As Mulheres Durante o Holocausto

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1.Wendy Lower As Mulheres do Nazismo . pdf - LIVROS - Documentos ... minhateca.com.br/.../Wendy+Lower+- +As+Mulheres+do+Nazismo,38165892 .pdf 1.Baixar Livro A Triologia – Wendy Lower em PDF , ePub ou mobi | Le ... lelivros.link/.../download-a-triologia-wendy-lower-em-epub- mobi-e-pdf/ 1. As Mulheres Do Nazismo - Wendy Lower - Scribd https://pt.scribd.com/.../ As-Mulheres-Do-Nazismo -Wendy-Lower o Em cache 23 jun. 2014 ... AS MULHERES DO NAZISMO Tradução de Ângela Lobo. Para minhas avós, Nancy Morgan e Virginia Williamson, minha mãe, Mary Suzanne ... 1.O LADO SUJO DO FUTEBOL . pdf - FUTEBOL - Galeria - licolucas ... minhateca.com.br/.../FUTEBOL/O+LADO+SUJO+DO+FUTEBOL, 164759940.pdf As Mulheres durante o Holocausto Anne Frank com 11 anos de idade, dois anos antes de se esconder dos nazistas. Foto tirada em Amsterdã, Holanda, 1940. O regime nazista condenou à perseguição e à morte todos os judeus, homens e mulheres, sem distinção. O regime nazista freqüentemente submetia as mulheres, judias e não judias, a brutais perseguições que, na maioria das vezes, estavam estritamente relacionadas ao sexo das vítimas. A ideologia nazista também canalizou seu ódio em mulheres ciganas, soviéticas, polonesas, e portadoras de deficiências que viviam institucionalizadas. Alguns campos eram destinados apenas a mulheres, e outros tinham dentro das suas instalações áreas especialmente designadas para as prisioneiras. Em maio de 1939, as SS inauguraram Ravensbrück, o maior campo de concentração nazista para aprisionamento de mulheres. Até a libertação deste campo pelas tropas soviéticas, em 1945, estima-se que mais de 100.000 mulheres haviam sido lá encarceradas. Em 1942, as autoridades das SS construíram um complexo no campo de

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o Em cache 23 jun. 2014 ... AS MULHERES DO NAZISMO Tradução de Ângela Lobo. Para minhas avós, Nancy Morgan e Virginia Williamson, minha mãe, Mary Suzanne ...

1. O LADO SUJO DO FUTEBOL . pdf - FUTEBOL - Galeria - licolucas ... minhateca.com.br/.../FUTEBOL/O+LADO+SUJO+DO+FUTEBOL, 164759940.pdf As Mulheres durante o HolocaustoAnne Frank com 11 anos de idade, dois anos antes de se esconder dos nazistas. Foto tirada em Amsterdã, Holanda, 1940.O regime nazista condenou à perseguição e à morte todos os judeus, homens e mulheres, sem distinção. O regime nazista freqüentemente submetia as mulheres, judias e não judias, a brutais perseguições que, na maioria das vezes, estavam estritamente relacionadas ao sexo das vítimas. A ideologia nazista também canalizou seu ódio em mulheres ciganas, soviéticas, polonesas, e portadoras de deficiências que viviam institucionalizadas.Alguns campos eram destinados apenas a mulheres, e outros tinham dentro das suas instalações áreas especialmente designadas para as prisioneiras. Em maio de 1939, as SS inauguraram Ravensbrück, o maior campo de concentração nazista para aprisionamento de mulheres. Até a libertação deste campo pelas tropas soviéticas, em 1945, estima-se que mais de 100.000 mulheres haviam sido lá encarceradas. Em 1942, as autoridades das SS construíram um complexo no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (também conhecido como Auschwitz II) destinado a servir como como campo de prisioneiras, e entre as primeiras delas estavam as que as SS haviam transferido de Ravensbrück. Em Bergen-Belsen, no ano de 1944, as autoridades do campo construíram uma extensão feminina e, durante o último ano da Segunda Guerra Mundial, as SS para lá transferiram milhares de prisioneiras judias de Ravensbrück e Auschwitz.Os alemães e seus colaboradores não poupavam nem as mulheres nem as crianças quando conduziam suas operações de assassinato em