As catástrofes naturais no Japão e seus impactos nos reatores nucleares de Fukushima Antonio...
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As catástrofes naturais no Japão
e seus impactos nos reatores nucleares de Fukushima
As catástrofes naturais no Japão
e seus impactos nos reatores nucleares de Fukushima
Antonio Carlos Marques AlvimPaulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo
Departamento de Engenharia Nuclear
Reatores em operação - mundo
Reatores em operação - mundo
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BWR FBR GCR LWGR PHWR PWR TOTAL
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Reatores em construção - mundo
Reatores em construção - mundo
Reatores nucleares no Japão
O Japão possui 54 reatores nucleares em operação;
½ dos reatores são BWR e 45% PWR;
Existem alguns reatores do tipo ABWR (Advanced Boiling Water Reactors);
1/3 da energia elétrica gerada é de origem nuclear;
A fonte principal de energia advém de combustíveis fósseis.
Catástrofes Naturais no Japão
O Japão foi recentemente atingido por catástrofes naturais sem precedentes em sua história;
Um terremoto de grau 8,9 na escala Richter;
Um tsunami, consequência do terremoto, devastador.
Efeitos de terremotos naescala Richter
Intensidade (Richter)
Efeitos
< 3,5 Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado
3,5 a 5,4 Freqüentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos
5,5 a 6,0 Ocasiona pequenos danos em edificações 6,1 a 6,9 Pode causar danos graves em regiões onde
vivem muitas pessoas 7,0 a 8,0 Terremoto de grande proporção, causa danos
graves > 8,0 Terremoto muito forte. Causa destruição total
na comunidade atingida e em comunidades próximas
Magnitude
Energia liberada (J) Ocorrência
2,0 6,3×107 Praticamente imperceptível
5,0 2,0×1012 Bomba atômica em Hiroshima, Japão 1945
6,7 7,1×1014 Estados Unidos (Los Angeles) 19946,9 1,4×1015 Armênia, 1998
7,0 2,0×1015 Magnitude de referência para grandes terremotos
7,2 4,0×1015 Japão (Kobe), 19957,4 7,9×1015 Turquia, 19997,8 1,6×1016 China(Tangshan), 1976
7,9 4,4×1016 Japão(Tóquio e Yokohama), 1923 e China 2008
8,1 8,7×1016 México (Cidade do México), 19858,3 1,8×1017 Estados Unidos (São Francisco) 19069,5 5,0×1017 Chile, 19608,8 - Chile, 2010
Maiores terremotos
Local Ano Richter Fatalidades
Valdivia (Chile) 1960 9,5 2.000
Alasca (EUA) 1964 9,2 15 + 128 (tsunami)
Sumatra (Indonésia) 2004 9,1 230.000
Kamchatka (URSS) 1952 9,0 ----------
Arica (Peru/Chile) 1868 9,0 25.000
EUA/Canada (noroeste)
1700 9,0 ---------
Japão 2011 8,9 8.650
Chile 2010 8,8 800
Colômbia/Equador 1906 8,8 1.000
Lisboa (Portugal) 1755 8,7 25.000
Terremotos – Japão
Local Ano Richter FatalidadesTohoku 2011 8,9 8.650Meiji-Sauriku 1896 8,5 27.000+Kanto 1923 8,3 100.000 -
142.000Genroku 1703 8,0 108.800+Kamakura 1293 7,1 – 7,3 23.000Fukui 1948 7,1 3.770Hanshin 1995 6,8 6.430
Tsunami ( 津波 ) - onda no porto
Data Magnitude
Alt. máx. (m)
Mortes Local
02/09/1992 7.2 10 170 Nicarágua
12/12/1992 7.5 26 1000 Ilha de Flores, Indonésia
12/07/1994 7.6 30 200 Hokaido, Japão
02/06/1994 7.2 14 220 Java, Indonésia
04/10/1994 8.1 11 11 Ilhas Curilas, Rússia
14/11/1994 7.1 7 70 Mindoro
21/02/1996 7.5 5 12 Peru
17/07/1998 7.0 15 2000 Nova Guiné
23/06/2001 8.3 5 50 Peru
26/12/2004 9.0 10 c. 230.000 Oceano Índico
11/03/2011 8,9 10 c. 1600 Japão
Reatores nucleares
Um reator nuclear não explode como uma bomba nuclear;
Podem ocorrer explosões por outros tipos de liberações de energia, associadas a acidentes.
