AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA AMÉRICA CENTRAL: ORIGEM,...

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VENANCIO ELIAS CABALLERO CÓRDOBA AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA AMÉRICA CENTRAL: ORIGEM, EVOLUÇÃO E PRÁTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO SÃO PAULO 2006

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VENANCIO ELIAS CABALLERO CÓRDOBA

AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA AMÉRICA CENTRAL:

ORIGEM, EVOLUÇÃO E PRÁTICA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO

SÃO PAULO 2006

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VENANCIO ELIAS CABALLERO CÓRDOBA

AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA AMÉRICA CENTRAL:

ORIGEM, EVOLUÇÃO E PRÁTICA

Tese apresentada à área de concentração: Relações Públicas, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do Título de Doutor em Ciências da Comunicação, sob a orientação da Profa Dra Margarida Maria Krohling Kunsch

SÃO PAULO 2006

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Caballero Córdoba, Venancio Elias, 2006 -

Relações Públicas na América Central: origem, evolução e prática / Venancio Elias Caballero Córdoba. − São Paulo: Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

(Tese de doutorado), 2006. 1. Relações Públicas - 2. Variáveis ambientais –

3. Modelos – 4. América Central − Brasil − Século XXI. I. Título

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo

A banca examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado “As Relações Públicas na

América Central: origem, evolução e prática”, elaborada como exigência para obtenção do título

de Doutor em Ciências da Comunicação.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof(a). Dr(a)

________________________________________ Prof(a). Dr(a)

________________________________________ Prof(a). Dr(a)

________________________________________

Prof(a). Dr(a)

________________________________________ Prof(a). Dr(a)

São Paulo, ________ de ___________________ de 2006

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AGRADECIMENTOS

Para a realização dos meus trabalhos na pós-graduação, contei com a fundamental ajuda e presença enriquecedora de algumas pessoas e organizações, a quem desejo manifestar os meus agradecimentos:

À Profa Dra Margarida Maria Ktohling Kunsch, pela orientação atenta e paciente, pela

cordialidade e companheirismo intelectual, sempre interessada em discutir temas e aspectos da tese;

Aos professores do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo CRP/ECA/USP pela colaboração, direta ou indiretamente, para a produção do trabalho;

Aos Colegas e amigos do Curso de Doutorado da ECA/USP, Felipe Chibas Ortiz e Arnaldo dos Santos, que me serviram de estímulo permanente durante o curso;

À minha mãe, Glenys; ao meu irmão, José Irene (Nene), pelo apoio durante a minha ausência de casa;

À minha irmã Glenys Mabel Caballero Córdoba, pelo amor e apoio incondicional; Às minhas primas Kira e Yajaira, pelo carinho e apoio permanente; À Mariselma, pelo muito que fez e faz por mim; À Dona Renata, pelo apoio na pesquisa; Aos meus amigos da alma e companheiros incondicionais de todas as horas da vida

Cruspiana: Adriano, Alvaro, Martín, Amilton, Marcos, Ari, Roberto e Julio; Aos meus pais brasileiros Dona Vivina e Dom Leonel, pelo carinho e solidariedade; À Comissão de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes, pela oportunidade

concedida para a realização do curso; Ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP), pelo apoio

incondicional recebido durante o doutorado; À Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS), pela oportunidade de bolsa-moradia no

bloco "G", Apto 108, durante todo o doutorado; Aos funcionários da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes, pelo atendimento

rápido e atencioso; À secretaria de pós-graduação da ECA, pela delicadeza e eficiência. Aos meus colegas centro-americanos que em todo momento estiveram dispostos a ajudar-

me, em especial aos meus colegas do Colégio de Relacionistas Públicos de Panamá (COREPPA); A Consulesa do Panamá em São Paulo, María Estela De La Guardia, pela passagem aérea

São Paulo – Panamá – São Paulo. Aos embaixadores do Panamá em Nicarágua (Daniel Silveira), em Honduras (Roberto

Jované) e em Guatemala (Celso Carrizo), pela hospedagem nestes países, durante o meu estágio de pesquisa;

Aos meus amigos Alfonso na Costa Rica e Andrés e Humberto em El Salvador, pela hospedagem;

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação pelo apoio financeiro para obtenção de passagens aéreas fundamentais para minha movimentação nos países centro-americanos;

À Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior - CAPES, pela bolsa de estudo.

