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    GESTOAMBIENTAL LUZ DA RESPONSABILIDADE SOCIALEMPRESARIAL: UM ESTUDONO SETOR SUCROENERGTICOEMGOIS

    JOSE ELENILSONCRUZUniversidade de Braslia (UnB)[email protected]

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    GESTO AMBIENTAL LUZ DA RESPONSABILIDADE SOCIALEMPRESARIAL: UM ESTUDO NO SETOR SUCROENERGTICO EM GOIS.

    ResumoOs Indicadores Ethos de responsabilidade social empresarial (RSE) auxiliam as empresas nagesto socialmente responsvel de seus negcios. Uma de suas dimenses, Meio Ambiente,trata dos temas relativos gesto ambiental. Com base nos indicadores desta dimenso, estetrabalho avalia o estgio de implantao da RSE quanto s polticas relacionadas gesto domeio ambiente nas empresas sucroalcooleiras instaladas no Estado de Gois. Essa pesquisaclassifica-se como um survey exploratrio, apoiado em pesquisa bibliogrfica e em dados

    primrios levantados por meio da aplicao de um questionrio estruturado, com questesabertas, fechadas e de mltipla escolha aos gestores de doze indstrias. Os resultados revelam

    que a Dimenso Meio Ambiente est em fase de implantao (PI/EI) em 67%, TI em 8% eND em 25% das indstrias pesquisadas. Para o aprimoramento da melhoria da qualidadeambiental necessrio que as empresas aperfeioem processos que deixam a desejar, taiscomo: o monitoramento da frota de veculos (prprios e terceirizados) e a incluso dosempregados, clientes, fornecedores e comunidade na discusso dos impactos ambientaiscausados por seus produtos e servios.

    Palavras-chave: Responsabilidade social empresarial; gesto ambiental; agronegcio.

    AbstractEthos Indicators of Corporate Social Responsibility (CSR) assist companies in sociallyresponsible management of their businesses. One of its dimensions, Environment, deals withissues related to environmental management. Based on the indicators of this dimension, thisstudy evaluates the CSR implementation status regarding policies related to environmentalmanagement in sugarcane companies in the state of Gois. This research is classified as anexploratory survey, supported by literature and primary data collected through the applicationof a structured questionnaire with open questions, multiple choice and closed the twelveindustries managers. The results show that the dimension environment is underimplementation (IP / EI) at 67% IT 8% and ND 25% of the surveyed industries. For theimprovement of environmental quality improvement is necessary for organizations to improve

    processes that are lacking, such as the monitoring of vehicle fleet (and outsourced) and the

    inclusion of employees, customers, suppliers and the community in the discussion ofenvironmental impacts caused by their products and services.

    Keywords: Corporate Social Responsibility; environmental management; agribusiness.

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    1 INTRODUOO debate sobre responsabilidade social empresarial (RSE) provocado pelo

    entendimento de que as empresas devem ser responsveis por amenizar os impactos de suas

    atividades junto sociedade e ao meio ambiente. A RSE constitui-se de um compndio deconhecimento, contribuies tericas e prticas desenvolvidas e aprimoradas ao longo dosculo XX, que tem servido como guia orientador de conduta e prticas de cunho tico, morale legal para organizaes e indivduos.

    A evoluo do conceito de RSE marcada pela expanso do pblico beneficiado. Noincio do sculo XX a preocupao era com funcionrios e comunidade, mas a partir dadcada de 1970, o pblico estendido e passa a incluir clientes, fornecedores, concorrentes,comunidade e meio ambiente (Ashley et al., 2004). Todavia, a partir da dcada de 1990 cresceo nmero de trabalhos que tambm consideram aspectos relacionados a governanacorporativa, governo e sociedade de modo geral. Acompanhando o desenvolvimento do tema,o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social elaborou um conjunto de indicadores

    com o objetivo de auxiliar as empresas brasileiras no aprofundamento de seu compromissocom a responsabilidade social (Custdio & Moya, 2007).

    Segundo Custdio e Moya (2007), os Indicadores Ethos de RSE integram asferramentas de gesto empresarial destinadas a diagnosticar, avaliar e comparar as prticas deRSE entre empresas. Ao mesmo tempo, possibilitam empresa acompanhar os resultados emedir se os seus esforos esto atendendo ao seu objetivo de contribuir com odesenvolvimento sustentvel (Custdio & Moya, 2007).

    Nos Indicadores Ethos de RSE, os temas relacionados gesto ambiental soavaliados pela dimenso meio ambiente. Fruto de um dissertao de mestrado, esse trabalhoapoiou-se na metodologia do Instituto ticos para responder seguinte questo de pesquisa:qual o estgio de implantao da dimenso meio ambiente da RSE nas indstrias do setorsucroenergtico instaladas no Estado de Gois? Para responder a tal questo, esst trabalhoavaliou a gesto ambiental das usinas do setor sucroenergtico instaladas em Gois, tendocomo parmetros os cinco indicadores que compe a dimenso meio ambiente dosIndicadores Ethos de RSE.

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 A controvrsia do conceito de RSENo obstante a intensificao dos estudos sobre o tema, o conceito de RSE suscita uma

    srie de interpretaes, estando ainda em construo (Schwartz & Carroll, 2003). No h

    consenso sobre o que exatamente deve ser includo como responsabilidade social dasempresas (Frederick, 1994), nem o que pode ser definido como RSE, tanto no mundoempresarial quanto no acadmico (Dahlsrud, 2008).Ashley et al. (2004) afirmam que algunsentendem RSE como responsabilidade ou obrigao legal; outros a percebem como deverfiducirio das empresas para com a sociedade, o qual se traduz em prtica social, papel sociale funo social. Segundo estes autores, ainda h aqueles que associam a RSE aocomportamento eticamente responsvel ou a uma contribuio caridosa da empresa.

