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1 AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E O TURISMO COMO SUPORTE PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS DE CIPÓ E TUCANO - BAHIA Edivasco dos Reis Carneiro 1 Moema Maria Badaró Cartibani Midlej 2 RESUMO A região do Semiárido baiano, incluindo os municípios de Cipó e Tucano, apresenta uma gama de recursos naturais e culturais que possibilitam o desenvolvimento da atividade turística. No intuito de investigar as principais manifestações culturais existentes e como estas estão sendo aproveitadas para o desenvolvimento turístico nesses municípios, utilizou-se a abordagem qualitativa de investigação a partir de dados coletados em fontes primárias e secundárias. Os sujeitos dos três universos (moradores locais; gestores públicos; líderes das manifestações culturais existentes) da pesquisa foram escolhidos por amostragem não- probabilística intencional. Os resultados obtidos revelaram que os municípios pesquisados possuem diversas manifestações culturais que podem ser transformadas em atrativos turísticos, podendo, assim, promover um maior desenvolvimento não somente turístico, mas também, econômico, sociocultural e ambiental. Palavras-chave: Manifestações culturais. Turismo Cultural. Turismo Sertanejo. Desenvolvimento regional. Semiárido baiano. 1 INTRODUÇÃO O crescimento do turismo cultural em vários destinos turísticos do mundo e a gama de recursos culturais existentes na região pesquisada possibilitam a implementação e o fomento da atividade em municípios como Cipó e Tucano, localizados a 241 km e 256 km, respectivamente, de Salvador (SEI, 2009) que, além de abrir uma nova perspectiva para o desenvolvimento turístico na região, poderão contribuir para maior divulgação e o fortalecimento da cultura local. A partir dessas premissas e do conhecimento sobre as características econômicas, ambientais e socioculturais desses municípios, surgiu a inquietação de se pesquisar como a atividade turística, a partir das manifestações culturais dos municípios de Cipó e Tucano, poderia dar suporte ao desenvolvimento econômico, social e ambiental destes municípios. Nessa perspectiva, buscou-se entender como acontece o turismo local, como as 1 Universidade Federal de Pernambuco, Doutorando em Geografia, e-mail: [email protected] 2 Universidade Estadual de Santa Cruz, Doutora em Educação, e-mail: [email protected]

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AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E O TURISMO COMO SUPORTE PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS DE CIPÓ E TUCANO - BAHIA

Edivasco dos Reis Carneiro1 Moema Maria Badaró Cartibani Midlej2

RESUMO A região do Semiárido baiano, incluindo os municípios de Cipó e Tucano, apresenta uma gama de recursos naturais e culturais que possibilitam o desenvolvimento da atividade turística. No intuito de investigar as principais manifestações culturais existentes e como estas estão sendo aproveitadas para o desenvolvimento turístico nesses municípios, utilizou-se a abordagem qualitativa de investigação a partir de dados coletados em fontes primárias e secundárias. Os sujeitos dos três universos (moradores locais; gestores públicos; líderes das manifestações culturais existentes) da pesquisa foram escolhidos por amostragem não- probabilística intencional. Os resultados obtidos revelaram que os municípios pesquisados possuem diversas manifestações culturais que podem ser transformadas em atrativos turísticos, podendo, assim, promover um maior desenvolvimento não somente turístico, mas também, econômico, sociocultural e ambiental. Palavras-chave: Manifestações culturais. Turismo Cultural. Turismo Sertanejo. Desenvolvimento regional. Semiárido baiano. 1 INTRODUÇÃO

O crescimento do turismo cultural em vários destinos turísticos do mundo e a gama de

recursos culturais existentes na região pesquisada possibilitam a implementação e o fomento

da atividade em municípios como Cipó e Tucano, localizados a 241 km e 256 km,

respectivamente, de Salvador (SEI, 2009) que, além de abrir uma nova perspectiva para o

desenvolvimento turístico na região, poderão contribuir para maior divulgação e o

fortalecimento da cultura local.

A partir dessas premissas e do conhecimento sobre as características econômicas,

ambientais e socioculturais desses municípios, surgiu a inquietação de se pesquisar como a

atividade turística, a partir das manifestações culturais dos municípios de Cipó e Tucano,

poderia dar suporte ao desenvolvimento econômico, social e ambiental destes municípios.

Nessa perspectiva, buscou-se entender como acontece o turismo local, como as

1 Universidade Federal de Pernambuco, Doutorando em Geografia, e-mail: [email protected] 2 Universidade Estadual de Santa Cruz, Doutora em Educação, e-mail: [email protected]

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manifestações culturais poderiam contribuir para o desenvolvimento turístico hidromineral já

existente nesses municípios, que tipo de desenvolvimento é condizente com a realidade local,

como resgatar e/ou fortalecer as manifestações culturais locais a partir da atividade turística,

de que forma os moradores locais, os gestores públicos e os líderes das manifestações

culturais locais poderiam contribuir para o desenvolvimento da atividade turística, e de que

maneira as manifestações culturais locais poderiam ser inseridas e, ou potencializadas no

contexto turístico local.

A cultura, em si, é diversidade e isso pode atrair e mover pessoas para outros lugares.

Desta forma, a cultura, na contemporaneidade, pode ser considerada como um importante

vetor de fomento da atividade turística (CARNEIRO; MIDLEJ; PEREIRA, 2009), mesmo

porque os elementos culturais de determinada cultura traduzem as vivências, os costumes e as

tradições de seu povo e podem ser transmitidos aos visitantes de maneiras diversificadas e

bastante instigantes, como, por exemplo, a literatura de cordel, que é uma manifestação

comum em várias regiões do Nordeste brasileiro.

