As pessoas importantes · reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be lezas de que...

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preço 1*00 Quinle-faira 21 <Je Fevereiro de 1957 Ano !! - N.• 102 Proprietário, idminiitrador e fditor V. S. M O T T A P IN TO REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - IS - TELEF. 026 467 -------------------- -------------------- ------------ M O N T I J O ----------------- COMPOSIÇÃO B IMPRESSÃO — TIPOGRAFIA «GRIAFEX» — TELEF. 02G236 —MONTIJO fllOnumflITOS DE LISBOfl ariffa-gawi * w U"-rrwr rn iw r * r r e r » r B S iS ^ ^ P o i* A m a r a l F r a z à o Num livro com grandes pretensões a propaganda tu- rística, que um dia me veio parar às mãos, há um capí- tulo que trata dos monumen- tos da cidade. Os três monumentos mais recentes — Guerra Peninsu- lar, Mortos da Grande Guerra e Marquês de Pombal — são ali apontados como massas pouco harmoniosas, fracos de concepção, decorativa- mente exuberantes. E m ais: que deixam impressão desa- gradável a quem os contem- pla. Nada disto é verdade, a meu ver. Sempre tive a impressão de que o monumento come- morativo da Guerra Penin- sular era uma formosa obra de escultura que honra o seu autor e não deixa de honrar o País. Tenho-o contem- plado muita vez e, embora não seja artista nem coisa que se pareça, nunca me causou má impressão. Isto de dizer mal é coisa fácil e para muita gente hábito que não conhece variantes nem as responsabilidades morais que podem advir duma crítica discricionária. E possível que o monu- mento aos Mortos da Grande Guerra não seja uma grande preciosidade, mas que im- pressiona mal quem o vê, isso é mentira. A mim, e creio que a muito boa gente, a impressão causada foi sem- pre das mais agradáveis, (Continua na página 4) Tomar. Parece que a Natu- reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be- lezas de que podia dis- por! A cidade surge as- sim, no des- cer das en- costas, nim- bada de to- nal idades supremas, aureolada por halos de infinita graça e majestade. Por todos os recantos se esmaltam claridades, man- chas políeromas que fazem da região autênticas parcelas dum paraíso ideal! Atravessando a cidade, com suas pontes engraçadas, de rudimentar arquitectura, Edificio dos Paços do Concelho, vendo-se ao alto a silhueta do Convento de Cvnto. espreguiça-se o rio Nabão, de margens floridas e verde- jantes, ao qual Tomar deve grande parte das suas se- duções. O visitante deleita-se na magia que o envolve. E antes de percorrer a face monumental que o há-de as - sombrar, dispersa o espírito por horas e horas na contem- plação dos quadros opulen- tos que a Natureza prodiga- mente lhe oferece. Portugal pitoresco! Escrí- nio de maravilhas que é todo o nosso orgulho, que constitui o património mais rico e mais sumptuoso da alma portuguesa ! TOMA Para que o mundo saiba... A Imprensa diária registou o acontecimento com a ex- pansão que o caso impunha. Ao fazermos eco, por nossa parte, de tais acontecimen- tos, queremos destacar a nossa posição de defensores integérrimos da soberania portuguesa e dos direitos que nos assistem, no cainpo internacional, como potência secular independente. A circunstância de haver um delegado dum país cha- mado Iraque — que localiza- mos fàcilmente no mapa mas que nos é difícil identificar como Nação civilizadora no mundo— , a querer imis- cuir-se na vida dos outros povos, sem procurar conhe- cer prèviamente a verdade das suas afirmações, leva-nos a admitir o propósito de cer- tos membros da ONU que- rerem deliberadamente des- virtuar a verdade dos factos, de modo a confundir a opi- nião pública mundial. A manobra não será iné- dita naqueles bastidores, mas constitui novidade por o ata- que Visar agora particular- mente Portugal. Até que ponto pode o Ira- que, mancomunado com a Jugoslávia e a Síria, fazer-se intérprete duma posição que lhe outorga o direito de pôr em dúvida a situação de po- vos soberanos como Portu- gal, é factor estranho à nossa compreensão mas não estra- nho ao nosso desejo de se ver reconhecido, duma Vez para sempre, a posição de Portugal como País pioneiro da civilização cristã e defen- sor, por isso mesmo, dos direitos das gentes. Sabemos que o caso está entregue em boas mãos. A nossa representação nas Na- ções Unidas é realmente Va- lorosa. A réplica clara e firme do Dr. ^Iberto Franco Nogueira, delegado portú- A L V A R O PEREIRA guês na Comissão de Cura- dorias, onde o assunto foi debatido, é de molde a deixar prever mais um triunfo para a nossa diplomacia que, como é óbvio, está atenta e Vigi- lante a toda e qualquer ma- nobra, venha ela donde vier. Para lá, porém, dessa bri- lhante réplica, que consistiu numa exposição de argu- mentos que orientam a cons- tituição política portuguesa, queremos também destacar, pelo seu significado e Valor, as declarações do ilustre delegado brasileiro Dr. Do- natello Grieco que, numa exuberante demonstração de solidariedade para com Por- tugal, fez uma resenha his- tórica da nossa acção civili- zadora no mundo, citando, a propósito, o Brasil como «um País que se orgulha de ter sido no passado uma provín- cia de Portugal». Cremos que as declarações do Dr. Grieco impressiona- ram a maior parte dos dele- gados presentes àquela ses- são e tiveram a rara virtude, para nós portugueses de in- calculável valia, de oferecer ao mundo o exemplo da mais sólida e leal fraternidade. Nâo resistimos, por isso, à tentação de transcrever algumas passagens do bri- lhante discurso daquele emi- nente diplomata: «Tocar em Portugal é como tocar no Brasil; como brasi- leiro, ao referir-me a Portu - gal, não podia deixar de o fazer com justificado orgulho, pois foi Portugal quem, no decurso de 5 séculos, levou a cabo a histórica e desinte- ressada missão de consolidar os factores do progresso so- cial, cultural, económico e político que permitiram ao , Brasil alcançar o direito à sua independência». (Continua na página 4) @tânieas iiie.q,aittas - 39 As pessoas importantes Certos prosápias que, por vezes, passam à minha ilhar- 1 ga ou pela minha objectiva causam-me as náuseas ener- vantes do tártaro emético. Pergunto a mim mesmo donde lhes veio tanta impor- tância e quem foi que a ou- torgou, sem que obtenha qualquer resposta. ALVARO VALENTE Conheço os prosápias des- te mundo retorcido, sei o que são e o que valem ; não obs- tante, por mais que parafuse, não encontro na sua estru- tura básica a razão de tão insulso cometimento. Presumo que se trata dum arcaico processo de celebri- dade, em que o autor procura à outrance elevar-se pela I força dos gestos de «inês- -da-horta», ou pela vacuidade das afirmações insignifica- tivas. Isto poderá traduzir-se na frase de compressa: Já que ninguém de mim se ocupa, já que ninguém de mim fala, vou eu falar e dar a impres- são de que vou a caminho da posteridade máxima. E então é vê-los, com ar majestoso, pimpão, reme- xendo o nó da gravata e vi- giando o vinco das calças, olhando superiormente os in- significantes viventes que vegetam em volta, revirando as pestanas lá do mundo olímpico onde pairam, como se entrouxassem toda a ciên- cia e todo o valor que exis- tem nos livros e sobre a Terra! A única preocupação é a sua pessoa: eu, mais eu, sempre eu, eu sei isto, eu fiz aquilo, eu disse outrora, eu hei-de alcançar o zénite, eu e eu e eu. (Continua na página 4) PORTUGAL PITORES R Entre as terras mais lindas de Portugal, fi- gura no pri- meiro plano a cidade de

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preço 1*00 Quinle-faira 21 <Je Fevereiro de 1957 Ano !! - N.• 102

P r o p r i e t á r i o , i d m i n i i t r a d o r e f d i t o r

V . S . M O T T A P I N T O

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - IS - TELEF. 026 467 -------------------- — -------------------- ------------ M O N T I J O -----------------

COMPOSIÇÃO B IMPRESSÃO — TIPOGRAFIA «GRIAFEX» — TELEF. 02G 236 — MONTIJO

fllOnumflITOS DE LISBOfla r i f f a - g a w i * w U"-rrw r r n iw r * r r e r » r B S iS ^ ^

P o i * A m a r a l F r a z à o

Num livro com grandes pretensões a propaganda tu­rística, que um dia me veio parar às mãos, há um capí­tulo que trata dos monumen­tos da cidade.

Os três monumentos mais recentes — Guerra Peninsu­lar, Mortos da Grande Guerra e Marquês de Pombal — são ali apontados como massas pouco harmoniosas, fracos de concepção, decorativa­mente exuberantes. E m ais: que deixam impressão desa­gradável a quem os contem­pla.

Nada disto é verdade, a meu ver.

Sempre tive a impressão de que o monumento come­morativo da Guerra Penin­sular era uma formosa obra

de escultura que honra o seu autor e não deixa de honrar o País. Tenho-o contem­plado muita vez e, embora não seja artista nem coisa que se pareça, nunca me causou má impressão. Isto de dizer mal é coisa fácil e para muita gente hábito que não conhece variantes nem as responsabilidades morais que podem advir duma crítica discricionária.

E possível que o monu­mento aos Mortos da Grande Guerra não seja uma grande preciosidade, mas que im­pressiona mal quem o vê, isso é mentira. A mim, e creio que a muito boa gente, a impressão causada foi sem­pre das mais agradáveis,

(Continua na página 4)

Tomar.P a r e c e

que a Natu­reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be­lezas de que podia dis­por!

A cidade s u r g e as­sim, no des­cer das en­costas, nim­bada de to­na l idades supremas, a u re o lad apor halos de infinita graça e majestade.

Por todos os recantos se esmaltam claridades, man­chas políeromas que fazem da região autênticas parcelas dum paraíso ideal!

Atravessando a cidade, com suas pontes engraçadas, de rudimentar arquitectura,

Edificio dos Paços do Concelho, vendo-se ao alto a silhueta do Convento de Cvnto.

espreguiça-se o rio Nabão, de margens floridas e verde­jantes, ao qual Tomar deve grande parte das suas se­duções.

O visitante deleita-se na magia que o envolve.

E antes de percorrer a face monumental que o há-de as­sombrar, dispersa o espírito

por horas e horas na contem­plação dos quadros opulen­tos que a Natureza prodiga­mente lhe oferece.

Portugal pitoresco! Escrí­nio de maravilhas que é todo o nosso orgulho, que constitui o património mais rico e mais sumptuoso da alma portuguesa !

T O M A

Para que o mundo saiba...A I m p r e n s a d i á r i a r e g i s t o u

o a c o n t e c i m e n t o c o m a e x ­p a n s ã o q u e o c a s o i m p u n h a .

A o f a z e r m o s e c o , p o r n o s s a p a r t e , d e t a i s a c o n t e c i m e n ­t o s , q u e r e m o s d e s t a c a r a n o s s a p o s i ç ã o d e d e f e n s o r e s i n t e g é r r i m o s d a s o b e r a n i a p o r t u g u e s a e d o s d i r e i t o s q u e n o s a s s i s t e m , n o c a i n p o i n t e r n a c i o n a l , c o m o p o t ê n c i a s e c u l a r i n d e p e n d e n t e .

A c i r c u n s t â n c i a d e h a v e r u m d e l e g a d o d u m p a í s c h a ­m a d o I r a q u e — q u e l o c a l i z a ­m o s f à c i l m e n t e n o m a p a m a s q u e n o s é d i f í c i l i d e n t i f i c a r c o m o N a ç ã o c i v i l i z a d o r a n o m u n d o — , a q u e r e r i m i s ­c u i r - s e n a v i d a d o s o u t r o s p o v o s , s e m p r o c u r a r c o n h e ­c e r p r è v i a m e n t e a v e r d a d e d a s s u a s a f i r m a ç õ e s , l e v a - n o s a a d m i t i r o p r o p ó s i t o d e c e r ­t o s m e m b r o s d a O N U q u e ­r e r e m d e l i b e r a d a m e n t e d e s ­v i r t u a r a v e r d a d e d o s f a c t o s , d e m o d o a c o n f u n d i r a o p i ­n i ã o p ú b l i c a m u n d i a l .

A m a n o b r a n ã o s e r á i n é ­d ita n a q u e l e s b a s t i d o r e s , m a s c o n s t i t u i n o v i d a d e p o r o a t a ­q u e V i s a r a g o r a p a r t i c u l a r ­m e n t e P o r t u g a l .

A t é q u e p o n t o p o d e o I r a ­q u e , m a n c o m u n a d o c o m a J u g o s l á v i a e a S í r i a , f a z e r - s e i n t é r p r e t e d u m a p o s i ç ã o q u e lh e o u t o r g a o d i r e i t o d e p ô r e m d ú v i d a a s i t u a ç ã o d e p o ­v o s s o b e r a n o s c o m o P o r t u ­g a l , é f a c t o r e s t r a n h o à n o s s a c o m p r e e n s ã o m a s n ã o e s t r a ­n h o a o n o s s o d e s e j o d e s e v e r r e c o n h e c i d o , d u m a V e z

p a r a s e m p r e , a p o s i ç ã o d e P o r t u g a l c o m o P a í s p i o n e i r o d a c i v i l i z a ç ã o c r i s t ã e d e f e n ­s o r , p o r i s s o m e s m o , d o s d i r e i t o s d a s g e n t e s .

S a b e m o s q u e o c a s o e s t á e n t r e g u e e m b o a s m ã o s . A n o s s a r e p r e s e n t a ç ã o n a s N a ­ç õ e s U n i d a s é r e a l m e n t e V a - l o r o s a . A r é p l i c a c l a r a e f i r m e d o D r . ^ I b e r t o F r a n c o N o g u e i r a , d e l e g a d o p o r t ú -

A L V A R O P E R E I R A

g u ê s n a C o m i s s ã o d e C u r a ­d o r i a s , o n d e o a s s u n t o f o i d e b a t i d o , é d e m o l d e a d e i x a r p r e v e r m a i s u m t r i u n f o p a r a a n o s s a d i p l o m a c i a q u e , c o m o é ó b v i o , e s t á a t e n t a e V i g i ­l a n t e a t o d a e q u a l q u e r m a ­n o b r a , v e n h a e l a d o n d e v i e r .

P a r a l á , p o r é m , d e s s a b r i ­l h a n t e r é p l i c a , q u e c o n s i s t i u n u m a e x p o s i ç ã o d e a r g u ­m e n t o s q u e o r i e n t a m a c o n s ­t i t u i ç ã o p o l í t i c a p o r t u g u e s a , q u e r e m o s t a m b é m d e s t a c a r , p e l o s e u s i g n i f i c a d o e V a l o r , a s d e c l a r a ç õ e s d o i l u s t r e d e l e g a d o b r a s i l e i r o D r . D o - n a t e l l o G r i e c o q u e , n u m a e x u b e r a n t e d e m o n s t r a ç ã o d e s o l i d a r i e d a d e p a r a c o m P o r ­t u g a l , f e z u m a r e s e n h a h i s ­t ó r i c a d a n o s s a a c ç ã o c i v i l i ­z a d o r a n o m u n d o , c i t a n d o , a p r o p ó s i t o , o B r a s i l c o m o « u m P a í s q u e s e o r g u l h a d e t e r s i d o n o p a s s a d o u m a p r o v í n ­c i a d e P o r t u g a l » .

