Artigo Sobre Drogas e Quimica

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    QUMICA NOVA NA ESCOLA N 18, NOVEMBRO 2003As drogas no ensino de Qumica

    Recebido em 5/11/02, aceito em 27/3/03

    RELATOS DE SALA DE AULA

    A seo Relatos de sala de aula socializa experincias e construes vivenciadas nas aulas de Qumica ou a elasrelacionadas. Neste nmero a seo apresenta trs artigos.

    A abordagem do cotidianorelacionando a Qumica e asociedade vem sendo utiliza-da numa tentativa de despertar o in-teresse dos alunos por essa discipli-na. Notcias em jornais e revistas po-dem levar a uma discusso de temasinteressantes no contexto escolar epromover o esclare-cimento de concei-tos freqentementedistorcidos, sejamos conceitos qumi-cos/cientficos ou oscotidianos.

    O conhecimentoqumico a ser traba-lhado como basepara o entendimentode situaes do coti-diano deve ser ofere-cido em um nveladequado ao desen-volvimento cognitivodos alunos. De nadaadianta sugerir temas geradores deforma aleatria, mesmo que susten-tados pelo conhecimento qumico,sendo necessria uma relaomnima entre eles para que o aluno

    possa desenvolver uma aprendiza-gem significativa e duradoura; casocontrrio, ele se limitar memori-zao passageira.

    Este trabalho trata da relao dealguns tpicos da Qumica Orgnicacom um assunto atual, de granderepercusso na mdia e na sociedade

    como um todo: asdrogas. O papel damdia na preveno ecombate ao uso dasdrogas nas escolas ea veiculao de cam-panhas educativaspara esclarecer ediminuir o seu consu-mo, principalmenteentre os adolescen-tes, ajuda no proces-so de conscientiza-o. Uma questofundamental na ado-lescncia a sepa-rao e a individua-

    lizao do adolescente em relao famlia. O estresse e a ansiedadedessa fase aumentam a vulnerabili-dade dos adolescentes pressodos amigos e, devido a esse fato, h

    tanta preocupao dos pais e edu-cadores em relao s drogas.

    Quando se valorizam a constru-o de conhecimentos qumicos peloaluno e a ampliao do processoensino-aprendizagem ao cotidiano,aliadas a prticas de pesquisa experi-mental e ao exerccio da cidadania,como veculo contextualizador e hu-manizador, na verdade est se prati-cando a Educao Qumica. Trata-sede formar o cidado-aluno para so-breviver e atuar de forma responsvele comprometida nesta sociedadecientfico-tecnolgica, na qual aQumica aparece como relevante ins-trumento para investigao, produode bens e desenvolvimento scio-econmico e interfere diretamente nocotidiano das pessoas.

    MetodologiaO mtodo de ensino-aprendi-

    zagem adotado neste trabalho priori-zou a pesquisa pelos alunos das fr-mulas qumicas de algumas drogas,relacionando-as com o contedointrodutrio das aulas de Qumica Or-gnica, alm da conscientizao parao no-uso de drogas, por meio dedados que informam os efeitos e ris-cos de cada uma, levando os alunosa uma atitude de mudana no meio

    Andra Barbosa Martins, Luiz Claudio de Santa Maria e Mnica R. Marques Palermo de Aguiar

    O presente artigo trata de uma experincia didtica desenvolvida junto a alunos da 2a srie do Ensino Mdio, emque se relacionou a Qumica Orgnica com drogas. A abordagem deste trabalho envolveu os alunos na pesquisadas frmulas estruturais de drogas e de seus efeitos sobre o usurio e para a sociedade. A metodologia provocounos alunos um maior interesse pela Qumica em seu cotidiano. Houve envolvimento de professores de outrasdisciplinas, que tambm desenvolveram esse tema com as mesmas turmas, conseguindo assim vivenciar a inter-disciplinaridade no trabalho.

