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    A FESTA COMO ACONTECIMENTO E SUAS PERFORMATIVIDADES

    Roberto Rodrigues1

    [email protected]

    RESUMO

    O presente texto um recorte terico a partir de uma pesquisa desenvolvida no Programa de MestradoInterdisciplinar em Performances ulturais. Pretende!se estabelecer di"logos entre o ob#eto de estudoespec$fico desta pesquisa% no caso as festividades do &peda'o( ga) na cidade de *oi+nia e algumasno',es de performance debatidas na disciplina &-eorias e pr"ticas da Performance( cursada no citadoPrograma. uer!se% ent/o% articular conceitos de festa% performance e performatividade para compreenderas experi0ncias dos atores festivos como um acontecimento.

    Palavras-Chave: esta. 2contecimento. Performance. Performatividade.

    INTRODUO

    2 balada ga) me despertou quest,es que% at ent/o% permaneciam imersas na

    euforia% na oga'/o(% no deleite dos corpos que se agitam e se con3fundem4 nas pistas

    de dan'a. Observando as pessoas% as rela',es% os encontros% me dei conta de que ali

    5avia algo a mais% para alm da pura divers/o. Os corpos dan'ando de maneira eufrica

    e loucamente% se apresentam de uma forma outra% singular e criativa. 2s conversas

    trocadas no &ol5o do furac/o( na pista parecem extrapolar um simples bate! papo. 2s

    brincadeiras% as &dan'as coletivas( tornaram!se rituais que se repetem e gan5am um

    sentido de comun5/o% at ent/o n/o recon5ecidas em suas potencialidades e

    possibilidades de experimenta'/o de uma corporalidade festiva.

    -udo isso se #untou ao meu sempre dese#o de falar do corpo e da dan'a. Meu

    lugar na dan'a talve6 se#a o n/o!lugar. ormado em 7duca'/o $sica% descobri a dan'a

    3em um sentido de atua'/o e interven'/o art$stica4 tardiamente em rela'/o aos demais

    espa'os de profissionali6a'/o dessa manifesta'/o. 8essa descoberta emergiram

    aus0ncias% lacunas% abismos em rela'/o 9s experi0ncias com o corpo que eu tin5a at

    ent/o. :escobri uma dan'a cotidiana repleta de possibilidades inventivas e criativas.

    :escobri um corpo l;dico que sempre quis o movimento% a brincadeira% o #ogo como

    possibilidades de existir% de ser. O n/o!lugar talve6 se d0 pela aus0ncia de experi0ncias

    1Aluno regular do Programa de Mestrado Interdisciplinar em Performances Culturais

    da Escola de Msica e Artes Cnicas-Universidade Federal de Gois! "ocente do#uadro efetivo do curso de $icenciatura em "an%a do Instituto Federal de Gois&C'mpus Aparecida de Goi'nia!

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    formais que acabaram se constituindo em um lugar outro% talve6 mais sens$vel% mais

    aberto e curioso.

    2 curiosidade com o corpo e com a dan'a me fe6 enxergar uma dimens/o outra

    nas experi0ncias do cotidiano. 2s festas% os corpos festivos% as dan'as do cotidiano

    gan5aram uma dimens/o potica% instigante para se pensar na dimens/o vida!arte t/o

    presente em min5a tra#etria e% certamente% na tra#etria de outros. O ol5ar atento e

    cr$tico da 7duca'/o $sica me apontaram para uma dimens/o esttica e sens$vel no

    campo da :an'a. 2 partir desses lugares nasce um dese#o.

    onfrontar territrios e aproxim"!los< ingressar em um terreno que ao mesmo

    tempo t/o familiar% mas que tem se tornado estran5o% talve6 possa c5amar de um

    =estran5o familiar=. -erreno esse que visito pela necessidade do pra6er% da divers/o% do

    deleite e da celebra'/o% os espa'os festivos. 8esses espa'os ven5o descobrindo e

    querendo descobrir cada ve6 mais novas experi0ncias% sensa',es% encontros% mas que de

    tempos pra c" parecem extrapolar somente a quest/o do pra6er e da divers/o. Os

    espa'os festivos t0m me instigado e intrigado a saber mais sobre o seu prprio

    funcionamento% seus modos de ser e estar% os meios de conviv0ncia ali presentes% as

    socialidades constitu$das l"% as corporalidades dos su#eitos que ali frequentam e%

    sobretudo as performatividades criadas e inventadas pelos atores sociais nesses espa'os.

    8a atualidade ao lan'ar nossos ol5ares para determinados espa'os de

    conviv0ncia e festividades nos deparamos com um novo cen"rio emergente. >m

    ambiente que vem se constituindo a partir de certos tra'os% comportamentos e ritos de

    passagem e que nos permite ampliar nossas percep',es em rela'/o a certos tipos de

    sociabilidades arquitetadas de forma peculiar e curiosa. O &peda'o ga)( parece ter se

    tornado um universo 9 parte% dotado de regras% posturas e maneiras de existir

    locali6ando!se 9 margem% na fronteira% no entre lugares dos espa'os #" constitu$dos e

    bem aceitos pela sociedade como espa'os sociais de la6er. 7spa'o frtil% sedento% abertoao caos e 9s emerg0ncias dos corpos orgi"sticos que ali se inserem e se apresentam na

    busca pela celebra'/o da vida% do prprio corpo e em um tempo do &aqui e agora(.

    ? nesse peda'o que me ingresso e me descubro su#eito!ator e ao mesmo tempo

    pesquisador de um cen"rio festivo e ritual$stico onde o estar #unto reflete o dese#o

    coletivo da busca por encontros% por descobertas de si no outro% nas conviv0ncias% nas

    socialidades% na comun5/o. :esde o momento de prepara'/o para a festa at os

    momentos finais e o ps 3after4 tudo rituali6ado% performativi6ado e tem sua pot0ncia%seu pra6er% seu orgasmo. 7 tudo isso parece se dar sempre de forma coletiva% no estar

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    #unto% na comun5/o das tribos ga). " nesse sentido uma intera'/o entre as tribos que

    &quer se#a pelo contato% pela percep'/o ou pelo ol5ar% existe sempre algo de sens$vel na

    rela'/o de sintonia 3...4 e esse sens$vel que o substrato do recon5ecimento e da

    experi0ncia do outro( 3M27AOBI% CDDE% p. 1CF4. ueremos% ent/o% adentrar nessas

    sensibilidades para extrair delas seus substratos% suas vo6es% c5eiros% toques% imagens

    que se fundem e tornam poss$veis as experi0ncias celebrativas e o estar #unto no peda'o

    ga).

    2 reuni/o de su#eitos% tendo como ponto de conex/o a socialidade por meioda resson+ncia dos afetos e as similaridades das formas de experimentar evivenciar o mundo o que caracteri6a a met"fora das tribos. 8esse processo%o corpo exprime a linguagem capa6 de identificar os membros da tribo. ? por

    meio do corpo que os signos incidem diretamente e nele que a efic"ciasimblica desse rito urbano est" baseada 3MOR7IR2% CD1G% p.11D4.

