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Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 25 e 26 de setembro de 2012 AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO AMBIENTE URBANO Raissa Zucchetti Schons Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias - CEATEC [email protected] Resumo: A pesquisa teve como objetivo estudar os conceitos dos sistemas e componentes da infraestrutura verde, do ponto de vista de diferentes autores, bem como suas aplicações, na busca de maior sustentabilidade urbana. Proporcionou uma aproximação a questão das mudanças climáticas e o meio urbano. Conclui-se que as propostas de drenagem e arborização, são importantes, mas não respondem a outras dimensões da problemática. Palavras-chave: Infraestrutura verde, mudanças climáticas Área do Conhecimento: Ciências sociais aplicadas – Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo 1. INTRODUÇÃO Ao longo da História, no processo de urbanização, os recursos foram sendo apropriados de diferentes formas, gerando, quase sempre, a degradação do meio ambiente. Assim, novos modos mais sustentáveis de projetar e pensar as cidades são exigidos, principalmente por se tratar de uma sociedade com tanta desigualdade e escassez de recursos. Buscam-se soluções que conduzam a melhores condições de conforto urbano e qualidade ambiental. Aí é que se insere o conceito de infraestrutura verde, assunto novo e que, por isso mesmo possui uma nomenclatura ainda pouco definida. 2. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada a partir de estudos de bibliografia nacional e estrangeira referente às mudanças climáticas, ao meio urbano e à infraestrutura verde. Em visitas de campo realizadas em Campinas, com o grupo de pesquisa “Água no Meio Urbano”, foi possível verificar como funcionam os sistemas de infraestrutura urbana convencional e analisar a necessidade de implantação dos sistemas de infraestrutura verde estudados. Profª. Drª. Laura M. de Mello Bueno Água no Meio Urbano Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias – CEATEC [email protected] 3. CONCEITOS, TIPOS E APLICAÇÕES 3.1. Macrodrenagem 3.1.1. Lagoa Pluvial: Estrutura que acumula temporariamente as águas pluviais, com a função de amortecer a vazão das cheias e reduzir riscos de inundações a jusante. Figura 1. Lagoa Pluvial 3.1.2. Corredor Verde: Rede de espaços lineares servindo a usos múltiplos, preferencialmente acompanhando corredores ecológicos [1]. 3.1.3. Grade Verde: Combinação de múltiplas técnicas para formar uma rede de intervenções de infraestrutura verde [1]. 3.1.4. Restauração de Áreas Úmidas: São obras que visam recompor as áreas de inundação natural de rios e córregos [2]. 3.1.5. Banhados Construídos: Zonas de transição, como o pântano, que funcionam como uma espécie de filtro natural, retendo e transformando sedimentos, absorvendo nutrientes e purificando a água [2]. 3.1.6. Recomposição de Vegetação Ciliar: Recuperação da vegetação ao longo da faixa de APP (Área de Proteção Permanente) quando a vegetação tiver sido removida por ação antrópica [2].

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Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

25 e 26 de setembro de 2012

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO AMBIENTE URBANO

Raissa Zucchetti Schons Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias - CEATEC [email protected]

Resumo: A pesquisa teve como objetivo estudar os conceitos dos sistemas e componentes da infraestrutura verde, do ponto de vista de diferentes autores, bem como suas aplicações, na busca de maior sustentabilidade urbana. Proporcionou uma aproximação a questão das mudanças climáticas e o meio urbano. Conclui-se que as propostas de drenagem e arborização, são importantes, mas não respondem a outras dimensões da problemática.

