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Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente 4º Ano - 1º Semestre 2010-2011 Políticas do Ambiente As Políticas de Ambiente do grupo Jerónimo MartinsProf. António Gonçalves Henriques Prof. Francisco Nunes Correia Trabalho elaborado por: Daniela Maria Ferreira n.º 62421 Filipa Duarte n.º63898

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Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente

4º Ano - 1º Semestre 2010-2011

Políticas do Ambiente

“As Políticas de Ambiente do

grupo Jerónimo Martins”

Prof. António Gonçalves Henriques

Prof. Francisco Nunes Correia

Trabalho elaborado por:

Daniela Maria Ferreira n.º 62421

Filipa Duarte n.º63898

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Índice

Epígrafe_____________________________________________________________________3

Introdução___________________________________________________________________4

Enquadramento Teórico________________________________________________________5

Políticas vs Políticas de Ambiente___________________________________________5

Níveis das Políticas de Ambiente___________________________________________6

Nível Internacional – As políticas de ambiente e a ONU_________________________7

Nível Europeu – As políticas de ambiente e a União Europeia_____________________9

Nível Nacional – As políticas de ambiente em Portugal_________________________10

Caso de Estudo: Jerónimo Martins_______________________________________________12

História do Grupo Jerónimo Martins_______________________________________12

Políticas de Ambiente do Grupo Jerónimo Martins____________________________16

Política da Água_________________________________________________17

Política da Energia_______________________________________________19

Política do Papel_________________________________________________21

Política dos Resíduos_____________________________________________21

Política dos Efluentes_____________________________________________23

Política da Qualidade do Ar________________________________________24

Acções de Responsabilidade Ambiental e Social________________________24

Conclusões__________________________________________________________________26

Bibliografia__________________________________________________________________27

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Epígrafe

“The Sky People have sent us a message... that they can take whatever

they want. That no one can stop them. Well, we will send them a message: we

will show the Sky People... that they can not take whatever they want! And

that this... this is our land!”- Jake Sully, in Avatar

O filme “Avatar” de James Cameron, é a melhor personificação de como a ausência de

políticas do ambiente (entendidas como linhas de acção a seguir no que toca à integração do

meio ambiente em tomadas de decisão estratégicas levadas a cabo por grandes potências)

pode transformar negativamente um mundo equilibrado.

Desde sempre que os grandes representantes das potências/empresas (no filme,

designados por “Sky People”) procuram o máximo lucro, não olhando a meios para atingir os

seus fins, pelo que desrespeitam a maioria das considerações necessárias que permitem

encontrar o caminho para o verdadeiro desenvolvimento sustentável. Todavia, teremos que

ser nós, jovens, a lutar como lutaram os Na’vi, para mostrar a estes homens que esta é a nossa

terra, e que tem que ser respeitada, para que as gerações vindouras não nasçam num

ambiente de privação e mal-estar.

Deste modo, como engenheiros do ambiente, é imperativo estabelecermos a ponte

entre a destruição e a recuperação daquilo que tem vindo a ser destruído, e essa ponte só

pode ser feita através das políticas de ambiente.

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Introdução

O presente trabalho enquadra-se no âmbito da disciplina de Políticas do ambiente e

pretende ilustrar, bem como aprofundar de que modo as empresas actualmente se

comportam ao nível do princípio da integração, isto é, de que modo as empresas integram as

políticas de ambiente nas suas próprias políticas de acção.

Deste modo, e a fim de analisar concretamente esta temática, seleccionámos um caso

de estudo de uma empresa reconhecida – A Jerónimo Martins, onde procurámos avaliar,

através de uma perspectiva integrada, de que modo esta grande empresa integra nas suas

acções e na sua missão, as políticas de ambiente.

Por fim, importa referir que este trabalho foi desenvolvido em três partes

fundamentais:

1. Enquadramento Teórico – onde abordámos as diferentes noções de

política, explicitámos o conceito de políticas do ambiente e definimos

quais os seus níveis, seleccionando para cada um deles as situações mais

marcantes;

2. Caso de Estudo – nesta secção explicitámos a história do grupo Jerónimo

Martins, bem como a sua missão, políticas de ambiente e acções de

responsabilidade ambiental;

3. Conclusões – esta parte consistiu nas conclusões e comentários que

considerámos relevantes extrair do presente trabalho;

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Enquadramento Teórico

Política vs Política do Ambiente

“ O homem é um animal político.” – Aristóteles

O conceito “política” tem vários significados, todavia, os seus dois significados

dominantes estão directamente relacionados com as suas duas traduções em inglês – “politics

e policies”.

Deste modo, se virmos o conceito sob a forma de “politics” estamos a referir-nos à

política como a “arte ou ciência da organização, direcção e administração de nações ou

Estados, onde a sua aplicação aos negócios internos e externos da nação se designa

respectivamente por política interna e política externa.” (WIKIPEDIA)

Por outro lado, se considerarmos a política através do prisma “policies”, estamos a

olhar para um conjunto estruturado de medidas que têm em vista um determinado objectivo.

É dentro destas duas visões da política, que se integram as políticas do ambiente, visto

elas serem “um conjunto de princípios e ideias, de concepção e formalização dinâmicas,

consubstanciado num texto que orienta e enquadra a definição de objectivos e de linhas de

actuação, coerentes e estruturados, no domínio do ambiente.” (modificado de: APA)

Assim sendo, é importante que as políticas do ambiente estimulem a sua própria

evolução, decorrente da reflexão motivada pelos novos desafios e problemas que têm que

enfrentar, através da conciliação estratégica dos problemas estruturais com os operacionais

relevantes para o ambiente e para o desenvolvimento sustentável.

É também fundamental não esquecer que uma Política de Ambiente Nacional é

indissociável do modo como se processa o desenvolvimento do país, pelo que esta deve ser

universal, ainda que deva respeitar as diferenças pontuais que existam, a fim de poder ser

aplicável a todo o território nacional, à generalidade das actividades, organizações e empresas,

contribuindo para o exercício pleno da cidadania ambiental na medida em que constitui um

referencial do cumprimento dos objectivos, leis, normas e instrumentos que dela emanam,

consagrando o direito e o dever de todos os cidadãos participarem na sua construção.

