As Palhaçadas de Biu

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As Palhaçadas de Biu No sertão Pernambucano no interior do estado distante d´uma cidade um velho remediado tinha uma fazendola vivia ali descansado. Chamava-se Zé Gibão esse velho fazendeiro tinha um filho somente e esse ainda solteiro foi o maior caipora que houve no mundo inteiro. Biu enquanto foi menino numa escola aprendia era muito inteligente mas sempre sempre sofria devido o seu caiporismo apanhava todo dia. Sempre lhe acontecia na escola uma moleza virava ali um tinteiro borrava os livros da mesa era uma surra de "bolo" que levava com certeza. Quando nada acontecia devido a moleza dele era um se levantar e o banco cair com ele além da queda a vaia só botavam a culpa nele. Antes mesmo ele aprendeu, ler, escrever e contar depois deixou a escola pra não morrer de apanhar já estava rapaz feito só pensava em se casar. Biu sabia muito ler mas era muito acanhado se via moça de perto ficava encabulado baixava a vista e ficava muito tempo ali calado. Por tanto o saber de Biu de quase nada servia não queria trabalhar não comprava nem vendia como era filho único o pai não o aborrecia. Um dia Biu disse ao pai: "Eu... sô um menino sortêro mai minha vida é iguá

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As Palhaadas de Biu

No serto Pernambucanono interior do estadodistante duma cidadeum velho remediadotinha uma fazendolavivia ali descansado.

Chamava-se Z Giboesse velho fazendeirotinha um filho somentee esse ainda solteirofoi o maior caiporaque houve no mundo inteiro.

Biu enquanto foi meninonuma escola aprendiaera muito inteligentemas sempre sempre sofriadevido o seu caiporismoapanhava todo dia.

Sempre lhe aconteciana escola uma molezavirava ali um tinteiroborrava os livros da mesaera uma surra de "bolo"que levava com certeza.

Quando nada aconteciadevido a moleza deleera um se levantare o banco cair com elealm da queda a vaias botavam a culpa nele.

Antes mesmo ele aprendeu,ler, escrever e contardepois deixou a escolapra no morrer de apanharj estava rapaz feitos pensava em se casar.

Biu sabia muito lermas era muito acanhadose via moa de pertoficava encabuladobaixava a vista e ficavamuito tempo ali calado.

Por tanto o saber de Biude quase nada serviano queria trabalharno comprava nem vendiacomo era filho nicoo pai no o aborrecia.

Um dia Biu disse ao pai:"Eu... s um menino sortromai minha vida igua de um prisionrov invent um negoopra tomm ganha dinhro.

O velho disse: " verdadeeu sempre tenho dizidoqui voc m fio um tanto esmurecidonum si fio de pai pobetem idade e soi sabido."

Biu disse: "Eu tenho vontadede cort carne na fra"disse o velho: "pi entomate a vaca lavandraleve pra cidade e venda negoo de premra".

Na quinta-feira seguintelogo cedo combinarampegaram a dita vacano mesmo instante mataramfizeram a carne em mantasdepois de seca emalaram.

Biu junto com um portadorsaram de madrugadauma gua com a cargae Biu em outra seladaquando chegaram na ruaa feira estava trancada.

Quando chegaram na feiraembora com pouco jeitoarranjaram uma tordaBiu ficou bem satisfeitoficando mesmo de frenteao sobrado do Prefeito.

Depois Biu casualmenteolhando para as janelasdo sobrado do Prefeitoviu trs moas muito belaspassou o dia entretidosomente a olhar pra elas.

As moas passaram o diana varanda do sobradodestraindo com a feiraBiu de l admiradopassou o dia e tardevendeu a carne fiado.

As trs moas na varandapassaram o dia brincandonem viram aquele "besta"que lhes estava espreitandoera Biu, o qual voltoupra casa se pabulando.

Quando Biu chegou em casao velho lhe perguntou:"Cuma te fosse de fravendeu tudo que lev?"Biu disse: "A fra foi rime a carne toda sobr.

"Cuma a fra foi rimvend a carne fiadoarrumei um casamentocum a moa do sobradoe quero qui m pai vacert o meu noivado."

O velho disse: "M fiocasamento assim num vailogo da premeira veiqui voc na rua sai?"Biu sorrindo disse ao velho:"Eu sou jeitoso m pai."

O rapaz dizendo istono mesmo instante saiuo velho olhando a velhalhe perguntou: "Voc viu?Mim diga se acha jeitonaquela histra de Biu."

A velha disse: "Eu sei de ltudo pode acontecgente moa o futese lembra o qui fei vocdo mermo jeito seu fio."Disse o velho: "Pode s."