Produtos da fissão nuclear
Um reator nuclear em operação gera nuclídeos instáveis que se transmutam em cadeias longas de decaimento, até uma forma estável;
Este processo gera emissão de radiação (beta e gama).
Refrigeração pós-desligamento
A consequência disso é que, diferente de outras centrais termelétricas, o reator nuclear deve continuar a ser refrigerado mesmo após seu desligamento (interrupção das fissões nucleares).
Defesa em profundidade
O inventário de material radioativo produzido no reator nuclear é grande;
Todos os esforços são no sentido de evitar que a radiação escape do reator e/ou de sua contenção.
Central de Fukushima Dai-ichi
Os 6 reatores nucleares de Fukushima são reatores a água fervente (Boiling Water Reactor - BWR);
Os reatores brasileiros são reatores a água pressurizada (Pressurized Water Reactor - PWR).
Reator a Água Fervente - BWR
Reator a Água Pressurizada - PWR
secundário
O que aconteceu aos reatores?
Todos os reatores de Fukushima foram projetados para suportar um terremoto de grau 8,2 na escala Richter;
Nenhum deles foi destruído pelo terremoto, mesmo sendo este de grau 8,9.
Todos os reatores em operação no momento da catástrofe foram desligados com sucesso;
Os sistemas de remoção de calor residual foram acionados, mas a perda de energia elétrica que se seguiu à catástrofe tornou esses sistemas inoperantes.
Mesmo assim, isto é previsto no projeto de reatores nucleares;
Geradores diesel de emergência fornecem a energia necessária para continuar a refrigerar os reatores.
O que não foi previsto?
Com a chegada do tsunami, os geradores diesel de emergência tornaram-se inoperantes;
Isto indica uma possível área de revisão de projeto para reatores passíveis de serem afetados por tsunamis;
Baterias de emergência foram acionadas para substituir os geradores diesel;
Duração limitada (8 horas).
O problema criado por esta sucessão de eventos
Com o abaixamento do nível de água no núcleo dos reatores, houve aumento da pressão na contenção primária dos reatores;
Necessidade de aliviar pressão fez com que vapor fosse liberado para a contenção secundária.
Existe uma piscina de armazenamento de combustível usado na contenção secundária;
Esta piscina teve o seu nível de água diminuído. A interação química com água/vapor em temperaturas acima de 700oC provoca liberação de hidrogênio (H2).
Explosões ocorridas
Hidrogênio em concentrações acima de 4% (e até 75%) em volume reage de forma explosiva;
As explosões ocorridas deveram-se à formação de hidrogênio na contenção secundária.
Necessidade de refrigeração continuada
Para evitar consequências mais sérias, fez-se uso de água do mar (com boro diluído, para evitar problemas de recriticalidade) para continuar a retirar o calor de decaimento.
Contaminação externa
Com a falha de varetas na piscina da contenção secundária (não se descarta a falha de varetas do reator e a liberação de produtos de fissão radioativos para a contenção secundária) e em consequência das explosões ocorridas nas contenções secundárias, houve liberação de radioatividade (detectada a presença de I131, mas não de Cs137).
Consequências da liberação
Redução do número de técnicos nas áreas atingidas;
Necessária evacuação da população para prevenir contaminação massiva;
Algumas pessoas foram expostas à radiação (baixa exposição).
Escala INES (AIEA)
Perigo Sísmico e Centrais Nucleares
O futuro
Não se pode prescindir do uso da geração nucleoelétrica;
França: 75% de geração nuclear;
Coréia do Sul: 30%;
China está construindo 20 reatores nucleares.
Reatores de terceira e quarta geração
reatores evolutivos (melhorias quanto à segurança);
reatores inovadores (inerentemente seguros).