massa. A ideologia nazista apregoava o extermínio completo dos judeus, sem levar em consideração idade ou gênero. As SS e os agentes policiais colaboracionistas executaram esta política sob o código "Solução Final" e, em centenas de localidades do território soviético ocupado, homens e mulheres foram massacrados durante as operações de fuzilamento em massa. Durante as deportações, as mulheres grávidas e as mães com crianças de colo eram sistematicamente classificadas como "incapacitadas para o trabalho", sendo prontamente enviadas para os centros-de-extermínio, onde os oficiais geralmente as incluíam nas primeiras fileiras de prisioneiros a serem enviados para as câmaras de gás.As judias ortodoxas, acompanhadas por crianças, eram especialmente vulneráveis, já que era mais fácil reconhecê-las pelos modestos trajes religiosos que usavam, o que as tornava facilmente identificáveis. Elas também eram as vítimas favoritas de atos de sadismo durante

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os massacres. O grande número de filhos nas famílias ortodoxas também transformava as mulheres destas famílias em alvos especiais da ideologia nazista.As mulheres não-judias eram igualmente vulneráveis. Os nazistas cometeram extermínios em massa de mulheres ciganas no campo de concentração de Auschwitz; mataram mulheres portadoras de deficiências físicas e mentais nas chamadas operações de eutanásia T-4 e em outras similares; e também massacraram as que acusavam de serem partisans em muitas aldeias soviéticas entre 1943-1944.Nos guetos e campos de concentração as autoridades alemãs colocavam as mulheres para trabalhar sob tais condições que não raro elas morriam enquanto executavam suas tarefas. As judias e ciganas eram sadicamente usadas pelos “médicos” e pesquisadores alemães como cobaias em experimentos de esterilização, e outras “pesquisas” cruéis e antiéticas. Nos campos e nos guetos as mulheres eram particularmente vulneráveis a espancamentos e estupros. As judias grávidas tentavam esconder a gravidez para não serem forçadas a abortar. As mulheres deportadas da Polônia e da União Soviética para fazerem trabalhos forçados eram sistematicamente espancadas, estupradas, ou forçadas a manter relações sexuais com alemães em troca de comida e outras necessidades básicas. Muitas vezes, as relações sexuais forçadas entre as trabalhadoras escravas oriundas da Iugoslávia, União Soviética ou Polônia, e homens alemães resultavam em gravidez, e se os "especialistas em raça" determinassem que a criança a nascer não possuía "genes arianos" suficientes, as mães eram forçadas a abortar, ou eram enviadas para darem à luz em maternidades improvisadas, onde as péssimas condições de higiene garantiriam a morte do recém-nascido. Outras eram expulsas para suas regiões de origem sem nenhuma comida, roupa, ou cuidados médicos.Muitos grupos informais de "assistência mútua" foram criados dentro dos campos de concentração pelas próprias prisioneiras, as quais garantiam sua sobrevivência compartilhando informações, comida e roupas. Em geral, os membros destes grupos vinham da mesma cidade ou província, tinham o mesmo nível educacional, ou possuíam laços de família entre si. Outras sobreviveram porque as autoridades das SS as colocavam para trabalhar no conserto de roupas, na cozinha, lavanderia e na faxina.As mulheres tiveram papel importante em várias atividades da resistência ao nazismo. Este foi o caso das mulheres que, previamente à guerra, eram membros de movimentos juvenis socialistas, comunistas ou sionistas. Na Polônia, as mulheres serviam como mensageiras que levavam informações para os guetos. Muitas mulheres conseguiram escapar escondendo-se nas florestas no leste da Polônia e da União Soviética, e servindo nas unidades armadas dos partisans. Na