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ESTATÍSTICA: CONSCIENTIZAÇÃO E CONTRIBUIÇÕES NA
PRESERVAÇAO AMBIENTAL
Autor: Solange Alves Pereira Verone de Oliveira ¹
Orientador: Sebastião Geraldo Barbosa ²
RESUMO
O presente artigo aborda a aplicação de modelos e técnicas de estatísticas como
uma ciência de extrema importância na atualidade e muito utilizada no sistema de
ensino aprendizagem. Procurou-se, através deste projeto, trabalhar com o tema
“Consumo da água”. Através dos gráficos e tabelas construídos a partir de dados
coletados das faturas dos próprios educandos pode-se utilizar alguns elementos
básicos de estatística e através desses, analisar, interpretar e buscar um melhor
entendimento sobre seus gastos, visando o consumo consciente. Após a
intervenção pedagógica, foi possível verificar que houve um maior interesse dos
alunos, conseguindo com isso, uma aprendizagem mais efetiva dos conhecimentos
básicos estatísticos quando aplicada em situações contextualizadas e presentes no
dia a dia deles. O projeto conseguiu mostrar que a utilização de alguns elementos de
estatística pode constituir em ferramentas importantes para a prática pedagógica do
professor quando associada em algumas situações reais.
Palavras-chave: Estatística; Contribuição; Preservação;
_________________________
¹ Professora da Rede Pública Estadual do Paraná e-mail: [email protected]
² Professor Mestre da UNESPAR - Departamento de MATEMÁTICA e-mail:
2
ABSTRACT
This article discusses the application of models and techniques of statistics as a
science of great importance today and widely used in the system of teaching and
learning. It was attempted, through this project, working with the theme "water
consumption". Through the graphs and tables constructed from data collected from
invoices of the learners themselves can use some basic elements of statistics and
through them, analyze, interpret and seek a better understanding of your spending,
aimed at consumer awareness. After the educational intervention was possible to
verify that there has been an increased interest of students achieving a more
effective learning of basic statistics when applied in context and present in everyday
life of the student. The project was able to show that the use of some elements of
statistics can be important tools for the teacher's pedagogic practice when associated
in some real situations.
KEYWORDS: Statistics; Contribution; Preservation;
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos, urge a necessidade de melhorar a literacia estatística
dos educandos, por ser uma ciência necessária e de grande importância nos dias de
hoje. Com isso, possibilitá-os a fazerem diferentes leituras, interpretarem, analisarem
e tirarem suas próprias conclusões sobre temas atuais, com uma atuação mais
efetiva no contexto social.
Na opinião de SHAUGHNESSY apud CARVALHO (2003), para ser
competente em Estatística é essencial aos cidadãos das sociedades atuais, serem
críticos em relação à informação disponível na sociedade, para entender e
comunicar com base nessa informação, mas, também, para tomar decisões,
atentando para o fato de que grande parte da organização dessas mesmas
sociedades é feita com base nesses conhecimentos.
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Para tanto, fez-se necessário utilizar alguns modelos e técnicas de
pesquisas, tendo como tema o consumo da água e sua disponibilidade no planeta
atentando para o consumo consciente.
1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1.2 Importância da água na vida do ser humano
A água está presente em todos os momentos da vida do ser humano. Sua
presença é fator determinante de progresso, de desenvolvimento e qualidade de
vida. Dessa forma, quando se fala em água, precisa-se que necessariamente se
faça a devida menção à vida, à qualidade dessa vida que somente pode ser
plenamente vivida com a água.
Atualmente, a água se encontra assim distribuída no planeta:
Fonte: ANA, 2003
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Como se pode observar, apenas 3% de toda água do planeta é potável,
dessa apenas 0,001% é o que temos disponível para nosso uso, o restante
encontra-se em geleiras, icebergs e nos subsolos.
Todos precisam de água para diferentes usos, sejam eles: para o consumo
doméstico, nas indústrias, na agricultura, na geração de energia elétrica e, várias
outras utilidades.
As três categorias correntes de uso de água doce representam as seguintes
porcentagens de consumo, com respeito às extrações anuais de água.