A velha disse: "Essas coisa mermo da mocidadee eu sendo voc ialogo amanh na cidadejust este casamento."O velho disse: " verdade."

O velho disse: " mermoapoi amenh eu vQui tudo s presta im quenteVoc agora acerte Biu voc vai tomm."Biu respondeu: "Sim senh."

No outro dia cedinhose prepararam direitovestiram roupa de mesclae botaram para-peitoselaram as bestas e sairamcada qual mais satisfeito.

Quando chegaram na ruabem de frente ao sobradoamarraram os animaisnum p de figo copadobateram palmas na portanisto saiu um criado.

O criado perguntou-lhes:- Tem negcio com o patro?"Tenho e num tenho seu moot im casa o capito?Quiria fal cum ele",disse o criado: - Pois no.

O Prefeito se achavana sala superioro criado foi entrandoe dizendo: - Senhor doutorl fora tem dois vaqueirosquerem falar com o senhor.

O Prefeito que estavabastante preocupadodisse: - Ora inda mais estano negocio com gadomas diga a eles que entrem- disse o Prefeito zangado.

O criado disse: - Entremo velho disse: "Por no"entrou um atrs do outrotudo de chapu na mocom as esporas arranhandoo mosaico do salo.

Quando chegaram na salao velho disse: "Bom diaseu maj, eu s o donoda Fazenda da Cutiae vim just o casamentodo m fio cum sua fia."

- E que casamento este?- o Prefeito perguntou,o velho disse: "Num seiota ele qui cont."Biu disse: "T p cascum a fia do sinh."

O doutor disse: - Ou Lindalva,nisso a mais velha chegou:- Ser esta a sua noiva?o Prefeito perguntou:Biu levantou a cabeae respondeu: "Nom sinh."

- Volte minha filha e mandea sua irm Conceioe esta quando chegouo pai perguntou: - Entoser esta sau rapaz?Biu olhou e disse: - No.

Volte minha filha e mandea sua irm Nazaresta chegando na saladisse: - Pronto pra que disse o doutor: - Ser esta?Biu olhou e disse: - .

- s noiva deste rapaz?perguntou o doutor ligeiroa moa lhe respondeu:- Nunca vi este vaqueiroBiu disse: "Mai eu j via sinhora um dia intro."

Biu disse: "Eu s aqueleQui onte passei o diacortano carne na frae menc cum alegrial de riba do sobradouiava eu e sirria."

"Apoi bem eu s aquelequi quando menc sirriueu balancei p seu ladoo leno qui int caiueu lhe perguntei baixinhomenc qu cas cum Biu"?

"E de tarde fui pra casacum todo contentamentopassei a noite agarradocum menc no pensamentoe agora vim pra genteacert o casamento."

O doutor fez ar de risopro rapaz e pro velhotea moa se retiroudizendo: - Que parparoteem dias de minha vidanunca vi este timote.

Disse o Prefeito: - Pois vamoscuidar dessa arrumaoe disse ao criado: - Vdiga ao tenente Jooque me mande as ordenanasporque tenho preciso.

Nisto o doutor retirou-seBiu perguntou sem consolo:"Ordenana ser sordado?"disse o velho: "Ou rapai toloqui danado de sordadoordenana num bolo."

Disse o velho: "Ele mandoufoi faz caf pra gentee mandou busc os bolona casa de seu tenente."Nisso a polcia chegouo velho disse: "Oxente!"

Disse o Prefeito aos soldados:- Os senhores sem demoraagarrem estes vaqueirose os arrastem para foradem cada um, um molhodepois mandem irem embora.

Um soldado foi ao velhotomou-lhe logo o quice o outro agarrou Biue danou-lhe um pontapBiu disse: "Ta m paicaf com bolo o que ."

Nada valeu peditriofoi couro no houve jeitoo faco falou francsfoi a torto e a direito:- Casamento bom estedizia em grito o Prefeito.

Quando a polcia soltou-oseles fizeram carreiranas bestas e onde passavamera grande a tinideiracom tanta velocidadeque s se via a poeira.

A velha estava na portacheia de contentamentofoi dizendo: "Viva os norvo"o velho neste momentopulou e disse: "gua viafala a im casamento."

"Pro caso desse poiquraapanhei qui quage morrot cum a guela roucade tanto pidir socorroeu num seio aonde qui tqui num mato esse cachorro."

"Levei tanta facozadaqui v a hora morrpro caso desse safadomai agora eu v dizse falare nisso aindaeu mato ele e voc."

No outro sbado seguinteBiu disse: "Hoje eu resvoaquela carne fiadaqui vindi aquele povo"o velho disse: "O quet vai apanh de novo."

