Sponchiado, 1996). Almdo notvel trabalho de registro das famlias de Nova Palma, o PeSponchiado foi incansvel na coleta de depoimentos de moradores,construiu um banco de informaes sobre a histria local e as memrias dasfamlias, estimulando a formao de um acervo de fotografias, vdeos edocumentos sobre a vida da comunidade.

Desenvolvimento da atividade

A existncia do acervo do CPG e o trabalho de valorizao da histriaregional iniciados pelo Pe Sponchiado serviram como base para a propostade associar o ensino de gentica s pesquisas de campo que resultariam naconstruo de heredogramas das famlias dos alunos.

O conjunto de atividades que resulta na construo de heredogramaspode ser dividido em cinco etapas:

a) Etapa preparatria: apresentao dos conceitos fundamentais daGentica; reconhecimento dos padres de herana mendeliana; estudo dasimbologia utilizada para a construo dos heredogramas; anlise deheredogramas.

b) Instrumentao para a investigao: indicao dos recursos parapesquisa e de como us-los, incluindo a consulta aos familiares (tcnica deentrevista), visita ao CPG, uso de recursos de internet e pesquisa em livros.

c) Obteno dos dados e estruturao dos heredogramas: apresentadacomo meta a construo de um heredograma com quatro geraes,acompanhado de informaes tais como: nomes, sobrenomes eparticularidades que o aluno considere relevantes registrar. Durante estaetapa os alunos apresentam suas dvidas e so orientados sobre a melhorforma de resolver problemas especficos. Em geral, nesse perodo que ho maior envolvimento dos estudantes com a famlia e a comunidade. Namaioria das vezes, eles so acompanhados por membros da famlia quandobuscam informaes no CPG. Essas atividades de pesquisa tambmresultam na ampliao do acervo do CPG, principalmente atravs da doaode fotos e documentos antigos sobre a prpria famlia ou o local dedomiclio.

d) Sistematizao dos conhecimentos e apresentaes: os heredogramasso apresentados em sala de aula com a mediao da professora,permitindo a exposio da anlise individual e a discusso coletiva. Nessasapresentaes geralmente as questes histricas e socioculturais recebemmaior destaque, os alunos comentam e discutem, por exemplo:comparaes entre usos e costumes das diferentes geraes, variaes emudanas nos valores e percepes da populao. Caractersticas

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associadas ao perodo mais remoto da colonizao esto entre os itens maisdebatidos. A populao local predominantemente de descendncia italianae a imigrao recente permite que os alunos resgatem histrias atravs dedepoimentos dos familiares mais antigos.

e) Avaliao individual da atividade: o encerramento das atividades marcado por um momento de avaliao no qual cada aluno produz um textomanifestando suas opinies acerca desta atividade e analisando quais asinformaes e concluses que foram mais relevantes.

Questes ticas relacionadas construo de heredogramas

Cabe ressaltar que os estudantes so acompanhados e orientadosdurante todo o processo. Em qualquer momento, os pais ou responsveisso atendidos e recebem esclarecimentos sobre os objetivos e o andamentodas atividades. Os alunos so auxiliados na deciso de apresentar ou noseus heredogramas aos colegas. Tambm so acompanhados na anlise dosresultados e na avaliao sobre possveis impactos da apresentao doheredograma. Questionar se a apresentao do heredograma desencadeariasituaes que de algum modo criassem constrangimento pessoal ou familiarfaz parte do processo de construo. importante enfatizar que, paraprevenir tais circunstncias, alguns fatores so imprescindveis: aconcordncia da famlia; adeso da famlia s atividades propostas; oacompanhamento do professor em todas as etapas - desde o levantamentoinicial dos dados, at a apresentao dos resultados.

Anlise dos textos produzidos pelos estudantes

Foram analisados quarenta e cinco textos produzidos por estudantes dosegundo ano do Ensino Mdio. A redao foi feita em sala de aula,individualmente, tendo como limite mnimo 25 linhas e formato tpico dasredaes solicitadas para o concurso vestibular e Exame Nacional do EnsinoMdio. O ttulo escolhido para a redao foi O que aprendi com aconstruo do heredograma da minha famlia. Foi informado aos alunosque esse texto serviria para avaliar a atividade, mas no seria usado paraavaliar os alunos (no valia nota).

