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A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiências intelectuais associadas e múltiplas Dezembro/2013 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 dezembro/2013 A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiências intelectuais associadas e múltiplas Danielle Soares Moreira - [email protected] Master em Arquitetura 2 Instituto de Pós-Graduação e Graduação IPOG Belo Horizonte, MG, 25 fevereiro de 2013 Resumo Este artigo apresenta uma reflexão sobre soluções arquitetonicas de um centro de apoio para portadores de deficiencia intelectual associadas e múltiplas de ambos os sexos, com idades de 6 a 50 anos em Belo Horizonte.Como a arquitetura pode ser fundamental para contribuir com o desenvolvimento de pessoas especiais em todas as suas potencialidades?O objetivo deste artigo é apontar soluções projetuais que viabilize agrupar em um único complexo arquitetônico os recursos necessários para que os alunos possam desenvolver suas habilidades de maneira a serem inseridas na sociedade e adquirir uma maior independência. Os métodos adotados para desenvolver esta pesquisa envolveram entrevistas com fisioterapeutas especializados em equoterapia, psicólogos e pedagogos especializados em educação especial; visitas à instituições afins, observação e experiencias pessoais com deficientes intelectuais, pesquisas bibliográficas e sites especializados. Os resultados encontrados indicam que as instituições para pessoas especiais não contam com uma abrangência de recursos. Assim,conclui-se que em Belo Horizonte há algumas escolas voltadas para pessoas especiais, porém estas por sua vez trabalham apenas com uma metodologia de ensino. Palavras-chave: Arquitetura. Criança especial. Acessibilidade. Equoterapia 1.Introdução Frequentemente assistimos à debates, lemos reportagens ou artigos de estudiosos (pedagogos, psicólogos, assistentes sociais,dentre outros) que defendem teorias sobre a inclusão de pessoas com deficiência intelectual associadas e múltiplas em escolas de ensino regular. Porém de acordo com a realidade do ensino brasileiro, a aplicação destas teorias torna-se inviável visto que implicaria em uma reforma educacional em grande escala, como mudanças no plano de ensino, capacitação de profissionais envolvidos, intervenções arquitetônicas e na infraestrutura das escolas dentre vários outros fatores. “É impossivel supor que todas as mudanças arquitetonicas ou estruturais, bem como capacitação continuada dos profissionais envolvidos, aconteceriam de uma hora para outra.” (SENRA et al, 2008: 62). O conceito de Escola Inclusiva conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC/ SEESP, 1998), [...] implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogêneas. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para educandos com necessidades especiais[...] (SENRA et al, 2008: 60)

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A influencia da Arquitetura no desenvolvimento para Pessoas com deficiência intelectual

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A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiências intelectuais

associadas e múltiplas Dezembro/2013

Dezembro/2013

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013

A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das

pessoas com deficiências intelectuais associadas e múltiplas

Danielle Soares Moreira - [email protected]

Master em Arquitetura 2

Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG

Belo Horizonte, MG, 25 fevereiro de 2013

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre soluções arquitetonicas de um centro de apoio para

portadores de deficiencia intelectual associadas e múltiplas de ambos os sexos, com idades

de 6 a 50 anos em Belo Horizonte.Como a arquitetura pode ser fundamental para contribuir

com o desenvolvimento de pessoas especiais em todas as suas potencialidades?O objetivo

deste artigo é apontar soluções projetuais que viabilize agrupar em um único complexo

arquitetônico os recursos necessários para que os alunos possam desenvolver suas

habilidades de maneira a serem inseridas na sociedade e adquirir uma maior independência.

Os métodos adotados para desenvolver esta pesquisa envolveram entrevistas com

fisioterapeutas especializados em equoterapia, psicólogos e pedagogos especializados em

educação especial; visitas à instituições afins, observação e experiencias pessoais com

deficientes intelectuais, pesquisas bibliográficas e sites especializados. Os resultados

encontrados indicam que as instituições para pessoas especiais não contam com uma

abrangência de recursos. Assim,conclui-se que em Belo Horizonte há algumas escolas

voltadas para pessoas especiais, porém estas por sua vez trabalham apenas com uma

metodologia de ensino.

