As pesquisas arqueológicas no Museu Paraense Emílio Goeldi (1870-1981) v11n1a39

18

Transcript of As pesquisas arqueológicas no Museu Paraense Emílio Goeldi (1870-1981) v11n1a39

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

A s pesqu isas arqueo loq icas no M useu Paraense Em ilio G oe ld i (1870-1981)

Resumo

Desenvolvimento das pesquisas arqueol6gicas no

useu Paraense Emillo Goeldi, de sua fundacao ate os

dias atuais, enfatizando a lmportancla do Conselho Na-

donal de Desenvolvimento Cientifico e Tecnoloqlco

(CNPq). a partir de 1955, na recuperacao, reaparelha-

mento e, sobretudo, dinamlzacao do antigo setor de Ar-

queologia Amazonlca, praticamente inativo desde lniclo

00 seculo XX. Focaiizados os principais projetos de

pesquisas empreendidos e em reallzacao, seus objeti-

os e resultados alcancados, alern de outras atividadesno campo do ensino e da pesqulsa arqueol6gica.

Quanta as pesqulsas arqueoloqicas desen-

volvidas pelo Museu Paraense Emilio Goeldi,

apesar das contrlbulcoes pionelras de Ferreira

Penna, Emilio Goeldi e Lima Guedes, ou ainda

mais recentemente, de Peter Hilbert, e a partir

de 1962, alguns anos apos a assinatura do con-

venio entre a Governo do Estado do Para e 0

entao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq),que a dlrecao deste orgao federal passaria a

dispensar melhor atencao e provldenclar re-

cursos para recuperar e dinamizar 0 antigo

setor de Arqueologia do Museu Goeldl, prati-

camente inativo desde inlclo do seculo , Se por

um lado a construcao e reforma de predlos

para deposito das colecoes, laboratortos e ga-

binetes de trabalho, aliadas a aqulsicao de

movels, equipamento e bibliografia, forneceram

as bases ffslcas para seu funcionamento lni-

cia!; por outro, a concessao de bolsas e maio-

res recursos para os trabalhos de campo com-

pletararn essa lnfra-estrutura minima, facultan-

do recrutar pessoal especiallzado e de apolo,

organizar cursos e estaqlos e, consequente-

mente, reativar e imprimir maior rltmo as pes-

qulsas e publicacoes ,

Mario F. Simoes (*)

Nesta comunicacao e apresentada uma

sinopse d3S contribulcoes prestadas pelo Mu-

seu Goeldi a Arqueologia Amazonlca, de sua

fundacao ate nossos dlas, enfatizando a lrnpor-

tancia do Conselho Nacional de Desenvolvi-

mento Clentiflco e Tecnol6gico (CNPq) na

recuperacao e dinarnlzacao das pesquisas ar-

queoloqlcas, em quase tres decadas de sua

atuacao na Amazonia. Para rnelhor acompanha-

mento dividiu-se a hist6ria dessas pesqulsasem dois perlodos : 0 primelro, desde sua fun-

dacao ate a assinatura 00 Convenio Governo

do Estsdo do Para/Conselho Nacional de Pes-

quisas, em 1954; 0 segundo, desta data ate os

dlas atuais (1981). Sao comentadas as princi-

pais contrlbulcoes e eventos ocorridos em

cad a perfodo, acrescentando-se, porern, na

apreclacao do perlodo atual, um relato sucinto

sobre os projetos reallzados e em execucao,

seus objetivos e resultados obtidos, alern de

informes relativos a outras atlvidades no ambi-

to do ensino e da pesqulsa .

PERfODO PIONEIRO (1870 -1954)

Nos primeiros tempos de atividade. do

recern-fundado Museu Paraense, (1 ) destacam-

se os trabalhos plonelros de seu fundador -

Domingos Soares Ferreira Penna -em Mara]o,

Arnapa, Tocantlns e litoral do Para, como natu-

ralista-viajante do Museu Nacional do Rio de

Janeiro. Nos campos de Marajo fol 0 primeiro

a ali proceder escavacoes arqueol6gicas e, pe-

las observacoes entao colhldas nos aterros dos

Camutins (1870) e Pacoval (1871), a aventar

a hip6tese da origem artlflclal dos aterros ma-

rajoaras, posteriormente confirmada por outros

pesqulsadores . (2 ) Nos varlos sitios prospec-

( • ) - Museu Paraense Emilio Goeldi, Belern.

( 1) - Inicialmente fundado como Sociedade Pllomatlca (1866). em 1870 passou a denominar-se Museu Paraense,

nome que permaneceu ate 1901, quando foi substituldo pelo de Museu Goeldi e, ap6s 1931, novamente muda-

do para Museu ParaenseEmilio Goeldi, denornlnacao atual.

( 2) - Foi motivado por tais tnforrnacces que Charles F Hartt, entao chefe da Expedic;:aoMorgan, resolveu enviar

seus assistentes Barnard (1871), Berkeley e Derby (1872) a Maraj6, os quais, ap6s examinarem os aterros em

questao, comprovaram as afirmac;:6es de Ferreira Penna.

SUPL. ACTA AMAZONICA 11(1): 149-165. 1981 - 149

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

cionados nos rios Mazaqao e Maraca (1872),

no atual Territ6rio do Amapa, coletou Ferreira

Penna regular nurnero de urnas zoo e antropo-

morfas, ate entao lnedltas: e, pela prospeccao

ao longo do baixo rio Tocantins e parte do

lltoral leste do Para (1875), publicou a prlmei-ra notlcla sobre a lo ca llz ac ao , d estru lc ao e

conteudo dos sambaquis do Para (Ferreira

Penna, 1876, 1877a e 1877b).

Contudo, e na adrnlnlstracao de Ernlllo

'Goeldl (1894-1907) que 0 Museu Paraense,

melhor instalado e estruturado, daria de fate

infcio as pesqulsas arqueoloqlcas na Amazonia.

Em 1895 e realizada a pesquisa de Goeldi nas

cavernas funerarlas do rio Cunani e, em 1896,

a de Aurellano Lima Guedes nos sltlos-cernlte-

rios da ilha Para, rios Mazaqao, Maraca e

Anauerapucu, arnbas no atual Territ6rio Fede-

ral do Arnapa. Dessas pesquisas resultararn as

prlmelras e melhores colecoes hoje exlstentes

de Cunani e Maraca, como tarnbern as primei-

ras contribuicoes a Arqueologia Arnazonlca

publicadas pelo Museu Paraense (Guedes,

1897; Goeldi, 1900). (3)

Ap6s 1907, prolongando-se ate mead os do

seculo, sofreu a Arqueologia no Museu Goeldi

urn longo perlodo de inatividade e decllnio. mo-

tivado por varlas causas, entre as quais se

destacam a partida de Goeldi para a Europa, a

Guerra de 1914-18, a crise da borracha e, prin-

clpalrnente, a carencla de recursos e pessoal

especiallzado , No entanto, a presence do etn6-

logo Curt Nimuendaju, por duas vezes a frente

da entao Secao de Etnoqrafla e Arqueologia,

e a colaboracao prestada pelo Museu as pes-

quisas de outras lnstltulcoes, quer pelo estudo

de suas colecoes. quer ainda pelo apoio loqis-tico oferecido, em parte cornpensararn 0 longo

hiato nas pesquisas arqueol6gicas.

Nimuendaju, alem de reorqanlzar as anti-

gas colecoes e acrescentar algumas pecas por

ele coletadas na area de Santarern e arredores,

publicou urn artigo no Boletim do Museu Pe-

reense Emilio Goekii, no qual sao reunidas e

.condensadas todas as Inforrnacoes esparsas

dos cronlstas sobre os extintos Indios Tapaj6

e, pela cerarnlca destes, apresentadas POSSI-

veis correlacoes com complexes arqueol6gicos

centro-americanos (Nimuendaju, 1949).

Da colaboracao prestadas as pesqulsas de

outras lnstltulcoes, merecem registro as de

William C. Farabee (1914-18), Antonio Mordi-

ni (1926-28), Helolsa Alberto Torres (1930) e,em especial, as do casal Clifford Evans e Betty

J. Meggers (1948-49). FOi na atual resldencla

do Diretor do Museu Goedi que esses pesqul-

sadores, na estacao chuvosa de 1948-49, esta-

beleceram a primelra sequencia de desenvol-

vimento cultural da foz do Amazonas, mediante

a analise de milhares de fragmentos de cera-

mica escavados no Arnapa e ilhas de Marajo,

Mexlana e Caviana (Meggers & Evans, 1957).

