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PIEZOELETRICIDADE  UM BREVE ESTUDO DE CASO Bruno M. Peixoto 1 ; Bruno Paiva 2 ; Lucas Rafael Silva 3 Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG 1 [email protected]; 2  [email protected]; 3 [email protected]; R ESUMO: Com a necessidade de se alcançar a tecnologia para geração de energia limpa, surge a energia gerada a partir do movimento, seja de pessoas ou de carros, trens, aviões. P  ALAVRAS-CHAVE : Artigo. Piezoeletricidade, energia limpa.  ABSTRACT : With the need to achieve the technology for clean power generation, comes the energy generated from the movement, whether of people or cars, trains, planes. K EYWORDS: Paper. Piezoeletricity, clean energy.  _____________ 1 INTRODUÇÃO O paradigma energético global está em risco e exige uma alteração dramática (MENDES, 2011). Na literatura científica existem discussões a respeito da problemática gerada pelo uso indiscriminado dos recursos naturais não renováveis. Ferreira et al (2012), discute esse tema acrescentando ainda que, em traços gerais, pode afirmar-se que o mundo está dependente das fontes fósseis, que são limitadas e começam a dar sinais de escassez. Apresenta ainda três problemas que podem levar a sociedade a uma mudança de paradigma: a disponibilidade, o custo e os impactos associados aos mesmos. Desta forma, o grande desafio atual é conseguir iniciar um processo de mudança para energias mais limpas.  Assim, cresce a necessidade de se aproveitar energias desperdiçadas ou aumentar o foco em energias pouco utilizadas. Nessa linha, há a energia menos aproveitada e de maior geração, a energia do movimento. Pessoas, carros, Fukada et Yasuda (1957) descobriu que até mesmo ossos (apud COLOMBO et al, 1990) geram energia e parte pode ser convertida em eletricidade através da piezoeletricidade. De acordo com o dicionário etimológico o prefixo piezo vem do grego “piezein” que significa pressionar, logo piezoeletrecidade refere-se à carga gerada pela pressão realizada em certos materiais (FUZATO, 2011).  A piezeletricidade foi descoberta em 1880 por Pierre e Jacques Curie quando estudavam o efeito da pressão na geração de carga elétrica pelos cristais como quartzo, turmalina e sal de Rochelle. Ainda em 1880 publicaram a primeira demonstração experimental de uma ligação entre o fenômeno piezelétrico e a estrutura cristalizada. A sua experiência consistia numa medição das cargas que apareciam na superfície dos cristais preparados, que eram sujeitos a um grande stress mecânico.  A partir de 1917 a piezoeletricidade passou a ser utilizada, inicialmente como transdutores e eram compostos de quartzo e turmalina, até que foram substituídos por titânio e bário (FUZATO, 2011). 2 DESENVOLVIMENTO

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PIEZOELETRICIDADE – UM BREVE ESTUDO DE CASO 

Bruno M. Peixoto1; Bruno Paiva2; Lucas Rafael Silva3

Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG1

[email protected];2 [email protected];

[email protected];

R ESUMO: Com a necessidade de se alcançar a tecnologia para geração de energia limpa, surge a energia geradaa partir do movimento, seja de pessoas ou de carros, trens, aviões.P  ALAVRAS-CHAVE : Artigo. Piezoeletricidade, energia limpa.

 ABSTRACT : With the need to achieve the technology for clean power generation, comes the energy generated fromthe movement, whether of people or cars, trains, planes.K EYWORDS: Paper. Piezoeletricity, clean energy.

 ____________________________________________________________________________

1 INTRODUÇÃO 

O paradigma energético global está em risco e exige

uma alteração dramática (MENDES, 2011). Na

literatura científica existem discussões a respeito da

problemática gerada pelo uso indiscriminado dosrecursos naturais não renováveis. Ferreira et al

(2012), discute esse tema acrescentando ainda que,

em traços gerais, pode afirmar-se que o mundo está

dependente das fontes fósseis, que são limitadas e

começam a dar sinais de escassez. Apresenta ainda

três problemas que podem levar a sociedade a uma

mudança de paradigma: a disponibilidade, o custo e

os impactos associados aos mesmos. Desta forma, o

grande desafio atual é conseguir iniciar um processo

de mudança para energias mais limpas.