Palavras-chave: Arquitetura. Criança especial. Acessibilidade. Equoterapia

1.Introdução

Frequentemente assistimos à debates, lemos reportagens ou artigos de estudiosos (pedagogos,

psicólogos, assistentes sociais,dentre outros) que defendem teorias sobre a inclusão de

pessoas com deficiência intelectual associadas e múltiplas em escolas de ensino regular.

Porém de acordo com a realidade do ensino brasileiro, a aplicação destas teorias torna-se

inviável visto que implicaria em uma reforma educacional em grande escala, como mudanças

no plano de ensino, capacitação de profissionais envolvidos, intervenções arquitetônicas e na

infraestrutura das escolas dentre vários outros fatores. “É impossivel supor que todas as

mudanças arquitetonicas ou estruturais, bem como capacitação continuada dos profissionais

envolvidos, aconteceriam de uma hora para outra.” (SENRA et al, 2008: 62).

O conceito de Escola Inclusiva conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para

Educação Especial (MEC/ SEESP, 1998), [...] implica uma nova postura da escola

comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de

ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração

social e sua opção por práticas heterogêneas. A escola capacita seus professores,

prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos,

inclusive, para educandos com necessidades especiais[...] (SENRA et al, 2008: 60)

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De acordo com experiências pessoais, foi observado por um período de mais de 20 anos que

as escolas de Belo Horizonte não possuem profissionais capacitados para atender pessoas

especiais (independete da faixa etaria). Durante o período da infância, ainda há uma

possibilidade de aceitação porém na fase adulta é mais dificil uma escola convencional

matricular uma pessoa de 20 anos de idade que tem a mesma idade mental de uma criança de

5 ou 6 anos e ainda mais coloca-los na mesma sala.

Sendo assim, notou-se a necessidade de uma instituição fora da rede de ensino regular de

ensino para atender as necessidades das pessoas especiais e de suas respectivas familias.

Onde, além de oferecer oficinas de aletramento e aprender trabalhos artesanais, as pessoas

especiais teriam acompanhamento clínico especializado e tendo a oportunidade de usufruir

principalmente do contato com animais e demais elementos naturais para ajudar em seu

processo de reabilitação e socialização, realizando atividades diárias em equipe que as

ajudarão a se tornarem mais independentes.

Esta idéia de projeto foi inspirada na perfil de instituição que de acordo com Campos (2003)

foi fundada em 1932 por Helena Antipoff (pioneira na introdução da educação especial no

Brasil) a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, composta por um grupo de médicos,

educadores e religiosos com o objetivo de promover o cuidado das crianças excepcionais,

oferecendo aulas destinadas a alunos portadores de deficiência e consultórios médicos e

psicológicos. Esta instituição foi criada como uma solução alternativa de ensino para as

crianças que eram recusadas pelo sistema público de ensino tradicional, as chamadas

"crianças excepcionais". Os alunos, em regime de semi-internato complementavam suas

atividades escolares na Sociedade Pestalozzi. Para isso, a instituição oferecia “oficinas

diversas, hortas pedagógicas e serviços domésticos adaptados às necessidades dos jovens que

frequentavam as suas aulas.

Conforme apresentado na citação acima, é um paradoxo considerar que Belo Horizonte,

capital do Estado onde ainda na década de 30, foi fundada uma das primeiras “escolas

especiais” do país seja carente em relação à instituições que atendam pessoas especiais. As

escolas de crianças especiais ou instituições afins existentes, em sua grande maioria, não

contam com uma abrangencia de recursos, ou seja, normalmente essas escolas optam por

trabalhar com o aluno uma metodologia de ensino: há escolas que focam mais a parte de

aletramento, outras tem como foco atividades profissionalizantes, entretanto é raro encontrar

uma instituição que reuna estes dois tipos de abordagem. Devido à carência deste tipo de

escola onde todos os recursos caminham paralelamente favorecendo o desenvolvimento do

aluno, os pais (ou responsáveis) sentem a necessidade de procurar atividades que

complementem esta defasagem.

Atualmente para serem contempladas com todos os recursos necessários para se desenvolver

as pessoas especiais (e seus responsáveis) freqüentam profissionais distintos (clinicas de

psicológicas, terapeutas, escolas especiais com foco em alfabetização, etc.) visando um

resultado em comum. Cada um especialista em uma área do conhecimento sendo necessário

para isso um deslocamento entre vários pontos da cidade. Em uma única instituição

contemplaria atendimentos clínicos, pedagógicos e oficinas de artesanato (tais oficinas

trabalham concentração, disciplina) sem a necessidade deste deslocamento. Tal trajeto se

realizado cotidianamente é cansativo e a longo prazo se torna inviável para muitas pessoas.

