As Pressuposições Da Soteriologia

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Pressuposições da Teologia 0- Palestra

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  • As Pressuposies da Soteriologia As doutrinas da Soteriologia, em cada uma de suas formulaes, possuem

    pressupostos em que das quais procede toda a sistemtica teolgica relativa Salvao. O governo soberano de Deus levado em considerao nessas formulaes. Ele o

    Criador, Governador e Salvador, bem como a fonte de todas as provises da Salvao. A responsabilidade do homem para com o seu Criador no pode ser descartada,

    pois exatamente o fato do ser humano ter de responder pelo erro de seu representante federal e cabea da raa, Ado, que todo o processo de Salvao elaborado na eternidade. A Soteriologia pressupe que o homem tem capacidade para reconhecer o que seja bom e o que seja mau, o que leva ao gozo e o que leva ao sofrimento.

    As mordomias ou dispensaes em que Deus administra um relacionamento vertical com o homem, em que este determinado por Ele a cumprir certas obrigaes, enquanto Ele desenvolve Seu maravilhoso plano, independente da fidelidade ou infidelidade humana.

    Identificar e distinguir o tempo em que certo fato teve lugar e o modo e circunstncias em que ocorreu, fundamental ajuda ao estudioso na elucidao do mesmo. Portanto, o estudioso deve distinguir o tempo, levando-o na devida considerao em seus estudos e interpretaes da Bblia.

    Ningum pode entender claramente as Escrituras Sagradas sem reconhecer as grandes divises de tempo nas quais a Revelao foi progressivamente concedida aos homens, divises chamadas de mordomias ou dispensaes. Estes nomes so usados porque, em cada um desses perodos, Deus comissiona seres humanos, dando-lhes uma exigncia ou mandamento a cumprir. Como os seres humanos so criaturas finitas e pecadoras, em quase todas as dispensaes,1 eles fracassam. Resta ao Senhor destes mordomos e despenseiros infiis julg-los e conden-los. Ao mesmo tempo, porm, Ele manifesta Sua Graa, o que possibilita uma nova dispensao.

    O objetivo do Senhor, ao entregar uma dispensao ao cuidado de seres humanos previamente escolhidos no propriamente fazer com que eles sejam fiis. Deus no se deixa enganar: Ele conhece o corao dos seres humanos. A inteno do Senhor test-los a fim de que reconheam sua fraqueza e peam ao Esprito Santo que os fortalea para que sejam fiis.

    Dispensao da Inocncia Esta a primeira dispensao e cobre o perodo de tempo entre a Criao do Homem e

    a sua queda, no Jardim do den. A exigncia era guardar a Palavra de Deus. Com o seu fracasso, foram punidos com maldies e morte espiritual e fsica. Deus, porm, manifestou Sua graa ao prometer-lhes que, de sua semente, viria o Redentor e, como sinal desta Redeno, vestiu-os (justificou-os) com peles de animais inocentes, sacrificados para cobrir a nudez deles.

    Dispensao da Conscincia A segunda dispensao comea com a expulso de Ado e Eva do Paraso das

    Delcias. A Humanidade tem conscincia de que precisa proceder bem e no mal, e que sozinho no pode obedecer a Deus. A Humanidade precisa manter comunho com Deus, como exigncia divina. Com o seu fracasso, Deus se arrepende de haver criado a Humanidade, antropomorficamente falando. Ele resolve mandar um dilvio de guas para afogar toda a Criao que fez, mas Sua graa se manifesta para No e seus filhos Sem, Cam e Jaf, bem como suas esposas. Oito pessoas so guardada por Deus numa Arca que Ele mesmo ordena construir.

    Dispensao do Governo Humano Esta dispensao comeou com o fim do dilvio. Leis para a Sociedade foram

    determinadas por Deus,2 No torna-se o Patriarca Universal e, atravs de seus filhos, os povos passam a existir. Como exigncia divina, aps o crime de imoralidade cometido por Cam, o mundo deve ser governado por semitas e jafetitas e todos os povos devem ocupar todo o planeta. Como uma autntica insurreio, o fracasso da Humanidade se apresenta com a usurpao do Imprio Universal pelo camita Ninrode, a segregao humana na Mesopotmia e a presuno

    1 O ser humano no pecador porque peca e, sim, peca porque pecador.

    2 As chamadas Leis Noaquitas.

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    de chegar ao Cu atravs de uma torre. Como castigo divino, Deus lhes confunde a linguagem, criando a diversidade de lnguas. Sua graa se manifesta, em meio diversidade da apostasia religiosa herdada nas diferentes lnguas, com a vocao de Abro de Ur dos Caldeus. At aqui Deus trabalhou com a Humanidade.

