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Sumário

Escarificação do solo e sulcadores em semeadora para cultivo de milho em planossolos Influência de manejos do solo em rotação milho-soja em área de arroz irrigado Propriedades do solo no sulco de semeadura em planossolos sob mobilização mecânica para culturas em rotação com arroz irrigado

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Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

Escarificação do solo e sulcadores em semeadora para cultivo de milho em Planossolos

Robson Giacomeli(1), Enio Marchesan(1), Gerson Meneghetti Sarzi Sartori(1), Gabriel Donato(1), Paulo Regis Ferreira da Silva(2), Douglas Rodrigo Kaiser(3) e Bruno Behenck Aramburu(1)

(1)Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Fitotecnia, Avenida Roraima, no 1.000, Camobi, CEP 97105‑900 Santa Maria, RS, Brasil. E‑mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] (2)Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Plantas de Lavoura, Avenida Bento Gonçalves, no 7.712, CEP 91540‑000 Porto Alegre, RS, Brasil. E‑mail: [email protected] (3)Universidade Federal da Fronteira Sul, Curso de Agronomia, Rua Jacob Reinaldo Haupenthal, no 1.580, CEP 97900‑000 Cerro Largo, RS, Brasil. E‑mail: [email protected]

Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar a escarificação mecanizada do solo e diferentes sulcadores, em semeadora, para cultivo de milho em Planossolos. Dois experimentos foram realizados em campo, em dois locais: Santa Maria e Formigueiro, RS. Um delineamento experimental de blocos ao acaso foi utilizado, com quatro repetições e tratamentos de escarificação do solo (ESC) e semeadura direta, com os seguintes sulcadores: haste sulcadora (HS), haste sulcadora e mecanismo de acomodação do sulco (HAS), disco duplo desencontrado (DD)  e disco ondulado  (DO). Em Santa Maria,  foi  adicionado o  tratamento  semeadura  em camalhão  com haste  (CA).  Os  seguintes  parâmetros  foram  avaliados:  densidade,  porosidade  e macroporosidade  do  solo; resistência do solo à penetração mecânica (RP); distribuição do sistema radicular; e produtividade de grãos. Em Formigueiro, os tratamentos ESC, HS e HAS resultaram em menor densidade e maior macroporosidade do solo, nas camadas de 0,05–0,10 e 0,10–0,20 m. A RP foi menor no tratamento ESC e no sulco da HS até 0,15 m, onde as raízes se desenvolveram melhor. A produtividade de grãos de milho em Planossolos é maior quando a semeadura é realizada sobre camalhão, solo escarificado ou semeadura direta, com haste sulcadora na semeadora.

Termos  para  indexação:  Zea mays,  camada  compactada,  camalhão,  haste  sulcadora,  rotação  de  culturas, semeadura direta.

Deep tillage and furrow opener seeders for corn cropping in PlanosolsAbstract – The objective this work was to evaluate deep tillage and different furrow opener seeders for growing corn in Planosols. Two experiments were carried out in the field, in two different locations: Santa Maria and Formigueiro, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. A randomized complete block experimental design was used, with four replicates, and treatments of deep tillage (DP) and no‑till, using different seed‑furrow openers: shank (SH); shank plus furrow accommodation mechanism (SHA); double disk (DD); and notched disk (ND). In Santa Maria, the raised‑bed treatment using shank was added (RBS). The following parameters were evaluated: soil bulk density, porosity, and macroporosity; soil penetration resistance (RP); root system distribution; and grain yield.  In Formigueiro,  the DP, SH, and SHA treatments  resulted  in  lower bulk density and higher soil macroporosity in the 0.05–0.10 and 0,10–0.20‑m soil depths. The RP was lower in the DP treatment and in the furrow of the SH treatment until 0.15 m, where roots developed better. Corn grain yield in Planosols is greater when sowing is carried out using raised bed, deep tillage, or no‑till using shank in the seeder.

Index terms: Zea mays, soil compaction layer, raised seedbed, shank, crop rotation, no‑till.

Introdução

Na metade  sul,  do  Estado  do Rio Grande  do  Sul, predominam  os  Planossolos  nas  planícies  aluviais,  o que abrange aproximadamente três milhões de hectares (Bamberg  et  al.,  2009)  que  apresentam  horizonte  B adensado  e  praticamente  impermeável  (Pinto  et  al., 2004).  Nesses  solos,  as  principais  culturas  agrícolas 

são o arroz irrigado por inundação, na primavera‑verão, e  pastagem  com  azevém  no  outono‑inverno  e,  em decorrência  do  monocultivo  do  arroz,  o  número  de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle por herbicidas tem aumentado (Matzenbacher et al., 2013; Schaedler et al., 2013).A  rotação  de  culturas  é  uma  prática  agrícola 

importante  no  controle  de  plantas  daninhas,  pois 

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262 R. Giacomeli et al.

Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016 DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

reduz o banco de sementes delas (Andres et al., 2001). Nesse contexto, a cultura do milho é uma alternativa para ser utilizada em rotação com arroz irrigado, pois, além  de  auxiliar  o  controle  de  plantas  daninhas  e  a quebra  do  ciclo  de  doenças  e  pragas,  contribui  para a  melhoria  das  propriedades  físicas  e  químicas  dos solos  cultivados  com  arroz  irrigado  (Vernetti  Junior et al., 2009). No entanto, o milho apresenta dificuldade de  adaptação  às  condições  físicas  dos  Planossolos, em  razão  da  elevada  densidade,  aeração  deficiente, baixa  condutividade  hidráulica  e  capacidade  de armazenamento  de  água  (Pinto  et  al.,  2004).  Além disso,  os  preparos  sucessivos  para  a  semeadura  do arroz irrigado, muitas vezes em condições de elevado conteúdo de água no solo, contribuem para o processo de compactação desses solos (Moraes et al., 2013).A  realização  de  práticas  agrícolas  antes  e  no 

momento  da  semeadura  pode  auxiliar  a  redução  da compactação  de  parte  da  camada  compactada  e  a drenagem  dos  Planossolos  cultivados  com  arroz. Os  mecanismos  de  deposição  do  fertilizante  na semeadora‑adubadora – como o disco duplo, o disco ondulado e a haste sulcadora – influenciam diretamente o desenvolvimento da  cultura  (Drescher  et  al.,  2011; Modolo  et  al.,  2013). A  escarificação  do  solo,  antes da  semeadura,  também  pode  ser  uma  alternativa para minimizar o efeito da compactação e diminuir a densidade e a resistência do solo à penetração de raízes (Colet  et  al.,  2009). A  semeadura  sobre  camalhão  é outra alternativa que auxilia a drenagem superficial da água e pode viabilizar o desenvolvimento de culturas de sequeiro, em áreas anteriormente cultivadas apenas com a cultura do arroz (Fiorin et al., 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar a escarificação 

mecanizada  do  solo  e  diferentes  sulcadores  em semeadora, para cultivo de milho em Planossolos.