Com essa nova abordagem de pesquisa arqueo-

16gica, ate entao lnedlta no Brasil, encerrar-

se-Ia a etapa especulativo-descritiva dos pri-

metros anos da Arqueologla Arnazonica ,

Com a mesma abordagem metodol6gica,

Peter P. Hilbert, etnoloqo do Museu Goeldl e

participante dos trabalhos de campo dOS Evans

em Maraj6 (1949), retornou as atividades ar-

queol6gicas do Museu, em recesso desde final

do seculo XIX. Pela total falta de recursos na

epoca, contou Hilbert com a colaboracao de

outras instituic;:6es, como 0 Instituto de Antro-

pologia e Etnoloqia do Para, procedendo esca-

vac;:6es nos aterros de Maraj6 (1950-51), nas

terres-oretes dos rios Nhamunda-Trombetas

(1952) enos sltlos-cemlterlos do baixo rio

Casslpore (1953).

Em 1954, com 0 convenlo firmado entre

o entao Conselho Nacional de Pesquisas e 0

Governo do Estado do Para, pelo qual assumia

o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia

(INPA) a direcao cientiflca e administrativa doMuseu Goeldi, encerrava-se 0 perfodo pioneiro

das pesquisas arqueol6gicas goeldianas.

PERiODO ATUAL (1955 - 1981)

Com a apllcacao maclca de recursos do

CNPq fol sustada a decadencia e inatividade do

Museu. Seu escasso quadro tecnico foi entao

fortalecldo com a vinda de pesquisadores de

alto nfvel, geralmente emprestados ou orlun-

(3) - Ainda que trabalhos de outros especialistas do Museu Goeldi, principalmente ge610gos, sao de extrema utlll-

dade para a Arqueologia as observacoes sobre os sambaquls paraenses publicadas por Kraatz-Koschlau & Hu-

ber (1900) e por Kratzer (19Q3),

150 - Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

doa do Museu Naclonal do Rio de Janeiro, t n t -

ciandcHsea relevante tarefa de recuperar, reor-

ganlzar e reativar as pesquisas clentlflcas de

he multo inativas.

Organizada a Dlvlsao de Antropologia, em

1955, recebeu 0 setor de Arqueologia e, obvla-

mente. Peter Hilbert, apolo e recursos paraprosseguimento de suas pesquisas. Oesta data

ate 1961, quando regressou a Alemanha, rea-

lizou trabalhos de campo no rnedlo rio Arna-

zonas, foz do rio Negro e medic rio Japura,

dos quais resultoua ldentlflcacao de varlas

fases e sequenclas culturais de areas ate aque-

la epoca total mente desconhecidas arqueologi-

camente. Dos resultados dessas pesquisas pu-

bllcou diversos artigos no Brasil e no exterior,

e, mais recentemente, uma monografia geral(Hilbert, 1952- 196a) .

A partir de 1962, em cumprimento a pro-

grama<;ao elaborada pelo INPA em 1955, ern-

penhou-se a dlrecao do Museu Goeldi (4 ) na

obtencao de recursos para equipar a recem-

criada Dlvlsao de Antropologia com urn setor

de. Arqueologia compatfvel com os novos pa-

droes vigentes no Museu Goeldi. Logo em mea-

dos de 1962 foi lnlclada a construcao de urn

predlo com 130m2 para sua lnstalacao, conten-

do urn labcratorlo, duas saletas para tecnlcos e

urn amplo salao, este destinado a abrigar as

colecoes arqueoloqlcas ate entao mal acondi-

clonadas, e dispersas pelos poroes da Rocinha.

No ano seguinte, aposconfecctonados e mon-

tados os armarlos, estantes, gavetoes e caixas

para acondicionamento do material arqueoloql-

co existente, foi para ali transferido todo 0

acervo e inaugurado 0 predlo, 0 qual passou a

denominar-se Pavilhiio Frederico Barata em ho -

menagem ao jornalista, artista e estudioso daCultura Santarern, recem-falecldo,

No lnlclo de 1969, considerando 0 desen-

volvimento das pesquisas, 0 acervo acurnulado

e 0 crescimento de sua base flslca, passou a

dencmlnar-se Se9iio de Arqueologia, sendo de-

signado para chefla-la 0 Pesquisador-Chefe

Mario Ferreira Simoes que desde 1963 [a vinha

dirigindo 0 Setor. Em 1977, em decorrencla da

reorqanlzacao do Museu Goeldi,- bem como

para proporclonar malar IIberdade de proqra-

macao e crcamentacao de recursos para suas .

atividades, fol desvlnculada da tutela da Olvl·

sao de Antropologia e elevada ~ categorla de

Divisiio, sob a mesma chefla anterior, e subor-

dinada diretamente a Oiretoria do Museu Gael-

di. Posteriormente, face as norrnas de es r r u -tura aprovadas pelo CNPq, pelas quais 'eram

transformadas emOepartamentos as antigas

Dlvisoes, passou a lntltular-se Depertemento

de Arqueologia. Em 1980, porern, voltou a de-

nominar-se Divisiio de Arqueologia, cornpondo

com a Divlsao de Antropolo-gia, 0 atual Depar-

tamento de Clenclas Humanas. .

AS LlNHAS BASICAS DE PESQUISA

Alern das tarefas especfflcas de tomba-mento e curatoria das colecoes arqueoloqlcas

do Museu Goeldi, tern a Dlvlsao de Arqueolo-

gia por objetivo 0 fiel cumprimento do PrOgra-

ma Beelco de Pesquises- da lnstltulcac, 0 qual,

no tocante a Arqueologia Amazonlca, cornporta

as seguintes linhas de pesquisa:

- Promover e lntenslflcar as pesquisas na

area da Amazonia Legal Brasileira, especlal-

mente as de Arqueologia Pre-hlstorlca, bus-

cando obter uma perspectiva geral do processode adaptacao do Homem pre-colornblano a cer-

tas sltuacoes ambientais e ao uso de deter-

minados recursos naturals, suas origens, ml-

gra<;:oes,cronologia, desenvolvlrnento cultural

e possfvels correlacoes com as demais areas

contfguas sul-arnerlcanas:

- Programar e reallzar 0 salvamento de

sltios arqueoloqlcosLarqueoloqla de Salvamen-

to) ameacados de destrulcao parcial ou total

pelo surto de desenvolvimento urbanfstico e

tecnoloqico da area, como a construcao de es·tradas, represas, lndustrlas etc.;

- Colaborar com a Secretaria do Patrlmo-

nio Hlstorlco e Artfstico Nacional (SPHAN) e

outros orgaos conqeneres, no tombamento, ca-

dastro e fiscallzacao dos sltlos arqueoloqlcos.

zelando pela fiel observancla da Lei' nQ3.924,

de 24 de julho de 1971, que dlspoe sobre a

protecao dos monumentos arqueoloqlcos e hls-

torlcos brasllelros:

, ,.

( 4) - Cumpre aqui destaear todo o. ernpenho e estimulo reeebido dos dlretores do Museu Goeldl - Eduardo Gal-

vao (1961-62). Daley de Oliveira Albuquerque (1962-68) e Lulz Miguel Scaff (1969 ao presente) - na recupera-

r;:ao, reaparelhamento e dinafl)lzar;:ao da Arqueologla goeldiana. .

As pesquisas arqueo16gicas ... - 151

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

- Manter estreita colaboraeao com as

areas de pesqulsa afins do Museu Goeldi e

de outras lnstltulcoes em programas de pes-

quisas de sua competencla especlflca:

- Promover, dentro de suas possibilida-des, 0 preparo e aperfelcoarnento de pessoal

especializado (arqueoloqos e auxlliares tecnl-

cos) para 0 Museu e outros orgaos, mediante

a proqrarnacao e reallzacao de cursos especlals

e estaqlos:

- Ernpenhar-se na dlvulqacso dos resulta-

dos de suas pesquisas e de outras atividades

correlatas atraves de publicacoes, exposicoes,

congressos, palestras etc;

- Assessorar a Oiretoria do Museu Goeldi

nos assuntos atinentes a sua area de atuaeao .

A BASE FISICA

Com 0 desenvolvimento das pesqulsas am-

pliou-se 0 primitivo nucleo da Divlsao, abran-

gendo atualments 3 predios prOXll'QOs.e parte

do porao da Rocinha. 0 primeiro, f) ja rnenclo-

nado Pevilhiio Frederico Barata, com seus dels

gabinetes para pesquisadores, urn laboratorte

e 0 deposito para as colecoes, do qual parte e

ocupada por grande mesa para cl~ssifi.eac;:ao dematerial e local para aulas, reunioes e semi.

narlos. 0 segundo, obtido em 1975 apos refer-

rna e adaptacao da antiga secao de Entomolo-

gia, resultou uma area adlclcnal de 100m2, onde

estao instalados urn deposito para material es-

tratiqrafico e analise tlpojoqlca, urn laboratorlo

e sala para as colecoes-tlpo, um gabinete para

pesquisador, alern da Secretarla e Copa da Dl-

vi sao . 0 tercelro, compreende uma area' de

26m2, dividida em duas saletas: uma reservadapara alojar tres tecnlcos, e outra destinada ao

laboratorio de restauracao de material arqueo-

logico. (Fig. 1 a 4) .

Contudo, diante do volume de material co-

letado nos trabalhos de campo ultimamente

rig. 1 - Interior do Pavilhio Frederico Barata, com as estantes, armanos, caixas e cofre para acondicionamento

das cotecoes. (Pred!o I).

