as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO AS CONTRIBUIÇÕES DO TURISMO PARA A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

AS CONTRIBUIÇÕES DO TURISMO PARA

A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU

CURITIBA

2007

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MARIA ZENEIDE RICARDI NODARI

AS CONTRIBUIÇÕES DO TURISMO PARA

A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Desenvolvimento Econômico, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal do Paraná, como requisito para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. José Gabriel Porcille

CURITIBA

AGOSTO 2007

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MARIA ZENEIDE RICARTI NODARI

TERMO DE APROVAÇÃO

AS CONTRIBUIÇÕES DO TURISMO PARA A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU

Dissertação de Mestrado desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. José Gabriel Porcille, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Econômico conferido pela Universidade Federal do Paraná, aprovado pela seguinte banca examinadora:

__________________________ Professor Instituição:

__________________________ Professor Instituição:

__________________________ Professor Instituição:

Curitiba, 2007.

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Dedico este trabalho à minha família, meu marido Carlos, minha filha Karla, à Cleide, que me ajudaram a superar a distância que foi um dos maiores impecilhos e em especial ao meu filho Renan Carlos que nos momentos em que eu pensava em desistir ele não me permitia.

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Agradeço à Deus por ter me dado força, ao professor Porcille por toda a tolerância, companheirismo e didática e a todos meus colegas de curso que de uma ou outra forma contribuíram para que eu permanecesse no curso e a minha família que sempre esteve comigo.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar as contribuições do turismo para a economia do município, em termos de renda gerada, empregos e impostos, focalizando os aspectos mais importantes no desenvolvimento do turismo, a saber: a influência da taxa de câmbio e do planejamento municipal, bem como dos gastos públicos efetuados, compreendendo um período que vai 1994 a 2006. Partiu da hipótese de que o turismo contribui de forma significativa para a economia do município. O estudo se fundamentou na economia do turismo e nas teorias do desenvolvimento. Os dados foram levantados de fontes secundárias, principalmente do IBGE, IPARDES, SETU, SMTU, EMBRATUR, entre outros organismos afins. Após as análises efetuadas, concluiu-se que o turismo é um fenômeno social de grande importância econômica para o Município de Foz do Iguaçu, pois ao demandar bens e serviços dos diversos setores da economia, gera efeitos multiplicadores que refletem no desenvolvimento. E mais, o turismo realmente contribui de forma significativa para a economia do município, tanto na geração de renda e empregos, quanto na geração de impostos. Quanto mais desenvolvida for a região mais se beneficiará da atividade turistica, pois a mesma exige serviçoes, infra-estrutura e meios de transportes cada vez mais avançados. No outro extremo, esta o fato de que existem condições naturais e culturais que quanto menos alteradas mais atraem os turistas.

Palavras-chave: Atividade Turística; Economia do Turismo; Desenvolvimento Econômico.

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RESUMEN

El presente estudio ha tenido como objetivo analizar las contribuciones del turismo en la economía del municipio, con respecto a la renta generada, los empleos y los impuestos, focalizando los aspectos más impotantes en el desarrollo del turismo, a saber: la influencia de la tasa de cambio y de la planificación municipal, así como de los gastos públicos efectuados, comprendiendo un período que va desde 1994 hasta 2006. Partió de la hipótesis de que el turismo contribuye de forma significativa para la economía del municipio. El estudio ha sido fundamentado en la economía del turismo y en las teorías del desarrollo. Los datos se levantaron de fuentes secundarias, principalmente del IBGE, IPARDES, SETU, SMTU, EMBRATUR, de entre otros organismos similares. Después de los análisis efectuados, se concluye que el turismo es un fenómeno social de gran importancia económica para el municipio de Foz do Iguaçu, pues al demandar bienes y servicios de diversos sectores de la economía, genera efectos multiplicadores que se reflejan en el desarrollo. Y lo que es más, el turismo realmente contribuye de forma significativa para la economía del municipio tanto en la generación de renta y empleos, como en la generación de impuestos. Cuanto más desarrollada sea la región más se beneficiará de actividades turísticas, pues éstas exigen servicios, infraestructura y medios de transporte cada vez más avanzados. En el otro extremo está el hecho de que existen condiciones naturales y culturales que cuanto menos se alteren, más atraen a los turistas.

Palabras-clave: Actividad turística; Economia del turismo; Desarrollo económico.

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LISTA DE FIGURAS

1 - EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU.............................. 60

2 - EVOLUÇÃO TOTAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU ................. 61

3 - TAXAS DE CRESCIMENTO DO NÚMERO DE HOTÉIS E LEITOS EM FOZ DO

IGUAÇU (%) .......................................................................................................................... 63

4 - TAXA DE CÂMBIO - R$/ US$ - TURISMO - VENDA - MÉDIA ANUAL................................ 67

5 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS EM FOZ DO IGUAÇU 1994-2006.................... 69

6 - EVOLUÇÃO DA RENDA GERADA PELO TURISMO EM FOZ DO IGUAÇU ...................... 71

7 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS GERADOS PELO TURISMO EM FOZ

DO IGUAÇU .......................................................................................................................... 72

8 - EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE A RENDA DO TURISMO................................... 78

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LISTA DE QUADROS

1 - COMPORTAMENTO DO FENÔMENO TURÍSTICO............................................................ 21

2 - FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DOS TURISTAS......................... 25

3 - CLASSIFICAÇÃO DOS FLUXOS TURÍSTICOS................................................................... 25

4 - OFERTA TURÍSTICA SEGUNDO SUAS CATEGORIAS ..................................................... 58

5 - DIMENSÕES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO ............................................ 80

6 - DIRETRIZES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO............................................. 82

7 - AÇÕES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO...................................................... 83

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LISTA DE TABELAS

1 - CRESCIMENTO DO PIB E DA PARTICIPAÇÃO DO TURISMO ......................................... 44

2 - O FLUXO DE TURISTAS NO PARANÁ................................................................................ 45

3 - CRESCIMENTO DO TURISMO SEGUNDO A RENDA GERADA ....................................... 48

4 - TAXAS DE CRESCIMENTO DO TURISMO INTERNACIONAL........................................... 50

5 - PRINCIPAIS PAÍSES EMISSORES DE TURISTAS DO MUNDO........................................ 51

6 - CRESCIMENTO DO TURISMO INTERNACIONAL.............................................................. 52

7 - ESTIMATIVA DO PIB TURÍSTICO E SUA PARTICIPAÇÃO NO PIB BRASILEIRO............ 53

8 - A DEMANDA TURÍSTICA NO PARANÁ............................................................................... 54

9 - A DEMANDA TURÍSTICA EM FOZ DO IGUAÇU ................................................................. 55

10 - PARTICIPAÇÃO DA DEMANDA TURÍSTICA DE FOZ DO IGUAÇU NO TOTAL DO

PARANÁ................................................................................................................................ 55

11 - OFERTA DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS NO PARANÁ ................................................. 59

12 - EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU.............................. 59

13 - OFERTA DE UNIDADES HABITACIONAIS DE HOSPEDAGENS NO PARANÁ ................ 62

14 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE LEITOS EM FOZ DO IGUAÇU ........................................... 63

15 - CLASSIFICAÇÃO DOS HOTÉIS DE FOZ DO IGUAÇU....................................................... 64

16 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS, GASTO MÉDIO DIÁRIO E

PERMANÊNCIA NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU...................................................... 68

17 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS INTERNOS E EXTERNOS .............................. 70

18 - EVOLUÇÃO DA RENDA E DO EMPREGO GERADO PELO TURISMO NO

PERÍODO .............................................................................................................................. 70

19 - PRODUTIVIDADE MÉDIA DOS TRABALHADORES DO TURISMO EM FOZ DO

IGUAÇU................................................................................................................................. 73

20 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU .................... 74

21 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS.............................. 75

22 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS POR

ATIVIDADES ......................................................................................................................... 76

23 - A RELAÇÃO ENTRE TAXA DE CÂMBIO E RENDA DO TURISMO.................................... 77

24 - A RELAÇÃO ENTRE TAXA DE CÂMBIO, EMPREGO E GASTOS MÉDIOS DIÁRIOS...... 79

25 - O TURISMO NO PLANO PLURIANUAL MUNICIPAL .......................................................... 85

26 - O TURISMO NO ORÇAMENTO MUNICIPAL....................................................................... 86

27 - OS EFEITOS DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS SOBRE O TURISMO LOCAL....... 87

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12

2 TURISMO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: ASPECTOS CONCEITUAIS ...... 19

2.1 A ATIVIDADE TURÍSTICA......................................................................................... 19

2.2 A ECONOMIA DO TURISMO.................................................................................... 26

2.2.1 A Macroeconomia do Turismo................................................................................ 30

2.3 O TURISMO COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO................... 34

2.4 O PLANEJAMENTO ECONÔMICO DO TURISMO................................................... 38

3 EVOLUÇÃO RECENTE DO TURISMO ....................................................................... 42

3.1 IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO TURISMO.......................................................... 42

3.2 O TURISMO NO PARANÁ E FOZ DE IGUAÇU EM COMPARAÇÃO COM O

BRASIL....................................................................................................................... 45

3.3 A EXPANSÃO DO TURISMO .................................................................................... 49

4 OS DETERMINANTES DO TURISMO: A INFLUÊNCIA DO NÉVEL DE RENDA

E DA TAXA DE CÂMBIO............................................................................................. 57

4.1 A OFERTA TURÍSTICA............................................................................................. 57

4.1.1 A Oferta dos Meios de Hospedagens..................................................................... 58

4.1.2 A Oferta de Atrativos Turísticos .............................................................................. 65

4.2 A TAXA DE CÂMBIO E O SETOR TURÍSTICO........................................................ 66

4.3 EVOLUAÇÃO DA RENDA E DO EMPREGO GERADO PELO TURISMO ............... 67

4.4 OS EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE O TURISMO LOCAL........................ 76

5 O IMPACTO DO PLANEJAMENTO E GASTOS PÚBLICOS SOBRE O

TURISMO ..................................................................................................................... 80

5.1 O TURISMO NO PLANEJAMENTO MUNICIPAL...................................................... 80

5.2 OS EFEITOS DOS GASTOS PÚBLICOS SOBRE O TURISMO LOCAL.................. 84

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................................................... 90

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 96

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1 INTRODUÇÃO

O turismo é um fenômeno da sociedade moderna de grande importância

econômica, social, política, ambiental e cultural. Sua evolução está diretamente

relacionada à evolução do conceito de viagens. Desde os primórdios, as viagens

fazem parte do cotidiano das pessoas. Viajava-se por inúmeras razões. Inicialmente,

a viagem estava relacionada ao comércio, à procura de bens para a subsistência, à

necessidade de melhorar as condições de vida, aos desejos políticos de expansão

territorial e aos desejos de descanso e saúde que moviam as classes privilegiadas

aos centros termais. Sendo assim, as viagens tinham uma relação estreita com o

desenvolvimento das sociedades humanas. À medida que as sociedades iam se

desenvolvendo, surgiam novas motivações para as pessoas viajarem.

Na era dos grandes impérios, as viagens com fins de negócios, assim

como com fins de prazer, tinham grande importância. De acordo com Montejano

(2001, p.87), foram as “grandes expedições marítimas” realizadas desde o final do

século XIV até o século XVI, que ampliaram o horizonte da época (descobrimento

da América, descobrimentos de novas zonas da África e Ásia) e despertaram a

curiosidade por conhecer povos e lugares, dando origem a uma nova era na

história das viagens.

Conforme a história da humanidade avançava o comportamento dos

viajantes ia mudando, assim como as suas motivações para viajar. Os primórdios

do turismo remontam à Grécia e à Roma antiga, as visitas a amigos e parentes, os

negócios, a religião, a saúde, a educação e o hedonismo, foram cada vez mais

incluídos no rol das motivações para viajar. Foram os romanos os grandes

responsáveis pela introdução da idéia do turismo por prazer, em substituição a

propósitos utilitaristas, como devoção religiosa, saúde ou negócios. Além disso, os

romanos desenvolveram também um turismo voltado para a contemplação das

paisagens em seu império. (SWARBROOKE, 2002, p.38).

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No século XIX, com o surgimento dos spas e dos resorts, o turismo deixa

de ser uma exclusividade das classes mais abastadas e passa a incluir as classes

médias. Um fator importante para que isso ocorresse foi a redução dos custos dos

transportes que deu grande impulso às atividades turísticas, pois permitiu uma

grande mobilidade e acesso das pessoas aos atrativos turísticos.

O surgimento das operadoras especializadas em turismo, no século XIX,

exerceu profundo impacto sobre o crescimento da atividade turística, representando

um grande avanço para o setor. No século XX, precisamente a partir dos anos 30,

as pessoas passaram a ter acesso aos automóveis, o que representou um estímulo

ainda maior ao turismo, como o desbravamento de áreas inacessíveis ao sistema

público de transporte.

Nos tempos modernos, o que permitiu o rápido crescimento do turismo de

massa foi à coincidência de diversos fatores inter-relacionados que ocorreram ao

mesmo tempo: a) maior disponibilidade de renda; b) progresso na tecnologia de

aeronaves; c) automóveis mais acessíveis; d) aumentos adicionais nas horas de

lazer; e) motivos educacionais; e f) ascensão das operadoras de viagens e de

pacotes de excursão, entre outros. (SWARBROOKE, 2002, p.42).

Na atualidade, o turismo é considerado um fenômeno social decorrente

do desenvolvimento e dinamismo da sociedade moderna. A atividade turística traz

grandes benefícios para a sociedade como um todo, principalmente através da

alavancagem econômica direta ou indireta. As atividades de viagens e turismo são

grandes geradoras de emprego. O turismo é muito dinâmico e, não raro, cresce

mais rápido do que as demais atividades econômicas.

Negócios e empregos relacionados ao turismo, muitas vezes, são

estabelecidos em regiões relativamente menos desenvolvidas de um determinado

país, contribuindo para equalizar oportunidades econômicas e incentivando os

residentes a permanecer na região, ao invés de emigrarem para as cidades já

superpovoadas, ampliando os problemas sociais.

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O turismo é muito abrangente e se destaca pelo seu caráter

multidisciplinar. A atividade turística está intrinsecamente ligada aos valores que a

natureza oferece – sol, praias, montanhas, paisagens etc. – que são as fontes que

sustentam os movimentos de pessoas com fins especificamente turísticos. O

turismo é uma atividade bastante ampla também do ponto de vista produtivo, pois

engloba vários segmentos da economia e não se limita a hospedagens,

transportes, agências de viagens ou serviços de entretenimento. A separação do

que é produção turística e do que não é traz grandes dificuldades e aumenta

sobremaneira a conceituação e a mensuração do valor econômico do turismo.

Em países mais desenvolvidos ou industrializados, os reflexos da atividade

turística em outros setores da economia tendem a ser mais significativos do que nos

países em desenvolvimento, assim como do ponto de vista econômico é

naturalmente mais importante para os países receptores de turismo do que para os

emissores. (FERNANDES e COELHO, 2002, p.122). Independentemente de sua

complexidade, grande parte do que o turista demanda é diferente das demais

demandas, pois quando um turista escolhe um destino e decide viajar, nesta ação

estão implícitos compra de passagens, reserva de hotel, gastos com entretenimento,

deslocamentos em táxis ou similares, refeições, souvenirs, entre outros.

A atividade turística forma um dos maiores setores do mundo e uma fonte

geradora de empregos de qualidade. Estimativas apontam que em 2010 a

atividade turística deve atingir uma economia de US$ 8 trilhões e 328 milhões de

empregos. (GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.19).

O setor público e privado combinado devem aplicar US$ 779 bilhões em

novos investimentos de capital para o turismo em todo mundo. O turismo é gerador

e receptor de verbas dos governos e direciona a alocação de recursos nos

orçamentos públicos, pois os gastos são compensados pelo aumento da

arrecadação de impostos. (GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.19).

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O turismo é uma atividade produtiva contínua, geradora de renda, que se

submete às leis econômicas e interfere nos diversos segmentos da economia,

repercutindo acentuadamente e indiretamente em outras atividades produtivas

através do seu efeito multiplicador. (BENI, 2002, p.65). O Turismo promove o

desenvolvimento intersetorial, em função do efeito multiplicador dos investimentos

e dos acréscimos da demanda interna e receptiva. É um elemento importante para

o planejamento regional ou territorial. Proporciona a geração de rendas para o

setor público, representada por impostos diretos e indiretos, incidentes sobre a

renda total gerada no âmbito do sistema econômico e estimula o processo de

abertura da economia.

Da mesma forma que nos países mais desenvolvidos, nas próximas

décadas, o turismo exercerá um papel muito importante para os países em

desenvolvimento, pois permitirá aos mesmos um processo de crescimento

econômico que respeita as questões ambientais e a conservação dos valores

culturais das populações nativas das regiões turísticas. O turismo estará

colaborando para os países alcançarem níveis de desenvolvimento sustentáveis,

com a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida da população. (LAGE

e MILONE, 2001, p.207). A sustentabilidade é uma condição para a existência do

próprio turismo, por isso sua contribuição é cada vez mais perceptível. Existe uma

relação clara entre turismo e desenvolvimento econômico: de um lado o turismo

depende do progresso econômico, tecnológico e das comunicações, além do

progresso social, de outro, o turismo é tido como fator “catalisador” do progresso

econômico e social. Neste sentido, ora o turismo é causado pelo progresso

econômico e social, ora é causador do progresso econômico e social. O turismo

permite o desenvolvimento justamente porque dissemina o progresso econômico e

social de regiões mais abastadas (emissores) para regiões menos favorecidas

(receptores), sendo que, às vezes, é a própria preservação dos padrões primitivos

que atrai os turistas.

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Neste aspecto, afirma Rodrigues (2001, p.80), que “não é o turismo que

permite o desenvolvimento, mas é o desenvolvimento geral de um país que torna o

turismo rentável.” Logo o turismo depende do progresso econômico e social.

É neste contexto que se desenvolve o presente estudo, com o propósito

de ampliar a compreensão dos leitores e da pesquisadora em relação à

contribuição do turismo para a economia de Foz do Iguaçu. Mais especificamente o

que se propôs foi analisar as contribuições do turismo para a economia do

município, em termos de renda gerada, empregos e impostos. Além disso, o

estudo buscou focalizar alguns dos aspectos mais importantes no desenvolvimento

do turismo, a saber: a influência da taxa de câmbio e do planejamento municipal,

bem como dos gastos públicos efetuados, compreendendo um período que vai

1994 a 2006. O estudo partiu da hipótese de que o turismo contribui de forma

significativa para a economia do município.

A atividade turística de num país ou região é muito sensível ao

comportamento da taxa de câmbio, conforme Lage e Milone (2001, p.146) “a

variação na taxa de câmbio é crucial para o turismo de um país”. É de extrema

significância as modificações na política cambial para a determinação dos fluxos

turísticos emissivos e receptivos de um país, em especial do Brasil, cujas atividades

turísticas encontram-se num estágio inicial de participação em relação aos fluxos do

turismo mundial. À medida que o valor do real (R$) em termos da moeda estrangeira

cresce, ocorre de imediato um estímulo para uma expansão da demanda por

viagens ao exterior por parte dos brasileiros, isto é, um aumento do fluxo de turistas

emissivo e, conseqüentemente, uma elevação das despesas turísticas. Ao contrário

criam-se condições para que haja um incremento dos fluxos receptivos no país.

Fica evidente a importância de se ter uma compreensão mais aguçada dos

efeitos das flutuações cambiais sobre a atividade turística, pois a taxa de câmbio

pode determinar uma maior o menor contribuição do turismo para a economia

municipal. Preliminarmente, observou-se que as flutuações nas taxas de câmbio

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entre o período de 1994-1998 foram pouco significativas, variando dentro de limites

muito estreitos, o que significou uma certa estabilidade da taxa de câmbio.

Posteriormente, no período de 1999 a 2004, houve uma grande depreciação

cambial, acarretando uma grande desvalorização do real (R$) frente ao dólar (US$)

americano, o que significa um aumento da taxa de câmbio. Em seguida no período

de 2005 a 2006, a moeda brasileira começa um processo de apreciação, tendo

como conseqüência uma valorização do real (R$) frente ao dólar americano (US$), o

que significa uma queda na taxa de câmbio. Os efeitos das mudanças na taxa de

câmbio sobre a atividade turística são analisados neste trabalho.

A metodologia é parte essencial de todo trabalho científico. Ela define os

rumos a serem seguidos na pesquisa e análise dos dados, bem como a forma como

os dados serão levantados e tratados. (SILVA e MENEZES, 2000, p.37). De forma

mais imediata, uma pesquisa significa buscar respostas para questionamentos e

hipóteses propostas. Minayo (1993), Demo (1996) e Gil (1999), citados por Silva e

Menezes (2000), afirmam que, do ponto de vista filosófico, a pesquisa é “atividade

básica das ciência na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude (...)

de constante busca que define um processo inacabado e permanente.” É uma

atividade de aproximação sucessiva da realidade, que nunca se esgota, fazendo

uma combinação particular entre teoria e prática; é neste contexto que se insere o

presente estudo.

Nesta perspectiva, o estudo foi centrado no fenômeno da sociedade

contemporânea denominado turismo, que é acima de tudo, como já descrito, uma

demanda por uma infinidade de bens e serviços. Os dados foram levantados de

fontes secundárias, com base em relatórios fornecidos pelos organismos que regem

as políticas públicas do turismo, bem como institutos de pesquisa como: Instituto de

Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico

e Social, além da Organização Mundial do Turismo (OMT), EMBRATUR – Empresa

Brasileira de Turismo e Ministério do Turismo, entre outros. A análise dos dados foi

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abordada de acordo com os objetivos específicos, buscando, na medida do possível,

explicar a importância do turismo. A análise foi feita considerando a evolução da taxa

de câmbio, que definiu os cortes transversais do estudo, baseando-se nas

mudanças cambiais mais significativas ocorridas nos períodos estudados.