Material e Métodos

Dois  experimentos  foram  realizados  em  campo, no ano agrícola 2013/2014, na região ecoclimática da Depressão Central, do Estado do Rio Grande do Sul. O clima é caracterizado como subtropical úmido (Cfa), segundo a classificação de Köeppen‑Geiger, adaptado por Alvares et al. (2013), sem estação seca definida, e com precipitação média de 1.616 mm ao ano. Os dados de precipitação pluvial e de  temperatura média do ar 

da safra agrícola de 2013/2014 estão apresentados na Figura 1. O primeiro experimento foi conduzido no município 

de Santa Maria, a 29º43'S, 53º43"W e 90 m de altitude. O solo é classificado como Planossolo Háplico eutrófico arênico, pertencente à unidade de mapeamento Vacacaí (Santos  et  al.,  2013),  com  0,4  m  de  horizonte A,  e com as seguintes características químicas e físicas na camada de 0,0–0,20 m: pH (H2O 1:1), 5,3; saturação por bases, 62,7%; Al, 0,3 cmolc dm‑3; Ca, 5,0 cmolc dm‑3; Mg,  2,3  cmolc dm‑3; K,  60,0  cmolc dm‑3;  P,  extração em Mehlich,  14,4  cmolc dm‑3;  S,  9,9 Mg  dm‑3; MO, 19,0 Mg  dm‑3;  densidade  de  partícula,  2,54 Mg m‑3; capacidade de campo, 0,30 m3 m‑3; e ponto de murcha permanente, 0,12 m3 m‑3. A textura do solo nas camadas 0,0–0,5,  0,05–0,10,  0,10–0,20  e  0,20–0,30  m  era, respectivamente, de: areia, 232, 217, 213, 230 g kg‑1; silte,  593,  598,  596  e  586  g  kg‑1;  e  argila,  175,  185, 191 e 183 g kg‑1. A área encontrava‑se  sistematizada em cota zero e  recebeu calagem com 3,5 Mg ha‑1 de calcário, 45 dias antes da semeadura do milho. Nessa área,  cultivou‑se  soja  na  safra  anterior  (2012/2013) e,  antes  da  soja,  cultivou‑se  arroz  (2011/2012);  nas entressafras,  cultivou‑se  azevém. Após  a  colheita  do arroz, realizou‑se o último preparo, constituído de duas gradagens e aplainamento.Utilizou‑se o delineamento experimental de blocos 

ao  acaso  com  quatro  repetições,  e  os  tratamentos testados foram: semeadura de milho, com semeadora equipada  com  discos  duplos,  em  área  escarificada 45 dias antes da semeadura, à profundidade de 0,25 m, com hastes espaçadas a 0,35 m (ESC); semeadura do milho, com semeadora equipada com haste sulcadora regulada  para  a  profundidade  de  0,18  m  (HS); semeadura  do  milho,  com  semeadora  equipada  com haste sulcadora, regulada para a profundidade de 0,15 m, com mecanismo de acomodação do sulco  (HAS); semeadura  do  milho,  com  semeadora  equipada  com disco  ondulado  de  12  ondas,  com  profundidade  de trabalho  de  0,08 m  (DO);  semeadura  do milho,  com semeadora equipada com disco duplo desencontrado, com  profundidade  de  trabalho  de  0,10  m  (DD);  e semeadura  do  milho,  com  semeadora  equipada  com mecanismo para construção do microcamalhão, e com haste  sulcadora  com  profundidade  de  0,13  m  (CA), que  construiu  o  microcamalhão  e,  simultaneamente, realizou a semeadura.

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Escarificação do solo e sulcadores em semeadora 263

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A  escarificação  foi  realizada  com  o  solo  em consistência  friável,  com  escarificador  de  5  hastes, espaçadas  em  0,35  m;  posteriomente,  foi  realizada a  gradagem  para  destorroar  e  uniformizar  o  solo. Nos tratamentos ESC, HS, HAS, DD e DO, utilizou‑se semeadora‑adubadora pantográfica com seis linhas, com espaçamento de 0,50 m, com rodas limitadoras de profundidade e massa aproximada de 2,3 Mg, marca Massey Ferguson, modelo MF 407, tendo‑se utilizado o disco de corte liso para palha, de 0,47 m de diâmetro, com  exceção  do  DO,  em  que  tanto  para  o  corte  da palha quanto para abertura do sulco para deposição do fertilizante, foi utilizado disco ondulado de 12 ondas, com 0,47 m de diâmetro. As hastes utilizadas mediam 0,41  m  de  comprimento,  0,0127  m  de  largura  e 0,0257 m de largura da ponteira, com ângulo de ataque de  14º,  e  os  discos  duplos  desencontrados  mediam 0,40 e 0,39 m de diâmetro. O sistema de acomodação do sulco, no  tratamento HAS, consistiu de uma  roda de ferro sobre o sulco de semeadura, posterior à haste sulcadora,  e  anterior  aos mecanismos  de  semeadura. Para o tratamento com camalhão, utilizou‑se semeadora camalhoneira  com  seis  linhas  em  espaçamento de  0,50  m  e  massa  aproximada  de  3,7  Mg,  marca Industrial KF, modelo Hyper Plus, composta por  três aivecas  responsáveis  pela  formação  dos  camalhões, com duas  linhas  de  cultivo,  posicionadas  à  borda  de 

cada  elevação  com  altura  de  0,10  m  em  relação  ao nível anterior do solo.Nesse  experimento,  a  semeadura  do  milho  foi 

realizada no dia 07 de novembro de 2013. Em razão da baixa emergência de plantas, causada por precipitações superiores a 200 mm após a semeadura, nova semeadura foi realizada no dia 30 de novembro, no mesmo local. A adubação de base constituiu‑se de 40 kg ha‑1 de N, 80 kg ha‑1 de P2O5 e 80 kg ha‑1 de K2O e, deste total, 30% foram aplicados na segunda semeadura. Durante a condução do experimento, foi feita uma irrigação por superfície, com lâmina de 54 mm de água, no dia 26 de dezembro de 2013, pois, o conteúdo de água do solo era inferior a 50% da capacidade de campo.O segundo experimento foi realizado no município 

de Formigueiro, a 30º04'S, 53º37'W e 77 m de altitude. O  solo  foi  classificado  como  Planossolo  Háplico eutrófico típico, pertencente à unidade de mapeamento São  Gabriel  (Santos  et  al.,  2013),  com  0,25  m  de horizonte A  e  as  seguintes  características  químicas  e físicas  na  camada  de  0,0–0,2 m:  pH  (H2O  1:1);  5,3, saturação  por  bases;  77,3%; Al,  0,9  cmolc dm‑3;  Ca, 10,5 cmolc dm‑3; Mg, 8 cmolc dm‑3; K, 112 cmolc dm‑3; P, extração em Mehlich, 2,2 cmolc dm‑3; S, 15 Mg dm‑3; MO, 16,0 Mg dm‑3; densidade de partícula 2,57 Mg m‑3; capacidade de campo, 0,30 m3 m‑3; e ponto de murcha permanente,  0,09  m3 m‑3.  A  textura  do  solo  nas camadas 0,0–0,5, 0,05–0,10, 0,10–0,20 e 0,20–0,30 m era  respectivamente:  areia,  250,  238,  205,  98  g  kg‑1; silte, 460, 454, 429 e 422 g kg‑1; e argila, 290, 308, 366 e 480 g kg‑1.A  área  de  instalação  do  experimento  foi  cultivada 

com forrageiras e pastejada por bovinos nos seis anos anteriores.  Os  tratamentos  foram  iguais  aos  testados em  Santa Maria,  com  exceção  da  escarificação,  que foi  realizada  no  dia  da  semeadura  e  à  profundidade dos  discos  duplos  no  tratamento  DD  (0,08m)  e  dos discos ondulados no tratamento DO (0,06 m). Não se avaliou o tratamento CA, pelo fato de a área apresentar declividade de 2%. A semeadura do milho foi realizada no dia 05 de novembro de 2013, com adubação de base de 30 kg ha‑1 de N, 60 kg ha‑1 de P2O5 e 60 kg ha‑1 de K2O.Em  ambos  os  experimentos,  utilizou‑se  o  híbrido 

30F53YR  da  Pioneer,  com  densidade  de  semeadura de  oito  plantas  por  metro  quadrado.  A  adubação nitrogenada  de  cobertura  foi  realizada  nos  estádios fenológicos  V5  e  V8,  de  acordo  com  a  escala  de 

Figura 1. Precipitação pluvial e temperatura média do ar, na safra agrícola de 2013/2014, em Santa Maria, e precipitação em  Formigueiro,  durante  o  desenvolvimento  da  cultura do  milho.  VT  FO,  data  de  pendoamento  do  milho  em Formigueiro; VT SM, pendoamento em Santa Maria .

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264 R. Giacomeli et al.

Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016 DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

Herman (1993), com a utilização de 75 kg ha‑1 de N, em cada aplicação, na forma de ureia. Os demais tratos culturais foram realizados conforme as recomendações técnicas para a cultura (Reunião..., 2013).Aos  60  dias  após  a  semeadura,  as  amostras  de 

solo foram coletadas e as seguintes variáveis do solo foram  determinadas:  densidade,  porosidade  total, macroporosidade  e  microporosidade,  pela  coleta  de amostras  de  solo  com  estrutura  preservada  no  sulco de semeadura, com uma repetição para cada parcela, nas  camadas  de  0,00–0,05,  0,05–0,10,  0,10–0,20  e 0,20–0,30 m, com anéis de 0,04 m de altura e 0,04 m de diâmetro, com o método da mesa de tensão para as porosidades (Donagema et al., 2011).Nos  tratamentos  ESC,  HS  e  DD,  nos  dois 

experimentos,  determinou‑se  a  resistência  do  solo à  penetração mecânica,  na  camada de 0,0–0,3 m,  no estádio VT, com penetrógrafo digital da marca Falker, modelo penetroLOG ‑ PLG 1020 (Falker Automação, Porto  Alegre,  RS),  em  oito  pontos  por  parcela. Esses  pontos  foram  dispostos  perpendicularmente às  linhas  de  semeadura  e  equidistantes  em  0,167 m, seis  nas  entrelinhas  e  dois  nos  sulcos  de  semeadura, o  que  totalizou  1,36  m  na  largura  das  parcelas. As leituras foram realizadas em todas as repetições e, posteriormente, calculou‑se a média para cada camada de 0,01 m, em cada tratamento, para a confecção dos gráficos.  No  momento  das  avaliações,  determinou‑se  o  conteúdo  de  água  gravimétrico  nos  mesmos tratamentos  que,  posteriomente,  foi  corrigido  para conteúdo  volumétrico  nas  camadas  0,0–0,1,  0,1–0,2 e  0,2–0,3  m  e,  em  seguida,  calculou‑se  a  média  na camada 0–30 m. Nos mesmos tratamentos e estádio, no experimento de Santa Maria, avaliou‑se a distribuição do sistema radicular do milho, por meio de abertura de trincheira  perpendicular  a  duas  linhas  de  semeadura. As raízes foram expostas e fotografadas com quadro de 1 x 0,40 m, composto por quadrículas de 0,05x0,05 m, e  as  raízes  de  cada  quadrícula  foram  posteriormente desenhadas, de acordo com metodologia adaptada de Reichert et al. (2009).Nos estádios V5 e VT, avaliou‑se a estatura de planta 

e  a  produtividade  de  massa  de  matéria  seca  (MS). Para  a  determinação  de  estatura,  mediram‑se  cinco plantas por unidade experimental, na segunda linha de semeadura. No estádio V5, estendeu‑se a última folha, que foi medida até a ponta e, em VT, mediu‑se até a inserção da última folha. Para a determinação da MS, 

cinco  plantas  foram  secas  em  estufa,  à  temperatura de 65°C, até a obtenção de massa constante, tendo‑se estimado a MS por hectare (MS × população de plantas por  hectare). A  produtividade  de  grãos  foi  estimada pela colheita das espigas de milho em 7,5 m² de cada unidade  experimental. Após  a  colheita,  realizou‑se  a trilha, a pesagem e a retirada de impurezas dos grãos, a correção da umidade para 13% e a transformação dos resultados para Mg ha‑1.

Os dados foram submetidos ao teste das pressuposições  do modelo matemático:  normalidade, pelo  teste  de  Shapiro‑Wilk;  e  homogeneidade  das variâncias, pelo teste de Bartlett. A análise da variância foi realizada com o teste F e, quando significativas, as médias  foram comparadas pelo  teste de Tukey, a 5% de probabilidade, com o auxílio do programa Assistat, versão  7.7  beta  (Universidade  Federal  de  Campina Grande, Campina Grande, PB).

Resultados e Discussão

No  experimento  de  Formigueiro,  a  densidade  do solo no sulco de semeadura foi reduzida em 12%, nos tratamentos ESC, HAS e HS, nas camadas 0,05‒0,10 e 0,10–0,20 m, o que resultou em aumento de 18% da porosidade total e 58% da macroporosidade (Tabela 1). Em  Santa Maria,  a  densidade  do  solo,  a  porosidade total e a macroporosidade foram similares. Essa maior resposta em Formigueiro está associada à compactação nessa  área,  proporcionada  pelos  animais  nos  anos anteriores,  enquanto,  em  Santa  Maria,  a  densidade natural do solo é maior em consequência do menor teor de argila, em comparação à Formigueiro (Marcolin & Klein, 2011). Além disso, a  ressemeadura no mesmo sulco de  semeadura,  realizada em Santa Maria, pode ter  contribuído  para  reduzir  as  diferenças  obtidas nesses atributos, pois houve o efeito dos tratamentos, nas duas vezes.Em Santa Maria, os tratamentos DO e DD atingiram 

profundidade  de  0,08  e  0,10  m,  respectivamente  e, em  Formigueiro,  essas  profundidades  foram  de  0,06 e  0,08 m,  respectivamente  (Figura  2). Este  resultado é  explicado  como  decorrente  do  uso  do  disco  de corte  ondulado  de  12  ondas,  que  possibilita  maior mobilização do solo e, desta forma, exige maior força vertical para atingir maior profundidade (Silva et al., 2012), ou seja, maior massa por linha do que o disco duplo.

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Escarificação do solo e sulcadores em semeadora 265

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Tabela 1. Densidade, porosidade total, macroporosidade e microporosidade do solo no sulco de semeadura, nas camadas de 0,0‒0,05, 0,05–0,10, 0,10‒0,20 e 0,20–0,30 m, em dois experimentos de escarificação mecanizada do solo e diferentes sulcadores em semeadora, para o cultivo de milho em Planossolo(1).

Camada Tratamento Média CV (%)(m) ESC HAS HS DO DD CA

‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Santa Maria ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑Densidade do solo (Mg m‑3)

0,00‒0,05 1,19ns 1,28 1,27 1,28 1,24 1,25 1,25 5,260,05–0,10 1,42ns 1,37 1,35 1,47 1,49 1,46 1,43 6,020,10‒0,20 1,54ns 1,49 1,45 1,53 1,57 1,41 1,50 4,740,20–0,30 1,63ns 1,58 1,56 1,64 1,62 1,55 1,60 3,59

Porosidade total do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,53ns 0,50 0,50 0,50 0,51 0,51 0,51 4,950,05–0,10 0,44ns 0,46 0,47 0,43 0,42 0,43 0,44 7,970,10‒0,20 0,40ns 0,42 0,43 0,40 0,38 0,45 0,41 6,860,20–0,30 0,36ns 0,38 0,39 0,36 0,36 0,39 0,37 6,15

Macroporosidade do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,27ns 0,24 0,25 0,22 0,26 0,25 0,25 15,880,05–0,10 0,19ns 0,23 0,21 0,18 0,17 0,19 0,20 19,960,10‒0,20 0,15ns 0,17 0,18 0,15 0,15 0,21 0,17 28,040,20–0,30 0,09ns 0,11 0,13 0,11 0,11 0,11 0,11 26,06

Microporosidade do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,27ns 0,26 0,25 0,28 0,26 0,26 0,26 10,230,05–0,10 0,25ns 0,23 0,26 0,24 0,24 0,24 0,24 7,910,10‒0,20 0,25ns 0,25 0,25 0,25 0,23 0,24 0,25 12,020,20–0,30 0,27ns 0,27 0,26 0,25 0,25 0,28 0,26 8,94

‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Formigueiro ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑Densidade do solo (Mg m‑3)

0,00‒0,05 1,15ns 1,23 1,24 1,19 1,34 ‑ 1,15 7,100,05–0,10 1,28c 1,38bc 1,31bc 1,50ab 1,52a ‑ 1,28 6,620,10‒0,20 1,38ab 1,32b 1,31b 1,54a 1,53a ‑ 1,38 6,200,20–0,30 1,33ns 1,30 1,26 1,37 1,34 ‑ 1,33 5,60

Porosidade total do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,55ns 0,52 0,51 0,53 0,47 ‑ 0,52 6,580,05–0,10 0,50a 0,46ab 0,49a 0,41ab 0,40b ‑ 0,45 7,850,10‒0,20 0,46ab 0,48a 0,49a 0,40b 0,40b ‑ 0,45 7,730,20–0,30 0,48ns 0,49 0,49 0,46 0,47 ‑ 0,48 6,07