C r e m o s q u e a s d e c l a r a ç õ e s d o D r . G r i e c o i m p r e s s i o n a ­r a m a m a i o r p a r t e d o s d e l e ­g a d o s p r e s e n t e s à q u e l a s e s ­s ã o e t i v e r a m a r a r a v i r t u d e , p a r a n ó s p o r t u g u e s e s d e i n ­c a l c u l á v e l v a l i a , d e o f e r e c e r a o m u n d o o e x e m p l o d a m a i s s ó l i d a e l e a l f r a t e r n i d a d e .

N â o r e s i s t i m o s , p o r i s s o ,

à t e n t a ç ã o d e t r a n s c r e v e r

a l g u m a s p a s s a g e n s d o b r i ­

l h a n t e d i s c u r s o d a q u e l e e m i ­

n e n t e d i p l o m a t a :

« T o c a r e m P o r t u g a l é c o m o t o c a r n o B r a s i l ; c o m o b r a s i ­l e i r o , a o r e f e r i r - m e a P o r t u ­g a l , n ã o p o d i a d e i x a r d e o f a z e r c o m j u s t i f i c a d o o r g u l h o , p o i s f o i P o r t u g a l q u e m , n o d e c u r s o d e 5 s é c u l o s , l e v o u a c a b o a h i s t ó r i c a e d e s i n t e ­r e s s a d a m i s s ã o d e c o n s o l i d a r o s f a c t o r e s d o p r o g r e s s o s o ­c i a l , c u l t u r a l , e c o n ó m i c o e p o l í t i c o q u e p e r m i t i r a m a o

, B r a s i l a l c a n ç a r o d i r e i t o à s u a i n d e p e n d ê n c i a » .

(Continua na página 4)

@ tâ n ieas iiie.q,aittas - 3 9

A s pessoas importantesCertos prosápias que, por

vezes, passam à minha ilhar- 1 ga ou pela minha objectiva causam-me as náuseas ener­vantes do tártaro emético.

Pergunto a mim mesmo donde lhes veio tanta impor­tância e quem foi que a ou­torgou, sem que obtenha qualquer resposta.

ALVARO VALENTE

Conheço os prosápias des­te mundo retorcido, sei o que são e o que valem ; não obs­tante, por mais que parafuse, não encontro na sua estru­tura básica a razão de tão insulso cometimento.

Presumo que se trata dum arcaico processo de celebri­dade, em que o autor procura à outrance elevar-se pela

I força dos gestos de «inês- -da-horta», ou pela vacuidade

das afirmações insignifica- tivas.

Isto poderá traduzir-se na frase de compressa: Já que ninguém de mim se ocupa, já que ninguém de mim fala, vou eu falar e dar a i m p r e s ­são de que vou a c a m i n h o da posteridade máxima.

E então é v ê - l o s , c o m ar majestoso, pimpão, reme­xendo o nó da gravata e v i­giando o vinco das calças, olhando superiormente os in­significantes viventes que vegetam em volta, revirando as pestanas lá do mundo olímpico onde pairam, como se entrouxassem toda a ciên­cia e todo o valor que exis­tem nos livros e sobre a T e rra !

A única preocupação é a sua pessoa: eu, mais eu, sempre eu, eu sei isto, eu fiz aquilo, eu disse outrora, eu hei-de alcançar o zénite, eu e eu e eu.

(Continua na página 4)

PORTUGAL PITORES REntre as

terras mais l i n d a s de Portugal, fi­gura no pri­meiro plano a cidade de

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O t e m p o c o n c o r r e u t a m ­b é m p a r a q u e t u d o t i v e s s e o b r i l h o q u e e r a d e s e j a d o , p o i s q u e , e m b o r a d e m a n h ã s e a p r e s e n t a s s e c o m m á c a r a , n o s p r e s e n t e o u c o m u m a t a r d e e s p l ê n d i d a , c h e i a d e s o l r u t i l a n t e , a m e n a e p r i m a v e r i l .

L o g o d e m a n h ã c o m e ç a ­r a m a a p a r e c e r a s p r i m e i r a s j a n e l a s e n g a l a n a d a s , e e m b r e v e a t e r r a a p r e s e n t a v a u m a s p e c t o f e s t i v o , p r ó p r i o d o s d i a s g r a n d e s e s o l e n e s .

P e l a t a r d e , p o u c a s j a n e l a s n ã o t e r i a m s u a s c o l g a d u r a s , v e n d o - s e p o r t o d a a p a r t e m i l h a r e s d e b a n d e i r a s n a ­c i o n a i s e i n g l e s a s . A l g u n s e s t a b e l e c i m e n t o s t i n h a m s u a s montras o r n a m e n t a d a s e , p o r u m a r e s o l u ç ã o t a m ­b é m e s p o n t â n e a , e n c e r r a ­r a m s u a s p o r t a s a t é a s 17 h o r a s , d e m o l d e a p e r m i t i r q u e t o d o s p u d e s s e m a s s i s t i r à p a s s a g e m d o c o r t e j o r e a l .

O s e r v i ç o d e p o l í c i a e r a m o d e l a r . T u d o s e c o n j u g a v a p a r a q u e M o n t i j o m a r c a s s e o s e u l u g a r e d e s s e a o r a - r í s s i m o e s p e c t á c u l o o f u l ­g o r d o s e u e n t u s i a s m o ,

E a s s i m f o i , n a v e r d a d e .

P e r t o d a s q u i n z e h o r a s p a s s o u , a c a m i n h o d a B a s e A é r e a N . ° 6- M o n t i j o , o D u ­q u e d e E d i m b u r g o q u e s e d i r i g i a a o e n c o n t r o d e s u a a u g u s t a e s p o s a .

F o i m u i t o s a u d a d o p e l a m u l t i d ã o q u e e s t a c i o n a v a a o l o n g o d o p e r c u r s o , c o r ­r e s p o n d e n d o S u a A l t e z a

c o m e x t r e m a s i m p a t i a e s o r r i d e n t e .

O n o s s o D i r e c t o r s a u - d o u - o . à p a s s a g e m p e l o n o s s o j o r n a l c o m o s a c r a ­m e n t a l « W e l c o m e ! » , a q u e e l e c o r r e s p o n d e u t a m b é m c o m s e u « T h a n k s ! » e u m a s a u d a ç ã o .

A A v e n i d a D . N u n o Á l ­v a r e s P e r e i r a o f e r e c i a u m a s p e c t o d e r a r a b e l e z a , e s ­t e n d e n d o - s e p e l o s p a s s e i o s u m a m u l t i d ã o a n s i o s a d e s a u d a r a r a i n h a à s u a p a s ­s a g e m .

V i a m - s e a s c r i a n ç a s d a s e s c o l a s , a s d o O r f a n a t o , t o d a s c o m b a n d e i r a s e f l o ­r e s , a s j a n e l a s r e p l e t a s d e s e n h o r a s , — u m a p o p u l a ç ã o e m p e s o c ô n s c i a d o s e u d e ­v e r e p r o n t a a d e m o n s t r a r q u e a h o s p i t a l i d a d e r i b a t e ­j a n a n ã o é u m m i t o .

P o u c o s m i n u t o s p a r a a s d e z a s s e i s h o r a s , e o c o r t e j o a p r o x i m a v a - s e l e n t a m e n t e .

A ’ f r e n t e a p o l í c i a d e t r â n s i t o , m o t o r i z a d a , e l o g o a p ó s o c a r r o d a r a i n h a I s a ­b e l e d e s e u m a r i d o , d e j a n e l a s a b e r t a s , e n q u a n t o a s o v a ç õ e s e s t r o n d e a v a m n o s a r e s e t o d a a g e n t e s a u d a v a o s i l u s t r e s v i s i t a n ­t e s .

F o i u m m o m e n t o v e r d a ­d e i r a m e n t e e m o c i o n a n t e !

E t a n t o a r a i n h a c o m o o D u q u e s e u m a r i d o s a u d a ­v a m p a r a a d i r e i t a e p a r a a e s q u e r d a , s a t i s f e i t o s p e l a f o r m a c o r r e c t a e e n t u s i á s ­t i c a c o m o 0 p o v o m o n t i ­j e n s e m a n i f e s t a v a a s u a a l e g r i a e s a t i s f a ç ã o .

A ’ p a s s a g e m d a R a i n h a I s a b e l 0 n o s s o D i r e c t o r o f e ­r e c e u - l h e e x e m p l a r e s d e « A P r o v í n c i a » , d o n . ° 10 1 , q u e t r a z i a a s u a f o t o g r a f i a e u m a s a u d a ç ã o e m i n g l ê s .

A r a i n h a a g r a d e c e u c o m u m a c o r t e s i a e l e v o u c o m e l a o p r i m e i r o j o r n a l p o r t u ­g u ê s q u e a s a u d o u p e s s o a l ­m e n t e e c r e m o s q u e a ú n i c a

o f e r t a q u e r e c e b e u e m M o n ­t i j o .

E l á s e g u i u p a r a S e t ú b a l , s e m p r e a c l a m a d a p o r m u l t i ­d õ e s q u e a a g u a r d a v a m , c o m a q u e l a s i n c e r i d a d e t ã o p r ó p r i a d o p o v o p o r t u g u ê s ,

A s u a p a s s a g e m p o r M o n t i j o , p o r é m , s e m p r e l h e l e m b r a r á , — t e m o s a c e r t e z a— p o r q u e f o i a I a t e r r a d e P o r t u g a l q u e l h e e x p r e s s o u c o m i n t e n s a v i b r a ç ã o o o r g u ­l h o e a h o n r a d e s u a v i s i t a .

A o p e r c o r r e r o s c o n f r a d e s c o m q u e m p e r m u t a m o s , e n ­c o n t r a m o s p o r v e z e s e s c r i t o s q u e s e a d a p t a m m a r a v i l h o ­s a m e n t e à s v á r i a s r e g i õ e s d o p a í s .

O q u e a s e g u i r t r a n s c r e ­v e m o s , p a r e c e m e s m o t a l h a ­d o p a r a a n o s s a t e r r a !

O r a l e i a m e d i g a m d e p o i s s e t e m o s o u n ã o t e m o s r a ­z ã o :

DIRIGIR UM JORNALc N ã o h á c o i s a m a i s d i f í c i l

d o q u e d i r i g i r u m j o r n a l .

— S e p u b l i c a o u d e s e n ­v o l v e c e r t a s n o t í c i a s o p ú ­b l i c o d e s g o s t a - s e p o r q u e o q u e d i z s ã o m e n t i r a s .

— S e a s s u p r i m e é p a r a e n c o b r i r a s v e r d a d e s d o p ú ­b l i c o .

— S e t r a t a d e p o l í t i c a o s a s s i n a n t e s d e s p e d e m - s e p o r ­q u e e s t ã o f a r t o s d e p o l í t i c a .

— S e p r e s c i n d e d a p o l í t i c a d e s p e d e m - s e p o r q u e o j o r n a l é i n s í p i d o .

— S e a p o i a o s d i r i g e n t e s d i z e m q u e q u e r g o v e r n a r - s e .

— S e o s a t a c a d i z e m q u e é t r a i d o r .

— S e d á a n o t í c i a q u e c e r t o a r t i g o v a i b a i x a r d e p r e ç o t e m c o n t r a s i o s q u e 0 t ê m a v e n d e r .

— S e n ã o a d á d e s c o n t e n t a o s q u e 0 q u e r e m c o m p r a r .

— S e f a z g a z e t i l h a s a l e ­g r e s d i z e m q u e p r e t e n d e s e r e s p i r i t u o s o .

— S e n ã o a s f a z d i z e m q u e 0 j o r n a l é u m v e l h o f ó s s i l q u e c h e i r a a r a p é .

— S e p u b l i c a a r t i g o s o r i ­g i n a i s d i z e m q u e n ã o v a l i a a p e n a o c u p a r e s p a ç o c o m e l e s h a v e n d o t a n t a c o i s a b o a a c o p i a r .

— S e c o p i a d i z e m q u e e s ­c r e v e à t e s o u r a .

Como é a primeira vez Oue escrevo neste jornal,E sou velho português Bem nascido em Portugal, Apresento cumprimentos Aos ilustres directores; Desejo alegres momentos Aos nossos caros leitores;E previno toda a gente,Sem permitir excepções,Que não serei maldizente Com estes meus beliscões.

Umas simples brincadeiras Que não ofendem ninguém. Tudo por boas maneiras,Tuio sem mal e por bem. Irei jazer uns perfis De tipos da nossa terra, Mas sempre em termos gentis Oue não provoquem a guerra. Também farei comentários Aos casos de mais volume; Mas eu não quero adversá­

rios,Vai tudo sem azedume. . .

Não percam a tramontana E esperem para a semana.

— S e a p l a u d e d i z e m q u e é l i s o n j e i r o .

— S e c e n s u r a é u m v i l ã o .— S e r e p r o d u z t u d o q u a n t o

o u v e d i z e m q u e é i n d i s c r e t o .— S e n ã o o r e p r o d u z d i z e m

q u e é i n c o r r e c t o . ». . . P r e s o p o r t e r c ã o , p r e ­

s o p o r n ã o t e r .(Do «Jornal de Almada*,

com a devida vénia).É o u n ã o é c o m o d i s s e ­

m o s ?

Concurso H o r a F e l i z

Na passada semana, o relógio do Concurso da Relojoaria e Ourive­saria Contramestre, na Praça 1.° de Maio, em Montijo, parou nas:

9 H o r a s • 5 8 m in u t o s .E contemplou a sr.a D. Celeste

Bordeira Costa, Largo das Palmei­ras, 23, em Montijo, que tinha um cartão com essa hora exacta.

Concorra também, estimado lei­tor ou leitora, e verá a sua sorte consagrada no

CONCURSO HORA FELIZ !

a P r o v í n c i a

no Emissora NacionalN o p a s s a d o d o m i n g o , na

s u a e m i s s ã o « A V o z do C a m p o » , p r o d u ç ã o r a d i o f ó ­n i c a d a J u n t a C e n t r a l das C a s a s d o P o v o , f o i l i d o 0 a r t i g o q u e « A P r o v í n c i a » p u b l i c o u c o m a e p í g r a f e « C o l c h a s e m B :> r d a d o de C a s t e l o B r a n c o » , d o n o s s o p r e z a d o c o l a b o r a d o r p r o f e s ­s o r J o s é M a n u e l L a n d e i r o ,

O l o c u t o r t e v e p a l a v r a s d e s i m p a t i a t a n t o p a r a 0 n o s s o j o r n a l , c o m o p a r a f1 a r t i g o e s e u a u t o r , 0 q lie p e n h o r a d a m e n t e a g r a d e c e ­m o s .

S A N F E R , L . DASEDE Hl ARMAZÉNS

LISBOA, Rua de S. Julião, 41-1.° |||| IDOOTUO, Rua da Bela VistaA E R O M O T O R S A N F E R o m o i n h o q u e r e s i s t i u a o

c i c l o n e - F E R R O S p a r a c o n s t r u ç õ e s , A R A M E S , A R C O S , e t c .