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DEDICO ESTA TESE Ao meu Pai, José I. Caballero, que nunca duvidou da minha capacidade e de que a educação é o melhor investimento no futuro; À minha Mãe, Elia Glenys Córdoba de Caballero e aos meus irmãos Glenys Mabel e José I. Caballero, pelo estímulo constante e por sempre acreditarem em mim; Aos anjinhos caricatos do titio, Alan Issac, Alex Adrian, Gabriel Isaac e Agnes Djamila; Aos meus avôs, Elias Córdoba e Eutimia Rodríguez de Córdoba, pelo inesgotável amor e carinho que sempre me ofereceram; À todas as pessoas que sempre mostraram interesse no desenvolvimento desta tese; A todos os deficientes físicos que lutam por reintegrarem-se à sociedade e que possuem uma capacidade residual que lhes permite serem entes produtivos na busca de oportunidades; Aos meus familiares e amigos que durante minha ausência foram ao encontro de Deus sem que eu tenha podido dar-lhes um último adeus:

Felicia Rodríguez de Herrera

Cerafina Rodríguez de Garrido

Juana Rosa Rodríguez de Cedeño

Pablo Cedeño

Elena Rodríguez de Villarreal

Benito Villarreal

Betty Bravo Rodríguez

Luis Eduardo Irigollen

Carlos Manuel Borrero

Juan Gelabert

Abdiel Díaz

Roberto Benavides

Ricardo Samaniego

Victor Cantilo Paz

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REFLEXÃO

Quando se está no limite entre a vida e a morte, se assume uma atitude de humildade

perante Deus, que põe em evidência a fragilidade do ser humano e a importância da existência.

Quando se está nestas circunstâncias e uma força grandiosa e divina nos dá a oportunidade

de seguir vivendo, é esse o momento preciso para retificar erros e visualizar o propósito que se

tem para nós.

Não é a todos que é dada esta oportunidade e os que a temos obtido e somos conscientes

disso, saberemos em todo momento valorar a vida.

Portanto, não esperes a estar neste limite para valorizar a existência e retificar erros, pois

talvez você seja um desses, a quem não é dada outra oportunidade.

Venancio Elias Caballero Córdoba

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS...........................................................................................................................XIII

LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................................XIV

LISTA DE ANEXOS............................................................................................................................. XV Resumo ............................................................................................................................................................... XVI Abstract..............................................................................................................................................................XVII Resumen ...........................................................................................................................................................XVIII Introdução................................................................................................................................................................ 1

Capítulo 1. Marco metodológico da pesquisa ......................................................................................................... 16 1.1. Definição do problema..................................................................................................................................... 16 1.2. Objetivos: ........................................................................................................................................................ 17 1.2.1. Objetivos gerais: ............................................................................................................................................ 17 1.2.2 Objetivos específicos: ..................................................................................................................................... 17 1.3. Justificativa....................................................................................................................................................... 18 1.4. Quadro teórico de referência ............................................................................................................................ 18 1.5. Hipóteses ......................................................................................................................................................... 21 1.6. Procedimentos metodológicos.......................................................................................................................... 21 1.6.1. Constituição da amostra ................................................................................................................................ 22 1.6.2. Técnicas de coleta dos dados ......................................................................................................................... 23 1.6.3 Limitações da pesquisa ................................................................................................................................... 24

