Artigo Joao Marin MZ Group Brasil Economico

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Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretor Executivo Ricardo Galuppo Publisher Ricardo Galuppo Diretor de Redação Joaquim Castanheira Diretor Adjunto Octávio Costa Editores Executivos Adriana Teixeira, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Redação - Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP) Sede - Rua Joaquim Palhares, 40 Torre Sul - 7º andar - Cidade Nova – CEP 20260-080 Rio de Janeiro (RJ) Fones (21) 2222-8701 e 2222-8707 CONTATOS: Redação - Fone (11) 3320-2000 - Fax (11) 3320-2158 Administração - Fone RJ (21) 2222-8050 - SP (11) 3320-2128 Publicidade - Fone RJ (21) 2222-8151 - SP (11) 3320-2182 Atendimento ao assinante/leitor Rio de Janeiro (Capital) - Fone (21) 3878-9100 São Paulo e demais localidades - Fone 0800 021-0118 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30 Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h www.brasileconomico.com.br/assine [email protected] Condições especiais para pacotes e projetos corporativos [email protected] Fone (11) 3320-2017 (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Central de Atendimento ao Jornaleiro Fone (11) 3320-2112 Impressão Editora O Dia S.A. (RJ) Diário Serv Gráfica & Logística (SP) PONTO DE VISTA As Ofertas Públicas de Aquisição, ou simplesmente “OPAs”, estão se tornan- do cada vez mais comuns, principalmente para o cancelamento de registro de companhia aberta. Em 2012, por exemplo, tivemos a Redecard, CCDI e o início do movimento da Amil, dada a associação com a United Health. Esse tipo de operação se dá por uma decisão do acionista controlador ou da Com- panhia, por meio de uma AGE. Assim como a abertura de capital (IPO), a decisão da OPA envolve uma sé- rie de avaliações dos prós e contras da companhia para se manter listada em bolsa. A obrigatoriedade da realização de uma OPA para a aquisição da totali- dade das ações em circulação, como condição para o fechamento de capital, existe para proteger os acionistas minoritários. O objetivo é evitar que conti- nuem sócios de uma empresa fechada. O cancelamento do registro de companhia aberta ocorre quando os titula- res das ações em circulação, que concordam com a OPA, representem mais de 2/3. Caso o volume restante de ações em circulação seja menor que 5%, a companhia pode, em uma AGE, optar pelo resgate automático (squeeze out). Como atingir esse público para que o tratamento seja realmente equânime e maximizar a disseminação das informações sobre a OPA? Acionistas não necessariamente acompanham de perto suas investidas: as companhias não podem esquecer que a base acionária é composta de milha- res de minoritários e que uma porcentagem desses acionistas tem suas ações como investimentos comparáveis a poupanças, sequer acompanham o site de RI e da CVM, o extrato mensal de suas corretoras e muito menos seções de publicidade legal em jornais. Esta é a realidade em um mercado onde investi- mentos em renda variável, por pessoas físicas, não é prática comum como em mercados mais maduros. Transcenda a obrigatoriedade legal: uma OPA exige esforços extras e re- quer um programa especial de comunicação. Deve-se buscar uma aborda- gem mais personalizada. Para tal, sugiro que a companhia faça a atualização dos dados cadastrais da base acionária fornecida pelo custodiante; planeje uma ação de envio de correspondências para esclarecer todo o procedimen- to e informar o maior número possível de acionistas sobre a Oferta; efetue ações conjuntas de call center ativo e passivo para informar os acionistas, ga- rantindo o fluxo de informações sobre a operação e como forma de esclareci- mento de dúvidas; e aumente a capilaridade da informação por meio de re- des sociais e ferramentas mobile. Em relação ao planejamento e canal aberto com os reguladores, essas ações devem entrar no planejamento da OPA desde o início, sempre com o aval e acompanhamento da CVM, para que sejam estruturadas no tempo cer- to e estejam alinhadas com as etapas