    O estar #unto como possibilidade de constru'/o de uma teia< o sentimento de

    perten'a% o ingressar em uma tribo como a'/o construtora de significados frente 9

    comun5/o coletiva. 2 experi0ncia dos corpos festivos e as a',es perform"ticas ali

    constitu$das. ueremos apreender% assim% a multiplicidade dos su#eitos e suas

    experi0ncias celebrativas a partir da compreens/o desses espa'os festivos na constru'/o

    dessas tribos% na arquitetura dessa comun5/o. &2 multiplicidade do eu e a ambi0ncia

    comunit"ria que ela indu6 servir" de pano de fundo 9 nossa reflex/o. Propus c5am"!la

    de &paradigma esttico( no sentindo de vivenciar ou de sentir em comum(

    3M27AOBI% CDDE% p. H4.

    A CULTURA HOMOAFETIVA COMO ESPAO RITUAL

    O presente estudo surge da necessidade de se ampliar os ol5ares acerca das

    transforma',es no +mbito da cultura% particularmente no que tange 9s formas de

    conviv0ncia e sociali6a'/o inseridas em espa'os festivos. 2 partir da visuali6a'/o e

    compreens/o de novas formas de comportamentos e intera',es sociais% o estudo

    direciona!se ao que se tem c5amado% na atualidade% de tempo das tribos.

    Os estudos sociolgicos% especialmente as pesquisas de Mic5el Mafessoli acerca

    da mudan'a de enfoque da sociedade ps!moderna% impulsionam novas perspectivas

    para se pensar o estar #unto% a coletividade e a celebra'/o por meio das festas como

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    s$ntese de um novo processo pelo qual tem passado a cultura no Jrasil. 7sta encarada

    como uma das formas mais importantes de posicionamento social% ou se#a% por meio

    dela os indiv$duos se afirmam e firmam lugares de exist0ncia e experi0ncia da vida

    cotidiana. 8esse sentido% ingressar no tempo das tribos percorrer experi0ncias de

    busca por um sentimento de perten'a a um grupo% o que tem marcado fortemente as

    novas configura',es culturais na sociedade ps! moderna. 2ssim% direciona!se 9

    descoberta de experi0ncias coletivas particulares que t0m conquistado% cada ve6 mais%

    um espa'o prprio e aut0ntico dentre tantas possibilidades existentes no campo da

    cultura de festas e locais de la6er e divers/o. -ais experi0ncias parecem constituir um

    universo paralelo% fronteiri'o% que gan5a contornos instigantes para serem pensados%

    refletidos e confrontados no ambiente acad0mico.

    O &peda'o ga)( tem se configurado como um espa'o dotado de regras% posturas%

    formas de intera'/o% cria'/o e comun5/o com caracter$sticas peculiares que nos fa6

    querer saber mais% penetrar seus espa'os e descobrir seus percal'os% suas entran5as para

    que novas formas de ser e estar no mundo ven5am 9 tona e possam ser compartil5adas.

    Auas fisionomias% seus c5eiros% odores% as suas cores% movimentos fa6em parte de um

    corpo a ser explorado e investigado no tempo do aqui e agora.

    uer!se mergul5ar nas formas de se apropriar da prpria vida como su#eitos de si

    que buscam no encontro% no estar #unto e na coletividade a descoberta de si e do outro.

    8a lat0ncia da experi0ncia do prprio corpo e% por sua ve6% em sua celebra'/o pode se

    encontrar 5umano. 7 #ustamente na busca pela 5umanidade% pela descoberta de si que

    se descobre su#eito!ator de sua prpria 5istria. 7nt/o o que se quer percorrer a vida% a

    descoberta dessa 5umanidade via corpo% via celebra'/o% via pra6er% via coletividade.

    O peda'o ga) como espa'o fecundo para se descobrir e investigar essas novas

    formas de sociali6a'/o. 2 socialidade nas festas do peda'o ga) acontece pela troca% pelo

    contato com o outro e pela ferve'/o dos corpos que se #ogam e se apresentam comopossibilidade de existir e de pertencer aquele lugar. 7 aqui% especificamente% quer!se

    compreender essa troca% o contato e as a',es dos corpos que acontecem de forma

    rituali6ada% constituindo performances do cotidiano que o extrapolam e gan5am a

    dimens/o da pista de dan'a. Performance aqui entendida como comportamentos

    restaurados% abertos ao #ogo e ao movimento.

    Performances consistem de comportamentos duplamente exercidos%codificados% transmiss$veis. 7sse comportamento duplamente exercido

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    gerado atravs de intera',es entre o #ogo e o ritual. :e fato% uma defini'/o deperformance pode serK comportamento rituali6ado condicionadoLpermeadopelo #ogo 3...4. O #ogo d" 9s pessoas a c5ance de experimentaremtemporariamente o tabu% o excessivo e o arriscado 3...4. 2mbos% ritual e #ogo%levam as pessoas a uma &segunda realidade(% separada da vida cotidiana. 7starealidade onde elas podem se tornar outros que n/o seus eus di"rios

    3A787R% CD1C% p.D4.

    ? #ustamente por compreender essa segunda realidade como uma realidade

    poss$vel de se apreender muito do que os su#eitos festivos carregam de dese#os e

    necessidades% que o presente estudo se direciona para essas performances. 7las se

    constituem na abertura ao caos% na possibilidade dos corpos se #ogarem rumo ao n/o

    con5ecido% esse ariscado que o deleite% a ferve'/o% a frita'/o da pista de dan'a. ? para

    essa outra cultura% marginal e fronteiri'a que queremos ol5ar e fa6er nossas leituras de

    mundo% de vida% de festa.

    7nt/o% o presente estudo aponta tanto para um recon5ecimento da cultura

    emergente dos espa'os festivos no peda'o ga) como para a compreens/o dos

    comportamentos e a',es corporais dos su#eitos festivos enquanto performance. 2mplia!

    se% assim% a perspectiva de entendimento do ritual festivo e da cultura ga) a partir de um

    ol5ar etnogr"fico estabelecido pelo contato direto e afetivo com os su#eitos

    frequentadores desses espa'os% bem como com os prprios espa'os.

    O terreno festivo% o espa'o da con3fus/o4 de corpos em festa como sinNnimos

    dessa busca e da descoberta da vida. orpos deleite. orpos orgi"sticos. orpos 9

    sombra de :ion$sio. orporalidades ga)s. Auas socialidades e performatividades. O

    estar #unto ga) como sinNnimo de novas formas de vida% de descobertas. orpos

    envoltos por uma cultura emergente que quer se apresentar% se #ogar% aparecer. orpos

    que dan'am% &fritam(% celebram e sociali6am. orpos que performam e s/o

    performativi6ados no cotidiano. Ae preparam% se vestem e se transformam em outros

    corpos. Aocialidades% corpos e performatividades. uer!se o corpo social e culturalatravessado pelos rituais festivos. orpos em rituais. orpos transformados. orpos em

    festa.