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Como deveria ser uma arquitetura para pessoas especiais? Como seria o aprendizado saindo

do modelo de sala de aula convencional? Como deveria ser um espaço projetado

adequadamente visando atender as necessidades de pessoas especiais em relação a sua

locomoção fisica, funcionalidade e a utilização do espaço pelo mesmo?

Senra et.al (2008) afirma que “O Atendimento Educacional Especializado é tão importante

que é garantido pela Constituição Federal. Entretanto, admite-se que este também seja

oferecido fora da rede regular de ensino, na forma de complementação e não de substituição

da escolaridade”. Sendo assim, o objetivo do artigo é apresentar soluções projetuais e analisar

como seria estruturar um espaço fora da rede educacional regular, em que através de um

projeto arquitetônico possam ser materializadas todas as condições físicas e espaciais

necessárias para que pessoas com deficiência intelectual associadas e múltiplas desenvolvam

todas as suas potencialidades e adquiram uma maior independência nas suas atividades

diarias, favorecendo familias e portadores de deficiência intelectual associadas e múltiplas

(Síndrome de Down, Autistas, Síndrome do X Frágil, dentre outros), que residem em Belo

Horizonte com idades de 6 - idade em que se iniciam a vida escolar- à 50 anos - idade em que

já há uma transição ente a fase adulta e a terceira idade - de ambos os sexos que poderão

freqüentar a instituição em horário integral ou no contra-turno. Sendo assim, o objetivo é

unificar, ou seja, centralizar em um único complexo arquitetonico atividades e tratamentos

que hoje estão localizadas em instituições diferentes. Ao reunir estes serviços neste centro de

apoio para pessoas especiais, facilitaria a comunicação entre os profissionais envolvidos,

promovendo uma integração dos tratamentos com o objetivo de melhor aproveitamento dos

mesmos visto que cada caso tem suas peculiaridades, alem do fato de que os pais teriam a

tranqüilidade de trabalhar sabendo que seus filhos estão bem cuidados por profissionais

capacitados e recebendo o tratamento adequado.

2. Método adotado

Os métodos adotados para desenvolver este artigo envolveram pesquisa de campo que

englobaram: entrevistas com fisioterapeutas especializados em equoterapia, psicólogos e

pedagogos especializados em educação especial e visitas à instituições localizadas em

diferentes regiões da cidade de Belo Horizonte. Além de visita ao escritório e entrevista com

o arquiteto que elaborou o projeto de reforma não só da APAE/Santa Tereza-BH mas também

de outras unidades desta instituição em outras cidades do estado de MG. Pesquisas

bibliograficas, sites especializados e conversas informais com pais de “crianças especias”

sobre o que eles esperavam de seus filhos e o que eles esperavam em relação as instituições

que seus filhos frequentavam. Convivio e experiencias pessoais com portadores de deficiencia

intelectuais associadas e multiplas e observação das suas necessidades.

O mapa e a tabela a seguir foram elaborados de acordo com dados disponibilizados pela

Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais em dezembro de 2010, com o intuito

quantificarem e mapear os alunos portadores de necessidades especiais matriculados em

escolas da capital.

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Figura 01: Mapa METROPOLITANAS “A” “B” e “C”

Fonte: Danielle Soares Moreira (2010)

De acordo com critérios de pesquisa da SEE- MG as regionais de Belo Horizonte foram

agrupadas em ter grupos de três. METROPOLITANA “A” (Regionais Centro-Sul, Leste e

Nordeste), METRPOLITANA “B” (Regionais Barreiro, Noroeste, Oeste) e

METROPOLITANA “C” (Regionais Venda Nova, Pampulha e Norte).

Dentre os vários tipos de deficiência registrados (visual, auditiva, deficiência física) foram

selecionados amostras de pessoas com necessidades análogos aos mencionados neste artigo.