Por fim, é imprescindível que todas as entidades responsáveis respeitem o princípio da

integração (como descrito na alínea f) do artigo 66 da Constituição da República), isto é,

devem assegurar que as Políticas de Ambiente integrem as políticas sectoriais, a fim de

promoverem e assegurarem um desenvolvimento sustentável.

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Nível Internacional

Nível Europeu

Nível Nacional

Os níveis das Políticas de Ambiente

“A liberdade tem limites que a justiça lhes impõe” – Jules Renard

As políticas de ambiente são universais, todavia existem diferentes níveis de aplicação

das mesmas como podemos ver na figura 1.

Assim sendo, a nível internacional quem define e congrega as regras que promovem o

conjunto estruturado de medidas de ambiente que têm em vista determinado objectivo,

vulgo, políticas do ambiente, é a Organização das Nações Unidas (ONU), que procura

solucionar os problemas globais de um modo abrangente e também ele global, devido ao

grande âmbito de afectação dos mesmos.

A nível europeu, quem se encarrega pela definição das linhas orientadoras e

construção das directivas (que após serem aprovadas são posteriormente transpostas pelos

países, a fim de as incorporarem na sua legislação) é a União Europeia.

A nível nacional, quem se encarrega da existência de políticas de ambiente é o

governo, através da aprovação de decretos-lei, que na maioria dos casos resultam da

transposição de directivas comunitárias, bem como a assembleia da república, através da

constituição de leis.

Em suma, é através da articulação entre estes três níveis que as políticas do ambiente

podem ser vistas e usadas como instrumentos de prevenção, mitigação e até compensação

contribuindo para o tão desejado desenvolvimento sustentável.

Figura 1 - Níveis das Políticas do Ambiente

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Nível Internacional – As políticas de ambiente e a ONU

Como já foi anteriormente referido, as políticas de ambiente a nível internacional são

regidas pela organização das nações unidas (ONU), que é uma organização internacional

fundada em 1945 após a segunda guerra mundial, com o principal intuito de se constituir

como uma plataforma para o diálogo, a fim de impedir guerras entre países, e cujos objectivos

são facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional,

desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos, e a realização da paz

mundial.

Dentro das várias acções que a ONU promoveu, uma das mais importantes e que

marca a história das políticas de ambiente internacionais, foi a realização da Conferência de

Estocolmo, ou Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, pois ela

foi a primeira atitude mundial de alerta para a necessidade da organização e estruturação das

relações entre o Homem e o Meio Ambiente, tendo surgido no seguimento da constatação de

problemas como a seca de lagos e rios, alterações climáticas e efeitos das chuvas ácidas.

Deste modo, e através da constatação de que a poluição é transfronteiriça, todos os

estados-membros tomaram consciência de que a sua poluição não só os iria afectar, como

também iria afectar os restantes países, pelo que foi necessário encontrar um compromisso

sério, que todos aceitassem cumprir, a fim de minimizar a propagação da poluição que se fazia

sentir. Assim, dessa necessidade premente nasceu a Declaração de Estocolmo sobre o Meio

Ambiente Humano, onde se encontram os princípios que oferecem “aos povos do mundo

inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano”. (Declaração de

Estocolmo sobre o Ambiente Humano, 1972)

Por outro lado, e não menos relevante, foi o contributo que o Relatório Brundtland

prestou no âmbito do desenvolvimento das políticas de ambiente internacionais.

Este relatório intitulado “O nosso futuro comum” foi publicado em 1987 e foi o

precursor do conceito de desenvolvimento sustentável, como resposta às consequências do

modelo de desenvolvimento adoptado pelos países industrializados e reproduzido pelas

nações em desenvolvimento, que não levando em consideração a capacidade de suporte dos

ecossistemas, estava a levar os países na direcção do uso excessivo dos recursos naturais.

Deste modo, foi aquando da publicação deste relatório que a ONU adoptou

formalmente o conceito de desenvolvimento sustentável como: “o desenvolvimento que

procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Significa possibilitar que as

pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e

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económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos

recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.” (Relatório Brundtland,

1987)

Como tal, o relatório Brundtland veio mostrar a enorme necessidade de encontrar o

equilíbrio entre as dimensões ecológica, social e económica (ver fig.2), a fim de que se pudesse

caminhar no sentido de “gerir hoje, para obter amanhã”, sendo para tal necessário criar uma

consciência ambiental que permita agir rumo a um desenvolvimento verdadeiramente

sustentável.

Por fim, outro marco relevante para as políticas de ambiente internacionais ocorreu

em 1992, no Rio de Janeiro, onde representantes de quase todos os países do mundo se

reuniram naquela que ficou conhecida como Cimeira do Rio, para decidir quais as medidas a

tomar para conseguir minimizar a degradação ambiental. A missão desse encontro foi

fundamentar e explicitar a ideia ainda pouco concreta do desenvolvimento sustentável como

um modelo de crescimento económico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio

ecológico. A diferença entre as conferências de 1972 e de 1992 reside na presença maciça de

Chefes de Estado nesta última, factor indicativo da importância atribuída à questão ambiental

no início da década de 1990.

É de notar ainda que desta conferência resultaram vários documentos que ainda hoje

pautam todas as políticas de ambiente: a Carta da Terra, a Convenção da Biodiversidade, a

Convenção da Desertificação, a Convenção das Mudanças Climáticas, a Declaração de

Princípios sobre Florestas, a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, e por fim,

a Agenda 21 (cujo intuito foi fornecer aos países, a base de elaboração do seu próprio plano de

preservação do meio ambiente).

Figura 2 – As dimensões do Desenvolvimento Sustentável

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Nível Europeu – As políticas de ambiente e a União Europeia

A União Europeia (EU), anteriormente designada por Comunidade Económica Europeia

(CEE), e cuja fundação remonta ao Tratado de Maastricht a 7 de Fevereiro de 1992, é uma

formação de um novo tipo de união entre estados pertencentes à Europa, tendo passado a

dispor de personalidade jurídica após o início da vigência do Tratado de Lisboa.