O Semiárido nordestino, especificamente a região econômica Nordeste da Bahia (SEI,

2002), apresenta uma grande variedade de recursos naturais e culturais que possibilitam o

desenvolvimento da atividade turística. Dentre estes, pode-se destacar os recursos

hidrominerais e as manifestações culturais (festas, celebrações e eventos; artesanatos; feiras e

mercados populares; músicas e poesias; e a gastronomia regional) existentes nos municípios

de Cipó e Tucano, os quais fazem parte da região em estudo.

Pelo fato de já existir um relativo fluxo turístico por conta do segmento hidromineral

nestes municípios, que não acontece de forma planejada e integrada, este trabalho procurou

enfocar outras modalidades de turismo que fossem condizentes com a realidade local e que

pudessem trazer um desenvolvimento regional balizado nos ideais do turismo sertanejo não

apenas como um segmento turístico, mas também como um modo de se fazer turismo.

Esta é uma tentativa de subsidiar o desenvolvimento de um novo tipo de turismo na

região, que corrobora com os princípios do turismo sertanejo exposto por Seabra (2007), que

é definido como “[...] uma atividade de lazer interativa com a paisagem interiorana, onde

estão presentes o quadro natural, a cultura local e a participação integrada da comunidade

residente” (p. 284).

Entendendo o turismo sertanejo não apenas como um segmento, mas como um modo

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de se fazer turismo, é válido acrescentar que o mesmo se aproxima do Turismo de Base

Comunitária, que tem como foco principal o bem-estar e a geração de benefícios para a

comunidade receptora, em que essas comunidades assumem o comando do desenvolvimento

turístico em seus territórios e, mais ainda, busca favorecer a coesão e os laços sociais,

promovendo a qualidade de vida e a valorização da cultura local (BURSTYN et al., 2009;

CRUZ, 2009; IRVING, 2009).

A região do Semiárido baiano, especificamente a região econômica Nordeste da

Bahia, é caracterizada, principalmente, pelas atividades da pecuária e agricultura, baseadas na

subsistência como fonte de renda. E estas, por sua vez, são dependentes, ainda, das áreas mais

dinâmicas da economia baiana e nacional.

Diante destas considerações, o objetivo da pesquisa foi investigar as principais

manifestações culturais (festas, celebrações e eventos; artesanato local; feiras e mercados

populares; músicas e poesias de artistas locais; e a gastronomia regional) existentes,

verificando como essas estão sendo aproveitadas nos municípios de Cipó e Tucano - Bahia

para o desenvolvimento turístico.

Para tanto, adotou-se uma abordagem qualitativa de investigação a partir dos métodos

descritivo e interpretativo (DENCKER, 1998). Foram utilizados dados coletados através de

fontes primárias e secundárias, entrevistas semi-estruturadas não dirigidas (MARCONI;

LAKATOS, 2004) e a população da pesquisa de campo foi composta por três universos: o

primeiro sendo os Moradores Locais, o segundo, os Gestores Públicos e o terceiro, os Líderes

das Manifestações Culturais existentes nos municípios pesquisados. A quantidade de sujeitos

presentes nesses universos foi determinada por amostragem não probabilística intencional

(LAKATOS; MARCONI, 2002).

De acordo com a metodologia traçada, os resultados obtidos foram analisados a partir

do que Moraes (2001) entende como desconstrução e unitarização dos textos. Feita esta

desconstrução e unitarização dos discursos dos entrevistados, foram criadas as unidades de

análise ou unidades de significado.

Com esta pesquisa, pretendeu-se dar subsídios para a criação de futuros projetos

turísticos na região do Semiárido baiano, especificamente nos municípios de Cipó e Tucano

no intuito de promover uma articulação entre o turismo com base no segmento hidromineral e

as manifestações culturais existentes na região.

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2 CULTURA E TURISMO: ASPECTOS CONTEMPORÂNEOS E SUAS RELAÇÕES

Discutir a relação entre cultura e turismo é fundamental para balizar as abordagens

pretendidas neste trabalho. Para além, é uma tentativa de entender as consequências das

transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas, o que refletiu no entendimento do

que vem a ser a cultura na contemporaneidade e no próprio desenvolvimento da atividade

turística.

Krippendorf (apud BAHL, 2003) entende que as transformações recentes da sociedade

determinam um cenário de atitudes perante o turismo, que se caracteriza: pela diminuição da

importância atribuída aos aspectos puramente econômicos das coisas, fazendo emergir novos

campos de interesse e novas atividades.

Nesta perspectiva, a cultura de um povo, através de suas memórias e identidades,

ganha destaque, pois é algo particular e heterogêneo. Este aspecto é bastante manifesto ao se

falar na região sertaneja nordestina, que, nas palavras de Seabra (2008: 1), “[...] corresponde

às terras continentais, cujo isolamento proporcionou o desenvolvimento de uma cultura

própria, baseada numa história rica em acontecimentos, marcada de lutas, bravuras, lendas,

ritos e mitos”.

O turismo é aqui entendido como uma prática social que consiste no deslocamento de

pessoas pelo território e que tem como objeto de consumo o espaço geográfico (CRUZ,

2001). Por ser uma prática social, o turismo deve ser pensado sob uma ótica multivariada,

envolvendo aspectos diversos que, por conseguinte, estarão ligados à cultura.

Existem diversas acepções teóricas sobre o termo cultura e neste estudo, entende-se a

cultura como um conjunto de valores, crenças, hábitos, memórias e costumes que formam as

identidades de um povo e permeiam a vida social dinamicamente, sendo determinada pelas

condições materiais e imateriais de sua realização e, mais ainda, a cultura é condição essencial

para a existência humana (CHAUÍ, 2007; GEERTZ, 1989; LARAIA, 1997).

A cultura, através de suas manifestações culturais, tem um papel fundamental no

contexto social, já que pode gerar benefícios econômicos e, também, preservar as identidades

de um povo, conforme argumenta Azevedo (1998: 150):

[...] ressalta-se o papel da cultura no contexto social, pela geração de renda e

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emprego que propicia; e mais ainda como mecanismo de defesa da relação identidade/diversidade – abordagem que se pode vincular nitidamente às questões turísticas.