C I M E N T O P O R T L A N D , T R I T U R A Ç A O d e a l i m e n - | t o s p a r a g a d o s

R I C I N O B E L G A p a r a a d u b o d e b a t a t a , c e b o l a , e t c .C A R R I S , V A G O N E T A S e t o d o o m a t e r i a l p a r a C a ­

m i n h o d e F e r r oA R M A Z É N S D E R E C O V A G E M

H o m e m a o m a r

Verdades como punhos..,

Page 3: As pessoas importantes · reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be lezas de que podia dis por! A cidade surge as sim, no des cer das en costas, nim bada de to nal

21-2-957 A PROVINCIA 3

I AGENDA ELEGANTE

AniversáriosFEVEREIRO

— No dia 17, o ar. José Fran­cisco Brito Rato, nosso estimado assinante em Beja.

— No dia 18, o menino José Carlos Gouveia Ricardo, filho do nosso dedicado assinante, sr. An­tónio José Ricardo.

— No dia 19, o menino Joaquim Fernando Madeira Martins, filho da nossa estimada assinante, sr.* I). Guiomar Madeira.

— No dia 20, o sr. José Marques Gervásio, nosso prezado assinante, completou 28 anos.

— No dia 21, a menina Helena Sabino Bernardes, sobrinha da nossa estimada assinante, sr.a 1). Laura Bernatdes.

_No dia 21, completou 27 anoso nosso estimado assinante, sr. José Paulo da Silva Futre.

— No dia 22, o sr. João Augusto Tobias, nosso dedicado assinante.

_No dia 23, a menin:'. Maria deLourdes Barata Pereira Gomes, filha do nosso estimado assinante sr. Alvaro Ferreira Barata.

— No dia 23, o sr. Professor José Manuel Landeiro, nosso esti­madíssimo colaborador.

— No dia 24, a menina Maria Alexandrina Pinto de Morais, so­brinha do nosso prezado assinante sr. Américo José da Silva.

— No dia 24, o sr. António Maria Carreira, nosso dedicado e bom amigo assinante.

— No dia 26, o sr. Adelino Nor­berto Pinto Martins, filho do no£so estimado assinante, sr. Norberto Martins Soares.

_No dia 29, a sr.® D. MargaridaRosa Dourado, esposa do nosso dedicado assinante sr. António Martins Vintém.

MARÇO

_No dia 2, completa 26 anos osr. Domingos Alves Martins Ju­nior, filho do nosso estimado assi­nante sr. Domingos Alves Martins.

— No dia 2, o menino José Fer­nandes Pelirú, filho do nosso pre­zado assinante sr. Francisco José Pelirú, residente na Atalaia.

Colchas tm bordado

de Castelo BrancoComo prèviamente se noticiou,

desde o dia 15 que ae encontram em exposição, na Casa Gabriel do Carmo, colchas, naperons e ou­tros trabalhos em bordado de Cas­telo Branco, os quais tèm sido muito visitados e justamente apre­ciados. Na verdade, trata-se de trabalhos encantadores que reve­lam bem o gosto artístico das raparigas da Beira Baixa.

Sociedade F. I.° de Dezembro

B A I L E

Domingo, dia 24, pelas 21,30 horas, na Sociedade Filarmónica 1.® d e Dezembro realizar-se-á mais uma grandiosa Soirée, com a colaboração da famosa Orquestra ELDORADO.

Mais uma noite d e esplêndido sucesso.

M O N T J

(J-etfíifihueT ro ba lh os paro a ma dor es

f o t o g r a f i a s d f lr le

I p a r e I k os f o tográficos

R e p o r ta g e m F o t o g r á f ic a

Rua B u lh ã o P a t o , 11 - M O N T I j O

AGENDA . UTILITÁRIA

Reportagem ...P o r A n í b a l A n j o s

D E S A S T R E S D E * 2 =

Após quarenta e dois anos de ausência da velha Aldeiagalega— actualmente Montijo — c h e g o à simpática v i l a z i n h a ribeirinha, onde, noutros tempos me estive treinando com meu falecido pai, no Sindicato Agrícola de enlão — exactamente no momento em que Sua Majestade a Rainha Isabel II de Inglaterra acaba de descer da sua a v i o n e t a imaculadamente branca, que agora poisa no campo de aviação, submissa, ao lado das aeronaves militares. E a avioneta real tem o aspecto de uma pombi- nha branca ombreando com uma fila de abutres, tal a cor escura destes contrasta sobremaneira com aquela.

Dois grandes automóveis negros deslizam pelo campo fora, em di­recção ao centro da vila, para de­pois seguirem para Setúbal onde está ancorado o «yacht» real. Vai ali S u a Majestade Britânica a Rainha Isabel II de Inglaterra. Cá de longe, do barco da carreira, que me conduz ao Montijo, adivi­nho-a. Por um pouco a não v i ! Mas vê-la-ei, dentro em pouco através da narrativa colorida do Director de «A Província», o meu amigo Alvaro Valente, que viu a Rainha e lhe falou e ma descre­verá, e a seu Esposo o Conde de Montbauten, em todos os seus pormenores.

Mas começo a visita ao Montijo. A vila, que tem actualmente 28.000 habitantes, oferece um ar desusado de festa na sua quietude de gente trabalhadora e ordeira. Mais como guarda de honra, que outra coisa, há ainda uma centena de agentes de segurança. Quanto a forasteiros, pouquissímos ; quase toda a gente é da terra. As janelas têm colga- duras em honra da real visitante.

Os meus olhos ávidos de revive­rem um passado longínquo que tem quase meio século, prescrulam todos os recantos desta vila encan­tadora onde deixei um pedacito da minha meninice, numa ánsia inso­frida e simultânea de reviver um passado perdido já para todo o sempre, e constatar a metamorfose verificada que tornou Montijo de

AGRADECIMENTOSC o m a n d a n t e L a d i s l a u M á r i o D u r ã o

de Sá

O f ic ia l d a A r m a d a

Mariana Marques Durão de Sá vem agradecer a todas as pessoas as homenagens prestadas à me­mória do seu saudoso marido, fa­lecido a 23 de Dezembro de 1956, em Montijo, e às pessoas das suas relações que se dignaram assistir à missa do 30.° dia, celebrada na igreja matriz, pelo seu eterno des­canso.

Descansa em Paz.

há quase meio século numa vila progressiva onde apetece viver, onde tudo nos é simpático. O rodar do tempo rasgou-lhe largas e im­ponentes avenidas, a primeira das quais é, quanto a mim, a Avenida D. Nuno A ’lvares Pereira com os seus revérberos enormes, linda­mente alinhado:-; sobre largos pas­seios.

Ao fundo, na Praça da Repú­blica, a Igreja do Espírito Santo põe uma nota de religiosidade an­tiga nesle cantinho de além do Tejo, em continua florescência.

Mesmo à entrada da Avenida A’lvares Pereira e sobre a nossa esquerda, um mercado está em construção, mais adiante o novo Palácio da Justiça se ergue no alto, já em esqueleto; o Parque Muni­cipal, onde está um busto do dis­tinto e malogrado clínico Dr. Cruz, figura veneranda dos meus tem­pos de criança, tem o encanto in­dizível de uma evocação.

E neste deambular através da «minha» nova Montijo, a noite vai caindo, cobrindo com o seu manto escuro os homens e as coisas. E tudo se transforma aos meus olhos de novo forasteiro, numa espécie de mutação teatral, feita à vista, onde as mil e uma 1'izes são outras tantas luminárias, como que em honra da Rainha que há pouco cruzou a vila, ou quem sabe, como que p a r a deslumbrarem meus olhos de quem não via Montijo há já tantos anos.

Ao meu espírito acorrem então, como que em tropel, as palavras tão simbólicas de Alphonse Dau- d e t: — «Z,e jour, c’est la vie des êtres: mais la nuit a'est la vie des choses »

Montijo renasceu em q u a s e meio século 1

Lisboa, 18/2/1957.

L U T U O SFaleceu no dia 6 do corrente, em

'Montijo, a sr.* D. Gertrudes Rósa dos Santos, «Carrau», de 75 anos, viúva, natural do Rosário — Sari­lhos Pequenos.

Era mãe dos srs. Bernardino Vieira, Daniel Vieira e da sr.® D. Angélica de Jesus dos Santos, ca­sada com o nosso estimado assi­nante sr. Amaro Soares da Silva, residente no Brasil. O funeral rea­lizou-se no dia seguinte para o cemitério de Montijo, acompa­nhado de muita assistência.

«A Província», apresenta à famí­lia enlutada, e nomeadamente aos seus assinantes, os s e n t i d o s pêsames.

Perdeu-se

A Família de D. Maria Angélica Quaresma Nepomuceno da Cruz, por desconhecimento de muitas direcções, vem por este meio agra­decer a todas as pessoas que se dignaram acompanhar à última morada a saudosa extinta, ou que por qualquer forma lhe manifes­taram o seu pesar.

A todos, pois, o seu maior re­conhecimento.

M I S S A

M a r i a A n g é l i c a Q u a r e s m a N e p o ­

m u c e n o d a C r u z

A Família comunica que no próximo sábado, 23 do corrente, pelas 8 horas e 30 minutos, será rezada missa na Igreja Matriz de Montijo em sufrágio da sua alma, agradecendo desde já a todas as pessoas que se dignarem assislir ao piedoso acto.

Tendo-se extraviado no passado mês de Janeiro, no trajecto Mon- tijo-Lisboa, um caixote de conta­dores de água da marca Aster, agradece-se a quem o encontrou o favor de comunicar à redacção deste jornal.

V I A Ç Ã O— No dia 14 do corrente, pelas

22 horas, no pinhal do Castanho, próximo da Moita do Ribatejo, um automóvel guiado pelo seu pro­prietário, sr. Artur Manuel Palma Rosa, de 20 anos, industrial e na­tural de Montijo, levando por companheiro o sr. Miguel Pirela Espada, também r e s i d e n t e em Montijo, saiu da estrada e foi em­bater num muro.

O proprietário do automóvel fi­cou muito ferido na face e na ca­beça, e o seu companheiro com ferimentos na região frontal.

Foram pensados no hospital da C. U. F. e seguiram depois para o hospital de S. José, em Lisboa, onde o segundo ficou internado, embora o seu estado não seja grave.

A G. N. R. da Moita tomou conta da ocorrência.

— No passado domingo, pelas 17,30 horas, quando regressavam para casa, num automóvel condu­zido pelo filho do seu proprietário, José Nunes Caiado, devido à es­trada estar molhada, este derrapou saindo fora da mesma, e foi emba­ter com uma árvore, que se en­contrava antes de chegar a Pegões -Cruzamento.

Aquele proprietário ficou com a mão direita entalada entre o veí- culo"e a dita árvore, e o condutor com pequena ferida na testa. Os restantes ocupantes sofreram ape­nas o susto. Os prejuízos materiais cão de certa monta.

Campanha Sanitáriacontra a «lin a u a A zu l»

P E G Õ E SSegundo resolução da Câmara

Municipal de Montijo, vão-se efec­tuar os levantamentos topográficos em Pegões Estação e Pegões Cru­zamento, a fim de se poder montar a rede da instalação eléctrica nes­tas regiões.

Esta x-esolução causou o maior contentatamento entre toda a po­pulação, visto se tratar duma an­tiga aspiração que muito vem be­neficiar toda esta área.

Quer pelo comércio, quer pelo movimento do chamado Cruza­mento de Pegões, este melhora­mento era do legítimo anseio des­tas populações, pelo que reina o maior entusiasmo em face da justa resolução camarária.

fa rm á c ia s de Serviço

5.’ - fe ira , 21 — M o n t e p i o6.» - fe ir a , 22 — M o d e r n a S á b a d o , 23 — D i o g o Domingo, 24 — G i r a l d e s 2.“ - fe ir a , 25 — M o n t e p i o J.® - fe ir a , 26 — M o d e r n a 4.“ ■ fe ira , 27 — D i o g o

1.° — A lavoura nacional tem ainda presente o perigo que a epizootia de «Língua Azul» cons­tituiu gara a economia do País, pelo que a Direcção-Geral dos Serviços Pecuários deseja esclare­cer a lavoura nacional acerca da necessidade imperiosa de orgânizar a defesa sanitária dos rebanhos no presente ano.

Não só nas zonas já atingidas, mas até naquelas que a doença poupou no primeiro surto, hão-de aparecer focos de «Língua Azul», se a vacinação não for efectuada em tempo útil.

De acordo com a experiência adquirida, 3 única medida verda­deiramente eficaz consiste na va­cinação preventiva, realizada antes da época normal do aparecimento da doença, ou seja nos primeiros meses do ano.

Só desse modo se poderá evitar que durante o tempo quente a epizootia volte a surgir com carác­ter tão alarmante como no ano transacto.. 2.° — A Direcção-Geral dos Ser­

viços Pecuários espera que a la­voura, consciente dos riscos que ela própria corre, inicie rapida­mente a vacinação preventiva que começa a ser executada imediata­mente.

Para conhecimento dos interes­sados se publicam as normas se­gundo as quais se desenvolverá, este ano, a Campanha de profilaxia da Febre Catarral dos Ovinos:

1.® — A Campanha de luta con­tra a «Febre Catarral dos Ovinos» (Língua Azul), foi iniciada em 1 de Fevereiro de 1957, com base na vacinação preventiva;

2.® — Para as vacinações a pra­ticar até 1 de Maio a vacina será c e d i d a gratuitamente pela Di­recção Geral dos Serviços Pecuá­rios, através das Intendências de Pecuária, a todos os médicos-vete- rinários que a requisitarem. Só será utilizada na campanha a va­cina produzida no Laboratório Central de Patologia Veterinária;

3.a — Por cada rebanho vacinado será passado pelo respectivo mé- dico-veterinário um boletim de vacinação que habilitará o pro­prietário ou possuidor dos animais

Boletim Religioso

C u lto C a tó licoMISSAS

5.*-feira — às 8,30 e 9 horas.6.®-feira — às 8 e 9 horas.Sábado — às 8,30 e 9 horas. D om ingo— às 8, 9, 10, 11,30;

11,30 (Atalaia); 18 Montijo.

Esp ectácu lo sCINE P O P U L A R

Quinta-feira, 2 1; (13 anos), No­vamente o filme de grande su­cesso «Anjo Mudo», com comple­mentos curtos e Revista Paramount.

Sexta-feira, 22; (13 anos) Outra grandiosa reprise que vem na hora própria para todos os montijenses «Tarde de Toiros», No programa, complementos curtos.

Sábado, 23; (seis anos) O inte­ressante filme espanhol com Mi- guelito Gil (Pipo), o rival de Pa- blito Calvo, «O Recruta e o Gaiato» com complementos curtos e Ima­gens de Portugal.

Atenção: — Neste espectáculo têm entrada crianças maiores de 6 anos.

Domingo,24e Segunda-feira, 25; (13 anos) Pablito Calvo em «Meu Tio Jacinto», o filme que será o grande êxito do ano. No programa, «O Balão Vermelho», o grande prémio do Festival de Cannes, em tecnicolor.