Palavras-chave: Infraestrutura verde, mudanças climáticas

Área do Conhecimento: Ciências sociais aplicadas – Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo

1. INTRODUÇÃO Ao longo da História, no processo de urbanização, os recursos foram sendo apropriados de diferentes formas, gerando, quase sempre, a degradação do meio ambiente. Assim, novos modos mais sustentáveis de projetar e pensar as cidades são exigidos, principalmente por se tratar de uma sociedade com tanta desigualdade e escassez de recursos. Buscam-se soluções que conduzam a melhores condições de conforto urbano e qualidade ambiental. Aí é que se insere o conceito de infraestrutura verde, assunto novo e que, por isso mesmo possui uma nomenclatura ainda pouco definida. 2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada a partir de estudos de bibliografia nacional e estrangeira referente às mudanças climáticas, ao meio urbano e à infraestrutura verde. Em visitas de campo realizadas em Campinas, com o grupo de pesquisa “Água no Meio Urbano”, foi possível verificar como funcionam os sistemas de infraestrutura urbana convencional e analisar a necessidade de implantação dos sistemas de infraestrutura verde estudados.

Profª. Drª. Laura M. de Mello Bueno Água no Meio Urbano

Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias – CEATEC

[email protected]

3. CONCEITOS, TIPOS E APLICAÇÕES

3.1. Macrodrenagem

3.1.1. Lagoa Pluvial: Estrutura que acumula temporariamente as águas pluviais, com a função de amortecer a vazão das cheias e reduzir riscos de inundações a jusante.

Figura 1. Lagoa Pluvial

3.1.2. Corredor Verde: Rede de espaços lineares servindo a usos múltiplos, preferencialmente acompanhando corredores ecológicos [1].

3.1.3. Grade Verde: Combinação de múltiplas técnicas para formar uma rede de intervenções de infraestrutura verde [1]. 3.1.4. Restauração de Áreas Úmidas: São obras que visam recompor as áreas de inundação natural de rios e córregos [2].

3.1.5. Banhados Construídos: Zonas de transição, como o pântano, que funcionam como uma espécie de filtro natural, retendo e transformando sedimentos, absorvendo nutrientes e purificando a água [2].

3.1.6. Recomposição de Vegetação Ciliar: Recuperação da vegetação ao longo da faixa de APP (Área de Proteção Permanente) quando a vegetação tiver sido removida por ação antrópica [2].

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3.1.7. Renaturalização de Rios ou Córregos: Consiste em promover as condições necessárias para que o curso d’água recupere suas condições naturais [2].

3.1.8. Bacia de Contenção de Sedimentos: Reservatórios ou tanques implantados em pontos estratégicos do sistema de drenagem que, através da redução da velocidade de escoamento, promovem a sedimentação dos sólidos suspensos nas águas pluviais [2].

3.1.9. Dissipadores de Energia: Reduzem a energia do escoamento, para proteger da erosão os trechos a jusante de trechos canalizados [2].

Figura 2. Dissipador de Energia

3.1.10. Adequação de Canais para Retardamento do Escoamento: Intervenções na calha de canais para reduzir a velocidade do escoamento, retardar os picos de cheia e reduzir os riscos de inundação [2].

Figura 3. Obstáculo para reduzir velocidade da água

3.1.11. Sistemas para Reuso das Águas Pluviais: Sistemas que permitem a reutilização das águas pluviais armazenadas em reservatórios de amortecimento ou microrreservatórios [2].

3.1.12. Desassoreamento de Rios e Canais: Obras de limpeza e remoção de sedimentos acumulados, para o aumento da capacidade de escoamento [2].

3.1.13. Sistema de Galerias de Águas Pluviais e Canalização de Córregos: Embora reduzam as inundações, aceleram e concentram o escoamento, provocando impactos negativos [2].

Portanto, as medidas citadas em 3.1.12 e 3.1.13 devem ser associadas a medidas de controle, obras ou ações não estruturais que priorizem a retenção, o retardamento e a infiltração das águas pluviais.

3.1.12. Restauração de Margens: Estabilização e recomposição de margens de rios e canais rompidos por efeito da erosão, da sobrecarga do maciço, do colapso de estruturas de contenção etc [2].

