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XIV Jornada de Estudos Antigos e Medievais – Maringá-PR, 18 a 20/11/2015 1
AS FUNÇÕES E IDEALIZAÇÕES DO CONCEITO DE SANTIDADE FEMININA NA OBRA “VIDA DA
SERENÍSSIMA PRINCESA DONA JOANA FILHA D’EL-REI DOM AFONSO O QUINTO DE PORTUGAL” (1585) DE
NICOLAU DIAS
Gabrieu de Queiros Souza1 Introdução
Devemos entender o século XVI como um período de grandes transformações para a
sociedade europeia. Grandes navegações, novas perspectivas para a religião cristã,
fortalecimento e centralização dos poderes régios, mercantilismo, entre outros fatores fazem
desse período um momento histórico que sempre suscita novos debates e reflexões. Devemos
frisar que essas transformações foram especialmente marcadas, no plano das religiosidades,
pelas reformas religiosas, pelo surgimento do protestantismo e pela reação de reafirmação das
bases do catolicismo pelo Concílio de Trento. Todavia, devemos voltar-nos no plano da
política e da economia para nosso foco de estudos, o Reino de Portugal, e destacarmos
também as mudanças que ocorreram ali. Para isso, ressaltamos a União Ibérica2 como um
forte marco para entendermos um pouco mais das transformações deste período,
especialmente em Portugal.
Rica em suas nuances e marcada por um forte catolicismo tipicamente ibérico,
encontramos na beata Princesa Dona Joana de Portugal3 um interessante exemplo a ser
estudado, um caso em particular que nos permite compreender um pouco não apenas a
religião, mas a religiosidade católica dos fins da Idade Média e inicio da época moderna.
Referencial teórico 1 Mestrando em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na linha de pesquisa Cultura e Poder, onde é orientado pela professora Drª Marcella Lopes Guimarães. Membro do NEMED (Núcleo de Estudos Mediterrânicos) e da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais). E-mail para contato: [email protected]
2 União das coroas de Portugal e Espanha sob a dinastia dos Habsburgos entre 1580 e 1640.
3 A Princesa é popularmente conhecida por Santa Joana de Portugal. Mas, ressaltamos que a mesma não foi canonizada para receber oficialmente o título de Santa.
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Nossa hipótese inicial de trabalho, o conceito de santidade feminina na obra “Vida da
Sereníssima Princesa Dona Joana Filha D’El-Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal” (1585),
do frei dominicano Nicolau Dias, fez com que buscássemos, no plano da teoria da história e
da historiografia, na História Conceitual de Reinhart Koselleck o aporte necessário para
embasar nosso trabalho. Diante deste esclarecimento teórico, devemos também frisar que a
análise do gênero textual hagiográfico faz parte de nossa pesquisa, afinal, a fonte utilizada é
uma hagiografia.
Objetivos
Justificamos nossos recortes historiográficos, por entendermos que a tarefa de
compreender o conceito de santidade feminina permite que tenhamos uma ampla visão sobre
as idealizações dos papéis que deveriam ser desempenhados pelas mulheres cristãs católicas
em Portugal no final do século XVI. Como já anunciamos no início deste texto, o século XVI
foi um momento de profundas mudanças para a sociedade europeia de forma geral. Essas
mudanças, quando analisadas no plano das religiosidades, se tornam mais acentuadas, afinal
as diversas reformas religiosas do período marcaram profundamente os entendimentos e os
papéis sociais dos indivíduos. Ao nos voltar para a conceituação de santidade feminina
buscamos entender como aquela sociedade compreendia as funções sociais da mulher cristã
católica. Enfim, o conceito de santidade feminina não está fora de sua realidade. O conceito
representa o que aquela sociedade datada historicamente entendia e buscava em determinado
aspecto de sua realidade.
Metodologia
A História Conceitual surgiu como uma superação da História das Ideias, ocorrida, em
parte, pelas grandes contribuições do historiador alemão Reinhart Koselleck (1923-2006). Os
estudos de Koselleck permitiram uma nova abordagem da antiga História das Ideias, agora
pautada no problema da consciência histórica. Dessa forma, "a virtude de Kosseleck (...) foi a
de atentar para a historicidade dos conceitos e do pensamento sócio-político, vinculando-os à
realidade social e à compreensão hermenêutica" (BENTIVOGLIO, 2010, p. 115).