Terça-feira, 26; (18 anos) Um programa mexicano de grande crédito «Para sempre Meu Amor», com Jorge Mistral e Rosário Gra­nadas e em complemento «E’ bom gostar de Alguém» com a escultu­ral Elsa Aguirre e Armando Calvo.

Quarta-feira, 27 ; (13 anos) Pela 4.® vez o sucesso mexicano «Seis Corações a Compasso» em 2 sessões ãs 20 e 22,15. No programa, com­plementos curtos.

CINEMA 1.° DEZEMBRO

Quinta-feira, 21; (para 18 anos) A super-produção histórica em tecnicolor e ècran panorâmico «Maria Antonieta», cópia n o v a com novos artistas.

Sábado, 23; (para 18 anos) O filme mais discutido do ano em cinemascópio «O Homem do Fato Cinzento» com Gregory Peck.

Domingo, 24; (para 13 anos) O grande drama de aventuras 11a selva em tecnicolor «A Oeste de Zanzimbar» e o filme histórico de aventuras «O Leão de Malfi.»

Segunda-feira, 25; (para 18 anos) O famoso filme em cinemascópio com o malogrado actor James Dean «A Leste do Paraíso» e lindos complementos.

Quarta-feira, 27; (18 anos) Um programa duplo de grande sucesso «Intermezo», o grande drama mu­sical com lngrid Bergmam e Leslie Iloward e o filme espanhol «Vir­gem Cigana» com Paquita Rico.

Quinta-feira, 28; (para 18 anos) A obra máxima do ano «O Re­gresso à Malásia», um grande' drama dc amor.

a obter a guia sanitária de trân­sito;

4.® — A partir de 1 Maio é proi­bido o trânsito de ovinos que não tenham sido vacinados, qualquer que seja o seu destino;

5.®— A Direcção Geral dos Ser­viços Pecuários publicará oportu­namente as condições a que fica sujeito o trânsito dos o inos.

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4 A PROVINCIA 21-2-957

Para que 0 mundo saiba...( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i j i a )

« S e n t i m o - n o s h o n r a d o s d a n o s s a l i n h a g e m p o r t u g u e s a e n ã o n o s o r g u l h a m o s a p e n a s d a h e r a n ç a h u m a n a , d o p a ­t r i m ó n i o b i o l ó g i c o q u e r e c e ­b e m o s d e P o r t u g a l ; o r g u l h a ­m o - n o s , a c i m a d e t u d o , d e a l g u m a c o i s a m a i s q u e r e c e ­b e m o s t a m b é m d e P o r t u g a l— u m a a m á l g a m a ú n i c a d e c o e s ã o s o c i a l , u m a c o n s c i ê n ­c i a d e f a m í l i a o r g â n i c a , e e s p í r i t o d a m a i s l a r g a c o n ­v i v ê n c i a e d a m a i s h u m a n a t o l e r â n c i a , t o d o s o s f a c t o r e s m a t e r i a i s e e s p i r i t u a i s q u e p e r m i t i r a m a o B r a s i l p r e s e r ­v a r a s u a u n i d a d e e a s u a s o b e r a n i a s o b r e t o d o o s e u e x t e n s o t e r r i t ó r i o » .

N ã o s a b e m o s o e f e i t o q u e t a i s p a l a v r a s p o s s a m t e r c a u ­s a d o n a í n d o l e d o tal d e l e ­g a d o d o I r a q u e . F u t u r a m o s q u e e l e , e m b o r a n ã o i s c l a d o , p o r q u e h á s e m p r e c o m p a n h i a p a r a a i n t r i g a e p a r a a m e n ­t i r a , t e n h a f i c a d o s u r p r e e n - d i d o c o m a r e a c ç ã o d u m d e l e g a d o e s t r a n h o a o p a í s q u e v i s a v a a t a c a r .

E q u e 0 c a l o r e a s i n c e r i ­d a d e d a s p a l a v r a s d o D r G r i e c o t i v e r a m 0 c o n d ã o d e m o s t r a r a o m u n d o o e x e m p l o d e u m p o v o q u e , v i v e n d a o u t r o r a c o m o p r o v í n c i a p o r ­t u g u e s a , s o u b e c r i a r , p e l o v a l o r d e s e u s f i l h o s e p e l a h e r a n ç a r e c e b i d a d o s s e u s m a i o r e s , d e s c e n d e n t e s d e p o r t u g u e s e s , a g r a n d e N a ç ã o q u e s e c h a m a h o j e B r a s i l !

S e o s h o m e n s p r o c u r a s s e m e x e m p l o s e d i f i c a n t e s e s e c o n t e n t a s s e m c o m e s t a s d e m o n s t r a ç õ e s d e d e d i c a d a a m i z a d e e p u r o d e s i n t e r e s s e , a l i ç ã o m a g i s t r a l d e G r i e c o r e s u l t a r i a , s e m d ú v i d a , e m b e n e f í c i o d a v i d a d a s N a ç õ e s .

M a s t e m e m o s a i n c o m ­p r e e n s ã o , s o b r e t u d o p o r p a r t e d e q u e m , a g i n d o p o r d e t r á s d e c o r t i n a s m e t á l i c a s , n ã o p r o c u r a a p r e n d e r l i ç õ e s d a h i s t ó r i a n e m d a V e r d a d e , m a s a p e n a s l a n ç a r s o b r e 0 m u n d o a p o e i r a d a c o n f u s ã o , d a m e n t i r a e d a i n t r i g a .

Q u a n d o o u t r o d e l e g a d o , o d a U n i ã o I n d i a n a , c h a m o u a o d e s c o b r i m e n t o m a r í t i m o p a r a a í n d i a u m a c t o d e

p i r a t a r i a , f i c á m o s r e a l m e n t e i d e n t i f i c a d o s c o m a « p e r s o ­n a l i d a d e » d e c e r t o s m e m b r o s q u e a c t u a m n a s N a ç õ e s U n i d a s .

A s l i ç õ e s d a h i s t ó r i a p o r t u ­g u e s a , o s s a c r i f í c i o s d a n o s s a g e n t e , a n o s s a a c ç ã o c i v i l i - z a d o r a e c r i s t ã n o m u n d o , t u d o f o i e s q u e c i d o l a m e n ­t a v e l m e n t e p o r a q u e l e s d e l e ­g a d o s q u e , p e l o s V i s t o s , c o n ­t i n u a m a l e r n ã o p e l o l i v r o d o u r a d o d a r a z ã o e d o d i ­r e i t o m a s p e l o l i v r o v e r m e l h o d a s c o n v e n i ê n c i a s o c a s i o ­n a i s .

N ã o V a m o s c a r p i r l á g r i m a s d e a m a r g u r a s o b r e o i n c i ­d e n t e q u e a í f i c a r e g i s t a d o . S e n t i m o s q u e o u t r o s p o d e r ã o s u r g i r , p o r q u e o s h o m e n s q u e d e s a f i a m a p a z n o m u n d o e a t r a n q u i l i d a d e d o s e s p í r i t o s n ã o d e s c a n s a m d e l e v a r p o r d i a n t e a s s u a s e s t r a n h a s m a ­n o b r a s .

A m e a ç a r , c o n f u n d i r , e x a s ­p e r a r , e i s a t r i l o g i a e m q u e a s s e n t a a d i p l o m a c i a d e h o j e . P a r a l h e f a z e r f r e n t e , é p r e ­c i s o t e r c o r a g e m , t e r p a c i ê n ­c i a e t e r , a c i m a d e t u d o , c o n s c i ê n c i a d e r e p r e s e n t a r v a l o r e s q u e d e f o r m a a l g u m a s e p o d e m d e i x a r à m e r c ê d e a v e n t u r e i r o s , d e i n t r i g u i s t a s , d e a m b i c i o s o s o u d e t r a i d o ­r e s .

N ã o p r e c i s a m o s n e m q u e ­r e m o s s u p e r v i s o r e s n a s n o s ­s a s p r o v í n c i a s u l t r a m a r i n a s . O q u e q u e r e m o s , e d i s s o f a z e m o s q u e s t ã o d e s a l i e n t a r , é q u e n a s r e l a ç õ e s i n t e r n a ­c i o n a i s h a j a m a i s r e s p e i t o p e l o s d i r e i t o s d o s o u t r o s p o ­v o s , p r i n c i p a l m e n t e c o m o n o s s o , p a r a q u e m a v i d a d a s g e n t e s b r a n c a e d e c ô r s e m ­p r e m e r e c e u , a t r a v é s d o s s é c u l o s , 0 m a i o r i n t e r e s s e e a m a i o r p r o t e c ç ã o .

Á iv a r o P s r e i r a

@xónL&as iiretju ietas - 3 9

Às pessoas importantes( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )

S e D i ó g e n e s p o r a l i t i v e s s e p a s s a d o c o m s u u l a n t e r n a , t e r i a , c o m c e r t e z a , e n g u l i d o a v e l h a e r e v e l h a o b j u r g a t ó - r ia .

S e A r i s t ó f a n e s t i v e s s e v a s ­c u l h a d o o s e n t u l h o s d e s t a i n t e l e c t u a l i d a d e h u m a n a , a p r o v e i t a r i a , c o m c e r t e z a , e s t e s p e r s o n a g e n s p a r a s u a s c o m é d i a s e x c e l e n t e s .

E , e n t r e t a n t o , s e o s t r e - p a n á s s e m o s , e n c o n t r a r í a m o s a p e n a s t e i a s d e a r a n h a , b o ­l a s d e s a b ã o , n u v e n s d e f u ­m o . . •

D e v e m o s , p o r é m , s e r j u s ­t i c e i r o s . E s t e s prosápias s ã o e m e x t r e m o p e r i g o s o s . P a r a a l c a n ç a r e m o s ê x i t o s q u e s o ­n h a r a m , p a r a s e g u i n d a r e m a o s h i m a l a i a s q u e p r o j e c t a ­r a m , n ã o h e s i t a m n o s c a m i ­n h o s a s e g u i r , n ã o s e i m p o r ­t a m c o m o s m e i o s a e s c o l h e r . P o r t o d a s a s e n c r u z i l h a d a s s e i n f i l t r a m . P o r t o d o s o s r e ­c a n t o s s e m e t e m . O q u e é

A B I S M OQuisera ser aquele deslumbramento do luar sonhador e visionário, ou ser 0 velho cedro solitário cuja sombra é a voz dum pensamento.

Quisera set altivo como o vento, alma lieroica de poeta e de corsário, ou ser a voz do monge imaginário que murmura nas fontes esquecimento.

Quisera ser a luz da eterna esperança, mas sou talvez o eco sem lembrança dalgum desejo que morreu vencido.

Sinto o vácuo dum estranho fatalismo que se traduz apenas neste abismo: n a d a querer, nada ser, nada ter sido...

J O R G E R A M O S

p r e c i s o é c o n s e g u i r a s a t e n ­ç õ e s d o s m a n o s p a p u d o s e p a s p a l h o s .

E s e f o r n e c e s s á r i o d e n e ­g r i r r e p u t a ç õ e s , e s m a g a r a h o n e s t i d a d e a l h e i a , a c h i n c a ­l h a r 0 v a l o r d o s o u t r o s , d e lá d o « a s s e n t o e t é r e o » o n d e s e f i x a r a m d i g n a m - s e b a i x a r p i e d o s a m e n t e o v e n e n o d a s u a b a b a m a r a v i l h o s a .

E 0 c e r t o é q u e , n o c e n t r o d a v a c u i d a d e o b s t r u t i v a q u e c r i a r a m , f o r m a m claques i n a ­n e s q u e o s a p l a u d e m , t ê m coteries q u e o s i n c e n s a m c o m o i n d i s p e n s á v e i s , p o s ­s u e m a d m i r a d o r e s s u p é r f l u o s q u e o s a d u l a m e e n d e u s a m .

E u t e n h o u m m e d o q u e m e p e i o d e s t e s simpáticos b í p e d e s , q u e r a s t e j a m à n o s s a r o d a , s e m p r e à e s p r e i t a d o m o m e n t o o p o r t u n o p a r a s e l a n ç a r e m .

S e i b e m q u a l é o c o n t r a - v e n e n o e n s i n a d o p e l o s t r a ­t a d i s t a s , m a s n à o o p o s s o u s a r p o r c a u s a d u m a c e r t a c o l i t e h e p á t i c a q u e m e v i s i t a d e v e z e m q u a n d o .

P o i s v á 0 M u n d o g o z a n d o « a s p e s s o a s i m p o r t a n t e s » a q u e m e r e f i r o , c o m m u i t o g á u d i o e i n t e r e s s e , d e c ó ­c o r a s e b o c a a b e r t a , q u e e u c o n t i n u a r e i g o s t o s a m e n t e e n f i l e i r a d o n o p e q u e n o e x é r ­c i t o d o s o b s c u r o s , d o s n i ­n h a r i a s , d o s p i g m e u s , d o s q u e c o r r e m a v i d a n a â n s i a d e e s t u d a r e a p r e n d e r c o m h u m i l d a d e , e n v o l t o s n a c a p a d a s u a m o d é s t i a .

P r e f i r o s e r s a p o n a s e r v a s f r e s c a s d o c h ã o q u e m e h á - - d e c o m e r a j u l g a r - m e á g u i a n o s p a r a m o s d a i g n o r â n ­c i a . . .

A ’ lv a r o V a le n t e

Telefone 0^6 578

fpata hiuu CfMoytafiai

F o te M o n t ije n s e

Publicacões Recebid as— R o d o v i á r i a — Revista de

Transportes e Turismo — N.° 17 .

Director — Oliveira San­tos.

Redacção — Rua dos Na­vegantes, f 8 - i . a- E s q .° — Lis­boa.

Este número de Janeiro passado continua a trajec­tória traçada. A revista «Ro­doviária» vai dia a dia me­lhorando a sua apresentação e a escolha dos assuntos que vem tratando.

Associamo-nos desde já à homenagem que vai pres­tar a Alm eida Melo, por a entendermos bem justa e merecida.

Agradecemos o exemplar enviado à nossa Redacção.

— A « P l a t e i a » — Revista de Cinema — N.° 140 — 15 Janeiro.

D irector — Baptista Rosa.Redacção — Rua Saraiva

de Carvalho, 207 — Lisboa.Gostamos de sempre fazer

uma referência elogiosa a esta revista, já pela esplên­dida colaboração da espe­cialidade, já pela forma como vem ilustrada.

«Plateias impõe-se. «P la­teia» é uma revista de C i­nema que desperta sempre a nossa atenção e que se lê e se percorre com extremo agrado.

Felicitamo-la e agradece­mos a gentileza habitual do exemplar que nos remetem.

— B o l e t i m d a C a s a d o A l e n t e j o — N.° 238— Feve­reiro de 1957.

D irector— Dr. Victor dos Santos.

Sede — Rua das Portas de Santo Antão, jS — Lisboa.

Mais um número da pres­tigiosa publicação, à qual o Alentejo deve inestimáveis serviços. Tudo se recomen­da: o seu belo aspecto grá­fico, a boa colaboração, os assuntos adequados, as suas secções informativas e noti­ciosas.

O Boletim da Casa do Alentejo cumpre a sua no­bre missão e honra a im­prensa portuguesa.