    Procurando delimitar um conceito, Ashley et al. (2004) definem a RSE como ocompromisso que uma organizao deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atose atitudes que a afetem positivamente (de modo amplo), ou a alguma comunidade (de modoespecfico), agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel especfico na

    sociedade e sua prestao de contas com esta. Para Reis e Medeiros (2009), a RSE ocomportamento responsvel da organizao que a leva a tomar decises orientadas por umaconduta tica, tendo a conscincia de que seus atos no podero gerar consequncias sociais

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    negativas, seja a um dosstakeholders1, seja sociedade em geral. Segundo Estigara et al.(2009), a RSE se configura quando a empresa adota postura norteada por aes que visem melhoria da qualidade de vida da sociedade. Aes essas que so realizadas em decorrncia

    da ateno proporcionada aos interesses das partes com as quais a empresa interage(stakeholders).

    O conceito de RSE que tem maior penetrao nas discusses empresariais o doInstituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Na viso do Instituto Ethos, a RSE uma forma de gesto que se estrutura em trs eixos. O primeiro configura-se pela relao ticae transparente da empresa com todos os seus pblicos interessados; o segundo estabelece quea empresa estipule metas sistemticas para impulsionar o desenvolvimento sustentvel dasociedade e preservar os recursos ambientais e culturais para as geraes futuras; e o terceiroexige da empresa o respeito diversidade e aes que promovam a reduo dasdesigualdades. O prximo tpico sintetiza os principais aspectos que marcam o movimentoda RSE no Brasil.

    2.2 O movimento da RSE no BrasilAs primeiras discusses sobre RSE no Brasil datam da dcada de 1970, poca em que

    a Associao dos Dirigentes Cristos de Empresas (ADCE) enfatizava a importncia de sepensar a dinmica social das empresas com mais intensidade (Ashley, et al. 2004). Nos anos1980, a Fundao Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES) destaca-se comsuas iniciativas rumo elaborao de um modelo de divulgao das atividades sociais paraauxiliar as empresas, que naquela poca, j desenvolviam aes nas temticas da RSE(Trevisan, 2002).

    Em 1981 criado do Instituto Brasileiro de Anlises Sociais (IBASE), organizao

    sem fins lucrativos, considerada um marco no desenvolvimento de aes voltadas cidadaniae reduo da misria no Brasil, bem como pela instituio do balano social (Reis, 2007). Em1982, ocorre a instituio do prmio ECO-Empresa e Comunidade, pela Cmara Americanade Comrcio de So Paulo, para reconhecer e divulgar os esforos das empresas nodesenvolvimento de projetos sociais e promoo da cidadania (Reis, 2007).

    Porm, nos anos 1990 que o debate sobre RSE recebe seu maior impulso. A RIO 92,Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),realizada no Rio de janeiro em julho de 1992, reafirma as ideias e compromissos de governos,entidades de classe, organizao no governamentais, acadmicos, empresrios e outros atoresda sociedade para com o desenvolvimento sustentvel.

    Os acordos firmados durante a RIO 92 alargaram e fortaleceram o substrato filosfico,

    jurdico e poltico que fundamentam os atos futuros em prol de uma sociedade sustentvel(Sarney, 1995). Como consequncia, foi produzida a agenda de trabalho para o sculo 21(Agenda 21), um programa de ao destinado a viabilizar o novo padro de desenvolvimentoeconmico, que seria ento alcanado, por meio de mudanas em termos de valores, demodelos produtivos e padres de consumo (Sarney, 1995).

    Ainda nos anos 1990 so criadas outras instituies sem fins lucrativos que destacam-se no fomento e na prtica da responsabilidade social empresarial, tais como a FundaoAbrinq pelos direitos da criana e do adolescente, o Grupo de Instituies, Fundaes eEmpresas (GIFE), o Instituto Ayrton Senna e o Instituto Ethos de Empresas eResponsabilidade Social. O prximo tpico descreve, em parte, a contribuio do InstitutoEthos nesse sentido.

    1Stakeholder, palavra de origem inglesa que pode ser traduzida como "qualquer grupo ou indivduo que podeafetar ou afetado pela realizao do propsito de uma corporao" (FREEMAN, 2004, p.229)

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    2.3 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade SocialO Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, organizao da sociedade

    civil de interesse pblico (OSCIP), criada em 1998, tem desenvolvido trabalho de grande

    relevncia para o fortalecimento da responsabilidade social empresarial no Brasil. Sua misso mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negcios de forma socialmenteresponsvel, tornando-as parceiras na construo de uma sociedade justa e sustentvel.

    O Instituto Ethos prope-se a disseminar a prtica da responsabilidade socialempresarial auxiliando as empresas em vrios aspectos, concomitantemente. O foco dotrabalho fazer com que a empresa compreenda e incorpore o conceito decomportamentoempresarial socialmente responsvel, demonstre tal comportamento aos acionistas como umfator relevante para a obteno de retorno de longo prazo, implemente polticas e prticasfocadas em critrios ticos e de longo prazo e identifique formas inovadoras e eficazes deatuar em parceria com as comunidades na construo do bem-estar comum (INTITUTOETHOS, 2013).