    drogas, Qumica Orgnica, interdisciplinaridade

    Priorizando a pesquisa pelosalunos das frmulas

    qumicas de algumas drogas,relacionando-as com o

    contedo introdutrio dasaulas de Qumica Orgnica,alm da conscientizao

    para o no-uso de drogas,por meio de dados que

    informam os efeitos e riscosde cada uma, levou-se osalunos a uma atitude de

    mudana no meio em quevivem, visando o bem estar

    coletivo e individual

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    QUMICA NOVA NA ESCOLA N 18, NOVEMBRO 2003As drogas no ensino de Qumica

    em que vivem, visando o bem estarcoletivo e individual. Com isso, osalunos puderam relacionar a Qumicaao seu cotidiano.

    Este trabalho foi desenvolvido ba-seando-se na viso social deVygotsky e na abordagem de DavidAusubel. Vygotsky, que trouxe para ocampo educacional uma viso arti-culada de conhecimento, defende aidia de que o sujeito participa ativa-mente da construo de sua prpriacultura e de sua histria, modificando-se e provocando transformaes nosdemais sujeitos que com ele inte-ragem. Nessa prtica pedaggica, oprofessor o agente mediador doprocesso, propondo desafios e aju-dando os alunos a resolv-los e reali-zando atividades em grupo, nas quaisos mais adiantados podero ajudaros demais.

    Pela teoria de David Ausubel, aaprendizagem significativa priori-zada, j que o contedo previamentedetido pelo indivduo representa umforte influenciador do processo deaprendizagem. Novos dados seroassimilados e armazenados na razodireta da qualidade da estrutura cog-nitiva prvia do aluno. Esse conhe-cimento anterior resultar em umponto de ancoragem, onde as no-vas informaes iro encontrar ummodo de se articular quilo que o indi-vduo j conhece. Para Ausubel, asestratgias de ensino devem serorientadas no sentido de permitir queo aluno tenha um aprendizado signi-ficativo, propondo assim um ensinoancorado aos conhecimentos pr-vios. Esse fato traduz a importnciada construo e da reconstruo per-manente de conceitos a partir de no-vas informaes. A teoria de Ausubelbaseia-se fundamentalmente na lin-guagem e torna-se vivel na medidaem que no requer equipamentos,apenas uma elaborao melhor ecom mais significado lgico do ma-terial didtico do professor.

    Relato da experinciaO pblico-alvo deste trabalho fo-

    ram os adolescentes de trs turmasda 2a srie do turno da manh, doEnsino Mdio do Colgio pH, cadauma com uma mdia de 50 alunos.

    Este trabalho durou aproximada-mente um ms e foi dividido em duaspartes distintas: um seminrio minis-trado pela professora e um trabalhoem grupo sobre a abordagem con-ceitual do contedo qumico, relacio-nando-a com o efeito social dasdrogas. Os contedos abordados fo-ram: tipos de ligao com o carbono,hibridao do tomo de carbono,grupos funcionais, nomenclatura decompostos orgnicos e estruturamolecular.

    A professora iniciou o seminriolevantando algumas questes como:O que so drogas? Quais so asdrogas mais comuns? Existem drogaslegais? Aps ampla discusso, a pro-fessora abordou os seguintes itens:conceitos principais das drogas, clas-sificao, drogas psicotrpicas, mo-do de ao das drogas no crebro,riscos que as drogas oferecem, fato-res que podem levar dependncia,os fenmenos relacionados ao uso dadroga e depoimentos de usurios einternos. Alm disso, foram apresen-tadas as novas drogas lcitas, queesto seduzindo os jovens por seremmais baratas e de fcil acesso.