Todos os textos foram transcritos na ntegra e identificados pela letra E(estudante) seguida de nmero, removendo-se o nome do autor. As ideiasapresentadas em cada texto foram identificadas e classificadas, depois osconjuntos foram agrupados por semelhana, dando origem s categorias esub categorias que foram analisadas (Bardin, 2004).

Resultados e discusso

A extenso do texto e a complexidade das informaes relatadasresultaram na presena de mais de um conjunto de ideias em cadadocumento. Trs grandes grupos de manifestaes foram identificados noconjunto de textos e constituram as categorias no excludentes: Conceitosde Gentica; Identidade e Contextualizaes. Essas categorias foramseparadas em subcategorias, tambm no excludentes. Os resultados dessaanlise so apresentados na Tabela 1.

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Na categoria Conceitos de Gentica foram considerados os segmentos detexto com vocabulrio especfico da rea de gentica ou expressando ideiasrelacionadas a conceitos de gentica como: simbologia dos heredogramas,consanguinidade, indivduos afetados por doenas hereditrias,cruzamentos, caracteres, probabilidade, fertilizao in vitro, transplantes,etc. Desta categoria emergiram duas subcategorias: Vocabulrio/Conceitose Novas Tecnologias.

A categoria Identidade foi constituda pelas partes do texto em que osescolares faziam referncia importncia da atividade para descobriremseus antepassados, reconhecer quem so seus parentes, nomes esobrenomes, as histrias de vida dos familiares, nacionalidades, etnias, etc.Nesta categoria foram reconhecidas trs subcategorias: ConhecerFamiliares, Vnculos Familiares e Histria da Famlia.

Na categoria Contextualizaes foram reunidas as manifestaes quefaziam anlises ou comparaes entre as diferentes geraes das famliase/ou entre famlias diferentes. Tambm ficaram nesse grupo as refernciass transformaes polticas e sociais ocorridas especialmente no sculo XX.As ideias classificadas como Contextualizaes foram separadas em duassubcategorias: Polticas Pblicas; e Contexto Sociocultural.

CATEGORIAS (%) SUBCATEGORIAS (%)

Conceitos deGentica

86,6Vocabulrio e Conceitos 100

Novas Tecnologias 20,5

Identidade 93,35

Conhecer Familiares 71,42

Vnculos Familiares 35,71

Histria 23,80

Contextualizaes 93,35Polticas Pblicas 35,71

Socioculturais 100

Tabela 1.- Percentuais das categorias e subcategorias identificadas nos textos.

Categoria Conceitos de Gentica

A categoria Conceitos de Gentica apareceu em 86,6% das redaes e,em todos os casos, os alunos fizeram o uso correto de vocabulrio tcnico ede conceitos. Essa foi a categoria com a menor freqncia, indicando que osaspectos sociais foram mais relevantes para os alunos. A maior valorizaode aspectos relacionados ao prprio cotidiano tambm pode explicar a baixafreqncia da subcategoria Novas Tecnologias. As menes aos temas queaparecem em destaque em revistas ou programas de televiso, mas queno fazem parte da histria da maioria das famlias foram detectadas emapenas 20,5% das redaes que incluram termos ou conceitos de gentica.

Embora a construo do heredograma no tivesse como objetivo realizaranlise de heranas de caractersticas foi possvel perceber que um nmerosignificativo de alunos (86,6%) espontaneamente explorou situaes eanalisou heranas de caractersticas. Parte dos relatos incluiu os resultadosnegativos para distrbios genticos, registrando o que no foi encontrado

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na famlia. Chamou a ateno o destaque dado consanguineidade. Em trstextos h referncia especfica sobre presena ou no de uniesconsanguneas, revelando compreenses diferentes sobre essas unies quevo alm da conceituao tcnica. Talvez, para esses alunos, tenha surgidoum conflito entre uma questo cultural (valorizao da descendnciaimigrante) e uma questo moral - religiosa. A religio catlica apredominante entre as famlias e se faz necessrio solicitar igreja licenapara realizar casamentos entre primos. Essa particularidade associada sinformaes sobre heranas recessivas raras pode ser a origem dosregistros observados. exemplo da situao descrita:

Ao fazer a rvore genealgica aprendi os smbolos, ligaes [...] Naminha famlia at a V gerao no teve casos especiais, de gmeos, dedeficincia gentica ou de morte ao nascer, no teve casamentoconsanguneo [i.d] (E37).