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Os métodos historiográficos desenvolvidos pela História das Ideias partem de
procedimentos onde se busca compreender o processo de constante ressignificação que
determinados conceitos sofrem ao longo do tempo (BENTIVOGLIO, 2010). Devemos atentar
na diferença entre palavra e conceito, nem toda palavra é por si só um conceito, como o
próprio Koselleck aponta palavras como “oh!” e “ah!” não são conceitos (KOSELLECK,
1992, p. 135). Neste sentido, o historiador alemão ainda afirma que:
De forma evidentemente simplificada, podemos admitir que cada palavra
remete-nos a um sentido, que por sua vez indica um conteúdo. No entanto,
nem todos os sentidos atribuídos às palavras eu consideraria relevantes do
ponto de vista da escrita de uma história dos conceitos. (KOSELLECK,
1992, p. 135).
Como afirmado por Koselleck, nem toda palavra é um conceito histórico que pode ser
estudado, mas também nem toda palavra é relevante a ponto de ser analisada nas fontes. Essa
distinção se faz necessária e a partir dela podemos entender as propostas da História dos
Conceitos.
Os conceitos devem ser entendidos como integrantes de uma realidade social, sendo
assim, existe um estreito vínculo entre o conceito e o seu tempo e espaço históricos. A partir
deste vínculo podemos compreender historicamente os significados que aquele conceito teve
em determinada sociedade (BENTIVOGLIO, 2010). Todo conceito é, assim, integrante de um
emaranhado de “textos e contextos” (KOSELLECK, 1992, p. 137). Dessa forma, ao
buscarmos compreender o significado social (o texto e o contexto apontados por Koselleck)
do conceito de santidade feminina para a sociedade lusitana da segunda metade do século
XVI, estamos tentando apreender não apenas os significados deste conceito, mas toda a
complexa representação daquela “ideia” para aquela sociedade, mas também devemos frisar
que a idealização desta “ideia” se faz presente em nosso objeto de pesquisa. Mais adiante
explicaremos esta colocação.
Ainda sobre a significação dos conceitos para determinada realidade, a partir de
Koselleck, Bentivoglio aponta que:
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Fica evidente que para o historiador alemão História Conceitual e Teoria da
História caminham juntas, fazem parte do esforço hermenêutico dos sujeitos
históricos de darem sentido à sua própria existência. Para se apoderarem da
realidade, os homens necessitam dos conceitos e, por meio das experiências
vividas e transformações sofridas, empreendem ações que se projetam no
tempo e no espaço determinantes para sua autocompreensão.
(BENTIVOGLIO, 20010, p. 118)
Neste sentido, novamente justificamos nosso trabalho. Acompanhar, por meio da
análise das fontes, como determinado conceito era entendido por uma realidade social distinta
permite que acompanhemos essas “experiências vividas e transformações sofridas” apontadas
por Bentivoglio.
Também, deve-se atentar que os conceitos não são estanques no tempo, eles sofrem
constantes alterações, é afinal esta característica que permite uma História dos Conceitos.
Essas constantes alterações do significado dos conceitos deve ser analisada por meio da
crítica das fontes de cada período. Neste sentido, diversas são as fontes que apontam para este
caminho, dicionários, periódicos e enciclopédias são fontes mais óbvias a serem consultadas,
mas diversas outras tipologias de fonte podem, e devem, ser utilizadas. No nosso caso,
buscamos o conceito de santidade feminina no período em questão justamente por
acreditarmos que esta ideia se diferencia da de outros períodos históricos. A nossa posterior
análise contextual explicará nossas afirmações.
Ainda pensando na utilização das fontes, Kosseleck aponta que para além desta
metodologia comparativa, a análise do conjunto da linguagem também pode ser utilizada
(1992, p. 137). Todavia, não podemos perder a noção de que todo conceito se situa para além
da língua (idem, 1992, p. 136). Dessa forma, as análises não podem ser simplificadoras,
podendo, desta forma, perder o significado do conceito para a realidade em questão.
Agora, voltando-nos para nosso objeto de análise, devemos apresentar nossa fonte e o
seu gênero textual, desta forma, entenderemos melhor as suas implicações para a nossa
análise conceitual.