    Os atores festivos do peda'o parecem 5abitar um lugar fronteiri'o% 9 margem.

    A/o errantes nNmades transitando por diversos espa'os% se afirmando e afirmando a

    diferen'a% a alteridade em territrios m;ltiplos% abertos ao caos% 9 porosidade do mundo%

    #ustamente% por serem indiv$duos em tr+nsito% em constante movimento. ivem 9

    margem que% segundo an *ennep% trata!se & de qualquer pessoa que passe de um

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    territrio para outro 3...4 que ac5a!se% assim durante um tempo mais ou menos longo em

    uma situa'/o especial% uma ve6 que flutua entre dois mundos 3CD11% p.H4.

    Os su#eitos em festa transitam entre dois mundos% pois encontram!se em uma

    eterna viagem entre o mundo srio% ob#etivo e cotidiano% e um terreno m"gico% l;dico%

    alegre e confuso da festa. 2 festa parece ser o terreno da vida% de afirma'/o daquilo que

    esses su#eitos s/o e dese#am ser. 2ssim% 5" na festa algo sagrado% de reconex/o com a

    nature6a 5umana% um eterno devir 5umano. 2 festa o momento de rituali6a'/o da

    prpria vida% pois ali os atores se encontram% trocam% se agregam e celebram a

    coletividade% a grande pot0ncia festiva. :a$ a possibilidade de pensar a festa como

    espa'o ritual assim como nos fala an *ennep 3CD114. 8a festa 5" um primeiro

    momento de c5egada% de recon5ecimento e inser'/o no territrio. Aeria o que o autor

    c5ama de fase preliminar. 7m seguida o per$odo de margem% com as trocas% a partil5a do

    &p/o( e% finalmente% o momento de agrega'/o onde o contato corporal% as dan'as

    compartil5adas% as conversas na pista de dan'a completariam% assim% o grande ritual

    festivo.

    2 festa no &peda'o( um espa'o emergente onde as rela',es estabelecem!se a

    partir desses momentos rituais. -ais momentos talve6 nem se#am preparados ou

    constitu$dos de forma direta ou consciente. 2 leitura que aqui se prop,e #ustamente

    uma provoca'/o para que se ampliem as possibilidades de compreens/o desse espa'o!

    acontecimento festivo. " sem d;vidas um car"ter ritual$stico% no sentido proposto por

    an *ennep% nessas experi0ncias propiciadas pela festa.

    QUE PEDAO ESSE

    onsideramos esses su#eitos irreverentes% desrespeitosos% quase iconoclastaspor desacatarem normas ou por tornarem rid$culos aspectos &srios( de nossa

    cultura. Aua ambival0ncia nos desconforta e amea'a 3e tambm nos fascina%devemos confessar4. ontudo% preciso pensar que a pardia que exercemsobre as conven',es% as regras% normas e preceitos da sociedadecontempor+nea se constitui numa importante forma de cr$tica. >ma cr$ticaque problemati6a e que% ao mesmo tempo% incorpora aquilo de que fala ou aque se refere% #" que a pardia requer uma certa capacidade de se aproximar eat de se identificar com o que est" sendo posto em quest/o. Aeus modosousados% o deslocamento e a posi'/o fronteiri'a que parecem experimentartalve6 l5es permita perceber a arbitrariedade de nossos arran#os sociais deformas inditas% de formas como ns nunca os pensamos 3BO>RO% 7BIP7%*O7BB87R% CD1D% p.D4.

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    O peda'o ga) pode ser compreendido como lugar fronteiri'o. -alve6 uma

    amea'a 9 ordem social estabelecida pela cultura ocidental no que tange 9s caracter$sticas

    de g0nero% admitindo como identidade naturali6ada para os 5omens a figura masculina

    branca% 5eterossexual. :esviando!se desse padr/o% por esse peda'o transitam outras

    figuras com identidades m;ltiplas constitu$das cotidianamente e a partir de diferentes

    refer0ncias ticas e estticas que as fa6em experimentar novos meios de ser e de

    transitar pelos espa'os sociais.

    2 cultura ga) na atualidade parece inaugurar novas formas de socialidade e de

    tr+nsito que n/o encontram refer0ncias em modos de agir est"ticos e padroni6ados.

    Parece 5abitar um n/o!lugar% um lugar outro no tempo de 5o#e. :igo isso por estar

    imerso em diferentes locais de conviv0ncia e intera'/o das tribos ga)s e por

    compreender que em espa'os espec$ficos% aqui as boates e as festas eletrNnicas% tipos de

    comportamentos e socialidades s/o constitu$das% tambm% de maneira peculiar%

    inaugurando ticas e estticas de conviv0ncia prprias.

    O espa'o festivo no peda'o ga) apresenta!se como local de busca pelo pra6er%

    quer se#a pela divers/o expressa nos corpos e suas movimenta',es frenticas ou pela

    comun5/o% pelo estar!#unto na intera'/o e na rela'/o de um corpo coletivo. O frenesi% a

    &frita'/o( e a &fervura( dos corpos em festa nos aponta a dimens/o orgi"stica%

    dionis$aca desse tempo presente que revela!se nessa festividade turbulenta% barul5enta%

    confusa% desordenada. Os instantes festivos parecem eterni6ar experi0ncias% sensa',es e

    emo',es que possuem sua prpria esttica% seu pra6er% seu orgasmo.

    8o entanto% antes de qualquer coisa% preciso lembrar que o orgiasmo remeteao enfrentamento coletivo do destino. Para alm das estruturas econNmicasou pol$ticas% ele que no dia!a!dia% permite viver essa ang;stia origin"ria doque eidegger c5amava de &o estar a$(% ser ogado no mundo(3Geworfenheit4. 7is a$ uma dilacera'/o que a promiscuidade% a confus/o docorpo individual permite provisoriamente esquecer. ? essa a li'/o essencialque nos d" o descontrolado e inquietante :ion$sio 3...4. 2s uni,es coletivasorg$acas que con5ecemos 3...4 ou as que se tornam triviais nas &surubas( denossos grandes centros% sublin5am% de maneiras espec$ficas% que cada uma ecada um pertencem a todos% e que esse mesmo &todos( se amplia numadimens/o csmica ainda mais vasta 3M27AOBI% CDD% p.1HC4.

    -ratamos aqui de estabelecer uma tica e uma esttica das socialidades do

    peda'o ga) que se apresentam na afirma'/o de um et5os da coletividade% da comun5/o%

    do sentimento de perten'a. 7sse sentimento coletivo o que impulsiona os su#eitos

    festivos 9 apreenderem intuitivamente e sensivelmente as emo',es e o 0xtase dos corpos

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    orgi"sticos que se fundem e fundam rituais de afirma'/o da prpria vida% do ser e

    existir. este#ar nesse peda'o como aceitar um convite 9 vida. elebra'/o em

    potencial que transforma os corpos em astros iluminados que giram% atravessam%

    sacodem e movimentam as certe6as e desestabili6am no',es est"ticas acerca desse

    espa'o e tempo festivos.