Macroporosidade do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,24ns 0,24 0,23 0,24 0,17 ‑ 0,24 23,570,05–0,10 0,16ab 0,17ab 0,21a 0,11b 0,11b ‑ 0,22 30,810,10‒0,20 0,16ns 0,17 0,15 0,10 0,11 ‑ 0,15 26,190,20–0,30 0,06ns 0,11 0,14 0,05 0,06 ‑ 0,14 54,81

Microporosidade do solo (m3 m‑3)0,00‒0,05 0,31ns 0,28 0,28 0,29 0,31 ‑ 0,29 10,900,05–0,10 0,33ns 0,29 0,28 0,30 0,29 ‑ 0,29 10,940,10‒0,20 0,30ns 0,32 0,34 0,30 0,29 ‑ 0,30 12,000,20–0,30 0,42ns 0,38 0,37 0,41 0,41 ‑ 0,31 16,47(1)Médias seguidas por letras iguais, na linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. nsNão significativo. Tratamentos: ESC, es‑carificação do solo e semeadura com disco duplo; HAS, semeadura direta com haste sulcadora e mecanismo de acomodação do sulco na semeadora; HS, semeadura direta com haste sulcadora na semeadora; DD, semeadura direta com disco duplo desencontrado na semeadora; DO, semeadura direta com disco ondulado; e CA, semeadura direta com haste sulcadora e construção concomitante de microcamalhão em Santa Maria.

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Figura 2. Distribuição da resistência do solo à penetração mecânica perpendicular aos sulcos de semeadura, com penetrógrafo digital da marca Falker, modelo penetroLOG ‑ PLG 1020: (A, B) em solo escarificado a 0,25 m de profundidade e semeadura com disco duplo na semeadora; (C, D) semeadura direta com haste sulcadora com profundidade de 0,18 m; e (E, F) semeadura direta com disco duplo desencontrado, com profundidade de 0,10 m, em Santa Maria, e 0,08 m em Formigueiro. Santa Maria (A, C, E) e Formigueiro (B, D, F), conteúdo de água do solo de 0,29 e 0,18 m3 m‑3, respectivamente, na média da camada de 0,0–0,30 m.

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Em  Formigueiro,  a  densidade  do  solo  nos tratamentos  DD  e  DO  foi  superior  a  1,50  Mg  m‑3, enquanto nos demais tratamentos, ela ficou abaixo de 1,38 Mg m‑3, nas camadas 0,05–0,10 e 0,10–0,20 m, no sulco de semeadura. Essa maior densidade, nesses dois tratamentos, evidencia que esses mecanismos não foram  eficazes  para  reduzir  o  aumento  de  densidade proveniente do pisoteio de animais na área, durante os seis anos que antecederam a instalação do experimento. Resultados  semelhantes  foram  encontrados  por Collares  et  al.  (2011),  que  observaram  aumento  da densidade  e  redução  da  macroporosidade,  em  áreas que utilizam o sistema de integração lavoura‑pecuária, e  por Modolo  (2013),  em  solo  compactado  por  alta lotação de animais, em que o uso de sulcador do tipo disco duplo não  foi  suficiente para  reduzir os efeitos da  compactação,  em  comparação  ao  uso  da  haste sulcadora.Em  ambos  os  experimentos,  os  sulcadores 

mobilizaram  o  solo  na  camada  mais  superficial (0,00–0,05  m),  em  que  as  variáveis  físicas  do  solo foram similares (Tabela 1). Além disso, essa camada é influenciada pelas ações biológicas, desenvolvimento radicular  e  ciclos  de  umedecimento  e  secagem, processos estes que favorecem a agregação do solo e, consequentemente, a redução da densidade (Six et al., 2004). Na camada mais profunda (0,20–0,30 m), não houve  diferença  significativa  entre  os  tratamentos avaliados quanto aos atributos físicos do solo.A  RP  foi  determinada  à  umidade  de  0,29  e 

0,18 m3 m‑3, em Santa Maria e Formigueiro, respectiva‑mente,  na  média  da  camada  de  0,0–0,3  m,  e  foi igual  nos  tratamentos  em  que  a RP  foi  determinada. As maiores variações RP em Formigueiro (Figura 2), em  comparação  a  Santa  Maria,  estão  relacionadas ao  manejo  anterior  dessa  área,  onde  os  bovinos promoveram  o  adensamento  do  solo,  nas  safras anteriores. Além disso, o menor conteúdo de água no solo, em Formigueiro, pode ter favorecido as maiores diferenças  nesse  experimento.  Reichert  et  al.  (2009) encontraram  RP  similar,  em  manejos  de  solo  com conteúdo de  água próximo de 0,25 m3 m‑3,  enquanto com conteúdo de água próximo a 0,15 m3 m‑3, a RP, para o plantio direto, foi maior do que em solo escarificado. A RP tem grande variação com a mudança do conteúdo de água do solo  (Bengough et al., 2006; Assis et al., 2009),  pois  a  água  reduz  o  atrito  entre  as  partículas (Assis et al., 2009).

Nos  dois  experimentos,  o  tratamento  ESC proporcionou  valores menores  de RP,  em  todo  perfil do solo até profundidade de 0,20 m, e  foi menor em superfície  e  maior  em  profundidade  (Figuras  2). Nos tratamentos HS e DD, observou‑se menor RP no sulco  de  semeadura,  porém,  no HS,  essa  redução  de RP ocorreu até 0,18 m, em ambos os solos, enquanto no DD houve redução até 0,10 e 0,08, em Santa Maria e Formigueiro, respectivamente.O  padrão  de  distribuição  do  sistema  radicular 

foi  semelhante  ao  da  variável  RP  (Figura  3). Nos  tratamentos  ESC  e  HS,  as  raízes  atingiram profundidade  de  0,25  m,  porém  no  ESC  elas  se distribuiram  mais  uniformemente  e,  no  HS,  elas  se concentraram no  sulco de  semeadura. No  tratamento DD,  as  raízes  atingiram a  profundidade de  0,15 m e se  concentraram  mais  superficialmente.  Segundo Bengough  et  al.  (2006),  o  crescimento  radicular  está relacionado às  restrições  físicas do  solo,  e  os  efeitos desse  menor  crescimento  sobre  a  produtividade  de grãos  está  relacionado  ao  tempo  em  que  as  plantas serão submetidas a esse estresse.O  conteúdo  de  água  do  solo  menor  do  que  60% 

da  capacidade  de  campo  (0,30  m3 m‑3) reduz  o desenvolvimento  das  culturas  (Bergamaschi  et  al., 2006). Em Santa Maria, a diferença entre a capacidade de campo e esse conteúdo  restritivo de água no  solo (0,18 m3 m‑3) foi de 0,12 m3 m‑3. Assim, a cada camada de 0,1 m de solo, a lâmina de água disponível era de 12 mm. Nos tratamentos ESC e HS, em que as raízes chegaram  à  profundidade  de  0,25  m  (Figura  3),  a lâmina de água era de 30 mm. No tratamento DD, em que  as  raízes  atingiram a  profundidade de  0,15 m,  a lâmina  era de 18 mm. Se não ocorresse precipitação ou  irrigação,  depois  de  o  solo  atingir  a  umidade  de capacidade campo, com uma evapotranspiração média de  4,35  mm  dia‑1  (Bergamaschi  et  al.,  2006),  nos tratamentos ESC e HS, a cultura do milho teria redução de desenvolvimento a partir do 7º dia, enquanto no DD isso ocorreria a partir do 4º dia.A estatura de planta, a altura de inserção de espiga 

e  a  produtividade  de  massa  de  matéria  seca,  no estádio  V5,  foram  menores  nos  tratamentos  DD  e DO, nos dois experimentos (Tabela 2). No estádio VT (pendoamento), em Formigueiro, os valores de estatura e massa de matéria seca acumulada por hectare foram maiores no ESC, HS e HAS do que nos  tratamentos DD  e  DO.  Em  Santa  Maria,  a  estatura  no  estádio 