Gratos pelo numero reíe- rido.

— M e r c a d o F i l a t é l i c o —Revista mensal — N.“s 90 e 9 1 , de Dezembro e Janeiro findos.

Director — Artur de Vas­concelos.

Redacção — R. de Santo António, 190-1 ° — Porto,

Números da especialidade filatélica que muito devem saborear os interessados, em vista dos sumários tra­tados e do valor dos assun­tos.

C a p a s interessantes e impressivas.

Agradecidos pela defe­rência dos exemplares reme. tidos ao nosso jornal.

— B a n c o P o r t u g u ê s do A t l â n t i c o — Relatório do exercício de 19 5 6— No 38.* ano da sua fundação, cum­prindo o dever do seu rela­tório anual, o Banco Portu­guês do Atlântico historia o seu movimento e documen­ta com mapas a sua com­provada prosperidade. Cum­primentamos e agradecemos a amabilidade do exemplar que temos presente.

— B o l e t i m d o P o r t o d eL i s b o a — N.° 71 — Dezembro de 1956.* Director — Dr. Raúl Si­mões.

Sede — Cais do Sodré — Lisboa.

Número interessante 0 presente, a contar da ex­pressiva capa.

O sum ár io , excelente, sempre dentro dos assuntos especiais que lhe são pró­prios.

A notar, além da matélia portuária, o artigo «O bem estar no trabalho» e «A des­coberta da Europa».

O Boletim do Porto de Lisboa é das mais curiosas e valiosas publicações no género, pelo que se impõe aos interessados e aos estu­diosos.

Os nossos agradecimentos pelo exemplar que nos ofe­recem.

M onum entos de Lisboa( C o n t i n u a ç ã o da p r i m e i r a p á g i n a )

s e n t i m e n t a l m e n t e e e s t è t i c a - m e n t e . O a u t o r d o c a p í t u l o d i r á t a l v e z q u e e s s a s o p i ­n i õ e s n a d a v a l e m e q u e i m ­p r e s s i o n a m a l o s q u e t ê m e d u c a ç ã o a r t í s t i c a e n ã o o s q u e , c o m o e u , d e a r t e n ã o p e r c e b e m p a t a v i n a , m a s m e s m o a s s i m m a n t e n h o a m i n h a o p i n i ã o .

C o m 0 m o n u m e n t o a o M a r q u ê s d e P o m b a l 0 c a s o é d i v e r s o . A i n d a e l e n ã o e r a n a d a e j á s e d i z i a m a l . F o i m o d a d i z e r q u e n ã o p r e s t a v a e a m o d a p e g o u , c o m o p e ­g a m t o d a s a s m o d a s , e s p e ­c i a l m e n t e a s q u e s e j a m a s - n á t i c a s .

É c l a r o q u e a o M a r q u ê s n ã o i n t e r e s s a n a d a a o p i n i ã o b i z a n t i n a d o n o s s o h o m e m . E s t á l á e m c i m a a r i r à s o ­c a p a d o s q u e a n d a m c á p o r b a i x o , n e s t a t e r r a d e n i n g u é m , a a p r e g o a r e m a l t o s b e r r o s

a s e x c e l s a s v i r t u d e s d o s eli­x i r e s d e l o n g a v i d a e dos v á r i o s p ó s d e m a t a r p u lg a s , b a r a t a s e p e r c e v e j o s .

M a s n o m e i o d i s t o tudo n o t o n o l i v r i n h o u m a falta i m p e r d o á v e l p a r a u m guia d e p r o p a g a n d a t u r í s t i c a : <ís- q u e c e - s e d e n o s i n d i c a r onde p o d e o u v i r - s e 0 f a d o , essa c a n t i l e n a f a m o s a q u e f a z p a r t e i n t e g r a n t e d o fo l c lo r e n a c i o n a l . E q u a n d o L isboa d e l i r a d o e n t i a m e n t e perante u m a g u i t a r r a a g e m e r d o lo ­r o s a e u m a v o z a v i n h a d a a v o m i t a r v e r s i n h o s d e p é qu e1 b r a d o q u e f a z e m a r r e p i a r a g e n t e , t u d o é p o s s í v e l , m es ­m o u m l i v r i n h o a d i z e r aos q u e n o s q u e r e m v i s i t a r que n ã o v a l e a p e n a c á v i r .

S o m o s v e r d a d e i r a m e n t e

u n s a s e s n a c i ê n c i a turís­t i c a

A m a r a l F ra s ã 8

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21-2-957 A PROVINCIA 5

M E U D I Á R I OExclusivo para «A Província»

Marrado pela jovem actriz cinematográfica

J íía r ia ã)ulceIN IC IA Ç Ã O N A A R T E

p a p e l q u e e u t i n h a q u e t e r

Crítica Literária«Água? diferentes» - Poemas - Cidália

« F i c a a d q u i r i d o a s s i m o d i r e i t o d e c a d a q u a l s e m a ­n i f e s t a r c l a r a m e n t e , s e m p e i a s d e claque, c o m o q u a l ­q u e r e s p e c t a d o r q u e c o m ­p r o u o s e u b i l h e t e » .

D e s t a f o r m a s e e x p r e s s a a p o e t i s a e m s e u p r e â m ­b u l o , p o n d o - n o s à v o n t a d e n o c a m p o d a c r í t i c a , e m ­b o r a n ã o t i v é s s e m o s c o m ­p r a d o o « b i l h e t e d e e s p e c ­t a d o r » , i s t o é , o s e u l i v r o r e f e r i d o .

P e r c o r r e n d o - o e s a b o - r e a n d o - o , p a r a b e m o s e n ­t i r , e n c o n t r a m o s n e l e o s a ­b o r a c r e d o s t u r b i l h õ e s d a v i d a q u e d e s i l u d e e o c â n ­t i c o s e n t i m e n t a l , f l o r i d o e b e l o d a N a t u r e z a q u e e n l e v a a c r i s o l a d a m e n t e .

N a a l m a d e C i d á l i a h á c o n f l i t o s q u e c h i s p a m e h á l a m p e j o s b u c ó l i c o s q u e e n ­t e r n e c e m .

— N a g e n e r a l i d a d e , s ã o a s s i m a s a l m a s d o s v e r d a ­d e i r o s p o e t a s , s e m p r e e m s u p e r i o r e s a m b i e n t e s , p a r a a l é m d a s c o m e z i n h a s v u l ­g a r i d a d e s c o m q u e d i a a d i a e n c o n t r o a m o s .

E ’ i n d i s c u t í v e l , p o i s , q u e n a p o e s i a d e C i d á l i a h á r e ­f l e x o s e x p r e s s i v o s d e s s e s c o n f l i t o s e d e s s e s l a m p e j o s , q u a n d o s e u s v e r s o s e n t r a m « N u m a e s c o l a » e t r a s m i t e m « S a u d a d e s d o M i n h o » .

P o r v e z e s , a i n d a s e a v e n ­t u r a à s e s c a r p a s d a F i l o s o ­f i a a g r e s t e , q u a n d o n a « Â n ­s i a d e I n f i n i t o » a b o r d a o s p r o b l e m a s h u m a n o s q u e a t o r t u r a m .

A o d i a n t e , « c a i n d o n o s i ­l ê n c i o e s m a g a d o r d a m a i o r d o r » , t a n g e a l i r a d o s e u a m o r m a t e r n a l , d e d i c a n d o à s f i l h a s m o r t a s o s g r i t o s d o c o r a ç ã o a t o r m e n t a d o .

E , e m s e q u ê n c i a , o f e r e c e d e p o i s a « A g u a d a t o r n e i r a » a o s f i l h o s v i v o s e a v á r i o s m o t i v o s m a i s o u m e n o s i n t e r r o g a t i v o s e p l e n o s d e i n v e s t i g a ç õ e s d i v a g a n t e s .

P o r f i m , e m « G o t a s d e o r v a l h o » , e m « A g u a m e d i ­

c i n a l » , e e m « A g u a c e i r o s » , s u b i n d o , s u b i n d o s e m p r e n a a m p l i t u d e d o s a n s e i o s , a p o e t a r , a d o u t r i n a r , a r e ­b u s c a r a n á l i s e s . . .

T ê m m í s t i c a o s p o e m a s d e C i d á l i a ?

J u l g a m o s q u e e m t o d o s e l e s p e r p a s s a u m a c e r t a e s ­p i r i t u a l i d a d e , e s p a r s a n o s v e r s o s e m p o a l h a c o n v i n ­c e n t e , a i n d a q u e s e m o b e ­d i ê n c i a a q u a l q u e r d i r e c t r i z q u e o s l e v a s s e , d e f o l h a a f o l h a , a o c é u a l m e j a d o d e s o n h o s r e d e n t o r e s .

O l i v r o d e C i d á l i a d á - n o s a i m p r e s s ã o d e q u e j u n t o u o s p o e m a s d i s p a r e s , u n s d e h o j e , o u t r o s d e o n t e m , e p o s s i v e l m e n t e a i n d a o u t r o s d e a m a n h ã , f a z e n d o c o m t o d o s e s t a c o l e c t â n e a o n d e a s u a s e n s i b i l i d a d e f e m i ­n i n a v i b r a e s e o s t e n t a , o n d e a s u a a l m a s e d i f u n d e .

« A g u a s d i f e r e n t e s » , — e s p e l h o d a a u t o r a — , m o s ­t r a - n o s , p o r t a n t o , a s u a e s ­t r u t u r a i n s p i r a d a , c a r i n h o s a , e m e s t o s d e f e b r i l a n e l o , a c a m i n h o d a s u m a p e r f e i ç ã o .

E ’ p o s s í v e l d i s c o r d a r - s e d a f o r m a q u e a d o p t o u e a q u e s e r e s o l v e u c h a m a r « p o e s i a m o d e r n a » .

P o r n o s s o l a d o , n ã o é s ó p o s s í v e l , é c e r t o

A p r o s a e m v e r s o n ã o a c l a s s i f i c a m o s d e v e r s o . .

N o e n t a n t o , c o m o a s m o ­d a s i m p e r a m , m a n d a q u e m p o d e .

E s t a r e m o s , p o i s , t o d o s c o n c o r d e s , s e m p e i a s d e claque, e m a p l a u d i r a f e m i ­n i l i d a d e d a s u a i n s p i r a ç ã o , a s i n g e l e z a d o s s e u s verda­deiros v e r s o s , a b e l e z a e s ­p i r i t u a l d a s s u a s c o n c e p ­ç õ e s .

E , s e a s s i m c o m o s e a d a p t o u à m o d a f o r m a l , s e a d a p t a r t a m b é m a o m o v i ­m e n t o d a s i d e i a s e d o p e n ­s a m e n t o m o d e r n o , v e r e m o s l u z i r m a i s u m a e s t r e l a d e s ­l u m b r a n t e e n t r e o s a s t r o s d a p o e s i a p o r t u g u e s a .

Á lv a r o V a lo n t *

A M IN H AO m e u p r i m e i r o c o n t a c t o

e o n i o p ú b l i c o i o i n o R á d i o G r a ç a , q u a n d o , e m O u t u b r o d e 1 9 4 6 , a l i r e c i l e i u m a p e ­q u e n a p o e s i a . T i n h a e u e n ­t ã o o i t o a n o s . A n i m a d a j á p e l o f o g o s a g r a d o d a A r t e , s o b t o d o s o s s e u s a s p e c t o s , i n s i s t i c o m m e u s p a i s p a r a q u e m e d e i x a s s e m f r e q u e n t a r o s c u r s o s d e a r t e d e r e p r e ­s e n t a r e d e ballet, d o C o n ­s e r v a t ó r i o N a c i o n a l d e L i s ­b o a . T o d a v i a , s e b e m q u e m e u p a i t i v e s s e s i d o u m a m a d o r d r a m á t i c o e n c a r n i ­ç a d o , a i n d a l u t e i c o n t r a c e r t a

Maria Dulce

r e s i s t ê n c i a d a s u a p a r t e p a r a q u e c o n s e n t i s s e q u e e u r e a ­l i z a s s e o s m e u s m a i s q u e ­r i d o s d e s e j o s . A l u z d a r i ­b a l t a a t r a i a - m e , ta l c o m o a l u z d a c a n d e i a a t r a i a f a l e n a . P o r f i m , c o n s e g u i d o s o s m e u s i n t e n t o s , i n g r e s s e i n a ­q u e l e e s t a b e l e c i m e n t o d e e n s i n o n o d i a 9 d o m ê s d e O u t u b r o d e 1 9 4 9 , o n d e t i v e p o r p r o f e s s o r e s o s a c t o r e s S a m w e l D i n i z e C a r l o s d e S o u s a . D e c o r r e u u m a n o e s c a s s o e n q u a n t o e s t i v e n o C o n s e r v a t ó r i o , a t é a o d i a e m q u e o r e a l i z a d o r c i n e ­m a t o g r á f i c o A n t ó n i o L o p e s R i b e í r o , t e n d o n e c e s s i t a d o d u m a p e s s o a q u e i n t e r p r e ­t a s s e o p a p e l d e D . M a r i a d e N o r o n h a , n a p e l í c u l a « F r e i L u í s d e S o u s a » , s e ­g u n d o a p e ç a d o V i s c o n d e d e A l m e i d a G a r r e t t , a s o r t e q u i s q u e m e c o u b e s í è e s s a h o n r a ; e d i g o s o r t e p o r q u e , t e n d o t o d a s a s m i n h a s c o l e ­g a s f e i t o o n e c e s s á r i o test n o s E s t ú d i o s d o L u m i a r , p a r a o d i t o p a p e l , s e m r e s u l ­t a d o s s a t i s f a t ó r i o s , fu i e u , a m a i s n o v a d o c u r s o , e m i d a d e , u t i l i z a d a c o m o ú l t i m o r e c u r s o . O s ú l t i m o s s e r ã o o s p r i m e i r o s . E m r e s u m o , a s m i n h a s p r o v a s a g r a d a r a m e

f u i i n c u m b i d a d a q u e l a g r a n d e r e s p o n s a b i l i d a d e , m a s q u e t a m b é m h a v i a d e s e r p a r a m i m o r i g e m d e m u i t a s a l e ­g r i a s . F o i a s s i m q u e e n t r e i

f s c r i t o p o r

Aníbal Anjosa a c t u a r n o s Estúdios da Lisboa Filme. F o i d e s t a f o r m a q u e g a l g u e i d a s e m i s ­s õ e s d o R á d i o G r a ç a e d a s a u l a s d o C o n s e r v a t ó r i o N a ­c i o n a l , a o a m b i e n t e f e b r i l d a s filmagens n a p e l í c u l a « F r e i L u í s d e S o u s a » .

F o i n o s á b a d o 2 2 d e A b r i l d e 1 9 4 7 q u e t o m e i p e l a p r i ­m e i r a v e z c o n t a c t o a s é r i o c o m o plâteau e c o m a c â ­m a r a d e filmar.