152 - Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

Fig. 2 - Vista do deposito para materl~1 estratigrafico e analise ttpoloqlca. (Predio II).

realizados, voltou a faltar espaco para aecndt -

cionamento do material e, obviarnente, de local

para ser 0 mesmo manuseado e €lstudado.

Mais uma vez fol a Dlvisao atendlda pela Di re-

toria do Museu na cessao de 75m~ no PQr~o

da Rocinha, na ocasiao total mente r es t au r ada .

Essa area, depois de equipada com @stantes,

bancadas, mesas para rnanuselo d e m ate ria l,caixas para as amostras estratigrMiotl~, eXI i I IJS-

tores etc., serve no momento de deposito para

o material estratigrafico dos proj@tos baiXO

Tocantins e baixo Uaturna-Jatapu, alem de l oca l

para analise e estudo desse material.

Nao obstante os acresclrnos sucesa t v es ,

ressente-se ainda a Dlvlsao de espaco e e o n -

tiqtiidade , as predios sao praticamente isola.

dos, dificultando a cornunicacao, nao havende

espaco disponfvel para futuras adrnlssoes detecnlcos ou mesmo de estaqlarios , No tceante

aos dep6sitos de material arqueoloqlco, a pre.

vlsao e de 3 anos no maximo, caso sejB man-

As pesquisas arqueol6gicas ...

tido 0 atual rftmo dos trabalhos de campo. Ha,

portanto, urgente necessidade em construlr-se

urn predlo unlco, com area mfnima de 700m2,

no atual terreno do Museu Goeldi ou alhures,

para instalacao definitiva da Dlvlsao, caso se

pretenda, como e prop6sito do CNPq, manter

a pesqulsa arqueoloqlca na Amazonia em um

nfvel de qualidade conclllavel com a conjunturacientffica moderna.

TREINAMENTO DE PESSOAL

a - MESTRADO

A pos-qraduacao em Arqueologia vem sen-

do obtlda atraves de 0 Ourso de Mestrado em

Antropologia Social (area de concentracao em

Arqueologia), mantido pela Unlversldade de

Sao Paulo (USP), ate 0 momento 0 unlco cen-

tro de p6s-gradliJacao em Arqueologla no Brasil.

- 153

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

Duas Assistentes de Pesquisa, sob a orlen-

taC;80 do Prof. Dr. Ulpiano B. de Meneses, ja

conclulrarn os respectivos credltos: Concelcao

de Maria G. Correa, ja com seu Exame de

Ouallflcacao aprovado e em fase de preparo

da dlssertacao: e Fernanda H. J. de Carvalhode Araujo Costa, concluinte em 1979 e com

seu Memorial para 0 Exame de Ouallflcacao

pronto, aguardando ser examinado em marco

de 1981.

b - ESTAGIO DE APERFEI<_;OAMENTO

Mirustrado para as Asslstentes de Pesqui-

sa, mediante a coordenacao e orlentacao do

Pesquisador Mario F. Simoes, tern por objetl-

vo 0 preparo e aperfelcoarnento em Metodolo-gia e Tecnlcas Arqueoloqlcas. vlsando 0 futuro

ingresso dos conclulntes no Curso de Mestra-

do em Arqueologia da USP, considerando con-

dlcao baslca para aceltacao no referldo Curso

ser profissional (de lnstltulcao de pesqulsal ,

com trabalhos ja reallzados e em andamento.

Consta 0 estaqlo de aulas, leituras e semina-

rios sobre Teoria e Metodologia, Arqueologia

Americana e Arnazonica, bem como trabalho

de campo intensivo e longo treinamento em

laboratorlo (analise e classlflcacao de mate-

rial) .

c - ESTAGIO BAsICO

Destinado a iniciantes, geralmente Estaqla-

rios, comporta ternas gerais teorlcos sobre

Arqueologia e, principal mente, uma grande en-

fase nos trabalhos de laboratorlo, como manu-

selo, analise e classlftcacao preliminar de ma-

terial arqueoloqlco, usa de binocular para de-

terrnlnar tipo de tempero, textura etc. da

pasta, alern da parte de ficharnento bibliografi-

co e tecnlcas de Curatoria. De modo geral,

este tipo de estaqlo e destinado a unlversita-

rlos dos cursos de Hlstorla, Geografia e Clen-

clas Sociais. fazendo os mesmos jus a bolsas

de estudo patrocinadas pela SUDAM ou pelo

CNPq.'

d - ESTAGIOS ESPECIAIS

Alern dos estaqlos regulares (Baslco eAperfelcoarnento}, a Dlvlsao vem concedendo

estaqios avulsos a pesquisadores e professo-

res de outras institulcoes, quer para atuallza-

154 -

Fig. 3 - Laborat6rio para analise de material e depo-sito das colecoes-tlpo . (Predio II),

Ciao em Arqueologia (Arqueologia Arnazonica.

Metodologia, Tecnlcas de laboratorto etc.) ,

quer tarnbern para estudos especfficos das co-

lecoes, objetivando preparo de dlssertacoes

para fins de pos-qraduacao .

e - CURS OS

No tocante aos cursos de Arqueologia ml-I

nistrados pela Dlvlsao, por sua cornplexldade,

tempo absorvido, custo e dlflculdades em con-

seguir professores de certas disciplinas, vem

sendo planejados intermitentemente, obede-

cendo nossas disponibilidades e urqencla no

preparo de pessoal especializado. Ate 0mo-

mento, foram proqrarnados e concluldos, com

otlrnos resultados, dois cursos, ambos ern re-

gime de tempo integral e em nfvel de pos-qra-

duacao.o primeiro, em 1964-65, compreendia duas

partes. A primeira, em 1964, de ambito geral e

introdut6ria a toda a entao Dlvlsao de Antra-

SimOes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

pologia (Curso Baslcol , objetivava a atuallza-

9ao e cornplementacao em Ciancias Antropo-

16gicas; a segunda, em 1965, denominada Cur-

so de Aperfelcoarnento ou Especlallzacao,

tinha por finalidade a dlversiftcacao dos alunos

nas tres especialidades de Divisao - Arqueo-

logia, Etnologia e LingUfstica Indfgena. Do

curso de Arqueologia foram aproveitados doisalunos, urn dos quais permanece ate hoje no

Museu.

o segundo - Curso de Arqueologia Brasl-

leira - fol reallzado no perlodo de 1969-70,

contando entre os alunos, alem de pessoal lo-

cal, com dots professores de outras institui-

coes - urn da Universidade Federal de Minas

Gerais e outro da Universidade Federal de

Santa Catarina.

Em ambos os cursos, alern das disciplinas

baslcas, como Teoria e Metodologia em Arqueo-

logia, Antropologia Cultural e Etnografia do

Brasil, Arqueologia Americana, Brasileira e

Amazonlca, foram alnda rnlnlstrados fundarnen-

tos e nocoes de Geologia e Petrografia, Topo-

grafia e Geomorfologia, Ecologia, Paleontolo-

qia, Malacologia e Sistematica. Como discipli-

nas accessorlas, os alunos freqiientaram urn

curso intenslvo de Fotografia e outro de Ingles.

Dos trabalhos praticos, participaram os alunosde todas as operacoes de rnanlpulacao e tom-

barnento de especlrnes arqueol6gicos, ficha-

mento bibliografico, analise e classtflcacao de

material e trabalhos de campo.

AS PESOUISAS AROUEOL6GICAS

Ate final de 1980 foram programados e rea-

llzados 11 projetos de pesquisas, uns ja con-

cluldos e outros em prosseguimento ou em

fase de conclusao . Dos projetos realizados

ponderavel quanti dade de "lnformacoes vern-se

acumulando sobre a origem, rnlqracoes. crono-

logia e desenvolvimento cultural de anti gas

populac;6es indfgenas pre-hlstorlcas da Amazo-

nia Brasileira, quer de areas arqueologicamen-

te desconhecidas, como alto Xingu, litoral do

Salgado, lago de Silves. ilha de Sao LUIs, baixo

Fig, 4 - Setor de restauracao de material arqueol6gico.

(Predlo III),

Tocantlns, medlo rio Negro, baixo Uaturna-Ja-

tapu e medlo rio Urubu, quer de outras, que,

pela extensao qeoqraflca, havlarn sido parcial-

mente pesquisadas no passado, como llha de

Maraj6 e baixo rio Negro; ou ainda, apenas

descrita, como 0 lago Cajari, na Baixada Ma-

ranhense. Destes projetos, cinco [a foram ob-

[eto de trabalhos publicados - Maraj6, alto

rio Xingu, baixo rio Negro, litoral do Salgado

e lago Caiarl: n quatro estao em fase de ana-

lise e classlficacao do material coletado -

lago de Silves, ilha de Sao Lufs, baixo rio To-

cantins e medio rio Negro; e os dois ultirnos

- baixo rio Uatuma-Jatapu (1979) e rnedio rio

Urubu (1980), pela recencla dos trabalhos de

campo, encontram-se em fase de analise pre-

llmlnar e lavagem, respectlvarnente ,

1 - Projeto Maraj6 (1962-1965) - Iniciado em

1962, sob a responsabllldade de Mario F. Si-

moes e Napoleao Figueiredo, com 0 patrocinio

do Museu Goeldi e da Universidade Federal

do Para, 0 projeto estendeu-se ate 1965 comapoio flnancelro do Museu Goeldi e IPHAN.