É importante reconhecer que a União Europeia é muito mais que uma abordagem

intergovernamental, pois nela existe uma partilha de soberanias, levando assim a que as suas

políticas se designem por políticas comunitárias, pelo que importa referir que as políticas de

ambiente adquiriram a categoria de políticas comunitárias, pela primeira vez em 1986,

aquando da assinatura do Acto Único Europeu (AUE) no dia 17 de Fevereiro.

O Acto Único Europeu permitiu pela primeira vez alterar o Tratado de Roma (nome

dado ao conjunto do Tratado Constitutivo da Comunidade Económica Europeia (CEE) e do

Tratado Constitutivo da Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom) que foram

assinados em 25 de Março de 1957 em Roma, pela Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países

Baixos e Luxemburgo, tendo entrado em vigor em 1 de Janeiro de 1958), consagrando o

regresso ao voto maioritário no Conselho Europeu, na medida em que alargava o campo das

decisões maioritárias no domínio do mercado interno. Um desses alargamentos foi a

consideração do ambiente como acção comunitária, visto este ser de âmbito transfronteiriço.

É também ainda de evidenciar que desde 1973 têm sido desenvolvidos Programas de

Ambiente na União Europeia, estando a sua mais recente versão consagrada no sexto

programa de ambiente que data de 2002 e propõe metas a alcançar desde essa data até 2012.

O sexto programa de ambiente surgiu da

preocupação da União Europeia (UE), com a saúde

dos cidadãos, e tem procurado contribuir para a

protecção do ambiente e para a promoção da saúde

e do bem-estar através da integração de políticas,

estratégias, planos e programas afins.

Neste contexto, os objectivos e domínios

prioritários de acção em matéria de ambiente,

saúde e qualidade de vida são apresentados no Sexto Programa Comunitário de Acção em

matéria de Ambiente (2002–2012) onde a ideia fundamental se baseia na necessidade de

“compreender melhor as ameaças que pesam sobre o ambiente e a saúde humana, a fim de

actuar no sentido de pre1\venir e reduzir essas ameaças”.

Figura 3 – Logótipo do Programa Operacional do Ambiente

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Nível Nacional – As Políticas de Ambiente em Portugal

Quando se olha para as estratégias do Estado português em matéria de ambiente

desde que estas começaram a ser implementadas, isto é, há sensivelmente trinta anos atrás

(anos 60), vemos que a política Nacional que então se perspectivou para o ambiente, se

enquadrava no conjunto dos grandes projectos públicos, sob a orientação da política

económica, revelando um cariz estritamente orientado para os aproveitamentos hidráulicos de

ampliação de sistemas de drenagem agrícola, de abastecimento industrial e urbano, bem

como de produção de energia hidroeléctrica e controlo de cheias, evidenciando assim que as

preocupações ambientais do estado (nesta altura) se centravam na procura da técnica mais

adequada à solução do problema de disponibilidade desequilibrada da água.

Na década seguinte, isto é, anos 70, o ambiente associou-se a uma questão mais

técnica do que científica, não só pelo facto de a base regulamentadora nacional se ter tardado

em estabelecer, mas também pela ausência de uma política de desenvolvimento regional, que

integrasse as questões ambientais nas questões de ordenamento do território.

Foi finalmente, nos últimos anos da década de 80, em 1987, que foi publicada a Lei de

Bases do Ambiente, bem como a Lei das Associações de Defesa do Ambiente, que permitiu o

reconhecimento institucional das políticas de ambiente, levando a um aumento das

preocupações conceptuais, bem como a um aumento da capacidade de intervenção da

sociedade civil neste âmbito. Este foi evidentemente um período de transição, em que se

assistiu à aceleração da concepção dos instrumentos político-jurídicos e ao estímulo da

sociedade portuguesa na participação nas decisões e acções ambientais.

Seguindo a cronologia, é importante referir ainda que, foi nos finais do século XX

(década de 90) que foram levadas a cabo algumas reformas institucionais, tendo em vista o

reordenamento de responsabilidades e o estabelecimento de uma política de ambiente

coordenada e, foi também neste período que se conceberam estruturas que permitiram

estabelecer parcerias público-privadas para a gestão ambiental. Assim, neste contexto, foi

criado o primeiro Ministério do Ambiente em 1995, e as suas respectivas Direcções Regionais.

Seguidamente, em 1997, o conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido na

revisão constitucional e o Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

foi criado, constituindo assim duas das medidas institucionais mais emblemáticas da política

de ambiente.

Por fim, é de notar também que é nesta década, que as políticas de ambiente

começam a especificar os seus vários âmbitos, apresentando medidas no que toca à protecção

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da paisagem, protecção da biodiversidade, gestão de resíduos, gestão da orla costeira,

qualidade do ar e água.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem por missão

propor, desenvolver e acompanhar a execução das

políticas de ambiente, nomeadamente no âmbito da

integração do ambiente nas políticas sectoriais,

designadamente da saúde e transportes, e nos domínios

do combate às alterações climáticas, protecção da

camada do ozono, qualidade do ar, prevenção e controlo

do ruído, resíduos, recuperação e valorização dos solos e outros locais contaminados,

prevenção e controlo integrados da poluição, prevenção de riscos industriais graves, segurança

ambiental e das populações, rotulagem ecológica, compras ecológicas e sistemas voluntários

de gestão ambiental, pelo que se constitui como a principal entidade responsável pela

dinamização e publicitação da Legislação de Ambiente.

É de notar então, que as políticas de ambiente nacional se subdividem segundo os

seguintes temas: alterações climáticas, ambiente e saúde, ar, biotecnologia, desenvolvimento

sustentável, emergências radiológicas, meio marinho, mobilidade sustentável, prevenção de

acidentes graves, produtos químicos, promoção e cidadania ambiental, protecção da camada

de ozono, resíduos e ruído, e apresentam diversas linhas de acção estruturadas que permitem

uma melhor gestão do ambiente, nas suas vertentes social, económica e ecológica.