    Aps o seminrio, a professora divi-diu as trs turmas de 50 alunos cadaem oito grupos, com seis alunos emmdia por grupo, totalizando 24grupos, ficando cada grupo respon-svel por uma droga. As drogasselecionadas foramaquelas mais eviden-ciadas pela mdiaatualmente, como anicotina, o lcool, amaconha, a cocana,o crack, a morfina,a herona, os solven-tes e inalantes, as an-fetaminas, o ecsta-sy, o LSD e o spe-cial K. A professoraexplicou que cadagrupo teria aproxima-damente um ms para preparar umaapresentao oral e um trabalho escrito(tambm em grupo). Foi recomendadoque se fizesse tambm uma pesquisana Internet, em jornais, revistas e emlivros da rea de sade sobre os efeitosda droga na sociedade e no corpo hu-mano.

    Nessa pesquisa, os alunos deve-riam conhecer os efeitos e riscos dasdrogas, tratando dos sintomas, darecuperao de usurios, da situaolegal no Brasil e da ao da drogasobre gestantes e beb, alm de reali-zarem pesquisa de campo (entre-vistas com profissionais envolvidoscom o tema). Adicionalmente, os gru-pos deveriam fazer um levantamentoda frmula estrutural da respectivadroga, utilizando o Merck Index ouo endereo eletrnico www.chemfinder.com, e trabalhar os con-ceitos de Qumica Orgnica envol-vidos, como a estrutura do carbono,os tipos de ligaes covalentes, asclassificaes do carbono e das ca-deias carbnicas e nomenclatura. Emtodas as aulas seguintes, a profes-sora acompanhava o andamento dotrabalho e orientava os alunos emsuas pesquisas.

    As apresentaes orais foram rea-lizadas de formas muito variadas. Osgrupos mostraram cartazes com asfrmulas estruturais (Figura 1); fotosilustrativas; transparncias; modelosde isopor para representar a estruturada molcula da droga em questo;vdeos e dramatizaes com simula-es dos efeitos, riscos e tratamentodos usurios, com a atuao dos pr-prios alunos e alguns entrevistados,como pessoas annimas na rua, m-dicos, psiquiatras e internos de clni-

    cas de tratamentopara dependentesqumicos.

    Analisando aapresentao oral,pde-se perceberum enfoque maior naabordagem social, jque a pesquisa osestimulou a coletarmais informaessobre a droga emque estavam traba-lhando e houve tam-

    bm a preocupao de compartilharessas informaes com os colegas.Uma avaliao individualizada du-rante a apresentao oral mostrouque 67% dos alunos relacionaram aQumica com o contedo social dadroga, enquanto 33% s se preocu-param em falar deste ltimo assunto.

    Vygotsky, que trouxe para ocampo educacional uma

    viso articulada deconhecimento, defende a

    idia de que o sujeitoparticipa ativamente da

    construo de sua prpriacultura e de sua histria,

    modificando-se eprovocando transformaesnos demais sujeitos que com

    ele interagem

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    lidade e da sua constituio humana.Alm disso, foi observado que os alu-nos se mostraram abertos para oconhecimento e tambm descobri-ram outras habilidades, tais como aarte de representar um papel teatrale a facilidade de relacionar os concei-tos da Qumica com os de outrasdisciplinas.

    Andra Barbosa Martins ([email protected]),engenheira qumica pela Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ), licenciada em Qumica e es-pecialista em Ensino de Qumica pela Universidadedo Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professorano Ensino Mdio, no Rio de Janeiro. Luiz Claudio deSanta Maria ([email protected]), licenciado em Qumicapela UERJ e doutor em Cincia e Tecnologia dePolmeros pela UFRJ, docente do Instituto de Qu-mica da UERJ. Mnica R. Marques Palermo de Aguiar([email protected]), bacharel e licenciada em Qu-mica e mestre e doutora em Qumica Orgnica pelaUFRJ, docente do Instituto de Qumica da UERJ.