Fonte: Sanepar
Cada setor da economia, cada fatia da sociedade, tem sua parcela de
responsabilidade no uso adequado da água, pois é um recurso natural renovável. Os
ciclos de chuva garantem água sempre limpa caindo do céu, na qual supri as
nascentes dos rios e o nível dos lagos, mas a poluição das reservas e das fontes é o
grande problema para o futuro abastecimento do planeta. E a maioria das pessoas
não percebe que apesar da água parecer existir em quantidades infinitas, não é um
recurso inesgotável quando há interferência do homem na natureza.
Os dados apresentados só foram possíveis porque outras pessoas fizeram
pesquisas e coletaram essas informações que, depois de comprovação científica,
são apresentados em forma de textos, relatórios e gráficos.
A parte da matemática que estuda a coleta de dados, bem como o seu
tratamento é chamada de Tratamento da Informação, cujo ensino vem se
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destacando com temas que possibilitem aos indivíduos atuação mais efetiva no
contexto social.
Segundo LOPES (1998, p. 19) afirma que:
“Não basta ao cidadão entender as porcentagens expostas em índices
estatísticos como o crescimento populacional, taxas de inflação, desemprego,... é
preciso analisar/relacionar criticamente os dados apresentados questionando,
ponderando até mesmo sua veracidade. Assim como não é suficiente ao aluno
desenvolver a capacidade de organizar e representar uma coleção de dados, faz-
se necessário interpretar e comparar esses dados para tirar conclusões.”
Nessa direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais incluíram e valorizam o
ensino do tratamento da informação desde as séries iniciais do Ensino Fundamental,
justificado pela demanda social que, em seu dia a dia encontra situações que
envolvem interpretação e comunicação de dados numéricos e, sobretudo,
acontecimentos aleatórios. Portanto, o professor deve dar suporte para promover
junto ao aluno um ensino de estatística que os levem a tornarem-se cidadãos
conscientes, capazes de fazer as diferentes leituras de seu cotidiano.
Conforme analisa LOPES APUD DCE (2006):
“A estatística, com os seus conceitos e métodos para coletar, organizar e
interpretar, analisar dados, tem-se revelado um poderoso aliado neste desafio
que é transformar a informação, tal qual se encontra, nos dados analisados
permitem ler e compreender uma realidade. Talvez, por isso, tenha se tornado
uma presença constante no dia-a-dia de qualquer cidadão (...), [de modo que há]
amplo consenso em torno da idéia necessária da literacia estatística, a qual pode
ser entendida como capacidade para interpretar argumentos estatísticos em
textos jornalísticos, notícias e informações de diferentes naturezas”.
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Para CARVALHO (2003), a maior parte das mensagens estatísticas envolve
um texto, muitas vezes com diferentes tipos de informações acopladas, como
gráficos ou tabelas que possuem formas de interpretação que obrigam a possuir
determinados conhecimentos estatísticos ou matemáticos. Essa realidade pode
contribuir para a dificuldade de muitas pessoas decodificarem criticamente muitas
informações estatísticas, contribuindo assim para uma utilização indevida ou abusiva
dos conteúdos estatísticos. A problemática da literacia estatística remete a educação
estatística do século XXI. Como refere Carvalho (2001), as entidades responsáveis
pelas políticas educativas consideram a literacia estatística como uma das
prioridades das sociedades modernas, sem a qual uma cidadania com
responsabilidade social pode ficar comprometida. Cabe então a todos os
educadores um papel fundamental .
Segundo, AUGUSTE COMTE :
“Não se conhece completamente uma ciência, a menos que se saiba sua
história”.
Desde remota antiguidade, os governos têm se interessado por informações
sobre suas populações e riquezas, tendo em vista, principalmente, fins militares e
tributários. O registro de informações perde-se no tempo. Confúcio relatou
levantamentos feitos na China, há mais de 2000 anos antes da era cristã. No antigo
Egito, os faraós fizeram uso sistemático de informações de caráter estatístico,
conforme evidenciaram pesquisas arqueológicas. Desses registros, também se
utilizaram as civilizações pré colombianas dos maias, astecas e incas. É conhecida
de todos os cristãos a instrução que Moises recebeu de Deus para fazer um
levantamento dos homens de Israel que estivessem aptos a guerrear (BÍBLIA,
NÚMEROS Cap. 1: 1-46), e Lucas Cap. 2: 1-7, relata que na época do nascimento
de Jesus, saiu um edito do Imperador César Augusto, para que se fizesse o
recenseamento de todo o mundo. Então nessa época, vários povos já registravam o
número de habitantes, de nascimentos, de óbitos, faziam estimativas das riquezas
individual e social, distribuíam equitativamente terras ao povo, cobravam impostos e
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realizavam inquéritos quantitativos por processos que hoje chamaríamos de
estatísticas. Na Idade Média, colhiam-se informações, geralmente com finalidades
tributárias ou bélicas (CRESPO, 2002).