3.1.13. Contenção de Encostas Instáveis: Recuperação e estabilização de encostas desestabilizadas pela ação das chuvas [2]. Para tanto, faz-se uso da bioengenharia, cujas obras estão listadas abaixo:

3.1.13.1. Estacas: São estacas simples, com cerca de 40 cm, que são cravadas no talude [2].

3.1.13.2. Feixes: São ramos longos e amarrados em feixes, parcialmente enterrados e fixados com estacas e pedras ao longo da margem [2].

3.1.13.3. Banquetas: Degraus transversais à inclinação do talude, preenchidos com estacas presas com madeira e/ou com pedras e cobertas com solo. Ideais para taludes artificiais [2].

3.1.13.4. Esteiras: Ramos dispostos acompanhando a inclinação do talude, com suas bases dentro da água firmemente presas por pedras e/ou troncos. Pilotos de madeira com varas de bambu ou arame são usados para fixar os ramos contra o talude, sendo tudo coberto por uma fina camada de solo [2].

3.1.13.5. Tranças: Formadas por ramos longos com as bases encravadas no solo e trançados entre pilotos (vivos ou inertes) [2].

3.1.13.6. Leivas: Gramíneas transplantadas que recobrem completamente a área. O plantio pode ser feito em faixas ou quadrículas [2].

3.2. Microdrenagem

3.2.1. Jardins e Canteiros Pluviais: Depressões topográficas que recebem água pluvial e auxiliam no seu tratamento. O solo, com a adição de compostos especiais, suga a água enquanto microorganismos e bactérias removem os poluentes. Canteiros pluviais são basicamente jardins de chuva que foram compactados em pequenos espaços urbanos [1].

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3.2.2. Biovaletas: Dispositivos lineares que captam o escoamento superficial para promover a infiltração da água no solo [2].

Figura 4.Fundo da biovaleta Figura 5.Biovaleta 3.2.3. Poços de Infiltração: Retêm as águas pluviais e as infiltram no solo, funcionando como uma espécie de sumidouro. Podem ser preenchidos com pedra britada. Sua característica pontual faz deles ótimos dispositivos para um controle distribuído do excesso de escoamento provocado pela impermeabilização do solo, permitindo economia na construção de redes de drenagem convencionais [2].

Figura 6. Poço preenchido Figura 7. Poço com com brita estrutura em concreto 3.2.4. Microrreservatórios: Pequenos reservatórios construídos para amenizar as enxurradas em lotes urbanos residenciais e comerciais com área de até algumas centenas de m². Normalmente, são caixas de concreto, alvenaria ou outro material [2]. 3.2.5. Tetos Verdes: Consistem em jardins implantados em uma fina camada de terra sobre o teto impermeabilizado de uma edificação. Utilizados em lugar do telhado convencional [2].

3.2.6. Pavimentos Drenantes: Utilizam materiais diferentes dos outros tipos de pavimentação, não possuindo, na composição, os agregados miúdos, possibilitando a absorção da água da chuva [1].

Na bibliografia estudada houve muitas divergências no que diz respeito a nomenclatura.

3.3. Permacultura [2]

A permacultura apresenta metodologias para adoção de práticas de diminuição consumo de energia e recursos naturais, de diminuição de produção de resíduos, da pegada ecológica e a simplicidade voluntária do modo de vida humano, notadamente urbanos e periurbanos. Embora ela seja praticada basicamente em áreas rurais, como as ecovilas, seus conceitos vem sendo adaptados às cidades. Vejamos alguns de seus princípios:

• Localização relativa – interconexão:

• Deve-se promover a inter-relação entre os componentes da paisagem, de forma harmônica, promovendo o auxilio mútuo.

• Cada elemento executa muitas funções.

• Cada função é importante e apoiada por muitos elementos.

• Planejamento energético eficiente.

• Utilização de recursos biológicos – renováveis.

• Ciclos energéticos: a reciclagem local de energias humanas, animais e combustíveis é fundamental. Pensar que tudo corresponde a recursos. Eliminar a cultura do desperdício.