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Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016 DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

VT não diferiu entre os  tratamentos, mas a massa de matéria seca, nesse estádio, e a altura de  inserção da espiga  foram menores no DD e DO do que no ESC, HS, HAS  e CA. As  produtividades  de  grãos  obtidas em Santa Maria foram maiores em 25%, na média dos tratamentos CA, ESC, HS e HAS, em comparação ao DO e DD e, em Formigueiro, os tratamentos ESC, HS e HAS foram superiores em 20%.Embora  a  produtividade  de  grãos  obtida  no 

tratamento CA tenha sido igual à dos tratamentos ESC, HS  e  HAS,  a  associação  da  haste  sulcadora  com  a drenagem superficial mais eficiente pode ser importante em situações de elevadas precipitações pluviais. Fiorin et al. (2009) verificaram produtividade menor de massa de matéria fresca e massa de matéria seca, em condições de  excesso  hídrico.  Modolo  et  al.  (2013)  obtiveram produtividade maior de grãos de milho com o uso da haste sulcadora, em áreas de maior compactação do solo, do que com semeadura com disco duplo, em consequência da alta lotação animal por unidade de área. Os autores 

verificaram resultados semelhantes entre o mecanismo sulcador  disco  duplo  e  a  haste  sulcadora,  quando  a densidade do solo e a porosidade não são restritivas ao desenvolvimento da planta de milho.A maior produtividade de grãos em Santa Maria, em 

relação à obtida em Formigueiro, pode ser explicada, em  parte,  pela  irrigação  por  superfície,  realizada no  dia  26  de  dezembro,  com  lâmina  de  54  mm (Figura  1),  quando  o  solo  atingiu  conteúdo  de  água em  50%  da  capacidade  de  campo.  Em  Formigueiro, houve um período de três semanas sem precipitações significativas,  na  segunda metade  de  dezembro  e  na primeira  semana  de  janeiro.  O  pendoamento  pleno ocorreu no final da primeira semana de janeiro, tendo coincidido  a  baixa  disponibilidade  hídrica  com  o período antecedente ao pendoamento (Figura 1). Esse momento,  juntamente  com  o  período  pós‑floração, são os períodos mais sensíveis da cultura do milho ao deficit hídrico (Bergamaschi et al., 2006).

Figura 3. Distribuição espacial do  sistema  radicular de milho, no estádio de pendoamento,  com fotografia de  trincheira (esquerda) e desenho das raízes (direita) em malha de 0,05x0,05 m, em Santa Maria, RS. 

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Escarificação do solo e sulcadores em semeadora 269

Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

As maiores produtividades de grãos  foram obtidas nos  tratamentos  com  maior  mobilização  do  solo  e estão  relacionadas  à  redução  da  RP,  ao  aumento  da macroporosidade na região de maior concentração do sistema  radicular,  à  maior  profundidade  e  à  melhor distribuição  do  sistema  radicular.  Assim,  a  cultura apresentou  menores  restrições  ocasionadas  por estresses por deficiência ou excesso hídrico. Deve‑se ressaltar que a semeadura sobre camalhão, 

a  escarificação  do  solo  e  o  uso  de  haste  sulcadora demandam maior força para  tração, o que resulta em maior  consumo de  combustível  e maior  demanda  de potência do  trator  (Mion & Benez, 2008). Assim, na escolha do sistema de implantação, deve‑se considerar o retorno econômico. 

Conclusões

1. A  escarificação  do  solo  e  a  semeadura  direta com haste  sulcadora  reduzem a  resistência do  solo  à penetração mecânica,  para  implantação  de milho  em Planossolos.2. A produtividade de grãos de milho em Planossolos 

é  maior,  quando  a  semeadura  é  realizada  sobre camalhão, solo escarificado ou semeadura direta com haste sulcadora na semeadora.

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Tabela 2.  Estatura  de  planta  e  produtividade  de massa  de matéria  seca  da  parte  aérea,  nos  estádios V5  e VT,  altura  de inserção da espiga e produtividade de grãos de milho, em dois experimentos de escarificação mecanizada do solo e diferentes sulcadores em semeadora, para o cultivo de milho em Planossolos(1).Tratamento Estatura (m) Massa de matéria seca (Mg ha‑1) Altura de inserção 

da espiga (m)Produtividade de grãos (Mg ha‑1)V5 VT V5 VT

‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Santa Maria ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑Escarificação 0,91ab 2,01ns 0,89ab 12,49ab 1,42a 6,97abHaste com acomodação do sulco  0,93ab 2,07 0,79ab 12,99ab 1,38a 6,93abHaste sulcadora 0,95a 1,98 0,82ab 11,50ab 1,34a 7,24aDisco ondulado 0,80b 1,90 0,57b  8,22b 1,24b 5,55cDisco duplo 0,84ab 1,92 0,63ab 11,06ab 1,22b 5,91bcCamalhão 0,94a 2,08 1,02a 14,44a 1,38a 7,69aMédia 0,89 2,00 0,79 11,78 1,33 6,66CV (%) 6,22 4,72 24,24 22,37 3,47 8,15

‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Formigueiro ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑Escarificação 0,93a 1,75a 1,65a 12,60a 1,06a 5,31aHaste com acomodação do sulco 0,86a 1,65ab 1,07a  9,50b 103a 4,81abHaste sulcadora 0,89a 1,66a 1,08a  9,48b 102a 5,08aDisco ondulado 0,63b 1,50c 0,41b  5,05c  88b 4,13bDisco duplo 0,64b 1,50bc 0,42b  6,58c  89b 4,28bMédia 0,79 1,61 0,93  8,69 0,98 4,72CV (%) 9,21 4,23 29,81 15,63 2,25 7,15(1)Médias seguidas de letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. nsNão significativo.

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270 R. Giacomeli et al.

Pesq. agropec. bras., Brasília, v.51, n.3, p.261-270, mar. 2016 DOI: 10.1590/S0100-204X2016000300008

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Recebido em 1º de outubro de 2015 e aprovado em 29 de janeiro de 2016

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INFLUÊNCIA DE MANEJOS DO SOLO EM ROTAÇÃO MILHO-SOJA EM ÁREA DE ARROZ IRRIGADO

Marília Ferreira da Silva1; Enio Marchesan

2; Ricardo de David

3; Vinicius Severo Trivisiol

3; Guilherme

Haetinger3; Bruno Aramburu

3; Anelise Lencina da Silva

3

Palavras-chave: Glycine max L., rotação de culturas, drenagem, mobilização de solo.

INTRODUÇÃO

Dentre as culturas anuais do Brasil, o arroz irrigado ocupa posição de destaque tanto sob o ponto de vista econômico quanto social. No entanto, o monocultivo do arroz pode ocasionar redução no rendimento de grãos devido à pressão de plantas daninhas resistentes, com destaque para o arroz-vermelho. Com o intuito de manter ou até mesmo elevar o potencial produtivo nessas áreas, a rotação com soja vem crescendo em áreas de arroz irrigado e o cultivo do milho também passa a ser proposto neste ambiente.

A rotação ou sucessão de culturas possibilita a utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, viabilizando o controle de plantas daninhas resistentes. As principais dificuldades para o desenvolvimento de culturas ditas de sequeiro em áreas de arroz referem-se à drenagem natural deficiente desses solos ocasionada pela topografia predominantemente plana, aliada às suas características físicas de adensamento, alta relação micro/macroporosidade e reduzida condutividade hidráulica (Gomes et al., 2002). Os manejos de preparos do solo são realizados com umidade elevada, favorecendo a compactação, a qual restringe o crescimento radicular em profundidade e reduz a capacidade de absorção de água e de nutrientes pelas plantas.

