As divergências na análse

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Divergências na análise Se aceitamos a existência de um sistema nervoso periférico ( sistema límbico ), que muito embora se comunique com o sistema nervoso central, responde de forma autônoma como porta de entrada e saída de estímulos, nos é dado a perceber que será a sala de entrada para um mundo mais profundo, que não pode ser acessível de imediato. Este sistema periférico recolhe informação do exterior e de acordo com o mapa cerebral terá, por parte do corpo, uma resposta imediata de recusa, poderá mostrar-se indiferente, ou simplesmente os aceitar por reconhecer neles uma compatibilidade. Estamos a falar do sistema nervoso, mas igualmente dos neurônios de que são constituídos, a que Freud se refere em sua obra de forma insistente e ao mesmo tempo clara, transmitindo a ideia que alguns são permeáveis aos estímulos e outros não o serão, cuja finalidade vai no sentido de explicar a organização neural, que hoje a neurociência vem confirmar. A questão da penetrabilidade e impenetrabilidade pode ser entendida segundo a visão de um espaço exterior que mantêm uma relação com o corpo cujos estímulos atingem os sentidos, que perpassando a periferia se debate com a compatibilidade de sentidos adquiridos e registrados no corpo, ou sua incompatibilidade, derivando daí a autorização do próprio corpo para continuar sua viagem interior, ou simplesmente é criada uma barreira interior, cuja finalidade será rejeitar os estímulos que chegam e mostram ser incompatíveis com os sentidos registrados no interior de determinado corpo. No meio de tudo isto, devemos considerar um grau de valorização dos próprios registros do corpo, que implicam uma maior ou menor resistência à entrada de estímulos considerados adversos, ou incompatíveis. Quanto maior o grau de valorização dos registros do corpo ( Mapa cerebral António Damásio ) maior será a resistência à invasão de estímulos considerados hostis, ou incompatíveis. Da organização cerebral somos levados à dinâmica, e por conseguinte à síntese como resposta. Sistema límbico Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais. É uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Originou-se a partir da emergência dos mamíferos mais antigos. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica de todo o organismo. O sistema límbico tem formato de anel cortical e é um conjunto de estruturas do cérebro que são responsáveis primordialmente por controlar as emoções e secundariamente participa das funções de aprendizado e memória, podendo também participar do sistema endócrino. Localiza-se na parte medial do cérebro dos mamíferos. Palavras de incentivo, motivação, conselhos, em suma uma dinâmica de coisas prazerosas, que tendem a provocar uma satisfação do corpo, apresentam sua base de apoio numa parte dos neurônios que respondem a esses estímulos, designados por afeto. Por outro lado, outros neurônios são representados por cargas de afetação, como seja a angústia, a tristeza e o desprazer, como representantes de estímulos exteriores incorporados na infância, proveniente da formação infantil. Afeto e afetação caminham lado a lado no mesmo corpo, cujo acesso se faz através dos sentidos via neural, neurônios, que apresentam a missão de promover descargas elétricas e químicas para o corpo, para que este possa responder adequadamente. Pelo que nos é dado a perceber perante a organização neural, embora exista uma comunicação entre eles, todos eles funcionam de forma autônoma, o que nos faz pensar, que

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Insistir na motivação é não curar a ferida a deixando aberta, o que coloca o sujeito perante o perigo da frustração e suas consequências, que pode levar á destruição dos outros ou de si mesmo

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Divergências na análise

Se aceitamos a existência de um sistema nervoso periférico ( sistema límbico ), que muito embora se comunique com o sistema nervoso central, responde de forma autônoma como porta de entrada e saída de estímulos, nos é dado a perceber que será a sala de entrada para um mundo mais profundo, que não pode ser acessível de imediato. Este sistema periférico recolhe informação do exterior e de acordo com o mapa cerebral terá, por parte do corpo, uma resposta imediata de recusa, poderá mostrar-se indiferente, ou simplesmente os aceitar por reconhecer neles uma compatibilidade. Estamos a falar do sistema nervoso, mas igualmente dos neurônios de que são constituídos, a que Freud se refere em sua obra de forma insistente e ao mesmo tempo clara, transmitindo a ideia que alguns são permeáveis aos estímulos e outros não o serão, cuja finalidade vai no sentido de explicar a organização neural, que hoje a neurociência vem confirmar. A questão da penetrabilidade e impenetrabilidade pode ser entendida segundo a visão de um espaço exterior que mantêm uma relação com o corpo cujos estímulos atingem os sentidos, que perpassando a periferia se debate com a compatibilidade de sentidos adquiridos e registrados no corpo, ou sua incompatibilidade, derivando daí a autorização do próprio corpo para continuar sua viagem interior, ou simplesmente é criada uma barreira interior, cuja finalidade será rejeitar os estímulos que chegam e mostram ser incompatíveis com os sentidos registrados no interior de determinado corpo. No meio de tudo isto, devemos considerar um grau de valorização dos próprios registros do corpo, que implicam uma maior ou menor resistência à entrada de estímulos considerados adversos, ou incompatíveis. Quanto maior o grau de valorização dos registros do corpo ( Mapa cerebral – António Damásio ) maior será a resistência à invasão de estímulos considerados hostis, ou incompatíveis. Da organização cerebral somos levados à dinâmica, e por conseguinte à síntese como resposta.