    Dispensao da Promessa Quando Deus chama a Abro e lhe faz promessas, Ele promove uma separao na

    Humanidade. Distintos dos Goyim (povos, gentios), o pequeno cl de Abro tratado como o embrionrio de um novo povo, povo este que deve herdar o umbigo da Terra, a fim de que o Goel (o Remidor) tenha uma nacionalidade. Uma vida piedosa e justa, sinalizada, selada e simbolizada em sacrifcios, tipificantes do Redentor, exigida de Abro e de seus descendentes. fidelidade de Abrao, seguem-se as fraquezas espirituais de Isaque, a controvertida espiritualidade de Jac e a desobedincia de seus filhos, que sequer h registro de que sacrificassem ao Senhor. Como castigo pelo fracasso desses mordomos, so feitos escravos por um novo Fara que no conhecera a Jos. A graa divina mais uma se manifesta, vocacionando um redentor, semelhana do Redentor que haveria de vir: Moiss. Ele conduz o povo de Deus Libertao. Enquanto os Filhos de Israel esto sob a Dispensao da Promessa, os gentios esto em stand-by na Dispensao do Governo Humano.

    Dispensao da Lei Havendo Deus selecionado Israel para ser a nao onde nasceria o Messias, deu a

    esta nao a Lei, composta de mandamentos morais e mandamentos cerimoniais. Eles deveriam conhecer a Santidade de Deus e a Santidade que Ele exige do Homem, o que no pode ser apresentado pelo prprio Homem, como mritos prprios. Da, que a sinalizao, o simbolismo e a selagem do povo de Deus, individual e coletivamente falando, apontam, com o sangue de animais derramados, para o Sangue de Jesus Cristo que purifica de todo o pecado, pois necessrio que um Inocente ocupe o lugar do predestinado povo de Deus a fim de que o mesmo seja salvo, salvao esta imperdvel em funo da intercesso do mesmo Messias por eles, tipificada na intercesso do Sumo Sacerdote.

    No entanto, o pecado cega os homens de ver e entender a vontade de Deus. Mesmo mantendo os mordomos e a dispensao aps o cativeiro babilnico, e determinando Setenta Semanas, aps as quais o Santo dos Santos (o Messias) seria ungido Rei de toda a Terra, o movimento religioso conhecido como Judasmo surgiu, amparado no sectarismo ideolgico-filosfico conhecido como Farisasmo. Essa prtica religiosa de corao emperdernido levou a crucificao do Filho de Deus, encarnado no Histrico Jesus de Nazar. Aprouve, porm, a Deus que a exigncia de Arrependimento porque era chegado o Reino de Deus no fosse compreendida pelo povo de Deus in totum.3 Veio para o que era Seu, mas os Seus no O receberam, mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber ao que crem no Seu nome. O sacrifcio vicrio do Senhor Jesus Cristo possibilitou no dia de Pentecostes, e nos dias que se seguiram, a existncia de um novo organismo, diverso da Humanidade e de Israel, que a Igreja de Deus.

    Embora ainda estejam na dispensao da Lei, aos israelitas permanece a exigncia do Arrependimento. Porm, sabemos pela Literatura Apocalptica, que eles confirmaro, como nao, o fracasso que tem sido evidenciado ao longo dos sculos: Aceitaro o Anticristo como seu Messias. O juzo de Deus ser a Grande Tribulao, a Angstia de Jac, quando o Anticristo tirar sua mscara, mostrar sua face satnica e perseguir os 144 mil, que estaro pregando o Evangelho do Reino. A manifestao da Graa de Deus ser a Vinda do Senhor Jesus em poder e grande glria para aniquilar o Anticristo e o Falso Profeta com a espada de Sua boca.

    Dispensao da Graa A Igreja de Deus, composta de israelitas palestinos convertidos, israelitas de outras

    nacionalidades convertidos, samaritanos, gentios e discpulos de Joo Batista, a despenseira da

    3 At porque a F no foi misturada Palavra naqueles que a ouviram, isto , gua no se seguiu o vento (o Esprito), segundo o

    Plano das pocas que disps em Cristo Jesus.