Dentre as práticas de manejo, o preparo do solo pode promover alterações químicas, físicas e biológicas (FALLEIRO et al., 2003), que viabilizem o desenvolvimento de diferentes culturas. A sucessão com soja ou milho possibilita o aproveitamento do preparo utilizado no ano anterior, viabilizando a manutenção da cobertura do solo e a semeadura sobre restos culturais. O objetivo do trabalho foi avaliar as características físicas do solo, no cultivo da soja, em função de manejos do solo realizados na safra anterior onde foi cultivado milho.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na safra agrícola de 2014/15, na área didático experimental de várzea da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. O solo é classificado como Planossolo Háplico eutrófico arênico pertencente à unidade de mapeamento Vacacaí (EMBRAPA, 2013).

Utilizou-se a cultivar NS 6209 RR, de ciclo médio, grupo de maturação 6.3 e tipo de crescimento determinado. A semeadura foi realizada no dia 15 de novembro de 2014, com densidade de 28 plantas por m². As sementes foram tratadas com fungicida, inseticida e inoculadas com estirpes de Bradyrhizobium japonicum. A adubação de base foi composta por 320 kg ha

-1, utilizando-se fertilizante na formulação 04-17-24 e os demais tratos

culturais, como controle de planta daninha, controle de insetos-praga e doenças foliares foram realizados conforme recomendações técnicas para cultura. Foi utilizada semeadora-adubadora pantográfica para plantio direto com seis linhas espaçadas em 0,50 m com disco turbo de 25 ondas, para corte da palha e deposição do fertilizante.

1 Universidade Federal de Santa Maria, Av. Roraima nº 1000, Bairro Camobi, CEP 97105-900. E-mail:

[email protected] 2 Prof. Dr., Universidade Federal de Santa Maria.

3 Acadêmicos do curso de agronomia, Universidade Federal de Santa Maria.

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O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com oito repetições. As unidades experimentais mediram 30 m². Na safra anterior, onde os preparos foram realizados foi cultivado milho e na entressafra azevém. Assim, os tratamentos foram implantados 12 meses antes da semeadura da soja e constituíram-se de: T1- Solo escarificado à 0,3 m de profundidade, com hastes espaçadas a 0,35 m; T2- semeadura direta sobre preparo do solo com duas gradagens à 0,10 m de profundidade e posterior aplainamento do solo e T3- microcamalhão sobre solo preparado com duas gradagens e aplainado.

Para análise dos parâmetros físicos do solo foram realizadas coletas de amostras indeformadas, com anéis de 0,05 m de altura e 0,04 m de diâmetro, seguindo método descrito pela Embrapa (2011), no momento da semeadura e na colheita. Determinou-se também a resistência mecânica à penetração do solo, com três amostras por parcela na camada de 0 – 0,3 m, na entre linha, com auxílio de penetrômetro digital, na semeadura e na colheita. Foram realizadas ainda avaliações da massa seca de plantas, raízes e nódulos nos estádios fenológicos R2 e R5, em cinco plantas por unidade experimental. A produtividade foi determinada mediante a colheita de 7,5 m². Determinou-se o grau de umidade de cada amostra após a trilha, corrigindo-a para 13% de umidade.

Os dados foram submetidos ao teste das pressuposições do modelo matemático. A análise foi realizada através do teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os manejos do solo realizados na safra agrícola de 2013/14 influenciaram na resistência mecânica do solo à penetração por ocasião da semeadura e colheita da soja, safra 2014/15 (Figura 1 A, B). Os menores valores de resistência mecânica do solo foram no manejo com a escarificação. Esse manejo manteve os valores de resistência abaixo de 1,5 MPa em ambas as épocas de avaliação. Isso é decorrência de que este sistema de manejo rompe as camadas superficiais encrostadas e camadas subsuperficiais adensadas (KOCHHANN e DENARDIN, 2000). Baseando-se nesses resultados, pode-se dizer que a escarificação foi eficiente em reduzir a presença da camada compactada no solo até os 0,30 m, visto que a resistência do solo à penetração é utilizada como um indicativo do grau de compactação do mesmo (BEULTER e CENTURION, 2004).

No entanto, para os manejos de semeadura direta e microcamalhão utilizados na safra anterior, encontrou-se valores de resistência maiores que 2 MPa na camada de 0,15 – 0,25 m nas duas avaliações. De acordo com BOTTA et al. (2010) valores de resistência do solo à penetração de 2 MPa são considerados críticos ao crescimento e desenvolvimento das raízes.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Pro

fun

did

ade

(m

)

0,30

0,25

0,20

0,15

0,10

0,05

0,00

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Resistência à penetração mecânica no solo

Escarif icado Semeadura Direta Microcamalhão

Umidade média

0,31 m³ m-³

Umidade média

0,34 m³ m-³

(A) (B)

b

a

b

a a

a

b

b b a1

b

b

b

b

a

c

ba

a

a a

a

ab

a

a

a a

a

a a

ab a abb

Figura 1: Resistência à penetração mecânica no solo, na semeadura da cultura da soja (A) e da

colheita (B). Santa Maria, RS. 2015. (1)Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre

si (Tukey: p< 0,05)

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Para as variáveis densidade e porosidade do solo, umidade e armazenamento de água

no solo não houve diferença entre os manejos (Tabela 1). Os manejos de solo tendem a alterar suas características de estrutura e agregação, visto que a qualidade física do solo deve também ser entendida como sua qualidade estrutural (FONTENELE, 2006).

Conforme Ferreira (2011), nos Planossolos a estrutura do solo é em forma laminar, ou seja, as partículas se agrupam horizontalmente no solo, o que reduz a condutividade hidráulica, e assim propiciam baixa drenagem natural do mesmo como consequência desse tipo de estrutura, tem-se alta resistência à penetração das raízes. Desta forma, embora os resultados das características físicas do solo tenham sido semelhantes, a escarificação proporcionou esse rearranjo das partículas, que se manteve no segundo ano de cultivo.

Tabela 1: Densidade do solo, porosidade total, umidade e armazenamento de água do solo, avaliados na entre linha da cultura da soja nas profundidades de 0,0 - 0,1 e 0,1 - 0,2 m, no momento da semeadura e de colheita da soja. Santa Maria, RS. 2015.

Tratamento

Densidade Porosidade total Umidade Armazenamento

Semeadura Colheita Semeadura Colheita Semeadura Colheita Semeadura Colheita

------- Mg m-3

-------- ----------------------- m3 m

-3 ---------------------- ----------- mm ---------

---------------------------------------------- 0,0 - 0,1 m -------------------------------------------

Esc 1,52ns

1,42ns

0,40ns

0,44ns

0,32ns

0,35ns

41ns

44ns

Direto 1,50 1,42 0,41 0,44 0,31 0,35 41 44

D. Micro 1,50 1,46 0,41 0,43 0,30 0,35 41 43

Média 1,51 1,43 0,41 0,44 0,31 0,35 41 44

CV (%) 3,34 2,46 4,51 3,20 9,28 6,63 7,76 3,14

---------------------------------------------- 0,1 - 0,2 m -------------------------------------------

Esc 1,60 1,56

0,35

0,40 0,30 0,32 35

40

Direto 1,66 1,54 0,37 0,38 0,33 0,32 37 38

D. Micro 1,65 1,62 0,35 0,38 0,32 0,32 35 37

Média 1,64 1,57 0,36 0,39 0,32 0,32 36 38

CV (%) 6,49 2,80 11,53 6,52 8,88 5,42 11,36 6,39

Esc= Escarificado. Direto= Semeadura direta. D. Micro= Semeadura direta com microcamalhão. ns

não significativo estatisticamente pelo teste F.

Embora houve diferenças entre os sistemas de manejo na resistência mecânica do solo à penetração, isso não se refletiu no crescimento das plantas e no rendimento de grãos (Tabela 2). Estes resultados podem estar relacionados às condições adequadas de precipitação pluvial da safra (Figura 2), em que ocorreu boa distribuição de chuvas durante todo o período de cultivo. As condições hídricas adequadas fazem com que os problemas de uma camada mais densa do solo e ou compactada tornem-se minimizados.

Segundo Cambara e Klein (2005), com a umidade em capacidade de campo, a resistência à penetração mecânica do solo é semelhante nos tratamentos escarificado e plantio direto, enquanto que em ponto de murcha permanente, as diferenças são maiores.