    Para cumprir tal propsito, o Instituto Ethos desenvolve iniciativas em parcerias cominstituies pblicas e privadas interessadas na divulgao e no aprimoramento de condutas e

    prticas empresariais sustentveis. Enquadram-se nessas iniciativas os projetos Empresa Pr-tica, Resduos Slidos, Jogos Limpos, Cidades Sustentveis etc., bem como os IndicadoresEthos de Responsabilidade Social Empresarial, cujas verses, so adaptadas com o objetivode atender realidade dos setores econmicos brasileiros.

    2.3.1 Indicadores de Ethos de Responsabilidade Social EmpresarialOs indicadores Ethos de RSE constituem-se num instrumento de diagnstico que

    proporciona empresa conhecer as suas prticas de RSE, desenvolver processos deplanejamento e gesto e perceber o impacto positivo que essas prticas trazem suaperformance, imagem e sustentabilidade (Custdio & Moya, 2007). So quarenta indicadoresqualitativos agrupados em treze categorias e em sete dimenses assim denominadas: Valores,Transparncia e Governana; Meio Ambiente; Fornecedores; Consumidores e Clientes;Pblico Interno; Comunidade; Governo e Sociedade. Em conformidade com o escopo destetrabalho, a dimenso meio ambiente ser detalhada a seguir.

    2.3.1.1 Dimenso Meio AmbienteA preocupao com o meio ambiente ganha fora a cada dia e leva as empresas a dar

    maior ateno dimenso ambiental de suas atividades. Nesse aspecto, a classe empresarialtem visto reconhecido a importncia da gesto ambiental como fator de competitividade e

    sustentabilidade dos negcios (Machado et al., 2008). A gesto ambiental um processo quecombina boas prticas administrativas e preservao do meio ambiente, levando as empresas amaiores compromissos com as necessidades e expectativas dos stakeholders em relao aoecossistema (Ferreira, 2012). Ela constitui-se de um conjunto de polticas e prticasadministrativas e operacionais que visam melhorar a sade e a segurana das pessoas e a

    proteo do meio ambiente, eliminando ou mitigando danos ambientais (Rohrich & Cunha,2004). Assim, no de se estranhar o emaranhado de estudos empricos brasileiros surgidos a

    partir da dcada de 1990 sobre este tema.No contexto da RSE, a gesto ambiental um importante instrumento gerencial para

    capacitao e criao de condies de competitividade para as organizaes em geral(Tachizawa, 2011). Nos indicadores Ethos de RSE, os temas relacionados gesto ambiental

    so avaliados pela dimenso meio ambiente. Tal dimenso considera as diferentes aes dasempresas no que se refere ao gerenciamento dos impactos ambientais e formao deconscincia ambiental de todos os indivduos afetados por suas atividades. So temas que

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    tratam de poltica ambiental formal, uso otimizado de gua e energia, fontes de energiarenovvel e eficincia energtica, adoo de programas de produo limpa, participao em

    programas de proteo de reas naturais, programa para recuperao de danos ambientais

    causados pela atividade e plano de gerenciamento ambiental.Os temas so agrupados em duas categorias: responsabilidade com as geraes

    futuras e gerenciamento do impacto ambiental. Ao total, a dimenso avaliada sob cincoindicadores de profundidade (qualitativos), vinte e oito indicadores binrios (questes

    binrias) e quatorze indicadores quantitativos (questes quantitativas). Esses grupos auxiliaresde indicadores tm a finalidade de qualificar mais adequadamente o estgio em que a empresaencontra-se na dimenso. A estrutura da dimenso meio ambiente mostrada na figura 01, notpico metodologia.

    2.4. A Gesto Ambiental no Agronegcio SucroalcooleiroO Brasil um dos principais fornecedores de produtos agropecurios para o mundo,

    ocupando o primeiro lugar na produo e exportao de acar, caf e suco de laranja, e asegunda posio em soja. A produo brasileira de carne bovina, tabaco e cana-de-acar asegunda maior do mundo, e a exportao desses produtos ocupa o segundo lugar no rankingmundial. Em 2013, as exportaes do agronegcio brasileiro atingiram a marca de R$ 99,97

    bilhes e as importaes R$ 17,06 bilhes. Tais inmeros implicam num saldo positivo docomrcio exterior do agronegcio em R$ 82,91 bilhes (Ministrio da Agricultura, Pecuria eAbastecimento (MAPA) (2013). Sem dvida alguma, o agronegcio tem sido o fiel da

    balana comercial brasileira h vrios anos.Como benefcios socioeconmicos, o agronegcio gera diversificao das economias

    locais, expanso dos rendimentos agrcolas e no agrcolas, aumento de receitas fiscaismunicipais e melhoria na qualidade de vida (Instituto Centro de Vida (ICV) (2013). Porm,devem ser destacados tambm os aspectos negativos. A terra barata e abundante temfomentado prticas insustentveis, como o desmatamento, fragmentao da paisagem, perdada biodiversidade, eroso do solo, poluio da gua e alteraes no ciclo do carbono, quecomprometem a sade e a viabilidade do Cerrado e das florestas brasileiras (ICV, 2013).

    No que tange ao agronegcio da cana-de-acar, em Gois, severas crticas so feitasquantos aos impactos ambientais. Segundo Castro et al.(2010), o cultivo da cana de acar noestado de Gois tem avanado para reas destinadas agricultura, pecuria, reas de cerrado ede vegetao nativa. Para Porto (2008), a queima da palha no processo de colheita da canaainda uma prtica presente em municpios produtores goianos. De forma a responder

    presso de compradores internacionais, setores do agronegcio no Brasil reviram suas

    prioridades e passaram a adotar novas prticas de negcios. Compreenderam que ocumprimento do Cdigo Florestal no apenas uma questo ambiental, mas sim umanecessidade em termos de proteo de lucros e manuteno do acesso a investimentos emercados importantes (ICV, 2013). As empresas tem buscado tambm combater aincorporao de mo-de-obra infantil nas cadeias produtivas, demonstrando um senso deresponsabilidade social com as futuras geraes (MARIN, 2008). Estas aes so exemplosde que a RSE est em evoluo nas atividades do agronegcio. Isto tem feito com que

    pesquisadores dediquem esforos ao estudo da operacionalizao da RSE no contexto doagronegcio.