Por fim, relativamente à legislação de ambiente nacional, e em articulação coma

disciplina de Direito do Ambiente apresentam-se de seguida os Decretos-Lei cujo estudo

aprofundámos e que foram considerados os mais relevantes:

- Avaliação Impacte Ambiental: DL 197/2005

- Avaliação Ambiental Estratégica: DL 232/2007

- Comércio de Licenças e Emissões de Carbono (CELE): DL 72/2006

- Lei-Quadro das contra-ordenações ambientais: DL 50/2006

- Organizações não Governamentais de Ambiente (ONGA’s): DL 35/98

- Responsabilidade por Danos Ambientais: DL 147/2008

- Prevenção e Controlo Integrado da Poluição: DL 173/2008

- Reserva Ecológica Nacional (REN): DL 166/2008

- Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade: DL 142/2008

- Rede Natura 2000: DL 140/1999

Figura 4 – Logótipo da Agência Portuguesa do Ambiente

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Caso de Estudo: Jerónimo Martins

História do Grupo Jerónimo Martins

A marca Jerónimo Martins (JM) nasceu em 1792 com a

abertura de uma pequena loja no Chiado que comercializava entre

outras coisas, enchidos, sacas de trigo e de milho, velas de sebo,

vassouras e garrafões de vinho.

Passados mais de duzentos anos e algumas dificuldades que

quase levaram à extinção do grupo, este é hoje um dos maiores e

melhor sucedidos a nível nacional.

Actualmente a actividade do grupo pode ser dividida em

três áreas de acção: os serviços, a distribuição alimentar e a indústria, e em todas elas decreta

que a sua missão é: “construir posições de liderança, no mercado português, para as marcas

representadas (sustentadas por uma prestação de serviços de excelência) a um custo muito

competitivo, bem como identificar, desenvolver e implementar conceitos de retalho

especializado, cujas propostas de valor cumpram os critérios de rentabilidade.”

A área dos serviços – através do Jerónimo Martins Distribuição de Produtos de

Consumo (JMD) – é a que predomina há mais anos, e o seu início remonta à origem do grupo, a

loja do Chiado. O seu negócio resume-se pela distribuição e representação em exclusivo de

marcas internacionais, que são maioritariamente líderes de mercado – incluindo marcas da

Unilever. Dado que o grupo tem um conhecimento aprofundado do mercado Nacional e dos

seus consumidores, é através dele que muitas multinacionais distribuem os seus produtos no

país, levando a que o sucesso da JMD resida na robustez das marcas que são representadas,

associada ao know-how em marketing e vendas.

É interessante referir ainda que a JMD representa:

- A Hussel: presente em Portugal desde 1990 e que trouxe um novo conceito de loja

dedicada aos chocolates e a produtos relacionados, que prima pela variedade de produtos,

elevada qualidade e atenção dos serviços para com os seus clientes, levando a uma

diferenciação da marca focado na adaptação às necessidades e gostos dos seus clientes, o que

contribui para que a marca seja vista pelos consumidores como, o maior e melhor especialista

de chocolates e “guloseimas” a funcionar no mercado nacional;

- A Jeronymo: marca criada em 2003 com o intuito de facultar aos consumidores a

possibilidade de beber um café de elevada qualidade com um nome ligado ao grupo Jerónimo

Martins – título de referência a nível do sector alimentar – num espaço inovador e

Figura 5 – Jerónimo Martins, o fundador do grupo

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hospitaleiro. A diferenciação deste conceito actualmente passa pela qualidade do Lote de Café

Jeronymo, desenvolvido unicamente para o Grupo Jerónimo Martins e comercializado nos

quiosques da marca;

- A Caterplus: é o produto de uma parceria entre a JMD e a Sugalidal cujo intuito é o de

servir com perfeição o mercado nacional de food service, tanto no aspecto institucional

(instituições públicas, cantinas) como no aspecto de restauração comercial (cadeias de

restauração, operadores de restauração independentes, industria hoteleira e retalhistas

especializados). Esta marca vende uma vasta gama de produtos de Marca Própria – que passa

pelos azeites, enlatados, queijos e doces – o seu factor diferenciador de maior importância é a

marca Guloso, visto que esta é Sugalidal;

- Os gelados Ben & Jerry’s: são lançados no mercado nacional em 2005 através de uma

parceria com a Unilever. A gestão operacional desta famosa marca americana conhecida pela

sua elevada qualidade e espírito inovador – “divertir-se, fazendo gelados e ajudando o

próximo” – é actualmente consumada pelo Jerónimo Martins Restauração;

- As Lojas Olá: expandiram-se em 2005 por responsabilidade do grupo Jerónimo

Martins Restauração e Serviços, assumindo actualmente o “master franchise” da marca. Com

uma variada oferta de exclusivos e originais produtos, estas Lojas (ou Quiosque) facultam a

cada cliente optar pela sua própria combinação de sabores, coberturas, toppings e fruta, ou

seja, são os próprios a “fazer” o seu gelado;

Na área da distribuição alimentar em Portugal o grupo

Jerónimo Martins iniciou-se no final da década de 70, início da de 80,

envolvendo operações nos modelos de retalho e grossista,

actualmente é líder nesta área com as marcas Pingo Doce, Feira Nova

e Recheio/Masterchef. No contexto da responsabilidade social do

grupo, existe nos supermercados Pingo Doce e hipermercados Feira

Nova a provedoria do cliente, com o intuito de assegurar uma gestão

focalizada na satisfação do cliente.

A marca Pingo Doce é a maior cadeia de supermercados a

nível Nacional visto que possui mais de 370 lojas por todo o país, à

excepção dos Açores, e 17.000 colaboradores, sendo que a principal aposta da marca é a

qualidade dos produtos frescos, preços baixos e atencioso serviço, o que permite concretizar a

sua missão: “Ser a melhor cadeia de supermercados a operar perecíveis em Portugal. Fornecer

ao consumidor português uma solução alimentar de qualidade a preços estáveis e

competitivos. Cultivar uma relação de confiança e duradoura com os seus clientes”. O Pingo

Doce possui ainda, diversos serviços disponíveis em vários supermercados, como “uma pausa

Figura 6 – Marcas da Jerónimo Martins que constituem a área de

distribuição alimentar

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no Cafés & Bolos”, “Menus no Minuto”, “O pão quentinho, de 30 em 30 minutos”, “sushi”,

“Saudáveis e Naturais”, “Mini-legumes e biológicos”, “Encontros LaRedoute” e “E para lhe

facilitar a vida…é só pedir”.