Sistema límbico Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais. É uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Originou-se a partir da emergência dos mamíferos mais antigos. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica de todo o organismo.

O sistema límbico tem formato de anel cortical e é um conjunto de estruturas do cérebro que são responsáveis primordialmente por controlar as emoções e secundariamente participa das funções de aprendizado e memória, podendo também participar do sistema endócrino. Localiza-se na parte medial do cérebro dos mamíferos.

Palavras de incentivo, motivação, conselhos, em suma uma dinâmica de coisas prazerosas, que tendem a provocar uma satisfação do corpo, apresentam sua base de apoio numa parte dos neurônios que respondem a esses estímulos, designados por afeto. Por outro lado, outros neurônios são representados por cargas de afetação, como seja a angústia, a tristeza e o desprazer, como representantes de estímulos exteriores incorporados na infância, proveniente da formação infantil. Afeto e afetação caminham lado a lado no mesmo corpo, cujo acesso se faz através dos sentidos via neural, neurônios, que apresentam a missão de promover descargas elétricas e químicas para o corpo, para que este possa responder adequadamente. Pelo que nos é dado a perceber perante a organização neural, embora exista uma comunicação entre eles, todos eles funcionam de forma autônoma, o que nos faz pensar, que

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a excitação provocada em alguns, podem não ser comunicados a outros que não representem as mesmas características. Desse modo, a motivação, os conselhos, os incentivos, atuam numa parte do sistema nervoso, e tudo aquilo que possa provocar desprazer numa outra parte do sistema, porque se assim não fosse o corpo não conseguiria distinguir a satisfação da insatisfação e sucumbiria perante a realidade exterior. Nas terapias breves, tal como no Marketing, assistimos á exaltação das forças motivadoras, conferindo-lhe um grau de importância muito superior relativamente a práticas que possam conduzir à insatisfação e desprazer, o que provoca no sujeito que padece, e em alguns terapeutas a sensação de que a terapia está a funcionar. Afirmam alguns terapeutas que essas alterações de comportamento são provocadas por transformação neurobiológica proveniente da terapia que estão a usar, dando ênfase a um regresso daquele que padece ao bem estar emocional, quando apenas parece tratar-se de uma ilusão, que pode ser frustrada alguns dias depois, devido a alterações circunstancias de sua vivência diária. O paciente acredita que o alívio de suas dores e sofrimento possa corresponder ao seu equilíbrio emocional, e o terapeuta tende a criar a ilusão que assim é, deixando para trás o estudo e investigação, dado estar satisfeito com os resultados obtidos, tende a bater-se pela aparente realidade de sua prática. Tal ilusão só é rompida com as consequências posteriores que nos vem dizer, que afinal, não passou de limpar a ferida, em vez de a curar, em que os exemplos abundam e podem ser enunciados, mas que teimamos em ignorar. Podemos falar em transformação neurobiológica, mas devemos perceber se ela foi produzida por alterações de grau das forças em precisa, ou se conseguiu transformar seu conteúdo dinâmico, sendo a associação dos dois fatores que podem obstar a um desencadeamento da agressividade excessiva. Ou seja, valorizando uma através de um método de indução, a outra tende a ganhar menor importância, mas seus conteúdos organizados permanecem exatamente iguais, ou pelo menos semelhantes, ao que sempre foram. Por exemplo, em medicina, quando o paciente em estado terminal apresenta repentinas melhoras, suspeita-se sempre que a morte vem no dia seguinte, ou daí a poucas horas, o que infelizmente é fato comprovado na maioria dos casos. Que a aparente tranquilidade do esquizofrênico após um surto, pode apresentar resultados inesperados, como a tentativa de suicídio, o que nos leva a supor da existência de forças interiores que ainda não conseguimos dominar. O agressor não é a tempo inteiro agressivo, apresentando uma doçura e tranquilidade em sua prática diária, que alterna com práticas violadoras e de uma agressividade extrema em determinadas circunstâncias. Numa separação, aquele que parecia normal, tantas vezes vira monstro e atenta contra a vida de seu grande amor, objeto de seu desejo. Insistir na motivação é não curar a ferida a deixando aberta, o que coloca o sujeito perante o perigo da frustração e suas consequências, que pode levar á destruição dos outros ou de si mesmo. João António Fernandes

Psicanalista Freudiano

ANALIZZARE – Centro de Pesquisa e Estudo em Psicologia e Psicanálise

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