O propósito deste trabalho foi analisar a contribuição do turismo para a

economia de Foz do Iguaçu, uma vez que o turismo tem impactos importantes. Em

particular, o que se pretendeu foi analisar a contribuição do segmento turístico, sob

a ótica da evolução da renda gerada no setor, no período de 1995 a 2005. Além

disso, o estudo procurou avaliar os efeitos da taxa de câmbio e demais variáveis

macroeconômicas sobre a geração da renda no segmento do turismo local no

período.

O presente estudo é relevante sob vários aspectos. Do ponto de vista

econômico, ele oferece uma contribuição à análise dos efeitos do turismo no

desenvolvimento da região. Do ponto de vista político, o estudo procura orientar os

formuladores das políticas de desenvolvimento. Além disso, ajuda a identificar a

verdadeira importância do turismo dentro da economia, seu potencial, seu peso,

sua demanda e suas interconexões com as diversas atividades econômicas.

O trabalho foi estruturado da seguinte forma: Na seção 1, é apresentada

a introdução na qual consta uma breve contextualização do turismo e seus efeitos

econômicos. Na seção 2, foram apresentados os conceitos e fundamentos que

sustentam a pesquisa e a análise dos dados. Na seção 3, foi apresentado um breve

histórico da evolução recente do turismo, incluindo dados empíricos que evidenciam

sua relevância. Na seção 4, foi desenvolvida uma análise sobre a influência do nível

de renda e da taxa de câmbio sobre o turismo. Na seção 5, foi feita uma análise do

impacto do planejamento e dos gastos públicos sobre o turismo local. Na seção 6,

foram apresentadas as considerações finais e recomendações para trabalhos

futuros. A próxima seção trata especificamente dos aspectos conceituais do estudo,

pautados nas diversas correntes do pensamento sobre a economia do turismo, em

particular, focalizando mais as variáveis macroeconômicas.

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2 TURISMO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: ASPECTOS CONCEITUAIS

Esta seção tem por finalidade apresentar uma discussão sucinta dos

conceitos básicos relacionados ao turismo, sustentada no ponto de vista de vários

autores, focando a atividade turística e a economia do turismo.

2.1 A ATIVIDADE TURÍSTICA

A definição de turismo é matéria muito controversa, segundo os vários

autores que tratam do assunto, pois está relacionado com viagens, não podendo

considerar todas as viagens como turismo.

A Organização Mundial do Turismo (OMT), assim define turismo: “o

deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e

inferior a 60 dias motivados por razões não-econômicas”. Em 1994 esta definição

sofreu aperfeiçoamento, passando para: “o turismo engloba as atividades das

pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante

não mais do que um ano consecutivo por prazer, negócios ou outros fins.”

(IGNARRA, 2003, p.10).

Existem três tendências para a definição do turismo: a econômica, a

técnica e a holística, sendo que a que nos interessa de momento é a primeira.

Turismo é uma importante indústria nacionalmente identificável. É a soma das

operações, principalmente de natureza econômica, que estão diretamente

relacionadas com a entrada, permanência e deslocamentos de estrangeiros para

dentro e para fora de um país, cidade ou região. Turismo pode ser definido como a

ciência, a arte e a atividade de atrair e transportar visitantes alojá-los e

cortesmente satisfazer suas necessidades e desejos. Compreende um amplo corte

transversal de atividades componentes, incluindo a provisão de transportes,

alojamento, recreação, alimentação e serviços afins. (BENI, 2002, p.34).

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Segundo esta ótica, o turismo se caracteriza como uma atividade

econômica pelos seguintes razões: a propensão a viajar é um ato humano; a

recreação é uma atividade desenvolvida por indivíduos, isolada ou grupalmente; os

deslocamentos são atos que compreendem gastos e receitas; o consumo de bens e

serviços turísticos pode enquadrar-se em mais de uma atividade econômica; a

geração de riqueza por meio de um processo produtivo é clara e tipicamente uma

atividade econômica. Entretanto, turismo não é indústria porque esta é um conjunto

de operações necessárias para a transformação de matérias-primas. E ainda, o que

ocorre, na realidade, é uma agregação de valores aos diferenciais turísticos naturais

e culturais, e não a transformação tangível e concreta na matéria-prima original.

O turismo é um eficiente meio para: a) abrir novas perspectivas sociais

como resultado do desenvolvimento econômico e cultural da região; b) promover a

difusão de informações sobre uma determinada região ou localidade, seus valores

naturais, culturais e sociais; c) integrar socialmente, incrementar a consciência

nacional; d) desenvolver a criatividade em vários campos; d) promover o sentimento

de liberdade mediante a abertura ao mundo, estabelecendo ou estendendo os

contatos culturais, estimulando o interesse pelas viagens turísticas. (BENI, 2002, p.34).

Do ponto de vista econômico, o turismo pode ser definido como: o

conjunto das relações e fenômenos – econômicos sociais e culturais, ou seja, é

toda atividade que causa deslocamento que implica gasto de renda, cujo objetivo

principal é conseguir satisfação e serviços que são oferecidos por meio de uma

atividade, geralmente mediante um investimento prévio e cujo objetivo final é obter

rentabilidade. Desta forma, o turismo se emoldura perfeitamente dentro da

economia como o conjunto das atividades industriais e comerciais que produzem

bens e serviços consumidos total ou parcialmente por visitantes estrangeiros ou

por turistas nacionais. (MONTEJANO, 2001, p.103).

Da mesma forma que Beni, Montejano (2001, p.103) afirma que “o

turismo não é diretamente uma indústria, já que, seguindo a definição mais rígida,

não produz nenhum bem econômico, mas sim uma atividade de prestação de bens

Page 21: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

21

e serviços.” Contudo, afirma o autor ter algumas conotações iguais à da indústria,

sobretudo, a “importante dimensão que tem para o crescimento e desenvolvimento

da economia de um país, em especial para os países com potencial turístico em

desenvolvimento, o turismo foi definido como a indústria sem chaminé.”

Sobre a atividade turística, é possível vislumbrar duas correntes de

pensamentos: a que exclui da prática do turismo qualquer tipo de atividade que

implique ganho econômico ou financeiro por parte do turista; e a outra, aceitando

totalmente esta prática.

Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário

e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente, por

motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de

residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade humana

nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social,

econômica e cultural.

Turismo refere-se à provisão de transportes, alojamentos, recreação,

alimentação e serviços relacionados para viajantes domésticos e do exterior.

Compreende a viagem para todos os propósitos, desde recreação até negócios.

(FERNANDES e COELHO, 2002, p.20).

QUADRO 1 - COMPORTAMENTO DO FENÔMENO TURÍSTICO

O FENÔMENO TURÍSTICO

Deslocamento Permanência Tour Motivação

Elemento Dinâmico.

Utiliza transporte. Gera o tráfego. Concretiza o tour.

Elemento que efetiva o espaço turístico receptivo.

Gera a utilização das funções do espaço turístico.

Caracteriza o tempo de consumo do espaço turístico.

Demonstra os níveis reais de aproveitamento do espaço turístico receptivo.

Caracteriza o perfil do turista consumidor do espaço turístico receptivo.

Elemento agregador do turismo: deslocamento+ permanência.

Estabelece o fenômeno turístico.

Caracteriza o turismo pela sua condição fundamental: ida e volta.

Elemento propulsor do fenômeno turístico.

Tem origem no espaço turístico e/ou no consumidor potencial deste espaço.

Determina as expectativas ao turista consumidor.

Indica os meios para despertar os interesses e acionar as relações entre o espaço turístico e o consumidor potencial deste espaço.

FONTE: Adaptado de: Fernandes e Coelho (2002, p.23)

Page 22: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

22

De acordo com o quadro 1, fica evidente que o turismo é um fenômeno

social. Conforme Theobald (2002, p.49), o turismo é “um fenômeno social, e não

uma atividade de produção;” e ainda é “a soma dos gastos de todos os viajantes

ou visitantes, qualquer que seja sua finalidade, não é a receita de um grupo

determinado de estabelecimentos semelhantes.” Além disso, “é uma experiência

ou processo, e não um produto – e, no caso, uma experiência extremamente

variada.” Apesar disso, o turismo não deixa de ter a sua importância econômica,

pois os gastos dos viajantes e visitantes afetam diversos setores da economia, em

muitos casos fazendo surgir novos negócios.

Na visão de Trigo (1998, p.12), o turismo “é uma atividade humana

intencional que serve como meio de comunicação e como elo de interação entre

povos, tanto dentro como fora de um país”. Envolve o deslocamento temporário de

pessoas para outras regiões ou países visando à satisfação de outras

necessidades que não a de atividades remuneradas.

A atividade turística tem várias definições entre as quais podem-se

destacar as seguintes: É um ramo das ciências sociais e não das ciências

econômicas, e transcende a esfera das meras relações da balança comercial. É o

movimento de pessoas e é um fenômeno que envolve, antes de tudo - gente. A

ocupação do espaço por pessoas que afluem à determinada localidade, onde não

possuem residência fixa. É o conjunto de relações e fenômenos resultantes do

deslocamento de pessoas em localidades diferentes daquelas das quais residem

ou trabalham, contanto que tais deslocamentos e permanências não sejam

motivados por uma atividade lucrativa principal, permanente ou temporária.

(SOUZA e CORREA, 2000, p.141).

O conceito de turismo é muito abrangente, pois o turismo é a soma de todo

o setor mundial de viagens, hotéis, transportes e todos os outros componentes,

incluindo promoção, que atende às necessidades e aos desejos dos viajantes. O

turismo pode ser definido como a soma de fenômenos e relações originadas da

Page 23: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

23

interação de turistas, empresas, governos locais e comunidades anfitriãs, no processo

de atrair e receber turistas e outros visitantes. O Turismo é um composto de

atividades, serviços e setores que proporcionam uma experiência de viagem. Turismo

é a soma total das despesas turísticas dentro das fronteiras de uma nação ou

subdivisão política, ou uma área em torno de uma estrutura de transporte de estados

ou nações contíguas. (GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.23).

Este conceito econômico da atividade turística leva em consideração a

capacidade de multiplicação de renda dessas despesas turísticas, o que possibilita

uma visão dos efeitos da atividade turística sobre o desenvolvimento regional.

O fenômeno turístico pode ser estudado sob diferentes óticas ou

abordagens, seja: institucional, produto, histórica, gerencial, econômica, sociológica,

geográfica, interdisciplinar e sistêmica. Sendo que, para fins deste estudo, optou-se

pela abordagem econômica. Enfoque Institucional – considera os diversos

intermediários e instituições que realizam as atividades turísticas; Enfoque do produto

– que tem como objeto os produtos turísticos e a forma como são produzidos,

comercializados e consumidos; Enfoque histórico – compreende uma análise das

atividades e instituições turísticas a partir de um ângulo evolutivo; Enfoque

administrativo - analisa do ponto de vista administrativo, focando na microeconomia,

ou seja, centrando nas atividades administrativas necessárias para a gestão de uma

empresa turística; Enfoque econômico – que se concentra na oferta e demanda,

balança de pagamentos, mercado de divisas, geração de empregos, multiplicadores

da renda, entre outros aspectos; Enfoque sociológico – onde a preocupação está nas

classes sociais, hábitos e costumes dos visitantes e dos residentes, a sociologia do

tempo livre; Enfoque geográfico – o interesse no turismo está na forma em que o

espaço turístico é ocupado, nos tipos de deslocamentos e no impacto do meio

ambiente; Enfoque interdisciplinar – congrega os elementos da sociedade, como a

cultura, antropologia, comportamentos entre outros aspectos; Enfoque sistêmico –

trata-se do estudo, analise dos elementos inter-relacionados para formar um todo

unificado e organizado. (IGNARRA, 2003, p.10).

Page 24: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

24

O turismo é um fenômeno que envolve quatro componentes

fundamentais: o turista, os prestadores de serviços, o governo e a comunidade do

destino turístico. Uma definição mais específica dessa atividade é a seguinte, “a

soma das operações, especificamente as de natureza econômica, diretamente

relacionada com a entrada, a permanência e o deslocamento de estrangeiros para

dentro e para fora de um país, cidade ou região.” (IGNARRA, 2003, p.13).

Outra proposta é a de Oscar de La Torre, citado por Ignara (2003, p.13),

que afirma: O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento

voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente

por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de

residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa

nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica

e cultural.

De acordo com a amplitude das viagens, o turismo pode ser classificado

como: a) local – quando ocorre entre municípios vizinhos; b) regional – quando

ocorre em locais em torno de 200 a 300 km de distância da residência; c)

doméstico – quando ocorre dentro do país de residência do turista; d) internacional

– quando ocorre fora do país de residência do turista. Com relação ao fluxo

turístico, ele pode ser classificado como: turismo emissivo – fluxo de saída de

turistas que residem em uma localidade; turismo receptivo – fluxo de entrada de

turistas em um determinado local. O conceito de viagens, turismo e recreação

estão intimamente ligados.

Das definições acima se observa que a atividade turística se caracteriza por

ser muito complexa, restando claro que é um fenômeno social dos tempos modernos,

que veio de encontro ao progresso econômico e social. Esta atividade é fonte

geradora de inúmeros negócios, empregos e rendas. Pode ser uma excelente via de

promoção do desenvolvimento regional, pois afeta diversos setores da economia.

A indústria do turismo desempenha um papel importante frente às

exigências dos consumidores, ou seja, ela desenvolve produtos específicos para

satisfazer as determinantes do comportamento de algum turista. (SWARBROOKE

e HORNER, 2002, p.102).

Page 25: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

25

QUADRO 2 - FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DOS TURISTAS

CIRCUNSTÂNCIAS: Saúde Renda disponível Tempo para lazer Compromissos profissionais Compromissos Familiares Carro Próprio

CONHECIMENTO: Das destinações Da disponibilidade dos diferentes produtos turísticos Diferenças de preços entre agências concorrentes

ATITUDE E PERCEPÇÕES: Percepções de destinações e de organizações de

turismo Opiniões políticas Preferências por determinados países e culturas Medo de certos modos de viagem Com quanta antecedência gostam de planejar e reservar

uma viagem Idéias sobre o que constituí o valor do dinheiro

EXPERIÊNCIA DE: Tipos de férias Diferentes destinações Produtos oferecidos Viagens com determinados indivíduos ou grupos Buscas preços com desconto

Adaptado de: Swarbrooke e Horner (2002, p.98)

Os fatores que determinam a atividade turística podem ser classificados

em dois grandes grupos: a) os que determinam se os indivíduos irão viajar ou não;

b) os que determinam os tipos de viagens. Além das determinantes da atividade

turística, é preciso uma compreensão dos diversos fluxos turísticos. Neste sentido,

Beni (2002, p.439) descreve e classifica os fluxos turísticos conforme o quadro 3:

QUADRO 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS FLUXOS TURÍSTICOS

CLASSIFICAÇÃO PERMANÊNCIA SOLICITAÇÃO DE SERVIÇOS E

EQUIPAMENTOS ESTRUTURA DE GASTOS

Fluxos turísticos itinerantes Menos de 12 horas Média = 6 horas

Complementares de Alimentação e Recreação

Despesas com alimentação, recreação e eventualmente compras

Fluxos turísticos de estada fério-semanal

Até 8 dias Média = 3 dias

Hoteleiros e complementares de alimentação e recreação

Despesas com hospedagem e alimentação

Fluxos turísticos de estada fério-menso-estacional

Até 30 dias Média = 12 dias

Hoteleiros, extra-hoteleiros, apartamentos e casas residenciais locadas, colônias de férias e outras

Despesas de hospedagem

Fluxo turístico sedentário residencial-fério-semanal

Até 4 dias Média = 2 dias

Instalação própria do alojamento, 2ª residência

Despesas com manutenção

Fluxo turístico sedentário-residencial-fério-menso-estacional

Até 25 dias Média = 15 dias

Instalação própria do alojamento, camping

Despesas com manuetanção

FONTE: Adaptado de: Beni (2002, p.439)

Page 26: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

26

Diante do exposto, resta claro que as atividades turísticas decorrem de

um fenômeno social capaz de afetar profundamente o sistema econômico. Existe

uma relação estreita entre turismo e economia, pois o desenvolvimento econômico

que disponibiliza renda para as pessoas viajarem, além de maior tempo livre de

lazer, acaba por promover a atividade turística. A atividade turística, por sua vez,

com suas demandas de bens e serviços acaba por promover o desenvolvimento

econômico. Existe uma relação de causa e efeito entre turismo e economia, ora a

economia é causa do desenvolvimento do turismo, ora o turismo é causa do

desenvolvimento da economia. Cabe ressaltar ainda o fato de que no momento em

que o turismo é o causador do desenvolvimento econômico, em muitos casos,

beneficia as regiões menos favorecidas, significando uma transferência de renda

de regiões mais desenvolvidas para aquelas menos desenvolvidas, possibilitando a

geração de empregos, rendas, divisas, impostos, entre outros benefícios.

2.2 A ECONOMIA DO TURISMO

Na seção anterior, foi apresentada a relação entre turismo e economia.

Nesta seção, é aprofundada a discussão dos aspectos econômicos do turismo.

Conforme Goeldner, Ritchie e Mcintosh (2002, p.29), “Em função de sua

importância para as economias doméstica e mundial, o turismo tem sido

examinado de perto por economistas que concentram sua atenção na oferta, na

demanda, na balança de pagamentos, no câmbio, no emprego, nas despesas, no

desenvolvimento, nos multiplicadores e em outros fatores econômicos.”

A economia do turismo, nas últimas décadas, vem despertando a atenção

de alguns pesquisadores os quais têm levantado diversos questionamentos, a

saber: o turismo é uma atividade econômica? O turismo é um setor econômico?

Em qual setor econômico o turismo se enquadra? Sob o ponto de vista econômico,

qual é a melhor forma de analisar o turismo, sob a ótica da oferta ou da demanda?

A economia do turismo é influenciada por diversos fatores: Econômicos –

taxas de crescimento econômicas globais contínuas, desempenho econômico

Page 27: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

27

acima da média para as economias, as diferenças entre países ricos e pobres e

harmonização das moedas. Tecnológicos – desenvolvimento de tecnologia da

informação, avanços tecnológicos nos transportes. Políticos – remoção de

barreiras para viagens internacionais, desregulamentação dos transportes e outros

setores. Demográficos – envelhecimento da população, concentração de mão-de-

obra, migração, erosão da família ocidental tradicional. Globalização – forças

internacionais de mercado, redução do controle dos estados individuais e

cooperações globais. Localização – conflito entre países em desenvolvimento,

demanda dos diferentes grupos étnicos e reconhecimento dos seus direitos.

Consciência Socioambiental – maior cobertura da mídia sobre problemas globais.

Ambiente de Moradia e Trabalho – urbanização. Mudanças de economia de

serviços para experiência – ênfase no fornecimento de experiências únicas para

envolvimento pessoal do cliente. Marketing – uso de tecnologia eletrônica para

identificar e comunicar-se com segmentos e nichos de mercado. (GOELDNER,

RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.450).

Segundo Silva (2005, p.3), o turismo, por sua característica de emissão e

recepção, apresenta dois problemas básicos: “má distribuição no tempo e sua

polarização no espaço”, o que revela necessidades de maior racionalidade

econômica no controle das variáveis envolvidas, visando ao desenvolvimento das

suas potencialidades. Ainda segundo o autor, “o turismo se preocupa com a

produção e distribuição de bens e serviços que tornam possíveis os benefícios

esperados pelos turistas em viagens.”, embora tais bens e serviços possam ser

produzidos em diversos setores da economia.

Os autores esclarecem que o turismo depende de um conjunto de fatores

que são afetados pelas ações e comportamentos humanos, de forma deliberada

ou não.

A expansão turística representa aumento na demanda por produtos

agrícolas, mobiliários, transportes, construção civil e outros. A aquisição de

Page 28: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

28

produtos na localidade contribui para a elevação do número de empregos, gera

mais receita para empresários, aumenta a receita tributária e fixa a população. Os

impactos econômicos gerados pela atividade turística são: Redução dos

desequilíbrios regionais – nas regiões com nível baixo de renda média, o aumento

da demanda turística provoca uma série de efeitos multiplicadores sobre diferentes

setores produtivos que lá funcionam. Esta demanda adicional enseja uma ampla

gama de aquisições de bens e serviços que, por sua vez, faz com que outros bens

e serviços sejam adquiridos, e assim sucessivamente. Contribuição na

Arrecadação de Impostos – A atividade turística tem uma importante contribuição

para a arrecadação de tributos. Efeitos Multiplicadores de renda, produção e

emprego – o multiplicador de produção relata o momento de produção adicional

gerada na economia como conseqüência de um aumento no gasto turístico. O

multiplicador da renda pode ser entendido como a mensuração da renda adicional

gerada na economia devido a um aumento no gasto turístico. Contribuição na

formação do Produto Interno Bruto (PIB) – Se o turismo cresce tudo cresce ao seu

redor, inclusive o setor terciário. O turismo está inserido no setor econômico que,

ao longo das últimas décadas, vem aumentando consideravelmente sua

participação percentual na composição do Produto Interno Bruto das economias

mais avançadas. (FERNANDES e COELHO, 2002, p.90).

Conforme o descrito acima, o turismo gera impactos importantíssimos

para o desenvolvimento econômico regional e se apresenta como um elemento

capaz de amenizar os problemas estruturais, principalmente aqueles relacionados

aos desequilíbrios regionais, a concentração econômica e de rendas.

Neste sentido, Beni (2002, p.64) afirma que “A contribuição de cada um

dos setores produtivos na geração do produto total da economia, com uma

estrutura de emprego de fatores determinados para uso de uma tecnologia própria

das condições econômicas, sociais e políticas de um país, reflete-se, entre outros

fenômenos econômicos, no grau de desenvolvimento econômico alcançado por

Page 29: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

29

uma nação.” Sendo assim, a utilização dos recursos para a produção de bens e

serviços destinados ao turismo é “condicionante permanente de sua evolução,

tanto na ordem micro quanto na ordem macroeconômica.”