A marca Feira Nova é a bandeira de hipermercados do grupo Jerónimo Martins em

Portugal, que foi integrada no grupo a partir de 1993, e que tem como missão: “ouvir e

concretizar os desejos dos seus clientes, de modo a oferecer-lhes os produtos mais frescos, as

melhores oportunidades, toda a variedade para as grandes e pequenas compras. Tudo sempre

a preços baixos.” É de notar que esta marca tem realizado uma forte aposta na área dos

serviços prestados desenvolvendo-os de modo a ir de encontro com as necessidades dos

clientes. Os serviços prestados em algumas das suas lojas são: “entrega ao domicílio”,

“encomenda de produtos frescos”, “informação”, “encomenda de refeições prontas”,

“comodidade em loja para bebés”, “facilidade de devolução”, “transporte gratuito”, “entrega

gratuita”, “encomendas por catálogo de electrodomésticos”, recolha de aparelhos usados” e

“condições de crédito flexíveis”.

A marca Recheio/Masterchef presta serviços a profissionais do pequeno retalho

alimentar e da indústria hoteleira, onde o Recheio Cash & Carry se assume como a empresa do

grupo Jerónimo Martins no mercado de distribuição grossista a nível Nacional.

Os seus clientes são profissionais de comércio alimentar, sendo que a estratégia da

marca baseia-se na construção de relações baseadas na longa duração e fortificação da

confiança através da oferta de variedade, qualidade e serviço ajustado ao negócio dos clientes.

Todavia, devido à necessidade de mudança de posicionamento da empresa (que resolve

apostar no mercado da indústria hoteleira) nasce a marca MasterChef, marca esta que

congregou uma gama específica de produtos e criou um novo modelo de loja, dando deste

modo ao mercado nacional uma oferta única e inovadora, oferecendo aos seus clientes

plataformas de food service, cujo conceito se baseia na oferta de serviço global e se

distinguem pela entrega em casa do cliente.

Por fim, e ainda nesta área, no ano de 1997, o grupo Jerónimo Martins adquire, na

Polónia, a cadeia Biedronka (em português Joaninha), e através da “Operação Joaninha”

conseguiu conquistar o mercado, tornando esta marca a maior cadeia de retalho alimentar do

país.

A Biedronka assumiu-se como uma marca que praticava preços baixos, com a

possibilidade de se poder obter todos os dias um cabaz base de bens alimentares com

qualidade, aliando-se a um constante aumento da eficiência e da produtividade, pelo que a

atenção e adaptação dada em relação aos hábitos de consumo dos polacos por parte da

marca, fez com que os consumidores aderissem em larga escala.

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Ao nível da indústria, o grupo Jerónimo Martins iniciou a sua actividade no início da

década de 40, através da inauguração da Fima (Fábrica Imperial de Margarina, Lda.) que

produzia óloes alimentares e margarinas, tendo-se expandido em 1949 devido à associação

com a Unilever.

A parceria entre o grupo Jerónimo Martins e Unilever resultou através do acordo

emergiu das empresas Fima (em 1949), a LeverElida, empresa que produz detergentes (desde

1950) e a OLÁ, empresa de fabrico de gelados (desde de 1959, na sequência da aquisição da

empresa Francisco & Trancoso).

Que nos anos que se seguiram foram adquirindo marcas significativas engrossando o

seu poder e visibilidade, até que em 2007 as empresas Fima, Lever, Iglo e Olá se fundem

definitivamente numa só companhia: A Unilever Jerónimo Martins Lda.

Figura 6 – Primeira loja de Jerónimo Martins no Chiado

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Políticas de Ambiente do grupo Jerónimo Martins

Após pesquisa no site do grupo Jerónimo Martins tivemos acesso ao “Relatório de

contas referente ao ano 2009”, onde a partir da secção “Sustentabilidade na criação de valor”

pudemos concluir que este assume políticas para a protecção do ambiente com os seguintes

intuitos:

- Melhoria contínua do desempenho ambiental das suas actividades, produtos e

serviços e prevenção da poluição;

- Cumprimento da legislação ambiental aplicável e preparação para a futura

regulamentação, bem como cumprimento de outros requisitos relevantes;

- Adopção de boas práticas ambientais pelos seus colaboradores;

- Satisfação das preocupações ambientais dos consumidores;

Pudemos ainda aperceber-nos de que as políticas de ambiente do grupo eram

promovidas através dos sistemas de gestão ambiental das companhias de distribuição e da

indústria, baseando-se nos princípios e requisitos da norma ISO 14001 (estabelece as

directrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que gira a questão ambiental dentro

da empresa, ou seja, um sistema de gestão ambiental). Como tal, procuram sempre assegurar

a actualização da legislação aplicável neste contexto, nomeadamente através da elaboração de

diagnósticos e auditorias ambientais às unidades de negócio, bem como através da prática de

monitorização dos aspectos ambientais.

No âmbito das alterações climáticas, as companhias de Jerónimo Martins têm

investido na adopção de um comportamento responsável e pró-activo na execução de acções

que levem à diminuição dos consumos energéticos e à minimização da emissão de gases com

efeito de estufa – por exemplo, as medidas de racionalização de consumo de energia.

Ao nível da biodiversidade, as empresas do grupo, conscientes da importância deste

tema para a sustentabilidade das comunidades onde desenvolvem as suas actividades, e de

encontro com os desafios lançados por parte da ONU, tem iniciado um processo de avaliação

de ameaças e oportunidades de melhoria nas seguintes vertentes: escassez de água,

alterações climáticas, alterações nos habitats, perda de biodiversidade e espécies invasoras,

exploração excessiva de oceanos e sobrecarga de nutrientes.