    Sob a tica da gesto ambiental, no contexto da RSE, as metas de produo e vendasde empresas socialmente responsveis incorporam procedimentos de reduo de emisso de

    efluentes, reciclagem de materiais, atendimento a situaes de emergncia e at mesmoanlises do ciclo de vida dos produtos e de seu impacto sobre a natureza, sendo que estasaes geram vantagens tanto para as empresas que as praticam, quanto para o ambiente

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    (Verdolin e Alves, 2004). Alguns estudos exploraram a gesto ambiental, sob a filosofia daRSE, no agronegcio e, especificamente, setor sucroalcooleiro.

    Machado et al. (2008) analisaram como a gesto ambiental, atravs de seus benefcios,

    pode tornar-se um fator de competitividade para as empresas inseridas no agronegcio.Segundo os autores, uma gesto ambiental eficiente no contexto das empresas que compemo agronegcio condio essencial para caracterizar um sistema que respeita o meio ambientee fornece produtos ecologicamente corretos e mais valorizados. Ferreira (2013) identificou eanalisou as prticas ambientais adotadas por quatro empresas do setor sucroalcooleiro emGois. As aes mais mencionadas pelas empresas foram: conservao do solo e davegetao, substituio da queima da palha por colheitadeiras mecnicas, racionalizao nouso de produtos qumicos, reaproveitamento de resduos do processo produtivo, como agerao de energia atravs do bagao da cana e reuso da vinhaa. Segundo a autora, asempresas apresentam muitas preocupaes relacionadas sustentao de suas atividades e, deforma unnime, elas planejam e desenvolvem tcnicas direcionadas busca pela

    sustentabilidade de suas operaes. Entretanto, as usinas pesquisadas abordam a questoambiental sob uma postura reativa, pois as aes so empreendidas como resposta s pressesdos rgos regulamentadores e das comunidades.

    Oswald et al. (2015) descreveram o processo de adaptao estratgica, em relao gesto ambiental, de uma agroindstria do oeste de Santa Catarina. Dentre os principaisresultados, os autores observaram que a questo ambiental evoluiu de forma considervel aolongo da existncia da empresa, saindo de um estgio de simples cumprimento de legislao

    para um estgio em que as aes de cunho ambiental foram integradas s estratgias donegcio. Segundo os autores, o fator fundamental que possibilitou tal evoluo foi a

    percepo e o envolvimento da alta administrao no processo de adaptao estratgica. Asmudanas ocorridas na agroindstria estavam relacionadas s compreenses e vises quediretores e acionistas tm do negcio. Tais percepes modificaram por meio de um processode aprendizagem contnua. O processo de adaptao estratgica da empresa foi possibilitado

    por uma atitude inovadora dos empresrios e administradores, que passaram a considerar omeio ambiente em suas decises e adotaram os princpios de sustentabilidade. Segundo osautores, a implantao de projetos e programas ambientais possibilitou o aumento da

    produo e a conquista de novos mercados.Estudos de RSE com nfase na gesto ambiental em empresas do setor

    sucroenergtico justificam-se tendo em vista os impactos ambientais negativos que a atividadesucroalcooleira provoca. Segundo Santo e Almeida (2007), a queima da palha prejudica aqualidade do ar e do clima e a expanso da fronteira agrcola coloca em risco a

    biodiversidade. gua e solo podem ser contaminados pelo uso de defensivos agrcolas, bemcomo pelo pelas queimadas e pelo no reaproveitamento eficiente dos efluentes lquidos. ParaAndrade (2009), a atividade canavieira ainda impacta negativamente o meio ambiente porcausa do intenso trfego de mquinas pesadas durante o plantio, tratos culturais e colheita,

    provocando a compactao do solo.

    3 METODOLOGIAO presente trabalho classifica-se como um survey exploratrio. A coleta de dados foi

    realizada por questionrio estruturado, com questes abertas, fechadas e de mltipla escolha,contemplando o contedo da dimenso meio ambiente dos Indicadores Ethos de RSE. Foraminseridas seis opes de respostas para o levantamento do nvel de implantao desse

    indicador na empresa, semelhantes aos critrios utilizados na Pesquisa Prticas ePerspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil 2008, do Instituto ticos eInstituto Akatu. Os seis nveis de implantao so descritos a seguir: TI Totalmente

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    Implantado (o indicador est totalmente implantado na empresa), EI Em implantao (estparcialmente implantado, mas o processo de implantao est em desenvolvimento), PI Parcialmente Implantado (o indicador est parcialmente implantado, mas o processo de

    implantao est interrompido), ED Em Discusso(significa que a empresa pretende iniciara implantao do indicador a curto prazo), ND Nunca Discutido (indicador ainda noincluso nas discusses de RSE da empresa) e NA Indicador no se aplica atividade daempresa.

    O questionrio foi disponibilizado virtualmente aos gestores por meio de endereoeletrnico. No pr-teste realizado com duas empresas, visando assegurar a validade, preciso,clareza e ordem lgica das questes (GIL, 1999), as questes de carter quantitativo foramexcludas, devido os sistemas contbeis/financeiros das empresas no estarem preparados paraidentificar tais informaes de forma automtica. Houve, ainda, ajuste em questes de carter

    binrio, com supresso de algumas e unificao de outras, visando dar maior conciso eobjetividade ao questionrio. A figura 01 apresenta a estrutura da dimenso meio ambiente e

    os nmeros das questes binrias suprimidas na ltima coluna. O nmero do indicadorqualitativo segue a sequncia da estrutura original.