legais da oferta. Dessa forma a compa- nhia pode minimizar esforços posteriores à conclusão da OPA, como por exemplo, manter um canal exclusivo de atendimento aos acionistas que ain- da precisam entender o histórico da companhia e o motivo das suas ações “poupança” não aparecerem mais em sua carteira. JOÃO MARIN Sócio do MZ Group A data, 7 de janeiro de 2013. A cena, dezenas de estudantes segurando car- tazes de protestos contra a censura. O local, inusitado, a cidade de Cantão, capital da província de Guangdong, na China. O fato, apesar de ter passado em notas de rodapé na imprensa mundial, mostra que há luz no fim do tú- nel, que a China não é mais a mesma caixa trancada e a internet tem se transformado na ferramenta de libertação de amarras. Com mais de 1,3 bi- lhão de habitantes, a China vive uma crise existencial que se reflete no mundo virtual e nas redes sociais. O país continua com restrições à liberda- de de imprensa e da imposição de obstáculos ao livre uso da web. Mas o ato do início do ano aponta que, pela primeira vez na história recente, houve espaço para protestos sem retaliação na China e que o movimento só ga- nhou as ruas por causa da internet. O protesto em Cantão é parte de uma crescente mobilização popular pela liberdade de imprensa e um teste em relação ao compromisso do novo líder máximo da China, Xi Jinping, com as reformas no país. Essa mobilização tem ganhado força por causa dos internautas, que, mesmo censurados, conse- guem espaço. A insatisfação surgiu no primeiro final de semana do ano, quan- do repórteres do influente Semanário do Sul acusaram censores de alterarem uma mensagem de Ano Novo aos leitores, em que a defesa de um governo constitucional foi substituída por palavras de louvor ao Partido Comunista. Os manifestantes empunharam cartazes manuscritos dizendo que “liber- dade de expressão não é crime” e que “os chineses querem liberdade”. Mui- tos portavam crisântemos amarelos, simbolizando luto pela liberdade de im- prensa. O jornal não é um defensor ferrenho da liberdade de expressão. Ao contrário: os dirigentes do veículo logo partiram para a defesa, alegando que “os rumores pela internet eram falsos”. Mas muitos jornalistas se desvincula- ram dessa declaração e iniciaram uma greve. E cartas abertas passaram a cir- cular em sites e redes sociais pedindo a demissão do chefe de propaganda da província, Tuo Zhen, acusado de amordaçar a imprensa. A China mantém intenso monitoramento de reportagens, artigos e, hoje em dia, posts na internet. Mas como controlar o universo on-line? Enquan- to existirem pessoas com desejo de fazer ecoar a sua indignação vista e capa- zes de burlar os censores chineses, esse controle é impossível. A mais influente intelectual tibetana Tsering Woeser possui um blog cha- mado “Invisible Tibet”. Recentemente acusou as autoridades de Lhasa, a ca- pital tibetana, de segregação racial, acolhendo os visitantes chineses da et- nia han para a cidade, mas não tibetanos. O blog tem sido a fonte de jornalis- tas estrangeiros sobre a tensa relação entre Tibete e China que se prolonga há anos. Tais mudanças na China podem parecer um assunto longínquo, mas hoje a segunda maior economia do mundo afeta a vida de todos. O con- sumo no mundo pode ser afetado por uma internet livre e acessível na Chi- na. Muitos têm a ganhar — em especial o Brasil, dependente direto do consu- mo chinês. A boa notícia é que há uma fagulha no palheiro. E que o governo, por pressão popular, tem dado ar à fagulha. Que bom começo. Como garantir tratamento equânime em OPAs? GABRIEL ROSSI Estrategista de marketing digital e palestrante IDEIAS/DEBATES Oferta Pública de Aquisição exige esforços extras e requer programa especial de comunicação. Por isso, deve-se buscar abordagem mais personalizada A influência da internet e a censura na China A China mantém intenso monitoramento de reportagens, artigos e, hoje em dia, posts na internet. Mas como controlar o universo on-line? [email protected] Segunda-feira, 28 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 39