REGIONAL TIPO DE NECESSIDADE TOTAL

CENTRO SUL

LESTE

NORDESTE

ALTAS HABILIDADES 4

AUTISMO CLÁSSICO 53

DEFICIENCIA MENTAL 1239

SINDROME DE ASPERGER 13

BARREIRO

NOROESTE

OESTE

ALTAS HABILIDADES 1

AUTISMO CLÁSSICO 34

DEFICIENCIA MENTAL 760

SINDROME DE ASPERGER 9

VENDA NOVA

ALTAS HABILIDADES 2

AUTISMO CLÁSSICO 24

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PAMPULHA

NORTE

DEFICIENCIA MENTAL 542

SINDROME DE ASPERGER 9

Tabela 01: METROPOLITANAS “A” “B” e “C”

Fonte: Adaptado de Secretaria Estadual de Educação (2010)

Para coletar dados acerca do perfil e dos espaços físicos das instituições destinadas à

portadores de deficiencias mentais em Belo Horizonte, – a qual norteará as soluções

arquitetônicas que seguem no decorrer deste artigo - foram visitadas três instituições

diferentes. Sendo assim, os critérios para escolher as entidades de ensino foram: uma que

fosse de pequeno porte e oferecesse somente curso profissionalizante (Atelier Artespecial),

outra de grande porte e que oferece cursos profissionalizantes e aletramento. APAE (Bairro

Santa Tereza/BH) e uma que oferecesse cursos de Equoterapia (CERCAT - Centro de

Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes – Prado) que por sinal é a única

entidade da capital mineira filiada à ANDE (Associação Nacional de Equoterapia)

3. Análise espacial das instituições visitadas

Durante as visitas, foram observadas as soluções arquitetônicas adotadas em cada instituição,

bem como a funcionalidade dos espaços e a satisfação dos usuários em relação aos mesmos.

Como seria o aprendizado saindo do modelo de sala de aula convencional? Como deveria ser

um espaço projetado adequadamente visando atender as necessidades de pessoas especiais em

relação a sua locomoção fisica, funcionalidade e a utilização do espaço pelo mesmo? Como a

arquitetura pode ser fundamental para contribuir com o desenvolvimento de pessoas especiais

em todas as suas potencialidades?

Segundo Senra et.al (2008) “Os espaços devem ser pensados de modo a garantir o direito de

locomoção”. Nos domínios da instituição os alunos poderão circular com liberdade para

experimentar novas experiências, se tornando cada vez mais independentes de acordo com a

capacidade de cada um. Mais do que o cumprimento de uma lei, em instituições desta

natureza a acessibilidade é um fator indispensável para o bom funcionamento e fluxo de

pessoas pela edificação.

O Atelier Artespecial, localizado na região da Pampulha em Belo Horizonte, é uma escola

para pessoas especiais que realiza trabalhos artesanais com seus alunos como uma maneira de

ensiná-los atividades profissionalizantes para inseri-los no mercado de trabalho e como

método terapêutico. Os artesanatos são feitos com materiais reciclados tais como: papelão,

embalagem de produtos diversos, latinhas de refrigerante, dentre outros, (doados ou trazidos

pelos alunos de suas casas) papel marche, glicerina (sabonetes). A instituição não oferece

parte pedagogica para seus alunos, visto que o público alvo da instituição são excepcionais a

partir de 15 anos, pessoas estas que em experiências anteriores já passaram por outras escolas

e em relação à alfabetização já desenvolveram de acordo com a capacidade de cada aluno

(levando em consideração a especificidade de cada síndrome). A escola trabalha também com

seus alunos a partir de atividades corriqueiras as AVD’s e AVP’s (atividade de vida diária e

atividade de vida prática respectivamente). Além disso, a escola realiza atividades

extracurriculares visando à socialização dos alunos. Diariamente é feito com os alunos uma

caminhada pelo bairro que além de ser uma atividade física, proporciona aos alunos a

oportunidade de reconhecimento das áreas próximas a escolas, bem como nome das ruas e

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pontos de referencia. A instituição atende tanto horário integral quanto meio horário

dependendo da necessidade do aluno.