S e a o e n c a m i n h a r - m e p a r a a q u e l a p e q u e n a c i n e l â n d i a , s i t u a d a n o s s u b ú r b i o s d e L i s b o a , e u s e n t i a u m a a l e ­g r i a i n d i z í v e l i n v a d i r - m e a a l m a , n ã o é m e n o s c e r t o d e q u e a n o i t e q u e p r e c e d e u e s s e d i a i n o l v i d á v e l f o i d a s m a i s m e d o n h a s q u e j a m a i s p a s s e i , n a e x p e c t a t i v a d e s s e g r a n d e d i a q u e i a d e s p o n t a r p a r a m i m . A c o m u n i c a ç ã o t e l e f ó n i c a q u e e u r e c e b e r a d o C o n s e r v a t ó r i o p a r a c o m p a ­r e c e r n o L u m i a r , c a u s a r a - m e p e s a d e l o s p e l a i n c e r t e z a d o r e s u l t a d o d a r e a l i z a ç ã o d a ­q u e l e s o n h o d o i r a d o q u e m e a t o r m e n t a v a o e s p í r i t o .

U m p o r t e i r o f a r d a d o , c o m c e r t o g a r b o , r e c e b e u - m e a m i m e a m i n h a m ã e , à p o r t a d a Q u i n t a d a s C o n c h a s , e c o n d u z i u - n o s d e p o i s a u m a s a l a m u i t o g r a n d e . T o d o a q u e l e a p a r a t o m e i n s p i r a v a c u r i o s i d a d e e e s p a n t o , e q u a n d o e u e s t a v a n u m a e s ­p é c i e d e m e d i t a ç ã o c o n t e m ­p l a t i v a , s u r g i u - m e n a f r e n t e u m c a v a l h e i r o s i m p á t i c o , q u e m e d i s s e s e r u m d o s a s s i s ­t e n t e s d a p e l í c u l a ’ « F r e i L u í s d e S o u s a » , c u j a r o d a g e m ia i n t e r p r e t a r , e d e p o i s m a n ­d o u - m e e n t r a r c o m m i n h a m ã e p a r a u m g a b i n e t e s i ­t u a d o a o l a d o . U m a v e z a í , d e u - m e a c e n a f i n a l d a p e ç a e x t r a í d a d a q u e l a o b r a , e d i s ­s e - m e q u e a e s t u d a s s e a l i m e s m o . C o n f e s s o q u e , a p e ­s a r d e t o d a a m i n h a b o a v o n t a d e p a r a m e m a n t e r c a l m a , n ã o c o n s e g u i d o m i ­n a r o s m e u s n e r v o s . F o i - - m e c o n c e d i d o q u e e s t u d a s s e a c e n a e x i g i d a , e m c a s a , e d i t o i s t o , o a s s i s t e n t e m a n ­d o u - m e v o l t a r n a s e g u n d a - - f e i r a s e g u i n t e .

O d o m i n g o p a s s o u - s e s e m n o v i d a d e d e m a i o r e t e r i i s i d o q u a s e i g u a l a t a n t o ; o u t r o s , s e n â o f o r a o n v : a

s a b i d o n o d i a s e g u i n t e , q u a n d o v o l t a s s e a o s E s t ú ­d i o s d o L u m i a r . D e s p r o v i d a d e q u a l q u e r e n s a i a d o r , v a l i - - m e d o s m e u s p r ó p r i o s r e ­c u r s o s . N a q u e l a s e s c a s s a s v i n t e e q u a t r o h o r a s e m q u e t a n t a s o u t r a s r a p a r i g a s d a m i n h a i d a d e p a s s e a v a m p e l o s j a r d i n s d a c a p i t a l , o u d e q u a l q u e r f o r m a d i s t r a í a m o e s p í r i t o , e u , e n t r e a s q u a ­t r o p a r e d e s d o m e u la r , t r a ­b a l h e i a f i n c a d a i n e n t e a ú l ­t i m a c e n a d o ú l t i m o a c t o d e « F r e i L u í s d e S o u s a » , p a r a a l c a n ç a r o s m e u s d e s e j o s , a r e a l i z a ç ã o d o m e u s o n h o m a i s d o i r a d o — r e p r e s e n t a r d e a n t e d a c â m a r a d e filmar , e n c a r n a r p a r a o p o v o p o r t u ­g u ê s , p a r a P o r t u g a l i n t e i r o , a f i g u r a m i m o s a d a m a i s l í ­d i m a t r a g é d i a d o t e a t r o e d a l i t e r a t u r a p o r t u g u e s a .

N a s e g u n d a f e i r a 2 4 d e A b r i l d i r i g i - m e a o s E s t ú d i o s , p a r a o «test» d e f i n i t i v o . O m e s m o p o r t e i r o q u e n o s h a ­v i a r e c e b i d o n o p r i m e i r o d i a e m q u e a l i f o m o s , a n u n c i o u - - n o s p e l o t e l e f o n e a o S r . G u i m a r ã e s — a s s i m s e c h a ­m a v a o s e n h o r q u e , u m p o u c o i n q u i s i t o r i a l m e n t e , m e h a v i a d e s f e c h a d o u m a s é r i e d e p e r ­g u n t a s , a s q u a i s , d i g a - s e d e p a s s a g e m , m e c h o c a r a m , — e x a c t a m e n t e p o r e u n à o e s t a r h a b i t u a d a a ta l . T o d a v i a , a g o r a p a r e c i a - m e m a i s s i m ­p á t i c o , m a i s a c o l h e d o r d o q u e d a p r i m e i r a v e z . A t r a ­v e s s á m o s c o r r e d o r e s v á r i o s e , , p o r f i m , e n t r á m o s n u m a s a l a o n d e f u i s u b m e t i d a à s m i l e u m a t o r t u r a s d a m e t a ­m o r f o s e q u e t o d a s a s m o r t a i s d e s e j o s a s d e f a z e r e m c i n e m a— c o m o v u l g a r m e n t e s e d i z— s o f r e m , p a r a s e r e m a r t i s ­t a s c i n e m a t o g r á f i c a s : c a r a c ­t e r i z a ç ã o e g u a r d a r o u p a . D e p o i s a t a r a m - m e o c a b e l o n a n u c a e a i n d a n ã o r e f e i t a d e t o d a s e s t a s n e c e s s á r i a s t r o p e l i a s , q u e e s t ã o n a r a z ã o d i r e c t a d a q u e l e d i t a d o : « s o ­f r e r p a r a s e r f o r m o s a » , m a s , q u e n o « e s t ú d i o » , c o m o n o t e a t r o s i g n i f i c a : « s o f r e r p a r a t e n t a r a g l ó r i a » , a p a r e c e u u m c a v a l h e i r o a l t o e m a g r o q u e , a o m i r a r - m e d o s p é s à c a ­b e ç a , e x c l a m o u : — E na ver­dade isto mesmo de que eu preciso! C l a r o q u e f i q u e i m e i o a p a v o r a d a p e r a n t e a q u e l a a f i r m a ç ã o p a r a m i m t ã o s i n g u l a r , q u e c o n f e s s o m e s e n t i c o m o q u e v e x a d a .

D a í a m o m e n t o s s o u b e q u e o s e n h o r q u e t i v e r a p a r a m i m a ta l e x c l a m a ç à o , e r a p a r a m i m n e m m a i s n e m m e ­n o s d o q u e o r e a l i z a d o r c i ­n e m a t o g r á f i c o A n t ó n i o L o p e s R i b e i r o , r e a l i z a d o r d a p e l í ­c u l a . D e p o i s s i m p a t i z e i c o m

e l e , e p o s s o a f i r m a r - v o s q u e e l e f o i p a r a m i m u m e x c e ­l e n t e o r i e n t a d o r , a q u e m m u i t o d e v o n o s m e u s p r i ­m e i r o s p a s s o s n a d i f í c i l a r t e d e r e p r e s e n t a r p a r a o c i n e m a .

D a s a l a d a s c a r a c t e r i z a ­ç õ e s a o <iphlteau» , é a p e n a s ú m p a s s o . E q u a n d o p e l a p r i m e i r a v e z f i z e m o s s e m e ­l h a n t e t r a j e c t o , p a r e c e - n o s t e r m o s v o l v i d o a l g u n s s é ­c u l o s a t r á s , t e r m o s m e r g u ­l h a d o n o s t e m p o s i d o s d a I d a d e M é d i a , n u m a e n c a r ­n a ç ã o p a s s a d a — s e o l e i t o r m e p e r m i t e e s t a i m a g e m — e q u a l c o n d e n a d o à f o r c a c a m i n h á s s e m o s p a r a o c a d a ­f a l s o . A q u i , e s s e c a d a f a l s o p r e s s e n t i d o o n o s s o s u b c o n s ­c i e n t e , é o <s.test> i n e x o r á v e l , a o b j e c t i v a i n t r a n s i g e n t e e o film t v i r g e m q u e n ã o p e r ­d o a m , q u e t u d o r e g i s t a r ã o d a s n o s s a s e x p r e s s õ e s e g e s t o s , e s e s a i r e r r a d o , a i d e n ó s , a i d e m i m .

U m a v e z n o iplâteau» , m a n d a r a m - m e q u e r e c i t a s s e a l g u m a c o i s a . N u m r e l a n c e a r

p r o c u r e i n o m e u c é r e b r o o q u e p o d e r i a c o n v i r m e l h o r , o q u e m a i s p o d e r i a a g r a d a r . T o d o s o s p o e m a s q u e e u s a b i a a f l u i a m , s o b o d o m í ­n i o d o n e r v o s i s m o q u e s e a p o s s a r a d e m i m , a o m e u c é r e b r o , n u m t u m u l t u a r i m e n s o , e p o r f i m a c a b e i p o r e s c o l h e r » L a d y G o d i v a » , d o D r . J ú l i o D a n t a s . À m e d i d a q u e e u i a r e c i t a n d o , s e n t i a a i m p r e s s ã o d e q u e a g r a ­d a v a , a j u l g a r p e l a s a t i s f a ç ã o q u e m e p a r e c i a n o t a r n o s r o s t o s d a p e q u e n a a s s i s t ê n ­c i a q u e m e r o d e a v a . F i n d a e s t a p r o v a , D . A n t ó n i o , o r e a l i z a d o r A n t ó n i o L o p e s R i ­b e i r o e o c h e f e o p e r a d o r A q u i l i n o M e n d e s c o n d u z i ­r a m - m e e a m i n h a m ã e , a o r e s t a u r a n t e d o s E s t ú d i o s o n d e a l m o ç á m o s . I n f o r m a r a m m i n h a m ã e q u e e r a i m p r e s ­c i n d í v e l q u e f i c á s s e m o s a t é m a i s t a r d e , p o i s e m b r e v e i a m c h e g a r o s d e m a i s a r t i s t a s q u e i r i a m c o n t r a c e n a r c o m i g o n a p e l í c u l a , e q u e e r a a b s o -

(C ontinua na p á g in a 6)

Page 6: As pessoas importantes · reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be lezas de que podia dis por! A cidade surge as sim, no des cer das en costas, nim bada de to nal

6 A PROVINCIA 21-2-957

C j z u t e l % ô L

C a m p e o n a t o N a c i o ­

n a l d a 2 . a D i v i s ã o

M o n t e m o r , 2 - M o n t i jo , 1Equipas:MONTEMOR : — Lisboa; Sal­

gueiro e Gatinho; Jordão, Heis, e Vinueza; Frazão, Babino, Narciso, Leonel, e Luís Lopes.

M ONTIJO: — Redol; Anica e Manuel Luís; Neto, Barragon, e Serralha; Barriga, Veredas, Jcão Mário, Mora, e José Paulo.

Árbitro : -- Alfi edo Louro, de Lisboa.

Campo: == Campo 1.° de Maio, em Montemor-o-Novo.

Ora aqui está um encontro de futebol em cuja apreciação não pode haver duas opiniões:

A turma dc Montemor fez uma boa exibição e mereceu a vitória.

A turma montijense cumpriu o seu dever, mas fo:. impotente para vencer.

O péssimo eslado do campo, de­vido aos últimos temporais, difi­cultou bastante o trabalho das duas equipas, obrigando-as a um e s fo r ç o demasiado, — o que se ressentiu principalmente no se­gundo tempo do encontro. Não obstante, na primeira parte fez-se bom futebol, com avançadas bem delineadas que muito agradaram aos assistentes.

Principalmente os de Montemor tiveram jogadas magníficas que entusiasmaram.

Os nossos também se adaptaram, esbarrando, porém, com a defesa contrária em grande actuação.

Foi Narciso o marcador dos dois tentos da primeira parte, sendo certo que o primeiro teve maior valor.

Na segunda parte o jogo já se não comparou com o da primeira.

O estado do campo continuou influenciando o trabalho a realizar.

De notar, e até para salientar em extremo, a forma como a de­fesa do nosso Desportivo se com­portou. Devido a ela não só o

0 Meu DiárioJ H a iia rD (dee

(Continuação da página 5)

lutamente necessário fazer um «test» com eles. Mas se eu nunca tinha falado com Raúl de Carvalho, João Vil- laret ou com Maria Sampaio e apenas os conhecia de os ver no teatro? E fiquei um pouco atemorizada com isso. Contudo, quando tomei con­tacto com estes artistas e compreendi que eram todos pessoas muito dadas, o gelo do temor que se apossara do meu espírito desfez-se como por encanto, e a conversa foi das mais amenas entre todos nós. Hoje, que as f i l ­magens de «Frei Luís de Sousa» já vão longe, se bem que de todos com quem pri­vei nos Estúdios da Quinta das Conchas eu conservo a melhor das recordações, pelo grande mestre da cena por­tuguesa que é Raúl de Car­valho, tenho uma amizade filial, professo uma admira­ção profunda por João Villa- ret e pelo seu talento de de- clamador insuperável, e por Maria Sampaio, actriz dis­tinta, que ao Brasil de novo regressou, uma simpatia afec­tuosa.

A segit i r : — Q u a n d o eu f i l m e i « F r e i Luís de Sousa».

marcador não subiu como ainda conseguiu, em conjunto com os deslizes de Beis e Vinueza, aos oito minutos do final, o golo de João Mário.

A arbitragem, embora por vezes incompleta e iriegular, em nada influiu no decorrer certo e justo do encontro.

O próximo jogo é o de maior responsabilidade para o Despor­tivo.

Estamos certos de que o deve­rão ponderar e que tudo correrá pe!o melhor.

() Farense continua à cabeça com 36 pontos e o nosso Despor­tivo com 32, mas seguido de perto pelo Coruchense com 31. Ii preciso não esquecer este último porme­nor . . .

C o n c u r s o d e

P r o g n ó s t i c o sEm virtude de se não terem

realizado os jogos da 1.* divi- são, no domingo, passado dia 17, lambem não se publica a l is ta dos concorrentes con­templados lio cupio N.° 22.

E esta semana não haverá cupão, visto o nosso jornal an­dar com uma jornada adian­tada, e na presente data não se ter efectuado o sorteio da 2 .* fase da 2 .a divisão.

O Concurso de Prognósticos recomeçará na próxima se­mana.

No entanto, acreditamos que não haverá novidade maior e que lá iremos «à final», como é de inteira justiça.

João di cá

R e c r e i o e D e s p o r t o

O v a l o r d o d e s p o r t o

n a s c o l e c t i v i d a d e s d e r e c r e i o

( B a M f u e t e à f r l

Q u e l u z , 5 3 - M o n t i jo , 2 6Jogo efectuado em Queluz a

contar para o Campeonato Nacio­nal e arbitrado pelo sr. Alexandre Rafael.