Visto o exposto, percebe-se que entender a cultura de um povo através de suas

manifestações culturais é fundamental para que haja uma estreita relação entre a cultura e o

turismo, principalmente em um mundo “[...] multifacetado, pluralista e extremamente variado,

especialmente quando transformado pelas novas tecnologias” (TRIGO, 1993: 51).

Para Urry (2001), a base da organização do turismo atualmente é a diferença e esta é

buscada pelo que ele denomina pós-turista. É esse tipo de turista que atua no mercado

turístico na contemporaneidade, pois sofre influências da comunicação de massa pelas mídias

e quer encontrar alguma coisa que lhe proporcione algo de extraordinário. É a partir das

características desse pós-turista que o turismo cultural ganha força, visto que ele proporciona

o contato com essa diferença valorizando sua cultura.

Nas palavras de Beni, essa valorização pode ocorrer principalmente no Brasil, pois

“[...] revalorizam-se o modo de vida e as práticas culturais de populações rurais, o folclore e

as festas tradicionais bem como o artesanato e a gastronomia característicos da diversidade

cultural do país” (2007: 152).

Talavera (2003) entende que o turismo cultural sofreu alterações com o fenômeno da

globalização e seus reflexos na sociedade, a partir da década de 1980, em que as

características dos produtos turísticos foram alteradas. Outro aspecto relevante que o autor

aborda é a relação intrínseca entre a cultura e o turismo, enfatizando o uso da cultura pela

atividade turística ressaltando que [...] no podemos seguir planteando la cultura como um concepto cerrado e de contenidos absolutos, genuínos y espiritualmente puros. El turismo usa y consume rasgos culturales, al tiempo que contribuye a reconstruir, producir y mantener culturas (TALAVERA, 2003, p. 42).

Assim, o autor aponta que o turismo cultural possui um caráter peculiar à medida que

reconstrói as identidades locais, em que os símbolos e elementos se transformam para se

adaptarem às novas situações. Ademais, acrescenta que os sujeitos das culturas locais não

podem ser vistos passivamente como sujeitos. Mais ainda, mostra que os encontros entre

esses sujeitos locais (residentes) e os turistas têm que ser feitos de forma mais relaxada e

individualizada para que possam trazer benefícios mais proveitosos nesta relação.

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Entendendo as características do turismo cultural na contemporaneidade, é válido

abordar como este tipo de turismo se apropria das culturas locais transformando-as em

produtos turísticos.

O turismo cultural, segundo Beni (2004), diferencia-se das formas tradicionais de

turismo por ser caracterizado por um público consumidor mais sensível aos impactos

resultantes de sua visita aos destinos. Assim, a inserção do patrimônio cultural no circuito

turístico amplia as possibilidades de valorização das manifestações culturais, contribuindo,

sobremaneira, para o fortalecimento e dinamização dos aspectos econômicos, sociais e

culturais do destino.

No entanto, o turismo, quando desenvolvido de forma deliberada sem o envolvimento

da comunidade, pode ocasionar desestabilizações nos sistemas culturais das comunidades

receptoras, como a espetacularização de manifestações culturais de um povo.

A este respeito, Vaz e Jacques (2003) consideram que a apropriação da cultura pela

atividade turística não deve ocorrer de forma que a mesma se transforme em mercadoria, ou

melhor, em um produto cultural para ser comercializado e consumido, o que, por sua vez,

tornaria o próprio conceito de cultura esvaziado.

Para Yúdice (2004: 13), “a cultura como recurso é muito mais do que uma mercadoria;

ela é o eixo de uma nova estrutura epistêmica”. Mais ainda, nesta nova estrutura epistêmica, o

“[...] gerenciamento, a conservação, o acesso, a distribuição e o investimento – ‘em cultura’ -

tornam-se prioritários” (YÚDICE, 2004, p. 13).

As transformações da cultura em mercadoria, segundo Markwell (apud TALAVERA,

2003: 44), refletem na despersonalização da cultura, na qual a mesma é descontextualizada

“[...] a fin de obtener um producto presentable como auténtico, fuera de tiempo, que debe

infundir la idea de experiencia inolvidable y única”.

Disto resulta uma reprodução acelerada de modelos de formatação e estruturação da

oferta turística em diversas localidades, desconsiderando-se as especificidades locais e

inviabilizando o acesso da comunidade aos benefícios do turismo por questões meramente

mercadológicas.

Diante dos impactos negativos causados pela atividade turística, atrelada à emergência

de novas necessidades, preferências, valores e atitudes da demanda em relação ao meio social

e cultural onde o turismo se processa, destaca-se, pois, a oferta de novos produtos e roteiros

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turísticos cujos princípios balizadores estão pautados na criatividade e inovação, na

interpretação patrimonial e na “autenticidade” das atrações culturais, pressupondo a inserção e

participação da comunidade local e a sustentabilidade em todas as etapas do processo.

Nesse aspecto, urge a necessidade de apresentação de novos modelos e segmentos

turísticos que estejam pautados nestas premissas e que atendam aos novos anseios da

sociedade contemporânea: é o caso do turismo sertanejo.

3 TURISMO SERTANEJO: REFLETINDO O SERTÃO A PARTIR DOS CONCEITOS DE HISTÓRIA, MEMÓRIA, IDENTIDADE EM SEUS ENTRELAÇAMENTOS

Diante do crescente interesse pelo turismo cultural, muitos destinos que já possuem

outras modalidades de turismo estão buscando na cultura “[...] modelos agregadores de

dinamização e de potencialidades como atrativos importantes no conjunto tradicionalmente

ofertado aos visitantes” (ALMEIDA, 2007: 155). Assim, os municípios de Cipó e Tucano,

que já possuem como atrativo as estâncias hidrominerais, podem, também, seguir este

pensamento através da valorização de suas manifestações culturais.