O turismo “está englobado no setor terciário ou setor de serviços.” Este

gera três tipos de efeitos sobre a economia: a) efeitos globais sobre a economia

nacional, como financiamento do déficit exterior, ou mudanças na dependência

exterior e sobre a ordem econômica internacional; b) efeitos parciais sobre a

economia nacional relacionados à produção, emprego, balanço de pagamentos,

taxas de câmbio, oferta monetária, circulação de moeda, arrecadação pública,

gastos públicos, inflação, especulação do solo, distribuição de renda,

desenvolvimento regional, meio rural e movimento demográfico; c) efeitos externos

sobre meio ambiente, formação profissional, hábitos de consumo, alterações

sociais e culturais. (MONTEJANO, 2001, p.105).

Os autores citados foram unânimes em afirmar que o turismo é, ao

mesmo tempo, determinado e determinante do desenvolvimento econômico. A

possibilidade de o turismo criar benefícios líquidos maiores para a sociedade do

que outro tipo de empreendimento depende, sobretudo, da natureza da economia.

O que se discute é se a alocação de recursos para fins do turismo oferece ou não

melhores condições para o desenvolvimento regional.

O turismo “é uma exportação invisível, no sentido de que cria um fluxo de

moeda estrangeira para a economia de um país e com isso contribui diretamente

para a situação da balança de pagamentos”. (THEOBALD, 2002, p.88).

O turismo parece ser mais eficiente do que outras indústrias para gerar

empregos e renda nas regiões menos desenvolvidas, frequentemente distantes, de

um país onde as oportunidades alternativas de desenvolvimento são mais

limitadas. Na verdade, é nessas áreas que o turismo pode ter o seu impacto mais

significativo. O crescimento do turismo em tais áreas pode fornecer também um

incentivo monetário para a continuidade de muitos artesanatos artísticos locais, ao

passo que os hotéis para turistas criam um mercado para a produção local.

Page 30: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

30

A alocação de recursos para fins do turismo é mais eficiente para o

desenvolvimento de regiões menos favorecidas, pois atrai um fluxo de renda

importante, que gera efeitos multiplicadores, além disso exige uma série de

investimentos que, no mais das vezes, são provenientes de poupanças externas.

Em conformidade com Silva (2004, p.5), o turismo se relaciona com

diversos setores da economia e representa “um conjunto de atividades produtivas,

no qual os serviços têm um caráter prevalente, que interessam a todos os setores

econômicos de um país ou uma região, se caracterizando por possuir, de uma

interdependência estrutural com as demais atividades, em maior grau e

intensidade que qualquer outra atividade produtiva.”

Essa afirmação de Silva se conforma com a visão de Theobald, de que o

turismo é muito eficiente para gerar emprego, renda e tributos. A questão da

interdependência estrutural entre turismo e demais atividades diz respeito ao

conjunto de relações de causa e efeito entre turismo e economia. Evidencia-se

também que o desenvolvimento do turismo requer um volume de investimentos

considerável em infra-estrutura e demais equipamentos turísticos, o que acaba por

afetar os demais setores da economia, pois os investimentos em si também têm

um efeito multiplicador muito grande.

2.2.1 A Macroeconomia do Turismo

Na seção anterior, foram introduzidos alguns dos aspectos

macroeconômicos do turismo, quando da apresentação dos impactos gerados pelo

turismo sobre a economia. Nesta seção, buscou-se apresentar de forma mais

detalhada, o comportamento das variáveis macroeconômicas, quando afetadas

pelas atividades turísticas.

Segundo Montejano (2001, p.104), a macroeconomia do turismo se

caracteriza como, “o estudo das magnitudes agregadas da economia turística e de

seus comportamentos e inter-relações. Estuda, portanto, as atividades humanas

Page 31: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

31

com relação à atividade turística de grandes grupos – países, regiões, etc. –,

expressando-se mediante as magnitudes ou agregados econômicos.”

Sendo assim, a macroeconomia do turismo se dedica a estudar: O valor

adicionado bruto do turismo. O turismo dentro do marco do Produto Interno Bruto e do

Produto Nacional Bruto. O emprego total direto e indireto da população ativa dedicada

ao turismo. A renda nacional e a posição da renda nacional turística dentro do

conjunto. Os investimentos globais em empresas de serviços turísticos. O consumo

turístico global (gasto total efetuado em bens e serviços diversos). Os preços dos

produtos e serviços turísticos, e o índice geral de variação de tais preços. Os salários

da população ativa dedicada ao setor turístico. A demanda turística procedente do

estrangeiro e a nacional que se distribui dentro do país, bem como a que se dirige

para o exterior. A oferta da infra-estrutura turística e os ingressos de divisas no

conceito de turismo, refletindo na balança de pagamentos. Os pagamentos de divisas

por saídas de nacionais para o estrangeiro ou a compra ou importação de infra-

estrutura turística do exterior, refletidos na balança de pagamentos.

Em conformidade com o descrito anteriormente, Beni (2002, p.70) afirma

que “o turismo, em sua vertente econômica, é considerado proporção da demanda

total, isto é, uma parte específica do consumo da exportação e da inversão em

atividades também determinadas.”

Sendo o turismo um fenômeno social que demanda dos diversos setores

da economia, do ponto de vista macroeconômico a decomposição da sua renda é

importante. O valor acumulado ou renda das atividades ou dos ramos produtivos que

são plenamente de turismo (hotelaria, equipamentos complementares de

alimentação, agências de viagens e operadoras de turismo e outras). Valor

acumulado ou renda das atividades ou ramos produtivos que prestam parcialmente,

e não de maneira permanente, serviços turísticos (empresas de transportes, bancos,

estabelecimentos comerciais, de espetáculos e outros). Valor acumulado ou renda

de setores industriais, agrícolas ou de serviços, com repercussão direta ou indireta

Page 32: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

32

pela ação de crescimento do turismo (construção, alimentação, comunicações,

obras de infra-estrutura, indústria em geral e outros). Salários, juros, lucros e aluguel

conforme os demais fatores empregados. (BENI, 2002, p.66).

O valor ou percentagem da renda que possa ser atribuída ao turismo

poderá ser decomposta segundo em três grandes categorias: Valor agregado ou

renda de atividades ou ramos produtivos plenamente turísticos – hotelaria,

restaurantes, transportes, agências de viagens, centros urbanísticos e de

recreação - ponderados pelo coeficiente de consumo turístico no total da produção;

valor agregado ou renda de atividades ou ramos produtivos que vendem serviços

ou bens aos turistas, sem que sejam considerados setores turísticos –

estabelecimentos comerciais, bancos, reparos de veículos – na parte proporcional

da demanda turística; e valor agregado ou renda de setores industriais, agrários ou

de serviços pela repercussão da demanda turística – conteúdo direto ou indireto –

ou seja, construção, alimentação, obras de infra-estrutura. A acumulação ou

agregação desses valores expressará o peso global do turismo na renda.

(FIGUEROLA apud SILVA, 2004, p.6).

Compreendida a forma como a renda do turismo é decomposta, resta

entender o efeito multiplicador da renda do turismo. Sendo assim, Lage e Milone

(2001, p.125) definem o multiplicador “como um coeficiente numérico que

quantifica a modificação induzida, via variação dos níveis dos investimentos, no

nível de equilíbrio da renda nacional, devido a uma alteração inicial do nível dos

gastos totais da economia.” e acrescentam “o efeito multiplicador representa o

fenômeno pelo qual algum acréscimo ou decréscimo inicial dos gastos totais irá

ocasionar uma elevação ou uma diminuição mais do que proporcional do nível de

equilíbrio da renda ou produto nacional.”1

1 O valor numérico do multiplicador, k, é dado por: k = (1/ (1- (PMaC + PMaIM))) ou k = 1/ (PMaP+

PMaIM) onde: PMaC = propensão marginal a consumir ΔC/ΔR; PMaP = Propensão marginal a poupar ΔP/ΔR; PMaIM = propensão marginal a importar ΔIM/ΔR. (adaptado de Lage e Milone, 2001, p.125)

Page 33: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

33

Ainda na visão dos autores, “os multiplicadores específicos do turismo

permitem quantificar as variações dos níveis de renda, do emprego, do produto e

da entrada ou saída de divisas, em decorrência das variações verificadas nos

níveis iniciais de gastos com o turismo.” Multiplicador da renda: representa as

variações da renda interna causadas pela variação inicial dos gastos turísticos;

multiplicador do emprego: simboliza as variações do número de empregos

ofertados, causadas pela variação inicial dos gastos turísticos; multiplicador do

produto: demonstra as variações do produto, ocasionadas pela variação inicial no

nível de gastos turísticos; multiplicador das importações: indica o valor associado

das variações das importações de bens e serviços com gastos adicionais

derivados do turismo; multiplicador das receitas do governo: representa o montante

adicional de receita do governo, criado por cada unidade extra de gasto turístico.

(LAGE e MILONE, 2001, p.137).

O descrito acima revela que o turismo traz impactos importantes sobre a

renda de determinada região ou país. De acordo com Arendit (2002, p.87) o

“interesse pela atividade turística vem se expandindo em escala mundial em razão

das vantagens trazidas por ele.” O autor acrescenta ainda que “o turismo como

atividade econômica provoca efeitos na renda nacional, no emprego, na balança

de pagamentos e no desenvolvimento regional e no setor público.”

Dentro da visão macroeconômica do turismo cabe ressaltar que o turismo

gera impacto sobre os termos de intercâmbio, embora a intensidade das trocas

seja diferentes. De acordo com Castelli (2001, p.116), “o turismo internacional se

constitui num ótimo estímulo ao comércio mundial, favorecendo, portanto, as trocas

entre as nações.” Para este autor, o “montante de divisas entradas ou saídas do

país, pela prática do turismo internacional, pode ser obtido através de duas

modalidades: a) autoridades monetárias; b) sondagens.” Um dos aspectos

fundamentais para se poder realizar uma análise econômica do turismo refere-se,

precisamente, em saber identificar e computar as despesas turísticas. Estas vão

Page 34: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

34

desde a aquisição de bens e serviços, que são fundamentais para a prática do

turismo, até aqueles que são considerados acessórios. Trata-se de verificar a

intensidade com que esses bens e serviços repercutem no turismo.

Conforme as referências descritas, a macroeconomia do turismo diz

respeito aos agregados econômicos, ou seja, à demanda agregada, à oferta

agregada, à renda, ao emprego, à inflação, aos investimentos, e aos impostos.

Mas também se refere aos efeitos multiplicadores das variações dos gastos

turísticos ou investimentos e rendas geradas pelo turismo. O presente estudo

buscou focalizar os aspectos macroeconômicos e do desenvolvimento proveniente

da atividade turística, pois esta foi a linha geral da análise proposta inicialmente.

2.3 O TURISMO COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A seção anterior está focada na economia do turismo, com destaque para a

macroeconomia, tendo em vista os objetivos deste estudo. Esta seção se dedicou aos

aspectos conceituais e teóricos da relação turismo-desenvolvimento econômico.

Na análise da contribuição do turismo para o desenvolvimento

econômico, um conceito surge como sendo altamente adequado: Filière, que para

Blasco (1994) significa “cadeia de indústrias integradas”, ou um “conjunto

articulado de atividades econômicas integradas cuja integração resulta de

articulações em termos de mercados, de tecnologia e de capitais”. Sendo que o

sistema produtivo pode ser “uma série de filières que começam com os recursos

primários para desembocar na satisfação de uma necessidade humana”. De outro

lado, o Filière pode ser visto como “um conjunto de operações econômicas e, por

outro lado, como um conjunto de organizações”.

Na visão de Arendit (2002, p.103), “o turismo como atividade produtiva e

geradora de emprego pode ser estendido para outras regiões, menos

desenvolvidas, mas que possuem atrativos turísticos.” Segundo o autor, “isso

permite transferir benefícios de uma região mais rica para outra mais pobre,

Page 35: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

35

contribuindo para melhorar as condições de vida da população dessa última região

através dos avanços de infra-estrutura e serviços proporcionados pelo turismo e

estimulando o surgimento e o crescimento de outras atividades.” O autor

acrescenta que a “atividade turística contribui para aumentar o mercado de outros

produtos.” Além disso, “o turismo gera renda para o setor público e quanto maior

for a renda criada pelo turismo, mais impostos serão arrecadados pelo governo”.

Ainda na visão desse autor, o turismo influencia nos níveis de

investimentos em três áreas fundamentais: construção, equipamentos e

acessórios; reformas e realocação de empreendimentos já em operação para que

continuem com as mesmas características ao longo da sua vida útil; e fundos

disponíveis para pagar os custos da produção.

Os impactos positivos do turismo sobre o desenvolvimento econômico

podem ser classificados da seguinte forma: a) o turismo aumenta a renda do lugar

visitado via entrada de divisas; b) o turismo estimula investimentos e gera empregos;

c) o turismo é um meio de redistribuir riquezas; d) o turismo gera efeitos

multiplicadores; e) o turismo pode contribuir para melhorar o balanço de pagamentos.

Visto desta forma, o turismo é um motor para o desenvolvimento econômico.

Goeldner, Ritchie e Mcintosh (2002, p.280) seguindo a mesma linha de

raciocínio de Blasco, afirmam que o “turismo afeta uma região durante períodos de

intensa atividade de investimentos e após, quando os investimentos estão

produzindo”, porém seus efeitos “dependem das ligações entre as unidades

econômicas.” E acrescentam “os efeitos multiplicadores em ambos os casos são

dependentes da força dos encadeamentos (linkages).” O que se conforma com o

conceito de Filière já descrito. Para os autores o “multiplicador reflete a quantidade

de atividade econômica nova gerada à medida que a renda básica circula através

da economia.” Os autores alertam ainda para o fato de ser “possível haver um

setor turístico em crescimento e uma pobreza abjeta da população local, se não

houver encadeamentos.”

Page 36: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

36

Até o presente, dois aspectos surgem como que cruciais para o

desenvolvimento regional decorrente do turismo: o primeiro diz respeito ao

encadeamento produtivo; o segundo diz respeito ao efeito multiplicador. Sendo

essas as condições mais relevantes consideradas pelos autores.

O setor turístico tem uma estrutura singular. Ele é considerado um

aglomerado de diversas unidades muito pequenas, englobando vários setores de

serviços diferentes... O investimento em infra-estrutura parte dos governos e

estimula investimentos em diversas empresas menores. Em função do pequeno

porte dessas empresas, as necessidades de capital são relativamente baixas e o

investimento acontece em ritmo acelerado. O investimento inicial provoca grande

investimento em setores de apoio e terciários. Isto inclui também grandes

investimentos em hotéis, restaurantes e shoppings centers, marinas e aeroportos.

(GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.281).

O texto acima revela as possibilidades do efeito multiplicador dos

investimentos no turismo. Além do impacto direto das despesas turísticas sobre

uma área, existem também os impactos indiretos. O impacto indireto ou

multiplicador entra em cena quando a despesa dos visitantes circula e recircula.

Quando a despesa de um turista injeta fundos na economia de uma área

anfitriã, ocorre um efeito econômico que é, algumas vezes, a quantia gasta

originalmente. Esse efeito é considerado multiplicador de renda. Gastos maiores

precisam de mais empregos, o que resulta em um multiplicador de empregos. Como

o dinheiro muda de mãos várias vezes durante um ano, existe um multiplicador de

transações. Conforme o volume de negócios cresce em uma destinação turística,

mais infra-estrutura e superestruturas são construídas. Isso resulta em um

multiplicador de capital. (GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002, p.283).

Em conformidade com os autores, observa-se que o turismo tem efeitos

diretos e indiretos sobre o desenvolvimento econômico. Os primeiros dizem

respeito às atividades tipicamente turísticas. Os segundos dizem respeito aos

Page 37: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

37

efeitos multiplicadores dos gastos turísticos, ou investimentos motivados pelo

turismo. Para que o turismo cumpra seu papel no processo de desenvolvimento

regional é preciso observar as duas condições anteriormente descritas –

encadeamentos produtivos e efeito multiplicador.

O turismo se realiza por intermédio de um composto de atividades relativas

ao alojamento – indústria da construção e de transformação; alimentação e bebidas –

atividade agrícola e indústria alimentícia; transportes – indústria de transformação e de

consumo energético; serviços; aquisições de produtos locais – artesanato e indústria

do vestuário ou de transformação; visitas aos divertimentos – serviços.

Todas estas atividades estando ligadas aos atrativos turísticos. Esse e

outros conglomerados de atividades permitem a realização do turismo. Sendo

assim, os bens naturais e culturais tornam-se diretamente produtivos, participando

do processo geral de expansão da economia. A colocação em circulação de bens

não econômicos, até então considerados livres, está na raiz do fenômeno turístico,

sendo que até então tais bens eram postos à margem do sistema produtivo. A

inserção de bens naturais livres no sistema econômico gera custos representados

pela infra-estrutura que pode afetar o meio ambiente.

A demanda por bens e serviços turísticos limita a capacidade de obtenção

de lucros e impactos sobre a comunidade; a oferta de atrações turísticas limita a

quantidade de benefícios que os turistas podem obter e, portanto, também os lucros

e os impactos econômicos sobre a comunidade; as restrições de ordem técnica e

ambiental envolvem situações que tratam da capacidade física de determinado

centro receptivo; as restrições temporais – de um lado o tempo disponível para viajar

limita as atividades que o turista pode desenvolver, e do outro lado a duração da

estação turística influencia a rentabilidade dos negócios e o impacto dos gastos

turísticos sobre a economia; os problemas relativos à indivisibilidade de

determinados produtos e serviços. (HAVAS apud SILVA, 2004, p.5).

A análise da contribuição do turismo para a economia regional deve

considerar o ponto de vista da demanda agregada. De acordo com a ONU (2001),

Page 38: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

38

“o ponto de partida para esta análise econômica é a consideração da atividade dos

visitantes como uma atividade de consumo no sentido amplo, a qual se constitui o

núcleo dos aspectos econômicos do turismo”.

Para ampliar a compreensão acerca do desenvolvimento econômico é

preciso entender o que seja crescimento. Retomando o ponto de vista de Lage e

Milone (2001, p.203) os autores definem que “crescimento econômico é o aumento

contínuo do produto nacional, em termos globais ou per cápita de um país, ao

longo do tempo.” Enquanto que desenvolvimento econômico é “o aumento

contínuo do produto nacional e da qualidade de vida dos indivíduos de cada país,

ao longo do tempo.” Neste sentido, é necessário que haja crescimento para que

ocorra o desenvolvimento.

Esta seção abordou os aspectos conceituais do desenvolvimento

econômico causado pelo turismo. Compreendeu-se que os investimentos públicos

e privados são fundamentais para o desenvolvimento do turismo. É que o turismo

pode provocar o crescimento econômico, porém não melhorar as condições de

vida da população local, caso não haja os efeitos multiplicadores e os devidos

encadeamentos produtivos.

2.4 O PLANEJAMENTO ECONÔMICO DO TURISMO

Os resultados positivos ou negativos dos impactos econômicos do

turismo sobre uma comunidade dependerão do grau de desenvolvimento da

região. Apesar da já mencionada importância econômica do turismo, cabe ressaltar

que, como em qualquer segmento econômico, o turismo requer um ordenamento e

direcionamento para gerar melhores e maiores benefícios. É neste contexto que o

planejamento econômico do turismo se faz necessário e surge como uma

condicionante do processo de desenvolvimento.

O turismo, por ser uma indústria vasta e complexa, deve ter suas

principais metas de crescimento programadas e elaboradas por meio de um plano

Page 39: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

39

econômico, que pode ser definido como um conjunto específico de metas

econômicas quantitativas a serem atingidas em dado período. É uma tentativa de

coordenar o processo de decisão econômica em longo prazo, influenciando e

controlando o nível de crescimento das principais variáveis econômicas de forma a

alcançar um conjunto de objetivos predeterminados. (LAGE e MILONE, p.209).

Os autores citados deixam claro que a interferência dos Governos na

promoção do turismo é de fundamental importância, pois entre outros aspectos

podem assegurar: os tipos de estratégias de desenvolvimento adotadas nos locais

que sejam apropriadas; um programa de desenvolvimento turístico compatível com as

condições locais; uma estrutura adequada. Além disso, é possível identificar, de

antemão, os benefícios econômicos pretendidos do turismo. Em nível global, os

principais requisitos para realizarmos um planejamento econômico que vise ao

crescimento e ao desenvolvimento turístico são: investigar a demanda turística e suas

tendências, ou seja, efetuar um estudo minucioso do mercado turístico; e avaliar os

atrativos reais e potenciais da área turística a ser promovida ou reformulada.

Para que o crescimento ocorra e o desenvolvimento do turismo em um

país ocorra de forma organizada, de acordo com um plano previamente delineado,

em função das necessidades identificadas, é importante considerarmos a

participação especial de dois agentes econômicos: a organização nacional do

turismo, funcionando como uma empresa turística pública e o governo. O papel do

governo no turismo, portanto é fundamental. Além dos aspectos mencionados, ele

pode também criar mecanismos favoráveis para os investimentos turísticos por

meio de regulamentações, incentivos, subsídios, créditos, assessorias técnicas,

taxas preferenciais, facilidades especiais, ajuda nos custos operacionais,

recrutamento e treinamento de mão-de-obra, incentivos e ajudas fiscais, etc.

(LAGE e MILONE, p.213).

Segundo Theobald (2002, p.355), na “maioria dos países o

desenvolvimento do turismo é uma atividade realizada em parceria entre os

Page 40: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

40

setores privado e público.” Essa parceria depende das orientações políticas,

econômicas e sociais de cada país. O autor acrescenta que “idéia do envolvimento

do setor público no turismo baseia-se em conceitos de fracasso do mercado,” pois,

“o mecanismo de mercado como o único árbitro na alocação de recursos para o

turismo ignora as lições da história e está simplificando a natureza heterogênea

desse produto.”

A conclusão é que a busca limitada das oportunidades privadas de lucro

dentro do turismo pode ser frustrante. O resultado pode ser não o desenvolvimento

turístico integrado que transpira a essência do país, mas um ambiente densamente

povoado, com excesso de construções, sem pontos agradáveis, que poluem as

praias, contrariando os interesses de uma política de turismo nacional.

