As Origens do Estado Providência em Portugal: as novas fronteiras entre público e privado Artigo...

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As Origens do Estado As Origens do Estado Providência em Portugal: Providência em Portugal: as novas fronteiras as novas fronteiras entre público e privado entre público e privado Artigo de: Miriam Halpern Pereira Ler História, 37 (1999), 45-61 Discentes: Hugo Luz Francisca Assis Teixeira Inês Pinto

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As Origens do Estado As Origens do Estado Providência em Portugal: Providência em Portugal: as novas fronteiras entre as novas fronteiras entre

público e privadopúblico e privadoArtigo de: Miriam Halpern Pereira

Ler História, 37 (1999), 45-61

Discentes:Hugo LuzFrancisca Assis TeixeiraInês Pinto

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Espaço temporal 3 décadas do Séc.XX

Estado Providência Questionado

Razão Alternativas

Surgimento

Vontade Educação e Formação profissional

Movimento não unicamente operário

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Onde surge

Alemanha Bismarck

Polémica Defensores dos seguros sociais obrigatórios vs partidários da escolha individual

Difusão da ideia na Europa entre 1911 e 1920

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Percurso

Antes

Associações Mutualistas

Agora

Integradas

Necessidade de intervenção Estatal

Paternalismo Patronal

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Esping Andersen – “Desmercantilização”

Definição de Estado Providência

“(…)não se confunde nem com estado social tradicional nem com Estado Higienista, com os quais coexiste e são ambos importantes em Portugal.” Pereira,p.47

Não é serviço de assistência social.

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Diferenças: segurança social/ Estado Providência

Richard Titmuss

Segurança social desprovidos de meios próprios

Estado providência objectivo uma sociedade socialmente mais equilibrada.

Pontos de acção:

Viabilizar o acesso a diferentes serviços, especialmente socorro na doença e assistência médica.

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Diferenças Estado Higienista/ Estado providência

Pierre Rosanvallon

Estado HigienistaCondições e aspectos da vida humana adquirem

interesse público.

Estado ProvidênciaAs formas de solidariedade adoptadas são ditadas

por considerações de justiça e pela intenção de implementar uma redistribuição da riqueza.

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Caso português

Séc.XIX O que existia Seguros de mercadorias e objectos

Corporações, irmandades do oficio, misericórdias…

Surgem as associações mutualistasProblemas destas associações: limites financeiros e irregularidade

na distribuição territorial.

1906 – Proposta de obrigatoriedade de um seguro social apenas na área dos acidentes de trabalho.

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Acidentes de trabalhoProblemas:

- Com a Definição de fronteiras entre o domínio privado e o domínio público.- Séc.XIX – consideradas do âmbito privado – das empresas – logo encerradas no Código civil.- Com a atribuição da responsabilidade do acidente (se de patrão se de empregado), foi potenciado pelas novas tecnologias.

O que o seguro social veio garantir- A indemnização ao trabalhador.

1911 – Aprovada em concelho mutualista

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Processo de promulgação da lei: Lento

Posição das partes:

A favor

Os que haviam prometidos a lei aquando da luta contra a monarquia, considerando as associações mutualistas e a protecção patronal demasiadamente avulsas e com uma cobertura limitada do território.

Concordância mas com proposta de alteração

Queriam um alargamento da abrangência da lei a:◦ Trabalhadores agrícolas◦ Empregados do comércio◦ Marítimos

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Francisco Cruz necessidade de se distinguir bons e maus trabalhadores.

Ponto problemático: Defensores da obrigatoriedade dos seguros sociais vs partidários da liberdade e da escolha individual.

Fernão Botto Machado - propondo o alargamento: à velhice; à doença; ao desemprego.

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Os contra

Os que discordando só pretendem protelar a promulgação da lei.Argumento: financiamento de estado aplicado

Patronato industrial representada pela Associação Industrial de Lisboa

Fins de 1912 - foi aprovada em Parlamento.

Criado o Instituto de Seguros Sociais Obrigatórios e Previdência Geral criado

I Guerra Mundial mudança de atitudes

1º ano pós-guerra – grande agitação social e politica. Pacote de leis sociais: lei dos seguros sociais ofuscada pela lei das 8 horas de trabalho

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Teve consequências futuras Fomentou o acesso à cultura e à alfabetização

Projecto teve 2 faces

Excepções de aplicação do seguro: - Trabalho pesado em minas - Transportes. - Industrias que usam matérias primas perigosas.

Âmbito Provado:•Mutualismo•Paternalismo Patronal

Âmbito Público:Seguro obrigatório sob tutela do Estado.

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Autora motivo forte para fracasso A inflação pós-guerra que desactualizara o escalão que limitava a inscrição.