Na subcategoria Vocabulrio e Conceitos tambm esto os depoimentosque revelam a anlise de caractersticas multifatoriais durante a construodo heredograma e a aplicao de conhecimentos bem especficos referentes gentica de grupos sanguneos e suas implicaes para a sade materno-fetal:

[...] temos os olhos azuis, a pele bem clara, o rosto muitoparecido (o formato, a cor, as manchas, o formato dos dentes, etc.)(E13).

[...] uma tia que possui Rh- e teve um filho com Rh+. Depoisabortou trs vezes por no saber, por no ter conhecimento desteproblema (E19).

O depoimento de E19 revela que o conhecimento cientfico foi usado parainterpretar fatos e problemas do cotidiano. Pedrancini et al. (2011) chamama ateno que nesses casos a aprendizagem foi atingida, uma vez que oestudante conseguiu utilizar um conceito em vrios nveis: lembrou doconceito, usou para interpretar a realidade e conseguiu expressar-seutilizando a conceituao aplicada a uma situao concreta.

Os segmentos de texto da categoria Conceitos de Gentica indicam queos alunos se tornaram mais atentos s questes sobre transmisso decaractersticas e buscaram coincidncias entre membros da famlia,considerando a possibilidade de serem herdados. Os alunos tambmrelacionaram conceitos de sade e qualidade de vida com fatores genticos,incluindo a possibilidade de heranas para caractersticas como longevidadee ausncia de doenas.

Embora o nvel de compreenso dos conceitos mais complexos que osalunos expressaram nas redaes no tenha sido avaliado, a presena delesno texto deve ser considerada. Giordan e Vecchi, (1996) argumentam quemesmo conceitos incipientes podero servir de substrato do saber, estandosujeitos aos progressos conceituais emergentes. Nesse caso, os alunos queapresentaram na redao ideias da categoria Conceitos de Genticacorrespondem frao que conseguiu desenvolver uma base para adio denovos conceitos e conhecimentos.

Na subcategoria Novas Tecnologias, apareceram relatos muito especficos

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sobre tecnologias da rea da sade, como o caso dos depoimentos:

Neste trabalho constatei um caso de gmeos em fertilizao invitro, que o caso dos meus dois primos, uma coisa interessante ecuriosa (E25).

A genealogia pode ajudar tambm at na cura de algum problema,pois nela voc pode saber ou ela ajuda na procura de um parente parase caso precise de uma transfuso de sangue ou mesmo de umamedula (E7).

Nos dias atuais [...] temos mais recursos como as plulasanticoncepcionais, acompanhamento mdico, pr-natal, medicamentosque cada vez mais esto sendo aperfeioados [...] (E31).

[...] as famlias vem diminuindo [...] o que forma uma pirmideinvertida (E6).

Foi possvel detectar que nas manifestaes dos alunos h umapercepo interdisciplinar, em que contedos de fisiologia humana(reproduo), mtodos anticoncepcionais e orientao sexual Cincia eTecnologia (produtos e inovaes cientficas) estavam presentes. Anlisesmais amplas envolvendo tendncias demogrficas tambm apareceram nostextos, mas de modo menos especfico, revelando que ao estudar a prpriafamlia e compar-la com as outras, os alunos, conseguiram estabeleceralgumas generalizaes.

Categoria Identidade

As ideias que correspondem s categorias Identidade e Contextualizaesapareceram com a mesma freqncia, em 93,35% das redaes. Acategoria Identidade, porm teve respostas mais diversificadas e sempreapresentaram uma combinao de pelo menos duas subcategorias. Amaioria dos alunos relatou como importante o fato de terem conhecido osantepassados da famlia e/ou parentes com os quais no convivem(subcategoria Conhecer Familiares). A presena das outras subcategorias(Vnculos Familiares e Histria) demonstra que a construo deheredogramas tambm serviu para desencadear anlises mais amplas sobreo modo como as famlias se organizam (relaes de parentesco biolgicoe/ou social) e sobre quais foram os episdios marcantes na vida familiar(Histria).

