Artigo - Uma nova proposta de retração com fio redondo e cantilévers

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caso clínico mostrando retração com fio redondo e uso de cantilever

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Uma nova proposta de retração com fio redondo e cantilévers: relato de caso clínico

João Rodrigues da Silva Neto *, Wellington da Silva Ataide **

Resumo

Este artigo descreve uma breve retrospectiva sobre as formas e a evolução da retração

dentária na Ortodontia, do emprego dos fios redondos e retangulares além dos tipos

de ancoragem utilizados. Exemplifica a interação do uso do fio redondo de baixo

calibre para retração com cantilevers como ancoragem, apresentando o caso clínico de

uma paciente tratada com o Sistema J.Rodrigues de Ortodontia, onde foram feitas

exodontias de 1º pré-molares superiores inferiores para resolução do apinhamento,

normalização dos planos oclusais e melhora do perfil facial da paciente. Empregamos

tração com elástico em corrente e cantilevers para ancoragem dos molares e contra-

momento na região anterior. Após a resolução do apinhamento, foram retirados os

cantilevers para o fechamento dos espaços remanescentes e fechamento da mordida

anterior. A intercuspidação foi feita com auxílio de elásticos de Classe III. Após um

relacionamento satisfatório entre os arcos dentários e o apinhamento dissipado, o

tratamento ortodôntico foi finalizado, sendo concluído em menos de 16 meses.

Palavras-chave: Retração. Fios redondos. Cantiléver.

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INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA

A correção da inter-relação dentária já foi muito discutido e muitos dispositivos

auxiliares à aparelhagem ortodôntica fixa já foram propostos na literatura, quando não

para fazer um movimento específico em alguma unidade, para auxiliar ou suprir os

recursos mecânicos dos aparelhos ortodônticos fixos.

Segundo Suzuki et al., no planejamento do tratamento ortodôntico com extrações,

além de incluir a decisão de quais dentes extrair, devemos considerar como os espaços

remanescentes serão fechados. Existem quatro motivos para extração de dentes na

Ortodontia: 1.Obter espaços para corrigir os apinhamentos; 2.Diminuir a protrusão,

melhorando a estética facial e restabelecendo a oclusão, guia anterior; 3.Permitir a

compensação ou camuflagem da relação intermaxilares de Classe II ou Classe III

moderadas; 4.Como preparo ortodôntico para cirurgia ortognática fazendo

movimentos de descompensação. Após o nivelamento e alinhamento dos dentes,

vários métodos de fechamento de espaços têm sido utilizados, alça de Bull na Técnica

de Tweed-Merrifield, elásticos intermaxilares na Técnica de Begg, elastômeros

preconizados na Técnica Straigth Wire – MBT, alça em T (beta Ti) na Técnica do arco

segmentado de Burstone, arco dupla chave na Técnica Straigth Wire – Roth.

Nas Técnicas Straigth Wire MBT e Roth, para se fazer as exodontias e iniciar a retração,

temos que ter todos os dentes alinhados e nivelados com fio de aço 019x025. Isso

ocasiona um acréscimo de tempo ao tratamento e, dependendo do tipo de Padrão do

paciente (I, II ou III), acarreta uma descompensação das arcadas. Além disso, alguns

efeitos colaterais como perda de ancoragem, aprofundamento da mordida anterior,

abertura posterior, etc., consomem bastante tempo durante o tratamento para serem

solucionados. No Sistema J. Rodrigues fazemos as várias etapas do tratamento

ortodôntico de uma maneira simultânea, dessa forma tornamos a biomecânica mais

dinâmica. As exodontias e a retração são feitas logo no inicio do tratamento

independentemente do calibre do fio utilizado, pois assim evitamos a descompensação

do caso. Nessa biomecânica, só utilizamos fios de NITI ou termo-ativados redondos

com bitola de no máximo 0,18” para fazer as movimentações dentárias (fios de

trabalho), os fios retangulares são usados, em alguns casos, para finalização. Nos

pacientes Padrão II e III, não utilizamos fios retangulares (exceto naqueles onde a

diferença ente A e B é pequena). Nos Padrão I, utilizamos fios retangulares até

021x025” sempre NITI ou termo-ativado.

Se não houver controle da movimentação ortodôntica dos outros elementos dentários

durante a retração, podemos facilmente comprometer o resultado em parte ou

totalmente do tratamento. A preocupação com a mesio-inclinação dos molares,

durante a retração dos dentes anteriores, é algo que pode ser visto em muitos

trabalhos sobre fechamento de espaços. Principalmente, porque a retração dos dentes

anteriores se faz normalmente com cadeias elásticas com a ancoragem nos molares.