A APAE Santa Tereza/BH foi reformada em 2002 e o prédio existente foi ampliação em

função do novo programa arquitetônico proposto. Neste contexto, a única exigencia feita ao

arquiteto contratado para fazer o projeto, era que o mesmo seguisse a Norma de

Acessibilidade (NBR 9050) em seu mais absoluto rigor, e que todo o complexo pudesse ser

acessado por todos sem restrição. Toda a escola possui rampas e equipamentos que garante a

acessibilidade por toda a edificação e nos pisos foram utilizados materiais antiderrapantes

visando proporcionar segurança aos usuários. Porém observou-se algumas defasagens como

nos banheiros, visto que não possuem barras de transferência, sendo necessário sempre que os

alunos o utilizem acompanhado por algum funcionário da instituição além dos vasos

sanitários não possuírem bases de alvenaria (com o intuito de o assento sanitário ficar na

mesma altura que o assento da cadeira de rodas).

A cozinha onde são preparados a refeições dos alunos bem como o refeitório, são pequenos e

não permitem a circulação confortável pelos PCR (portadores de cadeira de rodas) sendo que

o único elemento que separa estes dois ambientes é um balcão. Ou seja, durante o preparo de

uma refeição todo o ambiente é comprometido, além de causar insegurança e desconforto na

utilizacao deste espaço, pois os alunos em algum momento de descuido das professoras

podem acessar a cozinha.

A edificação ocupa cerca de 90 % da área do terreno e quanto ao tratamento paisagístico, não

possui muita vegetação (apenas o mínimo para atender a área de permeabilidade obrigatória)

e o piso é pavimentado por cimento.

A instituição é dividida basicamente em três setores: escola, clínica e assistência social.

Porém devido a uma questao projetual e de espaço fisico, estes setores não foram

incorporados no mesmo lote onde está implantado o predio principal. A Clínica Intervir,(um

anexo da instituição localizado do outro lado da via), apóia aos alunos e suas famílias através

de atendimentos nas áreas de psiquiatria, enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, psicologia,

fisioterapia, terapia ocupacional e odontologia, com prioridade para os alunos da APAE.

Durante visita ao CERCAT, o psicólogo responsável pelo tratamento alega que o objetivo da

equoterapia é complementar outras terapias e trabalhar nos praticantes a independência,

organização, auto-estima, reabilitação psico-pedagogica, e favorecer a socialização.

É importante salientar que o CERCAT além de ser a única instituição de Belo Horizonte que é

filiada a ANDE (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA), também oferece os

serviços gratuitamente. Devido a estes fatores, várias pessoas interessadas no tratamento

aguardam em média um ano para usufruirem do mesmo.

O tratamento das áreas externas é essencial durante as seções de equoterapia. Pois estas

ocorrem preferencialmente ao ar livre para que a natureza (pássaros, folhas e árvores) seja

utilizada como estímulo para os praticantes durante as seções. Entretanto, observou-se que o

local não possuia área coberta para a prática da seção. Ao serem questionados à respeito, tanto

profissionais quanto pais dos praticantes, ressaltam a importância deste espaço coberto visto

que em dias de chuva as seções são canceladas.

Notou-se então, a necessidade de um espaço coberto para realizar as aulas de equoterapia com

infra - estrutura exigida para que seja filiado ANDE. Para que isto seja possível, há algumas

normas básicas de funcionamento a serem cumpridas. Dentre elas, o picadeiro (nome dado ao

local onde ocorrem as seções) deve ter dimensões mínimas de 20 x 40.

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Ao projetar este espaço coberto para pessoas portadoras de deficiencia intelectual, para que as

seções de equoterapia não sejam interrompidas nos períodos de chuva, sugere-se que esta

cobertura tenha uma estrutura lúdica, similar à uma tenda de circo. Visto que segundo o

dicionário Aurelio, picadeiro é o local onde se ensina equitação e também área central do

circo onde os artistas se apresentam. Uma trilha delimitada por arvores que favorecerá a

climatização do trajeto que liga o picadeiro coberto ao descoberto que se encontra mais

afastado, pois este percurso é importante e fará parte do tratamento de equoterapia bem como

os pássaros e pequenos animais que porventura por ali passarem durante a seção.

O contato com animais será um diferencial que a instituição irá oferecer para ajudar no

tratamento de doenças físicas e mentais dos seus alunos. Para isso, fazem parte do programa

de necessidades, espaços externos para abrigar estes animais (canil, galinheiro, baias).