Biu disse: "M pai aquelamim but s na mulraaquela mim ficarpro premra e derradra"disse o velho: "J seu cornonamore moa na fra."

Biu disse isso e montou-see saiu muito vexadoentrou na rua com medode encontrar com soldadoprocurou seu devedoro qual no foi encontrado.

Ficou muito desgostosono meio do pessoalento para distrair-secomprou ali um jornallendo encontrou um anncioque vinha da capital.

Dizia assim o anncio:Precisamos de um rapazo que tiver competnciaem casas comerciaisse apresente em Recifena rua Largo da Paz

Na casa nmero cinquentacom loja e merceariaa firma a seguinte:J. M. & Cia.o emprego guarda livroassim o jornal dizia.

Biu quando leu o jornalfez logo um plano certeirodisse: "V compr uma roupae mand cus ligroe digo a m pai qui vpro Recife s caxro."

Biu chegou em casa e disseo plano que j traziao velho disse: "M fioeu seno voc num ia."Biu disse: "Eu v m paicaxro tem garantia."

Biu mandou fazer a roupavestiu-se e fez partidapra rua e pegou o trembem satisfeito da vidano mesmo dia chegouna capital referida.

Quando chegou na Centralno meio da multidoquase que fica assombradovendo gente em borbutoperguntou a um chapiado:"Hoje aqui tem prucisso?"

Disse o chapiado: - Noisso aqui todo dia:"E esse povo qui ququi buzina qui arriliaum passa e to passachega mim fai agunia."

Perguntou-lhe o chapiado:- Aonde s morador?"Na Fazenda da Cutiaonde m pai me cri":- J tinha vindo em Recife?Biu respondeu: "Nom sinh."

"Foi essa a premra veiqui eu vim me impregcunhece seu J. M. ? p onde eu v e p l l no Laigo da Paivamo mai eu mim insin."

O rapaz lhe disse: - Vamosmas voc me paga bemeu levo sua maletaBiu lhe disse: "Num convmaqui tem muito gatumeeu num cunfio im ningum."

Disse o rapaz: - Est certo,seguiram nesse momentoBiu que nunca tinha vistosemelhante movimentoia de cara pra cimaque parecia um jumento.

No Mercado So JosBiu fez uma palhaadaia olhando pra cimae tropeou na caladacaiu com maleta e tudofoi uma queda danada.

Quando Biu se levantouo povo todo sorriadisse o chapiado: - Vamosno posso perder um diaseguiram e logo chegaramna dita mercearia.

O rapaz disse: - aquime pague, eu quero voltarBiu botou a mala abaixodisse: "Vot p pag?voc nem trove a maletanum vei s me insin."

O rapaz disse: - A maletaeu lhe pedi pra trazervoc no quis me entregara razo no sei por qua viagem dois mil risBiu respondeu: "Pago o que."

- No paga? Ora no pagavoc paga at maisnisto foi chegando um guardae disse: - Pague ao rapaz,Biu a pagou e disse:"Dxa tist satanai."

Ele pagou e entrouna casa comercialdisse: "Bom dia patroeu s vim na capitfoi pro caso dum anunoqui incontrei num jorn."

O comerciante disse:- E o senhor tem competncia?Biu respondeu: "Eu num seiodiz a sua incelena",o patro disse: - Queremosum rapaz de conscincia.

- Voc do interior?lhe perguntou o patro:Biu lhe disse: "Nom sinheu moro l no sertom pai um fazendroqui se chama Z Gibo."

O patro disse: - Est certotome conta do escritriov enchendo essas faturas servio provisrioquero ver se voc fazservio satisfatrio.

Nessa dita casa tinhaseis ceixeiros no balcoBiu comeou nas faturasa ensino do patroat que chegou a horade fazerem refeio.

As onze horas do diachegou na porta a criadae disse: - Pronto, patroest pronta a feijoada.Nisso o patro disse: - Vamosalmoar, rapazeada.

Os caixeros foram entrandoBiu tambm se levantoubateu a mo no tinteiroe a tinta derramouem cima do escritriotudo que tinha borrou.

O patro disse: - Oh! Rapazbotasse tudo a perder.Biu tirou um leno brancocomeou a embebera tinta que nos papisera tanta a correr.

Disse o patro: - Deixe issoe v embora almoaros caixeiros j estona mesa a lhe esperar.Biu entrou muito vexadoquase sem poder falar.

Quando ele entrou na salatropeou em um batentefoi de arrojo e peitouem um espelho na frenteo qual devido a pancadaficaram os cacos somente.

Quando Biu chegou na mesaquase assombrado sentou-senem disse ali aos caixeiroso que l fora passou-secomeou logo a comerno mesmo instante instalou-se.