 Assim, cresce a necessidade de se aproveitar

energias desperdiçadas ou aumentar o foco em

energias pouco utilizadas. Nessa linha, há a energia

menos aproveitada e de maior geração, a energia do

movimento. Pessoas, carros, Fukada et Yasuda

(1957) descobriu que até mesmo ossos (apud

COLOMBO et al, 1990) geram energia e parte pode

ser convertida em eletricidade através da

piezoeletricidade.

De acordo com o dicionário etimológico o prefixo piezo

vem do grego “piezein” que significa pressionar, logo

piezoeletrecidade refere-se à carga gerada pela

pressão realizada em certos materiais (FUZATO,

2011).

 A piezeletricidade foi descoberta em 1880 por Pierre e

Jacques Curie quando estudavam o efeito da pressão

na geração de carga elétrica pelos cristais como

quartzo, turmalina e sal de Rochelle. Ainda em 1880

publicaram a primeira demonstração experimental de

uma ligação entre o fenômeno piezelétrico e a

estrutura cristalizada. A sua experiência consistia

numa medição das cargas que apareciam na

superfície dos cristais preparados, que eram sujeitos a

um grande stress mecânico.

 A partir de 1917 a piezoeletricidade passou a ser

utilizada, inicialmente como transdutores e eram

compostos de quartzo e turmalina, até que foram

substituídos por titânio e bário (FUZATO, 2011).

2 DESENVOLVIMENTO

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 Desde o início da década de 50 cerâmicas dotadas de

piezoeletricidade passaram a ser mais aplicadas e

atualmente, com o avanço das pesquisas em diversas

instituições, surgem as nanotecnologias, ampliando

ainda mais a gama de aplicações dessa tecnologia.

 A figura 7 (a) mostra um modelo molecular simples,

explicando a polarização elétrica como resultado de

uma forca sobre o material. Antes de o material ser

submetido a uma forca externa, o centro de gravidade

das cargas positivas e das cargas negativas, em cada

molécula coincidem, fazendo com que o efeito das

cargas positivas e das cargas negativas seja

cancelado mutuamente.

Como resultado, é obtida uma molécula eletricamente

neutra. Quando e exercida pressão sobre o material, a

estrutura molecular sofre uma deformação, causando

a separação dos centros de gravidade das cargas

positivas e das cargas negativas gerando pequenos

dipolos (Figura 7 (b)). Os pólos internos do material

são mutuamente cancelados e uma distribuição de

cargas é gerada na superfície do material (Figura 7(c)

). Neste caso o material diz-se polarizado. Esta

polarização gera um campo elétrico que pode ser

usado na transformação da energia mecânica, através

da deformação do material, para energia elétrica.

(BARON, 2011).

Figura 1: - Modelo molecular simples para explicação do

efeito piezoelétrico; a) Molécula não perturbada; b) Molécula

sujeita a uma forca externa, e c) Efeito de polarização na

superfície do material (BARON 2011)

Existe já disponível na literatura exemplos de

aplicações da geração de energia piezoelétrica

através da instalação em estradas, como no caso da

empresa Innowattech, descrita por Ferreira et al

(2012), que em parceria com o IIT (Israel Institute ofTechnology) se encontrava em fase avançada de

desenvolvimento na época da publicação. O projeto foi

realizado num trecho de 10 metros de comprimento,

de uma estrada em Haifa, Norte de Israel. No projeto,

os geradores piezoelétricos possuem 5,5 cm de

espessura e foram colocados na camada compacta do

asfalto, a 6 cm do nível superior da estrada. O projeto

era composto por duas linhas paralelas de geradores

colocados ao longo de 10m da estrada (FERREIRA et

al, 2012). Esta mesma empresa possui projetos

também em aeroportos.

3 APLICAÇÃO 

No caso do piso piezoelétrico, não foram encontradas

descrições de seu funcionamento na literatura

científica, embora o princípio seja o mesmo.

Em abril de 2010, a revista da Universidade EstadualPaulista (UNESP), publicou um texto onde dizia que

pelos menos duas empresas estrangeiras oferecem o

que vem sendo chamado de “piso gerador  de energia”

e pode ser usado em locais por onde passam

diariamente uma grande quantidade de pessoas,

automóveis, trens e até aviões. Trata-se de placas de

cerâmicas enriquecidas com nanomateriais

piezoelétricos.