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    sexta dispensao. A exigncia guardar a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus Cristo. Os mordomos fiis, vivos e mortos, sero arrebatados para estar para sempre com o Senhor. Os infiis sero postos em uma Grande Tribulao, como juzo de Deus. O perodo em que vivemos a Dispensao da Graa para a Igreja de Deus, a Dispensao da Lei para Israel e a Dispensao do Governo Humano para a Humanidade (1 Co 10.32).

    Dispensao do Reino Com a vinda do Senhor, Ele ser ungido Rei de toda a Terra, concluindo o perodo das

    Setenta Semanas de Daniel. O mundo ser transformado e alcanado para o Senhor, neste perodo de mil anos, quando Satans estiver preso, no Espao Sideral. Ao final dos mil anos, porm, Satans subir a curvatura da Terra, isto , ser visto no horizonte, acompanhado de um exrcito inumervel, apelidado de Gogue e Magogue, que so seus anjos confederados. Sitiando o arraial dos santos, descer fogo do cu e os devorar. A Terra ser destruda e ns, como a Nova Jerusalm, desceremos em uma Nova Terra, onde viveremos para sempre com o Senhor. Seguir-se a ressurreio dos mpios ainda no ocorrida e o Juzo do Grande Trono Branco, onde sero vistos o Livro das Obras, o Livro dos Pensamentos e o Livro das Palavras e, finalmente, a confirmao da condenao, pela inexistncia do nome da pessoa no Livro da Vida. Sero condenados ao Lago de Fogo e Enxofre para serem atormentados eternamente nas chamas eternas, que consomem os corpos mas mantm almas e espritos eternamente chamuscados, condenao esta igual para o Diabo e seus anjos.

    A Lei de Deus, que requer obedincia perfeita, deve ser levada em considerao, como meio de se conhecer a santa vontade de Deus e a exigncia de obedincia feita ao homem por Ele, o que aumenta ainda mais a culpa humana, em sua necessidade de Salvao, visto ser impossvel ao homem obedecer a Lei de Deus (Mt 5.48; 1Pd 1.16; 1Jo 5.17).

    Essa Lei no pode ser diminuda ou rebaixada, pois no h ab-rogao parcial da Lei de Deus para atender a inabilidade do ser humano. azar do ser humano no poder cumprir a Lei de Deus por estar morto em seus delitos e pecados.

    A Lei de Deus expressa o Seu ser essencial, visto que a Lei de Deus est em estreita harmonia com o direito e a verdade imutveis. A Lei de Deus no pode ser posta de lado, da mesma forma que no o podem ser os atributos de sua natureza, que a lei expressa. Da que o exerccio da misericrdia divina no pode desconsiderar a ao da justia divina. E a pergunta : Quem vai pagar a conta?

    A Queda do homem envolve sua condenao e morte, de forma que o homem est corrompido em sua natureza e inbil para fazer a vontade de Deus.

    O Propsito Divino de Salvar os Homens

    O propsito divino da Salvao humana envolve o entendimento da ordem lgica do

    processo de Salvao, visto anteriormente. Trata-se de pensar ou em Supralapsorianismo ou em Infralapsorianismo.

    O Supralapsorianismo acredita que Deus decretou a eleio daqueles que haveriam de ser salvos antes de decretar permitir que eles viessem a cair em Ado. O Infralapsorianismo acredita que Deus decretou permitir a queda do homem antes de decretar a salvao dos eleitos. Mesmo assim os infralapsorianistas esto divididos quanto ao alcance da doutrina da eleio. Notadamente os batistas regulares, que so infralapsorianistas, crem que a expiao no seja limitada, mas asseguram que somente sero salvos os eleitos de Deus.

    O Pacto da Redeno

    O propsito divino da Salvao humana tambm envolve o Pacto da Redeno, que foi assinado, por assim dizer, entre Deus o Pai e Deus o Filho (Joo 6:37; 6:39; 8:42; 10:29, etc.). Esse pacto envolve a idia de salvar o homem por meio da substituio do mesmo por um Redentor, que sofresse a penalidade de seus pecados, cumprisse todas as exigncias da Lei de Deus, justificasse ou absolvesse o pecador sob a condio da f, o restaurasse ao favor de Deus, o santificasse completamente e o glorificasse eternamente.