As equipas alinharam :Queluz: (25 cestas e 3 lances

livres, transformados em 6 tenta­dos) Rui (6), Rola, Valente (29,), Inocêncio (14), e Fazenda (4).

Montijo: (11 cestas e 4 lances livres, transformados em 8 tenta­dos) Adriano (2), Luciano, Heitor (1), Teodmiro (8), Elisiário (12), Pinto (3), Rogério e João José.

Ao intervalo 25-15.Em primeiro lugar^ devemos

lamentar novamente, já o ano pas­sado o fizemos, a péssima organi­zação que encontramos quando de deslocações para encontros com clubes de Lisboa.

Compareceram as duas equipas, menos a de arbitragem, marcador e cronometrista. Não pode ser assim. 0 Montijo, ou qualquer outro clube que sai para longe do seu burgo, não pode estar à mercê dos caprichos de dirigentes (se serão estes os culpados) ou dos srs. oficiais ao jogo. Há que enca­rar as responsabilidades. Há que ter respeito pelo sacrifício do clube que se desloca com um tempo como o que se fazia sentir no domingo e pelo sacrifício de jogadores que não são profissio­nais. Houve falta, não foi justifi­cada, anterior ou posteriormente, e não tivesse sido a louvável ati­tude de um antigo jog dor do Queluz, ao prontificar-se para ar­bitrar o jogo, este não se efectua­ria. Despesas foram feitas. A quem pedir indemnização? Só a uma en­tidade : à Federação.

Desculpas, muitas desculpas? mas a caso não tornaria a suceder. Entretanto, tenha p a c iê n c ia o Montijo, mas não podemos arcar com os vossos g a s t o s . - Seriíi assim, disso temos a certezi", poi* o Montijo é um clube «que fica ali para o outro lado do Tejo».

Há que rever os vossos proces­sos de trabalhos, srs. dirigente» lisboetas 1

Posto este intróito, que achamos conveniente e oportuno, vamos dar aos nossos leitores breves ano­tações acerca do encontro.

Depois dum começo prometedor, esteve em 6-6, 6-8 e depois 8- 10, o Montijo deixou que a equipa do Queluz se superiorizasse para não mais perder o comando do jogo. A inspiração de Valente ocasionou boas mas felizes cestas de longe que decidiram o resultado do jogo e o seu vencedor.

De apreciação digna de nota só a boa vontade demonstrada pelos contendores a jog-irem num ter­

reno verdadeiramente impróprio para a prática de qualquer moda­lidade. O jogo confuso e propício ao choque predominou durante a partida, e sempre que assim su­cede, nada de positivo se poderá concluir.

A arbitragem lutou também com o estado do terreno e, à parte al­guns deslizos depois reconhecidos, nada mais teremos a dizer que palavras elogiosas pelo espírito demonstrado.

Em Juniores e em jogo efectua­do no Seixal, o Montijo venceu este clube pela marca de 29-17. E a terceira vitória consecutiva.

Concludente sobre o valor ver­dadeiro da equipa, que foi menos feliz nos primeiros jogos.

Luciano Mocho

Em tempos idos, o homem ima­ginou a forma de passar as horas de folga, quando banido o trabalho de sol a sol e, dentro de um prin­cípio natural, procurou preencher o espaço entre o trabalho e o des­canso. Assim, apareceu a forma de recrear! Juntaram-se às esqui­nas, servindo então de «sede», um poste telefónico ou a coluna de um candieiro a gás ou petróleo, trocando impressões, até que nas­ceu a ideia de um agrupamento, onde as famílias, até então senta­das às portas da rua, planeavam casamentos dos adolescentes que, entretanto, praticavam os primei­ros desportos; a bilharda, o ber­linde e a barra.

Apareceu a primeira sociedade de recreio, como ambiente familiar, desenvolvendo-se de maneira di­gna do maior aplauso, formando- -se grupos dramáticos, filarmóni­cas; criando o gosto por facetas de vária ordem que não cabe neste pequeno artigo e finalmente, na luta contra o analfabetismo, mon­tando escolas de instrução primá­ria. Daqui, nasceu o gosto pela leitura, aparecendo as primeiras bibliotecas no meio, criadas e man­tidas por operários, possuidor da melhor vontade e espírito de sacri- fício .| 0 recreio continua, mas de­sapareceram por falta de interesse as filarmónicas, tunas, orfeões, etc. atribuindo-se tal facto, ao desen­volvimento do desporto.

Não acreditamos sinceramente nessa alusão, porquanto desporto sempre existiu. Quanto muito se pode aceitar que a mocidade desta época se prendeu ao futebol, como modalidade apaixonante de multi­dões, não só em Portugal, como no resto do Globo. No campo des­portivo, não só existe o futebol, que em nosso entender, será mo­dalidade a desaparecer, dado que, por factores vários, embora com finanças largas, não deve corres­ponder num futuro à índole de adeptos, que acabarão por fugir, por não aceitarem de boa mente o comercialismo.

Fora desta modalidade, tantas existem para o revigoramento da raça, que não admira, pelo contrá­rio é de aceitar, que as colectivi dades de educação e recreio, cha­mem a si as suas práticas.

Não é só o SPORT LISBOA-

( d & t i w L b & l i L L a

R o n d a p e lo s p o m b a isProsseguindo na campanha de

valorizar e propagandear a Colum­bofilia em Montijo, tarefa a que há muito lançámos ombros, tomámos a iniciativa de ouvir alguns ama­dores, sobre o que pensam da pró­xima campanha.

Como o espaço que dispomos é restrito, limitámo-nos a duas per­guntas: «Quem será o campeão») e «Quais as suas aspirações».

O primeiro amador a depor foi o jovem José Correia Leite, que presentemente possui uma exce­lente colónia.

— Ele nos diz: — Não posso pre­ver quem será o campeão, porque a campanha deve ser disputada ardorosamente. Espero vencer um concurso.

— Segue-se António Joaquim Lucas Catita, actual presidente da Direcção:

— 0 campeão deve ser Amândio Carapinha, possuidor da colónia mais numerosa e cheia de aves de grande categoria. Espero vencer Madrid.

— José Martins Barros, amador da velha guarda, diz-nos também:

— Victor Viegjis será de longe o campeão. Não tenho aspirações, porque não tenho podido treinar como era meu desejo.

— Jorge Sotano Lopes, actual campeão de velocidade:

— Não preve-jo q u em será o

campeão. Não tenho aspirações.— Benjamim Neves Silva, um

dos amadores mais regulares da campanha finda, é de opinião que Eduardo Terras será o campeão. Espera vencer três provas.

— António Fonseca Nunes, dá o seu parecer dizendo : É difícil d i­zer qual será o campeão, porque estou vendo que esta época há muitas peneiras. Espeto marcar muito bem.

— José Pedro Carabineiro, tam­bém dá a sua opinião, dizendo: O campeão será Jorge Sotano Lopes. Espero marcar muito bem, muitas vezes à frente do campeão Victor Viegas.

— Francisco Jesus da Silva, o pòpular «Gheta», um dos melhores amadores da sociedade: O cam­peão deve ser o Benjamim Silva. Aspirações poucas, porque no de­feso mataram-me o Stassart.

— António Cuquego F irm in o confia-nos as suas impressões, di­zendo : Victor Viegas deve ser o campeão. Não tenho aspirações.

— Francisco Amaro Lança, diz também: Não faço prognósticos, não tenho aspirações.

— O campeão Victor Viegas: Não prevejo quem será o campeão. Esta época espero marcar mal, porque estou desinteressado.

— O velhote Terras, grande en­tusiasta, nos diz: O campeão será

-LA PA que se encontraempenhado na constituição da sua secção des­portiva, são quase todas as agre­miações do género que adoptam o sistema, e, das que o possuem, bem dizem os benefícios adquiridos, porque a mocidade pretende ras­gar novos horizontes, penetrar na vida sàdia dos campos atléticos, sem contudo deixar de praticar recreio, que anda de mãos dadas com o desporto.

As sociedades de recreio neces­sitam arejar o seu ambiente, mas não esquecer que, a fazer-se des­porto, ele deve ser feito com cons­ciência, lealdade e noção de res­peito pelo adversário de hoje, vencedor de amanhã.

Assim, podem as colectividades, já referidas, dar mais um exemplo de quanto podem e valem, como iniciativa particular.

Recreio sim; mas desporto pelo desporto, será mais uma legenda a esmaltar o sacrifício de qne se en­contram possuídas.

Ribeiro Nunes

Desastre de viaçãoNa passada quarta-feira, pelas 9

horas, junto ao Correio, quando o carro de instrução, da Escola de Silvano Saraiva, descia a Avenida Dr. Oliveira Salazar, e já se en­contrava do lado esquerdo da placa da Avenida D. Nuno A ’lva- res Pereira, o motociclista Jaime Cardoso, solteiro, 1.° cabo aviador da Base Aérea N.° 6 — Montijo, e natural de Vila Franca das Naves, foi embater com o citado veículo, originando ao motociclista frac­tura do húmero esquerdo. Trans­portado ao hospital subregional de Montijo, s e g u iu depois na ambulância da Base de Montijo para o hospital da Estrela, era Lisboa.

A Polícia de Segurança Pública tomou conta da ocorrência.

E s te n ú m e r o d e « A P r o ­

v ín c ia » fo i v is a d o p e ia

C E N S U R A

João Teodoro da Silva. Espero vencer três provas como na época finda.

— Eugênio da Purilicação Oli­veira, diz ainda: A campanha deve ser muito bem disputada, não pre­vejo quem será o campeão. Espero marcar muito bem.

— António Cabreiro, é de opi­nião que João Teodoro da Silva será de longe o campeão. Aspira­ções não tem, porque se inicia esla época.

— Aldemiro Eduardo Borges, sócio f u n d a d o r da sociedade, | columbófilo de muitos méritos. E de opinião que Jorge Sotano Lopes será o campeão. Tem muitas aspirações.

— António Júlio Rocha: O cam­peão deve ser Victor Viegas. Te- | nho aspirações.

— Francisco Galipa, dá o seu I parecer, dizendo: João Teodoro será o campeão. Espero vencer um | concurso.

— António J. Cepinha Santos, Não prevejo quem será o campeão, Não ienho aspirações.

— José Correia de Almeida: 0 campeão deve ser o Benjamim. Náo | tenho aspirações.

— Por último a nossa opinião: I Sou de parecer que Victor Viegas I será o campeão. Não tenho asp1' | rações.

Como se vê, a campanha pr°‘ | mete ser muito bem disputada, Vontade não falta, oxalá tudo *e| çonjugue para uma boa jornada I desportiva.

E d u a r d o i a è t 3

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2 1 -2 -9 5 7 A PROVINCIA 7

Difhcme Z-78

Baixa da BanheiraAlhos Vedros

— Limpeza de fossas — No número 86 do nosso jor­nal, referimo-nos às péssi­mas condições em que têm sido feitas as limpezas das fossas nesta localidade, pe­dindo-se a quem de direito, as necessárias providências, para que estes trabalhos fossem regulamentados, mas parece que de nada nos va­leu o chorar. Como tal, no p. p. dia 9 de Janeiro findo, alguns moradores das ruas 13, 17, 19, 25 e 27, chamaram a nossa atenção, para vermos o que se pas­sava.

De facto, reclamavam e com muita razão, visto no­tarmos que, com início cerca das 19 horas, uma brigada de operários procedia à lim­peza de uma fossa , que existe no pátio do prédio do Sr. Marçalo, situado na re­ferida rua 13, servindo-se de um meio de transporte, também em péssimas condi­ções ! Com a força dos ga­ses e mau cheiro proceden­tes da mesma, só de nariz tapado nos era p o s s í v e l transitar por aquelas artérias, não se respeitando assim a saúde pública.

E já agora que estamos com as mãos na massa, va­mos um pouco mais além : Não tem ainda esta impor­tante e progressiva povoa­ção, com os seus aproxima­dos 12 mil habitantes, os necessitados canos de esgo­tos, mas em último recurso, manda a Ex.,na Câmara, dia sim dia não, a camioneta municipal aqui recolher os respectivos dejectos. Não sabemos, porém, se é com

ordens superiores, se é por determinação e por conve­niência particular dos res­pectivos empregados encar­regados destes serviços, que a referida camioneta, só de 3 em 3 quando não é ao fim de 4 e 5 dias percorre a Zona-Sul da E. N. (Zona esta mais habitada) conser­vando-se os dejectos acumu­lados durante todo este tempo.

Algumas donas de casa há que morando perto da rua 11 e vendo-se aflitas, são obrigadas a fazer os necessávos despejos nas de­pendências de um prédio que se encontra em cons­trução na referida rua 1 1 , em frente da habitação dO' assinante do nosso jornal, Sr. António J o a q u i m de Sousa, t o rn a n d o - s e ali aquele lugar, num foco de infecção, atentatório contra a saúde pública. Pedimos por este motivo às entidades competentes, as providên­cias que as circunstâncias exigem.

— Nova Igreja — Em 27 de Janeiro findo, cerca das16,40 horas e sob a presi­dência do rev .0 José Feli­ciano R o d r i g u e s Perina, mui digno prior da nossa freguesia, reuniu a Comissão P ró-Const rução da nova igreja, na «Quinta do C a­beço», a fim de localizarem acentuadamente o terreno onde deve ser construído o novo edifício em referência. Entre outras individualidades de destaque, apraz-nos re­gistar a presença dos srs. Arquitecto Júlio Gil e Dr. Manuel Vicente Moreira Ju ­nior.

O terreno suficiente para a dita construçáo, foi gen­

tilmente oferecido pelo sr. Manuel dos Santos Silva, proprietário da r e f e r i d a Quinta e nosso prezado as­sinante, a quem, em nome da Comissão e do povo de Baixa da Banheira, expres­samos a nossa maior grati­dão. «A Província», assis­tindo a esta reunião, orgu­lha-se em registar nas suas colunas, tão simpático gesto de solidariedade.

fundãoJoão Vilareí

O inexcedível artista de- clamador João Vilaret fez recentemente uma V isita aos três principais centros urbâ- nos da Beira Baixa, com a já conhecida peça «Esta noite choveu prata». Espectáculos esses que agradaram plena­mente, como se esperava já.

No Fundão houve, entre­tanto, uma louvável iniciativa de trazer novamente o ar­tista; mas desta Vez com um recital de poesia, o qual teve lugar no passado dia 12. Uma antologia bem elabo­rada dos mais representati­vos valores portugueses e brasileiros, como raramente Vilaret tem reunido. Espec­táculo raro de beleza, cul­tura, e "encantamento.

Parabéns à Comissão rea­lizadora, provando o público, por outro lado, que cerca de uma dezena de escudos não são só bem empregados num desafio de futebol, de pé, à chuva, ao frio, e ao vento. - ( C . )

E s te n ú m e r o d e « A P r o ­

v in c ia » fo i v is a d o p e la

C E N S U R A

Viana do Castelo— Aurora do Lima — No

dia 15 do mês de Dezembro p. p., completou este V elh o jornal, defensor acérrimo dos interesses de Viana do Cas­telo — 101 anos.