    7m 8ie6stc5e encontramos% talve6% a tradu'/o dessa vida celebrada na prpria

    vida. O filsofo nos di6K &o 5omem alcan'a em dois estados o sentimento de del$cia em

    rela'/o 9 exist0ncia% a saber% nosonhoe na embriaguez( 38I7QA-7% CDD% p.4. 7sse

    estado de embriague6 pode ser entendido como o instante em que o ser 5umano #oga e

    estabelece uma rela'/o mais $ntima com sua prpria nature6a. :a$ a afirma'/o de que a

    coletividade o que une e potenciali6a o estado celebrativo e ritual$stico da festa nesse

    peda'o. O estar!#unto condi'/o sine qua nonpara que a nature6a do 5umano ven5a 9

    tona e provoque esses instantes de del$cias da vida e da exist0ncia.

    2 inven'/o e a constitui'/o desse peda'o guarda afinidades com o que%

    certamente% se deu no cen"rio nacional e internacional relacionados 9 cultura ga). O

    desenvolvimento e a transforma'/o dos espa'os destinados ao p;blico ga) est/o

    diretamente relacionados a fatores econNmicos% devido a quest/o do consumo e do la6er

    propiciados nesses espa'os. -ambm apontam!se fatores culturais e sociais% pelo fato de

    o Jrasil n/o ser apontado como um pa$s onde se constitu$ram os c5amados &gays

    guettos(% termo difundido por Robert Par 31FS4% um grande expoente dos estudos

    relacionados 9 cultura ga) no Jrasil. 2ssim% pelo fato de n/o se estabelecer um territrio

    muito bem demarcado que os espa'os se constitu$ram e foram sendo inventados por

    iniciativas e dese#os dos produtores e gestores locais de cada estado% ou cidade

    brasileira. ? certo que a emerg0ncia desses espa'os tra6em marcas% influ0ncias e tra'os

    estticos das grandes metrpoles% tanto brasileiras como as de origem estrangeira.

    2 arquitetura e as produ',es brasileiras das festas ga)s% particularmente nacidade de *oi+nia tra6em refer0ncias de grandes eventos produ6idos na 7uropa e em

    alguns pa$ses norte!americanos. 2tualmente no Jrasil temos uma grande refer0ncia% o

    grupo -5e Tee fundado na cidade de A/o Paulo pelo produtor e scio do referido

    grupo% 2ndr 2lmada. Auas produ',es s/o rec5eadas de influ0ncias e tra'os do universo

    pop misturadas com o que 5" de mais atual na cena eletrNnica mundial. abe ressaltar

    que os eventos -5e Tee contam sempre com mega produ',es com renomado potencial

    art$stico no que tange 9s performances% tanto dos c5amados &posers( como dos maioresexpoentes das festas eletrNnicas% os :Us. :e acordo com ran'a 3CDD4 esses espa'os

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    come'am a se consolidar% no Jrasil% a partir da dcada de 1FFD% mas especialmente na

    cidade de A/o Paulo. 2tentendo 9 procura e demanda comerciais do p;blico crescente

    surgiram diversos espa'os% compreendendo desde boates a bares e outros locais

    espec$ficos como saunas% clubes de sexo% dentre outros% que foram se constituindo como

    lugares destinados ao p;blico *BAC.

    2 partir da dcada de 1FFD a cultura ga) no Jrasil passa a se constituir e se

    manifestar de diferentes maneiras estando os su#eitos envolvidos em grupos com

    posicionamento pol$tico de afirma'/o de uma identidade ou n/o. 2qui% nos interessa%

    particularmente% os espa'os de intera'/o onde a coletividade se d" pelo car"ter festivo%

    pelo compartil5amento de experi0ncias advindas da festa% da celebra'/o% da divers/o. O

    peda'o ga) no qual nos inserimos s/o as festas 3especificamente festas eletrNnicas em

    boates4% o after e a pool!part)H.

    ueremos% ent/o% descobrir proveni0ncias% caracter$sticas espec$ficas desse

    peda'o que o torna lugar de pot0ncia% de descoberta de outras e ousadas possibilidades

    de ser e existir. 2 festa n/o como simples local de la6er% mas como espa'o de constru'/o

    de socialidades advindas do feste#ar% do &fritar(% do &se #ogar(. 2 festa no peda'o ga)

    como afirma'/o da vida. 7ssa vida barul5enta% confusa% fecundada. O peda'o ga) %

    tambm% um n/o lugar% o subterr+neo% o obscuro% a fronteira.

    ? nesse sentido que a fronteira se torna o lugar a partir do qual algo comeaa se fazer presente em um movimento n/o dissimilar ao da articula'/oambulante% albivalente% do alm que ven5o tra'andoK &sempre% e sempre demodo diferente% a ponta acompan5a os camin5os morosos ou apressados dos5omens para l" e para c"% de modo que eles possam alcan'ar outrasmargens... 2 ponte re;ne enquanto passagem que atravessa( 3J2J2%CD1H% p.C4.

    O peda'o como territrio de tr+nsito% de passagem. 7spa'o que se afirma nas

    multiplicidades das formas que o constituem% a partir da alteridade% da +mbival0ncia

    presente nos corpos% na m;sica% na cor% nos tecidos que comp,em os figurinos%

    adere'os% ambienta',es da festa. -udo arquitetado para que exista naquele instante e

    ( A )igla G$) compreende os termos Ga*s+ $,sicas e )impati.antes #ue /o0epodem designar agrupamentos+ espa%os e territrios destinados 2 convivncia eintera%3o de diferentes indiv4duos se0am eles /omosse5uais ou n3o! "ifere-se dotermo $G67 por n3o advogar para si uma identidade pol4tica e de manifesta%3osocial!8After9 termo ingls #ue designa a :festa depois da festa; e pool-part* :a festa na

    piscina;! Compreendem tipos espec4

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    pulse somente nele. 7m outro momento% em um contexto diferente% #" n/o possui a

    mesma pot0ncia. O peda'o fugidio e s se presentifica em um determinado instante% o

    instante festivo. Por isso sempre uma fronteira% um lugar de passagem% local de

    atravessamento. Por ali atravessam su#eitos e suas corporalidades. Passeiam sons e suas

    intensidades. -ransformam!se os corpos e constrem suas festividades.

    !USCANDO CONCEITOS DE FESTA

    2s festas t0m sido um elemento presente em diversos estudos sendo abordadas

    por diferentes campos do con5ecimento. isuali6amos escritos que se prop,em adescrever fenNmenos festivos ligados a rituais e 9s manifesta',es religiosas< festas

    tradicionais vinculadas 9s culturas populares< festas e cerimNnias articuladas a costumes

    e caracter$sticas culturais nacionais e internacionais% dentre outros. 2 pesquisadora

    brasileira Rita de "ssia de Mello Peixoto 2maral ao estudar os significados do feste#ar

    em nosso pa$s% aponta que na maioria dos estudos em que se dedicou a pesquisar a festa%

    percebe!se a recorr0ncia de escritos que constitu$ram apenas descri',es sobre os rituais

    festivos sem% contudo% relacion"!los aos contextos 5istrico e social nos quais elesocorrem. 7 em alguns casos a festa aparece apenas como elemento presente nos estudos

    sobre rituais e religi,es.