Na subcategoria Conhecer Familiares, os estudantes manifestaram comoimportante detectar parentescos e se verem inseridos nesse contexto.Como exemplificado no caso do E 20: Todos so uma famlia, alis, sempreforam, uma famlia, mas para mim em questo de conhecimento uma novafamlia. De modo semelhante, o depoimento de E37 destaca ofortalecimento de laos familiares: [...] interagi com meus familiares, poiseles me ajudaram a faz-la [a pesquisa para construo do heredograma].Atravs dela conheci outros sobrenomes e parentes.

A perspectiva de contribuir para o registro da histria da famlia tambmaparece como uma decorrncia do trabalho, como no depoimento de E38:Grandes mudanas daquele tempo passado at nosso sculo XXI. Poisbem, guardaremos nossas pesquisas para futuramente compararmos comas dos nossos filhos em um futuro no muito distante.

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A subcategoria Vnculos Familiares foi criada para os registros quesinalizam o estreitamento dos laos afetivos e valorizao da famlia. Soexemplos dessa subcategoria as manifestaes:

Foi legal [...] porque eu dialoguei mais com meus avs e pais, eisso foi bom para eu conhecer mais sobre o passado (E12).

Minha famlia sentiu-se muito valorizada, este trabalho chamoumuito a ateno deles, pois foi um estmulo desvendar e no deixarmorrer ou se apagar as nossas razes (E10).

As manifestaes da subcategoria indicam que os estudantes apresentamo reconhecimento da instituio famlia e se identificam com valores ecostumes da comunidade onde vivem, mas a atividade teve destaquetambm sob o aspecto de desenvolvimento de identidade pessoal. SegundoHall (2005, p.11), em uma concepo sociolgica clssica: O sujeito aindatem um ncleo ou essncia interior que o eu real, mas este formado emodificado num dilogo contnuo com os mundos culturais exteriores e asidentidades que estes mundos oferecem. Este mesmo autor argumentaque esta configurao est se alterando. O processo ps-moderno de seconceituar identidade depende da fragmentao da estabilidade cultural dopassado e as vrias identidades que podem conviver na atualidade.

Na subcategoria Histria esto reunidas as ideias que valorizam osregistros e as interpretaes que a Histria pode fornecer. So depoimentosque ultrapassam a histria da prpria famlia, tais como:

Construir nossa genealogia nos faz conhecer alm da herana gentica,hereditariedade, costumes das geraes anteriores (E40).

Os estudantes, ao efetuarem a busca de dados contidos no CPG,puderam constatar como o pesquisador Sponchiado iniciou seu trabalho esistematizou os dados ali registrados. Esta atividade possibilitou aaproximao dos estudantes com a pesquisa e a iniciao cientfica. Elestambm foram entrevistados pelos funcionrios do CPG, retroalimentandoos dados do CPG. Esta oportunidade viabilizou a aproximao dosestudantes aos procedimentos da cincia.

Categoria Contextualizaes

Nas manifestaes classificadas como contextualizaes, a presena deconstataes sobre as influncias das campanhas de sade e educaoadotadas nos ltimos anos deu origem subcategoria Polticas Pblicas. Osalunos detectaram que, com o passar das geraes verifica-se a diminuioda mortalidade materna e infantil, bem como menor nmero denascimentos. Interpretam essa tendncia como resultado das campanhasde vacinao, incentivo ao uso dos mtodos anticoncepcionais, melhorescondies de higiene e sade de modo geral da populao. So exemplosdessas manifestaes:

Nas geraes atuais, o ndice de filhos nos casamentos se reduziumuito pelo fato das mulheres trabalharem fora, pelas condiesfinanceiras, instrues e mtodos anticoncepcionais (E41).

As famlias apoiavam-se muito na f em Deus, nos Santos e naIgreja, principalmente nas horas de necessidade, como o nascimento

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dos filhos, pois as condies de higiene e de assistncia eramtotalmente diferentes da atualidade, onde h poucos casos de bitopor nascimento, comparado s diferentes pocas (E28).

Na subcategoria Contextos Socioculturais ficaram os registros e anlisesdas hipteses e correlaes levantadas sobre a influncia de questesreligiosas, relaes de trabalho, diferenas tnicas, avanos tecnolgicos eos efeitos da contemporaneidade sobre s configuraes familiares.Representam essa subcategoria os depoimentos:

Nas primeiras geraes, famlias grandes, geralmente com mais de10 filhos, e isto pode estar relacionado a vrios fatores. Como por serde costume ter famlias numerosas para que os filhos servissem em(sic) como mo-de-obra, ou talvez pela religio por ser quase umaregra ter famlias grandes, mas em muitos casos pela falta de recursospara a preveno quando se pode observar que a diferena de idadeentre eles era de um ano ou pouco mais (E35).