Na visão do autor, caso não haja o planejamento econômico do turismo,

os resultados podem ser desastrosos. Neste sentido, Beni (2002, p.100) afirma que

“é necessário, portanto, que sejam delineadas diretrizes básicas de uma política

econômica nacional para o desenvolvimento do turismo.” E acrescenta que “trata-

se de definir a lógica de um Plano de Desenvolvimento Turístico em nível global e

regional.” O autor, concordando com os demais já citados, afirma que “o turismo é

uma atividade que requer a intervenção proeminente do Estado pelo que

representa em suas características fundamentais.” Para o autor, “ao ponto de vista

econômico, de fato, o turismo representa uma atividade plurissetorial que necessita

de coordenações e de planejamento de seu desenvolvimento que só podem ser

providos pelo poder público.”

Deve-se entender por Política de Turismo o conjunto de fatores

condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os

objetivos globais para o turismo do país; determinam as prioridades da ação

executiva, supletiva ou assistencial do Estado; facilitando o planejamento das

empresas do setor quanto aos empreendimentos e às atividades mais suscetíveis

de receber apoio estatal. Ela deverá nortear-se por três grandes condicionamentos:

o cultural, o social e o econômico.

Page 41: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

41

Ainda sob a ótica de Beni (2002, p.109), a política “pode ser definida

como um curso de ação calculado para alcançar objetivos.” Segundo ele, os

objetivos são “direções gerais para o planejamento e a gestão do turismo,

baseadas em necessidades identificadas dentro de restrições de mercado e de

recursos.” O ponto crucial do planejamento estratégico “é a necessidade de um

propósito unificante, consentido pelo governo, para assegurar que os diversos

elementos do turismo fluam na mesma direção.”

De acordo com Swarbrooke (2000, p.4), existem muitas razões pelas quais

o Setor Público deva assumir a liderança no desenvolvimento do turismo

sustentável. Entre as quais: “o setor público tem poder para representar toda a

população, não apenas grupos ou indivíduos interessados.” Os instrumentos que o

poder público deve adotar na condução do desenvolvimento do turismo são

diversificados. A saber: legislação e regulamentações; financiamentos e incentivos

fiscais; planejamento do uso do solo; desenvolvimento e controle da construção;

fornecimento da infra-estrutura; padrões oficiais; controle sobre o número de turistas.

O planejamento econômico do turismo é essencial para o seu

desenvolvimento sustentável, além disso, para que o turismo cumpra o seu papel

no desenvolvimento econômico regional. Em linhas gerais, é preciso que se defina

uma política econômica do turismo, diretrizes e objetivos claros. Entretanto,

afirmam os autores citados, não basta planejar é preciso também investir para

corrigir as falhas do mercado. Neste sentido, a parceria entre o setor privado e o

público é fundamental. Sem a devida orientação dos rumos que o turismo deve

seguir, definidas em um plano de desenvolvimento do turismo, o turismo pode

gerar impactos social e ambientalmente negativos.

A próxima seção será dedicada à análise histórica da importância do

turismo e sua evolução, demonstrando que à medida que a sociedade se

desenvolve o turismo ganha novas dimensões e abrangências, além de gerar

efeitos importantes para o próprio desenvolvimento da sociedade.

Page 42: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

42

3 EVOLUÇÃO RECENTE DO TURISMO

Esta seção apresenta uma análise longitudinal da importância do turismo,

com diferentes abrangências territoriais, ou seja, o turismo no mundo, no Brasil, no

Paraná e em Foz do Iguaçu. Esta seção é de suma importância para compreensão

da atividade turística regional, pois apresenta dados históricos significativos e

relevantes para os objetivos deste estudo.

3.1 IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO TURISMO

O turismo é um fenômeno da sociedade contemporânea que apresenta

elevadas taxas de crescimento. De acordo com a OMT – Organização Mundial do

Turismo, órgão das Nações Unidas responsável pelas políticas de turismo - este

segmento está entre aqueles que apresentam as maiores taxas de crescimento.

Entre 1950-60 o turismo teve um crescimento em termos de número de turistas de

10,6%; 9,1% entre 1960-70; 7% entre 1985-90; 4,3% entre 1995-2000. Em 2000, o

volume internacional de turistas alcançou a cifra de 697,8 milhões, sendo os

principais países emissores de turistas no mundo os seguintes: Alemanha com

gasto de US$ 50,675 milhões; Estados Unidos com US$ 45.855 milhões; Japão

com US$ 36,792 milhões; Reino Unido com US$ 24,737 milhões; França com US$

16,328 milhões; Itália com US$ 12,419 milhões; Áustria com US$ 11,687 milhões,

nesta ordem segundo a sua importância mundial.

O número de turistas internacionais dobrou em relação ao ano de 1986

que era de 338 milhões, passando em 2000 para 697,8 milhões de turistas,

representando no período uma taxa de crescimento de 7,6% ao ano.

Ainda conforme a OMT, em 1999, a renda mundial do turismo alcançou

US$ 455,440 milhões. O nível de empregos gerados em 2001 foi de 320 milhões,

enquanto a geração de impostos alcançou em 2001 a cifra de US$ 970 bilhões.

Page 43: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

43

Pelas suas características, o setor é tido como grande empregador de mão-de-

obra e desponta no mundo inteiro como uma alternativa interessante para diminuir

o desemprego.

Visto pelo lado da oferta, o turismo se restringe às atividades voltadas

especificamente para este fim, como agências de turismo, transportes e hotelaria,

porém quando vista pelo lado da demanda, este segmento econômico se amplia

significativamente.

No Brasil, o turismo ganha relevo em função do volume de empregos

gerados, que era em 1990 de 5,7 milhões, passando em 2001 para 10,3 milhões.

Estima-se que de cada 11 trabalhadores um está empregado no setor de viagens e

turismo. De 1992 até 2001, o crescimento do número de empregos foi muito

grande, sendo que de 1992 para 1995 de 7,1%, de 1995 para 1996 de 30%, de

1996 para 2001 de 32,1%. (EMBRATUR, 2006).

A geração de impostos no Brasil, decorrente do segmento turístico não foi

menos importante, pois em 1990 gerou US$ 7,14 bilhões, em 1996 US$ 8,56

bilhões e em 2001 US$ 12,9, acompanhando o crescimento do segmento

econômico na geração de empregos. Em relação ao turismo doméstico brasileiro,

em 1998, o número de turistas foi de 38.2 milhões, gerando uma renda de R$ 12,7

bilhões, sendo que o e maior estado emissor de turistas é São Paulo com 9,3

milhões, seguido do Paraná com 2,8 milhões e Minas Gerais e Rio de Janeiro com

2,5 milhões.

De acordo com a EMBRATUR (1998), o turismo brasileiro em 1980 tinha

uma participação de 2,62% do PIB, ou seja, R$ 12,9 bilhões, em 1990 a

participação era de 9,1%, representando R$ 52,4 bilhões e em 1995, 8,0%,

representando R$ 52,67 bilhões. O que significa que o segmento do turismo

cresceu muito acima da economia como um todo.

Page 44: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

44

TABELA 1 - CRESCIMENTO DO PIB E DA PARTICIPAÇÃO DO TURISMO

ANOS PIB BRASILEIRO

(%)

PIB TURÍSTICO/PIB TOTAL

(%)

1988 -0,1 6,9 1989 3,1 8,5 1990 -4,3 9,1 1991 0,3 7,4 1992 -0,9 6,9 1993 4,2 0,0 1994 5,8 7,7 1995 4,2 8,0 Média 1,5 6,8

FONTE: MICT/Embratur (1998)

Segundo o BCB – Banco Central do Brasil (2006), na década de 60

(1961-1970) o PIB – Produto Interno Bruto brasileiro cresceu em média 6,17% ao

ano, na década 70 (1971-1980) 8,63%, na década de 80 (1981-1990) 1,57% e na

década de 90 (1990-2000), 2,65%, onde se verifica que apesar do desempenho da

economia brasileira como um todo ter sido, nas duas últimas décadas, muito fraco,

o segmento do turismo continuou crescendo significativamente.

Segundo dados recentes da ABAV – Associação Brasileira de Agências

de Viagens, o valor movimentado pelos agentes de viagens brasileiros, em 2004,

foi de US$ 3,2 bilhões. O número de turistas estrangeiros que desembarcaram no

Brasil foi de 669,819, os quais injetaram na economia brasileira US$ 3,22 bilhões.

É feita a estimativa de que a participação do turismo no PIB em 2005, alcance US$

55,1 bilhões. De acordo com a ABAV (2006), o turismo está ligado diretamente a

52 setores da economia brasileira e movimenta US$ 38 bilhões por ano. Ao mesmo

tempo, estimativas do Ministério do Turismo revelam que em 2005 o turismo gerou

250 mil novos empregos, 19% a mais do que em 2004, sendo que a hotelaria

gerou 228 mil empregos. Existe também expectativa de investimento no setor, no

período de 2008 da ordem de R$ 3,4 bilhões. Só em 2006, o turismo já gerou,

segundo a ABAV (2006), 47,2 mil novos empregos. Em 2005, o turismo foi o

segmento que mais contratou mão-de-obra no Brasil com crescimento das

contratações de 14,23% no ano.

Page 45: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

45

Os dados sobre o turismo brasileiro demonstram que ele é um segmento

econômico dinâmico. Também revelam que mesmo durante períodos em que a

economia brasileira cresceu pouco, o turismo teve taxas de crescimento elevadas.

Segundo a Embratur (1998), a população economicamente ativa empregada no

turismo é de 5,7 milhões em 1990 e 5,8 milhões em 1995, sendo que em toda a

economia era, respectivamente, de 64,5 e 74,1 milhões.

3.2 O TURISMO NO PARANÁ E FOZ DE IGUAÇU EM COMPARAÇÃO COM

O BRASIL

O turismo no Paraná também tem se comportado de forma muito

dinâmica. Considerando o crescimento do segmento turístico em 2005 observa-se

que o turismo paranaense cresceu 23 vezes mais do que a economia em 2004.

No Paraná, segundo dados da SETU – Secretaria de Estado do Turismo,

o fluxo de turistas em 2001 foi de 5,6 milhões, em 2002 de 5,5, em 2003 de 6,2, em

2004 de 6,7 e em 2005 de 7,3 milhões de turistas, dos quais 47% do próprio

estado, 39% interestadual e 14% internacional.

TABELA 2 - O FLUXO DE TURISTAS NO PARANÁ

ANOS DESCRIÇÃO

2001 2002 2003 2004 2005

Número de Turistas 5.670.614 5.552.244 6.210.930 6.708.641 7.350.912Estadual 2.835.307 2.665.077 2.981.246 3.018.888 3.454.929Interestadual 1.928.009 1.943.285 2.235.935 2.549.284 2.866.856Internacional 907.298 943.881 993.749 1.140.469 1.029.128

TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL

Número de Turistas -2,1% 11,9% 8,0% 9,6%Estadual -6,0% 11,9% 1,3% 14,4%Interestadual 0,8% 15,1% 14,0% 12,5%Internacional 4,0% 5,3% 14,8% -9,8%

FONTE: SETU/2006

A permanência média dos turistas foi de 3,7 dias, sendo o gasto médio

per cápita/dia US$ 60,0, estimando-se uma renda total gerada pelo turismo de US$

Page 46: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

46

835 milhões em 2001, US$ 899 milhões em 2002, US$ 1,12 bilhões e, 2003, US$

1,05 bilhões em 2004 e US$ 1,63 bilhões em 2005. O segmento do turismo no

Paraná apresentou taxas de crescimento muito elevadas, sendo que em 2002

cresceu 7,6%, em 2003 cresceu 25,4%, em 2005 cresceu 55,2% em termos da

renda gerada.

No período de 2001 a 2004, a economia paranaense, segundo o

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, revela

um PIB estadual de R$ 72,7 bilhões, e uma taxa de crescimento de 4,59%, em

2002, R$ 81,4 bilhões e um crescimento de 1,7%, em 2003, R$ 99,0 bilhões e um

crescimento de 5,2% e em 2004, R$ 108,2 bilhões e um crescimento de 2,4%. A

economia paranaense cresceu em média 3,47% ao ano no período de 2002 a

2004, ou seja, superior ao crescimento da economia brasileira que na década de

(1990-2000), 2,65%. No período de 2002 a 2005, o turismo do Paraná cresceu em

média 20,4% ao ano, ou seja, o turismo cresceu 5,9 vezes a mais do que a

economia paranaense por ano e 7,7 vezes mais do que a economia brasileira por

ano, no período 1990-2000, em termos de renda gerada.

Em Foz do Iguaçu, os números do turismo segundo a Secretaria

Municipal do Turismo – SMTU (2006) revelam a grande importância do segmento

para a economia municipal. Com toda a sua diversidade de atrativos turísticos, o

município representa um dos mais belos destinos turísticos do mundo. Possui

riquezas naturais incomparáveis, como o Parque Nacional do Iguaçu, tombado

como Patrimônio Natural da Humanidade. A Itaipu binacional é tida como uma das

maravilhas da engenharia reconhecida no mundo inteiro e também um grande

atrativo turístico. O município possui grande parque hoteleiro, sistema de

transportes, gastronomia, serviços de apoio e locais para realização de eventos.

Segundo dados da SMTU, os dois principais motivos das viagens são:

Turismo, média de 80,7% entre 2000 a 2003, Negócios/Congressos como 11,7%,

restando 7,6% para outros motivos. O tempo médio de permanência é de 3,6 dias,

Page 47: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

47

o gasto médio dos turistas é igual ao do Estado do Paraná, sendo US$ 60,4 per

capita/dia.

Classificada como 6ª cidade mais visitada do país, a frente de Búzios -RJ,

Florianópolis - SC, Belo Horizonte - MG, a cidade de Foz do Iguaçu recebeu um

fluxo de turistas em 2005 de 1.449.838 pessoas, sendo os principais pólos

emissores: Paraná 28,6%, seguido de São Paulo 15,1%, entre outros estados

brasileiros. Em nível internacional, destacam-se Argentina (5,8%), Estados Unidos

(2,1%), entre outros. Desta forma 74,1% dos turistas são brasileiros e 25,9%

chegam do exterior.

Em Foz do Iguaçu, o número de empregos gerados pelo turismo segundo

SMTU (2004), foi de 9.264 empregos permanentes e 508 temporários, em 529

atividades ligadas ao turismo. O município dispõe de 32 atrativos turísticos, 142

meios de hospedagens, totalizando 19,637 leitos disponíveis. A estrutura para

eventos tem uma capacidade para 42,290 pessoas. O número de pousos e

decolagens no aeroporto internacional de Foz do Iguaçu atingiu em 2005 a

quantidade de 5.456, com 412.968 passageiros.

A partir do fluxo de turistas, dos dados de permanência e do gasto diário

fornecidos pela SETU, a renda anual gerada pelo turismo em Foz do Iguaçu pode

ser estimada (segundo câmbio médio anual) no ano de 2000 em R$ 308.242.256.

Em 2001 foi de R$ 372.969.921, em 2002 de R$ 534.847.465, em 2004 de R$

623.020.638 e, em 2005 de R$ 808.038.792. No período de 2000-2005, o turismo

no município, sob a ótica da renda gerada, cresceu em média 22,6% ao ano.

Sendo assim, o turismo de Foz do Iguaçu, anualmente cresce acima do turismo do

Paraná, já que este último cresceu em média 16,2% ao ano.

Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB do

município de Foz do Iguaçu em 2001 foi de R$ 3.536.683.000, sendo a

participação da renda do turismo de 10,5% e em 2002, de R$ 3.748.625.000 com a

participação do turismo de 14,3%, representando um crescimento anual de

Page 48: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

48

“apenas” 6%. Estimando um crescimento do PIB municipal a uma taxa anual de

6% para 2003 o montante é de R$ 3.973.542.500 com uma participação do turismo

de 15,4% e, em 2005 o PIB foi de 4.450.367.600 com participação do turismo de

18,2%. A participação média do turismo no PIB de Foz do Iguaçu é de 6,2%.

Ainda de acordo com os dados da SMTU, os principais setores

demandados pelo turismo são serviços, comércio, transportes, energia e água. Se

adotarmos a classificação por setor primário, secundário e terciário, observa-se

que o turismo em 2001 representava 15,3% do valor adicionado pelo setor de

serviços e em 2002 aumentou para 23%.

A tabela abaixo revela que a atividade turística vem crescendo de forma

significativa nos últimos anos. No Paraná, a média de crescimento anual é menor

do que a média nacional, porém em Foz do Iguaçu esta média supera a média

nacional. Em 2005, o turismo paranaense cresceu bem acima da média nacional,

representando uma recuperação em relação ao período anterior de 2004.

TABELA 3 - CRESCIMENTO DO TURISMO SEGUNDO A RENDA GERADA

ANO BRASIL

(%) PARANÁ

(%) FOZ DO IGUAÇU

(%)

2002 15,4 7,7 43,4 2003 24,1 25,0 -0,7 2004 30,0 -5,1 17,3 2005 19,8 37,0 29,7 Média 22,3 16,2 22,4

FONTE: BCB (Receita Cambial)/ SETU (Renda Estimada)

Em Foz do Iguaçu, no período de 2005, o crescimento do turismo foi

acentuado, situando-se acima do crescimento nacional, porém abaixo do

crescimento paranaense.

Além dos benefícios da geração de emprego, renda e impostos, o turismo

pode contribuir para a distribuição de renda entre as diferentes regiões do país,

reduzindo assim as desigualdades internas, uma vez que regiões pobres recebem

turistas de regiões ricas absorvendo rendas através dos gastos dos turistas. O

Page 49: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

49

turismo constitui-se numa possibilidade concreta de minimização das disparidades

regionais do país. Outra característica importante do turismo é que demanda um

grande número de trabalhadores, ganhando status de mão-de-obra intensiva.

Pelos dados anteriormente apresentados, por ser o turismo um fenômeno

da sociedade contemporânea e ter aderência com a modernidade atual, pois por

um lado é fonte geradora de riqueza, por outro a válvula de escape das tensões do

cotidiano das grandes cidades, sendo o município de Foz do Iguaçu um grande

operador do turismo, a questão é quais as contribuições do turismo para a

economia de Foz do Iguaçu? Sendo esta a situação problema deste estudo.

Dada a importância sócio-econômica do turismo e suas contribuições

para o desenvolvimento local, questões desse tipo podem ser respondidas através

da análise da evolução das rendas, empregos e impostos gerados pelo turismo no

município ao longo do tempo, que refletem os resultados finais alcançados pelo

segmento. Aspectos esses influenciados pela taxa de câmbio, pelas políticas

públicas, pela inflação e o desempenho econômico das regiões emissoras.

3.3 A EXPANSÃO DO TURISMO

Baseando-se na teoria econômica, pode-se dizer que a demanda turística

é a quantidade de um bem ou serviço que as pessoas estão dispostas a comprar

os determinados níveis de preços. A fim de analisar a demanda turística torna-se

necessário ter acesso a um conjunto de informações, que são indispensáveis ao

planejamento, tais como:

• Local de residência dos turistas;

• Perfil sociodemográfico dos turistas;

• Perfil socioeconômico;

• Motivos das viagens;

• Meios de transportes utilizados;

Page 50: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

50

• Meios de hospedagens utilizados;

• Locais de compras dos produtos turísticos;

• Hábitos de consumo no destino turístico;

• Fatores de decisão na compra de produtos turísticos;

• Época de consumo dos produtos turísticos;

• Tipologia dos grupos de viagens.

O turismo é um fenômeno da sociedade contemporânea que apresenta

elevadas taxas de crescimento. Na tabela 4, são apresentadas evidências

empíricas da demanda turística mundial.

TABELA 4 - TAXAS DE CRESCIMENTO DO TURISMO INTERNACIONAL

PERÍODOS VARIAÇÃO DO CRESCIMENTO

NO PERÍODO (%) TAXA ANUAL DE

CRESCIMENTO (%)

1950 – 1960 174,20 10,60 1960 – 1965 139,20 9,10 1965 – 1970 46,90 8,10 1970 – 1975 34,10 6,10 1975 – 1980 28,70 5,20 1980 – 1985 14,40 2,80 1985 – 1990 40,00 7,00 1990 – 1995 23,40 4,30 1995 – 2000 23,40 4,30

FONTE: Organização Mundial do Turismo - OMT

Os dados apresentados pela OMT revelam que o turismo teve nos

últimos 50 anos um crescimento expressivo, em várias situações, acima do

crescimento econômico, considerando todo o período da tabela acima, o

crescimento médio anual foi de 6,4%, alcançando em 2000 um volume

internacional de 697,8 milhões de turistas. Os principais países emissores do

mundo fora os que estão classificados na tabela 5.

Page 51: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

51

TABELA 5 - PRINCIPAIS PAÍSES EMISSORES DE TURISTAS DO MUNDO

PAÍS GASTOS COM VIAGENS

PARA O EXTERIOR - 1995 (em US$ milhões)

PIB (em US$ milhões)

Alemanha 50,675 1,910,760 Estados Unidos 45,855 6,259,899 Japão 36,792 4,214,204 Reino Unido 24,737 819,038 França 16,328 1,251,689 Itália 12,419 991,386 Áustria 11,687 182,067 Federação Russa 11,599 329,432 Holanda 11,455 309,227 Canadá 10,220 477,468 Bélgica 9,215 210,576 Taiwan 8,457 425,611 Suíça 7,636 232,611 Coréia 5,903 330,831 Polônia 5,500 85,853

FONTE: Organização Mundial do Turismo - OMT

De acordo com Ignarra (2003, p.28), muitas são as causas do

crescimento do fenômeno do turismo, a saber:

• O aumento da renda per capita dos países desenvolvidos;

• O desenvolvimento dos meios de transportes;

• A evolução dos meios de comunicações;

• Os sistemas de informações dos agentes de turismo;

• O desenvolvimento da internet;

• O processo de urbanização;

• O processo de globalização;

• O crescimento do tempo livre;

• A automação industrial.

A demanda turística é determinada por uma série de fatores. Que

segundo este mesmo autor podem ser descritos como segue: preço do produto;

preço dos produtos dos concorrentes; preço dos produtos complementares; renda

do consumidor; nível de investimentos em divulgação; modismo; variações

climáticas; catástrofes naturais; disponibilidade de tempo livre.