Hoje, a Estatística deixou de ser simples catalogação de dados numéricos
coletivos para se tornar o estudo de como chegar a conclusões sobre o todo
(população) partindo da observação de partes desse todo (amostras) (CRESPO,
2002).
No Brasil, o órgão governamental responsável pela produção das estatísticas
oficiais é o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que subsidiam
estudos e planejamentos governamentais, cuja principal missão é mostrar o país,
com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da
cidadania.
Faz-se necessário, para entender essa disciplina, o desenvolvimento de
alguns conceitos básicos, podendo dividi-la em duas: Estatística descritiva, que
apenas descreve e analisa um conjunto de dados, sem tirar conclusões; e Estatística
indutiva, que pode também ser chamada de Inferência estatística, que trata das
inferências e conclusões, isto é, a partir da análise de dados que são tiradas as
conclusões. Para se analisar os dados de forma estatística podem-se obter os
resultados de duas maneiras: através de um censo ou de uma amostragem
(pesquisa em amostra).
1.1.3 ELEMENTOS DE ESTATÍSTICA
População e amostra População (N) é o conjunto de todos os elementos
relativos a um determinado fenômeno que possuem pelo menos uma característica
em comum. Ex.: Desempenho dos alunos da rede pública de ensino médio do NRE
de Paranavaí.
Amostra (n) é um subconjunto da população e deverá ser considerada finita.
A amostra deve ser selecionada seguindo certas regras como também
representativa, de modo que represente todas as características da população como
se fosse uma fotografia dessa. Ex.: Para analisar o desempenho dos alunos da rede
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pública de ensino médio no NRE de Paranavaí, pode-se utilizar, de maneira
aleatória, uma amostra de 5% do número de alunos de cada série de todas as
escolas.
Pesquisa estatística é qualquer informação retirada de uma população ou
amostra, podendo ser através de Censo ou Amostragem.
Censo é a coleta exaustiva de informações das N unidades populacionais.
Amostragem é o processo de retirada de informações dos “n” elementos
amostrais, no qual deve seguir um método criterioso e adequado (tipos de
amostragem).
Dados e Variáveis
Dado estatístico é qualquer característica que possa ser observada ou
medida de alguma maneira. As matérias primas da estatística são os dados
observados.
Variáveis é aquilo que se deseja observar para se tirar algum tipo de
conclusão, geralmente as variáveis para estudo são selecionadas por processos de
amostragem.
Podem-se considerar dois tipos de variáveis:
Variáveis qualitativas são características de uma população que não podem
ser medidas. Ex. Cor da pele dos alunos (negros ou brancos).
Variáveis quantitativas são características populacionais que podem ser
quantificadas, sendo classificadas em discretas e contínuas;
- Discretas são aquelas variáveis que podem assumir somente valores
inteiros num conjunto de valores. Ex.: Número de aprovados no Colégio X.
- Contínuas: são as variáveis que podem assumir um valor dentro de um
intervalo de valores. Ex.: Tempo gasto para um aluno resolver um problema
de matemática.
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Representação tabular
Tabelas Estatísticas
Um dos objetivos da estatística é sintetizar os valores que uma ou mais
variáveis podem assumir para que tenhamos uma visão global da sua variação.
Tabela é uma maneira de apresentar de forma resumida um conjunto de dados.
. Elementos essenciais de uma tabela;
Consiste em apresentar os dados coletados através de tabelas, dando uma visão
mais clara do que ocorre com os dados observados. As tabelas devem obedecer à
Resolução nº886, de 26 de outubro de 1966, do Conselho Nacional de Estatística.
- TÍTULO: é a indicação que precede a tabela e contém a designação do fato
observado, o local e a época em que foi obtido.