Pelo contexto cultural minha famlia nunca foi imensamentenumerosa como a de meus colegas, a maioria italianos. Pois sou deorigem alem e as famlias alems so menos numerosas, logo que osmtodos anticoncepcionais surgiram, foram utilizados pelos alemesisso explica os poucos filhos de cada casal (E15).

Segundo Fonseca (2002) as concepes modernas da famlia, centradasem valores afetivos e na escolha, afrouxaram os elos que amarravam asrelaes familiares aos fatos consanguneos e reproduo biolgica. Asconcepes modernas de famlia resultam em outra forma de conceitu-la,especialmente, no mundo ocidental. Para Fonseca (2002, p.271) as rgidasconvenes morais de outrora foram cedendo a valores recentes, centradosna auto-realizao e satisfao emocional, as relaes conjugais tanto noseu incio quanto no seu final tornaram-se abertas negociao. Algunsdepoimentos evidenciam essa compreenso:

Antigamente no tinha separao, e hoje tem muitos casaisseparados e famlias com um ou dois filhos ou at mesmo sem filhos(E14).

Os alunos deixaram evidente em seus relatos que a atividade permitiuuma reflexo sobre as mudanas sociais e os avanos tecnolgicosocorridos no Brasil nas ltimas dcadas. Sob esse aspecto, a propostacompactua com a ideia que a escola deve servir para que o indivduo,partindo da prtica cotidiana, possa distanciar-se, ganhando possibilidadesde enxergar essa mesma realidade de um ngulo mais ampliado.Documentos oficiais tais como os Parmetros Curriculares Nacionais(Ministrio da Educao do Brasil, 1997) sinalizam para que as aesdidticas se aproximem do cotidiano dos estudantes. Ao professor, cabe opapel de apresentar, aos estudantes, uma forma de ler, interpretar eintervir neste conjunto de vivncias e no mundo em que vivem (Kato eKawasaki, 2011, p.37).

A subcategoria Contextualizaes Socioculturais est presente em 100%dos relatos, indicando o principal foco de interesse dos estudantes e aspotencialidades desta metodologia de trabalho. O heredograma da famliade um escolar pode representar no s a sua origem, mas tambm o

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histrico da identidade deste como indivduo e integrante de umgrupamento social.

Zabala (2007) destaca que uma proposta didtica se torna relevantequando consegue empreender nos estudantes os contedosprocedimentais que implicam em saber fazer como: formular perguntas,organizar e registrar informaes, consultar e pesquisar em diferentesfontes. Tambm de acordo com Morais e Lima (2004) ao realizar pesquisaso aluno se compromete com o pensar, registrar, criar e produzir de modoinovador e significativo. A pesquisa propicia desenvolvimento de autonomiana busca do saber. A proposta de construir o heredograma da prpriafamlia permitiu que a aprendizagem tambm fosse interativa e crtica. Osalunos assumiram uma postura ativa na interpretao e compreenso deinformaes, de modo muito diferente do que propiciado por uma aulatradicional ancorada na exposio dos contedos pelo professor. Estametodologia de trabalho cumpriu seus propsitos de ensino e aprendizagemcomo uma atividade, socializadora e sensibilizadora para a compreensoprocessual e interdisciplinar da hereditariedade.

Concluses

O estudo sobre quais conhecimentos foram adquiridos por meio daconstruo de heredogramas das prprias famlias revelou que dada umagrande importncia anlise das questes sociais e histricas relacionadascom os dados obtidos. O desenvolvimento de questionamentos, a partir darepresentao tcnica da estrutura de famlias, tambm cumpriu opropsito de desafiar os estudantes na busca de conhecimentosinterdisciplinares e contextualizados, tendo como ponto de partida acomunidade onde a escola se insere.

Essa proposta pode ser considerada uma boa alternativa didtica paraabrir caminho ao ensino e aprendizagem de conceitos complexos, aproximaras relaes entre cotidiano e informaes de cincia e tecnologia edesenvolver conhecimentos e atitudes positivas em relao cincia e aosmtodos de pesquisa.

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