Capítulo 2. Relações públicas: conceitos, teorias e modelos da prática.................................................................................................................................................. 26 2.1. Relações públicas e seus conceitos e definições principais................................................................................. 26 2.1.1. O conceito ou as definições das entidades:..................................................................................................... 27 2.1.2. O conceito ou as definições de autores internacionais: ................................................................................... 29 2.1.3. O conceito ou as definições de autores brasileiros:......................................................................................... 31 2.2. Características de uma função de relações públicas excelentes........................................................................... 32 2.2.1. Autorização da função de relações públicas ................................................................................................... 32 2.2.2. Papel de comunicador ................................................................................................................................... 33 2.2.3. Organização da função de comunicação e sua relação com outras funções de administração.......................... 34 2.2.4. Ética.............................................................................................................................................................. 35 2.3. Modelos de relações públicas............................................................................................................................ 35 2.3.1. Estes modelos existem no mundo real? ......................................................................................................... 38 2.3.1.1. Mensuração ................................................................................................................................................ 39

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2.3.1.2. Confiabilidade ............................................................................................................................................ 39 2.3.1.3. Validade...................................................................................................................................................... 39 2.3.1.4. Exatidão ..................................................................................................................................................... 40 2.3.2. Por que as organizações praticam os quatro modelos? ................................................................................... 40 2.3.2.1. Cultura organizacional ................................................................................................................................ 40 2.3.2.2. Potencial do departamento de relações públicas .......................................................................................... 41 2.3.2.3. Esquema para relações públicas .................................................................................................................. 41 2.3.3. Quando a coalizão dominante escolhe relações públicas de excelência?.......................................................... 41 2.3.4. Pesquisa e modelos de relações públicas ........................................................................................................ 42 2.3.4.1. Dois tipos de pesquisa existentes ................................................................................................................ 43 2.3.5. Submodelos de relações públicas ................................................................................................................. 44 2.3.6. Um quinto modelo de relações públicas: "motivo misto". ................................................................................... 45 2.4. Evolução do papel das relações públicas........................................................................................................... 48 2.5. O papel das relações públicas em administração e sua contribuição para a efetividade organizacional e de sociedade................................................................................................................................................................ 50

Capítulo 3. As relações públicas internacionais e suas vertentes predominantes ................................................... 54 3.1. O que são as relações públicas internacionais? .................................................................................................. 54 3.2. Modelo para organizar a pesquisa em relações públicas internacionais .............................................................. 56 3.2.1. Teorias da sociedade global ........................................................................................................................... 59 3.2.2. Teorias culturais ............................................................................................................................................ 59 3.2.3. Teorias do gerenciamento comparativo ......................................................................................................... 60 3.2.4. Teorias da comunicação ................................................................................................................................ 61 3.3. Implicações para a pesquisa em relações públicas ............................................................................................. 62 3.4. Os caminhos de pesquisa em relações públicas internacionais........................................................................... 63 3.4.1. Extensões de pesquisa simétrica .................................................................................................................... 64 3.4.2. Pesquisa contextualizada ou comparativa ....................................................................................................... 65 3.4.3. Pedagogia e ética ........................................................................................................................................... 66 3.4.4. Explorando pressuposições ........................................................................................................................... 68

Capítulo 4. Variáveis ambientais e relações públicas na américa central ................................................................................................................................................... 70 4.1. Panamá ............................................................................................................................................................ 71 4.1.1. Infra-estrutura e relações públicas.................................................................................................................. 71 4.1.1.1. Sistema político........................................................................................................................................... 72 4.1.1.2. Sistema legal ............................................................................................................................................... 74 4.1.1.3. Sistema econômico ..................................................................................................................................... 77 4.1.1.4. Ativismo e relações públicas ....................................................................................................................... 80 4.1.2. Cultura e relações públicas............................................................................................................................. 82

