Artigo semana de pedagogia - pdf

18
1 PARA LER “BOLA” NO PAÍS DO FUTEBOL: DISCUSSÃO, ANÁLISE E COMPARAÇÃO. ¹ Autor (a): Louise Anne de Santana Universidade Federal do Ceará [email protected]/[email protected] O processo de ensinoaprendizagem da língua portuguesa é complexo, não bastando a este fazer um plano de aula, descrever a atividade e realiza-la, o desafio do ensino requer também estarmos atentos ao suporte que ele vai necessitar em casa, e no processo de fixação posterior para que a aprendizagem seja de fato completa. Foi pensando nestes pontos importantes e significativos que optamos por fazer uma breve análise e promover discussões acerca da escolha do livro didático para a 1ª Série do Ensino Fundamental I, série em que alunos e professores concretizam o desafio do letramento e da alfabetização. O livro didático é diretamente responsável por este conhecimento e prática, é ele que aproxima os familiares e responsáveis da criança das discussões que estão sendo feitas em sala, do progresso destes pequenos no processo de ensinoaprendizagem da escrita e da leitura, além de fazer o convite, na casa do próprio aluno para que o conhecimento ministrado ultrapasse os muros da escola. Para nos auxiliar nesta discussão iremos nos basear no estudo e na reflexão que fundamenta o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), e apresentaremos a partir desses dois documentos a análise, discussão e comparação de dois livros referentes ao ensino de Letramento e Alfabetização para a 1ª Série do Ensino Fundamental I. Esperamos contribuir com o aprimoramento da nossa formação como profissionais que tem por desafio o exercício da leitura, comparação, e reflexão da prática e dos instrumentos que buscam auxiliar á esta. ¹ Graduanda do 7º semestre do curso de Pedagogia Noturno da Universidade Federal do Ceará, Monitora da Coordenadoria de Formação de Células Cooperativas, Monitora voluntária de Política Educacional I.

Transcript of Artigo semana de pedagogia - pdf

Page 1: Artigo   semana de pedagogia - pdf

1

PARA LER “BOLA” NO PAÍS DO FUTEBOL: DISCUSSÃO, ANÁLISE E

COMPARAÇÃO.

¹ Autor (a): Louise Anne de Santana – Universidade Federal do Ceará

[email protected]/[email protected]

O processo de ensino–aprendizagem da língua portuguesa é complexo, não

bastando a este fazer um plano de aula, descrever a atividade e realiza-la, o desafio do

ensino requer também estarmos atentos ao suporte que ele vai necessitar em casa, e no

processo de fixação posterior para que a aprendizagem seja de fato completa. Foi

pensando nestes pontos importantes e significativos que optamos por fazer uma breve

análise e promover discussões acerca da escolha do livro didático para a 1ª Série do

Ensino Fundamental I, série em que alunos e professores concretizam o desafio do

letramento e da alfabetização. O livro didático é diretamente responsável por este

conhecimento e prática, é ele que aproxima os familiares e responsáveis da criança das

discussões que estão sendo feitas em sala, do progresso destes pequenos no processo de

ensino–aprendizagem da escrita e da leitura, além de fazer o convite, na casa do próprio

aluno para que o conhecimento ministrado ultrapasse os muros da escola. Para nos

auxiliar nesta discussão iremos nos basear no estudo e na reflexão que fundamenta o

PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e o PNLD (Programa Nacional do Livro

Didático), e apresentaremos a partir desses dois documentos a análise, discussão e

comparação de dois livros referentes ao ensino de Letramento e Alfabetização para a 1ª

Série do Ensino Fundamental I. Esperamos contribuir com o aprimoramento da nossa

formação como profissionais que tem por desafio o exercício da leitura, comparação, e

reflexão da prática e dos instrumentos que buscam auxiliar á esta.

¹ Graduanda do 7º semestre do curso de Pedagogia Noturno da Universidade Federal do Ceará,

Monitora da Coordenadoria de Formação de Células Cooperativas, Monitora voluntária de Política

Educacional I.

Page 2: Artigo   semana de pedagogia - pdf

2

PARA LER “BOLA” NO PAÍS DO FUTEBOL: DISCUSSÃO, ANÁLISE E

COMPARAÇÃO.

A escolha do livro didático de Língua Portuguesa para a 1ª Série do Ensino

Fundamental I.