Page 52: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

52

A mensuração da demanda turística é um processo complexo,

considerando que é formada por inúmeros segmentos, sendo que o

dimensionamento do número de turistas é bastante difícil. Um processo de

mensuração é contabilizar o número de visitantes nos portões de entrada das

destinações turísticas. Outra metodologia é aquela que contabiliza visitantes nos

meios de hospedagem. Sendo comum a mensuração dos fluxos de turistas por

meio de fontes secundárias.

TABELA 6 - CRESCIMENTO DO TURISMO INTERNACIONAL

ANOS NÚMERO DE TURISTAS

(em milhares)

TAXA DE CRESCIMENTO

(%)

1986 330,0 1987 362,2 7,2 1988 394,8 9,0 1989 426,5 8,0 1990 458,2 7,4 1991 464,0 1,3 1992 503,4 8,5 1993 519,0 3,1 1994 550,5 6,1 1995 565,5 2,7 1996 596,5 5,5 1997 610,8 2,4 1998 626,7 2,6 1999 650,2 3,7 2000 697,8 7,3

FONTE: Organização Mundial do Turismo - OMT

No Brasil, a demanda turística apresenta taxas de crescimento elevadas.

A tabela 4 revela uma participação crescente do PIB turístico em relação ao PIB

nacional, apesar do que afirma Saab (2000, p.291) a cerca de vários obstáculos ao

crescimento do turismo no Brasil, como segue.

A carência de infra-estrutura completa de serviços turísticos (ausência de

uma ampla e adequada infra-estrutura hoteleira, inadequação dos serviços

prestados por agências de viagens e operadoras de turismo e pouca oferta de

serviços complementares aos de hospedagem, principalmente no tocante ao

entretenimento e lazer); nível de segurança aos turistas, ainda insatisfatório

Page 53: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

53

(intensificação da criminalidade nos grandes centros urbanos, principalmente, e de

forma ostensiva, no Rio de Janeiro e em São Paulo); carência de uma adequada

infra-estrutura de transporte aos turistas (preços ainda elevados das passagens

aéreas domésticas, restringindo a flexibilidade de circulação do turista em mais de

uma região do país, aproveitamento insignificante dos transportes ferroviário,

marítimo e fluvial e necessidade de ampliação, reforma e modernização dos

aeroportos nacionais); e carência de investimentos na divulgação do país no

exterior e internamente, cujo montante se deu em níveis inferiores ao mínimo

recomendado pela OMT, isto é, pelo menos 2% das receitas turísticas auferidas.

Contudo, o PIB turístico apresentado na tabela 7, revela a importância

desta atividade para a economia brasileira.

TABELA 7 - ESTIMATIVA DO PIB TURÍSTICO E SUA PARTICIPAÇÃO NO PIB BRASILEIRO

ANOS PIB TOTAL

(Em R$ milhões, a preços contantes, base 1995 )

PIB TURÍSTICO (Em R$ milhões, a preços

contantes, base 1995 )

PIB TURÍSTICO/ PIB TOTAL (%)

1980 492.628 12.907 2,6% 1987 584.206 38.685 6,6% 1988 583.574 40.431 6,9% 1989 601.890 50.972 8,5% 1990 575.995 52.419 9,1% 1991 577.890 42.938 7,4% 1992 572.838 39.610 6,9% 1993 596.837 0 0,0% 1994 631.574 48.740 7,7% 1995 658.100 52.670 8,0%

FONTE: MICT/Embratur/UFPE

Considerando um período mais longo de tempo do que aquele já descrito

anteriormente, pois o propósito não é a repetição, pode-se observar que o PIB

turístico que era em 1980 de R$ 12.907 bilhões passou em 1995, para R$ 52.670

bilhões, demonstrando que o turismo cresceu mais do que a economia como um

todo. Se comparado o PIB nacional de 1995 com o de 1980 houve um crescimento

total de 33,6% no período, enquanto o PIB Turístico cresceu, no mesmo período,

308,1% ou seja, 9,2 vezes mais que a economia como um todo. De outro lado,

Page 54: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

54

enquanto que o PIB nacional cresceu em média 2,2% ao ano, o PIB do turismo

cresceu 20,5% ao ano em média.

Por ser o turismo um fenômeno da sociedade contemporânea, sua

demanda vem crescendo significativamente nos últimos anos, demonstrando o

potencial de geração de renda e emprego em todas as partes do mundo.

Sob o ponto de vista do número de turistas no Paraná, o fenômeno do

turismo apresenta dados altamente relevantes no tocante à demanda. A tabela

abaixo demonstra que, entre o período de 2001 a 2005, segundo a SETU –

Secretaria de Estado do Turismo (2006), o fluxo de turistas cresceu 29,6%, com

uma taxa média anual de crescimento de 5,9%. Neste mesmo período a receita

gerada pelo turismo cresceu 75,0%, ou seja, 15% ao ano, um crescimento

altamente significativo se comparado ao desempenho da economia como um todo.

TABELA 8 - A DEMANDA TURÍSTICA NO PARANÁ

ANOS VARIÁVEIS

2001 2002 2003 2004 2005

Fluxo Turistas 5,670,614 5,552,244 6,210,930 6,708,641 7,350,912Estadual (%) 50.0 48.0 48.0 45.0 47.0Interestadual (%) 34.0 35.0 36.0 38.0 39.0Internacional (%) 16.0 17.0 16.0 17.0 14.0Permanência Média (dias) 3.9 3.6 3.8 3.3 3.7Gasto Médio Per Capta/Dia (US$) 37.8 45.0 47.8 47.5 60.0Receita Gerada (US$ por mil) 835,961.92 899,463.47 1,124,000.29 1,067,915.40 1,462,828.40

FONTE: SETU/2006

A tabela acima demonstra ainda que o gasto médio per cápita por dia de

permanência passou dos 37,8 dólares para 60,0 dólares americanos,

representando um crescimento de 58,7% no período de 2001-2005. Além disso, o

fluxo de turistas vem crescendo de forma significativa ao longo do período. O fluxo

interno de turistas vem ampliando a sua participação, reduzindo um pouco o fluxo

estadual e ampliando o interestadual. Do outro lado, o fluxo internacional começa a

dar sinais de contração. A média de permanência dos turistas no Paraná

permaneceu praticamente inalterada em todo o período. Porém, a receita total

gerada teve grandes acréscimos ano após ano.

Page 55: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

55

TABELA 9 - A DEMANDA TURÍSTICA EM FOZ DO IGUAÇU

ANOS VARIÁVEIS

2001 2002 2003 2004(1) 2005

Fluxo Turistas 732,725 769,387 986,090 1,188,392 1,449,838Estadual (%) 31,9 30,2 31,5 31,2 28,6Interestadual (%) 33,5 38,6 30,3 34,1 45,5Internacional (%) 34,6 31,2 38,2 34,7 25,9Permanência Média (dias) 3,8 3,7 3,0 3,5 3,6Gasto Médio Per Capta/Dia (US$) 59.8 47.7 77.5 61.7 68.2Receita Gerada (US$ por mil) 166,504.43 135,789.11 229,265.93 256,494.61 355,964.23

FONTE: SMTU/2006 (1) Média dos três anos anteriores

Sob o ponto de vista do número de turistas e não da renda, segundo

dados da SMTU – Secretaria Municipal do Turismo (2006), o fluxo de turistas em

Foz do Iguaçu, no período de 2001 a 2005, cresceu 97,8%, significando um

crescimento médio anual de 19,6%. No mesmo período, o número de turistas

provenientes do estado do Paraná caiu 10,3%, o número de turistas interestaduais

subiu 35,8% e internacionais caiu 5,3%. Por outro lado, o gasto per cápita subiu

14,0%. Apesar da queda no fluxo de turistas internacionais, o turismo iguaçuense

experimentou ou crescimento acentuado na renda gerada pelo turismo que, entre

2001 e 2005, cresceu 113,8%, ou seja, uma média anual de crescimento de

22,8%, muito acima do crescimento paranaense de 5,9% por ano em média.

TABELA 10 - PARTICIPAÇÃO DA DEMANDA TURÍSTICA DE FOZ DO IGUAÇU NO TOTAL DO PARANÁ

ANOS VARIÁVEIS

2001 2002 2003 2004(1) 2005

Fluxo Turistas 12.9% 13.9% 15.9% 17.7% 19.7%Estadual (%) -36.2% -37.1% -34.4% -30.7% -39.1%Interestadual (%) -1.5% 10.3% -15.8% -10.2% 16.7%Internacional (%) 116.3% 83.5% 138.8% 103.9% 85.0%Permanência Média (dias) -2.6% 2.8% -21.1% 6.1% -2.7%Gasto Médio Per Capta/Dia (US$) 58.2% 6.0% 62.1% 29.8% 13.7%Receita Gerada (US$ por mil) 19.9% 15.1% 20.4% 24.0% 24.3%

FONTE: SMTU/2006 (1) Média dos três anos anteriores.

Page 56: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

56

Comparando a demanda turística de Foz do Iguaçu com a do Estado do

Paraná como um todo, tem-se que cresceu a participação do município no fluxo de

turistas do estado, passando em 2001 de 12,9% para 19,7% em 2005. No mesmo

período, o número de turistas internacionais, que no município era 116,3% superior

ao do estado, caiu para 85%, confirmando a redução do fluxo de turistas

internacionais no município.

Em 2005, o gasto per cápita dos turistas no município de Foz do Iguaçu

ainda era 13,7% superior ao do estado. De 2001 a 2005, a participação do

município na receita gerada pelo turismo passou de 19,9% para 24,3% da receita

de todo o estado. Os dados acima confirmam que a renda dos turistas é realmente

uma determinante da demanda, quando o gasto diário dos turistas, a cada ano, se

eleva na medida em que a renda per cápita dos brasileiros se eleva, principalmente

porque o turismo interestadual é o que mais cresce.

Page 57: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

57

4 OS DETERMINANTES DO TURISMO: A INFLUÊNCIA DO NÉVEL DE RENDA

E DA TAXA DE CÂMBIO

Nesta seção é apresentada uma análise dos determinantes do turismo,

bem como dos efeitos do turismo sobre renda e emprego. O que se apresenta é

uma análise da relação de cousa e efeito entre turismo e taxa de câmbio, turismo e

nível de renda, turismo e níveis de emprego. Além disso, a seção apresenta a

participação do turismo na economia local, demonstrando sua importância para o

desenvolvimento.

4.1 A OFERTA TURÍSTICA

A oferta turística determina, em grande porte, o desempenho da

atividade. É constituída por um conjunto de elementos que conformam o produto

turístico, os quais, isoladamente, possuem pouco valor turístico (ou nenhum) ou

têm utilidade para outras atividades que não o próprio turismo. O Produto Turístico

– PT é composto por seis componentes: a) bens e serviços auxiliares; b) Recursos;

c) infra-estrutura e equipamentos; d) Gestão; e) imagem da marca; f) preço.

Os bens e serviços necessários para atender a satisfação do consumidor

são as matérias-primas do produto turístico e são compostos por: produtos

alimentícios, de uso nas instalações turísticas, materiais esportivos e de limpeza,

além de prestações de serviços, tais como o receptivo, a acolhida e a informação.

Assim, compõem também esses serviços auxiliares os equipamentos comerciais e

industriais, lavanderias, livrarias, cinemas, lojas de locação de veículos, guias

turísticos e organizadores de eventos, além de empresas de engenharia,

consultoria e seguros etc.

A oferta turística é tema muito complexo por que existe um grande

número de setores envolvidos. Para produzir todos os recursos acima descritos

Page 58: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

58

estão envolvidos os setores primários, secundários e terciários da economia. A

oferta turística poder ser classificada em cinco categorias, que podem ser descritas

conforme o quadro 4:

QUADRO 4 - OFERTA TURÍSTICA SEGUNDO SUAS CATEGORIAS

CATEGORIAS DESCRIÇÃO

Recursos Naturais Ar, clima, acidentes geográficos, o terreno, a flora, a fauna, as massas de água, as praias, as belezas naturais, o abastecimento de água potável, usos sanitários e outros.

Recursos Culturais Patrimônio arquitetônico, acervos dos museus, cultura popular local, gastronomia, artesanato, folclore, eventos, hábitos, costumes, música, literatura, língua etc.

Serviços Turísticos Hospedagem, transportes turísticos, locação de veículos, embarcações, alimentação e bebidas, organização de eventos, espaços de eventos, entretenimentos, recepção de turistas etc.

Infra-Estrutura Coleta de lixo, tratamento de esgoto, distribuição de gás, coleta de água pluviais, telefonia, energia elétrica e iluminação pública, sistema viário, mobiliário urbano, aeroportos, portos, marinas, rodoviárias, ferroviárias.

Serviços Urbanos Serviços bancários, saúde, comunicações, segurança pública, apoio automobilístico, comércios especializados etc.

FONTE: Adaptado de Ignarra (2003)

A oferta turística é um conjunto de bens e serviços finais prontos para

serem consumidos e colocados à disposição dos turistas. Tais bens e serviços não

são produzidos por um setor específico denominado de “setor turístico”, mas sim

por todos os setores da economia. Logo o turismo não representa uma produção

em si, mas apenas um consumo daquilo que já foi produzido pelas diversas

atividades econômicas ou pela natureza. Entretanto, existem atividades produtivas

especificamente ligadas ao turismo, como já descrito anteriormente.

4.1.1 A Oferta dos Meios de Hospedagens

A tabela 11, a seguir, demonstra que a oferta dos meios de hospedagens

cresceu em todo Paraná no período de 1998 a 2005. As taxas médias anuais de

crescimento neste período, nas diferentes regiões do estado, foram: em Cascavel

31%, Curitiba 7%, Foz do Iguaçu 31%, Interior 53%, Litoral 14%, Londrina 24% e

Maringá 17%. Considerando o total destas localidades, o crescimento médio anual

Page 59: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

59

no período foi de 29%. Foz do Iguaçu aparece, em 2005, como primeira cidade do

Paraná em número de unidades de hospedagem com 143 registros, superando

Curitiba que aparece em segunda com 127 registros.

TABELA 11 - OFERTA DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS NO PARANÁ

PERÍODO LOCAIS

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 %

Cascavel 8 8 8 9 10 16 20 28 3,4 Curitiba 81 98 98 100 103 113 119 127 15,5 Foz do Iguaçu 41 55 55 90 84 129 142 143 17,5 Interior 84 97 97 132 139 198 244 441 53,9 Litoral 13 14 14 17 17 26 39 28 3,4 Londrina 11 17 17 18 19 32 32 32 3,9 Maringá 8 8 8 12 12 13 15 19 2,3 TOTAL 246 297 297 378 384 527 611 818 100,0

FONTE: SETU/2006

A análise mais detalhada da evolução dos meios de hospedagens em

Foz do Iguaçu é possível a partir dos dados da tabela 12 que apresenta a evolução

de todos os meios de hospedagens disponíveis na cidade.

TABELA 12 - EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU

ANOS HOTÉIS

CLASSIFI-CADOS

HOTÉIS SEM

CLASSIFI-CAÇÃO

MOTÉIS POUSADAS HOSPE-DARIAS

APART-HOTÉIS (FLAT’S)

ALBER-GUES

DORMI- TÓRIO

CAMPINGS TOTAL

(I) TOTAL DE LEITOS (II)

1990 48 91 13 6 2 1 1 1 2 165 19.595

1991 48 121 14 9 6 2 1 1 2 204 21.778

1992 48 118 14 9 4 3 1 0 2 199 24.172

1993 49 119 13 9 4 3 1 0 1 199 24.863

1994 44 129 13 9 5 3 0 0 3 206 25.330

1995 44 131 15 16 4 3 0 0 2 215 26.126

1996 44 161 15 15 3 3 1 0 2 144 27.435

1997 42 151 16 17 3 2 2 0 1 134 23.836

1998 39 109 16 17 5 0 0 0 0 186 22.686

1999 38 107 16 17 3 2 0 0 2 185 23.438

2000 38 103 16 18 2 2 2 0 3 184 23.289

2001 149 0 19 13 0 2 2 0 2 187 -

2002 122 0 19 14 0 1 1 0 2 159 20.459

2003 118 0 20 15 0 1 1 0 2 157 19.988

2004 114 0 20 11 0 1 2 0 2 150 19.579

2005 108 0 20 9 0 1 2 0 2 142 19.637

2006 107 0 18 9 0 1 2 0 3 140 20.081

FONTE: SMTU/PMFI - 2007

Page 60: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

60

As colunas que se referem aos hotéis classificados dizem respeito ao

critério de classificação aceito pela SMTU que, até 2000, não classificava os hotéis

da mesma maneira. É importante observar que houve uma retração substancial do

número de hotéis que em 1990 era de 165, em 1996 no auge da hotelaria chegou

a 244, unidades habitacionais e 27.435 leitos. Porém, em 2006, este número caiu

para 140 unidades habitacionais e 20.081 leitos. A figura 1 ilustra os dados.

FIGURA 1 - EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

-1990 -1991 -1992 -1993 -1994 -1995 -1996 -1997 -1998 -1999 -2000 -2001 -2002 -2003 -2004 -2005 -2006

HoteiasClassificados

Hoteis SemCalssificação

Motéis

Pousadas

Hospedarias

Apart-Hotéis(Flat´s)

Albergues

Dormitório

Campings

FONTE: SMTU/PMFI - 2007

A figura 1 revela que o número de motéis permaneceu praticamente

inalterado em todo o período, assim como os demais tipos de hospedagens.

Analisando a figura 2, observa-se que em todo o período houve uma retração do

número de meios de hospedagens, sendo que, a partir de 1998, o setor passa por

momento de depressão, que mesmo com a elevação do número de turistas a partir

de 2003, não se recupera. Por outro lado se aumentou o número de turistas e não

faltaram meios de hospedagens, então pode-se afirmar que havia um excesso de

oferta, o que também se verifica pelas taxas médias de ocupação.

Page 61: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

61

FIGURA 2 - EVOLUÇÃO TOTAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS EM FOZ DO IGUAÇU

0153045607590

105120135150165180195210225240255270

-199

0

-199

1

-199

2

-199

3

-199

4

-199

5

-199

6

-199

7

-199

8

-199

9

-200

0

-200

1

-200

2

-200

3

-200

4

-200

5

-200

6

FONTE: SMTU/PMFI - 2007

Os anos de 1996 e 1997 foram o auge da hotelaria iguaçuense, mas a

partir de 1998 houve uma queda acentuada. Em 2001, o setor sofre outra grande

retração. Em todos os períodos, as taxas de crescimento do setor se comportam

de forma instável. Em 1991, o setor cresceu 24%, em 1992 decresceu -2%. Em

1993, o crescimento foi nulo, em 1994 e 1995, a taxa de crescimento foi de 4%.

Em 1996, o crescimento foi de 13%, em 1997 foi de -4%, em 1998 houve uma

grande retração do crescimento de -21%. Em 2002, o setor se retraiu novamente

com um crescimento de -15%, e a partir daí vem se retraindo mais lentamente com

taxas menores de até -5%. A explicação para este fenômeno parece estar mesmo

no excesso de oferta que ocorreu de forma rápida e mal planejada. Por outro lado,

grande parte dos hotéis servia aos compristas que vinham ao país vizinho, e que

gradativamente foram diminuindo devido às ações governamentais, no sentido de

inibir a atividade considerada ilícita para os cofres públicos, uma vez que

extrapolavam a quota, sem o devido recolhimento dos impostos incidentes.

Page 62: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

62

TABELA 13 - OFERTA DE UNIDADES HABITACIONAIS DE HOSPEDAGENS NO PARANÁ

PERÍODO LOCAIS

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 %

Cascavel 516 516 516 544 592 781 1,040 1,498 3,5Curitiba 5,534 6,698 6,698 7,117 7,387 7,750 8,700 9,269 21,9Foz do Iguaçu 4,102 5,552 5,552 7,252 7,209 8,308 8,550 8,542 20,2Interior 5,033 6,116 5,438 7,257 7,724 9,780 11,465 17,819 42,1Litoral 564 753 753 843 843 1,124 1,443 1,676 4,0Londrina 940 1,314 1,314 1,463 1,595 1,934 2,160 2,222 5,2Maringá 615 622 622 953 931 953 1,181 1,310 3,1TOTAL 17,304 21,571 20,893 25,429 26,281 30,630 34,539 42,336 100,0

FONTE: SETU/2006

Quando se analisa a oferta de unidades habitacionais, observa-se que

em Curitiba, apesar do número dos meios de hospedagens ser menor do que em

Foz do Iguaçu, a quantidade de unidades habitacionais por meio é maior do que

em Foz do Iguaçu.

A tabela 14, a seguir, apresenta a evolução do número de leitos em Foz

do Iguaçu. Quanto à evolução do número de leitos, destaca-se a retração dos

leitos ofertados no tipo denominado Apart-Hotel. Enquanto que os demais

apresentaram crescimentos expressivos. Como é o caso dos motéis e albergues e

dos chamados hotéis classificados (em conformidade com a SMTU). Dos dados

acima, é possível observar o seguinte se, por um lado, houve a redução do número

de hotéis, e por outro aumentou a oferta de leitos, pode-se afirmar que os hotéis se

tornaram maiores, ou seja, em grande parte a contração do crescimento do setor

teve maior impacto para os hotéis pequenos.