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    Existe forte apoio Escriturstico para o Pacto da Redeno. Enquanto que a Escritura no o chama de Pacto da Redeno, a prpria Escritura ensina expressamente suas caractersticas essenciais:

    1. Deus escolheu os Eleitos para a Salvao antes que criasse o mundo (Efsios 1:4); 2. Deus escolheu os Eleitos para serem salvos em Cristo, como seu Sacrifcio Expiador

    (Efsios 1:4, 5, 6, 7, 11). 3. A morte de Cristo para a Salvao dos Eleitos logo foi determinada antes da

    fundao do mundo uma concluso que a Escritura sustenta em si prpria (I Pedro 1:19-20; Apocalipse 13:8).

    4. Cristo voluntariamente empreendeu Sua humilhao, obedincia, e sacrifcio em resposta Vontade de Seu Pai (Joo 10:11-18; 17:4, 8, 18, 23, 25). Esta submisso envolveu uma difcil deciso para Sua Natureza Humana, como vista em Lucas 12:50 e Joo 12:27, e no Jardim do Getsmani.

    5. Ao obedecer este Mandamento do Pai, Jesus cumpriu as Profecias do Sofrimento do Messias (especialmente Isaas 53 e citaes do Novo Testamento; Zacarias 12:10 e Apocalipse 1:7).

    6. Como o Messias era para receber um Reino Eterno, assim Jesus esperava receb-lo (Lucas 22:29-30).

    7. Como uma parte deste Reino, Jesus Cristo receberia como Sua prpria uma semente eleita, para ser salva e glorificada, e para estar com Ele para sempre (Isaas 53:10-11; Joo 17:2, 9, 24; Efsios 5:25-27).

    Este Pacto da Redeno o fundamento para o Pacto da Graa. Deus agora oferece aos pecadores um caminho de Salvao aparte de nossas obras. Podemos ser salvos pela F no Messias de Deus. Jesus Cristo perfeitamente obedeceu a Deus, e morreu em nosso lugar, a fim de que ns pudssemos ser salvos pela Graa.

    A Manifestao do Pacto da Graa

    Como resultado do Pacto da Redeno, assinado entre o Pai e o Filho, temos a Manifestao do Pacto da Graa de Deus, que se faz presente em todas as dispensaes, como soluo divina para a infidelidade dos mordomos. E estas manifestaes da Graa de Deus configuram uma s Manifestao da Graa de Deus que, ocorrida historicamente na cruz do Calvrio, aplicada essencialmente pelo Esprito Santo, conforme Sua vontade, nos coraes dos eleitos, conforme vo sendo chamados eficazmente. A aplicao da Graa produz a Condio da F, dom de Deus dado que possibilita receber a Salvao. Cristo o Redentor em todas as dispensaes, bem como a graa manifesta, embora diferentemente em cada poca, proveniente da Fonte da Graa que da cruz do Calvrio asperge os eleitos, e a condio da f existe para se crer em Cristo, o Filho Unignito de Deus, independente da dispensao (I Corntios 5:7; Glatas 3:18).

    O Pacto da Graa, em operao desde a poca de Ado, foi primeiro revelado a Abrao. Ela forma o fundamento de todos os importantes pactos subseqentes aqueles com Moiss, Davi, e o Novo Pacto de Jeremias, de Ezequiel, de Jesus e de Paulo. Os verdadeiros Crentes da Dispensao do Velho Testamento so um nico Povo com os Crentes no Perodo do Novo Testamento. Todos esto includos no Pacto da Graa, e logo so todos filhos espirituais de Abrao, partilhando sua F e suas bnos.

    Referindo-se singularidade deste Pacto da Graa (que um desdobramento evidente do Pacto da Redeno, feito entre as Trs Pessoas da Santssima Trindade, e que foi necessrio para execuo do Pacto da Redeno: sem a Graa no haveria Redeno), o Prof. William Salmond, que fora Professor de Teologia em Dunedin e de Filosofia Moral e Mental em Otago e em Southland (todas trs Instituies Educacionais da Nova Zelndia), disse: "Lemos que Deus fez pactos com indivduos, como fossem No, Abrao, Isaque, Jac, Davi e tambm com Israel. Este Pacto, porm, foi feito entre as Pessoas da Divindade, ou entre o Pai e o Filho em particular.