• Sistemas intensivos: valorização da escala humana em lugar da escala industrial. Para evitar a industrialização, no momento de trabalhar a terra, a permacultura prioriza o design de áreas em escala adequada.

• Aceleração da sucessão e evolução natural.

• Diversidade: ênfase na policultura e na diversidade de espécies benéficas; plantas, animais e estruturas produzem e interagem de forma harmoniosa, gerando maior produção e estabilidade e garantindo a autossuficiência alimentar.

• Efeitos de bordas: a interface entre a floresta e o campo é um exemplo de borda. Nas bordas ocorre a maior diversidade de fauna e flora, pois contêm espécies dos dois sistemas, além das que lhes são próprias.

3.3.1. Arquitetura Ecológica

Sistemas de bioconstrução são os mais recomendados, em razão de seus benefícios, como produção de baixo custo e integração social.

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A permacultura propõe a conscientização sobre a necessidade dos 5R´s:

• Repensar o consumo, atentando para os hábitos,

• Recusar coisas de que não precisamos,

• Reduzir as sobras,

• Reutilizar ao máximo possível os elementos,

• Reciclar.

Vale ressaltar que os dois primeiros R’s são os mais difíceis já que eles implicam mudanças culturais.

3.3.2. Lixo Doméstico

A reciclagem possibilita o desmonte da grande quantidade de lixo gerado em casas e locais de trabalho. A coleta seletiva gera empregos pela comercialização dos recicláveis e diminui o desperdício de matéria-prima e de energia. Também contribui para prolongar a vida útil dos aterros sanitários e para preservar o meio ambiente.

Para a coleta seletiva deve-se separar:

• Lixo orgânico: cascas de frutas, restos de comida etc. – úteis na compostagem.

• Elementos recicláveis: plásticos, papel, metal e vidro.

• Materiais não recicláveis: louças, espumas, espelhos, fraldas descartáveis, pilhas etc, dando-lhes destinação apropriada.

3.3.3. Resíduos de Construção Civil

A etapa de projeto é essencial para evitar o desperdício de materiais. Deve-se atentar para a destinação correta dos resíduos gerados, através da reciclagem, passando por um processo de triagem, seguido da reciclagem dos resíduos. Os estados e municípios, por sua vez devem elaborar políticas de gestão de resíduos com a implantação de ATTs – Áreas de Transbordo e Triagem, para onde deverão ser encaminhados os resíduos da construção civil.

3.3.4. Reciclagem de Energia

É necessário criar ciclos de energia eficientes, densos e efetivos dentro de cada parte do sistema e em todas as partes possíveis. Um bom exemplo de reciclagem de energia é a compostagem.

3.3.5. Compostagem

É um processo artificial que estabiliza e higieniza um produto em decomposição. Para fazer um composto, misturam-se vários materiais que permitem iniciar um processo de decomposição da matéria orgânica. Posteriormente, essa matéria orgânica dará lugar a um material parecido com o húmus do solo, elemento chave para a fertilidade da terra.

Na permacultura, é comum também a utilização do banheiro seco (compostável), que, através de reações termofílicas, reduz a água negra (esgotos) e transforma as fezes humanas em composto utilizável, por exemplo, em reflorestamentos.

3.3.6. Reciclagem de Água

Deve-se separar:

• Água negra: águas provenientes dos vasos sanitários, que contêm coliformes.

• Água cinza: águas que foram utilizadas para limpeza (tanques, pias, chuveiros).