    2 rela'/o entre festa e as sociabilidades constitu$das a partir das festividades o

    que nos interessa no presente estudo. ueremos descobrir os desdobramentos e as

    potencialidades da festa no contexto dos indiv$duos e das rela',es que eles estabelecem

    nos instantes festivos. :a$ a necessidade de locali6armos um conceito de festa que se

    aproxime da no'/o de continuidade e da coexist0ncia entre o cotidiano e os espa'os

    festivos. Interessa!nos os atravessamentos entre a festa e as vidas dos atores festivos.

    7m :ur5eim apud 2maral 31FFS4 encontramos a ideia da festa como espa'o de

    supera'/o das dist+ncias entre os indiv$duos. Para o socilogo 5" na festa a produ'/o de

    um estado de efervesc0ncia coletiva no qual seria poss$vel escapar da dissolu'/o social.

    O estado de agrega'/o presente na festa contribui% assim% para que os indiv$duos

    reafirmem sua nature6a social a partir do sentimento e pertencimento ao grupo. 8a festa

    o indiv$duo desaparece no grupo e passa a ser denominado no coletivo.

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    7m conson+ncia com as ideias de 2maral 31FFS4% acerca da nature6a social da

    festa% ampliamos os conceitos a partir dos estudos de Mic5el Maffesoli que% ao analisar

    a ascend0ncia e a decad0ncia da vida em grupo nas sociedades ocidentais% aponta o

    individualismo e o utilitarismo contempor+neo como elementos centrais da dissolu'/o

    social 3que acaba influenciando a decad0ncia do feste#ar4% princ$pios que s/o opostos ao

    ludismo% ao disp0ndio% 9 inutilidade% &confusionalidade e orgiasmo( que constituem a

    ess0ncia das festas 32M2R2B% 1FFS4.

    2 festa seria% assim% o espa'o onde os indiv$duos se agrupam e interagem no

    coletivo% na comunidade% no grupo% atingindo estados comunais possibilitados pela

    troca% pelo afeto% pelo estar #unto% pela partil5a% pela conviv0ncia e pertencimento a sua

    tribo. este#ar seria% ent/o% a celebra'/o do grande corpo popular que se forma nas

    intera',es propiciadas pela festa% onde os corpos agitam e se agitam no eterno instante

    festivo. 2 festa seria% ent/o%

    3...4 essa organi6a'/o% profundamente concreta e sens$vel. 2t mesmo oa#untamento% o contato fsico dos corpos, que s/o providos de um certosentido. O indiv$duo se sente parte indissol;vel da coletividade% membro dogrande corpo popular. 8esse todo% o corpo individual cessa% at um certo

    ponto% de ser ele mesmo< pode!se% por assim di6er% trocar mutuamente decorpo, renovar-se. 2o mesmo tempo% o povo sente a sua unidade e suacomunidade contretas, sensveis, materiais e corporais. 3J2V-I8% CD1D%

    p.CCC% grifos do autor4.

    7sse car"ter social da festa amplia!se% ainda% a partir do que Maffesoli vai

    c5amar de &tempo das tribos(. 7m contraposi'/o ao individualismo e ao utilitarismo #"

    mencionados no presente texto% a met"fora da &tribo( aparece como quebra% como

    subvers/o a partir de outras formas de sociabilidade que t0m surgido% principalmente%

    nas grandes cidades em que os indiv$duos buscam% cada ve6 mais% se agruparem e

    fixarem outros meios de intera'/o e conviv0ncia. 2 tribo invoca um sentimento deperten'a% de rela'/o sagrada com o meio e com os outros indiv$duos e n/o como

    sinNnimo de forma'/o social ultrapassada.

    Aer da tribo% pertencer ao grupo parece ser uma possibilidade de transgress/o% de

    ultrapassar as barreiras do individualismo crescente. " nesse sentido% um certo retorno

    a alguns valores arcaicos como o cultivo da terra 3e aqui poder$amos entender o

    territrio das tribos4% a comun5/o coletiva% os rituais sagrados 3e a festa adquire% assim%

    um valor sagrado% pois a prpria manifesta'/o da rela'/o entre a nature6a 5umana e o

    indiv$duo4. -odos esses valores s/o expressos e reafirmados nos instantes festivos.

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    2 divers/o% as trocas% a afetividade% o contato corporal% a quebra de regras% as

    dan'as compartil5adas% o abra'o grupal% todos esses elementos fa6em parte das festas.

    A/o necessidades 5umanas que acabam sendo silenciadas no cotidiano duro e srio. 2

    festa torna!se% ent/o% o espa'o de quebra% da desordem% da confusionalidade orgi"stica%

    como nos fala Maffesoli 3CD1G4. 8a festa os corpos se fundem% cria!se um ambiente

    enrgico que alimenta os indiv$duos a partir de uma comun5/o emocional.

    2 festa % tambm% um espa'o de transgress/o% um local arriscado% pois ali se

    #oga a todo o momento. A/o #ogos de trocas% de partil5as% de afetividades% de

    corporalidades que se colocam 9 deriva% se abrem 9s diversas possibilidades que a festa

    l5es apresenta. ? uma espcie de segunda vida% pois vive!se o instante festivo com a

    mesma seriedade que se vive a vida% mas ao mesmo tempo o territrio de quebra da

    seriedade dura e ob#etivada da vida cotidiana.

    -oda festa ultrapassa o tempo cotidiano% ainda que se#a para desenrolar!senuma pura sucess/o de instantes% de que o W5apenningX constitui o caso limite.-oda festa acontece de um modo extra!cotidiano% mas precisa selecionarelementos caracter$sticos da vida cotidiana. -oda festa rituali6ada nosimperativos que permitem identific"!la% mas ultrapassa o rito por meio deinven',es nos elementos livres 32M2R2B% 1FFS% p.HF4.

    Outra caracter$stica fundamental da festa o riso% seu aspecto l;dico que a fa6transcender e irromper essa segunda vida. 2 festa um #ogo% uma eterna brincadeira que

    dilata e provoca a vida l" onde ela se encontra fria% inanimada% envolta por uma

    seriedade que se afirma pela utilidade e ob#etividade das a',es 5umanas constru$das%

    principalmente% em fun'/o do trabal5o e da sobreviv0ncia que t0m nas rela',es

    econNmicas seu principal alicerce. &:urante a festa% o poder do mundo oficial com suas

    regras e seu sistema de valora'/o parece suspenso. O mundo tem o direito de sair da sua

    rotina costumeira( 3J2V-I8% CD1D% p.CCE4.Ja5tin ao analisar as festas no per$odo medieval tra6 9 tona o aspecto da alegria

    e o al$vio. 2ssim como nas festas do medievo onde a fantasia% o riso% a comicidade

    aparecia para dar vo6 9 realidade% a festa nos tempos atuais pode ser entendida como o

    territrio de afirma'/o da vida% dessa festa que o mundo. 8o espa'o festivo o mundo

    &parece mais materialista% corporal% 5umano e alegre( 3ibid% p.CCF4.