Alern do treinamento de alunos e estaqlarlos,

o projeto tinha por finalldade cornprovar a se-

quencla local estabelecida por Meggers &

Evans (1957) para a parte central da i Iha e

obter arnostras de carvao de fogueiras para

fins de datacao por C14. (Fig. 5a).

Localizados e pesquisados 16 sitlos arqueo-

l6gicos ineditos (10 da fase Marajoara, 5 da

( 5) - Cf. Correa & Simoes, 1971; Figueiredo & Simoes. 1963; Simoes, 1967a, 1967b, 1969, 1971, 1973, 1974 e 1981;

Simoes et aI., 1977,

As pesquisas arqueologicas. , , - 155

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-1

fase Formiga e 1 das fases Ananatuba/Man-

queires} , Dos dados obtidos estratigraficamen-

te e a posterior comparacao com os daqueles

autores, importantes subsidies foram acresci-

dos a arqueologia da ilha de Maraj6, dentre

os quais as prlrneiras datacoes absolutas paraas fases Ananatuba / Mangueiras e Marajoa-

ra, resultando, cronologicamente, na refor-

rnulacao total da sequencia entao estabele-

cida para a ilha de Maraj6 (Simoes, 1967a).

A datacao de 980 a. C. obtlda para a fase Ana-

natuba permitiu considerar esta fase como uma

das mais anti gas culturas ceramistas da Ama-

zonia e inclui-Ia, temporalmente, no Formativo

Americano (Simoes, 1969). Para a fase Mara-

joara, as tres datacoes conseguidas - A. D.

480, 580 e 690 - facultaram situar a fase como

introduzida na ilha de Maraj6 em A.D. 400,

estendendo-se ate A.D. 1200 (Simoes, 1973).

2 - Projeto Alto Xingu (1966) - Sob a res-

ponsabilidade de Mario F. Simoes e patrocinio

do Programa Necionel de Pesouises Arqueol6-

gicas (PRONAPA), (6 ) teve como area de tra-

balho 0 Parque Nacional do Xingu (MT). 0

projeto objetivava verificar a presence de pos-

siveis padroes culturais da faixa lltoranea bra-sileira que, muito ernbora nao se tenham difun-

dido na Amazonia, poderiam ter penetrado na

area alto xinguana, considerando a posrcao

desta no limite meridional da Amazonia.

(Fig. 5b).

Foram pesquisados 12 sltios-habltacoes no

curso superior do Xingu e no baixo curso de

alguns de seus trlbutarlos , Da analise e inter-

pretacao do material coletado forarn identifica-

das duas fases arqueoloqlcas distintas e rela-

tivamente recentes - Dieuerum e Ipavu. A

fase Diauarum faz-se representar por 7 sitlos

na mata ciliar do rio Xingu e seus afluentes

Sula-micu e Manltsaua, enquanto a fase lpavu

por 5 sitios ao longo da lagoa Ipavu e pequenos

afluentes do baixo rio Culuene. Ambas as fa-

ses pertenceram a grupos de horticultores de

Horeste tropical e, pelos traces diaqnostlcos

da ceramlca, incluidas na tradicao Incisa Pon-

teada da Amazonia Brasileira, alias, a primeira

ocorrencia dessa tradlcao ate entao registrada

ao sui do rio Amazonas. A fase Diauarum esta

datada por C14 em A. D. 1100 a 1300 e a Ipavu

de A. D. 1250 a 1400. (Simoes, 1967b e 1973)

3 - Projeto Salgado (1968-1974) - Pesqulsas

sob a responsabilidade de Mario F. Simoes e

Conceicao G. Correa, sob 0 patrocinlo do

Museu Goeldi e IPHAN. Inicialmente programa-

do como Arqueologia de Salvamento para os

sambaquis residuais do litoral paraense (area

do Salgado), fol a seguir arnpllado com a inclu-

sao de outros sitios nao-sarnbaquts (sftios

abertos), considerando-se a possibilidade de

seu correlacionamento cultural e cronol6gico

com os sambaquis. 0 projeto tinha por objeti-

vo estabelecer uma sequencia de desenvolvt-

mento cultural da area litoranea do Para, a

partir de sua ocupacao por grupos humanos

adaptados aos recursos do mar e a posterior

translcao para horticultores de f/oresta tropical,

como tambem, atraves de colaboracao inter-

disclpllnar, tentar reconstltulr os padroes de

subslstencia, assentamento e cronologia des-

ses antigos grupos do litoral paraense. (Fig.

5c, dee) .

Localizados e pesquisados 62 sitios (43

sambaquis litoraneos, 16 sitios nao-sambaquls

e 3 sltlos com qastrcpodes fluviais) na orla

costelra do leste paraense e ja identificadas as

fases Mina, Urue, Tucume e Areeo, A fase

Mina se faz representar pelos sambaquis lltora-

neos localtzados, principalmente, eritre as baias

de Maracana e Quatipuru. Material ergol6gico

restrito a ceramlca rudlrnentar e artefatos de

pedra, osso, concha e dente. Subsistencia tipi-

ca de coletotes-pescedores litoriuieos . Data-

coes por C14 varlarn de 3.000 a 1.600 a. C. ,

importando ser esta fase a rnals antiga cultura

ceramista do Brasil e uma das rnais recuadas

das Americas (Simoes, 1973 e 1981). A fase

Urua, reconhecida em 3 sitios nas colinas do

rnedlo rio Ouatlpuru, apresentou nos refugos

de ocupacao grande quantidade de conchas

de gastr6podes fluviais, conhecidos como

( 6) - Programa de ambito nacional mediante convenlo entre 0 CNPq e a Smithsonian Institution, com a colabora-

c;:aodo entao Instituto de Patrlmonlo Hlstorlco e Artfstico Nacional. Tinha por objetivo pesquisas extensl-

vas nos diversos Estados e Territorios brasileiros, realizadas por 11 arqueoloqos nacionais entre 1966 a 1970.

(Cf. Simoes Ed., 1967, 1969a, 1969b, 1971 e 1974).

156 - Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-18

rua (Pomacea sp.). Cerarnica melhor ela-

borada, com artefatos llticos e adornos de

conchas e dentes. Subsistencia tiplca de cole-

tores-pescedores-cecedores e antiguidade data-

da por C;4 em 1.700 a.C. (Simoes, 1973). A

fase Tucurna foi identificada em 4 sitios aber-

tos localizados nas encostas de collnas, nomedic rio Quatipuru. Cerarnica bern elaborada,

com varies tipos decorados e artefatos liticos

polldos . Subsistencia tarnbern de coletores-

pescedores-cecedores e datacao por termolu-

rrunescencia variando de A. D. 228 a 750. A

fase Areao, localizada em 2 sitios na area de

dunas da ilha de Maruda, apresenta uma cera-

mica bern manufaturada, com form as maiores

que nas dernals fases, inclusive com grelhas

ou assadores circulares. Subsistencla do tlpo

de horticultores de floresta tropical e datacao

por terrnolurnlnescencla acusando A. D. 1430

a 1580 (Correa & Simoes, 1971).

A fase Mina e uma outra do baixo Amazo-

nas - fase Castalia -, pelos traces diaqnos-

ticos da cerarnlca e outras evldenctas, permi-

tlrarn reconhecer a exlstencla de uma tradicao

ceramists regional de ampla distrtbulcao areal

- tradicao Mina - representada, ate 0 momen-

ta, pelos sambaquis litoraneos do Para (fase

Mina), os sambaquis fluviais do baixo Amazo-

nas (fase Castalia), baixo Tocantins e baixo

Xingu (fase Macapa) , correlaclonando-sa ainda

com os sambaquis litoraneos do Maranhao e

os da fase Alaka, na faixa costeira da Guiana.

(Simoes, 1981).

4 - Projeto Baixo rio Negro (1968-1969) -

Pesqulsas de Mario F. Simoes e Concelcao

G. Correa, sob 0 patrocfnio do PRONAPA, nos

arredores do baixo rio Negro (AM).0projeto

tinha por objetivo verificar a possibilidade do

rio Negro ter servido como rota de rnlqracao de

povos e/ou Ideias da reqlao subandina para a

Amazonia ou vice-versa, como tarnbern delimi-

tar as areas d~ ocorrencia das principais tra-

dlcoes ceramistas da Amazonia e suas lnfluen-

cias com relacao ao medio rio Amazonas.