resistência francesa, da qual muitas judias participaram, a atuação das mulheres não foi menos importante. Sophie Scholl, uma estudante alemã da universidade de Munique, e membro do grupo de resistência White Rose, foi presa e executada em fevereiro de 1943 por divulgar propaganda antinazista. Algumas mulheres lideraram ou integraram organizações de resistência dentro dos guetos. Entre elas estava Haika Grosman, de Bialystok. Outras se engajaram na resistência dentro dos próprios campos de concentração, como em Auschwitz I, onde cinco judias que haviam sido colocadas para trabalhar na separação de munição na fábrica “Vistula-Union-Metal”--Ala Gertner, Regina Safirsztajn (também conhecida como Safir), Ester Wajcblum, Roza Robota, e uma mulher não identificada, possivelmente Fejga Segal—forneceram a pólvora que foi usada para explodir uma câmara de gás e matar vários homens das SS durante um levante de membros do Sonderkommando (Grupo Especial) judeu naquele campo, em de outubro de 1944.Outras mulheres participaram ativamente das operações de resgate e socorro aos judeus na parte da Europa ocupada pelos alemães. Entre elas estavam as judias Hannah Szenes, pára-quedista, e a ativista sionista, Gisi Fleischmann: Szenes, que vivia na área do Mandato

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Britânico na Palestina, saltou de pára-quedas na Hungria, em 1944, para ajudar os judeus, mas terminou sendo barbaramente torturada pelos alemães; e Fleischmann era a líder do grupo ativista Pracovna Skupina, Grupo de Trabalho, que operava dentro do Conselho Judaico de Bratislava, e que tentou deter a deportação de judeus da Eslováquia.Milhões de mulheres foram perseguidas e assassinadas durante o Holocausto. No entanto, para todos os efeitos, foi o enquadramento na hierarquia racista do nazismo ou a postura religiosa ou política dessas mulheres que as tornaram alvos, e não o seu sexo.

A serviço do nazismoRIO - Liesel Wilhaus era a ambiciosa filha de um comerciante de Saarland, no Sudoeste da Alemanha. Em 1942, ela finalmente teve a oportunidade de deixar a classe trabalhadora. Seu marido, Gustav Wilhaus, assumiu o comando do campo de concentração de Janowska, na Polônia. Liesel ocupou-se em reformar o casarão onde foram morar. Na varanda recém-construída no segundo andar, começou a praticar um “esporte”: testava sua pontaria com um rifle, matando os judeus que passavam pelo quintal. A filha Heike, ainda criança, era sua maior admiradora. Liesel é só um exemplo de um capítulo ainda pouco estudado da História do nazismo: a participação das mulheres no regime de Hitler.Testemunhas, cúmplices e assassinas eram regidas pela mesma ideologia. Deveriam aceitar a superioridade masculina, manifestar devoção cega e pôr o corpo à disposição do Reich. O direito delas ao voto foi cassado ainda em 1933, ano em que Hitler chegou ao poder, mas não houve qualquer protesto — o inimigo não era o novo governo, mas a ameaça de que uma suposta igualdade entre homens e mulheres levasse ao bolchevismo.— O movimento nazista iria “emancipar a mulher da emancipação feminina” — descreve a historiadora americana Wendy Lower, consultora do Memorial do Holocausto dos EUA e autora do livro “As mulheres do nazismo” (Ed. Rocco), que será lançado na semana que vem. — A propaganda se destinava a trazer de volta as mulheres aos domínios privados de Kinder, Kücher e Kirche, ou seja, crianças, cozinha e igreja.A formação escolar foi obscurecida em nome de outras prioridades. O treinamento físico da Liga de Meninas, que incluía marchas e exercícios de tiro, eram mais importantes do que disciplinas tradicionais. Os livros foram trocados por panfletos sobre como escolher um marido. A primeira pergunta ao possível parceiro era “Qual é a sua origem racial?”