Relativamente aos principais impactes ambientais, o grupo tem vindo a tentar

minimizá-los durante a sua actividade, nomeadamente através da redução:

- Dos níveis de consumo de água na área de distribuição em Portugal e na Polónia;

-Do consumo de energia na conservação de alimentos, iluminação, climatização e

funcionamento de equipamentos;

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- Da produção de resíduos sólidos orgânicos e embalagens de papel, cartão e plástico;

- Da emissão para a atmosfera e consumo de combustíveis fósseis no transporte de

mercadorias e frota própria.

É de notar que esta empresa verifica o cumprimento das metas a que se propôs, no

que toca à minimização dos seus impactes ambientais, através da realização de diversas

avaliações, e da criação de uma lista de verificação de utilização rápida e simples, de modo a

facilitar a auto-avaliação do seu desempenho.

Por sua vez, ao nível da indústria, as companhias costumam realizar uma avaliação

(necessária pelos sistemas de gestão ambiental) e revisão anual dos impactes ambientais nas

seguintes áreas:

- Consumo de água utilizada em aquecimentos, arrefecimentos, limpezas, higienização

e higiene pessoal;

- Consumo de energia, em especial electricidade, gás natural, GPL e vapor;

- Redução de resíduos sólidos;

- Produção de outros tipos de resíduos (reagentes e solventes), efluentes líquidos,

industriais e domésticos;

- Redução das emissões atmosféricas decorrentes dos processos produtivos;

- Redução do ruído emitido para a envolvente, como consequência das actividades

produtivas;

Em relação à certificação ambiental, é de referir que os centros de distribuição da

Azambuja, Vila do Conde e Guardeiras renovaram a certificação segundo a norma NP EN – ISO

14001:2004, tal como as companhias na área da indústria. Todavia, em relação à distribuição

na Polónia não foram encontrados dados que pudessem concluir qual o estado dos sistemas

de gestão ambiental.

A Política da Água

Relativamente à racionalização do consumo de água, o grupo tem desenvolvido acções

que permitem minimizar o desperdício e aumentar a eficiência da utilização deste recurso,

pelo que, ao nível da sua distribuição, a aposta foi no sentido da sensibilização e formação de

colaboradores para a adopção de boas práticas no desempenho das suas funções,

nomeadamente na utilização de equipamento mais eficiente e respectiva substituição, bem

como na monitorização periódica de consumos, com base nas leituras dos contadores.

Na área industrial o foco foi direccionado para o acompanhamento e monitorização

dos consumos (tendo os colaboradores sido preparados através da realização de acções de

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sensibilização), substituição de mangueiras para a lavagem por sistemas de enroladores com

pistolas (na marca Olá) e por fim, procederam à redução das lavagens intermédias das

máquinas através da produção de diferentes sequências de produção de produtos.

Abaixo são apresentados os indicadores ambientais relativos à água, a fim de se poder

compreender qual foi a evolução das políticas de ambiente referentes ao recurso água ao

longo dos três últimos anos (2009, 2008 e 2007).

Indicadores Ambientais em lojas, centros de distribuição e na indústria

(Nota: Estes indicadores representam 79% das unidades em Portugal e 71% na Polónia.)

Tabela 1: Consumos de água nas lojas do grupo em m3/m

2

Tabela 2: Consumos de água nos centros de distribuição do grupo em m3/UMC'000

Tabela 3: Consumos de águas na indústria do grupo

Através da observação das tabelas acima podemos verificar que existe um aumento do

consumo de água ao nível das lojas, que, segundo o grupo é justificado pela maior aposta em

produtos perecíveis.

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A Política da Energia Relativamente à política de ambiente no âmbito da energia é de evidenciar o grande

esforço do grupo ao nível da racionalização do consumo de energia, não esquecendo nunca o

seu compromisso de combate às alterações climáticas, no qual foram desenvolvidas várias

acções, entre as quais a consideração de critérios de eficiência energética na escolha de

investimentos (na áreas do frio, ar condicionado e iluminação), monitorização mensal dos

consumos, desenvolvimento de um projecto-piloto utilizando o desenvolvimento de boas

práticas numa loja do grupo, instalação de tecnologia LED em todos os móveis e arcas de frio e

na secção de charcutaria numa das lojas do grupo, implementação de planos de racionalização

do consumo de energia em três centros de distribuição das operações de retalho em Portugal,

instalação de equipamento com menor consumo de energia mas com garantias de obter o

mesmo desempenho, na área da iluminação, nas lojas Biedronka, teste de novos painéis com

elevado poder isolante térmico, bem como balcões refrigerados.

Na área da indústria as actividades de racionalização levadas a cabo foram:

- Na Olá substituíram-se as lâmpadas na área de produção, na área dos isolamentos

térmicos, continuaram as melhorias em tubagens de sistemas de refrigeração por amoníaco e

substituiu-se o isolamento de dois túneis de congelação, instalou-se também uma purificação

automática de ar e um secador de água em linha que melhoraram o rendimento e reduziram o

gasto eléctrico da instalação, e, por fim, as zonas dos compressores de ar e do banco de gelo

foram isoladas, de modo a suprimir a exposição solar directa que provocava problemas de

sobreaquecimento no Verão;

- Na Lever permaneceu o esforço de optimização do processo de produção de

detergentes em pó e de redução do consumo de energia, tendo continuado também o esforço

de eliminação de fugas de ar comprimido e de melhoria dos equipamentos, aliando-se a

sensibilização dos trabalhadores para a adopção de comportamentos responsáveis

vocacionados para a diminuição do consumo de energia;

- Na Victor Guedes, para além da sensibilização sobre a correcta utilização de energia

junto dos colaboradores, foi realizada uma auditoria energética para identificação de pontos

de melhoria, cujas acções foram concretizadas num plano de racionalização de energia;

- Na Fima substituíram-se as luminárias no hall de produção da Unidade de Caldos,

bem como o fluido refrigerante (Fréon R22) por um sistema de monopropilenoglicol

farmacêutico (água glicolada) na área de armazenagem de produto acabado, utilizando-se

para tal, a central de compressores de amoníaco já existente nas instalações de Santa Iria, que

permitiu também utilizar o mesmo sistema para a climatização na margarina;

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- Na sede da Unilever Jerónimo Martins, continuou o processo de substituição de

luminárias de tubos fluorescentes T8 por T5, foram efectuadas experiências com luminárias

baseadas em LED e ficou confirmado que era possível reduzir os consumos em 80%. Foi

também iniciado um projecto-piloto com 100 lâmpadas em áreas de iluminação permanente e

substituíram-se 70 monitores Cathode Ray Tube (CRT) por novos, baseados em tecnologia

Liquid Cristal Display (LCD), tendo-se reduzido o consumo de energia para metade.