- CABEÇALHO: é a parte superior da tabela que especifica o conteúdo das colunas.
- CORPO: é o conjunto de colunas e linhas que contém respectivamente, em ordem
vertical e horizontal, as informações sobre os fatos observados.
- CASA OU CÉLULA – espaço destinado a um só número;
-COLUNA INDICADORA: é a parte da tabela que especifica ao conteúdo.
Existem várias maneiras de representar um conjunto de dados através de
tabelas, depende para isso, do tipo de dados e da classificação que se queira dar,
fixando uma das 3 modalidades que caracteriza um fato: tempo, local e fato.
Temos:
Séries estatísticas
Uma série estatística é um conjunto de dados ordenados segundo uma
característica comum, as quais servirão posteriormente para se fazer análise e
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inferências
Série Temporal ou Cronológica: (dados distribuídos de acordo com o tempo,
deixando fixo o local do evento e o fato observado
Preço do artigo “Y” no atacado na Cidade “X”
ANOS PREÇO MÉDIO EM REAIS
2003 2,43
2004 2,54
2005 3,01
2006 2,99
2007 2,83
Fonte: Dados Fictícios
Série Geográfica ou Territorial: (o fato e o tempo permanecem constantes, e os
dados são distribuídos conforme o local);
Número de Assaltos na Cidade "X" em 2006
REGIÃO NÚMERO DE ASSALTOS
Centro 74
Zona Sul 54
Zona Norte 31
Zona Leste 29
Zona Oeste 44
Fonte: Dados Fictícios
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Série Específica ou Qualificativa: (ficam fixa o tempo e o local do evento, sendo os
dados distribuídos de acordo com o fato observado).
Número de Candidatos ao vestibular da Universidade "X" em 2006
ÁREA OFERTADA NÚMERO DE CANDIDATOS
Ciências Sociais Aplicadas 2086
Ciências Exatas 1065
Ciências Humanas 1874
Ciências Biológicas 1102
Ciências Tecnológicas 1902
Fonte: Dados Fictícios
Série Mista ou Composta: A combinação entre duas ou mais séries constituem
novas séries denominadas compostas e apresentadas em tabelas de dupla entrada.
O nome da série mista surge de acordo com a combinação de pelo menos dois
elementos.
Exemplo: Específica Temporal:
Número de Alunos Matriculados nas Escolas Particulares da Cidade "X"
BAIRROS 2005 2006 2007
BAIRRO - A 2894 3454 2989
BAIRRO - B 7075 9876 6543
BAIRRO - C 1099 3218 2100
BAIRRO - D 4333 3455 3543
BAIRRO - E 2976 1765 4098
Fonte: Dados Fictícios
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Distribuição de Frequência
É o tipo de série estatística na qual permanece constante o fato, o local e a
época. Os dados são colocados em classe preestabelecida, registrando a freqüência
de ocorrência. Uma distribuição de freqüência pode ser classificada em discreta e
intervalar.
• Distribuição de Frequência Discreta: É uma série de dados agrupados no
qual o número de observações está relacionado com um ponto real.
Número de pontos obtidos pelos alunos na disciplina X, colégioY, em 2007
Pontos Número de Alunos
4 8
5 10
6 7
7 5
8 8
9 5
10 7
Fonte: Dados Fictícios
• Distribuição de Frequência Intervalar: Na distribuição de frequência, os
intervalos parciais deverão ser apresentados de maneira a evitar dúvidas quanto à
classe que permanece determinado elemento.
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Pesos dos alunos da escola X
• Elementos de uma distribuição de frequência
- Classe: são intervalos de variação da variável. As classes são representadas
simbolicamente por i, sendo i = 1, 2, 3. . . k (onde k é o número total de classes da
distribuição).
Observação: O símbolo representa um intervalo fechado à esquerda e aberto à
direita, significa que o número a esquerda pertence à classe e o número à direita
não pertence.
- Limites de Classe: são os extremos de cada classe. O menor número é o limite
inferior da classe ( li ) e o maior número, o limite superior da classe ( ls ).
- Amplitude de um Intervalo de Classe (h): é a medida de intervalo que define a
classe. Ela é obtida pela diferença entre os limites superior e inferior.