.A maior contribuição feminina ao Reich era a maternidade. Hitler chegou a declarar que a mãe de seis filhos era mais importante do que uma advogada.— Nunca antes as mães alemãs tiveram tamanho reconhecimento e status de celebridades, em cerimônias em que mães de mais de quatro filhos eram agraciadas com a Cruz de Honra — lembra Wendy, referindo-se a uma das maiores condecorações do país.A reprodução, porém, tinha suas ressalvas. As mulheres não podiam se casar com judeus, nem criar filhos com alguma doença considerada genética. Neste caso, eram pressionadas a entregar os filhos a supostas clínicas pediátricas, onde eram mortos. Este foi o destino de pelo menos 8 mil crianças na Alemanha e na Áustria.REFÉNS DAS PARTEIRAS

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Entre as profissões de maior expansão na época estavam as de parteira e de cuidadora de crianças. Ambas tinham grande poder sobre as mães. Denunciavam o nascimento de bebês de raça não ariana — o que poderia levar à esterilização da mulher — e, baseadas em árvores genealógicas, nas feições faciais e no formato da cabeça, identificavam crianças “sub-humanas”.— Namorar um judeu ou um cigano significava contribuir para a degeneração da raça ariana — explica Estevão Martins, professor do Departamento de História e Relações Internacionais da UnB. — Era uma falha tão grande que a mulher era obrigada a passar por um programa de doutrinação.Com a partida dos soldados para o front, a maquinaria burocrática foi assumida pelas mulheres. Secretárias e datilógrafas passavam ordens de oficiais às linhas de frente da batalha, contribuindo indiretamente para o desempenho alemão na guerra e para o Holocausto. Outras, atraídas pela imponência do uniforme militar e por um salário relativamente generoso, assumiram modestas funções nos campos de concentração — até o fim da guerra, as posições de comando sempre foram exercidas por homens.Uma das mulheres que mais se dedicaram à matança de judeus foi Johanna Altvaver, de 22 anos, que trabalhou entre 1941 e 1943 em um gueto próximo à cidade de Volodymyr-Volynsky, na fronteira da Ucrânia com a Polônia. Seu alvo preferido eram as crianças. Altvaver costumava atraí-las com doces. Quando elas se aproximavam, a alemã atirava na boca da criança com sua pistola de prata.Em um rompante de raiva, invadiu o prédio que servia de hospital do gueto e, no terceiro andar, onde funcionava a enfermaria infantil, atirou diversas crianças da sacada. Aquelas que sobreviveram à queda foram levadas para um caminhão e, dali, teriam sido jogadas em valas comuns na periferia da cidade.Natural de Hamburgo, Vera Wohlauf não precisou vestir uma farda para extravasar seu sadismo. Seu marido, Julius Wohlauf, oficial da SS, o serviço secreto alemão, foi escalado para comandar, entre 25 e 26 de agosto de 1942, a deportação de 11 mil judeus do gueto polonês de Miedzyrzec-Podlaski. Vera, que estaria grávida, deveria contentar-se em assistir ao massacre. Em vez disso, surpreendeu os outros militares ao circular entre os judeus e chicoteá-los. Depois, quando a perguntaram sobre a morte de quase mil pessoas, ela descreveu o episódio como um “assentamento pacífico, quase idílico para um campo de trabalho do Leste”.Longe da burocracia e dos guetos, poucas figuras femininas se destacaram no nazismo. A última secretária pessoal de Hitler, Traudl Junge, escreveu sua autobiografia em 2002, em que alegou desconhecer as barbaridades idealizadas pelo líder nazista.O relacionamento de Hitler com sua amante, Eva Braun, é enigmático. Eles nunca foram vistos juntos em público e o povo alemão só soube do caso anos após a morte dos dois.Para Ana Maria Dietrich, autora do livro “Caça às suásticas” (Ed. Imprensa Oficial), a liderança do Führer provocou a admiração de outras mulheres.