Indicadores ambientais em lojas, centros de distribuição e na indústria:

(Nota: Estes indicadores representam 97% das unidades em Portugal e 80% na Polónia.)

Tabela 4: Consumo de energia nas lojas

Relativamente ao consumo de energia nas lojas verificou-se que houve um aumento

no consumo de 2008 para 2009 o que o grupo justifica uma vez mais com a crescente aposta

em perecíveis.

Tabela 5: Consumo de energia nos centros de distribuição

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Tabela 6: Consumos de energia na indústria do grupo

Em suma, olhando para as tabelas de consumo os resultados das medições dos

indicadores demonstram que as estratégias desenvolvidas têm levado à redução dos

consumos de energia.

A Política do Papel

Relativamente à racionalização do consumo de papel, na área da distribuição, foram

desenvolvidos vários projectos que visaram a sua redução. A gestão de encomendas, facturas

e guias de remessa electrónica abrangeu cerca de 59% dos fornecedores da Distribuição em

Portugal, tendo sido também iniciada a utilização de uma ferramenta informática na área de

Recursos Humanos que permitiu eliminar múltiplos registos em papel, e na Logística foi

iniciada a impressão das guias de transporte em frente e verso que contribuiu para a redução

do consumo de papel em 50%. Na Polónia, foi implementado o mesmo procedimento em

todas as lojas da Biedronka, permitindo uma redução de 550 mil folhas de papel consumido,

tendo ainda sido geridas 310 mil facturas electrónicas, o que originou uma poupança de 1.550

kg de papel.

A Política dos Resíduos

Para a gestão de resíduos, na área da distribuição o grupo apostou na prevenção,

minimização e valorização dos resíduos gerados não só pela sua actividade, mas também na

ajuda aos seus consumidores nesta tarefa. Assim sendo, foram desenvolvidos os seguintes

projectos:

- Acompanhamento contínuo do sistema de gestão de resíduos nas lojas Pingo Doce,

Recheio e JMR, através da monitorização mensal dos resíduos gerados;

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- Lançamento do projecto “Oleões”, uma iniciativa que visa a recolha selectiva de óleos

alimentares usados por clientes, cujo resultado, no final do ano 2009, foi saldado em 16

toneladas de resíduo recolhidas em 243 lojas Pingo Doce, prevendo-se, para 2010, a recolha de

225 toneladas, o que permitirá evitar a emissão de 685 toneladas de CO2 provenientes da

utilização de combustíveis fósseis;

- Recolha selectiva da fracção orgânica para valorização (compostagem e digestão

anaeróbia) em 115 lojas Pingo Doce e Recheio e na totalidade das lojas Biedronka, num total

de 13.435 toneladas;

- Colaboração com as entidades gestoras de resíduos na prossecução de metas

nacionais, tendo sido recolhidas e enviadas para valorização 18 toneladas de pilhas usadas e

186 toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos em Portugal e, de 10,4

toneladas de pilhas usadas e 5,9 toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e

electrónicos, na Biedronka;

- Realização de um plano de investimento em novas prensas para cartão na Polónia

(Biedronka), de modo a optimizar a gestão deste resíduo;

Por fim importa dizer que na área da indústria, houve uma clara aposta em campanhas

de sensibilização dos colaboradores no sentido de se respeitar a segregação de resíduos, tendo

este tema sido abordado na Semana da Segurança e Ambiente, realizada em conjunto pelas

diversas unidades.

Indicadores ambientais em lojas, centros de distribuição e na indústria:

Tabela 7: Quantidade de resíduos de embalagem enviados para valorização (em toneladas)

Através da análise da tabela 7 podemos observar que tem havido um aumento

significativo na quantidade de resíduos encaminhados para valorização, tendo para isto

contribuído, a abertura de novas lojas, juntamente com a forte sensibilização e empenho de

todos os colaboradores de Jerónimo Martins.

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Tabela 8: Taxa de valorização de resíduos

É de notar ainda que, a pesquisa constante de soluções diferentes para os diferentes

fluxos de resíduos, tem permitido à Indústria aumentar de forma contínua a respectiva taxa de

valorização.

A Política dos Efluentes

Os efluentes líquidos vindos do ramo da distribuição apresentam uma carga poluente

equiparada à rede doméstica e são, maioritariamente, descarregados nos colectores

municipais. Contudo, de forma a diminuir a carga poluente dos efluentes, nomeadamente no

que se refere ao teor de óleos e gorduras alimentares e cargas orgânica e química, o grupo

tem recorrido à instalação de sistemas de pré-tratamento, limpeza preventiva de separadores

de gorduras e estações elevatórias em 233 unidades, utilização de produtos de limpeza com

elevada biodegradabilidade e à recolha selectiva de óleos alimentares usados.

Em 2009, o plano para monitorização dos efluentes líquidos abrangeu 16

estabelecimentos em Portugal, a fim de dar resposta às exigências de regulamentos municipais

e outros requisitos legais. Já na Polónia, é importante salientar que todas as unidades possuem

ligação aos sistemas públicos de saneamento.

No domínio da indústria, o objectivo fulcral era o de baixar a carga poluente dos

efluentes líquidos, pelo que a Fima e a Olá passaram a possuir um sistema de pré-tratamento

dos efluentes gerados, os quais eram posteriormente encaminhados para o colector municipal.

É importante referir ainda que, na Olá, os projectos mencionados na área da redução

do consumo de água na produção levaram, também, à redução dos consequentes efluentes

industriais resultantes, enquanto que na Fima, os colaboradores foram sistematicamente

sensibilizados no sentido da optimização das práticas de lavagem e higienização das áreas

produtivas. Por último, na Victor Guedes, os efluentes líquidos gerados são equiparados aos

efluentes domésticos, por terem uma baixa carga poluente, pelo que são encaminhados para a

ETAR municipal.