Foram 101 anos de sacri­fício e de vida laboriosa, defendendo sempre com o mesmo ardor a terra que lhe serviu de berço.

Ao seu Director — Felipe Fernandes — enviamos um grande e apertado abraço, fazendo votos para que a «Aurora» continue a trilhar o caminho que tem procurado sempre e ser desta Viana que é a terra dos encantos.

— z.® F oral de Viana — A Câmara Municipal — na sua última sessão— resolveu comemorar ens 1958 — a en­trega do 1.° Foral a Viana pelo Rei Afonso III, e que será o VII centenário de tão notável acontecimento, A esta comemoração o Ex .m0 Sr. Presidente da Câmara eo dinâmico Presidente do Turismo, pretendem dar o maior relevo. Do Presidente da Comissão de Turismo, Dr. Paulo Santos, muito há que esperar, porque o mesmo Ex.mo Sr. v i v e pensando neste cantinho florido, que se chama Viana e que no mesmo ano de 1958 — deve receber os bombeiros de Po r tuga l em congresso — com os braços bem abertos— para os estreitar de en­contro ao coração. — (C.)

( Continuação da í . a página)

Batata miúda — 1.953, 1.413, 855,I.559. T o ta l — 11.328, 10.974,II.271, 11.792 kgs.

Analisando o presente quadro, somos levados a tirar as seguintes conclusões:

a) Que efectivamente a maior produção se registou nas parcelas tratadas com D ith a n e Z - 7 8 .

b) Que as parcelas testemunhas produziram maior quantidade dc tubérculos que as parcelas trata- dadas com os produtos à base de cobre, o que naturalmente se ad­mite, se tivermos em linha de conta a acção depressiva que os fungicidas cúpricos podem exer­cer sobre a vegetação. Tenhamos ainda em vista a ausência dos ata­ques de míldio, pelo que só assim se pode compreender a existência de tais diferenças de produção, sobretudo em relação à testemunha.

c) Pelas produções obtidas, ve­rifica-se que o D ith a n e Z - 7 8 / além de não ter manifestado qual­quer sintoma fisiológico contrário ao desenvolvimento normal da vegetação, pelo contrário, parece ainda tê-la estimulado.

d) Sendo assim, estamos con­vencidos de que, se os tratamentos tivessem sido iniciados um mês mais cedo, os resultados teriam sido mais significativos e as dife­renças de produção mais acentua­das.

Esperamos no próximo ano po­der continuar os ensaios com D i­t h a n e Z - 7 8 , quer na cultura d i batata, como na do tomateiro, por­quanto estamos certos que, com tais aplicações, náo só poderemos proteger eficazmente estas cultu­ras contra o míldio, como ainda torná-las susceptíveis de mais e melhores produções.

Obros de Álvaro Valente— «Eu», livro de sonetos,

esgotado; «D aqui.. .fala R i­batejo», contos monográiicos, 30 escudos; «Pedaços deste Ribatejo», folclore e costumes, 30 escudos; «A minha visita ao museu de S. Miguel de Ceide», folheto, 5 escudos; «Hino a Almada», em verso, 10 escudos; «Grades Eternas», estudos sociais, 15 escudos; «Vidas Trágicas*, romance, 15 escudos; «Viagem de Maravi­lhas», reportagem, 20 escudos.

Pedidos à Redacção de «A Província».

N.° 44 Folhetim de «A Província» 21-2-957

fffldeia do ffívessoc % t c A l v a r o 9 ? a l e n t e

— Claro, — pois? No tempo do mê home que Deus haja, é que isto se havia de da r . .. Eram esmurrados que nem caduço nas adegas! — continuava a segunda.

— Aquela minha sobrinha é uma criança corrente, não tem mal algum, e lá vai no embrulho com o tal fiel-.. Eu já a avisei; e «quem me avisa, meu amigo é». O resto é lá com e la . .. — confidenciou a ti Mila.

— Ô . . .0 ! E a minha? Essa é mesmo uma paz de alm a! Ela lá anda com o oitro toda derretida. Olhe, ti M ila : Quem boa cama fizer, nela se deitará! Querem assim ... ’Stá tudo perdido, ’nha miga!

E o Jacinto já parara a descansar e já ia com outra «moda» às voltas.A dança marchava de qualquer maneira. O essencial era o contacto, o

apertão de estalo, o encosto legalizado pelos costumes novos.A certa altura a comadre Felícia, vendo o serviço a atrasar-se, inter­

rompeu :— Bem. Por agora, chega. Vamos ao resto que a merenda arrefenda...E voltaram a «cascar».Num recanto, junto ao prédio, ti Romão e o lagareiro da casa bicha­

navam :— Não têm servência nenhuma, que lo digo eu ! Nesta aldeia anda

tudo tolo de há meses a esta parte.— Ora, deixe, ti Romão. Os tempos é que são oitros. A gente nâo

gosta porque fomos inducadts de feitio inverso; mas vai tudo assim do avesso e temos que nos conformar.

— Menos eu. Que também, pios dias que cá hei-de andar, tanto se me dá... Agora, que isto vai na maior perdição, não tenha dúvida.

— Toda a vida foi o mesmo. Sempre houve malandrice...— Mas como agora, nunca,— já lo disse. Cá na nossa terra nunca se

viti tamanho descaramento, tanta falta de pejo e de recato. É demais! ’Stou a ver que não se salva uma! F eles vão pia mesma.. . Isto lo digo eu, que vou prós setenta pia Santa Eufêmia.

— Milho-rei, milho-rei... — gritaram da roda.Um da fábrica mostrava a espiga negra, ao alto, ancho e orgulhoso

da sorte.Foi o diabo!Ele já se preparava para usar do direito consuetudinário que lhe auto­

rizava beijos e abraços nas circunstantes, quando os protestos estoiraram desabridos:

— Daqui não levas nada.. .— Nas «cascadas» da comadre Felícia é proibido...— Isso, nentes ! Talvez quisesses...— Vamos todas embora!E vai dali uma loirita esgrouvlada e aplica-lhe o golpe de misericórdia:— Tirou-a da algibeira, que eu bem vi. Já vinha prevenido com ela. . .Então, foi o maior escândalo !— Olha o seresma!— O espertalhão !— O enguiço!— Prá donde ele vinha, — o finório !A pontos que o homem não teve outro remédio senão levantar-se e

despedir-se:— ’Stá dito ! Nesse caso, passem por cá muito bem e até outra vez se

Deus quiser.— Nem nunca devias cá ter posto os pés !— Fazes cá uma falta. . .— Vai pia sombra !JOs outros dois levantaram-se também e acompanharam-no.Só as cachopas que andavam de esperanças é que ficaram amua la;;,

tristes com o desenlace...

( C O N T I N U A )

Page 8: As pessoas importantes · reza capri- chouemjun- tar naquela «concha» as maiores be lezas de que podia dis por! A cidade surge as sim, no des cer das en costas, nim bada de to nal

8 A PROVINCIA s i -2-957

C om a c o la b o ra çã o da

Sociedade PermutadoraS . A . R . I__

Data da colheita — 20-11-1955

E S Q U E M A DO CAMPO DE ENSAIOS

A distribuição das parcelas foi sucessivamente a seguinte: DI­THANE Z-78, Oxicloreto de Co­bre, Oxicloreto mais mercúrio e testumunha, efectuando-se ao todo três repetições, o que considera­mos suficiente dada a natuieza homogénea do solo.

Assim tem os:Parcelas tratadas com DITHANE

1-5-9; Parcelas tratadas com O xi­cloreto de Cobre, 2-6-10; Parcelas tratadas «com Oxicloreto de Cobre mais mercúrio, 3-7-11; Parcelas testemunhas (não tratadas) 4-8-12.

A seguir, reunimos as datas, os números e as datas de aplicação dos tratam en to s, bemr como a quantidade de calda gasta em re­lação ao hectare e respectivamente as áreas das superfícies tratadas.

QUADRO DOS TRATAM EN ­TOS — Nomes dos produtos: Di- thane Z-78, Oxicloreto de cobre, Oxicloreto maia mercúrio, teste­munhas Data de tratamentos:

parcelas tratadas quer com o oxi­cloreto de cobre, quer com o com­posto de oxicloreto e mercúrio, mantiveram-se v e r d e s durante mais 8 dias relativamente às par­celas testemunhas.

C O L H E IT A

r— pelo Eng.“ Àgrón.° “ —j

Acácio Madeira Pinto ]

Algumas considerações acerca do

N o v o s f u n g i c i d a s

20-10-55, 28-10-55, 3 -11-5 5 e 18-11-55; N.° de tratamentos, 4; ,Doses de aplicação: 0,2% 0.2°/o e0.15°/o : Quantidade de calda para Ha, 1.000 litros; Area de cada par cela, 4i.8m2; Area total das parce­las 134,4m2.

INTENSIDADE DOS A TA Q U ES:

Não se observaram ataques de míldio, o que não é vulgar e se

Efectuada a colheita, procedemos à escolha dos tubérculos, dividin­do-os em dois lo tts; um consli-

por um lado esse facto nos impe­diu de atingir o nosso objectivo, por outro veio proporcionar-nos a oportunidade de mais uma vez verificarmos certos pontos de vista de ordem fisiológica. Além disso, como mais adiante se verá, exis­tem efectivamente diferenças de produção que não obstante serem pouco acentuadas, dão na realidade uma ideia da acção dos produtos, destacado pelo interesse votado a tendo em linha de conta os seus £t'eitos fisiológicos sobre a vegeta­ção.

A S P E C T O VEGETATIVO DA C U L T U R A :

E m b o r a tivéssemos acompa­nhado com regularidade a evolu­ção da cultura nas diferentes par­celas, o que nos parece mais im­portante salientar, diz respeito à fase final do ciclo vegetativo das plantas.

Assim, as plantas que se apre­sentaram um pouco melhor desen­volvidas. diziam respeito às par- celastratadas com D ith a n e Z - 7 8 .

Por outro lado, as plantas das

Eaclerotox da lihizoctonia nos tubérculos

tuído por tubérculos de interesse comercial, que classificamos de ba­tata grada e o outro formado pelos tubérculos miudos ou deteriorados.

A seguir, apresentamos os re­sultados obtidos.

Em relação a 3 parcelas. — Ba- tada gra d a — Testemunha, 126; Cobre mercurisado, 128,5; Cobre Berk, 140; Dithane Z-78, 137.0. Batata miúda — 26,25, 19,0, 11,5, 21,5. Total —r 152,25, 147,0, 151,5, 158,5 kgs.

Em relação ao hectare (11a)— Batata grada — Testemunha, 9.375; Cobre mercurisado, 9.561 ; Cobre Berk, 10.416; Dithane Z-78,10,193,

(Continua na página 7)

Boa colheita de ba ta ta

'Plantação de batatas

Com vista a averiguar­mos a acção fungicida no D ith a n e Z - 7 8 no con­trole do míldio da bata­teira, realizámos um en­saio em que participou também um produto à base do oxicloreto de co­bre e um outro composto de oxicloreto e mercúrio.

COMPOSIÇÃO E DOSES DOS PRODUTOS EN­

SAIADOS:

DITHANE Z-78 com 65 % de ethilene-bisdi- thiocarbamato de zinco a 0,2“/°-

O X I C L O R E T O DE COBRE com 50% de co­bre metal a 0,2% .

O X IC L O R E T O DE COBRE com 50% de co­bre metal e 0,6% de mer­cúrio a 0,15%.

Local do ensaio — A l­garve, concelho de Vila Real de Santo António.

N a tu r e z a do solo — Arenoso.

s D ata da plantação 12-8-1955,

Em consequência da ú lt im a guerra verificou-se, no mercado mundial, enorme escassez de co­bre; isto contribuiu para que se procurassem novos produtos de substituição do cobre que, desde 1884, vinha sendo utilizado pelas suas propriedades fungicidas.

Certamente, muitos outros fac­tores contribuíram e estimularam esta investigação, e assim foram descobertos produtos orgânicos de síntese com propriedades compa­ráveis às do cobre.|| Há já mais de uma dezena de anos que nos E. U. da América tais produtos vêm sendo experi­mentados, e na Europa numerosos ensaios têm sido feitos, a fim de determinar o comportamento des­ses produtos de síntese em rela­ção a várias doenças das plantas cultivadas. Muitos Centros de in­vestigação da Holanda, da França, da Itália, da Suiça, etc., tèm-se

AsfUício da rama atacada dc doença

p*r Margarida de Aboim Inglês — twgenheira Agrónoma

destacado pelo interesse votado a este problema, sendo já vasta a litera­tura publicada sobre o assunto.

Muitos procuraram ver neles não só um produto que vinha substi­tuir o cobre, mas suplantá-lo, melhorando a qualidade e a quantidade das colheitas, produzindo frutos mais perfeitos, melhor colori­dos, vegetação mais exuberante.

Iremos realmente com os novos anticriptogâmicos produzir mais e melhor ?

Lamentamos que entre nós. pelas entidades competentes, não tenham sido publicados ainda resultados de ensaios, certa­mente já realizados com os novos fungicidas.

Animados pelos resultados obtidos em diferentes países, transcritos em diversas publicações, realizámos um pequeno ensaio com a cultura da batata, e só o desejo de poder contribuir no despertar de igual curiosidade nos leva a publicar tão pe­queno quanto modesto ensaio.

OBJECTIVO DO ENSAIO: Comparar os resultado da apli­cação de um fungicida orgânico de zinco (Dithane Z-78) e da Calda Bordalesa no combate ao míldio da batateira.

RESUMO DO ENSAIO:

Local: V. Nova de Famalicão-Cultura: Batata (Arran-Banner)Modalidade: Talhões de 5 regos com 10 metros de compri­

mento, para apuramento das linhas correspondentes aos 3 regos centrais. — Compasso : 50x40 cm.

Adubação: Sulfonitrato de amónio (26%) 1000 Kg/ha; Su- perfosfato de cálcio (45%) 500 Kg/ha: Sulf. de potássio, 200 Kg/ha.

Dithane Z-78: 200 gr/100 litros.Calda Bordalesa: 1,5% (alcalina).Número de tratamentos: 5-(19/5, 29/5, 2 6, 12 6 e 22,6).Data da plantação: 5 de Abril de 1956.Data do arranque : 24 de Julho de 1956.Produções : Todos os talhões, quer os tralados com Calda

Bordalesa, quer com Dithane, não foram atacados pelo míldio; todavia, as plantas dos lalhões tratados com Dithane apresenta­vam maior vigor vegetativo.

O ensaio foi prejudicado por uma extrema irregularidade climática, devendo as batatas ter jofrido excesso de humidade e temperaturas dcrrasiado baixas, que muito íetardaram o seu desenvolvimento;

Kg/ha— Produtos DITH ANE: 1.° talhão, 18.470; 2.°. 19.330;3.8, 21.330; Média, 19.71o. Produtos C. BORDALESA: 1.° lathão, 17.600; 2.°, 17.330; 3.*, 13.330; Média, 16.090.

Verificamos assim um aumento de produção médio de 3.620 kg/ha nos talhões tratados com Dithane Z-78.

Registamos baixas produções que são, no entanto, muito frequentes na região.