 Ainda, de acordo com a revista da UNESP, a energia

gerada por esse impacto é então capturada para

alimentar lâmpadas, painéis luminosos ou qualquer

outro dispositivo elétrico ou eletrônico. A empresa

 japonesa Soundpower realizou testes em duas

estações de trens de Tóquio, por onde passam cerca

de 2,4 milhões de pessoas por semana. Ainda em

2008, uma casa noturna em Londres e outra em

Roterdã (Holanda) começaram a aproveitar a

animação de seus clientes na pista de dança,

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 equipada com um piso piezoelétrico, para iluminar a

própria pista.

Segundo informações da Soundpower, um único

passo de um adulto de 60 quilos no chão gerador de

energia gera em média 0,1 watt; a Innowattech diz que

um quilômetro de pista, sob tráfego intenso, pode

produzir cerca de 200 quilowatts por hora (o suficiente

para alimentar uma casa por um mês).

No Brasil, dois cientistas da Unesp se dedicam a

estudar a nova tecnologia, com o objetivo de

desenvolver um produto nacional. A busca por um

material mais flexível, durável e barato é o foco dos

pesquisadores. Isso se deve ao fato de que a

cerâmica empregada no produto, geralmente o

titanato zirconato de chumbo, precisa se deformar

com a pressão mecânica e ser capaz de voltar ao

estado inicial uma vez cessado o estímulo –  é nesse

movimento que se gera energia, mas com o uso, o

material vai perdendo essa maleabilidade.

 A revista relata ainda que há a possibilidade de se

utilizar polímeros na mistura de fabricação da

cerâmica a fim aumentar sua flexibilidade tanto quanto

reduzir os custos. Em laboratório, o material obtido até

agora, quando pressionado pelos dedos do

pesquisador, foi capaz de acender um LED.

O material não precisa ficar na superfície do solo o

que torna o material apto a ser aplicado em condições

severas. Os pesquisadores estimam que o dispositivo

se manteria operante mesmo sob temperaturas

inferiores a 0º C e sob água, como no caso de uma

enchente, por exemplo.

4 CONCLUSÃO

Quanto ao processo de fabricação da cerâmica e seus

componentes, são utilizados produtos de alta

tecnologia, exigindo um maior controle no processo de

fabricação e matéria prima de alta qualidade.

O uso de materiais piezoelétricos tem crescido nos

últimos anos e está expandindo rapidamente. Sua

habilidade de converter a energia mecânica em

energia elétrica sem causar muitos impactos faz

desses materiais uma das grandes promessas para a

obtenção de energia, devido as suas propriedades.

REFERÊNCIAS 

BARON, L. C. Materiais Piezoelétricos. MORA, N. D.,FENNER J., MARAN M. A. Compêndio de Trabalhosde Materiais Elétricos. UNIOESTE, Foz do Iguaçu,2011. Disponível em: http://goo.gl/cCG0YB.  Acessoem 10 de novembro de 2013.

COLOMBO, S. J.M.; DUARTE L.R.; SILVA JUNIORN.F. Efeitos da variação da intensidade acústica naconsolidação ultrassônica de fraturas experimentais.1990. Disponível em: http://goo.gl/y9hzkp. Acesso em

09 de novembro de 2013.

FERREIRA, A. C.; OLIVEIRA, J.; RAMOS, R. A. R.Tecnologias sustentáveis para a produção de energiaa partir de estradas. 2012. Disponível em:http://goo.gl/gwzV6o.  Acesso em 09 de novembro de2013.

FUZATO, G. H. F.; MACHADO, R. Q.Desenvolvimento de um conversor Flyback aplicado aum atuador piezoelétrico. 2011. 71 p. Escola deEngenharia de São Carlos  – USP, São Carlos, 2011.Disponível em: http://goo.gl/9rPIFZ. Acesso em 10 de

novembro de 2013.

Universidade Estadual Paulista "Júlio de MesquitaFilho"  –  UNESP. Revista Unesp Ciência. São Paulo:UNESP, 2010. Disponível em: http://goo.gl/VtK92G. 

 Acesso em 10 de novembro de 2013.