Botou caf em um piresdeu um chupo e engoliuformou um n na goelafechou os olhos e tossiuesticou-se na cadeiratodo mundo ali sorriu.

Debaixo da dita mesatinha um cachorro deitadoquando Biu esticou a pernafoi logo abucanhadoele ai pulou de costase foi feio o resultado.

Um boto do palitquem tinha se colocadono croch da dita mesaestava bem engatadoquando Biu pululou de costasarrastou o toalhado.

Pulou com o toalhadopor cima duma cadeiraos pratos cairam todose ficou a bagaceirao cachorro vendo aquiloendoideceu na carreira.

Os caixeiros ali ficaramtudo de talher na moBiu assombrado correunessa mesma ocasiocom a toalha entre as pernasfoi esbarrar no balco:

O patro quase se assombraquando Biu chegou l foraentrou e viu o prejuzodisse: - Ou tipo caiporavoltou e disse: - Rapazpegue a reta e v embora.

Dali Biu voltou pra casadizendo muito zangado:"Quage mim acunticiacuma da vei do sobradodemo leve certo emprego,patro caxro e sordado."

E segiu pra casa a psum tanto mal satisfeitoquase liso resolveua ir trabalhar no eitono "Engenho Chega e Fica"ai sim, sofreu direito.

Quando chegou no engenhofoi logo ao barracocomprou 100 gramas de carnee tomou um bom pifocomeou a conversardizendo ser valento.

O senhor do engenho disse:- V botar l no banheiroumas quatro latas d'guae seja muito ligeiroBiu lhe disse: "V voceu num s seu paricro."

O homem partiu em cimapegou-o pelo gogBiu disse: "M patrozinhonum me mate tenha d."Nisto o mijo j estavacorrendo no mocot.

Tremendo e todo mijadoa o homem o soltoue Biu chorando correua meia-noite chegounuma grande casa velhapara dormir embocou.

Ento no quarto da casatinha um defunto enforcadoele quando entrou, bateucom a cara no finadoe assombrado agarrou-secom o defunto inchado.

E deu um grito to grandequando o caso aconteceudeu um empurro no defuntoque a casa estremeceue assombrado gritandode estrada afora correu.

No outro dia cedinhonuma pequena cidadearranjou logo um serviocom muita facilidadeentendeu de se casarfoi nova infelicidade.

Quando ali ganhou dinheirocomprou roupa se ajeitoucom u'a moa doidadalogo um namoro arranjoue a pedi-la em casamentoum dia se destinou.

Na casa do pai da moafalou na porta e bateu:"Ou de casa": - Ou de forao velho lhe respondeu.- Quem ? perguntou o velho:"Num ningum no s eu.

Quando o velho abriu a portao besta s fez dizer:"Eu vim pid sua fiad se quis ou num d."O velho disse: - Primeirome diga quem voc.

Ele disse: "Eu s Biue m pai Z Gibo."O velho disse: - Est certoentre aqui para o salovamos acertar direitoe tratar da arrumao.

Biu entrou e se sentounum recanto do salocom o chapu entre as pernase a bengala na moe com a cabea baixaa ningum dava ateno.

E batendo com os pso chapu escapoliuele apanhou o chapunisso a bengala caiucom todo o peso que tinhaque o salo todo "zuniu".

Todo mundo ali sorriucom a queda da bengalae Biu de encabuladoj tinha perdido a falanisso trouxeram o cafpara tomarem na sala.

Porm Biu que no sabiase o caf estava quenteencheu a boce e gritou:no meio de toda genteespanou caf na carade quem estava na frente.

Caram os pires das moso caf se derramoupor cima das pernas delequeimando tudo, gritou" caf quente danado",ai de costas pulou.

Pulou de costas e bateucom a cabea na janelaque estava aberta atrs deleBiu agarrou-se com elamordeu-a e ficou chorandocom a dor da pancada dela.

Biu chorando com a dordisse: "Qui casa danadamim queimei com o cafEeessa amardiuadaquage me quebra a cabeaisso uma iscumungada.

Abriu a porta e saiuvermelho como uma brassadizendo: "Cum essa duadanado quem mai se casapode hav o qui hovmorro e num sai mai de casa."

Da foi chegar em casacom trs semanas e meiacontou tudo o que sofreuao pai com cara feiadisse o velho: "T soi molequi s rabo de uveia."

Malimpregado m fioAs letra qui tu aprendesseNem valeu a pena o menoOs leite qui tu bebesseE os fogo que sorteiLogo assim qui tu nacesse.

Cum nada mai mim importaAssim Biu respondeuMai nunca eu sai de casaInda que diga um judeuLonge de casa tu inricaO co qui v mai no eu.

FIM