1. O pedagogo e a escolha do livro didático.

Quando optamos pela profissão de pedagogo assumimos um compromisso

social que nos responsabiliza pelo bem mais precioso que temos em nosso país, nossas

crianças; Seu entendimento de mundo, sua percepção, a identificação das coisas, sua

nomenclatura, o significado que é atribuído á cada nome, forma e cor, todas estas

incríveis descobertas contará com cada um de nós, munidos de nosso olhar e de nossos

cuidados, equipados com a vontade de fazer um Brasil melhor.

É a partir dessa constatação que também assumimos junto ao compromisso

anterior outro, o de zelarmos por este ofício, o de não esquecer jamais de sermos todos

os dias estudantes, curiosos, questionadores, dispostos a aprender, e a não aprender

também. Ao avaliar a tão falada práxis também nos deparamos com uma avaliação

pessoal, do quanto estamos verdadeiramente dispostos ao ofício do ensino, que nos

remete ao árduo, cansativo e prazeroso desafio do aprender.

Com o passar da prática, no entanto, cansamos, ás vezes desistimos, nos

remanejamos a outras tarefas, e alguns de nós infelizmente esquecemos-nos de

pequenos detalhes, que fazem toda a diferença nos resultados que buscamos ao final do

ano letivo. Para além do plano de aula, das atividades tão cuidadosamente elaboradas e

executadas, existe outro elemento indispensável na busca por estes objetivos, o livro

didático, que nos auxiliará no reforço do conteúdo ministrado em sala, que irá ajudar ás

nossas crianças a fixar o conhecimento, e que fará o importante convite á família para

também embarcar com a criança, ali, em casa mesmo, na viagem pela busca do saber.

A participação do pedagogo nesta escolha é indispensável, posto que seja como

escolher um companheiro de luta, algo em que se confie e em que verdadeiramente o

pedagogo se perceba ainda que ausente, mas que leve sua marca junto ao aprendizado

que o aluno desenvolve para além dos muros da escola. Por conta desses tão

Page 3: Artigo   semana de pedagogia - pdf

3

significantes motivos, optamos por também discutir esta escolha, posto que a mesma

perpasse por uma avaliação da prática e também um convite ao desafio da leitura,

observação e comparação do material de trabalho por parte deste profissional.

É um convite para que o pedagogo se deixe encantar, tanto quanto ele gostaria

que seus alunos e alunas também se envolvessem com o universo do livro didático.

Para nos auxiliar na discussão acerca da escolha do livro didático iremos

consultar e saber o que versam documentos que orientam a nós pedagogos neste

exercício, que direcionam e nos mostram o que considerar e qual a importância de cada

item minuciosamente observado para esta escolha.

2. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

1) O que é o PCN?

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade

para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir

a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões,

pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores

brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor

contato com a produção pedagógica atual.

Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a ser concretizada

nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da

realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e

pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e

impositivo, que se sobreporia à competência político - executiva dos Estados e

Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia

de professores e equipes pedagógicas.

O PCN é um importante referencial para a educação do ensino fundamental de

todo o Brasil. Ele não foi criado para ditar a forma da educação em nosso país, ou impor

o mesmo método e prática em todas as regiões do país, afinal temos artigos na própria

constituição federal e na LDB que nos lembram de trabalhar com as especificidades e

regionalidades de nosso país, mas o PCN vem na tentativa de orientar e dar sentido e

coerência ao nosso sistema educacional como um todo. Foi um instrumento criado para

Page 4: Artigo   semana de pedagogia - pdf

4

socializar as pesquisas, discussões e recomendações acerca das práticas pedagógicas

atuais em nosso país.

2) O processo de elaboração do PCN

O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais teve início a

partir do estudo de propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da

análise realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do contato

com informações relativas a experiências de outros países. Foram analisados subsídios

oriundos do Plano Decenal de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, dados

estatísticos sobre desempenho de alunos do ensino fundamental, bem como experiências

de sala de aula difundidas em encontros, seminários e publicações.

Formulou-se, então, uma proposta inicial que, apresentada em versão

preliminar, passou por um processo de discussão em âmbito nacional, em 1995 e 1996,

do qual participaram docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de

secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições representativas de

diferentes áreas de conhecimento, especialistas e educadores.