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Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas VasconcellosDiretor-Presidente José MascarenhasDiretor Executivo Ricardo Galuppo

Publisher Ricardo GaluppoDiretor de Redação Joaquim CastanheiraDiretor Adjunto Octávio Costa

Editores Executivos Adriana Teixeira,Gabriel de Sales, Jiane [email protected]

BRASIL ECONÔMICOé uma publicação da EmpresaJornalística Econômico S.A.

Redação - Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andarCEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP)

Sede - Rua Joaquim Palhares, 40Torre Sul - 7º andar - Cidade Nova – CEP 20260-080Rio de Janeiro (RJ)Fones (21) 2222-8701 e 2222-8707

CONTATOS:Redação - Fone (11) 3320-2000 - Fax (11) 3320-2158Administração - Fone RJ (21) 2222-8050 - SP (11) 3320-2128Publicidade - Fone RJ (21) 2222-8151 - SP (11) 3320-2182

Atendimento ao assinante/leitorRio de Janeiro (Capital) - Fone (21) 3878-9100São Paulo e demais localidades - Fone 0800 021-0118De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14hwww.brasileconomico.com.br/[email protected]

Condições especiais para pacotes e projetos [email protected] (11) 3320-2017(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)

Central de Atendimento ao JornaleiroFone (11) 3320-2112

ImpressãoEditora O Dia S.A. (RJ)Diário Serv Grá�ca & Logística (SP)

PONTO DE VISTA

As Ofertas Públicas de Aquisição, ou simplesmente “OPAs”, estão se tornan-do cada vez mais comuns, principalmente para o cancelamento de registrode companhia aberta. Em 2012, por exemplo, tivemos a Redecard, CCDI e oinício do movimento da Amil, dada a associação com a United Health. Essetipo de operação se dá por uma decisão do acionista controlador ou da Com-panhia, por meio de uma AGE.

Assim como a abertura de capital (IPO), a decisão da OPA envolve uma sé-rie de avaliações dos prós e contras da companhia para se manter listada embolsa. A obrigatoriedade da realização de uma OPA para a aquisição da totali-dade das ações em circulação, como condição para o fechamento de capital,existe para proteger os acionistas minoritários. O objetivo é evitar que conti-nuem sócios de uma empresa fechada.

O cancelamento do registro de companhia aberta ocorre quando os titula-res das ações em circulação, que concordam com a OPA, representem maisde 2/3. Caso o volume restante de ações em circulação seja menor que 5%, acompanhia pode, em uma AGE, optar pelo resgate automático (squeeze out).

Como atingir esse público para que o tratamento seja realmente equânimee maximizar a disseminação das informações sobre a OPA?

Acionistas não necessariamente acompanham de perto suas investidas: ascompanhias não podem esquecer que a base acionária é composta de milha-res de minoritários e que uma porcentagem desses acionistas tem suas açõescomo investimentos comparáveis a poupanças, sequer acompanham o sitede RI e da CVM, o extrato mensal de suas corretoras e muito menos seções depublicidade legal em jornais. Esta é a realidade em um mercado onde investi-mentos em renda variável, por pessoas físicas, não é prática comum comoem mercados mais maduros.

Transcenda a obrigatoriedade legal: uma OPA exige esforços extras e re-quer um programa especial de comunicação. Deve-se buscar uma aborda-gem mais personalizada. Para tal, sugiro que a companhia faça a atualizaçãodos dados cadastrais da base acionária fornecida pelo custodiante; planejeuma ação de envio de correspondências para esclarecer todo o procedimen-to e informar o maior número possível de acionistas sobre a Oferta; efetueações conjuntas de call center ativo e passivo para informar os acionistas, ga-rantindo o �uxo de informações sobre a operação e como forma de esclareci-mento de dúvidas; e aumente a capilaridade da informação por meio de re-des sociais e ferramentas mobile.

Em relação ao planejamento e canal aberto com os reguladores, essasações devem entrar no planejamento da OPA desde o início, sempre com oaval e acompanhamento da CVM, para que sejam estruturadas no tempo cer-to e estejam alinhadas com as etapas legais da oferta. Dessa forma a compa-nhia pode minimizar esforços posteriores à conclusão da OPA, como porexemplo, manter um canal exclusivo de atendimento aos acionistas que ain-da precisam entender o histórico da companhia e o motivo das suas ações“poupança” não aparecerem mais em sua carteira.