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Desenvolvimento
1. “Vida da Sereníssima Princesa Dona Joana...”: algumas considerações sobre o gênero
hagiográfico
Nossa análise conceitual partirá da análise da fonte “Vida da Sereníssima Princesa
Dona Joana Filha D’El-Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal”, publicada pela primeira vez
em 1585 pelo frei dominicano Nicolau Dias. Essa obra surgiu da reestruturação de outro
texto, o “Memorial da Princesa Santa Joana”, possivelmente escrita pela monja dominicana
Margarida Pinheiro4. Dias organizou os manuscritos do Memorial da Princesa Santa Joana em
capítulos, além de ter feito algumas mudanças na obra original. A obra publica por Dias
conheceu relativa popularidade, tendo ganhado novas edições em 1594 e 16745.
A obra em questão, conta toda a vida da Princesa Dona Joana, desde sua gestação até
sua morte. Todavia, a obra não para por aí, ela continua descrevendo alguns milagres que a
Princesa teria realizado no pós-vida. Entretanto, na obra, não é apenas depois da morte que
são relatados milagres ocorrendo em torno de Joana, mesmo em vida temos um caso digno de
significado místico. Diante destes apontamentos, afirmamos que a obra é parte do gênero
hagiográfico.
Hagiografias são textos que relatam a vida de santos, atentando, principalmente, para
seu caráter de vida exemplar e seus prodígios realizados por intermédio da ação divina.
Segundo Renata Cristina de Sousa Nascimento (2013), as hagiografias agem como "fonte de
ensinamentos, de edificação e modelo a ser venerado e imitado pelos cristãos." (p. 139). Desta
forma, as hagiografias dialogam com a realidade, trazendo modelos de conduta moral e
espiritual a serem repetidos pelos fiéis (NASCIMENTO, 2013, 139). A hagiografia nos
lembra do gênero biográfico, neste sentido, Nascimento aponta que:
A hagiografia tem suas origens nos elogios fúnebres, sofrendo também forte
influência das tradições clássicas (panegíricos, biografias e do modelo 4 Segundo João Gaspar existem dúvidas quanto a autoria do “Memorial”, pois ele poderia ter sido escrito por Margarida Pinheiro, Catarina Pinheiro ou por outra religiosa do Mosteiro de Jesus de Aveiro, local onde a obra original foi escrita e guardada. Todavia, segundo Mayra Garcia (2003) podemos atribuir à escrita da obra a Margarida Pinheiro por esta ser a primeira escritora de maior vulto do Mosteiro.
5 Estamos utilizando apenas a versão de 1585 para a presente análise.
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retórico antigo), mas deve ser vista também como imitação de Cristo, de
como o homem pode aproximar-se do modelo ideal, ou seja, viver e sofrer
como Jesus. Os santos são vistos como seres excepcionais que conseguem
atingir as virtudes cristãs de forma heroica. (idem, p. 140).
Todavia, como afirmado por Néri de Barros Almeida (2014), a hagiografia se afasta da
biografia não apenas por relatar milagres, mas também porque ela "(..) não aponta para um
âmbito terreno específico, mas para a salvação ultraterrana do homem" (p. 97). Neste sentido,
a hagiografia apresenta a vida do santo mostrando também o lado humano do indivíduo, mas
não o desvinculando como partícipe dos planos divinos. Essa ação divina é apresentada por
meio de milagres, mas também pelo comportamento de vida do santo. Como apontado acima
por Nascimento (2013), a imitação da vida de Cristo, realizada pelo santo, é por sua vez uma
imitação a ser realizada pelo fiel que tem contato com a hagiografia. Ainda nesta percepção,
Almeida (2014), afirma que:
As narrativas hagiográficas (vidas, milagres, martírio dos santos, etc) são
escritas para durar. A memória sobre um santo deve encerrar a verdade dos
fatos de sua vida terrena, bem como o testemunho da eficácia de sua
intervenção sobrenatural. A tradição narrativa pertinente à memória de um
santo pode renascer muitas vezes, mas sempre lançando mão daquilo que já
foi feito. Não é próprio dos exercícios memorialísticos medievais, quer se
trate da hagiografia ou da história, realizar uma crítica radical das
autoridades do passado ou estabelecer uma relação polêmica aberta com as
fontes. Mas isso não significa que hagiografia e história na Idade Média
sejam textos imunes a mudanças. Sem questionar as autoridades, pode haver
uma verdadeira atualização de sentidos por meio de uma genuína
intervenção de ordem autoral. (idem, 96-97).