Para se reciclar a água cinza ela deve passar por uma série de filtros, como os de carvão ativado. Existem vários sistemas para revitalizar a água. Alguns usam a oxigenação através de quedas d’água, outros fazem a água circular em espirais para adquirir energia e com isto se revitalizar. Na filtragem das águas deve-se, sempre que possível, utilizar vegetais, como os aguapés, plantas eficientes e com crescimento e reprodução rápida. Outra forma mais completa de reciclagem da água, no caso de águas negras ou mistas, é alternar ambientes com oxigênio, sem oxigênio e filtros com materiais porosos, consorciados com plantas aquáticas. O aproveitamento da água da chuva para consumo humano pode ser feito a partir da captação da água dos telhados, uma solução prática e confiável. A água da chuva normalmente precipita-se limpa e livre de poluição e, se captada e armazenada de forma correta, pode suprir as necessidades de uma família durante todo o ano. Pode-se, por prevenção, separar a primeira água do restante armazenado.

3.3.7. Energia Renovável

Cada região tem características e potenciais energéticos diferenciados; em alguns lugares o vento é constante e forte, em outros o sol é o fator predominante, fatores esses determinantes para a escolha da energia adequada.

• Energia Solar

• Energia Eólica

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• Biomassa

• Energia da Água

• Biogás

3.4. PLANEJAMENTO E GESTÃO

Para que os sistemas de infraestrutura verde sejam eficazes é necessário um planejamento detalhado, que leve em consideração a análise da topografia, das microbacias, do clima, da vegetação nativa e da área construída. Como a maioria dos sistemas exige manutenção constante, os sistemas de infraestrutura verde só funcionarão a partir do comprometimento das prefeituras em administrá-los.

Como exemplo, o governo do bairro londrino de Lewisham [3] promove políticas públicas para reduzir a emissão de dióxido de carbono através de infraestrutura verde. Tais políticas públicas decorrem do sistema de planejamento do Reino Unido, chamado de “plan-led and policy based system”. Esse plano é estabelecido com base em decisões democráticas, em que a população local é chamada a examinar e questionar o planejamento. Ele fornece um quadro legal para reduzir os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento urbano e proporcionar uma melhoria paisagística. Determina uma série de critérios para o desenvolvimento e orienta o planejamento estratégico, levando em consideração as necessidades futuras – em que local e quais mudanças irão acontecer e que políticas públicas serão necessárias para alcançá-las. Isso garante que o desenvolvimento atenda ao interesse público de forma econômica, social e ambientalmente sustentável. A política de plane-jamento existe nos níveis nacional, regional e local.

4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

O estudo realizado permitiu uma complementação para as propostas apresentadas pelo artigo “Reflexões sobre o futuro da sustentabilidade urbana com base em um enfoque socioambiental” [4], que apresenta propostas para aplicação de princípios de desenvolvimento sustentável como forma de aproximação com novos paradigmas para o desenvolvimento humano no planejamento, gestão e execução de intervenções em áreas urbanas e periurbanas. Abaixo está um resumo esquemático das propostas e das respectivas sugestões (em negrito):

4.1  Propostas para Ampliação da Sustentabilidade Urbana e a Infraestrutura verde.

4.1.1. Os Planos de Ação nas Microbacias

Legislação urbanística: maior permeabilidade e retenção de águas pluviais nos pontos estratégicos no sistema de drenagem; obras de intervenção na dinâmica hídrica das favelas; ampliar a construção de ETEs; estabilização das margens dos rios e seu aproveitamento para a construção de parques.

Implantação de parques lineares a partir dos limites da bacia hidrográfica, nas linhas de cumeeira; instalação de grades verdes com biovaletas e poços de infiltração; e construção de banhados úmidos nas áreas mais pobres.

4.1.2. Urbanização, adequação de assentamentos e moradias para o saneamento das cidades

Programas nacionais de tratamento de água e esgotos, drenagem e urbanização de favelas; e reforço do enfoque ambiental – estímulo de atividades econômicas.

Compostagem; instalação de tetos verdes e de de microrreservatórios para aproveitamento da água da chuva; aproveitamento da energia solar com materiais recicláveis; educação para a reciclagem; e construção de vias com pavimento drenante, com trincheiras e poços de infiltração.