    2 festa isenta de todo utilitarismo 3 um repouso% uma trgua% etc.4. ? afesta que% libertando de todo utilitarismo% de toda finalidade pr"tica% fornece omeio de entrar temporariamente num universo utpico. ? preciso n/o redu6ir

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    a festa a um conte;do determinado e limitado 3por exemplo% 9 celebra'/o deum acontecimento 5istrico4% pois na realidade ela transgrideautomaticamente esses limites. ? preciso tambm n/o arrancar a festa 9 vidado corpo% da terra% da nature6a% do cosmos. 3ibid% p.CG14.

    8a festa os corpos est/o 9 deriva% #ogados ao caos se afirmando enquanto

    espa'o% corpos! m;ltiplos. O instante festivo o espa'o de emerg0ncia desses corpos

    que querem aparecer e presentificar o et5os e a vis/o de mundo de sua tribo. 2li eles se

    misturam% fundem e se confundem numa eterna coletivi6a'/o e intensifica'/o do

    presente festivo. 2paga!se a no'/o convencional do tempo. O tempo ali outro% os

    corpos tambm% mas ao mesmo tempo n/o deixam de ser o que realmente acreditam% o

    que aspiram e defendem como pro#eto de mundo e de vida. 2 festa como extens/o e

    intensifica'/o da vida. 2 vida como continuum da festa. 2 vida feita de dobras eredobras que se afirmam e se intensificam na festividade.

    ida sem ob#etivo exterior a si mesma 3...4 &Reencantamento( do mundo% #"disse 3...4 a valori6a'/o do banal% do ordin"rio% de tudo o que caracteri6a ocotidiano. O presente privilegiado como express/o da presen'a da vida.Podemos resumir em uma espcie de &instante eterno(% em que a suspens/odo tempo% a diminui'/o da velocidade da exist0ncia favorecem a intensidade%o qualitativo% o aprofundamento das rela',es sociais e a aprecia'/o do mundotal como 3M27AOBI% CDDH% p.EF4.

    2 festa o espa'o% por excel0ncia% de afirma'/o da vida. 7 o peda'o ga) tem a

    particularidade de ser o territrio onde os corpos em sua ambiguidade% suas subvers,es

    querem existir. orpos que enfrentam identidades previamente estabelecidas de sexo e

    g0nero e que desafiam a 5eterossexualidade compulsria.

    :esencamin5am!se desgarram!se% inventam alternativas. icam 9 deriva! noentanto% torna!se imposs$vel ignor"!los. Paradoxalmente% ao se afastarem%

    fa6em!se ainda mais presentes. 8/o 5" como esquec0!los. Auas escol5as% suasformas e seus destinos passam a marcar a fronteira e o limite% indicam oespa'o que n/o deve ser atravessado. Mais do que isso% ao ousarem seconstruir como su#eitos de g0nero e de sexualidade precisamente nessesespa'os% na resist0ncia e na subvers/o das Wnormas regulatriasX% eles e elas

    parecem expor% com maior clare6a e evid0ncia% como essas normas s/o feitase mantidas 3BO>RO% CDDS% p.1S4.

    2 festa uma viagem% um mergul5o no tempo presente que se eterni6a e se

    intensifica a partir de uma temporalidade outra% dilatada e significada nas rela',es da

    prpria festa. ? um tempo festivo que se demora na ociosidade% na &perda de tempo(

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    que o instante criativo e produtor da prpria vida... 2 viagem est" na m;sica% na

    ilumina'/o% nas rela',es entre corpos% na confus/o orgi"stica da festa.

    2 imagem da viagem me serve% na medida em que a ela se agregam ideias dedeslocamento% desenrai6amento% tr+nsito. 8a ps!modernidade% parecenecess"rio pensar n/o s em processos mais confusos% difusos e plurais% mas%especialmente% supor que o su#eito que via#a % ele prprio% dividido%fragmentado e cambiante. ? poss$vel pensar que esse su#eito tambm se lan'anuma viagem% ao longo de sua vida% na qual o que importa o andar e n/o oc5egar. 8/o 5" um lugar de c5egar% n/o 5" destino pr!fixado% o que interessa o movimento e as mudan'as que se d/o ao longo do tra#eto 3BO>RO%CDDS.p.1H4.

    2 festa no peda'oK ? l" 7spa'o de desterritoriali6a'/o por excel0ncia. 8/o est"

    aqui e nem ali. ive!se um tempo e um espa'o como lin5as de fuga do centro. Oscorpos% o movimento% a presen'a na festaK tudo performativo% tudo se constri. 7 essa

    constru'/o requer a todo o momento uma desconstru'/o. :esconstri normas%

    transforma os su#eitos% transfiguram!se corporalidades% irrompem outros modos de vida.

    8a festa se perde e se ac5a a todo instante. Ae perde e se descobre na m;sica. Ae demora

    e mergul5a!se na sensa'/o provocada pelas sonoridades% pelo contato com o outro% pelo

    afeto% pelas cores da festa% pela pot0ncia da troca. ada festa uma viagem% um del$rio.

    8a busca pelo estar #unto se descobre um todo coletivo. ada ser via#a em seu prprio

    mundo e descobre o mundo do outro ao se #ogar% ao confraterni6ar% ao compartil5ar uma

    sinergia tribal.

    2o experimentar e viver a festa cada indiv$duo se transforma% torna!se outro. 2o

    voltar da viagem #" n/o somos os mesmos% somos outros. 2 festa pensada e

    arquitetada para ser uma eterna viagem. :as cores dos arran#os 9 variedade de sons%

    tudo provoca outros estados% viagens intensificadas pelas sensa',es que transportam os

    indiv$duos e potenciali6a as rela',es. Rela',es estas que se d/o de uma outra forma% que

    n/o s/o as mesmas generali6adas em qualquer espa'o social.

    2 5omossocialidade festiva acontece pela pele% pelo toque% pelo c5eiro% pelas

    sensa',es do corpo e do movimento. 8/o acontecem pelas simples trocas verbais e nem

    mesmo pela tradu'/o dos signos da palavra e da linguagem como numa conversa

    qualquer. O contato com o outro nesse tipo de festa um mergul5o% um se #ogar que

    permite ir alm% que atravessa as fronteiras da sociabilidade marcada por limites% por

    par+metros &naturais( que ditam at onde podemos ir. ive!se a festa como um instante

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    eterno que tem como ;nico limite a afirma'/o do prprio presente festivo. Por isso a

    festa % tambm% performativa% pois se constroem outras e novas formas de ser e agir.