Os pareceres recebidos, além das análises críticas e sugestões em relação ao

conteúdo dos documentos, em sua quase totalidade, apontaram a necessidade de uma

política de implementação da proposta educacional inicialmente explicitada.

É importante colocar que no processo de formulação do PCN houve um

envolvimento de vários setores da sociedade, a partir da análise dos documentos e da

elaboração de pareceres que sugeriram diversas possibilidades de atuação das

universidades e das faculdades de educação para a melhoria do ensino nas séries

iniciais, as quais estão sendo incorporadas na elaboração de novos programas de

formação de professores, vinculados à implementação dos Parâmetros Curriculares

Nacionais.

3) Função do PCN:

Cada criança ou jovem brasileiro, mesmo de locais com pouca infraestrutura e

condições socioeconômicas desfavoráveis, deve ter acesso ao conjunto de

conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o

exercício da cidadania para deles poder usufruir. Se existem diferenças socioculturais

Page 5: Artigo   semana de pedagogia - pdf

5

marcantes, que determinam diferentes necessidades de aprendizagem, existe também

aquilo que é comum a todos, que um aluno de qualquer lugar do Brasil, do interior ou

do litoral, de uma grande cidade ou da zona rural, deve ter o direito de aprender e esse

direito deve ser garantido pelo Estado.

É nesse sentido que o estabelecimento de uma referência curricular comum

para todo o País, ao mesmo tempo em que fortalece a unidade nacional e a

responsabilidade do Governo Federal com a educação, busca garantir, também, o

respeito à diversidade que é marca cultural do País, mediante a possibilidade de

adaptações que integrem as diferentes dimensões da prática educacional.

4) A LDB e o PCN:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394),

aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolidou e ampliou o dever do poder público

para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental. Assim,

vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte

integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício

da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,

fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade

e de continuidade.

Essa LDB reforçou a necessidade de se propiciar a todos a formação básica

comum, o que pressupõe a formulação de um conjunto de diretrizes capaz de nortear os

currículos e seus conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos do art. 9º, inciso IV,

é remetida para a União. Para dar conta desse amplo objetivo, a LDB consolida a

organização curricular de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato dos

componentes curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base nacional comum

(Parâmetros Curriculares Nacionais), a ser complementada por uma parte diversificada

em cada sistema de ensino e escola na prática, repetindo o art. 210 da Constituição

Federal.

Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto para o ensino

fundamental quanto para o ensino médio, deve obrigatoriamente propiciar

oportunidades para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e

natural e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento do Brasil.

Page 6: Artigo   semana de pedagogia - pdf

6

É importante colocar que o surgimento e o aprimoramento do PCN estão

diretamente vinculados á promulgação da Lei de Diretrizes e Base da Educação

Brasileira, que levou o país a uma reflexão acerca da formação básica comum em toda a

União. Vale–se ressaltar que apesar dessa “formação comum” há também uma maior

flexibilidade para se trabalhar as peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos

estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alunos.

5) A relação PCN, áreas, conteúdos e Livro Didático:

Área

O tratamento da área e de seus conteúdos integra uma série de conhecimentos

de diferentes disciplinas, que contribuem para a construção de instrumentos de

compreensão e intervenção na realidade em que vivem os alunos. A concepção da área

evidencia a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de

conhecimentos e o objeto de aprendizagem, favorecendo aos alunos uma construção de

representações sobre o que estudam. Essa caracterização da área é importante também

para que os professores possam se situar dentro de um conjunto definido e

conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus alunos aprendam condição

esta, necessária para proceder a encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com

sucesso.

Se avaliarmos como importante definir os contornos das áreas, é também

essencial que estes se fundamentem em uma concepção que os integre conceitualmente,

e essa integração seja efetivada na prática didática.

O delineamento da área de abordagem é essencial para que os instrumentos que

auxiliam no processo de aprendizagem sejam construídos e utilizados de maneira

qualificada. Isso está diretamente relacionado á perspectiva de linearidade na construção

não só dos objetivos que se espera de uma criança no processo do aprender, mas

também de uma continuidade dos objetos que irão permear a construção deste

conhecimento. È para além do desafio de definição dos conteúdos também o desafio de

contextualização de aproximação do que se espera daquilo que também a criança está

disposta ou por questões culturais ou formativas a oferecer.