Assim: is LLH −=
- Amplitude Total (H): é a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo da
amostra. mínmáx LLH −=
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- Ponto Médio de uma Classe (xi): é o ponto que divide o intervalo de classe em
duas partes iguais.
2
LLx sii +=
1.1.6. Representação Gráfica dos dados
A apresentação gráfica é um complemento importante da apresentação
tabular. A vantagem de um gráfico sobre a tabela está em possibilitar uma rápida
impressão visual da distribuição dos valores ou das frequências observadas. Os
gráficos propiciam uma ideia inicial mais satisfatória da concentração e dispersão
dos valores, uma vez que através deles os dados estatísticos se apresentam em
termos de grandezas visualmente interpretáveis.
A representação gráfica de um fenômeno deve obedecer a certos requisitos
fundamentais para ser realmente útil:
• simplicidade: o gráfico deve ser destituído de detalhes e traços desnecessários;
• clareza: o gráfico deve possuir uma correta interpretação dos valores
representativos do fenômeno em estudo;
• veracidade: o gráfico deve expressar a verdade sobre o fenômeno em estudo.
Principais Tipos de Gráficos
- Gráfico de curva ou de linha – Constitui uma aplicação do processo de
representação das funções num sistema de coordenadas cartesianas.
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- Gráficos de barras ou de colunas – É a representação de uma série por meio de
retângulos, dispostos verticalmente (em colunas) ou horizontalmente (em barras).
Quando em colunas, os retângulos têm a mesma base e as alturas são
proporcionais aos dados, quando em barras, os comprimentos são proporcionais
aos dados; assegurando a proporcionalidade entre as áreas dos retângulos e os
dados estatísticos.
- Gráfico de setores - É a representação gráfica de uma série estatística em um
círculo de raio qualquer, por meio de setores com ângulos centrais proporcionais às
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ocorrências. É utilizado quando se pretende comparar cada valor da série com o
total. O total da série corresponde a 360o (total de graus de um arco de
circunferência). O gráfico em setores representa valores absolutos ou porcentagens
complementares.
As séries geográficas, específicas e as categorias em nível nominal são mais
representadas em gráficos de setores, desde que não apresentem muitas parcelas
(no máximo sete). Cada parcela componente do total será expressa em graus,
calculada através de uma regra de três:
2. MATERIAL E MÉTODO
Para o desenvolvimento deste trabalho, escolheu-se a turma da 8ª série A, do
Colégio Estadual Santos Dumont - EFM. Situado à rua Santos Dumont, 888.
A implementação iniciou-se com uma sondagem através de questionamentos
sobre o que os alunos sabiam de estatística, se já tinham participado de alguma
pesquisa de opinião, se conheciam gráficos, etc. utilizando-se alguns dados sobre a
importância da água como a porcentagem de água salgada (97%) em relação ao da
água doce (3%) disponível no planeta.
Foi apresentado o vídeo sobre a transposição do Rio São Francisco
disponível em http://www.youtube.com/watch?v=PzGRq78Ymko. e, após a
apresentação do vídeo, foram feitas algumas reflexões sobre os motivos que
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levaram a essa iniciativa, a fim de sanar os problemas pela falta de água em regiões
próximas ao Rio São Francisco. Também foram feitas reflexões sobre o consumo de
água e a responsabilidade de cada um no uso consciente dessa.
Para trabalhar os conteúdos estatísticos com esse tema foi solicitado que os
alunos trouxessem suas faturas, a fim de fazer um estudo sobre o consumo de cada
um nos últimos 12 meses.
De posse das faturas e utilizando as variáveis meses e consumo (quantidade
em m³), construiu-se a tabela.
Tabela 1
Consumo de água no período de jun/10 a Maio/11
MESES CONSUMO (m³)
Junho 24
Julho 21
Agosto 10
Setembro 20
Outubro 19
Novembro 25
Dezembro 25
Janeiro 20
Fevereiro 21
Março 19
Abril 17
Maio 25
Fonte: Dados coletados através do consumo de água das famílias dos alunos
• Representação Gráfica dos dados
Para dar início às atividades de representação gráfica, foram entregues
revistas, jornais, livros etc,, para que os alunos observassem os vários tipos de
gráficos existentes e as informações que cada um continha.