4.1.3 O controle da expansão urbana

Cidade compacta; proteção das áreas verdes em sentido amplo; reduzir o espraiamento – dirigir o crescimento populacional para áreas já urbanizadas; construção de comunidades completas nos centros das cidades; aumentar opções de transporte; oferta de residências próximas das atividades de emprego; participação e educação sanitária e ambiental dos moradores, usuários, comerciantes e do poder público; manter baixa densidade construtiva nas áreas periurbanas; implantação de usos agrícolas mistos; criação de ETEs visando o futuro da sustentabilidade urbana com enfoque socioambiental – wetlands, parques públicos e clubes de campo; demolição e/ou responsabilização de loteamentos e condomínios fechados ilegais por reparações ou compensações ambientais; legislação que exija ressarcimento por impactos ambientais causados por setores que optam pela ilegalidade.

Limitação da quantidade de habitações construídas em áreas rurais por ano.

4.1.4. A arborização urbana

Espécies de portes variados; legislação de arborização urbana em grande escala; calçadas

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arborizadas; integração de vegetação arbórea com vegetação arbustiva nos espaços livres; e apresentação de um plano de arborização e de drenagem pelos proprietários de estacionamentos rotativos; fiscalização.

Associação de vias arborizadas aos corredores verdes; e previsão legal de parâmetros de quantidade, tamanho e distância de espaços verdes por habitante.

4.1.5. Requalificação das áreas centrais

Readensamento das áreas centrais; criação de ZEIS - zonas especiais de interesse social; empreendimentos de uso misto; e tratamento bioclimático das fachadas e coberturas das áreas requalificadas.

Imposição, pela prefeitura, dos locais onde as intervenções urbanas devem ser feitas.

4.1.6. A reciclagem de entulho

Implantação de usinas de reciclagem de entulho.

Implantação de Áreas de Transbordo e Triagem.

4.1.7. Os resíduos sólidos

Separação e reciclagem mandatórias; garantia de preços para recicladores; e universalização do saneamento e da educação para a cidadania.

Utilização dos princípios da permacultura.

4.1.8. O transporte urbano

Planejamento e desenvolvimento um sistema público de transportes com utilização de combustíveis menos poluentes; implementação de sistemas de gerenciamento de tráfego; criação de facilidades para o uso de tranporte não motorizado; elaboração de políticas públicas de planejamento e uso do solo; e adotar políticas públicas voltadas para o gerenciamento da mobilidade.

Integração das vias aos parques e corredores verdes.

4.1.9. A gestão urbana

Criação de uma base para fiscalização e para uma política tributária; criação de mecanismos de arrecadação municipal; plano diretor com o qual a população se identifique; quantificar e revisar o uso de energia elétrica para iluminação pública; modificar a matriz energética de equipamentos; introduzir elementos de infraestrutura verde; reorientação das compras de bens e serviços, para o estado, para fornecedores que apresentem produção sustentável.

Implantação de sistema de planejamento semelhante ao “plan-led and policy based system”.

5.CONCLUSÕES

Ao final do estudo percebe-se que a infraestrutura verde abrange principalmente os problemas de drenagem e de cobertura verde. Portanto, ela não resolve o problema da sustentabilidade por si só.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à PUC-Campinas e a minha orientadora Prof.ªDr.ª Laura Bueno pela oportunidade de desenvolver este trabalho e à FAPESP por apoiar o projeto Água no Meio Urbano. Agradeço também a minha família que me incentivou a todo instante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Souza et alli (2011), Poster Green Infrastructure – Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, São Paulo, SP

[2] D’Avila, F. (2008), Dissertação de Mestrado em Urbanismo – PUC Campinas, Sp

[3] Tse, J.C.Y. (2011), Planning for Green Infrastructure in a Changing Climate in London, 47th ISOCARP International Congress capturado online em 11/04/2012 de <http://www.isocarp.net/Data/case_studies/1987.pdf>.

[4] BUENO. L.M.M. (2008) Reflexões sobre o futuro da sustentabilidade urbana com base em um enfoque socioambiental. Cadernos Metrópole 19