A valorização destas manifestações em municípios do interior se faz de maneira mais

significante, porque “no interior estão mais seguros a permanência dos valores culturais, o

respeito à tradição, e, sobretudo, o fato de que as comunidades fazem algo transcendente por

eles respeitando sua identidade” (ULANOVSKY apud CANCLINI, 2008: 161).

Desta forma, faz-se necessário discutir de que forma um lugar como o Sertão consegue

preservar seu passado de forma tão singular através de suas memórias e histórias,

conservando, por sua vez, a identidade do povo sertanejo.

A memória, para Le Goff (1990: 423), é “[...] um conjunto de funções psíquicas,

graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele

representa como passadas”. Com esta definição, pode-se perceber que a memória está sempre

em reconstrução e possui funções sociais. Mais ainda, a memória é o “[...] único monumento

popular, à disposição de todos” (PESAVENTO, 2002).

Leroi-Gourhan (apud LE GOFF, 1990) entende que a memória não é uma propriedade

da inteligência, mas a base sobre a qual se inscrevem as concatenações de atos. Acrescenta,

ainda, que a memória coletiva é manipulada desde sempre pelos grupos e indivíduos que

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dominaram e dominam as sociedades. Esta concepção remete ao fato de que a memória

coletiva foi sempre influenciada pelo poder.

Nesse contexto, o turismo passa a ter um papel relevante nas (re)construções das

memórias coletivas e individuais, já que o mesmo propicia aos turistas a sensação de poder

“guardar”, por um determinado período de tempo, a memória construída durante a sua

viagem.

É válido entender, portanto, como estas memórias estão sendo vendidas, ou melhor,

estão sendo apropriadas pelo turismo através do uso da cultura de cada povo, como, por

exemplo, os cordéis, que apresentam as memórias do povo nordestino e que são vendidos aos

turistas.

A atividade turística pode auxiliar na luta pela preservação e pelo fortalecimento

destas memórias, por exemplo, através de uma maior valorização dos moradores locais mais

antigos, com suas narrativas e lembranças do passado registradas em livros, fotografias,

jornais e em suas próprias memórias sobre o destino turístico visitado.

Para entender e reconhecer as identidades de um povo é preciso conhecer suas

memórias, mesmo por que A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia. Mas a memória coletiva é não somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder (LE GOFF, 1990: 476).

Este fato remete ao que acontece no turismo em muitas localidades: a comunidade

local, muitas vezes, sequer participa do planejamento turístico, demonstrando um verdadeiro

descaso por parte dos agentes planejadores da atividade. Um dos procedimentos desta

pesquisa é, pois, dar voz e vez à comunidade local dos municípios de Cipó e Tucano, através

do estudo de suas manifestações culturais, as quais representam suas memórias.

Desta forma, concordando com o autor citado, conhecendo e fortalecendo estas

memórias e identidades locais, estas comunidades passarão, assim, a atuar de forma equitativa

no desenvolvimento turístico na região.

Sendo a memória uma reserva crescente e que dispõe da totalidade da experiência

adquirida, esta pode ser transmitida através das manifestações culturais de um povo. Então,

estudar estas manifestações é entender como as memórias destes municípios foram

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(re)construídas ao longo do tempo na formação de suas culturas, o que irá, sobremaneira,

fortalecer as identidades locais.

As manifestações culturais mais representativas da cultura sertaneja são as narrações

através dos causos3 que se configuram como um traço marcante da mesma. Entretanto,

segundo Bosi (1994), a arte de contar histórias decaiu por causa das influências do mundo

moderno, onde a informação passou a ser mais valorizada que a narração. Ou seja, as pessoas,

muitas vezes, tendem a buscar as informações em outras fontes em detrimento das narrações,

por serem mais rápidas e acessíveis, como, por exemplo, as notícias que circulam pela

internet.

Contudo, Hall (2006) aponta que existe uma contra tendência em relação à

padronização e homogeneização provocadas pelo fenômeno da globalização, que é a “[...]

fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da ‘alteridade’. Há, juntamente

com o impacto do ‘global’, um novo interesse pelo ‘local’” (HALL, 2006: 77).

A importância da narração em uma região que possui valores culturais riquíssimos,

como o Semiárido baiano, através dos causos, da literatura de cordel, dos repentistas, das

prosas, entre outros, é fundamental para valorizar a sabedoria dos mais velhos e,

consequentemente, servir como mais um atrativo turístico para a região.

Um dos aspectos mais relevantes da presente pesquisa é a tentativa de resgatar e

fortalecer as memórias e identidades dessas comunidades através do estudo de suas

manifestações culturais, pois “todos os corpos constituídos, intelectuais ou não, sábios ou não,

apesar das etnias e das minorias sociais, sentem a necessidade de ir em busca de sua própria

constituição, de encontrar suas origens” (NORA, 1993: 17).

Assim, as crianças e os jovens destas comunidades, os quais, muitas vezes, nem sabem

que existem tais manifestações, vão entender como suas famílias foram (re)construídas

culturalmente ao longo do tempo e, consequentemente, irão valorizar suas tradições, suas

origens, enfim, suas próprias culturas.

Segundo Nora (1993), a relação que a sociedade contemporânea tem com o passado

não é a mesma, pois existe uma descontinuidade no tempo em que os indivíduos apenas

3 Os “causos” são estórias contadas, geralmente, através da literatura de cordel, dos repentes ou de uma viola apenas. Podem estar relacionados a fatos puramente inventados ou a fatos reais que, muitas vezes, ganham um reforço do humor em suas narrações.

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representam o passado, quando existe uma “[...] memória retiniana e poderosamente

audiovisual” (NORA, 1993: 20).

No entanto, em alguns lugares do Semiárido baiano, este passado ainda é vivido de

forma instigante através de comunidades que, pelo fato de terem vivido isoladas durante

muito tempo, possuem características peculiares em relação às suas tradições, histórias e

memórias.