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Destacou-se ainda que para entender melhor e mais facilmente esses dados
é o que chamamos em Estatística de Medidas de posição ou Tendência Central que
são: Média, Mediana e Moda, e as Medidas de Dispersão:
• Medidas de posição ou Tendência Central
É um valor calculado para um grupo de dados, e usado para descrever estes dados.
Entre eles temos as medidas de tendência central: MÉDIAS (aritmética e ponderada),
MEDIANA E MODA.
• Calculando a média aritmética simples: É uma medida que resume e
representa um conjunto de dados em um único valor, é definida com a razão
entre a soma dos valores do grupo e o número de valores:
n
SMédia = sendo, S soma dos valores e n número de valores
• Calculando a Mediana (Me) – A mediana é o ponto, ou elemento, a meio
caminho dos dados, isto é, metade dos números está acima dela e metade
abaixo. Para calcular a mediana de um conjunto de dados não agrupados,
primeiro devemos organizar em ordem crescente ou decrescente as variáveis.
Depois determinar o local no qual essa se encontra e, finalmente, calcular o valor
que ela toma. Quando temos um número par (quantidade) de dados, a mediana
é a média aritmética dos valores centrais, caso contrário (quantidade ímpar)
representa o valor central.
• Calculando a Moda (Mo) - A moda de um conjunto de elementos é o elemento
que ocorre com maior freqüência, assim, um conjunto de elementos pode ter
uma moda, mais de uma (bimodal, trimodal) ou nenhuma (amodal).
Medidas de Dispersão (Medidas de Variabilidade)
São medidas utilizadas para medir o grau de variabilidade, ou dispersão dos
valores observados em torno da média aritmética. Servem para medir a
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representatividade da média e proporcionam conhecer o nível de homogeneidade ou
heterogeneidade dentro de cada grupo analisado.
Variância (σ² ou s²) e Desvio Padrão ( σ ou s)
São as medidas de dispersão mais empregadas, pois consideram a
totalidade dos valores da variável em estudo e é um indicador de variabilidade
bastante estável.
• Calculando a Variância - Para medir a dispersão dos dados em torno da média,
os estatísticos usam a soma dos quadrados dos desvios dividida pelo tamanho
da população ou da amostra. Definindo assim, variância como média aritmética
dos quadrados dos desvios. Sendo a variância calculada pela
fórmula:
( )
n
xx
s
n
i
i∑=
−
= 1
2
2
• Calculando o Desvio Padrão - O desvio padrão (PD) é a raiz quadrada da
variância. É uma das mais utilizadas medidas de variação de um grupo de dados.
A vantagem que apresenta sobre a variância é de permitir uma interpretação
direta da variação do conjunto de dados, pois o desvio padrão é expresso na
mesma unidade que a variável. É representado por “s” e calculado por:
2ss =
3. ANÁLISE DOS DADOS
Utilizando as fórmulas de tendência central, medidas de dispersão e dados da
tabela 1, foram obtidos através do software Minitab os seguintes resultados de
acordo com tabela 2 abaixo:
20
Tabela 2
Descriptive Statistics: m³
Variable N Mean StDev Variance Median Mode
m³ 12 20.50 4.27 18.27 20.50 25
Juntamente com os alunos foram feitas as seguintes análises:
A média e a mediana, conforme tabela 2, foram iguais, isto significa que, para
algumas pesquisas tendem a apresentarem valores próximos. A moda, conforme
observado, não consiste em um parâmetro confiável.
Através do desvio padrão, conforme tabela 2, pode-se observar que os
consumos apresentam pouca variabilidade. Se dividirmos o desvio padrão pela
média, podemos obter um índice de variabilidade mais interessante, esse índice
denomina-se Coeficiente de Variabilidade.
O coeficiente calculado através dos dados da tabela 1 é de 0,2085, ou seja,
os dados apresentam uma variabilidade em torno da média de 20,85%. Nas
construções das representações gráficas foram utilizados os dados da tabela 1 e
software Minitab:
Construção do gráfico em barras
maio
abril
març
o
feve
reiro
janei ro
dezem
bro
novem
bro
outubro
sete
mbro
agos toju
lho
junho
25
20
15
10
5
0
meses
m³
Fonte: Dados coletados através das faturas do consumo de água das família dos alunos
Consumo de água no período de julho a junho de 2011
21
Construção do gráfico em linhas
maiabrmarfevjandeznovoutsetagojuljun
26
24
22
20
18
16
14
12
10
Meses
m³
Consumo de água no período de julho a junho de 2011
Fonte: Dados coletados através das faturas do consumo de água das família dos alunos
Após as construções onde cada aluno representou o consumo de sua
residência nos últimos 12 meses, foram feitas as observações e análise de:
• Qual mês gastou mais?
