Artigo Joao Marin MZ Group Brasil Economico
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PONTO DE VISTA
As Ofertas Públicas de Aquisição, ou simplesmente “OPAs”, estão se tornan-do cada vez mais comuns, principalmente para o cancelamento de registrode companhia aberta. Em 2012, por exemplo, tivemos a Redecard, CCDI e oinício do movimento da Amil, dada a associação com a United Health. Essetipo de operação se dá por uma decisão do acionista controlador ou da Com-panhia, por meio de uma AGE.
Assim como a abertura de capital (IPO), a decisão da OPA envolve uma sé-rie de avaliações dos prós e contras da companhia para se manter listada embolsa. A obrigatoriedade da realização de uma OPA para a aquisição da totali-dade das ações em circulação, como condição para o fechamento de capital,existe para proteger os acionistas minoritários. O objetivo é evitar que conti-nuem sócios de uma empresa fechada.
O cancelamento do registro de companhia aberta ocorre quando os titula-res das ações em circulação, que concordam com a OPA, representem maisde 2/3. Caso o volume restante de ações em circulação seja menor que 5%, acompanhia pode, em uma AGE, optar pelo resgate automático (squeeze out).
Como atingir esse público para que o tratamento seja realmente equânimee maximizar a disseminação das informações sobre a OPA?
Acionistas não necessariamente acompanham de perto suas investidas: ascompanhias não podem esquecer que a base acionária é composta de milha-res de minoritários e que uma porcentagem desses acionistas tem suas açõescomo investimentos comparáveis a poupanças, sequer acompanham o sitede RI e da CVM, o extrato mensal de suas corretoras e muito menos seções depublicidade legal em jornais. Esta é a realidade em um mercado onde investi-mentos em renda variável, por pessoas físicas, não é prática comum comoem mercados mais maduros.
Transcenda a obrigatoriedade legal: uma OPA exige esforços extras e re-quer um programa especial de comunicação. Deve-se buscar uma aborda-gem mais personalizada. Para tal, sugiro que a companhia faça a atualizaçãodos dados cadastrais da base acionária fornecida pelo custodiante; planejeuma ação de envio de correspondências para esclarecer todo o procedimen-to e informar o maior número possível de acionistas sobre a Oferta; efetueações conjuntas de call center ativo e passivo para informar os acionistas, ga-rantindo o �uxo de informações sobre a operação e como forma de esclareci-mento de dúvidas; e aumente a capilaridade da informação por meio de re-des sociais e ferramentas mobile.
Em relação ao planejamento e canal aberto com os reguladores, essasações devem entrar no planejamento da OPA desde o início, sempre com oaval e acompanhamento da CVM, para que sejam estruturadas no tempo cer-to e estejam alinhadas com as etapas legais da oferta. Dessa forma a compa-nhia pode minimizar esforços posteriores à conclusão da OPA, como porexemplo, manter um canal exclusivo de atendimento aos acionistas que ain-da precisam entender o histórico da companhia e o motivo das suas ações“poupança” não aparecerem mais em sua carteira.
JOÃO MARINSócio do MZ Group
A data, 7 de janeiro de 2013. A cena, dezenas de estudantes segurando car-tazes de protestos contra a censura. O local, inusitado, a cidade de Cantão,capital da província de Guangdong, na China. O fato, apesar de ter passadoem notas de rodapé na imprensa mundial, mostra que há luz no �m do tú-nel, que a China não é mais a mesma caixa trancada e a internet tem setransformado na ferramenta de libertação de amarras. Com mais de 1,3 bi-lhão de habitantes, a China vive uma crise existencial que se re�ete nomundo virtual e nas redes sociais. O país continua com restrições à liberda-de de imprensa e da imposição de obstáculos ao livre uso da web. Mas o atodo início do ano aponta que, pela primeira vez na história recente, houveespaço para protestos sem retaliação na China e que o movimento só ga-nhou as ruas por causa da internet.
O protesto em Cantão é parte de uma crescente mobilização popular pelaliberdade de imprensa e um teste em relação ao compromisso do novo lídermáximo da China, Xi Jinping, com as reformas no país. Essa mobilização temganhado força por causa dos internautas, que, mesmo censurados, conse-guem espaço. A insatisfação surgiu no primeiro �nal de semana do ano, quan-do repórteres do in�uente Semanário do Sul acusaram censores de alteraremuma mensagem de Ano Novo aos leitores, em que a defesa de um governoconstitucional foi substituída por palavras de louvor ao Partido Comunista.
Os manifestantes empunharam cartazes manuscritos dizendo que “liber-dade de expressão não é crime” e que “os chineses querem liberdade”. Mui-tos portavam crisântemos amarelos, simbolizando luto pela liberdade de im-prensa. O jornal não é um defensor ferrenho da liberdade de expressão. Aocontrário: os dirigentes do veículo logo partiram para a defesa, alegando que“os rumores pela internet eram falsos”. Mas muitos jornalistas se desvincula-ram dessa declaração e iniciaram uma greve. E cartas abertas passaram a cir-cular em sites e redes sociais pedindo a demissão do chefe de propaganda daprovíncia, Tuo Zhen, acusado de amordaçar a imprensa.
A China mantém intenso monitoramento de reportagens, artigos e, hojeem dia, posts na internet. Mas como controlar o universo on-line? Enquan-to existirem pessoas com desejo de fazer ecoar a sua indignação vista e capa-zes de burlar os censores chineses, esse controle é impossível.
A mais in�uente intelectual tibetana Tsering Woeser possui um blog cha-mado “Invisible Tibet”. Recentemente acusou as autoridades de Lhasa, a ca-pital tibetana, de segregação racial, acolhendo os visitantes chineses da et-nia han para a cidade, mas não tibetanos. O blog tem sido a fonte de jornalis-tas estrangeiros sobre a tensa relação entre Tibete e China que se prolongahá anos. Tais mudanças na China podem parecer um assunto longínquo,mas hoje a segunda maior economia do mundo afeta a vida de todos. O con-sumo no mundo pode ser afetado por uma internet livre e acessível na Chi-na. Muitos têm a ganhar — em especial o Brasil, dependente direto do consu-mo chinês. A boa notícia é que há uma fagulha no palheiro. E que o governo,por pressão popular, tem dado ar à fagulha. Que bom começo.
Como garantir tratamentoequânime em OPAs?
GABRIEL ROSSIEstrategista de marketing digital e palestrante
IDEIAS/DEBATES
Oferta Pública de Aquisição exige esforços extras erequer programa especial de comunicação. Por isso,deve-se buscar abordagem mais personalizada
A in�uência da internete a censura na China
A China mantém intenso monitoramento dereportagens, artigos e, hoje em dia, posts nainternet. Mas como controlar o universo on-line?
Segunda-feira, 28 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 39