(Fig. 5f)

Forarn localizados e pesquisados 10 sitios-

habitacoes (5 no baixo rio Negro, 2 no baixo

rio Apuau, 2 no rnedio rio Preto-da-Eva e 1 na

ilha de Terra Nova), (1 ) identificadas 3 novas

fases arqueoloqicas - Umari, Apuau e Peiure

- e redefinidas 3 outras anteriormente desert-

tas - Perediio, Guarita a /tacoatiara. A fase

Umari, reconhecida em 2 sitios no medic Preto-

da-Eva em assoclacao com material da faseGuarita. apresentou forte semelhanc;a com a

cerarnica da fase Taruma, do alto Essequibo,

na Guiana, atribulda aos Indios Taruma, emigra-

dos do baixo rio Negro no seculo XIX. As fases

Apuau e Pajura fazern-se representar assocla-

das em 2 sitios no rio Apuau , A primeira, pe-

las tecnlcas decorativas da cerarnica, foi in-

cluida na tradicao Po/icroma da Amazonia, en-

quanto a segunda, apesar de algumas tecnlcas

incisas suqerirern paralelo com a fase Paredao,

nao se enquadrou em nenhuma das traotcoes

amazonicas . Todas as fases sao de grupos hot-

ticuitores de ftoresta tropical com antiguidade

datada por C14 em: A.D. 390 a A.D. 750 para

as fases Paredao /Guarita eA. D. 825 para a

fase Apuau ,

Pela presence de material ceramico serne-

Ihante ao da fase Guarita em varias locallda-

des da Amazonia Ocldental. compreendidas

entre Santo Antonio do lC;a (a oeste), foz do

rio Uaturna (a leste) , baixos cursos dos rios

Madeira e Purus (ao sui) e medic rio Negro

(ao norte), foi reconhecida e proposta a sub-

tradicao 'Guerite para representar dentro da

tradicao Policrome todas as manlfestacoes 10-

cais e fases com traces dlaqnosticos da fase-

tipo Guarita. (Simoes, 1974).

5 - Projeto lago de Silves (1970) - Pesquisas

efetuadas na reqiao do lago de Silves ou Sa-

raca (AM), sob a coordenacao de Mario F. Si-moes ea partlclpaeao dos alunos do Curso de

Arqueologia Brasileira, mediante financiamen-

to do Museu Goeldi e a colaboracao da Funda-

cao de Amparo a Pesqulsa do Estado de Sao

Paulo (FAPESP). A pesquisa tinha por flnall-

dade a cornplernentacao das pesqulsas ante-

rlorrnente realizadas em areas contfguas, como

as de Hilbert (foz do rio Negro, ltacoatlara e

Manacapuru) e as de Simoes (baixo rio Negro,

rios Apuau e Preto-da-Eva e ilha de Terra

( 7) - Em 1974, Mario F. Simoes, Ana Lucia Machado e Eneida Ch. Malerbi localizaram e pesquisaram mais 11 si-

tios nos arredores do baixo rio Negro, na maior parte pertencentes as fases Paredao e Guarita.

As pesquisas arqueologicas ... - 157

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

Fig. 5 - Trabalho de campo dos projetos: a - escavacao de um sltio da fase Formiga em area de campo, na llha

de Marajo; b - abertura de urn corte-estratigrMico em Makahuku, no rio Tutuari, Alto Xingu; c - escavacao da

trincheira no sambaqui PA-SA-5: Porto da Mina, no Salgado; d - preparacao e retirada do sepultamento n," 2 no sam-

baqui PA-SA-6: Ponta de Pedras, no Salgado; e - coleta de material peneirado no sambaqui PA-SA-30: Cocal, no

Salgado; f - escavaeao do sitio AM-MA3: Canteiro, ria ilha de Terra Nova. nos arredores do baixo rio Negro.

158 - Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

Fig. 6 - Trabalho de campo dos projetos: a - corte-estratigrMico no sitlo AM-IT-1: Feitoria, no rio Sanabani, lago

de Silves; b - coleta e peneiramento do material retirado do fundo do lago Cajari, no sitio MA-SL-1: Cacaria; c -

sepultamento fletido entre 1,80 - 2,00m no sambaqui MA- SL-4: Maiobinha, na ilha de Sao Luis; d - lavagem de ma-terial arqueoloqico para analise preliminar, medic rio Nagro; e - escavacao de uma urna na area urbana da vlla

de Sao Sebastiao (sitio AM-UR-ll, no baixo Uaturna: f. - rnatacao com petroqllfos (sitio AM-IT-31: Caretas), no me-

dio rio Urubu.

As pesquisas arqueo16gicas ... - 159

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

Nova), para fins de dellmltacao das areas de

dlspersao e lnfluencta das grandes tradrcees

amazonlcas. (Fig. sa)

Pesquisados 13 sltlos-habltacoes (6 na mar-

gem norte do lago, 5 no rio Sanabanl e 2 nailha de Silves) e identificadas 3 fases arqueo-

16gicas dlstlntas - Silves, Sanabani e Moca-

ietubs . A fase Silves faz-se representar, prin-

clpalmente, nos sitios localizados nas faleslas

da margem norte do lago. Ceramlca muito

bern elaborada, com diversos tipos deeo r ados ,

inclusive pintura policroma. Sepultamento se·

cundarlo em urnas antropornorfas plntadas e

antiguidade por C14 datando de A.D. 200. A

fase Sanabani, por outro lado, foi ldentlflcada

nos sltios das terras firmes de ambas as mar-

gens do rio hornonlmo . Sitios menores que 08

da fase Silves, corn cerarnlca ap r esen t endo

enfase nas tecnlcas incisa, ponteada e r ncde la-

da, e datacao variando de A.D. 940 a A.D.

1060. A tercelra fase - Mocajatuba -, fol ca·

racterizada em urn unlco sitio da ilha de Silvas.

Oeramlca diferente das anterlores e presence

de elementos culturais alienigenas (preqoa,

artefatos de ferro etc.). Datacao acusando

A.D. 1715.

A fase Silves e tipicamente· filiada a sub-

tradlcao Guerite e a fase Sanabani a tradiQao

Incisa Ponteada, representando arnbasgrupos

de horticultores de iloreste tropical. J4 a fase

Mocajatuba, por conter evidenehu3 aeulturen-vas, fol lnclulda na tradlcao N@@·b ra~ i / ~ i r a da

Amazonia. 0 sltlo dessa fa3@ prov~\Velmente

representa 0 local onde foi cQn§trufd" em fins

do seculo XVII, uma missao p~ri catequese

dos indios do rio Urubu. ( Sim ooll, 1 97:3 ).

6 - Projeto lago Cajari (18 11 ) ..... Pesquisa

efetuada por Mario F. Simoes, C()nCeI9~0 G.

Correa, Ana Lucia Machado • R~mato SampaioCorrea, na baixada rnaranhenae, com f t nanc la -

rnerrto do IPHAN. 0 projeto vtesva tentar re-

solver as controverslas sobre a origem e antl-

gUidade dos remanescentes culturals encon-

trados por Raimundo Lopes, em 1919 , nas

estearias ou palafttas do lago Cajarl, no Mara-

nhao. (Fig. sbl

Locallzadaa e pesquisadas as estearlas da

Cacaria e a do lqarape do Baiano, ambas no

lago Cajari e notlcladas por aquele autor. Sa-

lecionada a estacao seca para reallzacao dos

trabalhos de prospeccao subaquatlca. foram

localizados restos dos antigos estelos de sus-tentacao das palafitas, delimitada a area de

ocupacao da aldeia e coletada no fundo do

lago grande quanti dade de material (fragmen-

tos de ceramlca, artefatos lltlcos. restos de

estelos, madeira queimada e carvao) . Da ana- I

I ise deseas evldenclas resultou a ldenttftcacao I

da fase Gajari, relacionada a cultura das estea-

rlas maranhenses. A aldeia da fase Cajari, a

[ulqar pelo sltlo-tlpo da Cacaria, abrangia area

eliptica irregular de cerca de 8.000 m 2, com

os estelos de sustentacao do tabu ado em tron-

cos de "pau d'arco" (Tabebuia sp.) enterrados

vertical mente, em media1,20m, no fundo do

lago; entre estes ocorriam esteios secunda-

rios, de menor dlarnetro e geralmente lncllna-

dos. Acima do nivel maximo das aguas esten-

dla-se 0 tabuado ou plso, sobre 0 qual, prova-

velments, se dlstrlbulam as cabanas. Ceramlca

com tlpos distintos de tempero e com erifase

no model ado de aS8S e adornos. Artefatos de

cerarnlca Incluindo grelhas ou assadores clrcu- I

lares, rodalas-de-fuso e vases mlnlaturas , Nu-

merosa e varlada quanti dade de artefatos lltl- I

cos polidos e lascados. Uma unlca datacao

po r C14 acusou urns antlguidade de A.D. 570.