• Qual mês gastou menos?
• Será que está sendo gasto muito, pouco ou na média?
• Qual foi a média de consumo desses meses?
• É possível justificar essa variação de consumo?
Os alunos observaram, compararam, analisaram e discutiram os resultados
entre si. Cada um analisou o consumo de sua residência nesses meses e quais
fatores influenciaram nesse consumo. Observou-se que o mês de menos consumo
foi julho, conforme fatura do mês de agosto, e o mês de maior consumo dezembro,
sendo essa variação de acordo com as análises feitas, em virtude de julho ser mês
de inverno o que diminui consideravelmente o gasto, e por sua vez sendo dezembro
mês de verão, o consumo é maior em função do calor, e também por outros motivos
como ser mês de férias, visitas em casa, etc. Nessas análises, observou-se ainda
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outros fatores que influenciaram esse aumento, tais como número de pessoas que
residem na casa e situação sócio econômica.
Pode-se observar ainda o perfil de cada família, onde constatou-se que nas
famílias dos alunos de classe média, houve em média um consumo de 20.500 litros
de água por mês.
Com os dados observados e as análises feitas, os alunos puderam refletir
sobre a importância do uso consciente da água, a fim de evitar sua escassez.
Nessas análises, destacou-se que a utilização de alguns métodos e técnicas
de pesquisas estatísticas, aplicada de forma contextualizada, se constitui em
ferramentas importantes nas práticas docentes quando associada a situações do
cotidiano, possibilitando aos indivíduos atuação mais efetiva no contexto social.
“É no campo do estudo de problemas e situações reais, numa perspectiva
de investigação contextualizada, que a estatística é chamada a dar a sua
grande contribuição [...].” (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2003, p.107).
4. CONSIDERACÕES FINAIS
A implementação do projeto em sala de aula possibilitou explorar a
Estatística como uma ciência de extrema importância, enfatizando os conhecimentos
necessários para analisar os mais diversos assuntos da atualidade, sendo
necessário o conhecimento de seus conteúdos.
Percebeu-se nessa implementação a quase completa literacia dos alunos
em relação aos conhecimentos estatísticos, e após o desenvolvimento desse
trabalho foi possível verificar maior domínio na leitura, interpretação e análise de
dados, argumentação e informações estatísticas.
Quanto ao Grupo de Trabalho em Rede, os professores participantes
comentaram sobre a relevância do projeto a fim de possibilitar aos alunos
desenvolverem o “pensamento estatístico”, e assim posicionar-se criticamente diante
dos diversos assuntos, visto que grande parte da sociedade é organizada com
bases nesses conhecimentos.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BUSSAB, Wilton O. MORETTIN, Pedro A. Estatística Básica. São Paulo: Atual,
1991.
CRESPO, A. A. Estatística Fácil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
FONSECA, J.S.,martins, G.A. Curso de Estatística. São Paulo: Atlas, 1981.
FALTA DE ÁGUA SERÁ PROBLEMA MUNDIAL PARA O SÉCULO XXI
Desperdício, descaso e contaminação podem levar à escassez da água. Reavaliar
nossas próprias ações podem ajudar em muito.
Disponível em http://www.metodista.br/cidadania/numero-41/falta-de-agua-sera-
problema-mundial-para-o-seculo-xxi/ - Acesso em 10 de out. 2010
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa.
São Paulo 1996.
GEOGRAFIA- AULA 25 – PROBLREMAS AMBIENTAIS
*água – trata-se de um recurso indispensável para a vida humana, além de ter uso
crescente em atividades econômicas como a agricultura e indústria ....
Disponível em: http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/ciencias/agua-
bemlimitado/agua-bemlimitado2.htm, Acesso em 10 nov, 2010.
INSTITUTO FEDERAL DE DUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA – PARANÁ-
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA. APOSTILA CURSO TÉCNICO EM GESTÃO PÚBLICA
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