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Indicadores ambientais na indústria:

Tabela 9: Quantidade total de efluentes líquidos industriais por unidade de produto produzida (m3/t)

Na área dos efluentes verificou-se uma diminuição na quantidade total de efluentes

líquidos industriais por unidade de produto produzida, pelo que se pode concluir que as

políticas de ambiente referentes aos efluentes estão a originar resultados positivos.

≈ Política da Qualidade do Ar

A gestão das emissões de gases para a atmosfera é feita por acções que visam a

minimização da libertação de poluentes para a atmosfera. Essas acções enquadram-se no

âmbito de formações junto de colaboradores e da sociedade, reforços nos investimentos em

tecnologias mais eficientes e limpas (energias renováveis, por exemplo) e optimização das

rotas e cargas.

Acções de Responsabilidade Ambiental e Social

Com o intuito de promover uma cultura de eco-inovação e acelerar o conhecimento

em temáticas ambientais de vanguarda, as Companhias da Distribuição em Portugal

desenvolveram, em parceria com organismos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico,

as seguintes acções:

- Apoio ao projecto “Promoção de Equipamento Energeticamente Eficiente na

Europa”, coordenado pela Agência de Energia e Ambiente da Arrábida e financiado pelo

Programa “Energia Inteligente na Europa” da União Europeia, que visou promover a aquisição

e utilização de electrodomésticos de elevada eficiência energética;

- Participação em workshops de peritos europeus sobre o regulamento do Sistema de

Ecogestão e Auditoria (EMAS), promovido pelo Instituto de Estudos de Prospecção Tecnológica

e que visou a edição de uma publicação de apoio ao sector da Distribuição;

- Apoio à realização das teses de mestrado “Sustentabilidade na Actividade de

Transporte de uma Empresa da Distribuição – O Caso de Jerónimo Martins”, do Instituto

Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, e “Avaliação e Comunicação da

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Sustentabilidade em Unidades de Retalho”, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade Nova de Lisboa;

É importante realçar ainda que, na área da Distribuição, a Jerónimo Martins tem-se

feito representar em várias organizações que lhe auferem visibilidade quer a nível ambiental

quer a nível social. São elas:

- Capítulo Português do WBCSD (World Business Council for Sustainable Development);

- Comissão de Ambiente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição(APED);

- DISPAR, instituição que agrega distribuidores nacionais e representa cerca de 20% do

capital da Sociedade Ponto Verde;

Na área da indústria a Unilever Jerónimo Martins faz-se representar, é associada e/ou

participa em grupos de trabalho das seguintes organizações:

- Associação dos Industriais de Sabões, Detergentes e Produtos de Conservação e

Limpeza (AISDPCL);

- Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares (ANIGA);

- Associação Nacional dos Industriais de Refrigerantes e Sumos de Frutos (ANIRSF);

- Associação Portuguesa de Logística (APLOG);

- Associação Portuguesa de Óleos e Gorduras Vegetais, Margarinas e Derivados

(APOGOM);

- Associação do Azeite de Portugal (Casa do Azeite);

- Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares (FIPA);

- Instituto Português da Qualidade (IPQ);

- Sociedade Ponto Verde (SPV);

Por fim, é ainda importante realçar o facto de a Unilever Jerónimo Martins liderar pelo

12º ano consecutivo, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) no sector de ‘Food and

Beverages’ (Alimentação e Bebidas), tendo conseguido, no presente ano de 2010, um

resultado global de 82%, mais um ponto percentual do que o registado em 2009 e muito acima

do resultado médio da indústria, que se situou nos 49%. É de notar também que a Unilever

obteve ainda uma classificação de 100% pelo seu desempenho nas áreas de Operações Eco-

Eficientes, Política Ambiental, Comunicação Ambiental e Social, Saúde e Nutrição e de

Embalagens, constituindo-se assim como um grande exemplo para todas as empresas que

devem caminhar rumo a um desenvolvimento sustentável.

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Conclusões

Após termos analisado todos os domínios das políticas de ambiente implementadas

pelo grupo Jerónimo Martins, e os seus resultados associados, concluímos que esta empresa

se constitui como um verdadeiro exemplo a seguir, pois, a necessidade de promoção de um

desenvolvimento sustentável é cada vez mais imperativa, a fim de podermos continuar a fruir

dos serviços dos ecossistemas, sem alcançar o seu nível de exaustão.

É importante referir ainda que tentámos contactar o grupo Jerónimo Martins de

variadas formas, nomeadamente através de correio electrónico e de telefone, mas ainda assim

não recebemos qualquer tipo de retorno, o que nos dificultou a obtenção e compreensão de

algumas informações obtidas, através dos sítios na internet referidos na bibliografia.

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Bibliografia

Sítios consultados:

1. http://www.apambiente.pt/POLITICASAMBIENTE/Paginas/default.aspx

2. http://www.unilever.com/aboutus/ourhistory/?WT.GNAV=Our_history

3. http://www.jeronimomartins.com/pt/distribuicao_alimentar/portugal.html

4. http://www.jeronimomartins.com/pt/industria/parceria.html

5. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/jmd_quem_somos.html

6. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/hussel_quem_somos.html

7. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/caterplus.html

8. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/jeronymo.html

9. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/benjerry.html

10. http://www.jeronimomartins.com/pt/servicos/lojas_ola.html

11. http://www.jeronimomartins.com/pt/grupo/responsabilidade_social_ambiente.html

12. http://www.jeronimomartins.com/pt/grupo/responsabilidade_social_mecenato.html

13. http://www.jeronimomartins.com/pt/grupo/responsabilidade_social_parcerias.html

14. http://www.bcsdportugal.org/

15. http://www.unilever.pt/brands/

16. http://www.unilever.pt/Images/Unilever_sustainable_Overview_2009_5.3MB_tcm154-

190571.pdf

17. http://www.sustainability-index.com/

18. http://www.jeronimomartins.com/rc_2009/popup.htm