A presence de grelhas lrnpllca na utilizac;ao

da mandioca au outro qualquer tuberculo, raiz I

OU coco, sob a forma de boloou de farinha na I

aliment8QAo, enquanto as rodelas-de-fuso sug~e- I

rem fla9ao de fibres ou alqodao para confeccao

de III : 'I I ;)a8 , redes etc., 0 que parece evidenciarurna aubs ts tenc ta voltada para a pesca e agri-

culture. Apesar de conternporanea com algu-

mas fases da t lha de Marajo, nao ha entre a I

fase CaJeri e as anti gas culturas daquela ilha

qualquer correla910 cultural, como sugerida no

pas s adc . (Simoes, 1973; Simoes et al., 1977).

7 - ProJ.to Sio LUIS (1971) - Patrocinado pelo

Museu Goaldi e realizado pela mesma equlpe

do proJeto anterior, (8 ) 0 projeto vlsava a loca-

Iizac;Uo e pesqulsa dos sambaquis lttoraneos

(8) - Naparte final do trabalho de campo. q U A n d o nOli dlrigfamos para um doa sambaquis, ocorreu 0 brusco fa-

leclmento em pleno campo de Renato Simpalo CorrAa.

160 -

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

da ilha de Sao Luis (MA) para fins de cornpa-

racao cultural e cronoloqica com as do litoral

do Para (fase Mina) e do Heconcavo Baiano

(fase Peri peri) . (Fig. 6c)

Localizados e pesquisados 8 sambaquis,

dos quais apenas dais - Maiobinha e Guaiba

- permitiram escavacoes estratlqraflcas . Os

restantes, como no litoral do Salgado, mostra-

vam-se totalmente destruidos. restando semen-

te fina camada residual de conchas e fragmen-

tos de ceramics. Com excecao do sambaqui da

Maiobinha, as dernais apresentavam composi-

gao rnalacoloqlca semelhante aos da fase Mina,

isto e , predominio de Anomalocardia brasiliana

e Cressoetree sp. 0 sambaqui da Malobinha

apresentou refugo ocupacional de cerca de

2,Om de espessura, composto principalmente

por valvas de Chione pectorine em mistura com

fraqmentos de ceramlca, de liticos, vertebras

de peixes, ossos de animais etc. Junto a base

continha ainda dols sepultamentos prlrnarlos

dtretos: de urna mulher em posicao Hetida e

decublto dorsal, assoclado a contas liticas de

provavel colar; e outro, rnals abaixo, de uma

crlanca de colo tarnbern associ ado com minus-

culas contas iiticas . 0 sambaqui de Guaiba.

par sua vez, fora parcial mente destruldo, exi-bindo um refugo residual de apenas 1,Om de

profundidade com sinais de perturbacao . Ain-

da que diferentes entre si, as cerarnlcas de

ambos mostram-se melhor confeccionadas que

as dos demais sambaquis locais, inclusive com

tecnicas decorativas sofisticadas. Duas amos-

tras de carvao do sambaqui da Maloblnha for-

necerarn datacoes de A. D. 545 eA. D. 705.

(Simoes, 1973).

Fxcluidos as dais acima citados, as dernais

sambaquis pesquisados foram tipologicamentefiliados a tradicao Mina do litoral paraense e

baixo Amazonas.

8 - Projeto Baixo rio Tocantins (1976-1979) -

Projeto financiado pelo Programa Nacional de

Pesquisas Arqueol6gicas na Bacia Amezontce

(PRONAPABA), (9 ) em 1976, e reallzado par

Mario F. Simoes, Eneida Ch. Malerbi e Fer-

nanda de Araujo-Costa nos trechos Maraba-

Santa Terezinha e Tucurul-Nazare dos Patos.

Porern, tendo em vista a construcao da represa

de Tucurul e a futura lnundacao da area acimada hidreletrlca, mediante acordo com a ELETRO-

NORTE, foi providenciado em 1977 a salvarnen-

to arqueoloqlco da area, levado a efeito por

Mario F. Simoes, Fernanda de Araujo-Costa e

Alia Lucia Machado. Em 1978, retornarn ao

campo as duas ultlmas para completer as tre-

chos intermediarios e, em 1979, Daniel F. Frels

Lopes viajou para Maraba para salvamento de

mais 2 sitlos arneacados de destrulcao par ero-'

sao e desrnatamento . Alern dos objetivos es-

peclftcos do PRONAPABA (Simoes, 1978) e de

Salvarnento Arqueoloqlco, a pesqulsa tinha par

finalidade verificar, pela posicao geografica da

area, a posslbllldade desta ter servido como

centro receptor e/ou de passagem de grupos

pre-historlccs de sudeste, centro e norte do

Brasil.

Localizados e pesqulsados 40 sitlos arqueo-

loqlcos ao longo do baixo Tocantins e seus

afluentes, no trecho Maraba-Nazare dos Patos,

e identlflcadas ate a momenta 3 fases arqueo-loqicas distintas - Teueri, Tucurui e Teue .

A fase Tauari foi ldentlflcada nos sitios

localizados entre Maraba e Jatobal, apresen-

tanto cerarnlca utilitarla com enfase no banho

vermelho, corrugado e roletado: artefatos liti-

cos cornpreendendo lamlnas-de-machado. bate-

dares, facas e raras pontas-de-projetll . Evlden-

cias de sepultamento secundario em urnas. A

fase Tucuruf, reconhecida nos sftios local iza-

dos entre a corredeira de Capitarlquara e Tu-

curul, inclusive ao longo da antiga ferroviaJatobal-Tucuruf. apresentou cerarnlca rnelhor

manufaturada, com pintura, lncisao e rnodelado.

Artetatos Ifticos sernelhantes ao da fase Tauari

e sepultamento primario direto na area do sf-

tio. Ja a fase Taua, caracterizada nos sftios a

jusante de Tucuruf mostrou lima cerarnlca mui-

(9) - Programa de grande amplitude e partlclpacao interinstitucional, em reallzacao mediante convenlo entre 0

CNPq e a Smithsonian Institution, com a colaboracao da SPHAN, INPA e Museu Goeldi. E coordenado por

Clifford Evans (ate janeiro de 81) e Betty Meggers, pela Smithsonian Institution, e Mario F. Simoes, pelo

CNPq/Museu Goeldi, dele participando, alem do pessoal da Divlsao de Arqueologia do Museu Goeldi, CclsoPerota (UFES), Ondemar F. Dias Jr (UFRJ) e Eurico Th. Miller (UCRS), com respectivas equipes. Iniciado em

1976, com prevlsao para 5 anos, tendo sldo ja pesquisadas varias areas do Para, Amazonas, Acre e Ron-

donia (Simoes, 1977),

As pesquisas arqueolegicas ... - 161

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

to elaborada, com varies tlpos decorativos,

total mente diversa das duas anterlores ,

A fase Tauarl fol datada em A. D. 1550,

enquanto a Tucurui em A. D. 1000. Todas tres

fases pertencem a horticultores de floresta

tropical, relaclonando-se as duas primeiras a

grupos com forte lntluencla na cerarnlca com

a traolcao Tuptquerent . Ja a fase Taua, pelas

caracterfstlcas da cerarnlca, e tipicamente re-

laclonada 90m a tradlcao lncise Ponteada da

Amazonia (.Simoes, s/d) .

9 - Projeto Medio rio Negro (1978) - Pesqui-

sa programada e patroclnada pelo PRONAPABA

no curso rnedio do rio Negro, entre as fozes

dos rios Cuieiras e Ararlrra, e reallzada porMarlo F. Simoes, Ana Lucia Machado e Ana

Lucia Maroja. Alern dos objetlvos do Programa,

buscava ainda 0 projeto complementar as pes-

qulsas anterlores no baixo cusro do rio.

(Fig. 6d).

Pesqulsados 20 sltloe arqueo16gicos ao

longo da calha do rio e baixo curso de varies

de seus afluentes. Sao todos sitlos-habltacoes

locallzados em locais eievados e pr6ximo a

margem do rio. Ainda que grande parte do

material se encontre em processo de analise

e classlflcacao, pode-se adlantar que ha uma

preponderancla de sltlcs com material tlplco

da subtradlcao Guarita, em especial da fase

Apuau (Simoes, 1974). Ha alnda ocorrencia de

material que, pelas forrnas e decoracao exi-

bldas, nao se enquadra nas fases e tradlcoes

comuns da reqlao, alern de pequena lncldencla

de cerarnlca neo-brasileira.

Datacoes para alguns sftlos com traces

diaqnostlcos da subtradicao Guarita acusaram

A. D. 880 eA. D. 990, enquanto duas outras

- A.D. 1220 e A.D. 1325 - procedem de

sttlos com material lnedlto (Simoes, s/d) .

10 - Projeto Baixo UatuniajJatapu (1979)-

Patrocinado pelo PRONAPABA para pesqutsas

nos cursos inferiores dos rlos Uatuma e Jatapu

(AM), e realizadas por Mario F. Simoes, Con-

celcao G. Correa, Ana Lucia Maroja e Lilia G.