    Dimenso Categoria Indicador Qualitativo N Tema

    Ques-

    tes

    Binrias

    Questes

    Quantita-

    tivas

    Questes

    Binrias

    Suprimidas

    Compromisso com a Melhoriada Qualidade Ambiental

    20

    Verifica a responsabilidade da empresaquanto ao tratamento responsvel dos

    impactos ambientais resultantes de suasatividades.

    6

    (20.1 a20.6)

    0 0

    Educao e ConscientizaoAmbiental

    21

    Avalia a contribuio da empresa para aconscientizao da populao quanto aos

    desafios ambientais decorrentes daatividade humana, bem como suacapacidade de cultivar valores de

    responsabilidade ambiental.

    3

    (21.1 a21.3)

    0 0

    Gerenciamento dos Impactossobre o Meio Ambiente e doCiclo de Vida de Produtos e

    Servios

    22

    Verifica as polticas da empresa no quetange aos impactos ambientais causados

    por seus processos e produtos ouservios.

    7

    (22.1 a22.7)

    2

    (22.8 a22.9)

    22.7

    Sustentatabilidade da EconomiaFlorestal

    23

    Avalia a contribuio da empresa quanto conservao das florestas e o combate

    de sua explorao ilegal e predatria,bem como a proteo biodiversidade.

    3

    (23.1 a23.3)

    3

    (23.4 a23.6)

    0

    Minimizao de Entradas eSadas de Materiais

    24

    Verifica a poltica de preveno ereduo de danos ambientais e

    otimizao de processos.

    6

    (24.1 a24.6)

    9

    (24.7 a24.15)

    0

    Responsabi-

    lidade com as

    Geraes

    Futuras

    Gerencia-mento

    do Impacto

    Ambiental

    MEIOA

    MBIENTE

    Figura 01: Estrutura da dimenso meio ambiente dos Indicadores Ethos de RSEFonte: Adaptado de Custodio e Moya (2007)

    Por limitao de espao, as questes binrias e quantitativas no foram descritas, maspodem ser acessadas no endereo eletrnico:http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf

    3.1 Critrios para Tabulao dos dadosO ajuste realizado na fase de pr-teste reduziu a quantidade de questes de carter

    binrio para cada indicador. Essas questes, que passaram a variar de a 1 a 7 para cadaindicador qualitativo, foram transformadas em parmetros de avaliao destes indicadores.Assim, as respostas a essas questes, de forma fechada (sim ou no), foram utilizadas comocritrio para qualificar (ajustar) o nvel de implantao do indicador qualitativo, assinalado

    pela empresa, visando corrigir possveis distores.

    http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdfhttp://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdfhttp://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdfhttp://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdfhttp://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf
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    A figura 02 a seguir apresenta na coluna comentriosas condies estabelecidas paraqualificar o indicador. Para os nveis de implantao TI, EI, PI e ED foram estabelecidosquais parmetros deveriam ter respostas S e/ou N. Para os nveis ND e NA no foram

    estabelecidas exigncias de respostas especficas. Para os nveis de implantao PI e EI,optou-se por no estabelecer critrios diferentes quanto s repostas dos parmetros, pois, adiferena entre eles, est em verificar se o processo de implantao do indicador foiinterrompido ou est em desenvolvimento na empresa. Quando as respostas dos parmetrosindicaram PI ou EI, foi mantido aquele que a empresa assinalou. Para um indicador serconsiderado NA, foi exigido respostas da maioria das empresas nesse sentido. Quando estefato no foi verificado, a(s) resposta(s) da(s) empresa(s) que assim o assinalaram, foramconvertidas para ND, significando que o indicador apenas no foi discutido pela(s) mesma(s).

    Os nveis de implantao do indicador qualitativo (aps ajustados / calculados),segundo os critrios estabelecidos nos parmetros de avaliao, receberam uma escala de

    pontuao que varia de 0 (zero) a 10 (dez). ND = 0; ED = 2; PI = 4; EI = 7 e TI = 10. Depois

    de somada a pontuao dos indicadores, obteve-se o seu nvel de implantao das categorias eda dimenso, com base nos intervalos de pontos indicados na figura 02:

    Niv Imp Niv Imp

    IntervaloPontos

    IntervaloPontos

    NivImp *

    1 2 3 4 5 6

    TI S S S S S S

    EI S S S

    PI S S S

    ED S S

    ND

    TI S S S

    EI S S

    PI S S

    ED S

    ND

    TI S S S S S S

    EI S S S S

    PI S S S S

    ED S

    ND

    TI S S S S

    EI S SPI S S

    ED SND

    TI S S S S S S

    EI S S S S

    PI S S S S

    ED S S

    ND

    * TI = 10; EI = 7; PI = 4; ED = 2; ND = 0

    0 ND 5

    TI = 20

    14 EI 19

    08 PI 13

    4 ED 07

    0 ND 3

    Sustentatabilidade daEconomia Florestal

    TI = 30

    21 EI 29

    12 PI 20

    6 ED 11 Para que o Indicador seja "ED" a

    empresa deve possuir alternativas

    para o uso de fontes de energia

    renovvel (parmetro 1) e sistema

    de monitoramento com metas

    especficas para aumento da

    eficincia energtica (parmetro 3).

