Artigo igreja Nossa Senhora dos Remedios, Piripiri, PIAUÍ

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Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, 1953: patrimônio histórico-cultural em Piripiri, Piauí.

COÊLHO, Kácia1; NOGUEIRA, Rochelle¹; SILVA, Layane¹.

Resumo

Este trabalho visa analisar histórica e arquitetonicamente a igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios que configura o principal ícone de religiosidade da cidade de Piripiri, no estado do Piauí. Este texto aborda de forma simples e direta, a análise de características formais e elementos presentes na arquitetura desta igreja ainda pouco estudada, bem como seu contexto histórico, importância e relação com a cidade. Com sua imponência e tradição religiosa, a igreja inspirada na catedral alemã de Münster, revela elementos arquitetônicos medievais característicos da arquitetura religiosa brasileira de sua época, além de miscelâneas com outros estilos, classificando-a em um tipo de ecletismo tardio.

Palavras-chave: Piripiri, Ecletismo tardio, Patrimônio histórico.

Parish Church of Nossa Senhora dos Remédios, 1953: historic and cultural heritage in Piripiri, Piauí.

Abstract

This paper aims to analyze historical and architecturally the parish church of Nossa Senhora dos Remédios that is the main icon of religiosity from Piripiri city, in the state of Piauí. This text discusses in a simple and straightforward, the analysis of formal features and elements present in the architecture of this church, still little-studied, as well as its historical context, importance and relationship with the city. With its grandiosity and religious tradition, the church inspired by the German Cathedral of Münster, reveals architectural medieval elements typical of Brazilian religious architecture of its season, beyond miscellaneous with other types, classifying it into a kind of later eclecticism.

Keywords: Piripiri, Later Eclecticism, Historical Heritage.

¹Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFPI, Teresina, Piauí, Brasil.

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Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, 1953: patrimônio histórico-cultural em Piripiri, Piauí.

01. INTRODUÇÃO

Este texto apresenta, de um ponto de vista arquitetônico, uma análise histórico-cultural da

Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, que configura patrimônio de incontestável

importância à cidade de Piripiri, situada a norte do estado do Piauí.

O trabalho foi realizado como resultado de um estudo feito para a disciplina de Arquitetura

Brasileira II, ministrada pela Professora Alcília Afonso de Albuquerque e Melo, do curso

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Piauí, tendo sido orientado pela

mesma.

O objetivo deste artigo foi analisar formalmente a arquitetura da igreja, bem como suas

características ecléticas marcantes. Além disso, este estudo visa também incentivar a

preservação e a proteção deste patrimônio a um patamar governamental.

Com metodologia baseada na coleta de dados com a paróquia de Nossa Senhora dos

Remédios, visitas in loco, análise de registros fotográficos, confecção de perspectivas à

mão e pesquisa bibliográfica, decidiu-se analisar esta igreja não apenas por sua

importância para a região, mas também pelo fato de ainda não ter sido muito estudada.

02. CONTEXTUALIZAÇÃO

A cidade de Piripiri era pouco desenvolvida em 1953, pois havia pouco tempo que tinha

sido elevada a condição de cidade, fato ocorrido em 1910. Não se tem dados suficientes

para se afirmar quem era o chefe administrativo da cidade na época da construção da

igreja. A capela original, onde depois foi erguida a atual igreja, foi um dos primeiros

edifícios de Piripiri, fazendo com que a cidade se desenvolvesse em torno da edificação.

A construção da igreja foi iniciativa da própria população, que sentiu a necessidade de um

espaço maior para comportar o grande numero de fiéis. Essa população religiosa junto

com os padres franciscanos levantaram recursos próprios e doações para possibilitar a

construção da edificação atual. Na época de sua construção havia poucas edificações

próximas, sendo a maioria residências. Com o tempo, a cidade foi crescendo e as

residências que ficavam próximas à igreja acabaram por se tornar, em sua maioria,

pontos comerciais.

03. OBJETO DE ESTUDO

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03.1 Histórico

Trata-se de um edifício religioso na cidade de Piripiri, situada a norte do estado do Piauí.