Nasser. Objetlvos adicionais aos do Programacompreendendo tentatlva de ldentlficacao das

areas de lnfluenclas das duas grandes tradi-

coes cerarnlstas amazonlcas, (Fig. se)

162 -

Localizados e pesquisados 27 sltlos no bal-

xo Uaturna, baixo Marlpa, baixo Jatapu, parana

de Urucara e furo de Silves. Com excecao de

urn unico sftio, onde foram escavadas urnas

de sepultamento secundarlo, todos os dernals

sao sftio-habltacoes . Embora0

material este]eem fase de analise preliminar, ha grande nume-

ro de sltlos com material tlplcarnente da

tradlcao Policrome, especial mente da subtradi-

<;:aoGuarita, inclusive com urnas antropomorfas

policromas. Presenca ainda de sitlos com ma-

terial assernelhado ao da fase au complexo

Konduri, da tradicao Incisa Ponteede, de distri-

bulcao qeoqraflca nos rios Nhamunda e Trom-

betas. (Simoes, sid).

11 - Projeto Medio rio Urubu (1980) - Proje-to flnanclado pelo PIN-lropico Omido e reallza-

do por Mario F. Simoes, Ana Lucia Maro]a e

Daniel F. Freis Lopes no curso media do rio

Orubu (AM), tendo por objetivo cornplernentar

as pesqulsas anteriores no lago de Silves e

baixo rio Negro. (Fig. 6f)

Localizados e pesquisados 23 sitlos ao lon-

go do curso rnedlo do rio, da foz do rio Aneba

ate 0 lago da Gloria. Pela recencla do trabalho

de campo (novembro-dezembro) e 0 materialestar alnda sendo lavado e etiquetado, somente

e posstvel adiantar que maior parte dos sitlos

apresenta evldenclas de material assemelhado

ao da fase Silves, do lago de Silves.

ACERVO ARQUEOL6GICO

Ate 1954 0 acervo arqueol6gico do Museu

Goeldi nao ultrapassava 700 pecas e fragmen-

tos, dentre as quais a colecao de Lima Guedes

(Maraca) e a de Goeldi (Cunani). Em 1959,

adquire 0 CNPq por compra a valiosa Coleciio

Frederico Berets, organizada por esse estudlo-

so da Cultura Santarern, deposltando-a no Mu-

seu Goeldi para fins de conservacao e expo-

alcao .

Atualrnente, conta 0 acervo com 2.054 pe-

cas tombadas, constando de exemplares com-

pletos, incompletos e restaurados, alern de,

aproximadamente, 800.000 fragmentos de cera-

mica, de artefatos Ifticos etc., procedentes dasescavacoes estratlqraflcas e colecoes de super-

flcie dos lruirneros sltlos pesqulsados nos ultl-

mos anos. Das pecas com pietas e restauradas,

Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

destacam-se, alern daquelas ja citadas acima,

as eolecoes Nirnuendaju, Townsend e Barata

(Santa rem e Oriximina), Evans & Meggers (Ma-

raj6 e Amapa) , Frikel (Baixo Amazonas, rio

Cururu e Tumucumaque) , Correa, Figueiredo &

Simoes (Maraj6), J.C. Cardoso (Maraj6). Si-

moes (Salgado, Negro e Uatuma) e INPA (Sil-ves e Solimoes).

PUBLICACOES

Alern dos resultados das pesqulsas reali-

zadas e ja citados no texto, outros trabalhos

vern sendo publicados pelo Museu Goeldi,

como a cerarnica arqueoloqlca do rio ltacalunas

(Figueiredo, 1965), estatuetas de cerarnlca na

Cultura Santa rem (Correa, 1965), cerarnlca

arqueoloqica do rio Fresco (Simoes et el.,

1973), reconstituicao da pre-hlstorla da Ama-

zonia (Meggers & Evans, 1973), pontes-de-pro-

[ettl no Tapajos (Simoes, 1976) e arqueologia

dos rios Nhamunda/Trombetas (Hilbert & Hil-

bert, 1980). Somam-se, ainda, alguns trabalhos

sobre metodologia e lnformacao arqueoloqlcas,

como 0 pequeno manual para prospeccao ar-

queoloqica (Evans & Meggers, 1965), os resul-

tados prellminares do Programa Nacional de

Pesouises Arqueol6gicas (Simoes, Ed., 1967,1969a, 1969b, 1971 e 1974), uma sinopse sobre

a Arqueologia do Brasil (Brochado et al., 1969),

o lndice das fases arqueoloqicas (Simoes,

1972) e, mais recentemente, as areas da Ama-

zonia Legal Brasileira para fins de cadastro e

pesqulsa de sitios arqueoloqlcos (Simoes &

Araujo-Costa, 1978) .

CONSIDERACOES FINAlS

No perfodo de 1955 ao presente, nao obs-

tante 0 reduzido pessoal de pesquisa e apoio,

foram realizadas pela Divisao de Arqueo!ogia

as seguintes atividades: co-dlrecao clentlfica

de 2 proqramas nacionais e interinstitucionais

(PRONAPA e PRONAPABA); programados e

executados 14 projetos de pesquisa; locallza-

dos e pesquisados 308 sitlos arqueoloqicos:

identificadas rnais de 40 fases, uma tradlcao

(Mina) e uma subtradlcao (Guarita); obtidas

ceres de 70 datacoes par C '4 e Termolumines-cencia e publicados 38 trabalhos, entre artigos

e monografias.

As pesquisas arqueo16gicas ...

No campo do ensino e treinamento de pes-

soal foram mlnlstrados 2 curses de Arqueolo-

gia em nivel de pos-qraduacao, concedidos 6

estaqlos especials e 18 regulares, proferidas

varlas palestras e conferenclas e montadas 4

exposlcoes .

No tocante as colecoes arqueoloqicas ouacervo, foram estas total mente revisadas quan-

ta ao seu tombamento, restauradas aquelas

em mau estado e iniciado 0 fichamento des-

critivo-tipol6gico de cada especlrne . Acresci-

dos mais 1355 especirnes tombados, alern ae

cerca de 800.000 fragmentos diversos das co-

lecoes estratlqraftcas ,

SUMMARY

The development of archeological research in the

I\tluseu Paraense Emilio Goeldi is due in large part to

the Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico

e Tecnol6gico (CNPq) which, beginning in 1954, reor-

ganized, reequiped, and revitalized the former Section

of Amazonian Archeology. The history of Archeoloqv

in the Museu Goeldi is traced from its founding to the

present day. At the time of the entry of the CNPq into

the administration of the Museum, the old Section of

Amazonian Archeology had been practically inactive

since the beginning of the 20th century. Today, the

Division of Archeology includes 5 researchers and

technicians and curates a collection of artefacts which

numbers over 2000 pieces. The principle researchprojects which have been carried out or are still in

progress are discussed, as are collateral activities in

the fields of education and the conservation of archeo-

logical sites.

REFER~NCIAS BIBLIOGRAFICAS

8ROCHADO, J. Proenza et alii.

1969 - Arqueologia Brasileira em 1968. Urn rela-

t6rio sobre 0 Programa Nacional de Pes -

quisas Arqueoloqlcas , Publ. Avulsas MusPa. Emilio Goeldi, Belern, 12. 33 p. ll.

CORRM, Concelcao G.

1965 - Estatuetas de cerarntca na Cultura Santa-

rem. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emilio Goeldi,

Belern, 4. 90 p. il ,

CORREA, Concelcao G. & SIMOES, Mario F.

1971 - Pesquisas arqueol6gicas na reqiao do Sal-

gado (Para). A fase Areao do litoral de Ma-

rapanim. B. Mus. Pa. Emilio Goeldl, n.

ser. Antrop., Belem, 48. 30, p. il .

EVANS, Clifford & MEGGERS, Betty J,

1965 - Guia para prospeccao arqueol6gica no Bra-

sil. Belern, Museu Paraense Emilio Goeld',

VIII +57 p. il. (Serie Guias, 2).

- 163

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

FERREIRA PENNA, Domingos S.

1876 - Breve noticia sobre os sambaquis do Para.

Arch. Mus. Nac., do RiC' de Janeiro, 1:

85·99.

1877a- Apontamentos sobre os ceramios do Para.

Arch. Mus. Nac., Rio de Janeiro, 2: 47·67.

1877b- Urnas de Maraca. Arch. Mus. Nac., RIo

de Janeiro, 2: 69·71.

FIGUEIREDO, Napoleao

1965 - A ceramlca arqueol6gica do rio ltacalunas.

B. Mus. Pa. Emilio Goeldi, n. ser. Antrop.,

Belern, 27. 17 p. il.

FIGUEIREDO, Napoleao & SIMOES, Mario F.

1963 - Contribuicao a arqueologia da fase Mara-

[oara. Rev. Mus. Paul., Sao Paulo. 14: 455·

65. u.

GOELDI, Emilio

1900 - Excavacoes archeologicas em 1895. 1.' par-

te: As cavernas funerarias artificiaes dos

indios extinctos no rio Cunany (Goanany)

e sua ceramica. Mem. Mus. Pa. Hist.