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Isso gera uma força mesial na coroa dos molares, causando o que é normalmente

denominado como perda de ancoragem.

Com o conceito de ancorar a força reacional nos dentes posteriores para minimizar o

efeito rebote, aparece como alternativa altamente viável o cursor vertical: um

dispositivo de baixo custo, fácil confecção, alta adaptabilidade por parte dos pacientes

e altamente versátil, que se baseia no princípio da ancoragem intra-maxilar, o que

aumenta o controle sobre os efeitos reacionais indesejáveis.

CASO CLÍNICO

Uma paciente do gênero feminino, com 16 anos de idade, relatou como queixa

principal a estética dentária desagradável. A avaliação intrabucal mostra uma má

oclusão de Classe II, divisão 1, com apinhamento ântero-superior e inferior (Fig. 1).

FIGURA 1 – Fotos intrabucais iniciais

O tratamento consistiu na remoção dos 1° pré-molares superiores e inferiores,

montagem de aparelho fixo superior e inferior, retração com elástico corrente dos

caninos superiores e inferiores com fio NITI 0,14” redondo para recuperação de espaço

para os incisivos laterais e uso dos cantilevers confeccionados com fio de NiCr

021x025” para ancorar os molares, propiciar movimento de translação dos caninos e

impedir a inclinação lingual dos incisivos (Fig. 2) . Após 3 meses já observamos a

abertura da mordida anterior (efeito desejado, pois facilita a movimentação dentária),

recuperação de espaço para os incisivos superiores (Fig. 4). No 4° mês de tratamento

colocamos fio NITI 0,18” superior e inferior, finalizamos a retração dos caninos

superiores e alinhamento e nivelamento das arcadas (Fig. 5). Continuamos com a

retração dos caninos inferiores com cantilevers (Fig. 6). Conjugamos os incisivos

superiores com amarrilho para impedir a abertura de espaços, removemos os

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cantilevers e continuamos com a retração dos caninos inferiores para iniciarmos o

fechamento da mordida anterior (Fig. 7 e 8). Finalizamos o fechamento dos espaços

com elástico corrente sem o uso dos cantilevers para concluir o fechamento da

mordida aberta anterior (Fig. 9). Usamos elástico intermaxilar de classe III ¼ pesado

para fazer a intercuspidação (Fig. 10). Ao final da intercuspidação conjugamos de

molar a molar superior e inferior para estabilizarmos as posições dentárias (Fig. 11).

FIGURA 2 – Fotografias intrabucais após montagem completa do Sistema J.Rodrigues,

mostrando a aplicação de fio redondo e cantiléver para retração

FIGURA 3 – Esquema mostrando como as forças se equilibram durante a retração no

Sistema J.Rodrigues

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FIGURA 4 – Fotografias intrabucais com 3 meses de tratamento mostrando a

desoclusão dental (benéfica) e recuperação de espaços para os incisivos laterais

FIGURA 5 – Fotografias intrabucais com 4 meses de tratamento mostrando a

finalização da retração dos caninos superiores

FIGURA 6 – Fotografias intrabucais com 5 meses de tratamento mostrando a evolução

da retração dos caninos inferiores

FIGURA 7 - Fotografias intrabucais com 6 meses de tratamento mostrando conjugado

dos incisivos superiores, remoção dos cantilevers e retração dos caninos inferiores

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FIGURA 8 – Fotografias intrabucais com 7 meses de tratamento mostrando a

finalização da retração dos caninos inferiores

FIGURA 9 – Fotografias intrabucais com 8 meses de tratamento mostrando ao término

do fechamento dos espaços e evolução do fechamento da mordida

FIGURA 10 - Fotografias intrabucais com 9 meses de tratamento mostrando a

intercuspidação com elástico de classe III

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FIGURA 11 - Fotografias intrabucais com 10 meses de tratamento mostrando a

evolução final do caso

DISCUSSÃO

É possível fazer retração com fio redondo (fio de trabalho) pois facilita a

movimentação dentária e, quando trabalhamos com fio de bitola 18”, temos a

vantagem, nos pacientes que possuem diferença entre as bases ósseas, da prescrição

do bráquete não se expressar. Aplicando um contra-momento com o cantilever

impedimos a perda de ancoragem do bloco posterior, o movimento pendular dos

caninos e a inclinação lingual dos incisivos.

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