4. Programa de Necessidades

Baseado no projeto das APAEs a que se teve acesso e que puderam ser analisados, e nas

demais pesquisas de campo citadas, foi proposto um programa arquitetônico de um Centro de

Apoio para portadores de deficiência intelectual com soluções arquitetônicas que servissem

como referencia com o intuito de melhorar a qualificação destes espaços.

O programa arquitetônico foi dividido basicamente em quatro setores. Além da organização

projetual neste projeto em específico a setorização é ainda mais relevante, pois também

contribui com a segurança dos alunos dentro do Centro de apoio. Tal divisão foi estabelecida

a partir da freqüência de utilização do ambiente pelo usuário. Os setores são: setor

administrativo, setor de serviço, setor dos alunos e setor social.

Programa arquitetônico/setorização:

Área administrativa

Área alunos e professores

Área alunos Área externa

- Sala espera /

recepção

- Secretaria

- Diretoria

- Tesouraria

- Sala professores

- I.S masculino e

feminino

- Sala para

- Salão de eventos - Consultório psicologia - Consultório fisioterapia / T.O

- Cozinha

experimental

- Refeitório

- Gibiteca

-Sala de aula

- Ateliê (oficinas)

- Sala

computação

- Sala música

- Banheiros

- Piscina

- Quadra poliesportiva (coberta) - Quadra gramada

- Horta

- Galinheiro

- Canil

- Centro equoterapia (pista hipismo, baias, arena coberta, pista

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Tabela 02: Programa de Necessidades

Fonte: Danielle Soares Moreira (2010)

O partido arquitetônico foi pensado de forma a fazer uma releitura de elementos comuns em

escolas para que seus freqüentadores possam associar este ambiente com um ambiente de

aprendizado e lazer. Outra característica adotada foi em relação à volumetria das edificações,

em que estas são horizontalizadas e nao possuem circulaçao vertical, visando favorecer a

questão da acessibilidade tendo em vista o público alvo que a edificação irá comportar.

Apesar de sabermos que pessoas com deficiência intelectual associadas e múltiplas não

necessariamente apresenta uma deficiência física, todo o complexo bem como os espaços

internos foram planejados para receber pessoas com tal perfil. A proposta não só visou

atender a lei de acessibilidade como de fato pensou-se em projetar uma edificação voltada

para as necessidades de seu público alvo (o que atualmente não ocorre nem mesmo em

edificações análogas). Sendo assim considera-se necessário que todo o programa seja

desenvolvido em apenas um pavimento para que fosse evitado o uso de rampas, elevadores/ e

ou plataformas. Outro aspecto importante da volumetria a ser ressaltada, foi a relação entre os

cheios e vazios, e a maneira lúdica como as aberturas foram tratadas. A implantação das

edificações formam uma orientação sócio petal configurando um espaço de onde todos se

interagem. Este pátio consiste em uma grande praça de convívio arborizada, com áreas

gramadas que poderão serão apropriadas pelos alunos para brincar, socializarem, ficarem

descalços com os pés na grama dentre outras atividades lúdicas. Esta área também será

utilizada para expor os trabalhos feitos pelos alunos nas oficinas bem como eventos e

festividades que podem ao ar livre.

guardar trabalho

oficinas.

- Almoxarifado (remédio alunos) - Cozinha

instituição

-Área serviço

D.M.L

masculino e feminino

com rampas e diferentes pavimentação de piso) - Estacionamento para funcionários - Carga / descarga - Área coleta de esterco dos cavalos.

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Figura 02: Planta setorização do Centro de Apoio as pessoas Especiais

Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares Moreira (2010)

De acordo com Cerruti (2007: pág 227) “É permitido pensarmos sobre quais desses espaços

são vividos com ou sem as crianças, quais se apresentam “perigosos” e quais poderiam ser

educativos , a exemplo da horta e do jardim”.

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Figura 03 – Fluxograma do Centro de Apoio às pessoas Especiais

Fonte: Danielle Soares Moreira (2010)

Figura 04: Planta de implantação do Centro de Apoio as pessoas Especiais

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Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares Moreira (2010)

5. Uma arquitetura “especial”

No programa arquitetonico das APAEs, há uma sala de psicomotricidade (espaço este

mobiliado e planejado para simular um ambiente doméstico e as respectivas atividades que

ocorrem neste local). Entretanto na solução projetual adotada não haveria uma sala de

psicomotricidade. Propondo que estas atividades realizadas neste espaço não ocorram

somente em um comodo em especifico, mas sim utilizando toda a externsao da instituição.