Aqui Almeida toca em um importante ponto que queremos frisar, a atualização da
hagiografia conforme vontade autoral. Por mais que o gênero hagiográfico traga em si
diversas características, ele não é imune à ação de seu autor e deu próprio tempo histórico.
Desta forma, cada hagiografia carrega determinadas nuances típicas de sua realidade. Maria
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de Lurdes Rosa (2000) também segue por este caminho, a autora afirma que: "Uma sua
análise histórico-antropológica tem, assim, de partir de uma realidade fundamental: a função
do santo enquanto elemento central da identificação das comunidades cristãs, reinterpretado
consoante os diferentes contextos epocais”. (p. 326). A autora entende que não apenas a
hagiografia terá uma escrita típica do seu tempo e espaço históricos, mas também a sua
interpretação será diferenciada conforme cada comunidade cristã tenha contato com o texto. É
importante debatermos este ponto justamente para não parecer que o texto hagiográfico é
simples, datado e enquadrado em moldes. Por mais que o gênero textual coloque alguns
pontos gerais em toda hagiografia, cada obra tem sua própria estrutura e originalidade. Neste
sentido, ressaltamos as particularidades de nossa fonte “Vida da Sereníssima Princesa Dona
Joana Filha D’El-Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal”.
O pensamento religioso presente na obra de Nicolau Dias insere-se no contexto das
mudanças políticas, econômicas, sociais, e, sobretudo no pensamento e nas práticas religiosas.
O século XVI se caracterizou como o momento em que as transformações estruturais da
sociedade dos séculos XIV e XV irão se desenvolver para se consolidarem no século XVII.
Um momento em que o medieval – universalismo, objetivismo e clericalismo – vão, pouco a
pouco, cedendo lugar para o moderno - nacionalismo, subjetivismo e laicismo. O homem
deste período se vê em um contexto novo e busca novas formas de entender a sua realidade, a
partir disso podemos entender a importância dos movimentos e das tentativas de reformas
religiosas (GARCIA-VILLOSLADA, 2010). Este contexto histórico particular traz as
particularidades da “Vida da Sereníssima Princesa Dona Joana...”, obra fruto de seu contexto
esta hagiografia representa o conceito de santidade feminina idealizado do período em
questão, um momento em que eram necessárias novas delimitações da identidade cristã
católica. Assim, a obra contribui para a demarcação desta identidade, sobretudo uma
identidade com foco nas mulheres.
Já reafirmamos a particularidade da fonte dentro do gênero hagiográfico, sendo assim,
devemos também apresentar as características do “santo” na Idade Média para que
compreendamos melhor o papel desempenhado por Santa Joana no texto. Vauchez (1989)
entende que:
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As vidas de santos e as colectâneas de milagres visam adaptar os servidores
de Deus a modelos que correspondem as categorias reconhecidas da
perfeição cristã – mártires, virgens, confessores, etc. – e, para além disso, à
figura de Cristo. Cada santo ou santa dignos desse nome procurou em vida,
se não identificar-se com a pessoa do filho de Deus, pelo menos, aproximar-
se ao máximo dessa norma absoluta. (...) Partindo das narrações cujo
objectivo preciso é eliminar as particularidades dos indivíduos e transformar
a sua vida em fragmentos de eternidade, é difícil imaginar o que pode ter
sido a existência concreta dessas personagens, que se reduz, muitas vezes, a
uma série de estereótipos. A hagiografia e, depois, uma certa historiografia
revelaram uma tendência para apresentar os santos não só como seres de
excepção, mas também, e sobretudo, como figuras repetitivas, em cuja vida
o único elemento susceptível de mudança era o quadro espácio-temporal em
que se inseriam e mesmo esse esborçado de uma forma esquemática, como
uma espécie de cenário adequado à valorização da perfeição do herói ou da
heroína (VAUCHEZ, 1989, p. 211).