Em 1844 o padre Francisco Domingos de Freitas constrói uma capela dedicada a Nossa

Senhora dos Remédios e, com o tempo, a capela tornou-se pequena demais para

comportar os fiéis. Então, em 1860, ele doou à antiga igreja 300 braças quadradas de

terras demarcadas judicialmente e ela pôde então ser reconstruída em dimensões

maiores que a original.

O Frei Constâncio Henning elaborou a nova planta da igreja matriz, conservando os

traços e aproveitando a fundação e alicerces das torres da primeira igreja. O carpinteiro

Antônio Alves Sobrinho construiu uma maquete (que atualmente encontra-se em um

museu de arte sacra, na Alemanha) feita a canivete, com riqueza de detalhes, para

mostrar a população como ficaria o novo santuário e para que esta pudesse aprová-la. O

carpinteiro também foi responsável por confeccionar as atuais portas, bancos e a cruz no

altar com a imagem de Cristo.

Uma pedra com a inscrição: “ANNO DOMINI 1953”, no dia 2 de agosto, marcou o ponto

de partida do imponente símbolo material da cidade que teve sua armação levantada em

janeiro de 1954. Um batizado marcou a inauguração do novo templo, a primeira missa foi

realizada e a construção do forro foi iniciada logo após.

03.2 Análise arquitetônica

Na geografia atual da cidade o edifício, que se destaca por sua monumentalidade, está

localizado ao fim da Avenida Tomáz Rebelo, no centro de Piripiri, cidade localizada ao

norte do estado a 160 km de Teresina, capital do Piauí.

Fig. 01: Imagem de satélite da cidade de Piripiri, 2004. Fonte: Google Earth

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A Igreja encontra-se entre as ruas: Nossa Senhora dos Remédios e Felinto Rezende. A

fachada principal se encontra voltada para a Praça da Bandeira e a posterior, com um

adro, volta-se para a Avenida Tomáz Rebelo (Fig. 02), onde, durante o mês de outubro,

são realizadas as tradicionais missas de festejos em homenagem a Nossa Senhora dos

Remédios.

Fig. 02:Fachada Principal. Fonte: Kácia Coêlho, 2012.

O edifício está implantado em um terreno estreito, com dimensões de 104 por 22,50

metros, possuindo quase nenhum recuo nas laterais, 40m de recuo posterior e 20m de

recuo frontal. O terreno possui um pequeno declive e em alguns pontos o recuo lateral

esquerdo é de apenas 40 centímetros, dificultando seu acesso até mesmo por pessoas

que não possuem nenhum tipo de deficiência física. Por ser uma construção antiga pode-

se perceber que não há nenhum cuidado com a acessibilidade. Na Fig. 03 pode-se notar

que há somente escadas para o acesso, além disso, o piso do entorno é irregular.

Fig. 03: Acessos à igreja. Fonte: Kácia Coêlho, 2012.

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A planta é baseada na igreja romana, com nave principal, naves laterais, transepto e altar,

tomando assim a forma de cruz latina. Das basílicas da arquitetura cristã primitiva, que

derivou da igreja romana, o edifício tem como características as naves separadas por

arcadas e a nave principal com pé-direito mais alto que as laterais. Todo o edifício é

constituído de arcos plenos, seja nas aberturas, portas, nichos ou na própria estrutura. As

colunas recebem esforços dos arcos que formam as naves laterais e separam estas da

nave principal (Fig. 04). Assim, cada coluna da arcada recebe esforços de três arcos, que

distribui as cargas em suas paredes bastante espessas. As colunas são grossas e com

capitel geométrico, característico da arquitetura românica, feitas em um tipo de granilite

verde e polido. As paredes são auto portantes, em alvenaria estrutural e de espessura

robusta. São pintadas em tons claros e, no exterior, possuem uma textura rústica.

Há uma abside, que é um fundo para o altar, que não é tão grandiosa quanto nas

basílicas Cristão-primitivas, mas que se destaca por ser toda de pedra, em forma circular

acompanhando a forma da parede do fundo, a qual tem a cor clara característica da

pintura de toda a igreja. O forro de toda a igreja é estruturado em madeira e feito em

compensado com pinturas em alto relevo na cor branca.