Page 7: Artigo   semana de pedagogia - pdf

7

Conteúdos

Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma mudança de enfoque em

relação aos conteúdos curriculares: ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto

com um fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em que o conteúdo seja visto

como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes permitam produzir

e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos.

É a formação do aluno numa perspectiva continuada, nunca findada, e na

verdade é este o real processo de aprendizagem recorrente, em que nem professor nem

aluno sente que tudo está completo, havia antes uma necessidade de que os conteúdos

viessem a sanar todos os problemas antecessores a fase em que a criança estava, mas

não é assim. O conhecimento não é degenerativo, em que para aprender algo, tudo o que

antes havia torna–se inválido, pelo contrário, o conhecimento é acumulativo, e os

conteúdos por sua vez devem ser da mesma maneira. O aluno não está isento da

sociedade e contextualizar a mesma, dar sentido a esta em sala de aula e envolve-la com

o que é ensinado tem sido o grande desafio do professor.

Livro Didático

Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser utilizado com

exclusividade. É importante haver diversidade de materiais para que os conteúdos

possam ser tratados da maneira mais ampla possível.

O livro didático é um material de forte influência na prática brasileira de

ensino. É preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a

eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos.

Além disso, é importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a

ser utilizado, pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter

uma visão ampla do conhecimento.

Há uma real necessidade de nos aprofundarmos em conhecer o nosso grande

parceiro de trabalho, o livro didático, mas o mesmo, não deve ser tudo, a escolha do

livro didático é imprescindível, pois este material vai permear toda a relação de

aprendizagem que o aluno vai desenvolver durante todo um ano, mas é importante

ressaltar que nada melhor do que a sensibilidade do professor para trazer adequações

Page 8: Artigo   semana de pedagogia - pdf

8

pertinentes à necessidade de contextualização que os textos ou as atividades propostas

pelo livro venham a trazer.

6) Os PCN e as orientações quanto ao ensino da Língua Portuguesa

Para o tratamento didático dos conteúdos é preciso considerar também o

estabelecimento de relações internas ao bloco e entre blocos. Exemplificando: os blocos

de conteúdos de Língua Portuguesa são língua oral, língua escrita, análise e reflexão

sobre a língua; é possível aprender sobre a língua escrita sem necessariamente

estabelecer uma relação direta com a língua oral; por outro lado, não é possível aprender

a analisar e a refletir sobre a língua sem o apoio da língua oral, ou da escrita. Dessa

forma, a inter-relação dos elementos de um bloco, ou entre blocos, é determinada pelo

objeto da aprendizagem, configurado pela proposta didática realizada pelo professor.

É mais uma vez chamar atenção para que, na abordagem da língua nada é

absoluto, não há um método perfeito que vai tornar este ou aquele indivíduo apto a

exercer o poder de fala e compreensão de uma hora para a outra. O Essencial neste caso

é realmente uma inter – relação entre o que se deve ensinar e o que se pode aprender. A

língua está em um eterno movimento e pode a qualquer hora mudar, e para que ela não

se dissolva, porque ela é um bem diluído, é necessário que a oralidade e a escrita

caminhem juntas e consigam sempre dialogar e propor uma á outra a análise e a

reflexão.

7) Os PCN e os Objetivos Gerais para o Ensino Fundamental:

Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes

situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de

tomar decisões coletivas;

A importância da oralidade para as relações interpessoais dentro do convívio

social.

Utilizar as diferentes linguagens — verbais, matemática, gráfica, plástica e

corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,

interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e

privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;

Page 9: Artigo   semana de pedagogia - pdf

9

O poder da comunicação para expressar–se, trazer ao conhecimento do outro o

que você é, quem é e como deseja se definir. É a oportunidade de dar a si próprio, ás

suas vontades, ações e convicções um nome, para a criança é o próprio processo de

reconhecimento como ser social e sociável.

3. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

1) Um Breve Histórico acerca do PNLD

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é o mais antigo dos

programas voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede pública de

ensino brasileira e iniciou-se, com outra denominação, em 1929. Ao longo desses 80

anos, o programa foi aperfeiçoado e teve diferentes nomes e formas de execução.

Atualmente, o PNLD é voltado à educação básica brasileira, tendo como única exceção

os alunos da educação infantil.