Destarte, fomentar o turismo a partir do entendimento das memórias e histórias de um

povo é considerar que aquilo que a comunidade entende como fundamental e representativo

da simbologia local precisa ser mantido como valorização das características da própria

comunidade.

Nessa perspectiva, uma modalidade de turismo que valoriza as singularidades e as

especificidades de determinado lugar respeitando-o, como o turismo sertanejo, pode trazer

vários benefícios econômicos, sociais, culturais e ambientais para região.

4 PERCEPÇÕES DOS ATORES SOCIAIS

No intuito de investigar as principais manifestações culturais existentes e como essas

estão sendo aproveitadas para o desenvolvimento turístico nos municípios de Cipó e Tucano,

fez-se necessário uma abordagem mais aprofundada dos dados obtidos.

Nesse sentido, as percepções dos atores sociais entrevistados foram analisadas a partir

dos discursos obtidos durante as entrevistas de acordo com cada universo pesquisado. Para

tanto, alguns desses discursos foram transcritos com a finalidade de facilitar a compreensão

dos mesmos.

O primeiro universo da pesquisa (Moradores Locais) foi composto por sete sujeitos. A

maior parte tinha mais de 50 anos de idade e quanto ao grau de escolaridade, dois tinham o

segundo grau completo, dois estudaram até o primário e três tinham ensino superior.

Outro fator relevante em relação ao perfil desses entrevistados foi o grau de

heterogeneidade que os mesmos possuíam, pois atuavam e, ou representavam diferentes

grupos da população residente. Esse fator refletiu na diversidade dos discursos obtidos, pois

os mesmos partiam de vozes com experiências de vida completamente diferentes,

repercutindo numa abordagem mais ampla de suas percepções.

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Quando indagados sobre as manifestações culturais que conheciam, foram citados:

artesanato, samba de roda, reisado, cordel, terno de reis, capoeira, filarmônica, festas

tradicionais, teatro, banda de pífanos, literatura, corridas de animais e gastronomia regional (o

bode4). Destas manifestações, as mais referidas foram o artesanato e o Reisado (três

moradores).

Assim, percebe-se que não há, por parte da maioria dos moradores locais, um conhecimento

amplo sobre a diversidade das manifestações culturais existentes na região. Este fato é

reforçado, visto que apenas um dos entrevistados, o ex-diretor de cultura do município de

Cipó, fez referência a mais de sete manifestações culturais:

A diversidade cultural é muito grande... a poesia, o cordel com seu Zezé poeta, Ranieri, Verônica, eu me arrisco e gosto da poesia, samba-de-roda, terno de reis, a capoeira, a filarmônica, tem o artesanato que é a força motriz da nossa economia (ML3).

Quanto às opiniões expressadas sobre as manifestações conhecidas pelos moradores

locais, a maior parte falou de uma forma saudosista, relembrando o que existia na região e

está se perdendo ao longo do tempo, como pode ser percebido no discurso do ML2: “A turma

brincava constantemente [...] hoje existe esse marasmo aqui [...] nosso verdadeiro artesanato

acabou nos anos 40 até meados de 50 [...]”.

No intuito de conhecer mais profundamente as manifestações culturais da região e o

próprio contexto local, foi perguntado aos entrevistados se eles conheciam alguma história

interessante sobre estas manifestações. Coube, neste momento, transcrever na íntegra algumas

das respostas dadas por tornarem mais explícitos os pensamentos dos mesmos: Antigamente tinha uma senhora chamada Jacira que chegava com aquelas coisas de artesanato na cabeça e jogava assim no chão e as pessoas compravam mais pra ajudar ela (ML1). Naquele tempo, tinha uma rapaziada alegre, moças bonitas e era belíssimo e o pessoal vinha da roça e parava nas casas numa espécie de saudação com pandeiro, violão e ia até de manhã todo mês de dezembro. O samba de poeira que veio de Santo Amaro e essa nossa Rua do Jorro era festa ‘comendo no centro’ de 8 horas da noite até amanhecer, mas tudo foi se finando com a morte da estação balneário [...] Naquele tempo, não havia esse conceito de cinco estrelas, só havia o Copacabana Palace no Rio de Janeiro [...] (ML2).

4 O Bode é um animal da família Bovidae, nome científico Capra hircus.

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Entendendo que “[...] o sujeito que produz linguagem também está reproduzido nela”

(ORLANDI, 2001: 26) e que o sentido das palavras depende do lugar de onde se fala

(BARONAS, 2000), percebe-se, nos discursos transcritos que, por mais simples que sejam as

palavras e as ideias utilizadas, estes possuem uma riqueza de sentidos, memórias e de

vivências próprios do lugar sertanejo e dos moradores desta região.

Outra pergunta realizada durante a entrevista foi sobre qual (is) destas manifestações

citadas possuíam grande importância histórica e que seria interessante para a atividade

turística. O artesanato, segundo os entrevistados, possuía maior importância histórica e seria

de maior interesse para a atividade turística, o que foi justificado pela maioria das respostas

obtidas.

O fato de os moradores locais entenderem o artesanato como a manifestação cultural

mais importante, seja para a história local, seja para o turismo, denota que o mesmo é mais

presente no cotidiano dos moradores locais, por ser uma importante fonte de renda na região

e, também, por ser uma manifestação cultural material. Isso o diferencia das outras

manifestações que são imateriais, refletindo na sedimentação das memórias locais, tendo em

vista que as mesmas necessitam de suporte para se manterem vivas no fazer e no viver da

sociedade local.

Depois foi perguntado se houve mudanças nessas manifestações ao longo do tempo e,

se houve, como eles percebiam as mesmas. A maioria dos entrevistados entendeu as

mudanças ocorridas de forma negativa: Infelizmente o desinteresse motivado pela concorrência da grande mídia, a indiferença dos governantes e as pessoas passam a ter vergonha daquilo ali. [...] esses valores têm se perdido sim, infelizmente, e isso é complicado: cordel competir com Orkut, com MSN [...] foi perdido essa beleza [...] (ML3).