Fig. 04: Interior da igreja: vista do altar e naves laterais. Fonte: Rochelle Nogueira, 2012.

O altar, que está em um nível mais alto que as naves, é separado destas por uma

pequena escadaria de três degraus. O local onde permanecem os padres durante as

missas e a mesa do altar encontram-se em um nível pouco mais alto sobre o altar,

destacando a superioridade hierárquica dos religiosos perante os fiéis (Fig. 04).

O altar se destaca também por ser rodeado por janelas de arcos plenos, preenchidas por

vitrais coloridos, mas que não dão para o exterior e sim a um depósito localizado sobre a

sacristia que se situa em um volume atrás do altar.

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De cada lado do altar há uma capela que é separada deste não por uma parede, mas por

um conjunto de aberturas formado por trifórios e aberturas verticais abaixo destes, o lado

dessas capelas que dá para a rua são iluminados por uma sequência de grandes vitrais

(Fig. 05).

Fig. 05:Capela lateral. Fonte: Rochelle Nogueira, 2012.

O edifício é dotado de elementos simbólicos de religiosidade e fé, tais como as cinco

portas representando as cinco chagas de Cristo e as doze colunas representando os doze

apóstolos.

Os efeitos de claro e escuro são obtidos através das poucas aberturas e os vitrais

coloridos promovem efeitos interessantes durante o dia, com cores vibrantes acentuadas

pela obscuridade do interior da igreja. Há uma sequência de janelas que se repetem por

toda a lateral das naves formadas por uma janela maior em arco pleno e, abaixo desta,

três menores, retangulares, com suas paredes internas chanfradas, com exceção das

portas, que possuem rosáceas acima delas (Fig. 06).

Fig. 06: Vitrais. Fonte: Rochelle Nogueira, 2012.

O coro fica em um segundo pavimento acima da porta principal, deixando o pé-direito da

porta principal mais baixo do que o das naves. No coro há poucas aberturas e a

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iluminação se deve a um conjunto de vitrais com imagens sacras e pequenas aberturas

laterais.

As vistas da porta principal e do altar se direcionam apenas para um ponto focal, sendo o

do altar a porta principal e vice-versa, característica das igrejas góticas.

Em cada lado da entrada principal há um nicho onde foram colocadas imagens de santos.

A entrada para as torres e para o coro é a mesma, através de uma porta em madeira que

fica na torre esquerda. A escada de acesso em estilo eclético possui guarda corpo cheio,

em alvenaria, com detalhe em granilite, simulando um corrimão A iluminação da escada

também é feita por janelas com vitrais (Fig. 07). Possuindo uma forma sinuosa e sem

muitos detalhes, esta escada se torna um dos elementos arquitetônicos mais bonitos da

igreja, não sendo, no entanto de conhecimento e acesso de todo o público, já que esta é

fechada por uma porta de acesso, onde somente pessoas autorizadas podem entrar.

Fig. 07: Escada do coro. Fonte: Kácia Coêlho, 2012.

O fato de o coro não ser mais utilizado para as funções a que se destina, sendo usado

agora somente como um tipo de depósito, reforça esse desconhecimento da população

de características importantes da edificação e mau uso dos ambientes.

Para subir até o alto das torres, onde ficam os sinos, o acesso é feito por escadas de

madeira, sem corrimões. Não é dado uma atenção ou detalhamento muito especial para

essas escadas possivelmente por serem acessadas por poucas pessoas, somente para

manutenções.

O piso e parte das paredes do interior são revestidos com uma pedra rústica oriunda de

cidades próximas. Nos adros o piso é revestido com a mesma pedra com cortes

irregulares e assentamento também irregular. Na sacristia o piso é cerâmico, formando

uma espécie de desenho.

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Desde 1884, quando ainda era uma pequena capela, a igreja matriz sofreu mudanças em

sua arquitetura, até adquirir, no início dos anos 50, sua configuração atual. Ao final do

século XIX, a então capela em sua forma original possuía aspecto austero, simples e

pouco imponente. Ela já apresentava em sua fachada frontal uma simetria clássica,

também característica da atual, com suas torres sineiras em ambos os lados, além de um

frontispício com poucas aberturas e frontão pouco trabalhado.