2) Seleção de Material Didático para o Ensino da Língua Portuguesa:

I. Relativos à natureza do material textual selecionado

O conjunto de textos que um LDP oferece para o ensino-aprendizagem de

Língua Portuguesa deve justificar-se pela qualidade da experiência de leitura que possa

propiciar ao aluno, contribuindo para a sua formação como leitor proficiente, inclusive

como leitor literário. Uma coletânea deve, portanto:

Estar isenta tanto de fragmentos sem unidade de sentido quanto de pseudotextos,

redigidos com propósitos exclusivamente didáticos;

Ser representativa da heterogeneidade própria da cultura da escrita – inclusive

no que diz respeito a autoria, a registros, estilos e variedades (sociais e

regionais) linguísticas do Português –, de forma a permitir ao aluno a percepção

de semelhanças e diferenças entre tipos de textos e gêneros diversos,

pertencentes a esferas socialmente mais significativas de uso da linguagem;

Ser adequada – do ponto de vista da extensão, da temática e da complexidade

linguística – ao nível de escolarização em jogo;

Incluir, de forma significativa e equilibrada, em relação aos demais, textos da

tradição literária de língua portuguesa (especialmente os da literatura brasileira);

Incentivar professores e alunos a buscarem textos e informações fora dos limites

do próprio livro didático.

Page 10: Artigo   semana de pedagogia - pdf

10

II. Relativos ao trabalho com o texto

No trabalho com o texto, em qualquer de suas dimensões (leitura e

compreensão, produção de textos orais e escritos, construção de conhecimentos

linguísticos), é fundamental a diversidade de estratégias, assim como a articulação entre

os vários aspectos envolvidos, de forma a garantir a progressão nos estudos. Além

desses, em cada um dos componentes de Língua Portuguesa outros critérios afiguram-se

fundamentais para garantir à coleção um desempenho ao menos satisfatório, em termos

metodológicos.

Leitura

As atividades de compreensão e interpretação do texto têm como objetivo final

a formação do leitor (inclusive a do leitor literário) e o desenvolvimento da proficiência

em leitura. Portanto, só podem constituir-se como tais na medida em que:

Encararem a leitura como uma situação de interlocução leitor/autor/texto

socialmente contextualizada;

Respeitarem as convenções e os modos de ler próprios dos diferentes gêneros,

tanto literários quanto não literários;

Desenvolverem estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas aos

gêneros propostos, quanto as inerentes ao nível de proficiência que se pretende

levar o aluno a atingir.

Produção de textos escritos

As propostas de produção escrita devem visar à formação do produtor de texto

e, portanto, ao desenvolvimento da proficiência em escrita. Nesse sentido, não podem

deixar de:

Considerar a escrita como uma prática socialmente situada propondo ao aluno,

portanto, condições plausíveis de produção do texto;

Abordar a escrita como processo, de forma a ensinar explicitamente os

procedimentos envolvidos no planejamento, na produção e na revisão e reescrita

dos textos;

Explorar a produção de gêneros ao mesmo tempo diversos e pertinentes para a

consecução dos objetivos estabelecidos pelo nível de ensino visado;

Page 11: Artigo   semana de pedagogia - pdf

11

Desenvolver as estratégias de produção relacionadas tanto ao gênero proposto

quanto ao grau de proficiência que se pretende levar o aluno a atingir.

III. Relativos ao trabalho com a oralidade

A linguagem oral, que o aluno chega à escola dominando satisfatoriamente, no

que diz respeito a demandas de seu convívio social imediato, é o instrumento por meio

do qual se efetivam tanto a interação professor-aluno quanto o processo de ensino-

aprendizagem. Será com o apoio dessa experiência prévia que o aprendiz não só

desvendará o funcionamento da língua escrita como estenderá o domínio da fala para

novas situações e contextos, inclusive no que diz respeito a situações escolares como as

exposições orais e os seminários. Assim, caberá ao LDP, no que diz respeito a esse

quesito:

Recorrer à oralidade nas estratégias didáticas de abordagem da leitura e da

produção de textos;

Valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a heterogeneidade linguísticas,

situando nesse contexto sociolinguístico o ensino das normas urbanas de

prestígio;

Propiciar o desenvolvimento das capacidades e formas discursivas relacionadas

aos usos da linguagem oral próprios das situações formais e/ou públicas

pertinentes ao nível de ensino em foco.