    Respostas aos Parmetros

    MEIOA

    MBIENTE

    TI = 50

    RESPONSABAILIDA

    DECOMA

    SGERAES

    FUTURAS

    Compromisso com aMelhoria da Qualidade

    Ambiental

    10 ED 19

    35 EI 49Educao e

    ConscientizaoAmbiental

    DIMENSO CATEGORIA INDICADOR

    20 PI 34

    GERENCIAMENTOD

    O

    IMPACTOA

    MBIENTAL Gerenciamento dos

    Impactos sobre oMeio Ambiente e do

    Ciclo de Vida deProdutos e Servios

    0 ND 9

    Minimizao deEntradas e Sadas de

    Materiais

    Comentrios

    Para que o Indicador esteja "ED",

    necessrio no mnio: que a poltica

    ambiental seja formal e conste no

    cdigo de conduta e/ou na

    declarao de valores da empresa

    (parmetro 1); que o responsvel

    pela rea de meio ambiente

    participe das decises e stratgicas

    da empresa (parmetro 2).

    Para que o Indicador esteja "ED"

    necessrio que a empresa

    desenvolva periodicamente

    campanhas internas de reduo do

    consumo de gua e de energia

    (parmetro 1).

    Para que o Indicador esteja "ED" a

    e mpre sa de ve pr ior izar a

    contratao de fornecedores que

    comprovadamente tenham boa

    conduta ambiental (parmetro 6).

    Para que o Indicador esteja "ED"

    necessrio que a empresa incentive

    seus fornecedores a buscar a

    certificao florestal (parmetro 2)

    Figura 02: Critrios de tabulao de dados da Dimenso Meio AmbienteFonte: Adaptado de Custodio e Moya (2007)

    Os critrios descritos permitiram avaliar o estgio da implantao da dimenso Meio

    Ambiente dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, para as empresas estudadas.

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    3.2 O Universo da PesquisaO universo da pesquisa constitui-se das trinta e duas usinas instaladas em operao em

    Gois na data de 02/03/11 e disponibilizadas no stio do Sindicato Patronal

    (www.sifaeg.com.br).

    3.3. Amostra da PesquisaO processo de amostragem do tipo no-probabilstico,uma vez que no houve rigor

    na seleo da amostra, pois as empresas no receberam o mesmo nmero de contatos (via e-mail e telefone) do autor. Das quatorze empresas que responderam os questionrios, duastiveram suas respostas descartadas por apresentarem questes no respondidas. Como as dozerespostas validadas representam 37,5% do universo, a induo dos resultados deste estudo

    para todo o setor sucroenergtico em Gois no pde ser realizada.

    4 RESULTADOS E DISCUSSOComo mencionado, a dimenso Meio Ambiente agrupa cinco indicadores qualitativosem trs categorias: responsabilidade com as geraes futuras e gerenciamento do impactoambiental. Os resultados sero apresentados e discutidos, seguindo a ordem dos indicadoresapresentados na figura 01, e aps os ajustes realizados nas respostas das empresas, conformeos critrios estabelecidos nos parmetros de avaliao (figura 02).

    4.1 Indicador Compromisso com a Melhoria da Qualidade AmbientalTrs empresas (C, D e I) tiveram suas respostas deslocadas para ED; a resposta da

    empresa E foi ajustada para ND. Pela figura 03, observa-se que o indicador Compromissocom a Melhoria da Qualidade Ambiental encontra-se TI em 42%, PI em 25%, ED em 25%, e

    ND em 8% das indstrias. A figura 04 demonstra, nos parmetros 1, 2 e 4, ndice de 92% derespostas S. Esses parmetros tratam, respectivamente, da existncia e participao nasdecises estratgicas, de uma pessoa responsvel pela rea de meio ambiente, de polticasespecficas de preservao da biodiversidade, de projetos de conservao de reas protegidase/ou programas de proteo a animais ameaados.

    Figura 03: Nvel de implantao do indicadorCompromisso com a melhoria da qualidadeambiental. Fonte: dados da pesquisa

    Figura 04: Frequncia das respostas aos parmetros doindicador compromisso com a melhoria da qualidadeambiental. Fonte: dados da pesquisa

    S

    92%

    N

    8%

    Parmetro 1

    S

    92%

    N

    8%

    Parmetro 2

    S67%

    N

    33%

    Parmetro 3

    S

    92%

    N

    8%

    Parmetro 4

    S67%

    N

    33%

    Parmetro 5

    S

    83%

    N

    17%

    Parmetro 6

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    4.2 Indicador Educao e Conscientizao AmbientalAs empresas B, F, H e J permanecem TI, enquanto as indstrias A, I, K e L foram

    elevadas de EI para TI. Para as empresas C e D, o indicador NA, sendo ajustadas para ND.

    A empresa E deixou de ser ND para ser ED. A empresa G deslocou-se de TI para ED. Afigura 05 evidencia que o indicador Educao e Conscientizao Ambiental est TI em 67%,ED em 17% e ND em 16% das empresas. A figura 06 indica que o ndice mais alto derespostas S dentre os trs parmetros do indicador, foi para o nmero 1, que averigua se asempresas desenvolvem periodicamente campanhas internas de reduo do consumo de gua ede energia.