Nos anos seguintes houve o acréscimo de um pavimento nas torres, na tentativa de uma

maior imponência e o frontispício é substituído pelo atual, sai o frontão sem ornamentos

para dar lugar a um frontispício mais alto e mais trabalhado, com mais aberturas e

elementos decorativos. Em 1972, a igreja já apresenta sua arquitetura atual, tendo sido

acrescentado ainda mais um pavimento às torres com a clara intenção de equilibrar suas

dimensões com o alto frontispício construído anteriormente, além da responsabilidade de

conferir à igreja monumentalidade e proporção volumétrica (Fig. 08).

Fig. 08: Perspectiva. Fonte: Layane Silva, 2012.

No Brasil as entidades religiosas davam preferência aos estilos romanos e góticos, que

simbolizavam o apogeu da fé católica. Logo, todas as igrejas do começo do século, e até

de tempos depois, inspiravam-se nas grandes tradições medievais, porém a falta de

conhecimentos e de respeito pelas proporções clássicas terminou por levar os arquitetos

a criar suas próprias soluções. (BRUAND, 2008)

Com a igreja de Piripiri não foi diferente, ao se aproximar o olhar aos elementos que a

compõe, percebe-se uma falta de rebuscamento em seus acabamentos e certa falta de

critério em suas disposições, reflexo de uma arquitetura feita sem muitos recursos de

composição projetual. Apesar de ter sido inspirada na igreja Saint Paulus Dom, em

Münster, na Alemanha, da qual herdou traços arquitetônicos, tais como vitrais, rosáceas,

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pináculos, trifórios e arcadas, a igreja Matriz transcende à cópia e recria com materiais da

região (exceto os vitrais, de origem alemã) de maneira simples e sucinta uma nova

arquitetura, em comparação com a igreja alemã, pois também incorpora inúmeros

elementos de vários outros estilos arquitetônicos, não apenas medievais. Sendo assim, a

igreja é produto de um ecletismo tardio o que lhe proporcionou características que, juntas,

lhe dão ares de originalidade (Fig. 09).

Sua forma é tradicional e equilibrada e é composta pela interseção de quatro volumes,

sendo os dois mais altos as torres, com uma em cada lado, outro representando o volume

das naves e da sacristia e um último (Fig.09), que interseciona a nave, formando o altar,

além de formar, em cada lado, duas capelinhas laterais.

A edificação tem sua presença bem marcada por um amplo adro revestido com pedras de

corte irregular, elevado do nível da rua e acessado por escadarias. Já suas entradas

laterais são acessadas por pequenas escadarias de inspiração barroca feita em concreto

rústico e com guarda-corpo em ferro, com detalhes torsos.

Os belos e coloridos vitrais alemães, apesar de seus desenhos e cores não serem

notados quando vistos por fora, preenchem as aberturas verticalizadas que, em sua

maioria, possuem vergas trabalhadas em arco pleno. Estes vitrais contam com uma

proteção externa com gradis delgados, oferecendo-lhes proteção contra danos. Quanto à

fenestração, nota-se que a disposição das aberturas, apesar de possuir certa simetria e

ritmo, não segue um critério formal, misturando-se elementos de diferentes dimensões e

estilos, o que confere às fachadas certa desarmonia em sua composição projetual.

Fig. 09: Croquis das fachadas posterior e principal, respectivamente. Fonte: Rochelle Nogueira, 2012.

Na fachada posterior onde se localiza a sacristia, as aberturas formam uma imensa cruz

com fechamentos em vitrais coloridos, trazendo identidade à edificação. Nas capelinhas

laterais as aberturas com vitrais possuem o mesmo estilo das demais, porém ainda mais

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verticalizadas e formando sequências interessantes. Observa-se ainda inúmeras

pequenas aberturas, circulares ou em forma de cruz grega, conferindo ritmo às fachadas.