IV. Relativos ao trabalho com os conhecimentos linguísticos

O trabalho com os conhecimentos linguísticos tem por objetivo levar o aluno a

refletir sobre aspectos da língua e da linguagem relevantes para o desenvolvimento tanto

da proficiência oral e escrita quanto da capacidade de analisar fatos de língua e de

linguagem. Por isso mesmo, seus conteúdos e atividades devem:

Abordar os diferentes tipos de conhecimentos linguísticos em situações de uso,

articulando-os com a leitura, a produção de textos e o exercício da linguagem

oral;

Considerar e respeitar as variedades regionais e sociais da língua, promovendo o

estudo das normas urbanas de prestígio nesse contexto sociolinguístico;

Estimular a reflexão e propiciar a construção dos conceitos abordados;

Page 12: Artigo   semana de pedagogia - pdf

12

4. Análise, Discussão e Comparação de Livros da 1ª Série do Ensino

Fundamental I.

Iremos apresentar a seguir uma análise discutida de dois livros da 1ª Série do

Ensino Fundamental I, e também faremos uma comparação entre os livros apresentados.

Optei por analisar inicialmente este livro, Novo Eu

Gosto – 6 anos de Célia Passos e Zeneide Silva, e

infelizmente observamos que ele está destoante com as

indicações do PNLD que já foram aqui expostas. Ele não

traz a partir de suas atividades e discussões uma perspectiva

de aperfeiçoamento da formação como leitor e produtor de

textos escritos para as crianças sugeridas na faixa etária

abordada.

O PNLD indica que o sumário de um livro didático

de Português reflita claramente a organização dos conteúdos

e atividades propostas, além de permitir a rápida localização

das informações; O que observamos, no entanto, é uma

descrição de palavras que nem sequer sugerem o conteúdo

abordado nestas unidades, não torna nem mesmo o decorrer

do livro convidativo a leitura, no tocante ao professor e

também ao aluno.

O PNLD sugere que os textos expostos para

consulta em um livro de estudo da Língua Portuguesa não

traga pseudotextos, que tenham sido redigidos com

propósitos exclusivamente didáticos; É o que observamos

nas propostas de textos de estudo e atividades sugeridas

pelo livro e apresentadas a seguir.

No tocante ás atividades sugeridas propostas é que tratam –

se apenas de réplicas de palavras em uma perspectiva de

memorização de pequenas regras de escrita.

Page 13: Artigo   semana de pedagogia - pdf

13

A legibilidade gráfica adequada para o nível de

escolaridade visado, do ponto de vista do desenho e do

tamanho das letras sugeridos pelo PNLD é claro ao colocar

que o espaçamento entre letras, palavras e linhas também

irá influenciar para a compreensão da criança no tocante á

promoção da leitura e contextualização; Ele também é claro

com relação ao formato, no tocante a dimensões e

disposição dos textos na página; Vemos, no entanto, um

texto exprimido e sem um aprofundamento que traga

significado para o processo de aprendizagem da criança.

Outra crítica que fazemos aos textos expostos para

abordagem do conteúdo propostos pelo livro é que eles não

levam em consideração as recomendações do PNLD no

tocante a formular textos que incentivem professores e

alunos a buscarem textos e informações fora dos limites do

próprio livro didático. Até porque as atividades propostas

para uma “fixação” do texto também não trazem essa

abertura.

Quanto ao estudo do

texto proposto pelo livro

abordado sentimos falta de

três importantes aspectos

elencados pelo PNLD:

A leitura deve ser

encarada como uma situação

de interlocução

leitor/autor/texto socialmente

contextualizada;

O recomendável é que se desenvolva e se respeite a partir da leitura proposta as

convenções e os modos de ler próprios dos diferentes gêneros, tanto literários

quanto não literários;

Page 14: Artigo   semana de pedagogia - pdf

14

Após essa avaliação do livro apresentado e fundamentada no PCN e no PNLD,

documentos que versam sobre a importância e os padrões do livro didático no processo

de ensino-aprendizagem de nossos alunos, foi possível perceber que este livro não está

apto a ser adotado como recurso didático no ensino de Língua Portuguesa na 1ª Série do

Ensino Fundamental I, afinal, as contradições com as propostas feitas pelo PNLD,

documento de consulta e uso do profissional que recomenda critérios ao livro didático, e

também o PCN, que trata de questões da aprendizagem que o aluno deve adquirir e

exercer ao final do ano letivo, são muitas.