Page 63: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

63

TABELA 14 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE LEITOS EM FOZ DO IGUAÇU

ANOS HOTÉIS

CLASSIFICADOS HOTÉIS SEM

CLASSIFICAÇÃO MOTÉIS POUSADAS HOSPEDARIAS

APART-HOTÉIS

(FLAT’S) ALBERGUES TOTAL

1990 12.2 6.6 41 16 4 10 1 19.5 1991 12.2 8.5 43 19 9 23 3 21.7 1992 12.4 10.1 51 27 9 66 3 24.1 1993 12.9 10.3 49 27 9 66 3 24.8 1994 12.2 11.5 44 26 12 70 - 25.3 1995 12.3 11.9 47 50 8 77 - 26.1 1996 12.3 13.2 47 49 7 77 8 27.4 1997 11.6 10.6 48 45 5 38 13 23.8 1998 10.9 10.8 34 49 3 - - 22.6 1999 10.8 11.2 64 37 6 33 - 23.4 2000 10.6 11.0 67 35 10 33 13 23.2 2001 - 2002 19.0 - 71 39 - 16 13 20.4 2003 18.5 - 71 40 - 16 13 19.9 2004 18.2 - 65 31 - 16 16 19.5 2005 18.2 - 78 33 - 10 20 19.6 2006 18.6 - 78 35 - 8 19 20.0

FONTE: SMTU/PMFI - 2007

Cabe ressaltar que apesar da contração nas taxas de ocupação isso não

afetou significativamente a oferta de leitos. A figura 3 revela que, em vários

períodos (1992, 1998, 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006), as taxas de crescimento do

número de hotéis foram negativas, enquanto que a partir de 1999 o crescimento da

oferta de leitos permaneceu estável.

FIGURA 3 - TAXAS DE CRESCIMENTO DO NÚMERO DE HOTÉIS E LEITOS EM FOZ DO IGUAÇU (%)

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

-1991 -1992 -1993 -1994 -1995 -1996 -1997 -1998 -1999 -2000 -2001 -2002 -2003 -2004 -2005 -2006

Unidades Hoteleiras Número de Leitos

FONTE: SMTU/PMFI - 2007

Page 64: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

64

O que se observa é que o número de leitos não só parou de cair, a partir

de 2000, como teve um relativo crescimento nos dois últimos anos. Isto significa

que os hotéis estão sendo ampliados. De fato, nos últimos dois anos houve uma

tendência de recuperação. A tabela 15 revela a Classificação dos Hotéis de Foz

do Iguaçu.

TABELA 15 - CLASSIFICAÇÃO DOS HOTÉIS DE FOZ DO IGUAÇU

DESCRIÇÃO DIÁRIAS ATÉ

R$ 50,00 DIÁRIAS DE

R$ 51,00 A 100,00 DIÁRIAS A PARTIR

DE R$ 101,00 TOTAL/2006

Hotéis 55 21 31 107Apartamentos 3.973 1.545 1.857 7.375Suítes 157 36 12 205Leitos 10.197 3.897 4.568 18.662Permanência Média 3,4 3,4 3,4 3,4Ocupação Média 38,4% 38,4% 38,4% 38,4%Faturamento Médio Mensal R$ 12.099,76 18.287,53 23.080,37 17.078,35Faturamento Médio Anual R$ 145.197,12 219.450,38 276.964,38 204.940,15

FONTE: SMTU/2007

Presume-se que os hotéis maiores oferecem serviços de melhor

qualidade e dispõem de melhores condições para competir no setor. Enquanto

para os pequenos, principalmente ligados ao turismo de compras, o endurecimento

impresso pela Receita Federal na aduana Brasileira, acabou sendo um fator

limitador da capacidade de permanência destes tipos de hotéis.

Conforme os dados da tabela 15, fornecidos pela SMTU/2007, o maior

número de leitos é ofertado pelos pequenos meios de hospedagens, com diárias de

até R$ 50,00, cujos faturamentos não ultrapassam R$ 12.100,00 por mês. Os dados

contidos na tabela 15 não permitem uma análise mais profunda, pois são limitados a

estimativas que repetem a taxa de ocupação e o tempo de permanência.

Mesmo depois de observado que o setor hoteleiro iguaçuense teve uma

grande retração no período, ele ainda é um dos mais importantes do Paraná e do

Brasil, pela sua diversidade, qualidade e quantidade. Ficou claro que houve um

reposicionamento do setor, onde permaneceram os hotéis mais capacitados na

gestão. O comportamento do setor reflete o novo perfil do turista, mais exigente e

bem informado dos seus direitos de consumidor.

Page 65: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

65

4.1.2 A Oferta de Atrativos Turísticos

Em Foz do Iguaçu, a oferta turística conta com diversos Atrativos

Turísticos, os quais são conceitos complexos, pois a atratividade de certos

elementos varia de forma acentuada de um turista para outro, desta forma, os

atrativos estão relacionados com as motivações de viagens dos turistas e a

avaliação que os mesmos fazem desses elementos. É usual que elementos que

compõem o cotidiano das pessoas que residem em certa localidade não lhes

chamem a atenção e se mostrem extremamente atrativos para os visitantes que

não participam desse cotidiano.

O atrativo turístico possui via de regra maior valor quanto mais acentuado

for o seu caráter diferencial. O turista procura sempre conhecer aquilo que é

diferente de seu dia-a-dia. Assim, aquele atrativo que é único, sem outros

semelhantes, possui maior valor para o turista. Este valor é subjetivo e alguns

autores, visando reduzir essa subjetividade, desenvolveram algumas metodologias

de hierarquizar tais atrativos.

O método de hierarquização da antiga Cicatur – Centro de Capacitação

para o Turismo, da OEA – Organização dos Estados Americanos, divide os

atrativos turísticos em quatro grupos:

a) Atrativos excepcionais e de grande significado para o mercado

turístico internacional, capaz por si só de motivar um importante fluxo

de visitantes;

b) Atrativos importantes que em conjunto com outros atrativos são capazes

de atrair um fluxo de visitantes, internos e externos significativo;

c) Atrativos capazes de motivar a procura de um fluxo interno de

visitantes significativo, mesmo que em longa distância;

d) Atrativos que forma parte do patrimônio turístico que complementam

os demais atrativos turísticos.

Page 66: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

66

Neste contexto, Foz do Iguaçu oferta 8 atrativos naturais, 3 atrativos de

aventura, 10 atrativos histórico-culturais e 11 atrativos técnicos e científicos,

totalizando assim, 32 atrativos diferentes. Porém o mais importante atrativo

iguaçuense é mesmo o Parque Nacional do Iguaçu, que é único no mundo.

Segundo os dados da SMTU (2006), o município de Foz do Iguaçu

oferece também, contando todos os tipos de estabelecimentos, 19.637 leitos

disponíveis para os turistas. Possui uma capacidade para atender 30.173 visitantes

nos meios gastronômicos da cidade. Conta com 143 agências de viagens, 8 casas

de câmbio e dispõe de 22 centros de entretenimentos. Quanto ao comércio,

existem cerca de 36 unidades especializadas. Os meios de transportes contam

com 173 ônibus e 1.217 veículos de aluguel. A estrutura de eventos tem

capacidade para 42.290 visitantes.

A seguir é apresentada a análise e descrição dos dados. Primeiramente,

é apresentada a evolução da renda do turismo e o número de empregos gerados

em cada período. Como o divisor temporal da análise é o comportamento da taxa

de câmbio, inicialmente é apresentada a evolução da taxa de câmbio. Em seguida,

a evolução da renda do turismo é estimada a partir dos gastos médios diários, em

dólar, dos turistas e seu tempo de permanência.

4.2 A TAXA DE CÂMBIO E O SETOR TURÍSTICO

A figura a seguir revela que durante o período do Câmbio Fixo (na verdade,

flutuando numa banda muito estreita), que vai do início do plano real até 1998, a taxa

de câmbio teve uma leve flutuação, às vezes, permanecendo por meses, inalterada,

alcançando no final de 1998 o patamar de R$ 1,2 = 1 US$. Entretanto no período

seguinte (1999 a 2004), registra-se uma forte depreciação cambial, ou seja, a queda

do real frente ao dólar americano, com efeitos favoráveis sobre a Balança Comercial.

Este é o período de retomada do equilíbrio das contas externas.

Page 67: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

67

FIGURA 4 - TAXA DE CÂMBIO - R$/ US$ - TURISMO - VENDA - MÉDIA ANUAL

0,00

0,30

0,60

0,90

1,20

1,50

1,80

2,10

2,40

2,70

3,00

199

4

199

5

199

6

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

FONTE: Ipea - 2006

Num terceiro momento (2005-2006), há novamente um período de

apreciação cambial, ou seja, momento de valorização do real. A taxa de câmbio

experimentou sensível queda alcançando em 2006 uma fase de estabilização

cambial. Apesar de inicialmente trazer conseqüências negativas para alguns

setores da economia, como o exportador, ainda assim o volume de exportações

nunca esteve tão elevado.

4.3 EVOLUAÇÃO DA RENDA E DO EMPREGO GERADO PELO TURISMO

Para fins deste estudo, a renda gerada pelo turismo é estimada a partir

do número de turistas, dos gastos médios diários em dólar e do tempo médio de

permanência. A análise se baseia em dados da SETU – Secretaria de Estado do

Turismo (2005). O número de empregos foi estimado a partir do número de

turistas, tendo como referência o ano de 2004.

O número de turistas sofre influências de vários aspectos de caráter

econômico, social, político e ambiental. Do ponto de vista econômico, o turismo é

influenciado pelo desempenho das economias em termos da geração de renda e

empregos, bem como pelo desenvolvimento das tecnologias que amplia a

produtividade do trabalhador.

Page 68: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

68

TABELA 16 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS, GASTO MÉDIO DIÁRIO E PERMANÊNCIA NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU

ANO NÚMERO DE

TURISTAS GASTOS MÉDIOS

DIÁRIOS US$ PERMANÊNCIA

EM DIAS

1994 963.771 75,47 3,80 1995 1.078.802 78,80 3,80 1996 940.765 74,80 3,80 1997 871.747 72,80 3,80 1998 802.728 70,80 4,00 1999 1.074.898 52,20 3,90 2000 800.102 57,10 3,90 2001 732.725 59,80 3,80 2002 986.090 56,37 3,40 2003 1.087.241 57,76 3,00 2004 1.188.392 57,98 3,30 2005 1.449.838 68,20 3,60 2006 1.241.824 61,31 3,30

FONTE: SETU - 2005 (em 1994, 1996, 1997 e 2006 os dados foram estimados usando média móvel 3

Do ponto de vista social, a distribuição da renda é fator preponderante

para o turismo. Politicamente, o turismo pode ser afetado por eventos tais como o

de 11 de setembro nos Estados Unidos. Do ponto de vista ambiental, o turismo

pode ser afetado por catástrofes como a do Tsunami na Ásia recentemente. Além

disso, as crises econômicas internacionais e a instabilidade das moedas podem

afetar significativamente o turismo.

A tabela acima demonstra que durante o período do Câmbio Fixo (1994-

1998) havia uma oscilação marcada no número de turistas. Entretanto, os gastos

diários médios por turistas eram mais elevados alcançando a cifra de US$ 78,80.

Além disso, o tempo de permanência era maior do que o atual em 3,8 dias em

média. Este aspecto proporcionava uma maior produtividade do setor, ou seja, com

o mesmo número de trabalhadores se alcançava uma renda maior, conforme é

demonstrado posteriormente, nesta seção.

Page 69: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

69

FIGURA 5 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS EM FOZ DO IGUAÇU 1994-2006

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

199

4

199

5

199

6

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

FONTE: SETU -2005

No período seguinte, o da depreciação cambial (1999-2004), coincidem

as crises econômicas internacionais da Rússia e da Argentina, que acabam

criando uma instabilidade mundial, afetando o número de turistas no município e

reduzindo os seus volumes de gastos médios, que atinge em 1999 o seu patamar

mais baixo, de US$ 52,20, embora o tempo de permanência ainda seja estável. A

partir de 2005, a moeda brasileira começa a dar sinais de recuperação e se

valoriza de forma consistente em 2005 e 2006. Apesar disso, o setor turístico

iguaçuense apresenta sinais de recuperação, pois o número de turistas cresce

significativamente, além de uma sensível ampliação dos gastos diários dos turistas,

que em 2005 alcança US$ 68,2. Isso ocorreu a pesar de que houve uma pequena

redução do tempo de permanência no município.

A tabela 17 demonstra que o número de turistas internos é

aproximadamente 2 vezes maior do que o de turistas externos. Os maiores pólos

emissores de turistas internos para Foz do Iguaçu são o próprio Paraná com cerca

de 28,6%, seguido de São Paulo com 15,1%. O total de turistas brasileiros que

procuram o município é de cerca de 70% do número total de turistas. Em muitos

períodos, os volumes de gastos diários destes turistas é bem menor do que o do

Page 70: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

70

turista externo. Porém, no período das crises econômicas internacionais o gasto de

ambos se aproxima.

TABELA 17 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE TURISTAS INTERNOS E EXTERNOS

ANO NÚMERO DE

TURISTAS INTERNOS GASTOS MÉDIOS

DIÁRIOS US$ NÚMERO DE TURISTAS

EXTERNOS GASTOS MÉDIOS

DIÁRIOS US$

1994 665.002 75,80 298.769 86,50 1995 744.373 75,80 334.429 86,50 1996 649.128 75,80 291.637 86,50 1997 601.505 75,80 270.242 86,50 1998 553.882 69,50 248.846 73,30 1999 698.684 45,30 376.214 76,20 2000 520.066 53,20 280.036 64,70 2001 476.271 56,60 256.454 65,70 2002 640.959 56,60 354.131 65,70 2003 706.707 62,00 380.534 105,30 2004 772.455 62,00 415.937 105,30 2005 1.072.880 66,00 376.958 74,90 2006 918.950 66,00 322.874 74,90

FONTE: Estimativa com base nos dados fornecidos pela SETU - 2005

Diante do exposto na tabela 17, foi possível observar que o número de

turistas em Foz do Iguaçu vem crescendo significativamente nos últimos anos,

tanto de turistas internos como externos. O gasto médio dos turistas internos vem

diminuindo, enquanto dos turistas externos tende a se estabilizar, após uma

importante elevação entre 2003-2004.

TABELA 18 - EVOLUÇÃO DA RENDA E DO EMPREGO GERADO PELO

TURISMO NO PERÍODO

ANO RENDA US$ RENDA R$ EMPREGO

1994 276.396.030,01 240.464.546,11 7.575 1995 323.036.470,88 300.423.917,92 8.479 1996 267.403.043,60 272.751.104,47 7.394 1997 241.160.090,08 262.864.498,19 6.851 1998 227.332.569,60 270.525.757,82 6.309 1999 218.827.734,84 378.571.981,27 8.448 2000 178.174.714,38 308.242.255,88 6.288 2001 166.504.429,00 372.969.920,96 5.759 2002 188.992.037,22 534.847.465,33 7.750 2003 188.397.120,48 531.279.879,75 8.545 2004 227.379.794,93 623.020.638,11 9.340 2005 355.964.225,76 808.038.792,48 11.395 2006 251.249.557,15 570.336.494,73 9.760

FONTE: SETU - 2005 (empregos estimativa com base no número de turistas ano de referência 2004)

Page 71: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

71

A tabela 18 revela que o volume de renda gerada na atividade turística, no

município de Foz do Iguaçu, é bastante significativo. Observa-se que, com base no

critério de estimação, cerca de 30% é gerada através dos turistas externos

(internacionais) e 70% pelos turistas internos (nacionais). O número de empregos

gerados não é menos importante, apesar de apresentar grandes flutuações.

Observando a tabela acima foi possível analisar que os níveis de renda

gerado em 2006 estão abaixo dos de 1994. Entre 2000 e 2003 a renda do turismo

em dólar teve uma queda significativa, também foi o período que o turismo gerou o

menor número de empregos. Mesmo assim, o turismo não deixou de ser uma

atividade importante para a economia do município.

Cabe ressaltar que a conversão de moedas para o real foi feita com base

na taxa de câmbio anteriormente apresentada. Verifica-se que durante o período

do Câmbio Fixo, os valores em dólar e real são praticamente iguais, pois um real

equivalia a aproximadamente um dólar.

FIGURA 6 - EVOLUÇÃO DA RENDA GERADA PELO TURISMO EM FOZ DO IGUAÇU

0,00

100.000.000,00

200.000.000,00

300.000.000,00

400.000.000,00

500.000.000,00

600.000.000,00

700.000.000,00

800.000.000,00

900.000.000,00

199

4 1

995 1

996 1

997 1

998 1

999 2

000 2

001 2

002 2

003 2

004 2

005 2

006

Renda US$ Renda R$

FONTE: estimativa a partir dos dados fornecidos pelo SETU -2005

Page 72: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

72

A partir do período da depreciação cambial, iniciado em 1999, quando o

real começa a ser desvalorizado, há um afastamento crescente entre as duas

rendas (deve-se lembrar que o valor do dólar chegou a ser de R$ 3,00). A partir de

2004, quando se reinicia a recuperação (valorização) do real, as duas rendas

evoluem na mesma direção. Mas a renda em Reais alcança patamares muito

superiores aos de 1995.

Durante o período de 1995 a 2005 houve uma trajetória de queda da

renda em dólar, que perdurou até quase o final do período, havendo uma leve

recuperação em 2005. A partir de 2000, registra-se uma significativa recuperação

da economia mundial, apesar de que no Brasil o crescimento econômico não tenha

sido compatível com o seu potencial. Essa melhora na renda mundial poderia

ajudar a explicar a recuperação da renda em dólares no final do período analisado.

FIGURA 7 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE EMPREGOS GERADOS PELO TURISMO EM FOZ DO IGUAÇU

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

11.000

12.000

199

4

199

5

199

6

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

FONTE: Estimativa com base nos dados fornecidos pela SETU - 2005

Como se pode observar, na figura 7 demonstra-se que a evolução do

número de empregos acompanha a do número de turistas. A tabela a seguir

demonstra uma estimativa, a partir dos dados básicos fornecidos pela SETU em

2005, sobre a renda gerada por cada trabalhador, e por turista, além de apresentar

o número de turistas por trabalhador.

Page 73: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

73

Os dados revelam que cada trabalhador gera, em média, R$ 51.626,72,

por ano no setor do turismo de Foz do Iguaçu, o que significa 4,1 vezes mais do

que a média geral da economia local, considerando um PIB per capita em 2003 de

R$ 12.616,00, segundo o IBGE. Esse dado indica que a qualificação dos

profissionais da área é alta e que são capazes de gerar o alto valor adicionado.

Isso claramente confirma o potencial do setor turístico na geração de renda e de

empregos de qualidade.

TABELA 19 - PRODUTIVIDADE MÉDIA DOS TRABALHADORES DO TURISMO EM FOZ DO IGUAÇU

POR TRABALHADOR POR TURISTA ANO

Renda US$ Renda R$ Renda US$ Renda R$

NÚMERO DE TURISTAS POR TRABALHADOR

1994 36.487,92 31.744,49 286,79 249,50 103 1995 38.098,42 35.431,53 299,44 278,48 116 1996 36.164,87 36.888,17 284,24 289,92 101 1997 35.200,71 38.368,78 276,64 301,54 93 1998 36.033,06 42.879,34 283,20 337,01 86 1999 25.902,90 44.812,02 203,58 352,19 115 2000 28.335,67 49.020,71 222,69 385,25 86 2001 28.912,04 64.762,97 227,24 509,02 78 2002 24.386,07 69.012,58 191,66 542,39 106 2003 22.047,64 62.174,36 173,28 488,65 116 2004 24.344,73 66.704,57 191,33 524,26 127 2005 31.238,63 70.911,70 245,52 557,33 155 2006 25.742,78 58.436,12 202,32 459,27 133

FONTE: Estimativa feita com base nos dados da SETU - 2005

De acordo com os dados acima, a produtividade da atividade turística é

muito elevada, pois o número de turistas por trabalhador é significativo. Porém, em

alguns momentos essa produtividade aumenta, em outros diminui, como no caso

dos anos de 19997-1998 e 2000-2001, pois houve uma queda no número de turistas

ao mesmo tempo em que o setor optou por manter o seu quadro de funcionários

qualificados, devido ao grande custo auferido pelas empresas para qualificar seus

funcionários. Além disso, por entender que no futuro o quadro se reverteria,

conforme ocorreu. Apesar disso, a renda gerada por trabalhador continuou

aumentando pois os turistas gastavam mais, o que permitiu as empresas manterem

seus quadros de funcionários, sem abrirem mão de suas margens de lucro.

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74

Com a finalidade de analisar a contribuição do turismo para a economia

iguaçuense, a seguir apresentam-se dados relativos à importância da renda do

turismo no PIB municipal, com base nos dados fornecidos pelo IBGE. Ressalta-se

que, pela limitação dos dados disponíveis, só foi possível analisar dois anos

recentes, a saber, 2002 e 2003. No entanto, tendo em vista as trajetórias

anteriormente apresentadas da renda, observa-se que a tabela 20 oferece uma

boa visão do significado do turismo para o município estudado.

TABELA 20 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU

2002 2003 VALOR ADICIONADO

E RENDA Valor em R$ Importância

Relativa ao PIB Valor em R$

Importância Relativa ao PIB

PIB de Foz do Iguaçu 3.748.625.000 100,0% 3.527.683.903 100,0% Valor Adicionado na Agropecuária 18.371.000 0,5% 25.697.779 0,7% Valor Adicionado na Indústria 2.732.825.000 72,9% 2.680.017.235 76,0% Valor Adicionado nos Serviços 770.435.000 20,6% 821.968.891 23,3% Dummy 39.773.000 1,1% 37.428.810 1,1% Impostos 266.768.000 7,1% 289.095.668 8,2%

Renda Gerada pelo Turismo 534.847.465 14,3% 531.279.880 15,1% Turismo Nacional 347.651.124 9,3% 345.332.093 9,8% Turismo Internacional 187.196.342 5,0% 185.947.787 5,3%

Número de Habitantes 272.939 279.620 PIB por Habitante 13.734,30 0,0% 12.615,99 0,0% Imposto por Habitante 977,39 0,0% 1.033,89 0,0% Renda do Turismo por Habitante 1.959,59 0,0% 1.900,01 0,0%

FONTE: IBGE/SETU/SMTU

Considerando os dados acima estimados pela autora a partir dos dados

oficiais fornecidos pelo IBGE, SETU, SMTU para o período de 2003, é possível

verificar que 15,1% da economia municipal é representada pelo turismo. Essa

atividade também gera quase um terço dos empregos formais existentes no

município.