    As drogas no ensino de Qumica

    Quanto ao trabalho escrito, a ava-liao geral apresentou melhores re-sultados. Todos os grupos colocaramem exposio os contedos sociais,legais e biolgicos da droga quetinham pesquisado, as nomencla-turas oficial e usual da droga, asfrmulas molecular e estrutural. Do to-tal, 11 grupos trabalharam as infor-maes sobre a Qumica Orgnica,como os tipos de carbonos e as suashibridizaes, e identificaram os gru-pos funcionais e as funes orgni-cas presentes na prpria estrutura damolcula. Outros 10 grupos s cita-ram todas essas informaes, semanalisarem na estrutura, e apenas 3grupos no trataram desse assuntono trabalho. A Figura 2 mostra a an-lise dos resultados alcanados nastrs turmas (Figura 2).

    Com este trabalho, foi possvel fa-zer uma reviso damatria e verificar,assim, alguns errosde conceitos naidentificao dos ti-pos de carbonos ouna funo orgnicapresente na droga.Dentro do grupo dos alunos quetrabalharam todas as informaesqumicas, 70% acertaram tudo o quefoi pedido e 30% confundiram algunsconceitos. Os erros foram levados turma, para que juntos chegssemosao conceito certo.

    Quanto aos lados social, legal ebiolgico das drogas, 20 gruposfizeram uma abordagem completa esatisfatria e apenas 4 grupos deixa-ram de citar alguns temas como: sin-tomas na abstinncia, etapas da recu-perao e situao legal da droga noBrasil.

    Este trabalho tambm estimuloualguns professores de outras discipli-nas da escola. A equipe de Geografiaabordou ndices scio-econmicos; aequipe de Biologia, a atuao dadroga sobre o sistema nervoso cen-tral; a equipe de redao ajudou naelaborao do trabalho escrito e nasaulas de vida. Houve tambm o tra-balho de conscientizao sobre o usodas drogas.

    Uma avaliao individual de formatradicional foi aplicada nas turmas, naforma de um teste, com o mesmocontedo terico pedido na pesquisasobre as drogas, para avaliar o su-cesso do alcance dos objetivos dotrabalho. As notas obtidas forammuito melhores quando comparadascom as dos anos anteriores, poden-do-se observar que alunos quetinham desinteresse pela disciplina e,conseqentemente, baixo rendimen-to, tambm melhoraram suas notas.Vale ressaltar que, durante a apresen-tao oral dos trabalhos, os prpriosalunos corrigiam os colegas que poracaso se equivocavam em algumconceito da Qumica Orgnica.

    Consideraes finaisCom este trabalho, foi observado

    que os alunos tiveram uma participa-o ativa no seu processo de aprendi-zagem e crescimento pessoal, uma

    vez que a coopera-o melhora a efic-cia da ao pedag-gica. A qualidade daaprendizagem e oato de aprender de-pendem de um am-biente facilitador

    dessa aprendizagem e crescimento.Esta metodologia permitiu ao pro-

    fessor verificar se os objetivos espe-rados foram alcanados de uma for-ma dinmica, contnua e verstil,voltada para o aluno e abrangendoos vrios aspectos de sua persona-

    Figura 2: Distribuio percentual das dife-rentes abordagens dos contedos de Qu-mica pelos grupos em seus trabalhos es-critos.

    Figura 1: Exemplos de cartazes usadospelos alunos em suas apresentaes.

    O desenvolvimento dotrabalho, alm de estimularatividades interdisciplinares,

    levou a uma maiorconscientizao sobre o uso

    das drogas

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    Abstract: Drugs in the Teaching of Chemistry This article describes a didactic experiment developed with second-year high-school students, in which organic chemistry and drugs were related.The approach in this work involved the students in researching the structural formulas of drugs and their effects on the user and society. A greater interest arose in the students for chemistry in theirdaily lives as a result of the methodology used. Teachers from other subjects became involved, also working this theme with their classes, thus experiencing interdisciplinarity in their practice.Keywords: drugs, organic chemistry, interdisciplinarity

    As drogas no ensino de Qumica

    Para saber maisARATANGY, L. Doces venenos:

    conversas e desconversas sobre drogas.Rio de Janeiro: Editora Olho d gua,1999.