Reinteramos aqui a importância do olhar do pedagogo, do envolver-se, do se

perceber aprendendo e entendendo o percurso que seu educando faria ao ter como

auxílio de sua aprendizagem um livro didático como o apresentado anteriormente.

Mas vamos em frente, a seguir um segundo livro para nossa apreciação e

discussão:

O texto deve trazer estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas

aos gêneros propostos, quanto as inerentes ao nível de proficiência que se

pretende levar o aluno a atingir.

O que se pode observar a partir do texto extraído do livro é que este objetivo não é

buscado na proposta do texto, que é extenso para o nível sugerido, ou na atividade de

“fixação” do mesmo.

Isso é observado na proposta de texto que o livro traz, mas não é explorado

nas atividades propostas para o estudo do texto, em que se pede do aluno respostas

fechadas e de acordo com a grafia do texto.

Nós escolhemos esses

dois livros porque um é a

complementação do outro,

ambos são abordados no 1º ano

e trazem uma abordagem

completa e bastante enriquecida

da experiência de Letramento e

Alfabetização para Crianças.

Page 15: Artigo   semana de pedagogia - pdf

15

Á partir do próprio Sumário observa-se

como a abordagem é diferenciada, a preocupação

de apresentar as letras e trazer uma aproximação a

partir da contextualização deste momento com a

realidade em que a própria criança está inserida.

O estudo das vogais é feito de modo

diversificado, e também respeitando a sugestão

de respeito a regionalidades e especificidades

locais. Os desenhos são desenhos próximos da

realidade da criança e pertinentes ao seu

entendimento, contextualização e convívio.

A abordagem do alfabeto por vezes é

trabalhada no processo de Letramento e

Alfabetização, esta atividade traz a perspectiva de

linearidade na construção do alfabeto e de sentido

na colocação das letras, facilitando o processo de

visualização, memorização e aprendizagem. O

livro também traz atividades que trazem a

utilização das letras do alfabeto na formulação de

palavras cotidianas dos alunos, além de trabalhar a

oralidade a partir da abordagem sonora das letras e

das palavras.

No livro 2 inicia-se um aprimoramento da

criança, começando com uma abordagem

diferenciada para cada dígrafo, além de trazer as

atividades com uma linguagem bem específica para

a idade abordada. É um livro interessante, fácil de

compreender e com atividades objetivas, mas que

buscam a contextualização com a faixa etária e com

a perspectiva de especificidades da própria

formação da criança.

Page 16: Artigo   semana de pedagogia - pdf

16

Nas últimas unidades do livro temos então a

famosa produção textual, que coloca para o aluno o

desafio de juntar todo o conhecimento adquirido e de dar

sentido a um emaranhado de letras, frases e por

consequência ao que vem a ser o próprio texto. Mais uma

vez vale–se ressaltar a abordagem pedagógica dinâmica e

diferenciada que o livro traz, além de uma sugestão de

produção textual a partir de elementos cotidianos da

vivência da criança.

Com a aproximação textual já iniciada com o uso

das frases, neste momento o livro sugere um novo desafio o

de classificar as palavras nas frases, de maneira leve e com

uma abordagem bastante dinâmica, observamos aqui o

estudo do verbo e dos significados de plural e singular em

sua utilização.

A partir da abordagem de letras, palavras e de sua

aplicação em frases, o livro também propõe a compreensão

do sentido que estas frases trazem, do que é ser uma frase que

contenha palavras como sim e que são afirmativas. Enfim, foi

um fato que também nos chamou atenção, a metodologia

adotada pelo livro para fazer essa interação entre frases e

sentidos a partir da abordagem da pontuação.

Este tipo de atividade traz para a criança o desafio de

começar a utilizar de maneira mais completa tudo que ela já

observou, como letras, sílabas e palavras, e também de

começar a observar que estas palavras fazem parte de um

outro conjunto o de frases. Achamos enquanto equipe bastante

interessante o método utilizado para promover uma

compreensão de todo por parte das crianças, que as frases são

um conjunto de palavras com significado.