Pois estas acontecerão naturalmente conforme forem ocorrendo as situações corriqueiras do

dia a dia, todos os ambintes seriam projetados para que todos os alunos pudessem exercer sua

autonomia independente da atividade.

Outros aspectos importantes são os espaços internos e externos, já que o espaço

escolar não se restringe apenas a sala de aula . Os espaços externos são

prolongamentos dos internos , devendo ser igualmente organizados e utilizados.

Estes devem proporcionar, ainda, além dos aspectos sugeridos para os espaços

internos, a expansão das atividades corporais e sociais, além de contemplar a

autonomia e a responsabilidade. (Cerruti, 2007: 228)

Com as áreas externas fazendo parte do programa a instituição, uma horta comunitária

destinada à prática da horticultura – onde, em grupo, os alunos supervisionados por um

profissional irão plantar: verduras, pequenos legumes e folhas de tempero - e um pomar com

espécies como pés de limão, laranja, goiaba, jabuticaba e amora o Centro de Apoio às Pessoas

Especiais propõe aos alunos a prática de atividades rurais. Tais alimentos serão utilizados nas

aulas de culinária que acontecerão na cozinha experimental, onde os alunos sob supervisão do

professor, irão colher os alimentos frescos que eles mesmos plantaram e recolherão os ovos

das galinhas no galinheiro. O professor irá orientar os alunos a preparem os alimentos em

grupo promovendo nesta atividade o trabalho em equipe. Depois de pronta a comida será

consumida pelos próprios alunos no refeitório localizado ao lado da cozinha experimental nas

refeições oferecidas pela escola (lanches e almoço). Tanto o refeitório quanto a cozinha

experimental teriam acessos independentes e divididos por uma porta de correr que quando

aberta integram estes dois ambientes.

Visando tornar o ambiente mais seguro, a cozinha experimental manterá uma “relação” com a

cozinha industrial da instituição através de um passa prato, pois os talheres ou demais

utensílios que venham a causar algum risco aos alunos, serão armazenados na cozinha

industrial. Os utensílios só serão transferidos para a cozinha experimental quando este

ambiente estiver sendo monitorado pelo profissional responsável.

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A influência da arquitetura no desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiências intelectuais

associadas e múltiplas Dezembro/2013

Dezembro/2013

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013

Figura 05 – Em primeiro plano: cozinha experimental em segundo plano refeitorio

Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares (2010)

As atividades desempenhadas nestes ambientes incentivam os alunos a cuidar da natureza,

aprender a plantar e a colher. Além disso, estas atividades têm por objetivo estimular a

responsabilidade e despertar noções de disciplina e organização que irão interferir no

cotidiano do aluno.

5.1 Técnicas e Materiais de Construção

Os caminhos externos por onde os alunos transitam com mais freqüência é de intertravado

amarelo, remetendo a estrada de tijolos amarelos do clássico infantil “O Mágico de Oz” .

Quanto aos sistemas construtivos, sugere-se trabalhar com sistema estrutural misto (concreto

armado e a estrutura metálica) para que possa ser trabalhado vãos livres o que proporciona

maior flexibilidade projetual. Nas paredes internas é proposta a utilização do dry wall como

sistema de vedação para que caso seja necessária alguma intervenção futura na edificação, a

construção seja rápida e limpa, tornando assim o edifício mais funcional. Visto que é

desejável que as obras ocorram durante o período de férias escolares, para evitar transtorno

aos alunos.

A estrutura metálica ainda é utilizada na cobertura da quadra poliesportiva, e no bloco

destinado aos alunos, onde parte da cobertura é em policarbonato bem como na passarela de

ligação entre os blocos, tal cobertura permite a incidência de iluminação natural, e

conseqüentemente economia de energia, além de conforto térmico.

Em todos os cômodos tanto nas áreas secas quanto nas áreas molhadas foi utilizado piso

cerâmico antiderrapante visando proporcionar maior estabilidade, segurança e conforto aos

alunos a caminhar.