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— Acredito que a figura de Hitler possa ter sido sensualizada pelas mulheres — avalia. — Até hoje mistérios como a sua relação com Eva Braun ajudam a manter esse interesse feminino pelo Führer. AS MULHERES DO ESCOMBROApós a guerra, a maioria das mulheres envolvidas com o Reich reconstruiu tranquilamente as suas vidas. Os tribunais de desnazificação — que investigavam os crimes cometidos durante a ditadura de Hitler — concluíram que as mulheres, por ocuparem cargos de baixo escalão na burocracia estatal, não eram uma ameaça à sociedade alemã. De fato, a “mulher do escombro”, aquela que varre as cidades destruídas, tornou-se o símbolo da reconstrução do país. Elas recuperaram seu direito de votar em 1949.Publicidade— A Alemanha estava de joelhos, sem horizonte diante de uma ideologia fracassada — conta Martins. — A luta pela sobrevivência era permanentemente renovada. Todos deveriam trabalhar, reconstruir a partir das ruínas.— O suporte da mulher a feridos e prisioneiros na guerra mostrou como ela não deveria se restringir ao lar — ressalta Ana Maria.As alemãs que passaram pelos tribunais eram julgadas quase aleatoriamente. Dependendo de sua reação às acusações, poderiam ser chamadas de monstruosas ou inocentes. Muitas que fugiram da Alemanha foram forçadas a voltar ao país, mesmo já idosas. Outras envolvidas diretamente com os crimes escaparam porque mesmo o Judiciário estava repleto de ex-nazistas. Foi o ponto final de uma era caótica em que as mulheres foram convencidas de que até a maternidade deveria estar sob a égide do Estado.

Livro revela horrores sobre bordéis em campos de concentração na Alemanha nazistaEmbora não muito conhecido, nunca foi realmente um segredo o fato de que os nazistas mantinham bordéis em campos de concentração. Um pesquisador alemão reuniu informações sobre o assunto e publicou um livro a respeito. Das KZ Bordell (O bordel do campo de concentração) vem sendo festejado como o primeiro relato detalhado acerca de um capítulo pouco conhecido da história do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. O volume de 460 páginas, de autoria de Robert Sommer, é resultado de uma pesquisa minuciosa sobre todos os 10 ex-campos de concentração onde os nazistas mantiveram bordéis entre os anos de 1942 e 1945.O livro é baseado em numerosas entrevistas com pequenos grupos de sobreviventes. De acordo com Sommer, os oficiais da SS eram convencidos de que os trabalhadores forçados se empenhariam mais se lhes fosse prometida a possibilidade de fazer sexo. "As mulheres que eram recrutadas para esses bordéis vinham em sua maioria dos campos de concentração de Ravensbrück e Auschwitz", diz

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Sommer. Segundo o pesquisador, aproximadamente 70% destas mulheres eram alemãs. As demais vinham da Ucrânia, Polônia e Belarus."Indesejáveis" socialmenteDepois de um no campo austríaco de Mauthausen, em 1942, a SS abriu mais 10 bordéis, sendo o maior deles em Auschwitz (hoje Oswiecim, na Polônia), onde trabalhavam cerca de 21 prisioneiras. O último bordel foi aberto no início de 1945, ano em que a guerra chegou ao fim. Sommer estima em 200 o total de prisioneiras forçadas a trabalhar em bordéis, inicialmente atraídas pela perspectiva de escaparem das brutalidades dos campos de concentração. A promessa de liberdade, no entanto, nunca era cumprida, revela Sommer. Auschwitz (foto) e Ravensbrück: recrutamento de prisioneiras obrigadas a se prostituírem"A grande maioria destas prisioneiras forçadas a se prostituírem nos campos de concentração eram mulheres rotuladas pelos nazistas de 'socialmente indesejáveis' ou 'antissociais'. Mas não havia nenhuma judia entre elas e nenhum judeu era admitido entre