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4.1.3. Ambiente de mídia e relações públicas ........................................................................................................... 85 4.2. Costa Rica ........................................................................................................................................................ 89 4.2.1. Infra-estrutura e relações públicas.................................................................................................................. 89 4.2.1.1. Sistema político........................................................................................................................................... 90 4.2.1.2. Sistema legal ............................................................................................................................................... 92 4.2.1.3. Sistema econômico ..................................................................................................................................... 93 4.2.1.4. Ativismo e relações públicas ....................................................................................................................... 96 4.2.2. Cultura e relações públicas............................................................................................................................. 97 4.2.3. Ambiente de mídia e relações públicas ......................................................................................................... 101 4.3. Nicarágua....................................................................................................................................................... 103 4.3.1. Infra-estrutura e relações públicas................................................................................................................ 103 4.3.1.1. Sistema político......................................................................................................................................... 104 4.3.1.2. Sistema legal ............................................................................................................................................. 105 4.3.1.3. Sistema econômico ................................................................................................................................... 106 4.3.1.3. Ativismo e relações públicas ..................................................................................................................... 109 4.3.2. Ambiente de mídia e relações públicas ......................................................................................................... 111 4.4. Honduras ....................................................................................................................................................... 113 4.4.1. Infra-estrutura e relações públicas................................................................................................................ 113 4.4.1.1. Sistema político......................................................................................................................................... 114 4.4.1.2. Sistema legal ............................................................................................................................................. 115 4.4.1.3. Sistema econômico ................................................................................................................................... 116 4.4.1.4. Ativismo e relações públicas ..................................................................................................................... 117 4.4.2. Cultura e relações públicas........................................................................................................................... 118 4.4.3. Ambiente de mídia e relações públicas ......................................................................................................... 119 4.5. Guatemala...................................................................................................................................................... 122 4.5.1. Infra-estrutura e relações públicas................................................................................................................ 122 4.5.1.1. Sistema político......................................................................................................................................... 123 4.5.1.2. Sistema legal ............................................................................................................................................. 125 4.5.1.3. Sistema econômico ................................................................................................................................... 125 4.5.1.4. Ativismo e relações públicas ..................................................................................................................... 127 4.5.2. Cultura e relações públicas .......................................................................................................................... 128 4.5.3. Ambiente de mídia e relações públicas ......................................................................................................... 130 4.6. El Salvador.................................................................................................................................................... 134 4.6.1. Infra-estrutura e relações públicas................................................................................................................ 134 4.6.1.1. Sistema político......................................................................................................................................... 135 4.6.1.2. Sistema econômico ................................................................................................................................... 137 4.6.2. Ambiente de mídia e relações públicas ......................................................................................................... 139

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Capítulo 5. Relações públicas na américa central origem, evolução e prática..................................................................................................................................... 145 5.1. Relações públicas no Panamá: caminhando em direção à excelência ............................................................... 145 5.1.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 146 5.1.1.1. O estado atual da profissão ....................................................................................................................... 149 5.1.1.2. Perfil dos profissionais.............................................................................................................................. 152 5.1.1.3. Educação em relações públicas ................................................................................................................. 154 5.1.1.4. Profissionalismo ....................................................................................................................................... 156 5.2. Relações públicas na Costa Rica: a busca constante pela excelência................................................................. 158 5.2.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 158 5.2.1.1. O estado atual da profissão ....................................................................................................................... 163 5.2.1.2. Perfil dos praticantes costarriquenho ........................................................................................................ 168 5.2.1.3. Educação em relações públicas ................................................................................................................. 169 5.2.1.4. Profissionalismo ....................................................................................................................................... 175 5.3. Relações públicas na Nicarágua: ..................................................................................................................... 176 5.3.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 176 5.3.1.1. O estado atual da profissão ....................................................................................................................... 181 5.3.1.2. Perfil dos praticantes nicaraguenses .......................................................................................................... 181 5.3.1.4. Profissionalismo ....................................................................................................................................... 186 4.4. Relações públicas em Honduras ..................................................................................................................... 188 4.4.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 188 5.4.2. Educação em relações públicas .................................................................................................................... 194 5.5. Relações públicas na Guatemala .................................................................................................................... 196 5.5.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 196 5.5.1.1. O estado atual da profissão ....................................................................................................................... 197 5.5.1.2. Perfil dos praticantes guatemaltecos .......................................................................................................... 199 5.5.1.3. Educação em relações públicas ................................................................................................................. 200 5.5.1.4. Profissionalismo ....................................................................................................................................... 202 5.6. Relações públicas em El Salvador: ................................................................................................................. 204 5.6.1. Origem e evolução do campo ...................................................................................................................... 204 5.6.1.1. O estado atual da profissão ....................................................................................................................... 206 5.6.1.2. Perfil dos praticantes salvadorenhos.......................................................................................................... 208 5.6.1.3. Educação em relações públicas ................................................................................................................. 210 5.7. a Opinião dos profissionais ............................................................................................................................ 213