Os moradores que responderam que as mudanças ocorridas foram negativas

relacionaram essas mudanças às influências do mundo moderno, principalmente a internet,

concorrência de outros destinos turísticos e descaso do poder público local.

No que diz respeito às influências negativas da internet sobre as manifestações

culturais da região, é preciso criar meios para que essa ferramenta possa auxiliar na

preservação e no fortalecimento dessas manifestações. Esses meios podem ser, por exemplo, a

promoção de oficinas para a criação de sites e blogs contendo informações das manifestações

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culturais locais através de entrevistas, fotografias e vídeos. Também poderiam ser criadas

oficinas em parceria com as escolas da região para a criação de livretos de cordéis a partir das

histórias dos próprios moradores locais.

A maior parte dos moradores entrevistados não percebia o interesse dos turistas pelas

manifestações culturais e isso se deve ao fato de que na região prevalece o turismo com base

no segmento hidromineral e os recursos culturais existentes, em sua grande maioria, não estão

formatados para o turismo. Até o artesanato, que, segundo alguns moradores, é a força motriz

da região, se apresenta de forma organizada em poucos locais.

Este fator reflete a falta de divulgação dos recursos culturais da região para os turistas

e para os próprios moradores locais, já que a maioria nem conhecia a diversidade das

manifestações culturais existentes. Assim, a falta de interesse da demanda turística é uma

consequência desse fator, principalmente pela concentração da demanda em um único

segmento, que, para Barbosa (2002: 16), [...] apresenta um elevado risco para a atividade turística, uma vez que, em mais de um momento, variáveis exógenas podem afetar o segmento em questão, reduzindo drasticamente a demanda e gerando problemas de ordem econômica, social, política e ambiental.

A falta de incentivo ao turismo cultural na região, segundo os moradores locais

entrevistados, é atribuída à falta de empenho e atuação efetiva das autoridades locais e

envolvimento da própria comunidade no fomento à cultura local. Porém, caso as autoridades

locais se empenhem e a comunidade local se envolva nestas questões, o turismo pode

contribuir para a valorização da cultura local na região.

O segundo universo da pesquisa (Gestores Públicos) foi composto por dois sujeitos,

sendo o primeiro o Secretário Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer do município

de Cipó (G1) e o outro o Secretário do Departamento Especial de Comunicação do município

de Tucano (G2). Vale lembrar que, no município de Tucano, não existe secretaria de Turismo

ou Cultura.

Com base em um artigo publicado pelo autor que analisa as entrevistas desse universo,

conclui-se que os mesmos possuem um vasto conhecimento a respeito das manifestações

culturais existentes na região. Porém, estas manifestações não estão sequer cadastradas, o que

revela, a priori, um descuido no tocante à valorização da cultura local.

Percebe-se que existe uma preocupação com a valorização destas manifestações

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culturais por parte dos gestores destes municípios, mas ainda é muito incipiente, visto que, em

um dos municípios, existem projetos que ainda estão em andamento, ou seja, não existe nada

de concreto atualmente; no outro município, existe a vontade de fomentar a cultura local,

entretanto, não há recursos materiais e humanos para tal, pois nem Secretaria de Cultura e

Turismo existe no mesmo.

Vale lembrar que, por serem gestores de uma instituição pública e representarem a

mesma, os discursos foram analisados de forma cautelosa. Mesmo porque, concordando

Foucault (2002), os discursos são feitos de signos e, por mais que uma frase não seja

significante, ela se relaciona a alguma coisa, na medida em que é um enunciado, lembrando

que não há enunciado livre, neutro, independente. Mais ainda, o discurso é aqui entendido

como um modo de prática política e ideológica (FAIRCLOUGH, 2008).

Esta concepção permite afirmar que muitas das respostas dadas pelos gestores durante

as entrevistas foram condicionadas a visões políticas e ideológicas dos mesmos,

demonstrando, muitas vezes, concepções que não condiziam com a realidade local observada

durante as visitas de campo e durante as entrevistas realizadas com alguns moradores locais.

O terceiro, e último, universo da pesquisa (Líderes das manifestações culturais) foi

composto por 18 sujeitos. Destes, 13 eram artesões, um representava a gastronomia regional

da região; um era escultor, poeta, músico e ator; um representava um grupo de cantores

mirins; um era cordelista; e o último era tocador de pífano.

A maioria destes líderes não possuía alto grau de escolaridade. Em relação à profissão,

três dos líderes entrevistados ressaltaram que trabalhavam como lavradores ou agricultores,

revelando que suas respectivas manifestações não eram fontes de renda. O fato de a maioria

dos líderes representarem o artesanato demonstra a força que este tipo de manifestação possui

na região como uma importante fonte de renda para os moradores locais.

Já sabendo o perfil de cada líder, foi perguntado quantas pessoas estavam envolvidas

nas manifestações representadas por eles. A maior parte destas manifestações se desenvolve

sem uma grande participação de pessoas (menos de 10). Destas manifestações, grande parte

era formada por pessoas da própria família, demonstrando um perfil de subsistência ainda

existente nestes lugares.

Este fato reforça a necessidade de um desenvolvimento endógeno na região, visto que

o mesmo se propõe a “[...] atender as necessidades e demandas da população local pela

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participação ativa da comunidade envolvida [...]” (BENI, 2007: 139). Assim, a comunidade

local seria estimulada a participar mais destas manifestações, promovendo um maior

desenvolvimento local.

Outra pergunta realizada foi se eles possuíam algum tipo de registro das manifestações

culturais representadas. Caso houvesse esse registro, foi perguntado como e quando havia

sido feito. A partir das respostas obtidas, pôde-se constatar a falta de incentivo e até de

desconhecimento das manifestações culturais existentes na região, visto que a maior parte das

mesmas não possuía qualquer tipo de registro, o que seria fundamental para a divulgação de

algum tipo de manifestação.