Page 17: Artigo   semana de pedagogia - pdf

17

Com a leitura e análise deste livro podemos observar outra abordagem do

processo de letramento e alfabetização da criança, com uma abordagem diversificada e

atividades que se relacionam com a realidade da criança e com a fase de aprendizagem

vivida por ela. Porém é importante chamar a atenção para os dizeres evangélicos

impressos nas páginas de conteúdo do livro e vale-se ressaltar que para estar de acordo

com as discussões do PNLD e as diretrizes do PCN bem como os atuais parâmetros

curriculares do nosso país falta neste livro o cumprimento da compreensão de estado

laico adotada pelo Brasil, é necessário salientar que em um livro didático, abordado em

uma escola, que é lugar de todos e todas, dizeres que fazem referência a uma única

religião e Deus não venham impressos, afinal, temos em nossas salas de aula crianças de

famílias diferentes que possuem orientações quer sejam religiosas, culturais e sexuais

também diferentes. No entanto, o livro trata da criança e de seu processo de aquisição e

aprimoramento das letras, da leitura e da compreensão desta de maneira bastante ampla

e diversificada, dando suporte para um trabalho didático enriquecido e aprimorado para

o pedagogo em sala e para além desta.

Conclusão

Após todo o estudo do PCN e do PNLD, a abordagem destes direcionada a

importância do livro didático e análise de dois livros de Língua Portuguesa da 1ª Série

do Ensino Fundamental I, esperamos ter contribuído com o aprimoramento da nossa

formação como um todo. Porque foi exatamente isso que aconteceu comigo, a partir do

exercício de ler, comparar, refletir e também opinar acerca de um dos principais

integrantes do nosso material de trabalho: o Livro Didático.

É realmente imprescindível perceber que será o livro o responsável por

trabalhar com o aluno nos espaços fora da escola, é ele que o aluno mostra aos pais

como símbolo e troféu de seus avanços no processo de aprendizagem, é ele que dirá aos

pais acerca do árduo e prazeroso trabalho do pedagogo com o seu filho em sala.

O livro só não é o bastante, é preciso planejar, exercitar, aplicar, avaliar, e ler,

compreender, encantar-se e encantar para que nossa tão importante missão seja

cumprida, mas sei que estamos no caminho certo, refletir sobre este novo aspecto me

abriu também outros horizontes, me alertou sobre uma formação cada vez mais

complexa e inovadora, e este é o convite que faço com este trabalho.

Page 18: Artigo   semana de pedagogia - pdf

18

Agradecimentos

Deixo aqui meus sinceros e carinhosos agradecimentos ás professoras Ana

Paula Medeiros, que sempre me incentiva a ver-me além de minha graduação, e a Ana

Iório, ambas me ensinaram a ler de um jeito especial, novo e diferente nossa prática e

exercício enquanto pedagoga, na disciplina de Ensino da Língua Portuguesa, onde tive a

oportunidade de fazer este estudo e desenvolver sobre orientação delas estas reflexões.

Agradeço também ás minhas companheiras e amigas de viagem Ana Caroline

Ribeiro, Kariane Lima Marques, Mayara Alves de Castro e o amigo Anderson Viana,

afinal, foi com estes que em equipe descobrimos como é importante termos consciência

de quem nos acompanhará durante todo um ano letivo e quem nos representará junto a

nossos alunos e suas famílias.

A um querido amor que me incentivou a escrever estes pensamentos, e que leu,

página a página, sempre opinando e parabenizando-me a cada parágrafo.

Ao meu doce mestre Messias Dieb que um dia ensinou a uma curiosa monitora

de Metodologia Científica a escrever, pesquisar, construir em cima de minha prática.

E aos que lerem e interessarem-se e encantarem-se e assumirem como seus o

tão importante e especial ofício de perceber-se dia-a-dia como um pedagogo, leia-se, um

eterno aprendiz, intrigado e sempre curioso, querendo nunca deixar de descobrir.

Bibliografia

PNLD - Guia de livros didáticos: PNLD 2011: Língua Portuguesa. – Brasília:

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

PCN - Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros

curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,

1997.

BARGUIL, Paulo Meireles. O Homem e a conquista dos espaços – o que os

alunos e os professores fazem, sentem e aprendem na escola. Fortaleza, Gráfica e

Editora LCR, 2006.