1920 - salário máximo dos beneficiários de 900$00 para 1000$00.

Salários aumentos de 1000 e 1500% impossível ajustamento.

1925/26 alguma estabilidade que permitiu fixar o limite máximo do universo dos beneficiários em 6.000$00.

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Em resumo em 1919 era 900$ em 1928 já era 9.000$

Onde resultou?

Desastres de trabalho. Outros seguros apenas o movimento mutualista voluntário

funcionou.

1928 Salazar toma posse ministério da finanças do qual dependia o Instituto Nacional de Seguros Obrigatórios e Previdência. Salazar suspende os diplomas por considerar demasiado estatizantes e desagradarem às companhias de seguros.

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Criação de um Estado corporativo remeteu de novo esta área ao domínio privado, sendo os patrões e empregados quem tomava a iniciativa.

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Pós-Primeira Guerra MundialPós-Primeira Guerra Mundial

InflaçãoCrise económica e financeiraAgitação social e políticaRelatório de Beveridge (1942)

Novo intervencionismo

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Caso português

Salazar ministro das finanças em 1928.Estado-Novo Corporativismo Antiliberalismo Forte intervencionismo

Revolução de 25 de Abril de 1974 – democracia.

Estado-Providência

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Tese de Gosta Esping-AndersenTese de Gosta Esping-Andersen

Tipologia dos Estados-Providência: O autor considera que os regimes de Bem-Estar das

sociedades avançadas partilham algumas características/indicadores, podendo ser agrupados em três categorias:

Liberal ou Anglo-Saxónico

Social Democrata ou Escandinavo

Corporativista ou Continental

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Estado-Providência Liberal ou Anglo-SaxónicoEstado-Providência Liberal ou Anglo-Saxónico preferência pelo mercado e algumas formas de assistência pública,

alguns planos de seguros obrigatórios modestos.

o Estado encoraja o mercado:◦ de forma passiva – garantindo um mínimo;◦ de forma activa – subsidiando esquemas/sistemas privados de

protecção social.

nível de “desmercadorização” bastante baixo.

medidas de protecção social (assistência pública) destinadas a um número reduzido de indivíduos (os que não têm capacidade de recorrer ao mercado para obter os recursos de que necessitam)

ideologia liberal:◦ “individualismo competitivo”;◦ ética do trabalho – cada um esforça-se por alcançar um

determinado conjunto de bens com base no seu esforço/mérito;◦ estigmatização das categorias que dependem da assistência

pública

Exemplos: EUA; Canadá e Austrália.

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Estado-Providência Social Democrata ou Estado-Providência Social Democrata ou EscandinavoEscandinavo

sistema universalista:◦ direitos atribuídos a todos os cidadãos;◦ a todos é garantida uma protecção social (maximalista) numa

base igualitária.

nível mais elevado de “desmercadorização”: ainda assim, esta é parcial, sendo necessário que os indivíduos complementem os esquemas de protecção social (ex. seguros privados). O facto de uns conseguirem e outros não dá lugar à estratificação.

característico dos países em que a social-democracia é a força política dominante

Exemplos: Alemanha; Países Escandinavos.

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Estado-Providência Corporativista ou Estado-Providência Corporativista ou ContinentalContinentalEstados caracterizados pela presença forte:

◦ da família◦ da igreja◦ do estado (autoritário)

existência/aplicação do princípio da subsidiariedade.

não se acredita tanto no mercado (sistemas privados) – apelo, antes, ao papel das organizações de grupo (comunitárias, mutualistas, da igreja, etc.).◦ ou seja, não são instituições estatais, nem de mercado

que fornecem a protecção social, mas sim organizações/instituições corporativistas (de grupo).

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Estado-Providência Corporativista ou Estado-Providência Corporativista ou Continental Continental (cont.)(cont.)

sistema menos redistributivo

preservam-se as diferenças de “status”; os direitos estão associados à classe e ao “status”

modelo característico de países conservadores e fortemente “corporativistas”

Exemplos: Portugal, Espanha, Grécia e Itália.

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Em resumo

Génese do Estado Providência

vontade de fundir as tradições antigas de inter-ajuda.

De ambos os lados se manifestou vontade

Caso português foi mal sucedido Estado queria alargar essa tradição mas sem investir (ao contrario de Inglaterra).

Momento de tumultos financeiros Complicou.

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Inicio da ditadura fim da relação democrática que o seguro social obrigatório detinha

Portugal três modelos de Estado providencia definidos por Gota Esping:

1919-20 – Estado Providência Liberal

Dos anos 30-40 até 1974 – Estado corporativo e conservador

A partir de 1974 – Aproximação ao regime social-democrata - principio de universalismo – abrangência das classes médias. Procurou promover a igualdade