Depois foi perguntado se eles acreditavam que o fomento do turismo cultural, na

cidade, poderia contribuir para preservação das manifestações culturais locais. A partir das

respostas obtidas, pôde-se observar que todos os entrevistados acreditam que o fomento do

turismo cultural na região poderia contribuir para a preservação das suas respectivas

manifestações, como, por exemplo: “Eu acredito que sim [...], uma cidade maior em turismo

é melhor assim pra gente, traz mais recurso pra gente” (LM16). “Com certeza; é porque vai

conhecer mais gente [...], o pessoal vai comprar e assim vai rendendo alguma coisa pra

gente” (LM9).

Os discursos analisados mostraram que todos os líderes das manifestações pesquisadas

acreditam que o fomento do turismo cultural poderia contribuir para a preservação de suas

manifestações, já que a maioria acredita que, fomentando o turismo cultural, haveria um

maior número de turistas na região.

Com a finalidade de entender como é feita a divulgação das manifestações culturais

pesquisadas, foi perguntado aos líderes destas manifestações como estas eram divulgadas. As

respostas obtidas revelaram que a maioria das manifestações era divulgada através de

vendedores, cartões de visitas, blog, feira do município (artesanato), quando tem tempo

(cordelista) e através dos produtores dos eventos (banda de pífanos); entretanto, essa

divulgação ainda ocorre de forma incipiente.

A divulgação, bem como o marketing de um destino turístico, é fundamental para o

desenvolvimento do mesmo. Por esse motivo, propõe-se a realização de um planejamento de

marketing na região, especificamente, o Marketing Turístico para Cidades Culturais (MT-

CC), que tem como objetivo “[...] minimizar ou, preferencialmente, anular os impactos

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negativos do turismo, bem como maximizar os benefícios para a cidade” (CRUZ, 2009: 185).

Buhalis (2000) apud Cruz (2009) entende que o marketing turístico aplicado a cidades

culturais deve satisfazer os desejos e as necessidades das empresas e dos residentes

envolvidos com a atividade turística, o que, por sua vez, possibilitará o desenvolvimento

sustentável do turismo.

Vale ressaltar que um bom planejamento de marketing deve estar inserido no

planejamento estratégico das cidades envolvidas, no caso desta pesquisa, das cidades Cipó e

Tucano. Ou seja, o planejamento deve estar intimamente relacionado às políticas locais e às

características turísticas da região.

Outra pergunta realizada foi se os líderes das manifestações representadas recebiam

algum tipo de apoio. Conforme analisado nas respostas obtidas, apenas uma das

manifestações recebia algum tipo de apoio, sendo este dos próprios membros da Associação

de Artesãos. As demais manifestações não recebiam qualquer tipo de apoio, como pode ser

visto no exemplo a seguir: “Não, aqui é nós mesmo (sic), nós por nós e Jesus” (LM16).

Esses discursos demonstram a falta de apoio a estas manifestações por parte dos

poderes públicos e privados da região, o que dificulta, sobremaneira, a preservação e

valorização das mesmas. Nesse contexto, reforça-se a necessidade de um desenvolvimento

regional endógeno, que é estruturado a partir dos próprios agentes locais, permitindo a

ampliação da base de decisões autônomas por parte desses agentes (AMARAL FILHO,

1999).

Por fim, foi perguntado se os moradores locais valorizavam as manifestações culturais

representadas e de que maneira poderia se melhorar esta relação. A maioria dos moradores da

região não valoriza as manifestações culturais locais por não haver, segundo os entrevistados,

organização dos próprios artistas, apoio do poder público local, capacitação profissional,

divulgação das manifestações na própria região e incentivo ao artista local.

Para que haja, de maneira concreta, um desenvolvimento turístico na região

pesquisada, é preciso, antes de tudo, elaborar um planejamento turístico participativo, já que o

mesmo é “[...] necessário tanto para acelerar e maximizar os efeitos positivos da atividade,

quanto, e principalmente, para que os efeitos negativos sejam mitigados” (IGNARRA, 2003:

81).

A partir da elaboração e implementação deste planejamento na região, poderia se

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pensar, também, na oferta de uma maior diversidade de atrativos, possibilitando, assim, “[...]

o aumento dos gastos e da permanência do turista, estimulando o turismo em períodos de

baixa visitação, minimizando os efeitos da sazonalidade” (AVILA, 2009: 30).

Neste sentido, cabe ressaltar que existe, na região pesquisada, uma gama de recursos

que podem se tornar atrativos e produtos turísticos, principalmente relacionados às

manifestações culturais locais, desde que atendam as necessidades e os anseios dos turistas

que visitam a região e sejam balizados na inovação e criatividade. Mesmo porque “[...] o

sucesso do turismo reside em oferecer experiências diferenciadas [...]” (BARRETO;

REJOWSKI, 2009: 16) e essas experiências podem ser alcançadas a partir da diversidade dos

recursos existentes.

Neste contexto, além do turismo sertanejo já discutido anteriormente, outras

modalidades de turismo podem ser desenvolvidas na região, tais como: turismo rural nas

fazendas e sítios existentes na região que tenham possibilidades para receber os turistas;

turismo de aventura, que pode ser realizado tanto nas trilhas e estradas de barro com variados

tipos de veículos, quanto nas cachoeiras através de atividades diversas, como, por exemplo, o

rapel; turismo gastronômico, através da valorização e da formatação de produtos relacionados

com o bode, que é um elemento característico da região; e por fim, o turismo de eventos,

através da formatação dos principais eventos que são realizados nos municípios de Cipó e

Tucano de forma integrada.

5 CARACTERÍSTICAS E POTENCIALIDADES DAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE CIPÓ E TUCANO

Os maiores entraves para o desenvolvimento do turismo cultural na região, de acordo

com as análises feitas, são a falta de planejamento turístico e a falta de integração entre os

atores sociais envolvidos com a atividade. Isso, por sua vez, poderia ser melhorado com ações

práticas que possibilitassem a participação de todos os envolvidos no processo.