Nat. Ethnogr., Belern, 1. 43 p. ll ,

GUEDES, Aureliano Lima

1897 - Relat6rio sobre uma mlssao ethnographiea

e archeologica aos rios Maraca e Anauera-

pucu. B. Mus. Pa. Hist. Nat. Ethnogr.

Belern, 2: 42·64.

HILBERT, Peter P.

1952 - Contribuicao a arqueologia da llha de Ma-raj6. Os "tesos" marajoaras do alto Ca-

mutins e a atual sltuacao da [lha do Paco-

val, no Arari. Inst. Antrop. E.tnol. Para,

Belern, 5. 32 p. iI.

1955a- Tripods in the lower Amazon. In: CONGRES.

INTERN. AMERICAN., 31. Sao Paulo, Anais .•.

2: 42·64. u.1955b- A cerarnlca arqueol6gica da regiao de Orl-

xlmlna , Inst. Antrop. Etnol. Para, Belern,

9. 76 p. u .

1957 - Contribuicao a arqueologia do Amapa, Fase

Arlste , B. Mus. Pa. Emilio Goeldi, n. ser.Antrop., Belem, 1. 37 p. ll ,

1958 - Urnas funerarias do rio Cururu, Alto Tapa-

j6s. B. Mus. Pa. Emilio Goeldi, n. ser.

Antrop., Belern, 6. 13 p. ll.

1959a- Achados arqueol6gicos num sambaqui do

Baixo Amazonas. Inst. Antrop. Etnol. Pa-

ra, Belern, 10. 20 p. Il ,

1959b- Preliminary results of archeological lnves-

tigations in the vicinity of the mouth of the

Rio Negro, Amazonas. In: CONGRES. IN·

TERN. AMERICAN., 33. San Jose. Actas ... 2:

370·77. il.

1962a- New stratigraphic evidence of culture c h an -

ge on the middle Amazon (Solimoes). In:

INTER. AMERIKANISTNKONGRESSES, 34.

Wien. Akten ... p. 471·76. II.

164 -

1962b- Preliminary results of archaeological re-

search on the Japura River, Middle Arna-

zon. In: INTER. AMERIKANISTNKONGRES-

SES, 34. Wien. Akten ... p , 465·70. ll.

1968 - Archaelogische Untersuchungen am mittle-

ren Amazonas. Beitrage Zur Vorgeschichle

des Sudamerikanischen Tieeflandes. Mar-

burger Stud. Zur Volkerk., Berlin, 1.281 p.

il.

HILBERT, Peter Paul & HILBERT, Klaus

1980 - Resultados preliminares da pesquisa ar -

queol6gica nos rios Nhamunda e Trombe-

tas, Baixo Amazonas. B. Mus. Pa. Emilio

Goeldi, n. ser. Antrop., Belem, 75. 11 p. il.

KATZER, Friedrich

1903 - Grundziige der Geologie des unteren Ama-

zonasgebietes (des Staates Para in Brazi-

lien). Leipzig, M. Weg. 296 p. ll.

KRAATZ-KOSCHLAU, K.A. von & HUBER, J.

1900 - Zwischen Ocean und Guama , Beitrag zur

Kenntniss des Staates Para. Mem. Mus

Pa. Hist. Nat. Ethnogr., Belern, 2. 34 p. il.

MEGGERS, Betty J. & EVANS, Clifford

1957 - Archeological investigations at the mouth

of the Amazon. Bur. Amer. Ethnol. Bull .•

167. 664 p. il.

1973 - A reconstltulcao da pre-hlstorla Amazentca.

Algumas consideracoes te6ricas. In: SI-

MOES, M.F. - 0 Museu Goeldi no Ano do

Sesqulcentenarlo , Publ. Avulsas Mus. Pa.Emilio Goeldi, Belern, 20 p, 51-69. il.

MMUENDAJO, Curt

1949 - Os Tapajcs , B. Mus. Pa. Emilio Goeldi.

Belern, 10: 93-106.

SIMOES, Mario F.

1967a- Resultados preliminares de urna prospec-

cao arqueol6gica na reqlao dos rios Goiapl

e Camara (Ilha de Maraj6). In: SIMPCSIO

SOBRE A BIOTA AMAZONICA. Rio de Ja-

neiro. Atas. v. 2 Antropologia. p. 207-24 fl .

1967b- Conslderacoes preliminares sobre a arqueo-

logia do alto Xingu (Mato Grosso). In:

PROGRAMA NACIONAL DE PESQUISAS AR·

QUEOLCGICAS. Resultados preliminares do

primeiro ano. 1965-66. Publ. Avulsas Mus

Pa. Emilio Goeldi, Belern, 6: 129-52. n .

1969 - The Castanheira Site: New evidence on

the antiquity and history of the Ananatuba

Phase (Maraj6 Island, Brazil). Amer. Antiq.,

Salt Lake City, 34 (4): 402-10. ll.

1971 - 0 Museu Goeldi e a Arqueologia da Bacia

Arnazonlca. In: ROCQUE, C. Antologia da

Cultura Amaz6nica. Sao Paulo, Edlcoes Cu!-

turais, p. 172-80., il. (Antropologia-Folclo-

res, 6)_

1972 - Indice das fases arqueol6gicas brasileiras.

1950-1971. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emili.)

Goeldi, Belern, 18. 75 p. ll ,

Simoes

5/17/2018 As pesquisas arqueol gicas no Museu Paraense Em lio Goeldi (1870-1981) v11n1a39 ...

http://slidepdf.com/reader/full/as-pesquisas-arqueologicas-no-museu-paraense-emilio-goeldi-187

1973 - A pesquisa arqueol6gica na Amazonia Le-

gal Brasileira. In: Dedalo, Sao Paulo, 17/18:

11-23. il.

1974 - Contrlbulcao 11 arqueologia dos arredores

do baixo rio Negro. In: PROGRAMA NA-

ClONAL DE PESOUISAS i\ROUEOLOGICAS.

Resultados preliminares do quinto ano.

1969-70. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emilio

Goeldi, Belem, 26: 165-88. il .

1976 - Nota sobre duas pontas-de-projetil da bacia

do Tapaj6s (Para). B. Mus. Pa. Emilio Goel-

di, n. ser. Antrop., Belern, 62. 14 p. il.

1977 - Programa Nacional de Pesquisas Arqueolo-

gicas na Bacia Arnazonica . Acta Amazonica,

Manaus, 7 (3): 297-300. u .

1981 - Coletores-pescadores ceramistas do lltoral

do Salgado. Nota preliminar. B. Mus. Pa.

Emilio Goeldi, n. ser. Antrop., Belern, 78.26 p. il.

sd - 0 Programa Nacional de Pesquisas Arqueo-

16gicas na Bacia Arnazonica . Areas pesqui

sadas nos tres primeiros an os (1977-79).

Fundacao de Desenvolvimento da Pesquisa

de Minas Gerais, Belo Hortzcnte. (no prelo).

SIMOES, Mario F. & ARAUJO-COSTA, Fernanda

1978 - Areas da Amazonia Legal Brasileira para

pesquisa e cadastro de sitios arqueol6gi-

cos. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emilio Goel-

di, Belern, 30. 160 p. il.

As pesquisas arqueo16gicas ...

SIMOES, Mario F.; CORREA, Conceicao G.;

MACHADO, Ana Lucia

1973 - Achados arqueol6gicos no baixo rio Fresco

(Para). In: Simoes, M.F. - 0 Museu Goeldi

no Ano do Sesquicentenario , Publ. Avulsas

Mus. Pa. Emilio Goeldi, Belern, 20. p. 113-

42. il.

1977 - Pesquisas arqueol6gicas nas estearias do

lago Cajari, Maranhao. In: RESUMOS da

29.' Heuniao Anual da SBPe, Sao Paulo, p-

162-3.

SIMOES, Mario F. (Editor)

1967 - Programa Nacional de Pesquisas Arqueolo-

gicas. Resultados prelimlnares do primeiro

ano. 1965-66. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emi-

lio Goeldi, Belem, 6. 158 p. il.

1969a- Programa Nacional de Pesquisas Arqueol6-

gicas. Resultados preliminares do segundo

ano , 1966-67. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emi-

lio Goeldi, Belern, 10. 152 p. il.

1969b- Programa Nacional de Pesquisas Arqueol6-

gicas. Resultados preliminares do terceiro

ano. 1967-68. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emi-

lio Goeldi, Belern ,

1971 - Programa Nacional de Pesquisas Arqueolo-

gicas. Resultados preliminares do quarto

ano. 1968-69. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emi-

lio Goeldi, Belem, 15. 190 p. il.

1974 - Programa Nacional de Pesquisas Arqueol6-

gicas. Resultados preliminares do quinto

ano , 1969-70. Publ. Avulsas Mus. Pa. Emi-

lio Goeldi, Belem, 26. 200 p. ll .

- 165