Nota-se que a igreja possui práticas construtivas predominantemente neorromânicas,

destacando-se o uso de contrafortes fazendo com que seu volume robusto seja carregado

de simbologia, tal qual uma “fortaleza de Deus”. Além disso, predominam em suas

fachadas os cheios sobre os vazios e o uso dos arcos em meia volta. Do neogótico, a

igreja herdou características como a verticalidade, o uso de vitrais, rosáceas e trifórios.

Das arquiteturas clássicas ela herda o uso da simetria, da monumentalidade espacial, um

tímido frontão da fachada principal, as cornijas, frisos, modinaturas, as quais marcam o

contorno das aberturas e também formam cantos trabalhados com relevos recortados

(bastante comuns na arquitetura eclética).

Já em relação às coberturas, elas são compostas por quatro águas sobre cada torre. A

cobertura da nave principal são duas águas que seguem até o fim do volume, na sacristia,

e se cruza com a cobertura, também em duas águas, do transepto. Para que isso fosse

possível foi preciso que estas coberturas tivessem a mesma altura de cumeeira. Quanto

às naves laterais, elas possuem águas mais baixas em relação à nave principal formando

um pequeno escalonamento. A cobertura de toda a igreja é estruturada em madeira de

pau d’arco e sustentadas por tesouras do mesmo material, além do uso de telhas planas,

tipo marselha.

04. DISCUSSÃO

A igreja matriz de nossa senhora dos remédios é um patrimônio material de grande

significado arquitetônico e cultural, não só para a cidade de Piripiri, como também para o

estado do Piauí. Marcada por um estilo eclético tardio do começo dos anos 50, a igreja

deveria ser preservada por meio de tombamento, para que, futuramente, não haja

nenhum tipo de descaracterização do edifício, e, portanto, não se perca seu estilo e

história, ou até mesmo para que não seja destruída. O edifício não é tombado, e não

possui inventário, fatos que prejudicam seu processo de conservação e dificultam a

preservação da igreja. A entidade que assume este papel é a Paróquia Nossa Senhora

dos Remédios, que administra a igreja e recebe doações que possibilitam as reformas,

com o cuidado de não descaracterizá-la. Porém esse processo é lento já que os recursos

são poucos, sendo necessários cuidados a níveis governamentais, que possibilitem sua

preservação e proteção enquanto patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade

de Piripiri.

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05. CONCLUSÃO

A igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, importante símbolo de fé católica de

Piripiri, é dotada de imenso valor histórico e arquitetônico para a região, pois teve sua

origem e desenvolvimento compartilhados com a cidade.

É importante frisar que a preservação da edificação se dá quase que exclusivamente pela

paróquia que a administra, sendo esta responsável pelas reformas recentes e pela

preservação de sua história através da criação de um pequeno museu em sua sede.

Espera-se que um dia haja interesse por parte das entidades governamentais em proteger

este patrimônio que, embora seja relativamente recente, é de suma importância histórica

para a região, pois se dedica, sobretudo, a atividades religiosas e culturais que fazem

parte da tradição da cidade.

Enfatiza-se ainda o fato de a edificação não usufruir de acessibilidade, possuindo recuos

laterais ínfimos, conferindo à igreja, local que deveria ser disponível a todos, certo caráter

de exclusão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Frei Fernandes. A história da Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Piripiri, 02 de abril de 2012. Entrevista concedida a Kácia Coêlho, Layane Silva e Rochelle Nogueira.

BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 2008. CARVALHO, Benjamin de Araújo. A história da arquitetura. Edições de Ouro. Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint, 1974. FABRIS, Annateresa (org.). Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São Paulo: Nobel & EDUSP, 1987.

IBGE. Piripiri. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/piaui/piripiri.pdf>. Acesso em 05 de abril de 2012.

PARÓQUIA REMÉDIOS. Paróquia Nossa Senhora dos Remédios. Disponível em: <http://www.paroquiaremedios.com.br>. Acesso em: 1° de abril de 2012.

SILVA, Antônio Sanatiel. Aspectos e características da Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Piripiri, 17 de março de 2012. Entrevista concedida a Kácia Coêlho.