Outro aspecto importante é que apesar do PIB municipal ter caído no

período, a renda do turismo manteve sua participação relativa crescente. O

turismo, portanto, parece desempenhar um papel anticíclico, já que se sustenta

ainda num contexto regional menos favorável.

Page 75: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

75

O grande número de turistas externos aponta para uma verdadeira

exportação invisível, ao mesmo tempo em que os principais atrativos naturais são

preservados, sendo essa uma grande vantagem comparativa para a economia

local. A economia do município tem grande parte do seu valor adicionado pela

Itaipu Binacional, que representa o carro-chefe da indústria local. Sua atividade

agrícola é insignificante e grande parte dos serviços é voltada para o turismo.

TABELA 21 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS

DESCRIÇÃO 2000 2006 %

População Total 258.543 309.113 100,0 População Economicamente Ativa 128.150 153.216 49,6 População Ocupada 106.619 127.473 41,2 População Ocupada Formalmente 41.213 49.274 15,9 População Ocupada no Turismo(1) 6.288 9.760 19,8

FONTE: IBGE – Censo Demográfico – Resultados da amostra (1) Estimativa segundo dados da SETU 2005, comparada com a população ocupada formalmente.

A tabela 21 apresenta a participação relativa das diferentes categorias de

população em relação à população total em 2006, estimada pelo IBGE. Também é

apresentada a participação relativa da população ocupada no turismo do

município, comparada com o total de empregos formais registrados. O Turismo

local contribui com 19,8% da geração de empregos formais. É importante ressaltar

que a grande maioria dos trabalhadores do turismo, se não todos, atua

formalmente no município.

A tabela abaixo revela a configuração ou distribuição dos trabalhadores

do turismo segundo as atividades econômicas. Pode-se comprovar que o maior

número de pessoas ocupadas no turismo se encontra na hotelaria e em seguida

na gastronomia.

Ressalta-se que o turismo envolve uma série de atividades diretas e

indiretas, que não constam da tabela que se segue. Apesar disso, os dados

apontam para a importância desta atividade no contexto da economia local. Os

dados a seguir demonstram o número de trabalhadores diretamente envolvidos

com atividade turística municipal.

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76

TABELA 22 - CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS POR ATIVIDADES

ATIVIDADES EMPREGOS %

Hotéis 3.130 33,51 Pousadas 19 0,20 Motéis 169 1,81 Albergues 35 0,37 Agências de Viagens 656 7,02 Gastronomia 2.896 31,01 Empresas de Eventos 316 3,38 Companhias Aéreas 80 0,86 Atrativos Turísticos 461 4,94 Entretenimentos 295 3,16 Paraná Turismo 8 0,09 Itaipu Binacional 76 0,81 Taxistas (Per./Colab.) 672 7,19 Guias de Turismo 46 0,49 Secretaria do Turismo 481 5,15 TOTAL 9.340 100,00

FONTE: SMTU/2004

Assim, o turismo contribui significativamente para a economia do município,

na geração de emprego, renda e impostos. Com efeito, ele tem grande participação

na geração de renda do município (15,1%,) e na geração de emprego formal (19,8%).

Além disso, o turismo de Foz é de grande importância para o desempenho das

diversas atividades econômicas, pois em sua grande parte trata-se de turismo de

negócios (15,7% em 2005). Finalmente, o turismo é componente de demanda de

diversas outras atividades, principalmente do setor de serviços e transportes.

4.4 OS EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE O TURISMO LOCAL

Neste ponto é feita uma avaliação dos efeitos da taxa de câmbio sobre a

geração da renda no segmento do turismo local no período. Uma análise de

correlação contribui para visualizar melhor o grau de associação entre as duas

variáveis.

A tabela 23 revela que a taxa de câmbio influencia positivamente a renda

do turismo, mesmo aquela gerada a partir dos turistas internos (nacionais), pois a

correlação é alta e significativa (71%) entre as duas variáveis. Assim, quando

aumenta a taxa de câmbio, aumenta a renda gerada pelo turismo interno. Este

Page 77: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

77

fenômeno poderia ser explicado pelo fato de que alguns dos preços dos serviços

ofertados aos turistas são fixados em moedas estrangeira (dólar americano), razão

pela qual os termos de intercâmbio do setor melhoram. Ao mesmo tempo, na

medida em que a desvalorização do real favorece as exportações e o nível de

emprego, isso também favorece a demanda de turismo via renda. Finalmente, a

desvalorização implica que fica mais caro viajar para o exterior, o que estimula o

turismo interno.

Analisando a renda do turismo como um todo, verifica-se que a

correlação da mesma com a taxa de câmbio é de 79%. Porém, a relação mais

significativa, como já era de se esperar, é entre a taxa de câmbio e o turismo

externo (internacional), pois na análise se observou uma correlação com renda da

entrada de turistas estrangeiros de 92%. Fica assim claro o forte impacto da taxa

de câmbio sobre a atração de turistas do exterior.

TABELA 23 - A RELAÇÃO ENTRE TAXA DE CÂMBIO E RENDA DO TURISMO

ANO TAXA DE CÂMBIO RENDA TOTAL R$ RENDA INTERNA R$ RENDA EXTERNA R$

1994 0,87 240.464.546 165.920.539,24 74.544.006,76 1995 0,93 300.423.918 207.292.397,60 93.131.520,40 1996 1,02 272.751.104 188.198.305,25 84.552.798,75 1997 1,09 262.864.498 181.376.373,96 81.488.124,04 1998 1,19 270.525.758 186.662.665,18 83.863.092,82 1999 1,73 378.571.981 246.071.893,31 132.500.087,69 2000 1,73 308.242.256 200.357.350,82 107.884.905,18 2001 2,24 372.969.921 242.430.321,40 130.539.599,60 2002 2,83 534.847.465 347.651.123,45 187.196.341,55 2003 2,82 531.279.880 345.332.093,03 185.947.786,97 2004 2,74 623.020.638 404.963.519,55 218.057.118,45 2005 2,27 808.038.792 597.948.639,20 210.090.152,80 2006 2,27 570.336.495 422.049.116,53 148.287.378,47 Correlação 79% 71% 92%

FONTE: Estimativa a partir dos dados da SETU 2005

A taxa de câmbio é um elemento importante na análise da renda gerada

pelo turismo, pois o turismo é em sua grande parte internacional. O propósito de se

adotar o dólar americano como referência é pelo fato de que se trata da moeda

mais comumente utilizada pelos turistas que freqüentam o município.

Page 78: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

78

FIGURA 8 - EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE A RENDA DO TURISMO

0,000,150,300,450,600,750,901,051,201,351,501,651,801,952,102,252,402,552,702,853,00

199

4

199

5

199

6

199

7

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

Taxa de Câmbio Rendo Interna R$ Renda Externa R$

A figura 8 apresenta a taxa de câmbio, a proporção da renda interna do

turismo na renda total e a proporção da renda externa na renda total. Essa análise

revela um fato importante; na medida em que a taxa de câmbio aumenta, a

participação da renda do turismo proveniente de turistas internos diminui, enquanto

que a proporção da renda proveniente dos turistas externos aumenta. Isso sugere

que a resposta dos turistas estrangeiros ao incentivo do câmbio supera a resposta

dos nacionais. Se bem que esses últimos provavelmente vão preferir viajar dentro

do país a viajar ao exterior, ao mesmo tempo têm uma perda de renda que

desestimula o turismo.

Na tabela 24 se observa que a correlação entre o número de empregos e

a taxa de câmbio não é muito elevada, embora seja positiva. A explicação é que os

profissionais do turismo são altamente qualificados e essas qualificações têm valor

para a empresa, a qual prefere mantê-los nos seus quadros na baixa do ciclo.

Page 79: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

79

TABELA 24 - A RELAÇÃO ENTRE TAXA DE CÂMBIO, EMPREGO E GASTOS MÉDIOS DIÁRIOS

ANO TAXA DE CÂMBIO

EMPREGO GASTOS MÉDIOS

DIÁRIOS US$

1994 0,87 7.575 75,47 1995 0,93 8.479 78,80 1996 1,02 7.394 74,80 1997 1,09 6.851 72,80 1998 1,19 6.309 70,80 1999 1,73 8.448 52,20 2000 1,73 6.288 57,10 2001 2,24 5.759 59,80 2002 2,83 7.750 56,37 2003 2,82 8.545 57,76 2004 2,74 9.340 57,98 2005 2,27 11.395 68,20 2006 2,27 9.760 61,31 Correlação 38,0% -78,3%

A correlação entre taxa de câmbio e gastos diários médios dos turistas é

relativamente elevada. O coeficiente é negativo (-78,3%), ou seja, quando a taxa

de câmbio se eleva, a tendência é que os turistas gastem menos, pois com menos

dólares é possível adquirir aqui no Brasil mais bens e serviços do que antes do

aumento da taxa de câmbio, sendo o contrário verdadeiro. Porém, é possível

observar que esse efeito negativo da taxa de câmbio sobre os gastos médios

diários dos turistas é mais do que compensado pelo maior número de turistas. O

resultado final é um saldo muito positivo.

A análise dos dados revelou que a correlação entre taxa de câmbio e

número de empregos é 38,0%. Isso porque a mão-de-obra empregada pelo

turismo é bastante qualificada e produtiva, além das empresas do setor

trabalharem com um quadro bem reduzido de funcionários, haja vista o número de

turistas por trabalhador. Apesar da pouca correlação entre flutuações da taxa de

câmbio e variações do nível de empregos, ela é significativa uma vez que as

empresas do setor hoteleiro procuram manter os seus quadros de funcionários,

mesmo quando ocorre uma contração na demanda turística, pois os custos para

qualificação da mão-de-obra costuma ser elevado.

Page 80: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

80

5 O IMPACTO DO PLANEJAMENTO E GASTOS PÚBLICOS SOBRE O

TURISMO

Esta seção apresenta uma relação entre o planejamento, gastos públicos

e a atividade turística local, com a finalidade verificar até que ponto as ações do

poder público estão influenciando a economia do turismo.

5.1 O TURISMO NO PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Neste tópico será feita uma análise acerca da política municipal voltada para

o turismo, apresentando os aspectos do plano de ação para o desenvolvimento do

turismo desenvolvido pela Secretaria Municipal do Turismo – SMTU, para o exercício

de 2007 e demais exercícios. O que se pretendeu foi verificar a importância dada ao

turismo devido a sua contribuição para a economia local. Em particular, procurou-se

demonstrar que a política municipal trata do turismo, muito mais com fim em si mesmo

do que como fator de desenvolvimento para o município.

QUADRO 5 - DIMENSÕES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO

FOCO POLÍTICA

Econômico Ser esta a atividade econômica mais evidente do Município, grande geradora de emprego e renda e setor âncora para alavancagem de novos investimentos para o Município;

Interdiciplinariedade O conceito interdisciplinar da atividade turística que envolve e movimenta inúmeros envolvendo segmentos diretos e indiretos da economia.

Ambiental A vocação natural (riquezas naturais e ambientais), social e cultural da cidade para a atividade;

Planejamento O anseio da sociedade empresarial, acadêmica, profissional e institucional para que o segmento tenha uma atuação planejada;

Infra-Estrutura A infra-estrutura técnico-econômica de oferta já instalada de serviços e equipamentos turísticos;

Ordenamento Que a sua formulação está prevista na Lei Orgânica do Município; A necessidade de ordenamento voltado ao crescimento e a condição globalizada do setor turístico;

Preservação Os objetivos mencionados na Lei Orgânica: o desenvolvimento sustentável do município, o bem estar do visitante e da população residente, a preservação e conservação do patrimônio natural e cultural, tangível e intangível;

Direção

A essencial e urgente prerrogativa de estabelecer as diretrizes para o desenvolvimento com maturidade e solidez da cidade como destino turístico através do trabalho profissional com projetos e não ações isoladas, comprometimento com os resultados, planejamento com foco, continuidade nas ações iniciadas, interação e articulação entre o poder público e privado.

FONTE: SMTU/2007

Page 81: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

81

Inicialmente abordam-se as linhas da política municipal voltada para o

turismo conforme descritas no quadro a seguir, com o propósito de verificar quais

os rumos estão sendo dados para a economia do turismo local.

O quadro anterior revela um diagnóstico ainda pouco preciso da situação da

atividade turística na região por parte das autoridades governamentais. A leitura

apresentada no quadro é pouco precisa frente à realidade do município, fato esse que

é demonstrado no próximo tópico com maior nível de detalhamento. Além do

denominado “inventário da oferta turística de foz do Iguaçu”, não foi feito nenhum

estudo sistemático para identificar as reais necessidades de intervenção por parte do

poder público. Assim, o potencial turístico decorrente das inúmeras vantagens

comparativas naturais existentes (ex. Cataratas do Iguaçu) é subaproveitado,

resultando para o município num custo de oportunidade que se traduz em menos

empregos, menos impostos e menor rendimento, o que gera menor desenvolvimento.

O quadro que se segue revela que as diretrizes da política municipal

estão condizentes com a leitura da realidade da atividade turística apresentada

anteriormente, dando grande ênfase aos organismos envolvidos na gestão e no

planejamento do desenvolvimento do turismo, ou seja, na governança e nas

parcerias. Da mesma forma que o diagnóstico a política municipal para o turismo

focaliza de forma pouco precisa o verdadeiro rumo que está sendo dada a

atividade turística, além disso, parece não dá a devida importância ao turismo

como elemento propulsor do desenvolvimento regional.

Observa-se ainda que, nas diretrizes da política municipal, os atores e a

estrutura institucional têm um grande destaque. Entretanto, quando focaliza a

governança, deixa transparecer que o objetivo é impulsionar a atividade turística,

com a finalidade de gerar emprego e renda e promover o desenvolvimento local.

Sendo assim, resta claro que as autoridades locais reconhecem que o turismo é de

fundamental importância para a economia e o desenvolvimento regional. Dentro do

contexto das deliberações, o incentivo à parceria público-privada na realização de

investimentos é tida como uma solução para modernização do setor.

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82

Mereceu destaque também o turismo de eventos, pois o município conta

com uma grande infra-estrutura para tal, baseada no Centro de Convenções

recentemente ampliado e com grande capacidade de realização de eventos.

QUADRO 6 - DIRETRIZES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO

FOCO DIRETRIZ DA POLÍTICA MUNICIPAL

Parceria O desenvolvimento turístico passa pela parceria e mobilização. O turismo é e deve ser encarado como obra coletiva, sistêmica e de grande sinergia, funcionando como mola propulsora para o desenvolvimento econômico, social e cultural.

Regional

A atividade turística está inserida num macro contexto político, institucional e territorial em que diversos fatores oriundos de diferentes visões para a gestão técnica e política do turismo exercem influências e que precisam ser bem avaliados e articulados e devem, sem sombra de dúvida, ampliar o debate sobre políticas de turismo para além das fronteiras da municipalidade.

Governança

Os papéis a serem desempenhados pela Governança Municipal na área do turismo têm uma vasta gama de vertentes a serem trabalhadas, tais como a política de turismo direcionando o desenvolvimento, as prioridades e estratégias, a legislação e regulamentação do turismo, a capacitação, a infra-estrutura, a estruturação e diversificação da oferta turística, a promoção turística, informações estatísticas, conservação de recursos, o bem estar da comunidade, a articulação e mobilização dos atores.

Promoção Desta forma a SMTU deverá cumprir o seu papel de agente agregador, articulador e impulsor do setor turístico de Foz do Iguaçu, favorecendo o crescimento econômico,gerando emprego e renda, contribuindo para o desenvolvimento econômico e o bem estar da população local.

Atores

A interação e participação dos diversos segmentos econômicos e sociais e dos atores envolvidos no processo é de fundamental importância para a construção e o desenvolvimento de uma mentalidade, conscientização, adoção e gestão de uma Política de Turismo que traga reflexo mais rápido para o Município.

Deliberação

Dentro deste contexto é importante que o Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu (COMTUR), como órgão consultivo, normativo e deliberativo, atuando em conjunto com as entidades que o integram, funcione como um elo de ligação entre os poderes públicos e o setor privado, na formulação e implementação da Política unicipal de Turismo, buscando o desenvolvimento em bases sustentáveis, de forma a garantir o bemestar de seus habitantes, dos turistas e do patrimônio natural e cultural da região. Incentivar os investimentos municipais, estaduais, nacionais e internacionis na região do pólo de Foz do Iguaçu, estimulando a Parceria Público-Privada (PPP).

Destino

Com a Fundação Iguassu de Turismo e Eventos (ICVB), funcionar em perfeita parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, nas ações de marketing, comercialização e promoção do destino turístico, priorizando a captação e geração de eventos e congressos de alcance regional, nacional e internacional, a atração e aumento do fluxo de turistas e o desenvolvimento do turismo no estado do Paraná e especialmente na cidade de Foz do Iguaçu.

Eventos

Deve-se atribuir ao Centro de Convenções a função de equipamento regulador da sazonalidade do fluxo turístico, atuando de forma macroestratégica na realização de eventos de grande porte, abastecendo a infra-estrutura técnico-turística e serviços de oferta instalada. Eventos locais devem ser pautados somente com antecedência de sessenta dias. É necessário que se explicite com clareza a sua função de equipamento e não gestor do sistema do Turismo de Eventos, atribuição que deve ser do ICVB em perfeita integração com a SMTU.

Cultura

Quanto à Fundação Cultural, propomos definir para a mesma a atuação no sentido de apoio local aos eventos que estejam para serem realizados em Foz do Iguaçu, funcionando no apoio logístico e promocional interno. A SMTU ficará com a missão de promover e propagar o evento nos destinos ou segmentos emissores de turistas.

FONTE: SMTU/2007

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83

Foz do Iguaçu, que se pretende uma cidade turística não consegue

resolver os seus problemas estruturais básicos – exclusão social elevada,

vulnerabilidade da população, violência e altos níveis de desemprego. Em análise

ao contido nos quadros acima fica evidente que o Turismo não é tratado pelo

município como uma política pública, pois, apesar da sua reconhecida importância,

não é tido como um motor de desenvolvimento.

QUADRO 7 - AÇÕES DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA O TURISMO

FOCO AÇÃO OPERACIONAL

Divulgação Participação em 14 (quatorze) eventos internacionais, visando a divulgação e promoção do Destino Foz do Iguaçu nos principais mercados;

Promoção Promoção e divulgação do Destino Iguassu em 20 (vinte) eventos nacionais;

Projeto

Desenvolvimento de um projeto regional visando incrementar o turismo rodoviário em cidades que tenham mais de 300 mil habitantes e que estejam num raio de 900 km, através da realização de 24 (vinte e quatro) workshops e seminários de vendas, sendo 12 nacionais e 12 internacionais, englobando os países do Mercosul (Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai);

Divulgação 05 (cinco) ações de divulgação institucional em shopping centers, direcionadas ao público final, abrangendo em um primeiro momento o estado do Paraná (Cascavel, Londrina, Maringá e Curitiba) e também a cidade de Assunção – PY;

Promoção Criação de novo material promocional necessário à divulgação do destino turístico nos principais eventos e mercados nacionais, internacionais e regionais;

FONTE: SMTU/2007

O quadro 7 confirma o descrito anteriormente sobre o fato do turismo não

ser tratado como uma política pública no município, pois o conjunto de ações

propostas se resume na divulgação e na promoção do turismo. O Município

necessitaria promover mudanças estruturais uma vez que o turismo demanda uma

série de bens e serviços dos diversos setores da economia. Para fomentar o

turismo o município precisa se desenvolver e, para tal, atrair um grande volume de

investimentos em outras áreas, visando a uma maior segurança para o turista,

melhores condições dos equipamentos turísticos, melhores condições de

transportes, entre outras.

O próximo tópico apresenta uma análise do impacto dos gastos públicos

sobre a atividade turística. O que se pretendeu foi verificar até que ponto a política

municipal é eficaz na promoção da atividade turística. Além disso, se o volume de

Page 84: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

84

gastos efetuados pelo poder público municipal tem alguma relação com o

crescimento da atividade turística, ou ainda, se os investimentos foram canalizados

devidamente para a promoção do turismo.

5.2 OS EFEITOS DOS GASTOS PÚBLICOS SOBRE O TURISMO LOCAL

A inserção do turismo no planejamento municipal, não significa

necessariamente o planejamento do turismo, o fato do poder público inserir um

conjunto de ações no PPA – Plano Plurianual, específicas para a atividade turística

não cria a obrigatoriedade de executar. No caso do município de Foz do Iguaçu, o

volume de investimentos estimados para o setor do turismo historicamente não é

concretizado pelo poder público.

A tabela a seguir revela que nos anos de eleição (2008) o volume de

investimentos tendem a ser ampliados. Considerando o exercício de 2006, exceto

pelos investimentos realizados na revitalização da Avenida Brasil, os gastos

municipais se resumiram em despesas de custeio.

O conjunto de investimentos previstos no PPA para o período de 2006 a

2009, não privilegiam as mudanças estruturais necessárias para o desenvolvimento

do turismo local. Todas as ações foram definidas e incluídas no PPA sem manter

uma relação estreita com um diagnóstico profundo e capaz de apontar as reais

necessidades de investimentos para a promoção do desenvolvimento do turismo

local e regional. São ações importantes que absorveriam um volume considerável de

recursos, sem vinculação com objetivos e direcionamentos claros, nem tam pouco a

sua definição partiu de uma política pública municipal previamente estabelecida.

Além disso, não define os indicadores e instrumentos que permitam uma avaliação

objetiva dos resultados que seriam alcançados, ou seja, os investimentos foram

definidos visando alcançar qualquer objetivo.