    8esses momentos em que predomina um desvio coletivo% o que primordial um forte sentimento de perten'a que atinge sua plenitude em um instantevivido para ele mesmo. erimNnias ancestrais tendo por fun'/o apa6iguar osesp$ritos que atormentam uma pessoa com rituais ext"ticos% "ra#$esre%#&'es (%s&)a&s )*#+e(,*r#eas% o processo id0nticoK favorecer acomun5/o dos esp$ritos que% mesmo por um s instante% a intensidade doviver em comum servia para expulsar tudo o que impedia um bem-estarouummelhor-estarao mesmo tempo individual e coletivo. O que prprio dofenNmeno cat"rticoK vive!se o excesso para se purgar dele 3M27AOBI%CD1G% p.C1C% grifo do autor4.

    2 festa torna!se% assim% um lugar sagrado de afirma'/o da vida. Parafraseando o

    filsofo 8iet6sc5e poder$amos di6er que o festivo existe para que suportemos a vida%

    assim como afirmou os gregos em rela'/o 9 arte. 7nt/o poss$vel pensar o local da

    festa como lugar com potencial art$stico. ? na festa% tambm% que se excomungam os

    demNnios% que se dilaceram os excessos% que se permite ir alm. :o corpo que se move

    freneticamente na pista 9s rela',es corporais% apimentadas com uma sexualidade

    vibrante% tudo alme#a a afirma'/o% o deleite de viver esse momento% um eterno presente.

    ? tambm na festa que os corpos se produ6em e produ6em corporalidades

    prprias e perform"ticas. O corpo se transforma e transforma o instante do movimentoem um acontecimento art$stico. uer se mostrar% se apresentar e apreender o festivo pelo

    movimento% pela carne% pela pele. 2o apreender o mundo e torn"!lo outro a partir de

    uma a'/o% um acontecimento corporal os su#eitos festivos d/o va6/o ao art$stico% o

    perform"tico. Performance como acontecimento. >m corte cultural no espa'o festivo

    para transform"!lo em #ogo% que se estabelece na intera'/o dos corpos e na potica dos

    movimentos que se abrem 9 inven'/o% 9 improvisa'/o e 9 constitui'/o dessa

    corporalidade festiva.2 festa como acontecimento art$stico. O corpo como arte% como performance.

    Uogos de rela',es comun5ais que se expressam no estar!#unto% no pertencimento 9 tribo.

    2 coletividade incitando e afirmando a vida. 2 vida provocando os encontros% a

    coletividade. 2 festividade no peda'o ga) parece se afirmar de um #eito prprio%

    peculiar. 7nt/o% queremos explorar esse peda'o. :escobrir suas lacunas% esquinas%

    dobras% ri6omas% seus subterr+neos. 7st" tudo a$ ? s c5egar pra ver &antando e

    dan'ando expressa!se o 5omem como membro de uma comunidade mais elevadaK ele

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    desaprendeu a andar e a falar. Mais aindaK sente!se encantado tornou!se realmente algo

    o diverso( 38I7-QA7% CDD% p.F4.

    DO ACONTECIMENTO FESTIVO .S PERFORMATIVIDADES

    2 ideia de performatividade em Uudit5 Jutler apontada por Aara Aali5 3CDDC4

    invoca a quest/o de que os indiv$duos agem% se vestem% gesticulam% aparecem como

    su#eitos e % #ustamente% esse con#unto de a',es que conferem a identidade ou o g0nero

    do indiv$duo. O g0nero % ent/o% performativamente constru$do na sociedade a partir de

    determinadas normas% de certos padr,es e refer0ncias que regulam e ditam par+metros

    de &normalidade(. -udo aquilo que escapa% que foge% que subverte tido como ab#e'/o.

    O ser ab#eto aquele que provoca% que irrompe novos modos de ser e agir. 8/o aspira 9

    normalidade% pelo contr"rio% se afirma na diferen'a% na excentricidade.

    2 5omossexualidade aponta para a desconstru'/o de uma identidade fixa e

    absoluta. 2 ideia de viver a sexualidade% de satisfa6er pra6eres e dese#os com um

    indiv$duo do mesmo sexo em si uma a'/o que desconstri e provoca a multiplicidade

    do g0nero. -anto o masculino como o feminino dentro de um universo 5omossexual

    pode ser vivenciado em sua diversidade apontando modos de vida outros que n/o se

    satisfa6em com os padr,es e cdigos impostos pela 5eterossexualidade compulsria. 2

    quest/o do dese#o e do pra6er deve obedecer n/o 9s leis e normas naturali6adas nas

    rela',es sociais% mas sim serem experimentados a partir das necessidades e anseios dos

    prprios indiv$duos% que constroem e se constroem em suas sexualidades m;ltiplas e

    performativas.

    :e um modo ou de outro% esses su#eitos escapam da via plane#ada.

    7xtraviam!se. P,em!se 9 deriva. Podem encontrar nova posi'/o% outro lugarpara se alo#ar ou se mover ainda outra ve6. 2travessam fronteiras ou adiam omomento de cru6"!las 3...4 Aua viagem talve6 possa se caracteri6ar como umir e um voltar livre e descompromissado ou pode se constituir nummovimento for'ado% numa espcie de ex$lio 3BO>RO% CDDS% p.1F4.

    2ssim como o g0nero constru$do socialmente a partir das a',es dos indiv$duos%

    a sexualidade tambm vivenciada% experimentada nas rela',es e vai% ao mesmo tempo%

    sendo constru$da a partir do que esses indiv$duos decidem afirmar% produ6ir% ou se#a% a

    partir de suas performatividades. 7nt/o% tanto o g0nero como a sexualidade s/o

    performativi6ados nas rela',es que o indiv$duo estabelece na sociedade. 2

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    performatividade do sexo e do g0nero no universo 5omossexual parece n/o agir dentro

    do que a sociedade espera. 7la em si e% por si mesma% uma ab#e'/o% um afronte% um

    ato subversivo.

    2 partir dos estudos da teoria queer apresentada por Aara Aali5 3CD1C4% Uudit5

    Jutler v0 a quest/o do g0nero como uma constru'/o que est" limitada pelos contextos

    social e cultural. O agenciamento do g0nero perpassa por cdigos e normas sociais

    ditadas pelos padr,es 5eterossexuais no que di6 respeito ao dese#o e 9 sexualidade.

    2inda que o g0nero se#a constru$do e performativo% os indiv$duos parecem responder

    mesmo que inconscientemente 9s expectativas sociais que s/o influenciadas por outros

    indiv$duos se#am amigos% familiares% dentre outros.

    8esse sentido parece 5aver uma ruptura% um desvio em alguns contextos

    5omossexuais onde se possibilita um agenciamento propositivo e consciente do g0nero

    e da sexualidade. 2o se afirmarem na diferen'a% na excentricidade os indiv$duos

    apresentam e se apresentam como possibilidade de sa$das% de escape 9 normalidade

    imposta pela naturali6a'/o da identidade de sexo e g0nero. 2o constitu$rem outras

    formas de ser esses atores presentificam sua sexualidade e seu g0nero performativo a

    partir de novos paradigmas% um novo et5os e outras refer0ncias estticas do ser ga).