os frequentadores destes bordéis", explica o pesquisador. Os prisioneiros de guerra soviéticos também não tinham permissão para entrar nesses bordéis. Dezenas de milhares de soldados capturados, prisioneiros políticos e pessoas consideradas indesejáveis pelos nazistas – incluindo aquelas da etnia rom e os homossexuais – eram mantidos nos campos de concentração ao lado dos milhões de judeus que morreram no Holocausto.Assunto continuou tabuInsa Eschebach, diretora do Memorial Ravesbrück, que funciona nas instalações do então campo de concentração, situado no estado de Brandemburgo, diz que o tema "prostituição forçada" foi evitado por décadas, como se não houvesse ninguém capaz de falar ao mesmo tempo de sexo e campos de concentração. "Há certamente uma imagem positiva dos prisioneiros de campos de concentração, vistos desta mesma forma tanto na então Alemanha Oriental quanto na então Alemanha Ocidental. O assunto da prostituição forçada dentro dos campos de concentração tende a destruir essa imagem positiva", observa Eschebach. "Os prisioneiros dos campos sempre foram vistos como – e eram de fato – vítimas. Mas naquela situação especial, os prisioneiros do sexo masculino poderiam, de repente, se transformar em delinquentes", acrescenta ela. Dificuldade de obter informaçãoPrisioneiros: debilitados e sem condições de frequentar bordéisSommer comenta que obter informações de primeira mão sobre esse capítulo pouco conhecido da história da Alemanha nazista continua sendo extremamente difícil. "Por um lado, a maioria das mulheres que eram recrutadas para os bordéis nunca se livraram do estigma de serem consideradas antissociais e, por isso, não gostam de falar a respeito daquilo que vivenciaram. Há de se ressaltar que nenhuma delas recebeu, algum dia, qualquer ressarcimento pelo sofrimento por que passou depois da guerra", observa

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Sommer. Além disso, tanto Sommer quanto Eschebach acentuam que o assunto "bordéis em campos de concentração" veio sendo mantido como um tabu por várias décadas. "O tema 'bordéis e sexualidade' não combina com a imagem daquilo que os campos de concentração nazistas sempre simbolizaram para o público. Há necessidade de muitas explicações para colocar as coisas no contexto certo. E somente poucas pessoas, até hoje, tentaram fazer isso", diz Sommer.O pesquisador diz que, enquanto a ideia por trás dos bordéis era a de aumentar a produtividade através de incentivos para os prisioneiros, essa estratégia nunca realmente funcionou. Segundo ele, poucos eram os prisioneiros que ainda estavam em boas condições físicas para ficarem frequentando bordéis.A publicação do livro de Sommer coincide com uma exposição que passa por diversas cidades alemãs e trata da prostituição forçada nos campos de concentração durante o nazismo.RESENHA: As mulheres do nazismo, de Wendy Lower Nos últimos anos, uma nova leva de estudos mostrou o sofrimento que Hitler impingiu aos seus próprios alemães arianos, no final da guerra. À medida em que os soviéticos avançavam em direção a Berlim (e mesmo depois de seu término, como conta Tony Judt no seu extraordinário Pós-Guerra), ondas de estupros coletivos e assassinatos indiscriminados alcançavam alemãs de todas as idades - dos 3 aos 80... Acertos de contas entre invadidos recém-libertados e invasores que não tiveram como voltar para a Alemanha.Lançado recentemente pela editora Rocco, As mulheres do nazismo, de Wendy Lower, não nega nem relativiza esses dados. Apenas afirma que, de um modo geral, as mulheres alemãs se dedicaram com afinco no projeto nazista de expansão para o leste e criação de uma geração de arianos aperfeiçoados. Nada, também, que não se soubesse. A diferença é que a autora mostra como esse comportamento nada teve de apolítico, e sim parte fundamental para a implantação da Grande Alemanha.  