As práticas formativas do Centro de Treino para a Produção ...As práticas formativas que levaram...
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As práticas formativas do Centro de Treino para a Produção da Autoeuropa
As práticas formativas que levaram ao estudo
O potencial formativo da empresa: • Tipo e nível de investimento na
formação • Diversas modalidades e fontes de
formação contínua • Práticas de reflexão sobre a ação • Multidimensionalidade de saberes e
competências • Flexibilidade/polivalência de
funções • Formas de mobilidade interna • Planos de desenvolvimento pessoal • Relação com o meio envolvente
Referências consistentes (nas Histórias de Vida dos Processos RVCC):
• Formação interna e externa • Contacto com os equipamentos • Aprendizagem com os colegas • Aprendizagem com os erros • Conhecimento de várias estações • Trabalho/Reuniões de equipa • Tomada de decisão com base no
conhecimento e na experiência • Caraterísticas dos métodos de trabalho • Valorização de boas práticas • Transferência de competências
O estudo sobre as práticas
“A questão da articulação entre a formação e os contextos de trabalho representa, hoje, uma problemática central na formação de adultos.” Rui Canário
Anula a separação tradicional entre o espaço/tempo do trabalho e da
formação
Saber e fazer articulam-se
O trabalho é ele próprio produtor de competências
Formação em contexto potencia a reflexão sobre as competências desenvolvidas no trabalho
“O tipo de estratégia empresarial seguida é fundamental sob o ponto de vista dos requisitos da formação.” (Ilona Kovács)
A formação como um meio e não um fim em si mesma
– Instrumento ao serviço dos interesses da empresa
– lógica funcional e adaptativa (às tarefas, aos ciclos de produção e às exigências constantes de mudança);
– ao serviço de uma política desenvolvimentista e de gestão dos Recursos Humanos
e não tanto
– como subsidiária de uma formação de caráter emancipatório/cívico
– focada no desenvolvimento mais global e abrangente das pessoas
– ao serviço dos projetos e motivações pessoais
Visão tendencial sobre a formação nas empresas
Práticas de formação internas desenvolvidas ao nível operacional
• Dimensão estrutural – Opções estratégicas da empresa para a formação
• Dimensão organizacional - Modos de organização da formação contínua
• Dimensão operacional - Práticas de formação do Centro de Treino para a Produção (PTC)
As práticas em estudo
Por um lado:
- Partir da observação das práticas concretas de uma estrutura de formação para analisar as dinâmicas formação/trabalho e as lógicas a que corresponde
- Analisar o tipo de formação mais do que a quantidade de formação
Por outro lado:
- Verificar se a formação no contexto de trabalho cria uma confluência efetiva entre o espaço/tempo de formação e o do trabalho (aprendizagem na ação, com a ação, pela ação)
Posicionamento face à problemática
Plano anual de formação
RH: elaboram o Plano Anual de Formação
Formação interna: Área da
Produção: PTC;
Workshops
Formação externa:
ATEC; fornecedores
Levantamento necessidades (linha
de produção; managers;
teamleaders)
Sistema de Produção (emanado da Casa-
Mãe)
Razões de ordem qualitativa (modelo, objetivos e organização da formação) e quantitativa (trabalhadores abrangidos; peso dentro da empresa):
• Dimensão operacional - desenvolvimento dos saberes e competências ao nível do “chão de fábrica”
• Caráter prático e dinâmico da formação
• Coexistência de formação comportamental e técnica, geral e específica
• Transversalidade e multifuncionalidade dos grupos - abrange todos os setores (diretos e indiretos da produção) e a maior parte dos níveis hierárquicos da empresa
• Valorização da experiência, das aprendizagens informais e dos saberes práticos - processo de reflexão, estandardização e disseminação
PTC - Porquê o estudo destas práticas?
• Utilização do know how dos trabalhadores da própria empresa numa lógica centralizadora, “de dentro para dentro” e contínua.