Debater os santos na Idade Média é buscar as particularidades do individuo em meio
aos modelos repetitivos da hagiografia. Por mais que Vauchez pareça pouco inclinado a
reconhecer que as particularidades dos santos e santas estão além do seu contexto histórico,
acreditamos que tal ponto deve ser analisado e afirmado, afinal, cada contexto histórico traz
suas próprias particularidades, não pode-se generalizar o gênero hagiográfico da mesma
forma que não pode-se generalizar todos os contextos de escrita das diferentes hagiografias, e
isso nós já afirmamos acima com base em Almeida (2014) e Rosa (2000). Também, segundo
Lucas (1984), a hagiografia “(...) tem características particulares que a diferenciam da crónica
ou da épica, principalmente pela estrutura da narrativa, que depende fundamentalmente do seu
sujeito: o santo” (LUCAS, 1984, p. 129). O santo, ponto central da hagiografia, confere
características únicas a essa tipologia de fonte e a cada narrativa. Por mais que determinadas
generalizações sejam pertinentes ao estudo dos santos e santas da Idade Média e períodos
posteriores, não devemos nos esquecer que cada biografia contida naquela hagiografia tem
seus traços próprios que a tornam única. A função de cada hagiografia também deve ser
frisada, nem toda hagiografia tem o mesmo objetivo no plano institucional, mesmo que no
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plano espiritual todas sejam para edificação da espiritualidade do fiel, cada uma tem seus
próprios objetivos quando se busca analisar a sua função no plano da instituição da Igreja
Católica. Agora, com as ressalvas sobre o gênero hagiográfico já feitas, partiremos para a
análise do conceito de santidade feminina na obra e a sua função social, todavia, antes
faremos uma pequena biografia da Princesa Dona Joana a partir dos apontamentos de alguns
historiadores e de algumas fontes primárias.
2. Vida e morte da Princesa Dona Joana
Nascida em Lisboa no dia 06 de fevereiro de 1452, filha do Rei D. Afonso V com a
Rainha D. Isabel, a princesa recebeu o nome de Joana em homenagem ao Apóstolo São João,
de quem D. Isabel era devota. Dona Joana assim que nasceu foi batizada e recebeu o título de
Princesa Jurada, título que ostentaria até a sua morte em 1490. Em 1455 nasce seu irmão, o
futuro rei D. João II, sendo que sua mãe falece pouco tempo depois. Com a morte da rainha,
Joana e o irmão foram entregues aos cuidados da tia materna, a Infanta D. Filipa de Coimbra
(1437-1493), que, com o auxílio da nobre D. Brites de Meneses, criou os príncipes.
Segundo um de seus maiores hagiógrafos, frei Nicolau Dias (1987, p. 34-35) a
princesa, ainda criança, mostrava sinais de grande inteligência e fé uma vez que por volta dos
nove anos de idade já se dedicava a aprender a ler e a estudar gramática, além de ater-se aos
textos sagrados. Aos doze anos gostava de ler e falar da vida de Jesus, de seus apóstolos e das
virgens mártires que morreram pela fé, o que demonstra que na corte afonsina o estudo e a
prática religiosa eram extremamente importantes de serem cultivados, além de serem
fundamentais nos processos que envolviam a criação e a educação de uma princesa. Essas
características apontadas por Dias têm por objetivo não apenas descrever possíveis traços da
personalidade da Princesa, mas também como idealizá-la, sendo assim, uma forma de
ressaltar a santidade de Joana mesmo em vida. Confirmando este ambiente intelectual
apontado acima, Mayra Garcia, em sua dissertação de mestrado, afirma que:
Autores como Aristóteles, Sêneca e São Tomás de Aquino eram lidos por
esses monarcas. D. Afonso V mandou vir da Itália o humanista Justo
Balduíno e foi ele também quem instalou uma divisão especial no palácio
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para aí se fazer uma vasta biblioteca. Sua mãe, a rainha D. Isabel, mandou
traduzir do francês a obra de Christine de Pizan, chamada O espelho de
Cristina ou A cidade das damas, conforme figura no incipit do manuscrito da
Biblioteca Nacional de Madri. (...) Evidencio também que mestres
estrangeiros, principalmente italianos, foram contratados por D. Afonso V
para constituir o ambiente intelectual da corte. (...) Outros homens cultos
devem ter se instalado na corte de Avis no decorrer do tempo, já que, como
foi dito, essa dinastia se preocupava com a educação e o refinamento de seus
membros. A corte não deixava de ser mecenas da Universidade, como
também era acolhedora dos mais bem preparados intelectualmente, frades
das ordens mendicantes (dominicanos e franciscanos) que atuavam como
mestres e confessores dos nobres. (idem, 2003, p. 26-27).