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85

TABELA 25 - O TURISMO NO PLANO PLURIANUAL MUNICIPAL

DESCRIÇÃO 2006 2007 2008 2009

Desenvolvimento do Turismo

Centro Receptivo de Foz do Iguaçu 2.000.000,00

Memorial Cabeza de Vaca 3.568.000,00 3.568.000,00

Integração do Fórum do Mercosul e Marco das Três Fronteiras 2.200.000,00

Revitalização da Avenida das Cataratas 2.000.000,00

Dotar o Município com Equipamento de atendimento ao turista 2.860.400,00

Fórum das Américas 1.870.000,00

Corredores Turísticos

Ampliação para concluir projeto da sinalização turística 400.000,00

Implantação do Portal de Entrada da Cidade 600.000,00

Implantação do Sistema de Transporte Coletivo a Turista 45.000,00

Empreendimentos e Projetos Turísticos

Realização de Melhorias no Centro de Convenções 2.425.000,00

Implantação de Centro de Entretenimento e Cultura 1.430.000,00

Implantação do Sítio Histórico Municipal 86.000,00

Implantação do Roteiro Turístico Central 330.000,00

Ampliação e Reforma do Terminal Rodoviário 500.000,00

Destino Iguaçu

Promoção do Destino Iguaçu 50.000,00 125.000,00 50.000,00 50.000,00

Fortalecimento Institucional

Implantação de postos de informações turísticas 260.000,00 100.000,00

Implantação de postos móveis de atendimento ao turista 34.000,00

Fortalecimento do centro de apoio a segurança ao turista 630.000,00

Suporte ao sistema de atendimento 70.000,00

Qualidade no Turismo

Implantação do programa de educação turística 120.000,00 240.000,00 240.000,00 120.000,00

Implantação do programa de qualificação 1.673.000,00 250.000,00 250.000,00 250.000,00

Implantar escola para qualificação de mão-de-obra 1.300.000,00

TOTAL 2.488.000,00 6.280.000,00 10.008.000,00 10.918.400,00

FONTE: SMTU/2007

No PPA, elegeu-se como prioridade uma série de investimentos visando o

desenvolvimento do turismo, os corredores turísticos, empreendimentos e projetos

turísticos, o destino turístico, o fortalecimento institucional e a qualidade no turismo.

Pelo que consta da política municipal, pode-se afirmar que esta lista de prioridades

surgiu de forma arbitrária, visto que não se tem conhecimento de um estudo

profundo sobre a atividade turística local. Nem se quer foi feita uma pesquisa junto

aos usuários para saber como adequar a oferta turística. Isto se verifica na análise

apresentada nos quadros da política municipal anteriormente descrito.

A tabela 26 demonstra os gastos históricos municipais no setor do

turismo. Excluindo-se de os gastos efetuados pelo Governo do Estado através do

município, os investimentos propriamente municipais são insignificantes, ficando o

Page 86: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

86

maior volume de gastos em despesas correntes. Em 2003, o município realizou

investimentos cerca de 1,2 milhões de reais nas conclusões das obras do centro

de convenções. Em 2004, iniciam-se as obras de revitalização da Avenida Brasil,

atingindo seu maior volume em 2005, sendo concluída em 2006.

TABELA 26 - O TURISMO NO ORÇAMENTO MUNICIPAL

DESCRIÇÃO 2003 2004 2005 2006 2007

Manutenção do Gabinete do Secretário 309.344,51 186.898,67 106.350,92 129.820,72 300.000,00Manutenção do Departamento de Desenvolvimento do Turismo 482.677,38 652.419,38 516.391,22 598.902,88 552.126,00Manutenção da Informatização dos Postos de Informações 8.329,00 - - - -

Obras do Centro de Convenções 1.243.513,93 - - - -

Manutenção do Departamento de Marketing e Eventos 704.628,24 554.609,81 353.682,13 184.750,41 400.000,00

Participação em Eventos Nacionais e Internacionais 795.945,68 - - - -

Campanhas Publicitárias 536.530,00 577.637,00 423.758,83 525.749,38 300.00,00

Revitalização da Avenida Brasil(1) - 157.170,74 4.628.634,48 2.136.815,49 -Planejamento Sustentável do Turismo - 18.908,35 10.016,44 - -

Educação Turística - 4.120,00 5.150,00 3.825,87 5.000,00

Fortalecimento do Destino Turístico - 376.384,80 345.928,35 1.211.015,49 400.000,00

Implantação de Quiosques Informativos - - 91.444,28 - -

Congresso Internacional de Odontologia - - - 30.000,00 -

Programa de Capacitação para o Turismo - - - 69.980,00 200.000,00

TOTAL 4.080.968,74 2.528.148,75 6.481.356,65 4.890.860,24 2.157.126,00

FONTE: SMTU/2007

(1) Obra do Governo do Estado.

Observa-se que o grande volume de gastos públicos é justamente com

custeio de uma máquina montada para promover o desenvolvimento do turismo.

Destes gastos, destacam-se os gastos com publicidade e promoção do turismo. O

foco das despesas parece ter sido a própria organização e não o turismo.

A tabela 27 apresenta uma análise detalhada da correlação entre os

diferentes resultados alcançados pela atividade turística ao longo do período

estudado e os gastos públicos municipais. Visando corroborar o cálculo das

correlações, a tabela apresenta, também, uma análise comparativa das taxas de

crescimento dos gastos e resultados da atividade turística.

Page 87: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

87

TABELA 27 - OS EFEITOS DOS GASTOS PÚBLICOS MUNICIPAIS SOBRE O TURISMO LOCAL

TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO (%) RESULTADOS

CORRELAÇÃO(%)

INFLUÊNCIA

Resultados Gastos

COMPARATIVORESULTADOS x GASTOS (%)

Número de Turistas – Total X Gasto Total do Município 72,5 Pequena 7,1 9,4 -24,6 Número de Turistas – Total X Despesas de Publicidade -43,7 Nenhuma 7,1 -9,5 -174,7 Número de Turistas X Gasto com Fortalecimento do Destino Turístico 38,5 Nenhuma 7,1 58,3 -87,9 Número de Turistas Externos X Gasto Total do Município 63,0 Pequena 0,4 9,4 -96,2 Número de Turistas Externos X Despesas de Publicidade 13,1 Nenhuma 0,4 -9,5 -103,8 Número de Turistas Externos X Gasto com Fortalecimento do Destino Turístico -76,1 Nenhuma 0,4 58,3 -99,4 Renda Total Gerada- US$ X Gasto Total do Município 63,4 Pequena 12,4 9,4 32,3 Renda Total Gerada- US$ X Gasto com Fortalecimento do Destino Turístico 16,7 Nenhuma 12,4 -9,5 -231,1 Renda Total Gerada- US$ X Despesas com Publicidade -44,7 Nenhuma 12,4 58,3 -78,7 Número de Empregos X Gasto Total do Município 63,0 Pequena 4,2 9,4 -54,8 Número de Empregos X Gasto com Fortalecimento do Destino Turístico 21,9 Nenhuma 4,2 -9,5 -144,8 Número de Empregos X Gasto com Publicidade -43,3 Nenhuma 4,2 58,3 -92,7 Receita do ISS X Gasto Total do Município 62,9 Pequena 9,4 9,4 0,8 Receita do ISS X Gasto com Fortalecimento do Destino Turístico 63,4 Pequena 9,4 -9,5 -199,9 Receita do ISS X Gasto com Publicidade -31,7 Nenhuma 9,4 58,3 -83,8 MÉDIA GERAL 15,9 Nenhuma 6,7 19,4 -65,5

FONTE: SMTU/2007

Praticamente todas as correlações podem ser consideradas fracas devido

ao número de períodos observados. Exceto no caso da correlação entre número

total de turistas e gasto total do município, que alcança 72,5%, porém, nesta

mesma relação, se observada a comparação das taxas históricas de crescimento

dos gastos e do número de turistas, verifica-se que os gastos cresceram no

período 24,6% a mais do que o número dos turistas.

Analisando a correlação entre o número de turistas externos e o gasto

com o fortalecimento do destino turístico, observa-se que a correlação é negativa

em -76,1%, o que demonstra que o crescimento do número de turistas não está

relacionado a este gasto e que o gasto é superdimensionado. O que também fica

comprovado ao se observar as taxas médias de crescimento do número de turistas

(resultado) comparando-se com o crescimento destes gastos; onde os gastos

cresceram é média 99,4% a mais do que o número de turistas.

Page 88: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

88

As demais correlações confirmam que os gastos públicos efetuados

historicamente não geram efeitos sobre a atividade turística, devido à baixa

correlação e também à comparação das taxas médias de crescimento dos gastos e

os resultados alcançados.

Isso se conforma com a afirmação anterior de que o diagnóstico e o foco

das políticas públicas voltadas para o turismo são ainda pouco precisos, ou de

outra forma, a política pública foi pouco capaz de direcionar os inestimentos

públicos para a promoção da atividade turística. A análise revela, também, que o

critério de alocação dos recursos não se sustenta em diagnóstico e estudo

profundo. Os resultados anteriores sugerem que as políticas públicas têm sido

pouco eficientes na promoção do turismo no município.

Na média geral, ou seja, na média das correlações, a correlação entre

gastos públicos e resultados do turismo alcançou 15,9% o que pelo critério

estatístico não pode ser levado em conta, ou seja, a correlação é fraca, o que

evidencia a ineficácia dos gastos públicos. Cabendo ressaltar que tal evidência

leva em consideração várias relações entre o gasto e os resultados.

Observando a correlação entre gastos públicos no setor turístico e a

arrecadação da receita do ISS – Imposto Sobre Serviços, constata-se que o

município não esta tendo retorno dos seus investimentos nem na forma de

receitas, nem na forma de empregos para a população e nem na forma de renda

para os munícipes.

Em geral, os gastos do município com o turismo cresceram 65,5% a mais

do que os resultados. Isto significa que os gastos foram pouco eficientes na

promoção do turismo. Também confiram a afirmação de que a própria estrutura de

governança absorve os recursos gerando poucos benefícios para o setor do turismo.

Reforçando a afirmação anterior, pode-se comparar os resultados que

cresceram em média 6,7% (Atividade Turística) no período, enquanto que os

gastos cresceram 19,4%, revelando uma certa falta de precisão na aplicação dos

recursos públicos. Também revela a falta de direcionamento claro para a alocação

Page 89: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

89

de recursos públicos, o que decorre da falta de estudos mais aprofundados e do

desconhecimento dos principais determinantes da demanda turística municipal.

Desta forma, pode-se afirmar que os gastos públicos efetuados foram

pouco eficazes para a o desenvolvimento do turismo até o presente momento.

Essa afirmação se conforma com o descrito anteriormente sobre a política

municipal do turismo.

Tanto do ponto de vista da correlação, quanto do ponto de vista da

análise comparativa entre taxas médias de crescimento dos resultados menos

taxas médias de crescimento dos gastos, é possível afirmar que os gastos

efetuados pelo município com o turismo, nos últimos cinco anos, não promove o

crescimento do turismo, ou seja, é quase que em sua totalidade estéril.

Excluindo os investimentos feitos pelo Estado na revitalização da Avenida

Brasil, a relação se agrava, podendo confirmar a afirmação anterior mais uma vez. O

gasto cresceu em média 19,4% ao ano enquanto que as demais variáveis cresceram

apenas 6,7%. Ou seja, os gastos crescerem 65,5% a mais do que os resultados.

O volume de gastos correntes é elevadíssimo, demonstrando que o foco

dos gastos é a própria organização e não os resultados. Além disso, aponta a

ineficácia das ações desenvolvidas pelo município no tocante à promoção do

turismo. Logo, fica evidente a falta de um rumo certo para a economia do turismo.

E, finalmente, considerando os diferenciais turísticos existentes no

município que lhe conferem uma série de vantagens comparativas, fica evidente

também o grande custo de oportunidade decorrente da perda de benefícios não

alcançados pelo potencial turístico municipal, o que poderia gerar inúmeros efeitos

multiplicadores e promover a melhoria da qualidade de vida da população,

possivelmente com a mudança no índice de Gini que atualmente é de 0,58

(IPARDES) caracterizando um problema estrutural – desigualdade de renda. Além

disso, a exclusão social no município que alcança mais de 27% da população, ou

cerca de 84,000 pessoas excluídas (SMSF – Secretaria Municipal de Ação Social e

Assuntos da Família). Poderia também amenizar o problema do desemprego que

atinge grande parte da população economicamente ativa.

Page 90: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

90

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O estudo teve como objetivo analisar as contribuições do turismo para a

economia do município de Foz do Iguaçu, considerada uma das regiões onde a

atividade turística é intensa. O estudo partiu do pressuposto de que o turismo

contribui de forma significativa para a economia do município. A relevância do

trabalho está centrada no fato dele oferecer uma contribuição à análise dos efeitos

do turismo no desenvolvimento da região, bem como contribuir para orientar os

formuladores das políticas de desenvolvimento, além de ajudar a identificar a

verdadeira importância do turismo dentro da economia, seu potencial, seu peso,

sua demanda e suas interconexões com as diversas atividades econômicas.

Primeiramente, foi apresentada uma contextualização do turismo, onde

ficou evidente que o turismo é um fenômeno da sociedade moderna, que tem seu

desenvolvimento associado aos avanços sociais, econômicos e culturais da

sociedade, mas acima de tudo, o desenvolvimento da atividade turística está

relacionado aos avanços tecnológicos principalmente dos meios de transportes e

comunicação. Consta também que o turismo teve a sua história ligada às grandes

conquistas da humanidade, principalmente a de maior disponibilidade de tempo

livre para o lazer. Nos seus primórdios, o turismo estava ligado às viagens de

negócios, aos eventos religiosos e ao domínio dos grandes impérios. Nos dias

atuais, o turismo ganhou uma certa independência, na medida em que surgem

vários negócios voltados exclusivamente para esta atividade.

A atividade turística afeta diversos setores da economia, da mesma forma

é afetado por vários elementos da economia. Ao se estudar o turismo, existem

vários enfoques, porém, para fins deste estudo, foi adotado o enfoque econômico.

A economia do turismo tem aspectos macro e microeconômicos ao

mesmo tempo. De um lado, afeta mercados em particular e organizações

produtivas de bens e serviços; de outro, afeta o nível de emprego e renda de uma

Page 91: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

91

região ou país. A mensuração econômica do turismo é tarefa muito complexa que

exige sistemas de contabilidade altamente desenvolvidos. Os avanços neste

campo ainda estão em sua fase inicial, mas já se sabe que existem setores da

economia voltados exclusivamente para o turismo e outros que, apesar de não

serem exclusivos, ofertam grande parte da sua produção para o turismo a exemplo

do setor de transportes. O turismo exige da economia um conjunto de atividades

produtivas, no qual os serviços têm um caráter prevalente que interessam a todos

os setores econômicos de um país ou uma região. O turismo se caracteriza por

possuir, uma interdependência estrutural com as demais atividades, em maior grau

e intensidade que qualquer outra atividade produtiva. Por isso, muitas vezes, o

turismo é confundido como um fenômeno econômico puro.

Como fator de desenvolvimento, o turismo contribui significativamente

através dos seus efeitos multiplicadores. Quando um turista injeta fundos na

economia de uma área anfitriã, ocorre um efeito econômico que é, algumas vezes,

a quantia gasta originalmente. Esse efeito é considerado multiplicador de renda.

Gastos maiores precisam de mais empregos, o que resulta em um multiplicador de

empregos. Como o dinheiro muda de mãos várias vezes durante um ano, existe

um multiplicador de transações. Conforme o volume de negócios cresce em uma

destinação turística, mais infra-estrutura e superestruturas são construídas. Isso

resulta em um multiplicador de capital.

Compreendido o conceito de turismo e suas implicações para a economia

e o desenvolvimento regional, pode-se apresentar os elementos que determinam a

atividade turística de uma região ou país. Neste estudo, mereceu destaque a taxa

de câmbio, tendo em vista o grande e significativo número de turistas externos que

procuram a região.

Como foi descrito anteriormente, a atividade turística guarda uma relação

estreita com a taxa de câmbio, a ponto de que, quando a taxa de câmbio aumenta,

a participação da renda do turismo proveniente de turistas internos diminui,

Page 92: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

92

enquanto que a proporção da renda proveniente dos turistas externos aumenta.

Mesmo Foz do Iguaçu sendo apenas um município, a atividade turística local é

afetada pela taxa de câmbio que é uma variável macroeconômica e depende da

política do governos central. Outro aspecto importante observado é que, quando a

taxa de câmbio aumenta a tendência é que os turistas gastem menos, devido ao

seu ganho de poder aquisitivo, ou seja, com menos moeda estrangeira se

consegue realizar os gastos programados.

A atividade turística iguaçuense é de grande importância e contribui em

muito para a geração de renda, empregos e tributos no município. A renda gerada

pelo turismo alcança mais de 15% da renda gerada pelo município e ultrapassa

meio bilhão de reais. De outro lado, o número de empregos gerados pelo turismo

atinge 19,8% da população economicamente ativa ocupada. A cidade de Foz do

Iguaçu aparece entre as cidades do Paraná, como a que tem a maior oferta de

meios de hospedagens e leitos disponíveis. A qualidade dos serviços prestados é

alta e a cidade tem tradição no atendimento ao turista. É inquestionável que Foz do

Iguaçu dispõe hoje de atrativos turísticos de grande poder de atração, além de

serem únicos no mundo inteiro, como é o caso das Cataratas do Iguaçu.

O que se espera do turismo são os impactos positivos sobre o

desenvolvimento econômico classificados da seguinte forma: a) o turismo aumenta

a renda do lugar visitado via entrada de divisas; b) o turismo estimula

investimentos e gera empregos; c) o turismo é um meio de redistribuir riquezas; d)

o turismo gera efeitos multiplicadores; e) o turismo pode contribuir para melhorar o

balanço de pagamentos. Visto desta forma, o turismo é um motor para o

desenvolvimento econômico.

Teoricamente se acenou para o fato de que é possível haver um setor

turístico em crescimento e uma pobreza abjeta da população local, se não houver

encadeamentos ou concentração dos seus efeitos multiplicadores. Esta afirmação

se conforma com a realidade atual do município de Foz do Iguaçu em função do

Page 93: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

93

anteriormente descrito e do atual estado de miséria e pobreza que se encontra o

município. Só para confirmar, os dados do IPARDES apontam para uma taxa de

pobreza de 19,05% (IBGE/IPÁRDES- 2000), apesar de um PIB per cápita de R$

12.493,00, o qual em grande parte é gerado pela Itaipu Binacional. De outro lado, o

índice de Gini é de 0,580, um dos mais elevados do mundo, se tomarmos por base

os países de maior concentração de renda. Este é outro aspecto que nos remete à

observação de que, mesmo sendo o turismo um motor para o desenvolvimento

econômico, nem sempre produz o desenvolvimento social na mesma proporção.

Diante dos dados analisados foi possível observar que a atividade turística

de Foz do Iguaçu, apesar de ser vista como de grande importância não teve o

planejamento e o ordenamento que permitissem extrair os efeitos multiplicadores e

encadeadores em sua plenitude, por isso, os ganhos gerados pelo turismo em

termos de desenvolvimento local estão muito aquém das suas possibilidades.

Partindo do referencial de que o turismo, por ser uma indústria vasta e

complexa, deve ter suas principais metas de crescimento programadas e

elaboradas por meio de um plano econômico, que pode ser definido como um

conjunto específico de metas econômicas quantitativas a serem atingidas em dado

período. É uma tentativa de coordenar o processo de decisão econômica em longo

prazo, influenciando e controlando o nível de crescimento das principais variáveis

econômicas, de forma a alcançar um conjunto de objetivos predeterminados. Faz-

se necessário que se realizasse antes de tudo um estudo ou diagnóstico

aprofundado das cadeias produtivas do turismo, para que seus efeitos sobre o

desenvolvimento ou seu potencial sejam aproveitados em benefício da região.

Entretanto o que se observou é que o diagnóstico realizado é pouco preciso,

resultando em medidas políticas com focos que não privilegiam a economia do

turismo, ou seja, não existem metas claras e objetivas para o turismo. Não existe

claramente definida a coordenação e o processo de decisão econômica em longo

prazo, influenciando e controlando o nível de crescimento das principais variáveis

Page 94: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

94

econômicas, de forma a alcançar um conjunto de objetivos predeterminados. O

planejamento do turismo está focado em se promover a demanda, porém com

medidas desconexas de objetivos econômicos e metas quantitativas previamente

definidas. Não privilegia a oferta, isto é, a implantação de arranjos e cadeias

produtivas capazes de converter todo o potencial turístico regional em

desenvolvimento econômico e social. Além disso, os investimentos voltados para o

turismo na região se concentram na prestação de serviços. A indústria é relegada

ao segundo plano, haja vista a oferta de bens produzidos no município.

Tudo isso se conforma com os dados apresentados ao longo deste

estudo sobre os gastos públicos efetuados para promoção do setor turístico em

contraste com o aumento de arrecadação de impostos, sendo que os primeiros

cresceram em média 24,6% a mais do que os últimos.

O que se observa é que, de um lado existe uma atividade de grande

potencial de geração de renda, empregos e impostos e por outro, a falta de

ordenamento e controle para aproveitamento do seu potencial. Ao mesmo tempo

em que ocorrem, os seus efeitos encadeadores e multiplicadores são dispersos.

Isso faz com que os benefícios sociais, culturais e econômicos do turismo sejam

limitados a uma pequena parcela da população diretamente envolvida com a

atividade. O que leva a inferir que o potencial de desenvolvimento do turismo

utilizado é equivalente à parcela de serviços produzida localmente, sendo que para

geração de tais serviços são necessários uma enorme gama de bens.

Observa-se que o turismo contribui de forma significativa para a economia

do município, previamente afirmado neste estudo de forma hipotética. Porém, muito

menos do que poderia contribuir, tendo em vista o anteriormente descrito. Logo, a

hipótese proposta é tida como válida, e pode ser da comprova facilmente diante de

tantas evidências da importância da atividade turística apresentadas.

Pode-se afirmar que o propósito deste estudo foi atingido a contento,

sendo recomendável que se desenvolva estudos mais profundos, inclusive com

Page 95: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

95

aplicação metodologias de contabilidade da renda regional. Além disso, que se

construa matriz insumo-produto, para se verificar as ligações da demanda turística

com os diversos setores e atividades econômicas. De outro lado, o mapeamento

das cadeias produtivas voltadas para a demanda turística torna-se peça

indispensável para um bom planejamento e ordenamento, bem como

aproveitamento do seu potencial promotor do desenvolvimento regional.

Page 96: as contribuições do turismo para a economia de foz do iguaçu

96

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