Entendendo as dificuldades de se promover o desenvolvimento turístico a partir dos

recursos culturais existentes na região estudada, torna-se imperativo fazer algumas propostas

que deem subsídios para tal. Nesse sentido, serão apresentadas sugestões que possam auxiliar

o desenvolvimento turístico local a partir de cada manifestação pesquisada.

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As festas, celebrações e eventos que acontecem na região pesquisada são realizados,

principalmente, para atenderem aos interesses mercadológicos e políticos. Isso reflete na

descaracterização dos mesmos, na desvalorização dos artistas locais e no não envolvimento da

comunidade local.

No intuito de minimizar esses impactos, propõem-se: a formatação de um calendário

de eventos conjunto entre os municípios de Cipó e Tucano que consiga englobar todas essas

manifestações; a valorização dos artistas locais da região durante esses eventos a partir de um

maior espaço para fazerem suas apresentações; por fim, o estímulo a mecanismos

autogestionários na concepção e organização desses eventos, para que os mesmos sejam

concebidos e organizados horizontalmente pelas comunidades locais em parceria com os

poderes públicos e privados.

Em relação ao artesanato local, foi percebido que o mesmo é uma das forças

econômicas que mantém a região ativa turisticamente. Entretanto, ainda demonstra um perfil

de subsistência bastante forte e muitos artesãos produzem sem infraestrutura adequada.

Também, não há organização entre os mesmos, já que a maioria produz de forma

independente.

Para tentar melhorar esta produção e fortalecer o artesanato local, propõe-se a

formação e, ou o fortalecimento de associações e cooperativas com os artesãos locais, através

de parcerias com órgãos públicos e privados; a realização de feiras para a comercialização do

artesanato local em períodos fixos durante todo o ano; e a promoção de cursos de capacitação,

principalmente por parte dos órgãos públicos, para auxiliar no desenvolvimento do artesanato

local.

As feiras e os mercados populares dos municípios de Cipó e Tucano são

manifestações importantes que atraem visitantes de toda a região. Porém, não apresentam, em

sua maioria, uma infraestrutura adequada que possa receber esses visitantes. Assim, faz-se

necessário um maior apoio dos poderes públicos locais no tocante à limpeza e higienização de

feiras e mercados populares existentes na região.

Em relação às músicas e poesias de artistas locais, foi percebido que existe uma

produção bastante rica e diversificada. Todavia, muitos artistas locais, como os três

entrevistados durante esta pesquisa, não recebem qualquer tipo de apoio.

Desse modo, é preciso que haja uma maior valorização destes artistas por parte dos

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órgãos públicos e, ou privados da região através do registro e da divulgação de suas músicas e

poesias em livros e vídeos, por exemplo.

A gastronomia regional é uma das manifestações que mais atrai visitantes para os

municípios pesquisados, principalmente por causa do bode, que é um elemento característico

da região. No intuito de maximizar os benefícios desta manifestação cultural tão importante e

singular, propõe-se a criação de um festival gastronômico que una a gastronomia regional às

manifestações culturais locais, principalmente a partir das influências do bode. Esse festival,

por sua vez, poderia gerar novos elementos gastronômicos aumentando, por conseguinte, a

oferta de produtos, possibilitando a geração de mais benefícios para a região.

Vale ressaltar que nenhuma destas propostas será possível sem a elaboração de um

planejamento turístico participativo que envolva todos os atores envolvidos com a atividade.

Nesse sentido, ressalta-se a necessidade de um maior diálogo entre os municípios pesquisados

no intuito de formatar as manifestações culturais existentes na região e promover a elaboração

desse planejamento turístico.

Este estudo demonstrou que as manifestações culturais existentes nos municípios de

Cipó e Tucano possuem um grande potencial para o desenvolvimento do turismo e podem ser

inseridas no intuito de dinamizar não só essa atividade, mas também, a própria economia

local. Entretanto, é preciso que essas manifestações sejam fortalecidas e, ou resgatadas através

da concretização de propostas como estas, para que aconteça, de fato, o desenvolvimento

turístico esperado.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após investigar as principais manifestações culturais existentes nos municípios de

Cipó e Tucano - Bahia e verificar como essas estão sendo aproveitadas para o

desenvolvimento turístico na região, pôde-se perceber que, mesmo havendo uma gama de

potenciais atrativos, os mesmos não estão sendo aproveitadas como deveriam.

Isso se deve a vários fatores, todavia, a falta de um planejamento turístico participativo

envolvendo os setores públicos, privados e os representantes da comunidade é o que mais

agrava essa situação. Os próprios entrevistados relataram, em seus discursos, que seria

necessário um maior envolvimento da população local e maiores investimentos do poder

público para que de fato ocorresse o desenvolvimento turístico da região.

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Baseado em Yúdice (2004), faz-se necessário buscar meios para que as culturas locais

possam tornar-se protagonistas num processo de retomada de práticas culturais específicas

enquanto recurso para melhorias sociopolíticas e econômicas na contemporaneidade, o que

pode ser facilitado e potencializado a partir da atividade turística.

Nesse aspecto, urge a necessidade de apresentação de novos modelos e segmentos

turísticos que estejam pautados nestas premissas e que atendam aos novos anseios da

sociedade contemporânea.

Espera-se, desta forma, que a atividade turística se desenvolva balizada nos princípios

do turismo sertanejo, levando em consideração as características econômicas, socioculturais e

ambientais da região. E, também, que seja pautada nas singularidades da identidade do povo

sertanejo, através das memórias e histórias expressas em suas manifestações culturais.

Desse modo, o desenvolvimento da atividade turística a partir das manifestações

culturais existentes nesses municípios surge não somente como uma opção viável de

desenvolvimento, mas também como alternativa para maior valorização e fortalecimento da

cultural local e regional.

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