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 232 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 241 ANEXOS............................................................................................................................................................. 246

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xii

LISTA DE TABELAS

tabela 1. distribuição por sexo................................................................................................................213

tabela 2. distribuição dos profissionais de relações públicas por área de formação.......................213

tabela 3. distribuição dos profissionais de relações públicas segundo o nível de educação. .........213

tabela 4. distribuição dos profissionais de relações públicas por anos de experiência...................214

tabela 5. distribuição dos profissionais de relações públicas segundo a função na empresa/organização. .............................................................................................................................214

tabela 6. modalidades de relações públicas praticadas pelos profissionais de relações públicas. .215

tabela 7. freqüência das reuniões com a alta gerencia da empresa/organização.............................215

tabela 8. tempo de reunião com a alta gerencia da empresa/organização.......................................215

tabela 9. forma em que se trabalha a comunicação entre os distintos departamentos da empresa/organização?.............................................................................................................................216

tabela 10. grau de satisfação com a função na empresa/organização ..............................................216

tabela 11. freqüências relativas da pergunta 1......................................................................................219

tabela 12. freqüências relativas da pergunta 2......................................................................................219

tabela 13. freqüências relativas da pergunta 3......................................................................................220

tabela 14. freqüências relativas da pergunta 4......................................................................................220

tabela 15. freqüências relativas da pergunta 5......................................................................................220

tabela 16. freqüências relativas da pergunta 6......................................................................................220

tabela 17. freqüências relativas da pergunta 7......................................................................................221

tabela 18. freqüências relativas da pergunta 8......................................................................................221

tabela 19. freqüências relativas da pergunta 9......................................................................................221

tabela 20. freqüências relativas da pergunta 10....................................................................................222

tabela 21. freqüências relativas da pergunta 11...................................................................................222

tabela 22. freqüências relativas da pergunta 12....................................................................................222

tabela 23. freqüências relativas da pergunta 13....................................................................................223

tabela 24. freqüências relativas da pergunta 14....................................................................................223

tabela 25. freqüências relativas da pergunta 15....................................................................................223

tabela 26. freqüências relativas da pergunta 16....................................................................................224

tabela 27. freqüências relativas da pergunta 17....................................................................................224

tabela 28. freqüências relativas da pergunta 18....................................................................................224

tabela 29. freqüências relativas da pergunta 19....................................................................................225

tabela 30. freqüências relativas da pergunta 20....................................................................................225

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xiii

tabela 31. freqüências relativas da pergunta 21....................................................................................225

tabela 32. freqüências relativas da pergunta 22....................................................................................226

tabela 33. freqüências relativas da pergunta 23....................................................................................226

tabela 34. freqüências relativas da pergunta 24....................................................................................226

tabela 35. freqüências relativas da pergunta 25....................................................................................227

tabela 36. freqüências relativas da pergunta 26....................................................................................227

tabela 37. freqüências relativas da pergunta 27....................................................................................227

tabela 38. freqüências relativas da pergunta 28....................................................................................228

tabela 39. freqüências relativas da pergunta 29....................................................................................228

tabela 40. freqüências relativas da pergunta 30....................................................................................228

tabela 41. freqüências relativas da pergunta 31....................................................................................229

tabela 42. freqüências relativas da pergunta 32....................................................................................229

tabela 43. freqüências relativas da pergunta 33....................................................................................229

tabela 44. freqüências relativas da pergunta 34....................................................................................229

tabela 45. freqüências relativas da pergunta 35....................................................................................230

tabela 46. freqüências relativas da pergunta 36....................................................................................230