• Coordenação direta pela Área da Produção, concretamente pela Área da Engenharia Industrial & Gestão Optimizada (articulação com os postos de trabalho; fora do âmbito da gestão dos RH)
• Peso crescente no panorama formativo da empresa (passou de cerca de 1900 formandos em 2010 para mais de 5000 em 2012; volume da formação representou nesse ano mais de 50% do plano de formação)
“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”. Aristóteles
Lema do PTC
PTC - Porquê o estudo destas práticas?
Formação Trabalho
(o que dizem os trabalhadores-formandos)
“Mostra-nos e põe em prática o espírito de equipa e a nossa capacidade organizacional.”
“ Faz pensar sobre a importância da organização no local de trabalho e o quanto gestos simples aumentam drasticamente a nossa produtividade. Quanto maior organização, maior a produtividade e maior a qualidade no trabalho.”
“ É uma mais valia pôr os trabalhadores a pensar em soluções para a linha (…) e também a informação que nos é passada sobre o nosso empregador.”
“Mostra aos colaboradores, na prática, aspetos da vida fabril dos quais normalmente não se apercebem. Forma-se descontraidamente.”
Formação Trabalho
(o que dizem os trabalhadores-formadores…)
“Até porque depois a experiência vivida durante os módulos de formação é completamente diferente se tivermos pessoas de várias áreas ou se tivermos pessoas só de duas ou três áreas. A experiência conta muito para enriquecer a formação. “
“É muito importante o trabalho em equipa. Eu costumo usar aqueles termos que por vezes achas engraçado e costumo dizer que nós podemos ter o melhor jogador do mundo numa equipa de 11 elementos, mas todos têm que jogar.”
“Eu costumo (…) dizer às pessoas (…) que isto é uma fábrica de automóveis, não é uma fábrica de fazer formação.”
Formação Trabalho
(o que é observável)
“O ambiente é amistoso, os formandos, de uma forma geral, não trabalhavam juntos na mesma área, apesar de 2 deles já se terem cruzado em tempos, mas rapidamente encontraram pontos de interesse comum e trocam experiências com frequência.”
“Os formadores referem que a verdadeira importância destas formações para os operadores não é a aprendizagem de operações, porque isso eles já fazem há muito tempo, e nas condições mais stressantes; o objetivo é que pensem sobre o que fazem, como fazem e como deveriam fazer.”
“(…) questões internas, de diferença e até polémicas entre teoria e práticas são frequentes na formação, tal como os formadores me têm referido em conversas informais”
• Formação (do PTC) de caráter geral e abrangente para que as pessoas:
– construam uma imagem fundamentada da globalidade do processo de produção,
– pensem e ajam como parte de um coletivo, no âmbito de um determinado modelo organizacional
• Formação comportamental e técnica com vista à melhoria contínua, assentes no trabalho em equipa e na implementação de métodos lean
• Formação promove a lógica de ganho e compromisso mútuos: os trabalhadores desenvolvem competências técnicas, tecnológicas e comportamentais (contínua e globalmente); a empresa espera que isso se converta em produtividade com qualidade
A formação como parte da estratégia da Produção
Trabalho/Formação: uma relação estrutural e co estruturante
• Conceção dos referenciais formativos feita a partir, nas/pelas, para as situações de trabalho, ou seja, em articulação com os referenciais das práticas (de acordo com as diretrizes da empresa-mãe).
• Definição de um espaço formativo interno específico em articulação com a produção: demonstra a compreensão da relação estratégica entre a formação e o trabalho (significado, motivação, qualidade, produtividade, ...)
• Formação trabalha em torno de conceitos da produção, do trabalho e da cultura da empresa numa lógica de organização lean.
Relação estratégica entre formação/trabalho/produção
• A formação contínua interna é assumida pela empresa como sendo um pilar central nos processos de:
• Aquisição, atualização e desenvolvimento das competências dos trabalhadores (tendencialmente multidimensionais)
• Reforço dos valores estratégicos da empresa – liderança, excelência, responsabilidade
• Evolução dos modelos produtivo e organizacional
• Flexibilização e mobilidade interna
• Crescimento e desenvolvimento dos trabalhadores e da empresa
Obrigada pela vossa atenção!
Sandra Pratas Rodrigues
Instituto da Educação da Universidade de Lisboa