    Figura 05: Nvel de implantao do indicadoreducao e conscientizao ambiental

    4.3 Estgio das empresas na Categoria Responsabilidade com as Geraes FuturasFechados os dois indicadores da categoria responsabilidade com as geraes futuras,infere-se assim o estgio desta categoria nas empresas pesquisadas:

    EmpresasPontuao nos

    Indicadores

    Classicao na

    Categoria *

    EMPRESA A 14 EIEMPRESA B 20 TIEMPRESA C 2 NDEMPRESA D 2 ND

    EMPRESA E 2 NDEMPRESA F 20 TIEMPRESA G 12 PIEMPRESA H 20 TIEMPRESA I 12 PIEMPRESA J 20 TIEMPRESA K 14 EIEMPRESA L 14 EI

    CATEGORIA: RESPONSABILIDADE COM AS

    GERAES FUTURAS

    * definida pela pontuao nos indicadores:0 ND 1; 2 ED 7; 8 PI 13; 14 EI 19; TI = 20

    Figura 07: Estgio das Empresas na categoriaResponsabilidade com as Geraes Futuras

    Fonte: dados da pesquisa

    Figura 06: Frequncia das respostas aos parmetrosdo indicador educao e conscientizao ambiental

    ND25%

    PI17%EI

    25%

    TI33%

    Categoria Ressponsabilidade com as

    Geraes Futuras

    :

    Figura 08: Nivel de implantao da cateoria Responsa-biblidade com as Geraes Futuras

    Fonte: dados da pesquisa

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    Pela figura 08, pode-se afirmar que a categoria Responsabilidade com as GeraesFuturas est TI em 33% das empresas e em fase de implantao (PI/EI) em 42%. Porm, para25% das indstrias, o indicador nunca foi discutido (ND).

    4.1.4 Indicador Gerenciamento dos Impactos sobre o Meio Ambiente e do Ciclo de Vidade Produtos e Servios

    Apenas as empresas F e H esto com o indicador TI. As outras dez indstrias tem seusnveis de implantao rebaixados. A figura 09 conclui que em 75% das empresas, o indicadorImpactos sobre o Meio Ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos e Servios est ED, e em17%, TI. Para 8%, o indicador est EI. A figura 10, parmetro 1, revela que 83% dasempresas possuem plano de emergncia ambiental. J no parmetro 3, verifica-se que 75%conta com programa de gerenciamento de resduos ou reciclagem de materiais ps-consumo.

    Figura 09: Nvel de implantao do indicadorGerenciamento dos Impactos sobre o Meio Ambientee do Ciclo de Vida de Produtos e ServiosFonte: dados da pesquisa

    4.1.5 Indicador Sustentabilidade da Economia Florestal

    Foi identificado que o indicador Sustentabilidade da Economia Florestal no se aplicas indstrias pesquisadas. A figura 11 revela que para dois teros das empresas, este indicadorno se aplica (NA). Em 25%, o mesmo encontra-se TI, e em 8%, est PI. Diante dessesresultados, este indicador foi excludo da tabulao que avalia o desempenho social das

    empresas.

    Figura 11: Nvel de implantao do indicadorSustentabilidade da Economia Florestal.Fonte: dados da pesquisa.

    Figura 10: Frequncia das respostas aos parmetrosdo indicador Gerenciamento dos Impactos sobre oMeio Ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos eServios. Fonte: dados da pesquisa

    Figura12: Frequncia das respostas aos parmetrosdo indicador Sustentabilidade da Economia FlorestalFonte: dados da pesquisa.

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    4.1.6 Indicador Minimizao de Entradas e Sadas de materiaisA figura 13 evidencia que o indicador Minimizao de Entradas e Sadas de Materiais

    est EI em 59%, TI em 25%, PI em 8% e ND tambm em 8% das empresas. A figura 14

    indica nos parmetros 1 e 3, que 100% das empresas possuem fontes de energia renovvel econtam com sistema de monitoramento com metas para aumento da eficincia energtica.

    Figura 13: Nvel de implantao do indicadorMinimizao de entradas e sadas de materiais.Fonte: dados da pesquisa.

    4.1.7 Estgio das empresas na Categoria Gerenciamento do Impacto AmbientalFechados os trs indicadores da categoria Gerenciamento do Impacto Ambiental,

    infere-se seu estgio nas empresas como:

    EmpresasPontuao nos

    Indicadores

    Classicao na

    Categoria *

    EMPRESA A 9 PI

    EMPRESA B 12 PI

    EMPRESA C 9 PI

    EMPRESA D 9 PI

    EMPRESA E 9 PI

    EMPRESA F 20 TI

    EMPRESA G 9 PI

    EMPRESA H 17 EI

    EMPRESA I 9 PI

    EMPRESA J 12 PI

    EMPRESA K 9 PI

    EMPRESA L 9 PI

    * definida pela pontuao nos indicadores:0 ND 3; 4 ED 7; 8 PI 13; 14 EI 19; TI = 20

    CATEGORIA: GERENCIAMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL

    (02 indicadores; Mximo 20 pontos)

    Figura 15: Estgio das empresas na CategoriaGerenciamento do Impacto AmbientalFonte: dados da pesquisa

    A figura 16 revela que a categoria Gerenciamento do Impacto Ambiental est PI em83% das empresas, EI em 8% e TI em 9% das indstrias pesquisadas.

    Figura 14: Frequncia das respostas aos parmetros doindicador Minimizao de entradas e sadas de materiais

    Fonte: dados da pesquisa.

    Figura 16: Nvel de implantao da categoriaGerenciamento do impacto ambiental.