Os Ateliês das oficinas artesanato, seriam separados por divisórias articuladas para

proporcionar maior flexibilidade e integração entre estes espaços possibilitando maior

aproveitamento dos vãos. O fechamento dessas salas seria por portas de vidro de correr,

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proporcionando integração entre a área interna e externa (pátio central), que possibilitará que

as oficinas aconteçam ora dentro dos ateliês ora ao ar livre conforme a dinâmica e o objetivo

da proposta de cada atividade.

Figura 06 – Painel dividindo ateliês

Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares (2010)

5.2 Aspectos Ergonomicos e psicologia ambiental

O bloco dos alunos seria contemplado com salas para trabalhar o intelecto, onde se

concentram a Gibiteca e brinquedoteca um espaço integrado em que serão utilizados

brinquedos e bonecos como personagens para contar estórias, sala de informática, sala de

aletramento onde os alunos aprenderão as palavras através de associações feitas com

elementos concretos e a região anterior é onde serão trabalhadas as artes e as emoções onde

ficarão os ateliês oficinas e a sala de música. Os Ateliês onde acontecerão as oficinas

artesanato serão separados por divisórias articuladas que proporcionará maior flexibilidade e

integração entre estes espaços possibilidade de maior aproveitamento dos vãos. O fechamento

dessas salas será por portas de correr, proporcionando integração entre a área interna e externa

(pátio central), que possibilitará que as oficinas aconteçam ora dentro dos ateliês ora ao ar

livre conforme a dinâmica e o objetivo da proposta de cada atividade.

O dimensionamento das salas seria feito baseado na quantidade de pessoas e nos tipos de

atividades que acontecerão nela. Neste bloco, salas e os banheiros devem ter area minima de

área de 50 m². Utilizando este padrão de área, os espaços que serão utilizados freqüentemente

pelos alunos foram projetados para que cadeirantes possam circular de maneira confortável.

Em qualquer área do cômodo, e em todas as circulações bem como a distância entre os

mobiliários, possibilitam manobras de 360° com cadeiras de rodas.

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Figura 07 – Planta Atelie de oficinas de artesanato

Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares (2010)

De acordo com a norma de acessibilidade, é exigido que 5% das cabines sanitárias dos

banheiros sejam destinados à cadeirantes. Neste projeto em especifico - devido ao público

alvo - nos banheiros dos alunos, esta hierarquia foi invertida, pois 60% das cabines foram

planejadas para portadores de cadeira de rodas ou com alguma dificuldade de locomoção.

Figura 08 – Planta dos Banheiros masculinos e femininos superdimensionados

Trabalho Final de Graduação

Fonte: Danielle Soares (2010)

6. Conclusão

Neste trabalho, foram comparados e analisados, pontos positivos e negativos de três

instituições localizadas em Belo Horizonte, voltadas para portadores de deficiencia intelectual

associadas e múltiplas. A partir das observações e análises das necessidades do público alvo,

foram apresentadas soluções projetuais que mostram como a arquitetura é fundamental para o

desenvolvimento de pessoas especiais em todas as suas potencialidades. A proposta é de

agrupar em um único complexo, todos os recursos necessários para que portadores de

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deficiencia intelectual associadas e múltiplas pudessem desenvolver suas habilidades de

maneira a serem inseridas na sociedade e adquirir uma maior independência. A relevância

deste trabalho está no fato de que Belo Horizonte não tem uma instituição com toda esta

infraestrutura. Sendo assim, este projeto seria uma referência para a cidade visto que, além de

atender às normas de acessibilidade universal, também tratou cada ambiente de forma

diferenciada, em um projeto onde o espaço externo seria um prolongamento dos internos,

propondo a integração dos mesmos durante a realização de atividades, levando em

consideração aspectos funcionais e formais da arquitetura de maneira a favorecer a sua

locomoção fisica, ou seja, a utilizacao do espaço pelo usuário. Em instituições desta natureza,

a acessibilidade, mais do que o cumprimento de uma lei, é um fator indispensável para o bom

funcionamento e fluxo de pessoas pela edificação.Mostrando assim, uma solução de como

seria o aprendizado saindo do modelo de sala de aula convencional e como deveria ser uma

arquitetura para pessoas especiais.

Referências

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documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

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Visita às instituições:

APAE –BH 30/04/2012 e 03/06/2012

ATELIER ARTEESPECIAL 12/04/2012 e 21/05/2012.

CERCAT 05/04/2012 e 27/05/2012.

SEE- MG - Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (Informações via email)