Esse ambiente seria peça importante para formação cultural de Dona Joana, que
mesmo no Mosteiro de Jesus de Aveiro cultivava e incentivava certa formação intelectual, por
exemplo, comprando livros para o Mosteiro6. Mas, voltando-nos para a vida na corte
lisbonense, Joana, como Princesa Jurada, tinha determinados papéis políticos e sociais a
cumprir na corte. Por exemplo, nos frequentes banquetes da corte, seguidos geralmente por
danças, músicas e jogos, D. Joana deveria representar seu papel de Princesa dançando com os
seus parentes. Todavia, Dias aponta que Joana representava esse papel político por obrigação,
afinal sua verdadeira razão de ser estava na sua profunda vivência religiosa. Essa fervorosa
devoção religiosa em oposição a uma vida mundana é ressaltada por Nicolau Dias que afirma
que nas ocasiões em que necessitava representar seu papel enquanto Princesa Jurada Joana
assim o fazia, todavia, por debaixo das suntuosas roupas de uma princesa havia panos ásperos
e silícios. Desta forma, mesmo apresentando exteriormente uma imagem suntuosa a Princesa
poderia sentir em sua pele as dores que a lembravam das dores da Paixão de Cristo (1987, p.
45).
6 No documento “Memorial da Princesa Santa Joana”, atribuído à monja Margarida Pinheiro, é dito que: “Trabalhou esta virtuosa Senhora por aver e mãdar cõprar mujtos lyuros e sermonayros de sỹgular doctryna assy de latym que a dita Senhora bem sabia e entendia . Como de lỹguagẽ . Mas os demais eram de latỹ . porque delle gostaua mais .E assy cõ este muỹ grãde gosto e ducura spiritual . se occupaua e passaua ho mais dos tẽpos que depois de suas Custumadas oracões lhe vagaua ẽ ouuir leer . E praticãdo e departyndo cõ as Jrmãas. (PINHEIRO, s.d., s.p.)”.
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Segundo seus hagiógrafos e biógrafos, por volta dos 20 anos D. Joana opta por viver
mais intensamente sua religiosidade, para isso a Infanta decide ingressar em um mosteiro. Em
um primeiro momento a Infanta foge para o Mosteiro de Odivelas:
Sahio do paço muito secretamete hua noite, acompanhada de poucas pessoas
e assinadas como conuinha a sua guarda e honestidade, sem mais pompa
nem gente, e foy ao mosteiro de Vdiuelas, onde a Abbadesa, e Freiras a
receberam muito bem, maravilhadose muito de sua vinda tam súbita, e a taes
horas (DIAS, 1987, p. 95-96)
A fuga da Princesa causou grande comoção em todo o Reino (PINHEIRO). Ainda
segundo Dias: “Nos paços em que sempre auia muita gente, e muita alegria, entam tudo eram
suspiros, e choros, e em toda a cidade auia muita tristeza” (1987, p. 96). Tendo ocorrido ou
não os “suspiros e choros” lusitanos diante da decisão de Dona Joana de entregar-se a vida
religiosa, nossas fontes estão expressando que a escolha pelo claustro era contrária ao papel
político e social que seria esperado de uma Princesa Jurada. Dessa forma, devemos ressaltar
que tal decisão foi de encontro aos interesses políticos do rei seu pai e de seu irmão, afinal
uma princesa representava uma possível aliança com outra casa dinástica europeia.
Apesar da vontade contrária de seu pai e da população Dona Joana consegue
permissão para ingressar na vida religiosa e decide fazer da vila de Aveiro o local ideal para
seguir sua religiosidade. A mudança do Mosteiro de Odivelas para o de Jesus de Aveiro se
deu, segundo Garcia (2003, p. 131), pela proximidade de Odivelas com Lisboa. Aveiro sendo
mais distante permitia a Dona Joana vivenciar mais tranquilamente sua religiosidade. Neste
sentido, as fontes documentais utilizados em nossa pesquisa apontam que Joana teria se
decidido por Aveiro principalmente por ser “(...) louuado de todos, por suas virtudes, religião,
e obseruancia” (DIAS, 1987, p. 100). Todavia, a princesa sofreu diversas críticas pela escolha
do Mosteiro de Jesus de Aveiro7, afinal este era muito distante de Lisboa, a vila de Aveiro
7 Segundo Mayra R. Garcia (2003), o Mosteiro de Jesus de Aveiro foi fundado por iniciativa de D. Britis Leitoa e de D. Mícia Pereira (GARCIA, 2003, p. 100). O Mosteiro, tendo recebido licença no dia 16 de maio de 1471 estava ligado aos dominicanos do Convento de N. Senhora da Misericórdia (fundando por D. Pedro em 1423). Sendo um mosteiro dominicano, o Mosteiro de Jesus de Aveiro seguia a Regra de Santo Agostinho. Essa era baseada na partilha dos bens materiais, na oração e no trabalho manual (GARCIA, 2003).