JOÃO MARINSócio do MZ Group

A data, 7 de janeiro de 2013. A cena, dezenas de estudantes segurando car-tazes de protestos contra a censura. O local, inusitado, a cidade de Cantão,capital da província de Guangdong, na China. O fato, apesar de ter passadoem notas de rodapé na imprensa mundial, mostra que há luz no �m do tú-nel, que a China não é mais a mesma caixa trancada e a internet tem setransformado na ferramenta de libertação de amarras. Com mais de 1,3 bi-lhão de habitantes, a China vive uma crise existencial que se re�ete nomundo virtual e nas redes sociais. O país continua com restrições à liberda-de de imprensa e da imposição de obstáculos ao livre uso da web. Mas o atodo início do ano aponta que, pela primeira vez na história recente, houveespaço para protestos sem retaliação na China e que o movimento só ga-nhou as ruas por causa da internet.

O protesto em Cantão é parte de uma crescente mobilização popular pelaliberdade de imprensa e um teste em relação ao compromisso do novo lídermáximo da China, Xi Jinping, com as reformas no país. Essa mobilização temganhado força por causa dos internautas, que, mesmo censurados, conse-guem espaço. A insatisfação surgiu no primeiro �nal de semana do ano, quan-do repórteres do in�uente Semanário do Sul acusaram censores de alteraremuma mensagem de Ano Novo aos leitores, em que a defesa de um governoconstitucional foi substituída por palavras de louvor ao Partido Comunista.

Os manifestantes empunharam cartazes manuscritos dizendo que “liber-dade de expressão não é crime” e que “os chineses querem liberdade”. Mui-tos portavam crisântemos amarelos, simbolizando luto pela liberdade de im-prensa. O jornal não é um defensor ferrenho da liberdade de expressão. Aocontrário: os dirigentes do veículo logo partiram para a defesa, alegando que“os rumores pela internet eram falsos”. Mas muitos jornalistas se desvincula-ram dessa declaração e iniciaram uma greve. E cartas abertas passaram a cir-cular em sites e redes sociais pedindo a demissão do chefe de propaganda daprovíncia, Tuo Zhen, acusado de amordaçar a imprensa.

A China mantém intenso monitoramento de reportagens, artigos e, hojeem dia, posts na internet. Mas como controlar o universo on-line? Enquan-to existirem pessoas com desejo de fazer ecoar a sua indignação vista e capa-zes de burlar os censores chineses, esse controle é impossível.

A mais in�uente intelectual tibetana Tsering Woeser possui um blog cha-mado “Invisible Tibet”. Recentemente acusou as autoridades de Lhasa, a ca-pital tibetana, de segregação racial, acolhendo os visitantes chineses da et-nia han para a cidade, mas não tibetanos. O blog tem sido a fonte de jornalis-tas estrangeiros sobre a tensa relação entre Tibete e China que se prolongahá anos. Tais mudanças na China podem parecer um assunto longínquo,mas hoje a segunda maior economia do mundo afeta a vida de todos. O con-sumo no mundo pode ser afetado por uma internet livre e acessível na Chi-na. Muitos têm a ganhar — em especial o Brasil, dependente direto do consu-mo chinês. A boa notícia é que há uma fagulha no palheiro. E que o governo,por pressão popular, tem dado ar à fagulha. Que bom começo.

Como garantir tratamentoequânime em OPAs?

GABRIEL ROSSIEstrategista de marketing digital e palestrante

IDEIAS/DEBATES

Oferta Pública de Aquisição exige esforços extras erequer programa especial de comunicação. Por isso,deve-se buscar abordagem mais personalizada

A in�uência da internete a censura na China

A China mantém intenso monitoramento dereportagens, artigos e, hoje em dia, posts nainternet. Mas como controlar o universo on-line?

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Segunda-feira, 28 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 39