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Integrao em disputa na Amrica LatinaRoberta TraspadiniProfessora da UNILA e professora voluntria da ENFFAs disputas por projetos na Amrica Latina reiteram a relao entre seres sociais, natureza e produo de vida e explicitam duas prxis de integrao no continente. A integrao dos mercados, consolidada pela perspectiva de avano do imperialismo e do capital financeiro, atrelado constituio dos blocos econmicos desde os anos 1980s. J a integrao dos povos demarcada pela solidariedade, internacionalismo e outros mecanismos de produo material de vida, que no passam pela propriedade privada e acumulao do capital. Estas prxis expem o tipo de Governo que atua em cada territrio e sua relao mais orgnica com dois sentidos de integrao relatados.A integrao dos mercados, cujo protagonista o capital concentrador de riqueza-renda, define-se na forma-contedo da transformao dos seres sociais e da natureza em mercadoria. A integrao dos povos, cuja centralidade a dos movimentos sociais, define-se na forma-contedo de mtua aprendizagem entre diversos povos, com trocas para alm da produo de valor mercantil, potencializadoras de outro sentido de vida. Mas, se h dois processos, h disputa e rotas distintas propostas. Ou seja, h um processo cotidiano de (re)ao no territrio latino que vai muito alm da consolidao nica e onipotente do capital sobre a terra e o trabalho.O capital em sua pretensa consolidao de rota de mo nica gera uma coliso com o prprio sentido de vida nos territrios, pois esgota os recursos e escraviza de mltiplas formas os povos originrios e camponeses. Reestruturao logstica, reconfigurao dos marcos legais para o livre trnsito de mercadorias, redefinio do Estado com centralidade para as livres transaes do capital financeiro e quebra de direitos trabalhistas com a escusa de um capitalismo global, tornam-se as aes polticas concretas do capital sobre Amrica Latina. Integrar para dominar, subsumir e ditar o ritmo do uso-sentido da terra e do trabalho no continente, com o aval dos Estados Nacionais.A rota de mltiplas vias, protagonizada por diversos povos latino-americanos, tem como sentido-ao a conexo entre processos nos territrios em que a prpria construo de vida contreape-se daninha ao do capital. Aprendizagem coletiva sobre o uso-manejo sustentvel do solo, consolidao de banco de sementes crioulas, intercmbio cultural sobre a compreenso do tempo-espao na produo de vida nos territrios e outro sentido de Nao vinculado Ptria Grande, eis os elementos constitutivos dessa rota em que a nica coliso a de enfrentamento com o capital.A monsanto exemplifica o sentido de integrao mercantil. Um nico capital dominante no mbito mundial, apropria-se de forma privada dos recursos naturais dos territrios latinos e transforma a terra e o trabalho em mercadorias com o fim de nico da valorizao. Seis empresas globais (Monsanto, Syngenta, Bayer, BASF, Dupon y Dow), dominam 75% das sementes no mundo. Por outro lado, a via campesina, organizao que integra 164 organizaes de 73 pases, tem como bandeira a soberania alimentar e a luta contra os transgnicos. Banco de sementes, trocas de experincias em produes sustentveis, escolas de agroecologia com formao em temas mais abrangentes como o da crtica da economia poltica, lutas sociais, manifestaes dos abusos dos capitais nos territrios e brigadas internacionalistas como as do MST-Via campesina no Haiti, na Venezuela, na Bolvia, so alguns dos exemplos diferenciados de integrao.De um lado a IIRSA e os blocos econmicos vinculados valorizao do capital. De outro lado a ALBA, a Unasur, a via campesina e demais movimentos organizados com a inteno de demarcar, na disputa, outro rumo necessrio e possvel para os projetos de desenvolvimento. Estamos em tempo de recrudescimento da luta de classes. Tempos em que o capital ser ainda mais duro no uso mercantil da terra e do trabalho. hora de corrigir rotas, limpar terreno e consolidar um projeto de classe, nacional e popular.