Tabela 2: Massa seca por planta, raízes e nódulos nos estádios R2 e R5 e produtividade de grãos da cultura da soja semeada em diferentes preparos do solo na safra anterior. Santa Maria, RS. 2015.

Massa seca em R2 Massa seca em R5

Rendimento de grãos Tratamento Planta Raiz Nódulos Planta Raiz Nódulos

------------------------------------ gramas ------------------------------------ ----kg ha

-1---

Esc 8,7ns

3,2ns

0,54ns

10,6ns

5,2ns

2,3ns

4500ns

Direto 8,3 3,4 0,52 9,5 5,6 2,1 4247 D. Micro 8,8 3,2 0,68 11,8 7,2 2,2 4304

Média 8,6 3,27 0,58 10,6 5,9 2,2 4350 CV (%) 18,8 20,8 28,9 26,6 42,3 25,0 10,5

Esc= Escarificado. Direto= Semeadura direta. D. Micro= Semeadura direta com microcamalhão. ns

não significativo estatisticamente pelo teste F.

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01/1

1

01/1

2

01/1

01/2

01/3

01/4

01/5

Pre

cip

itação (

mm

)

0

20

40

60

80

100

Tem

pera

tura

(C

º)

0

5

10

15

20

25

30

35

Precipitação diária

Temperatura média

Figura 2: Precipitação pluvial diária e temperatura média do ar. Santa Maria, RS. Safra 2014/15.

CONCLUSÃO

Nas condições do estudo, o sistema de manejo do solo com escarificação mantêm os valores de resistência mecânica do solo abaixo de 1,5 MPa no segundo ano de cultivo.

Não há diferença no rendimento de grãos de soja entre os sistemas de manejo do solo escarificado, direto e com microcamalhão no segundo ano de cultivo após a realização dos preparos, sob condições adequadas de precipitação pluvial.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica concedida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEULTER, A.N.; CENTURION, J. F. Compactação do solo no desenvolvimento radicular e na produtividade da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.6, p.581-588, 2004. BOTTA, G.F. et al. Tillage and traffic effects (planters and tractors) on soil compaction and soybean (Glycine max L.) yields in Argentinean pampas. Soil & Tillage Research, v.110, n.1, p.167-174, 2010. CAMBARA, R.K.; KLEIN, V.A. Propriedades físico-hídricas do solo sob plantio direto escarificado e rendimento da soja. 2005. EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação dos solos. Centro Nacional de Pesquisa de em Solos. Brasília: Embrapa-SPI353p. 2013. MARCOLIN, C.D. & KLEIN, V.A. Determinação da densidade relativa do solo por uma função de pedotransferência para a densidade do solo máxima. Acta Scientiarum. Maringá. v. 33, p. 349-354, 2011. FALLEIRO, R.M et al. Estado de compactação do solo em áreas cultivadas no sistema de plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.37, 2002. FERREIRA, P.T.J, Caracterização de Planossolos desenvolvidos em diferentes condições geoambientais do Estado de Pernambuco, 2011. FONTENELE, W. Indicadores físicos e hídricos da qualidade de um latossolo amarelo distrófico sob diferentes sistemas de manejo no Cerrado e Piauí, 2006. 6p. GOMES, A. da S.; PORTO, M.P.; PARFITT, J.M.B.; Da Silva, C.A.S.; SOUZA, R.O.; PAULETTO, E.A. Rotação de Culturas em Áreas de Várzea e Plantio Direto de Arroz, 2002. KOCHHANN, R. A; DENARDIN, J. E. Implantação e manejo do sistema de plantio direto. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 2000. 36p.

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PROPRIEDADES DO SOLO NO SULCO DE SEMEADURA EM PLANOSSOLOS SOB MOBILIZAÇÃO MECÂNICA PARA CULTURAS

EM ROTAÇÃO COM ARROZ IRRIGADO

Robson Giacomeli1; Enio Marchesan2; Gabriel Donatto3; Maurício Limberger de Oliveira3; Bruno Behenck Aramburu3; Guilherme Foletto Possobon3; Lucas Lopes Coelho4

Palavras-chave: Escarificação do solo, descompactação, plantio direto.

INTRODUÇÃO

Na metade sul do estado do Rio Grande do Sul (RS) predominam áreas que apresentam características de drenagem natural deficiente. Na maioria delas, cultiva-se somente o arroz irrigado, onde a monocultura vem promovendo a infestação das áreas com plantas daninhas. Nesse sentido, o número e a quantidade de espécies de plantas daninhas resistentes aos herbicidas do grupo químico dos ALS, estão aumentando, destacando-se dentre elas o arroz-vermelho e arroz-preto (Oryza sativa), capim arroz (Echinochloa crus-galli) e ciperáceas (Cyperus sp.), (SCHAEDLER, 2013; MATZENBACHER, 2013). Nesse contexto, a rotação de culturas torna-se uma das principais alternativas para manejo de plantas daninhas nessa cultura. Algumas culturas ditas de sequeiro, estão sendo pesquisadas, nessas áreas, anteriormente cultivadas somente com arroz irrigado. No entanto, estas espécies possuem dificuldade de adaptação às condições físicas desses solos, onde, os principais problemas referem-se a elevada densidade, a baixa condutividade hidráulica e reduzida declividade das áreas. Somando-se a isso, os preparos consecutivos do solo para cultivo do arroz, em condições de elevada umidade do solo favorecem o processo de compactação dos mesmos.

Alguns manejos antecedendo e/ou no momento da semeadura, podem auxiliar a descompactação e drenagem desses solos. Mecanismos de deposição do fertilizante na semeadora-adubadora influenciam diretamente no desenvolvimento da cultura que é semeada, podendo-se citar o disco duplo, o disco ondulado e haste sulcadora (DRESCHER et al., 2011). A escarificação do solo anteriormente à semeadura, também pode ser uma alternativa visando minimizar o efeito da compactação, diminuindo a densidade e a resistência mecânica do solo à penetração das raízes (ORTIGARA et al., 2014). Mecanismos como estes, podem contribuir para descompactação, e assim melhorar aeração e a infiltração de água nestes solos naturalmente mal drenados. Outra alternativa é realizar a semeadura sobre microcamalhão, visando assim auxiliar a drenagem superficial da água. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar propriedades físicas do solo no sulco de semeadura em Planossolos sob mobilização mecânica para culturas em rotação com arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimentos com a cultura do milho, na safra agrícola 2013/14, localizados na região central do estado do Rio Grande do Sul. Experimento 1: Foi conduzido na área didático experimental de várzea do Grupo de Pesquisa em Arroz e Uso Alternativo de Várzea do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com as coordenadas geográficas 29º 43’ S, 53º 43’ O e 90 m acima do nível do mar. O solo é classificado como Planossolo Háplico eutrófico arênico, pertencente à

1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil, [email protected]. 2 Professor titular, UFSM, UFSM. 3 Acadêmicos de agronomia, UFSM. 4 Engenheiro agrônomo, UFSM.

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unidade de mapeamento Vacacaí (EMBRAPA, 2013). A área onde foi alocado o experimento encontrava-se sistematizada em cota zero, com cultivo de soja na safra anterior. Realizou-se no dia 7 de novembro de 2013 a instalação do experimento, e devido à baixa emergência de plantas causado pelo excesso de precipitação pluvial, realizou-se nova semeadura no dia 30 de novembro. Os tratamentos utilizados foram: escarificação do solo 45 dias antes da semeadura a profundidade de 0,25 m com hastes espaçadas a 0,35 m e semeadura com disco duplo (ESC); haste sulcadora com profundidade de trabalho de 0,18 m (HS); haste sulcadora a 0,15 m de profundidade com mecanismo de acomodação do sulco (HAS); disco duplo desencontrado com profundidade de 0,10 m (DD); disco ondulado de 12 ondas a profundidade de 0,08 m (DO); e semeadura em microcamalhão com haste sulcadora a 0,13 m (MI), onde, simultaneamente foi construído o microcamalhão com a semeadura. Experimento 2: Foi conduzido no município de Formigueiro, com as coordenadas geográficas 30º 04’ S, 53º 37’ O e 77 m acima do nível do mar, sendo o solo classificado como Planossolo Haplico eutrofico típico pertencente a unidade de mapeamento São Gabriel (EMBRAPA, 2013). Nos últimos seis anos agrícolas antecedentes foram cultivadas gramíneas e leguminosas sendo mantido bovinos em pastejo durante a maior parte do tempo. A instalação do experimento realizou-se no dia 5 de novembro de 2013, compondo os tratamentos ESC, HS, HAS, DD com profundidade de 0,08 m e DO a 0,06 m.