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muito pobre e o mosteiro deveras humilde para uma princesa jurada. Contudo, novamente, D.
Joana demonstra a força da sua vontade e se muda para Aveiro em 1472.
Segundo Maria de Lurdes Rosa (2000) no final do século XIV e durante o século XV
as sociedades medievais passaram por debates sobre a vivência religiosa, o papel dos leigos
na Igreja8 e a necessidade de reformas. Ainda segundo Rosa, no século XV, antes das guerras
de religião do século XVI, houve diversas experimentações em busca de uma religiosidade
que correspondesse aos anseios quatrocentistas. Novas formas de religião e religiosidade eram
buscadas, o novo era ansiosamente aguardado. A partir dessas afirmações podemos entender
melhor o contexto em que D. Joana viveu e buscou a sua própria vivência religiosa.
Ainda segundo Rosa, nesse período devem-se destacar também, os profundos laços
entre as cortes régias e a escolha de um cristianismo de uma espiritualidade mais profunda. D.
Joana faria parte dessa relação, afinal era Princesa Jurada que optou por uma reclusão
monástica. Essa busca por um cristianismo exacerbado, nas palavras de Rosa, foi
característica de diversos membros da nobreza que buscavam uma reforma espiritual (ROSA,
2000, p. 492). Todavia, esse radicalismo encontrou diversas dificuldades e obstáculos nas
famílias desses indivíduos. D. Joana, por exemplo, encontrou forte oposição por parte da
nobreza e de sua família a sua escolha pelo claustro, essa oposição se fortalece com a escolha
pelo Mosteiro de Jesus de Aveiro.
Segundo Garcia (2003), o Mosteiro de Jesus de Aveiro era um exemplo de pobreza e
austeridade. Sendo que, as monjas seguiam uma rigorosa rotina marcada pela constante
frequência na Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, onde ouviam missas pela conversação
espiritual, meditavam, preparavam refeições, e demais atividades prescritas nas horas
canônicas (GARCIA, 2003, p 116-117). Apesar de participar da vida religiosa em Aveiro,
Dona Joana não se torna plenamente uma monja dominicana. Por decisão do clero, de seu pai
e de seu irmão a princesa não realizou a profissão de votos necessária para tornar-se
plenamente uma monja (DIAS, 1987, p. 129-130). Tal fato deveu-se a preocupação dinástica
com a sucessão da Casa de Avis caso ocorresse algo com o Infante João.
Como já afirmamos mesmo no claustro D. Joana ainda exercia certo poder e
importância política. Podemos atestar essa afirmação pelo fato de que ela passou a criar o 8 "A afirmação dos leigos como entidade fundamental da Igreja tornara centrais temas como o peso da estrutura sobre a crença, a necessidade e as formas de mediação com o divino, o relacionamento da Igreja com a política." (ROSA, 2000, p. 492).
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filho bastardo9 do seu irmão D. João II, proclamado rei em 1481. Exercendo, dessa forma,
importância política enquanto membro da Casa de Avis, Dona Joana criaria o sobrinho de três
meses de idade até 1490, ano em que a Princesa faleceu no Mosteiro onde residira nas últimas
duas décadas de sua vida. Em 04 de abril de 1693 Joana foi beatificada por Inocêncio XII
(1615-1700, papa desde 1691). Apesar de ter sido beatificada apenas nos finais do século
XVII, os relatos de cunho hagiográfico sobre Joana datam de poucas décadas após a sua
morte.
3. A santidade de Joana e o seu significado social
A principal hagiografia que usamos para fundamentar nosso trabalho traz em seu
conteúdo diversos sinais do místico que comprovariam a santidade da Princesa Dona Jaoana.