Não se tratava de mulheres que iam, heroica e estoicamente, para o leste, criando seus arianos enquanto os maridos se dedicavam à conquista do território. Motivadas pelas mais variadas razões: ambição, busca por marido, aventura etc, mais de 500 mil mulheres atenderam à ordem de Hitler para a colonização ariana de áreas principalmente na Polônia e na Ucrânia, cientes de que possuiam uma missão a cumprir.Muitas chegavam com funções definidas: secretárias, professoras, enfermeiras. Participavam de toda a engrenagem nazista. Com variados graus de responsabilidade, estavam lá para trabalhar para o Reich. Lower se dedica especialmente às enfermeiras - "Dentre todas as profissionais femininas, ela foi a mais mortal", lembrando-nos que sua ação começou na própria Alemanha, bem antes da guerra: os bebês deformados e adolescentes inválido, que receberam doses cavalares de barbitúricos, injeções de morfina, além de serem privados de água e comida. A eutanásia era essencial para a formação de uma raça biologicamente superior. A eles, somam-se os fuzilamentos de pacientes psiquiátricos. Mas havia uma outra "categoria". As esposas dos homens da SS não tinham qualquer função direta na divisão do trabalho que possibilitou o Holocausto. E, no entanto, a proximidade com os assassinos e o fanatismo ideológico fez de muitas delas verdadeiras máquinas de matar. O caso mais emblemático, talvez, seja o de Vera Wohlauf, grávida e esposa do capitão Julius. Os Wohlauf passaram sua lua de mel em cenários de guetos, execuções em massa e deportações. No dia 25

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de agosto de 1942, o capitão deveria comanda uma companhia na liquidação do gueto de Miedzyrzec-Podlaski, mas estava atrasado, por alguma razão. 11 mil judeus estavam reunidos no mercado; os que resistiam à deportação eram espancados e mortos a tiro, quase mil corpos ficaram empilhados nas ruas, cerca de 60 vagões, cada um com cerca de 140 judeus, foram utilizados para levá-los a Treblinka. Vera sabia que o marido estava atrasado e foi ao mercado. Ficou circulando por lá, brandindo um chicote e humilhando as vitimas. Curiosamente, seu comportamento foi criticado pelos próprios alemães: Vera cruzou, por vontade própria, uma linha de divisão dos papeis no Reich. Ela deveria se restringi ao papel de grávida. Mas estava longe de se tornar um caso único. A mulher do comandante do campo de Jaktorow, na Ucrâna, era sempre vista com seu pastor alemão. Ela se divertia mandando-o atacar as crianças judias que trabalhavam no jardim do campo.A autora é enfática - esse é, diga-se, seu ponto principal: nenhuma delas era obrigada a matar. Recusar-se a matar judeus não lhes impunha nenhuma punição. Desde que, claro, não se metessem a salvá-los - Lower traz alguns casos em que os tribunais alemães se mostraram implacáveis com tal conduta. E termina com a investigação do que aconteceu a estas mulheres no pós-guerra, quando a maioria voltou à vida civil (a última frase: "O que aconteceu com elas? A resposta mais curta é que a maioria se deu bem", diz bastante).A obra foi recebida com críticas, tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra. Muitos questionam a representatividade do universo por ela tratado (são treze mulheres individualmente estudadas); outros, de que seu texto é superficial, sem maiores incursões nos estudos anteriores sobre o tema.Uma última observação: a edição brasileira, ao optar pelas "mulheres do nazismo", abriu mão do título original - "Hitler's furies", as Fúrias de Hitler. Poderia tê-lo mantido. As Fúrias habitavam o Tártaro e perseguiam até o Hades as almas pecadoras... nem morto o sujeito ficava em paz.