Nos tratamentos ESC, HS, HAS, DD e DO utilizou-se semeadora-adubadora, pantográfica com seis linhas no espaçamento de 0,50 m, com rodas limitadoras de profundidade e uma massa aproximada de 2335 kg, marca Massey Ferguson®, modelo MF 407, sendo utilizado o disco de corte liso para o corte da palha, com exceção do DO, que tanto no corte da palha quanto na deposição do fertilizante foi utilizado disco ondulado de 8 ondas. Para o tratamento com microcamalhão foi utilizada uma semeadora camalhoneira, com seis linhas no espaçamento de 0,50 m, massa aproximada de 3750 kg, marca Industrial KF®, modelo Hyper Plus, composta por três aivecas responsáveis pela formação dos microcamalhões, sendo cada microcamalhão composto por duas linhas de cultivo posicionadas na borda de cada elevação.

Determinou-se, na linha de semeadura, 60 dias após a instalação do experimento, a densidade do solo, porosidade total, macroporosidade e microporosidade, através da coleta de amostras indeformadas de solo, com anéis de 0,04 m de altura e 0,04 de diâmetro, seguindo método descrito por Embrapa (2011). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso no esquema monofatorial, com quatro repetições. Os dados obtidos foram submetidos ao teste das pressuposições do modelo matemático (normalidade e homogeneidade das variáveis). A análise da variância foi realizada através do teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5 % de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No experimento no munícipio de Formigueiro, houve redução na densidade do solo, e consequentemente, um aumento na porosidade total, principalmente decorrente do incremento de macroporosidade, nas profundidades de 0,05 - 0,10 e 0,10 - 0,20 m, nos tratamentos com a escarificação do solo (ESC), haste sulcadora (HS) e haste sulcadora com mecanismo de acomodação do sulco (HAS). Os tratamentos com disco duplo desencontrado (DD) e o tratamento disco ondulado de 12 ondas (DO), apresentaram valores superiores a 1,50 de densidade, enquanto os demais ficaram abaixo de 1,38.

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0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Densidade do solo (Mg m-³)1,2 1,3 1,4 1,5 1,6

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Porosidade total (m³ m-³)0,35 0,40 0,45 0,50 0,55

Pro

fund

idad

e (m

)

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Macroporosidade (m³ m-³)

0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Microporosidade (m³ m-³)

0,25 0,30 0,35 0,40

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

ns

ns

ns

ns

ns

a

ab

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ns

ns

c a1bc bc

b ab ab

a

ab

ab

b ab

ab ab

ab

aabab

bab

ESC HAS HS DO DD MI

Figura 1: Densidade do solo, porosidade total, macroporosidade e microporosidade, no sulco de semeadura nas profundidades de 0,0-0,05, 0,05-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,30 m, em dois experimentos de mobilização mecânica do solo e no sulco de semeadura. ns Não significativo para nível de 5% probabilidade. (1) Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si (Tukey: p< 0,05). Escarificação do solo 45 dias antes da semeadura em profundidade de 0,25 m com hastes espaçadas a 0,35 m e semeadura com disco duplo (ESC); haste sulcadora com profundidade de trabalho de 0,18 m (HS); haste sulcadora a 0,15 m com mecanismo de acomodação do sulco (HAS); disco duplo desencontrado com profundidade a 0,10 m em Santa Maria e 0,08 em Formigueiro (DD); disco ondulado de 12 ondas a 0,08 m em Santa Maria e 0,06 em Formigueiro (DO); e semeadura em microcamalhão com haste sulcadora a 0,13 m (MI). Santa Maria (a, c, e, g) e Formigueiro (b, d, f, h), RS, 2014.

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Em números médios, na camada de 0,05 - 0,20 m, a densidade foi reduzida em 5% nos tratamentos ESC, HS e HAS, e aumento da porosidade total e macroporosidade, em 7 e 17% em Santa Maria. Em Formigueiro a redução da densidade nos tratamentos ESC, HS, HAS e MI, foi de 12%, e aumento de 18% da porosidade total e 58% da macroporosidade nessa camada. A maior densidade e a menor macroporosidade, no solo de Formigueiro, nessas profundidades nos tratamentos DD e DO, demonstra uma elevação na densidade devido ao pisoteio dos bovinos nessa área durante os 6 anos antecedentes, corroborando com os resultados de Vizzotto et al., 2000, que encontraram aumento de densidade e redução de macroporosidade em 6 meses de produção de bovinos em um Planossolo. O pisoteio animal intensivo em área de pastagem causa alterações na estrutura do solo, elevados níveis de compactação e macroporosidade restritivos às plantas (ORTIGARA et al., 2014). As menores diferenças em Santa Maria também podem ser provenientes da nova semeadura, necessária após precipitações de 200 mm na segunda semana de novembro.

Nas duas localidades o DO e DD atingiram profundidade entre 0,06 e 0,10 m, a semeadora utilizada de seis linhas é de pequeno porte, desta forma, o peso da máquina foi insuficiente para atingir maiores profundidades. Silva et al., 2012, estudando diferentes discos de corte, verificou que o disco de corte ondulado possibilita maiores valores de área de solo mobilizado, mas exige maiores valores de força vertical por profundidade de corte dos discos, resultante massa da máquina por linha. A haste sulcadora necessita menor força vertical quando comparada com os discos liso e ondulado, e maior força horizontal, demandado força para tração, pouco dependente da força vertical (MION & BENEZ, 2008).

Em ambos os experimentos a profundidade de 0,00 - 0,05 m, os tratamentos atingiram essa profundidade, e foram semelhantes numericamente. Além disso, esta camada é influenciada pelas ações biológicas, desenvolvimento radicular e maiores ciclos de umedecimento e secagem, onde favorecem a agregação do solo, que reduz a densidade do mesmo (SIX et al., 2004). Na camada mais profunda, nos 0,20 - 0,30 m, os resultados são semelhantes, pois os mecanismos não chegaram a mobilizar o solo nessa profundidade.

CONCLUSÃO

Nas condições dos ensaios, a escarificação e a semeadura com haste sulcadora, reduzem a densidade, aumentam a porosidade total e a macroporosidade do solo no sulco de semeadura nas profundidades de 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DRESCHER, M.S. et al. Persistência do efeito de intervenções mecânicas para a descompactação de solos sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 35, n. 5, p. 1713-722, 2011. EMBRAPA. Manual de métodos de análise de Solos. Embrapa Solos. Rio de Janeiro: p. 230, 2011. ORTIGARA, C. et al. Uso do solo e propriedades físico-mecânicas de latossolo vermelho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 38, n. 2, p. 619-626. 2014. SCHAEDLER, C.E. et al. Globe fringerush (Fimbristylis miliacea) cross resistance to als-inhibitor herbicides under field conditions in irrigated rice in the south of Brazil. Planta daninha. Viçosa, vol. 31, n.4, p. 893-902. 2013. SILVA, P. R. A. et al. Semeadora-adubadora: mecanismos de corte de palha e cargas verticais aplicadas. Revista brasileira de engenharia agrícola ambiental. Campina Grande, vol. 16, n. 12, p. 1367-1373. 2012. SIX, J., et al. A history of research on the link between (micro) aggregates, soil biota, and soil organic matter dynamics. Soil and Tillage Research, v. 79, p. 7-31, 2004. VIZZOTTO, V. R., et al. Efeito do pisoteio bovino em algumas propriedades físicas do solo de várzea. Ciência Rural, v. 30, n. 6, p. 965-969. 2000.