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    4.1.8 Estgio das empresas na Dimenso Meio Ambiente

    Fechados os indicadores e as respectivas categorias da Dimenso Meio Ambiente,infere-se o estgio desta dimenso nas empresas pesquisadas, conforme a seguir:

    EmpresasPontuao nos

    Indicadores

    Classicao na

    Dimenso*

    EMPRESA A 23 PI

    EMPRESA B 32 EI

    EMPRESA C 11 ED

    EMPRESA D 11 ED

    EMPRESA E 11 ED

    EMPRESA F 40 TI

    EMPRESA G 21 PI

    EMPRESA H 37 EI

    EMPRESA I 21 PI

    EMPRESA J 32 EI

    EMPRESA K 23 PI

    EMPRESA L 23 PI

    DIMENSO MEIO AMBIENTE

    (04 indicadores; Mximo 40 pontos)

    * definida pela pontuao nos indicadores:0 ND 7; 8 ED 15; 16 PI 27; 28 EI 39; TI = 40

    Figura 17: Estgio das Empresas na DimensoMeio Ambiente. Fonte: dados da pesquisa.

    A figura 18 revela aponta que a Dimenso Meio Ambiente est em fase deimplantao (PI/EI) em 67%, TI em 8% e ND em 25% das indstrias pesquisadas. Apesardeste resultado, para o aprimoramento da melhoria da qualidade ambiental, necessrio que

    as empresas aperfeioem processos que, atualmente, deixam a desejar. Dentre estes, cita-se omonitoramento da frota de veculos (prprios e terceirizados) e a incluso dos empregados,clientes, fornecedores e comunidade na discusso dos impactos ambientais causados por seus

    produtos e servios. A indicao de no aplicao do indicador sustentabilidade da economiaflorestal precisa ser reavaliada, uma vez que a maioria das usinas produz energia para seuconsumo prprio a partir do bagao da cana. Sabe-se que a produo desta energia feitautilizando-se caldeiras, cujo principal insumo de origem madeireira.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    O tema gesto ambiental bastante discutido pela rea de administrao e outras reapor ser um transversal. Do ponto de vista de uma gesto socialmente responsvel no que serefere gesto ambiental, Usinas em Gois tem perseguido a sustentabilidade de suasoperaes ao diminuir o impacto ao meio ambiente e desenvolver aes que visam minimizaras disparidades sociais (Andrade, 2010). As aes socioambientais tm possibilitado sempresas obteno de certificaes e prmios, o que acaba por impactar aspectos comomelhoria da imagem, condies de competitividade nos mercados existentes, criao de novasoportunidades de negcios, acesso a mercados internacionais e desempenho financeiro(Andrade, 2010).

    Ao utilizar os indicadores Ethos de RSE para avaliar o estgio da dimenso meioambiente nas empresas do setor sucroenergtico em Gois, este trabalho toma por base os

    vrios temas abarcados por um mecanismo de mensurao da responsabilidade socialempresarial muito citado na literatura brasileira. E procurando corrigir possveis distoresnos resultados decorrentes do emprego de questionrios, o estudo aplica uma metodologia

    ED25%

    PI42%

    EI25%

    TI8%

    Dimenso Meio Ambiente

    Figura 18: Nvel de implantao da dimenso MeioAmbiente. Fonte: dados da pesquisa

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    prpria para ajuste das respostas dos gestores, conforme critrios previamente estabelecidosnos parmetros de avaliao.

    Dentre os pontos fortes da gesto ambiental das empresas pesquisadas, verificou que

    na grande maioria das indstrias, pelos menos uma pessoa responsvel pela rea de meioambiente participa das decises estratgicas. Isso demonstra que a gesto ambiental ganhoucarter estratgico nas empresas e pode resultar em vantagens competitivas (Andrade, 2010).Outros aspectos tambm merecem destaques, tais como: a maioria das empresas desenvolvem

    periodicamente campanhas internas de reduo do consumo de gua e de energia, possuiplano de emergncia ambiental e conta com programa de gerenciamento de resduos oureciclagem de materiais ps-consumo. Verificou-se tambm que todas as empresas possuemfontes de energia renovvel e contarem com sistema de monitoramento com metas paraaumento da eficincia energtica. Este fato corrobora afirmaes da Unio das Indstrias deCana-de-Acar (UNICA), de que as indstrias canavieiras so tem contribudo para agerao de energia renovvel (NICA, 2013) no Brasil, a partir do uso do bagao da cana.

    Entretanto, a gesto ambiental das empresas precisa avanar em aspectos importantespara melhoria da qualidade ambiental, mitigao de seus impactos e atendimento dasdemandas sociais. Dentre os pontos a melhorar, verificou-s que muitas empresas no

    participar de comits locais ou regional para discutir a questo ambiental com o governo e acomunidade, bem como no tm poltica explcita de no utilizao de materiais e insumos

    proveniente de explorao ilegal de recursos naturais. Alm disso, muitas empresas precisamavanar no desenvolvimento de campanhas internas peridicas de educao ambiental e deconsumo consciente, desenvolver sistema de controle e monitoramento da frota de veculos(prprios e terceirizados), incluir empregados, clientes, fornecedores e comunidade nadiscusso dos impactos ambientais causados por seus produtos e servios e estabelecer metasde reduo de CO2e outras gases de efeito estufa na atmosfera.

    Espera-se que os resultados ento apresentados representem com a fidedignidadeadequada a realidade da gesto ambiental no perodo em que a pesquisa foi realizada nasempresas estudadas. Espera-se ainda que os resultados do trabalho possam ter contribudocom as empresas fornecendo apontamentos que podem contribuir para o planejamento eimplementao de uma gesto ambiental mais alinhada com os temas da RSE. Acredita-seque este trabalho contribuiu para a expanso dos estudos em RSE no Brasil por ampliar o usodos indicadores Ethos de RSE em empresas no associadas ao Instituto Ethos e por trazer tona deficincias das empresas quanto ao tratamento de temas relevantes na gesto dosaspectos relativos ao meio ambiente.

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