    8a festa performam corpos n/o! identit"rios. 2 multiplicidade% a diferen'a% a

    ambiguidade inerentes 9s vidas dos atores festivos empreendem #eitos de ser e estar no

    mundo que desafiam as normas regulatrias da sociedade. 2 performatividade desses

    corpos em festa funciona% ent/o% como afirma'/o da prpria diferen'a e do estran5o que

    se locali6am dentro de uma sexualidade desviante.

    2 performatividade dos corpos como um agenciamento dos dese#os% da

    necessidade de se afirmar e afirmar um et5os e uma esttica da diferen'a constitui!se%

    assim% a partir do que Uudit5 Jutler c5amou de atos corporais subversivos. Ae o g0nero

    performativi6ado a partir das conven',es e regras sociais% a sexualidade ga) aponta paraa subvers/o% para a quebra e o desvio dessa convencionalidade irrompendo outros e

    novos modos de vida. Os corpos dos atores festivos parecem empreender uma

    performatividade prpria.

    7m conson+ncia com as ideias da pesquisadora Uoana Pla6o Pinto 3CDD4%

    apontamos a performatividade como um agenciamento do corpo frente 9s expectativas e

    demandas sociais% mas ao mesmo tempo% como seu eterno devir que expressa a

    potencialidade e as possibilidades de quebra com os binarismos% as origens pr!fixadas epr!estabelecidas no que tange ao g0nero% ao sexo e 9 sexualidade. :essa forma a

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    performatividade uma estrutura ambivalente como nos di6 Jutler 31FFH4% assim como

    os atores festivos.

    8/o s os corpos agem performativamente. 2 prpria no'/o de &festa no

    peda'o( performativa. 7sse territrio festivo sempre cambiante% nNmade% aportico.

    ada festa um acontecimento% portanto% sempre performativa. Aua performatividade

    est" na iterabilidade de seus atos e acontecimentos. &ada momento ;nico% presente e

    singular% de reali6a'/o de um ato% um momento #" acontecido% em acontecimento% a

    acontecer! essa a imbrica'/o que l5e permite a performatividade( 3PI8-O% CDD% p.F4.

    Ae cada festa um acontecimento particular% n/o se pode buscar a &ess0ncia( de

    todas as festas. 2ssim% em cada festa um instante se constri. 7m cada espa'o festivo se

    constituem marcas% rastros% registros que eterni6am e identificam aquele momento.

    Poder$amos ent/o pensar em identidades festivasY Ae admitirmos as identidades como

    performativas% talve6 sim. 2ssim como os corpos performati6am e agenciam atos e

    estratgias de exist0ncia e afirma'/o que se locali6am num determinado contexto do

    grupo% da coletividade% a festa tambm funciona como um territrio performativo onde

    tudo constru$do e agenciado em prol da comun5/o% do estar #unto e da celebra'/o

    tribal. O que n/o significa que tudo previamente estabelecido e pr!fixado a partir das

    intencionalidades e conven',es% pois a festa o prprio territrio do acontecimento% do

    inesperado% do imprevisto% das encru6il5adas. 2 festa e seus subterr+neos s/o territrios

    em devir por excel0ncia.

    2 performatividade #oga com a desordem e com a transgress/o% pois feitade atos. -alve6 possamos come'ar a pensar o que diferencia performance de

    performatividade% embora ambas se#am atravessadas pela linguagem% pelossignos. 2 performatividade desterritoriali6a e embaral5a todas as refer0ncias%

    pois tem em si o ato que em si% infame. >ma festa pode at conter em si umcomplexo de performances% massa s/o os atos corporais subversivos etransgressores que fa6em dela um espa'o de performatividade. 2 festa funde

    e confunde corpos% espa'os% rela',es% fluxos e dese#os. Potenciali6asociabilidades e inaugura a todo instante uma espcie de segunda vida

    perfomativa. 2 festa um complexo ritual cu#o #ogo marcado por uma certaludicidade% em que o tom da brincadeira e da alegria marcam a performancede um povo o festivo% anunciador do caos e fora da lei. 3P7-RO8IBIO% CD1%

    p.C4.

    ora#oso aquele que se #oga e se arrisca no espa'o da festa% no acontecimento

    festivo% pois a$ est" o risco% a encru6il5ada. 7sse acontecimento uma v"lvula de

    escape% uma sa$da. ? a desterritoriali6a'/o do lugar da ordem% da norma% do social. 2

    festa barul5enta% por isso instala o caos% a desordem% a orgia. Os atores festivos est/o

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    #ogando com suas diversas possibilidades de ser e se afirmar. O riso% a ludicidade% a

    euforia% as corporalidades que se fundem na festa s/o os substratos de todo esse

    acontecimento dionis$aco. 2 exalta'/o% o movimento% o caos se instalam e irrompem em

    novos modos de vida. 2 festa % por excel0ncia% o local de afirma'/o dessas vidas. idas

    caticas% vibrantes% alegres e errantes.

    CONSIDERA/ES FINAIS

    2 festa no &peda'o( se constitui a partir de suas performatividades e de seus

    atores. O espa'o festivo n/o apenas como lugar do puro divertimento. O ol5ar que aqui

    se delineou provoca outras percep',esK a festividade como acontecimento. 2 festa

    arquitetada% pensada para ser vivida% experimentada em suas dimens,es mais

    complexas. 2 festa uma viagem% um del$rio. 8a festa parecem irromper outros modos

    de vida% talve6 dito uma segunda realidade. :ilata',es de experi0ncias. -ransforma',es

    de corpos.

    Os corpos em festa se fundem% confundem e se performati6am. O corpo ali

    apresenta e se apresenta como agente nNmade% errante% aberto 9s novas experi0ncias. O

    corpo em festa um del$rio% um devaneio no tempo presente% por isso di6er que a$ se

    estabelece um acontecimento art$stico. >m corte art$stico no seio da cultura

    5omoafetiva. 2 festa % ao mesmo tempo% uma afirma'/o e um cont$nuum da vida. B" se

    desdobram modos de ser e agir. onstituem!se experi0ncias estticas que partem do

    cotidiano% mas o extrapola. O acontecimento festivo inaugura um espa'o de trocas

    afetivas% sinrgicas% corporais. 2 comun5/o coletiva o substrato principal dessas

    trocas.7m um tempo onde o individualismo insiste em imperar% reclamar e afirmar uma

    coletividade% um sentimento de perten'a 9 sua tribo % sen/o% uma atitude ousada com

    ares irreverentes. 7sses atores!su#eitos que a$ se exibem est/o 9 procura de si e do outro.

    2 festa o espa'o por excel0ncia da conviv0ncia% da troca% da rituali6a'/o das rela',es

    que se vive no cotidiano. :o cotidiano se extrai aquilo que esses atores s/o. 8a festa

    performam aquilo que dese#am% que necessitam e tornam!se outros. 2 festa o espa'o

    do acontecimento e a$ se #ogam corpos% afetos e sub#etividades. Portanto a festa sempre um devir e pode ser lida enquanto performance.

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