Entre estes sinais destacamos alguns apresentados por Nicolau Dias. No mês de março de
1472, ano em que a Princesa Joana entra para o Mosteiro de Jesus de Aveiro, aparece nos
céus um cometa, como um sinal de Deus que, segundo o hagiógrafo, aprova a entrada da
princesa no convento (DIAS, 1987, p. 102). Em 1489 D. Joana adoece gravemente, mesmo
período em que, segundo o hagiógrafo Nicolau Dias, algumas monjas do Mosteiro passam a
ter visões sobre a morte da Princesa, o que ocorreu no dia 12 de maio de 1490 (idem, p. 159)
Após a morte dela surgiram outros sinais que revelaram a natureza mística da princesa,
como a morte das plantas do seu pomar:
Aconteceo entam hua cousa marvilhosa e miraculosa, da qual ficaram muito
espantados todos os que a viram, e deram muitos louvores a nosso Senhor, e
foy a seguinte. Este Pumar por onde levaram o corpo desta santa Princesa,
eera seo onde se ella vinha desenfadas, e ali mandava chamar as Madres e as
irmãs ara se recreare, e tinha ella muito conta com que o regassem, e que
ouvesse nelle boas arvores e boas ervs, e ella mesma por sua mão punha
alguas, e naquelle tempo (que era doze de Mayo) estava muito fermoso, com
muitas flores de diversas cores. Como passou por ali o ataude em que o santo
corpo hua á villa de todos secaram todas as avores, e todas as ervas, e lhe
9 D. Jorge (1481-1550), filho bastardo de D. João II com Ana Mendonça (GARCIA, 2003, p. 142-143).
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cairam todas as folhas, especialmente aquellas por debaixo das quaes o
ataude passou (...). No que pareceo mostrare estas arvores sentimeto ao seu
modo, e tomarem dó pola morte desta santa Princesa. (idem, p. 198-199).
Nesta interessante citação percebemos que Nicolau Dias chama a Princesa de “santa”,
um claro sinal de que a obra “vende a ideia” de que Joana não era uma mulher comum. Além
destes já citados, outros sinais comprovariam a santidade da Princesa, como aparições de seu
“espírito” as antigas companheiras religiosas (idem, p. 104-108) e supostos milagres
efetuados por sua intercessão (idem, p. 109-110).
Esses episódios da hagiografia constroem a santidade da Princesa Dona Joana, mas
também formulam um conceito de santidade feminina que, idealizado, deve ser seguido por
todas as mulheres cristãs católicas, especialmente as que optam pela vida religiosa. Isso fica
claro ao longo de toda a obra, ao destacar a santidade de Joana, Nicolau Dias desenvolve
como é vista a santidade feminina do período, no que ela se destaca naquela sociedade
tumultuada das reformas religiosas. Desta forma, cria-se uma identidade da mulher santa
cristã católica ante o diferente: a herege protestante, a judia ou a moura.
Essa função do conceito de santidade feminina fica bem clara nas próprias licenças do
Santo Ofício para publicação da obra, um exemplo na primeira licença, dada pelo arcebispo e
inquisidor geral do Reino de Portugal frei Bartolomeu Ferreyra: “(...) a vida, e historia da
Princesa dona Joana, e não achei nella cousa contra a Fee e bõs costumes, antes edificará
muito a sua lição, principalmente pera desprezo do mundo, e consolação das pessoas
Religiosas” (FERREYRA, IN: DIAS, 1987, p. 18). A epístola dedicatória da obra, feita por
frei Hieronymo Correa à Dona Anna de Alencastro, também aponta claramente neste sentido.
O frei Correa declara que a obra de Nicolau Dias teria um grande proveito espiritual para as
religiosas que a lessem (CORREA, IN: DIAS, 1987, p. 20), além de que o exemplo de vida da
Princesa Joana é um grande exemplo a ser seguido (idem, p. 21-22).
Conclusões
Como apontado por Koselleck (1992, p. 136) um conceito se relaciona ao que se
buscar compreender no seu contexto histórico. Ao termos focado nossa análise no conceito de
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santidade feminina não tentamos apenas compreender o significado deste conceito para aquela
realidade social, mas também buscamos analisar como a idealização desta ideia foi realizada.
Esta idealização é um claro indicativo de tempos onde se buscava construir uma
identidade, mesmo que idealizada, que distinguisse e servisse como modelo de conduta para
as mulheres cristãs católicas. Vivemos em um mundo onde claramente se buscam novas
identidades sociais, políticas e culturais no seio de cada sociedade, mas não apenas isso, se
constroem idealizações destas identidades. Desta forma, percebemos que uma temática como
a conceituação de santidade feminina, apesar de voltada para discussões hagiográficas,
permite que reflitamos também um pouco de nossos próprios tempos históricos, e essa deveria
ser a função de toda história.
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