    CARDOSO, S.P. e COLINAUX, D.Explorando a motivao para estudarQumica. Qumica Nova, v. 23, p. 401-404, 2000.

    CHASSOT, A.I. Para quem til onosso ensino de Qumica? Iju: LivrariaUniju, 1995.

    COTRIM, B.C. Drogas: mitos e ver-dades. So Paulo: Editora tica, 2000.

    LUTFI, M. Cotidiano e educao emQumica. Iju: Livraria Uniju Editora,1988.

    MACHADO, A.H. Aula de Qumica: dis-curso e conhecimento. Iju: Livraria Uni-ju, 1999.

    MACHADO, A.H. e MOURA, A.L.A.Concepes sobre o papel da lingua-

    gem no processo de elaborao concei-tual em Qumica. Qumica Nova na Escola,n. 2, p. 27-30, 1995.

    MACHADO, A.H.; SILVEIRA, K.P. eCASTILHO, D.L. As aulas de Qumica co-mo espao de investigao e reflexo.Qumica Nova na Escola, n. 9, p. 14-17,1999.

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    OLIVEIRA, M.K. Vygotsky: aprendizadoe desenvolvimento, um processo scio-

    histrico. So Paulo: Editora Scipione,1995.

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    SANTOS, W.L. dos e SCHNETZLER,R.P. Funo social: o que significa o en-sino de Qumica para formar o cidado?Qumica Nova na Escola, n. 4, p. 28-34.1996.

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    VYGOTSKY, L.S. Pensamento e lin-guagem. Trad. J.L. Camargo. So Paulo:Editora Martins Fontes, 1987.

    Novo livro sobre Ensino de Cincias

    O editor coordenador de QumicaNova na Escola e professor daUFMG, Eduardo Fleury Mortimer,acaba de lanar,pela Open Uni-versity Press/McGraw Hill Edu-cation, o livroMeaning makingin secondary sci-ence classroom,escrito em parce-ria com Philip H.Scott, professorda Univ. de Leeds,Inglaterra.

    O livro analisao discurso de sa-las de aula deCincias e, emparticular, as for-mas pelas quaisdiferentes tiposde interao en-tre professores e estudantes contri-buem para a construo de signifi-cados e para a aprendizagem dos

    estudantes. Os autores apresentamuma nova estrutura analtica paracaracterizar os aspectos chaves dodiscurso em salas de aula deCincias. Essa estrutura analtica

    baseada em prin-cpios da teoriascio-cultural eestabelece rela-es entre os tra-balhos de teri-cos como Vygots-ky e Bakhtin comas interaes coti-dianas que acon-tecem nas aulasde Cincias con-temporneas.

    Segundo Ja-mes Wertsch, queassina o prefcio,este um livrocheio de insightspoderosos. Eleproporciona no-vas idias teri-

    cas e metodolgicas para estudio-sos preocupados com a conduode pesquisas, e ser profun-

    damente til para professores eoutras pessoas preocupadas como trabalho real de ensinar Cincias. muito difcil contemplar ambas astarefas em uma nica publicao,mas foi justamente o que fizeramMortimer e Scott. Que eles tenhamconseguido produzir esse trabalhoadmirvel constitui-se num testa-mento do poder da concei-tualizao e da clareza de redao.Eles estabeleceram um novo pa-dro a ser seguido pelos que viro,se desejarmos fazer avanar a reade Educao em Cincias no fu-turo.

    O livro pode ser encontrado nainternet, nos stios da prpria editora(http://mcgraw-hill.co.uk/openup) eda Amazon (www.amazon.co.uk), ouser encomendado na Livraria Cultura(www.livrariacultura.com.br).

    Meaning making in secondary sci-ence classroom. Eduardo F. Mortimere Philip H. Scott. Maidenhead: OpenUniversity Press/ McGraw Hill Educa-tion, 2003. 192 p. ISBN 0335212077(capa mole).

    Resenha