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xiv

TABELA DE FIGURAS

figura 1. modelos de relações públicas.................................................................................................... 25

figura 1.1.modelo motivo misto .............................................................................................................. 36

figura 1.2. o papel evolutivo das relações públicas................................................................................ 38

figura 2. modelo para organizar a pesquisa em relações públicas internacionais ............................. 47

figura 3.mapa da américa central ............................................................................................................ 59

figura 3.1. mapa do panamá...................................................................................................................... 60

figura 3.2 mapa da costa rica .................................................................................................................... 78

figura 3.3 mapa da nicarágua .................................................................................................................... 92

figura 3.4 mapa de honduras .................................................................................................................. 102

figura 3.5 mapa da guatemala ................................................................................................................. 111

figura 3.6 mapa de el salvador............................................................................................................. 123

figura 6. distrivuição dos questionários aplicados por países ............................................................ 212

figura 7. distribuição dos questionários aplicados por paises ............................................................ 213

figura 8. mapa de freedown house..................................................................................................... 234

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xv

TABELA DE ANEXOS

Anexos Panamá........................................................................................................................................ 247

Anexos Costa Rica ................................................................................................................................... 258

Anexos Guatemala................................................................................................................................... 262

Anexos Honduras .................................................................................................................................... 265

Anexos Nicarágua .................................................................................................................................... 266

Anexos El Salvador ................................................................................................................................. 267

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xvi

RESUMO

As Relações Públicas Internaciomais tem se convertido principalmente na última

década no foco de interesse em desenvolver pesquisas empíricas sobre o assunto. É

precisamente por esse motivo que este estudo tem o propósito de conhecer a

origem, evolução e prática das Relações Públicas em seis países da América Central

(Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador). Também é

de interesse desta tese testar as variáveis ambientais do estudo de Excelência

(Excellece), bem como identificar os modelos presentes na prática das Relações

Públicas nesta região.

Para compreender o contexto da prática profissional centro-americana se revisou a

literatura existente sobre o tema e para verificar os objetivos estabelecidos nesta

tese serão aplicados 120 questionários tipo Likert (via e-mail e pessoalmente), a 20

profissionais de cada país, selecionando 10 respondentes da área acadêmica e 10

profissionais que desempenhem suas funções em

empresas/instituições/organizações públicas ou privadas. Tem-se certeza que

significativos e interessantes dados serão encontrados após analisar e interpretar os

resultados.

Com esta tese pretende-se contribuir para o avanço dos estudos sobre as Relações

Públicas internacionais (Globais) e ofereça um material de qualidade que possa

ajudar aos interessados pelo tema, assim como servir de base para futuras pesquisas

que aprofundem ainda mais no assunto.

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ABSTRACT This study has the purpose of knowing the origin, evolution and practice of the

Public Relations in six countries of Central America (Panama, Costa Rica,

Nicaragua, Honduras, Guatemala and El Salvador). it is also of interest of this

theory to test the environmental variables of the study of Excellence, as well as to

identify the present models in the practice of the Public Relations in Central

America.

To understand the context of the practice Central American professional the

existent literature it will be revised on the theme and to verify the established

objectives in this theory they will be applied 120 questionnaires type Likert

(through e-mail and personally), to 20 professionals of each country, selecting 10

respondents of the academic area and 10 professionals that carry out their

functions in public or private companies / institutions / organizations. Sure is been

that significant and interesting data will be found after to analyze and to interpret

the results.

With this thesis we pretend to contribute in the progress of the studies about the

international Public Relations (Global) and offer a quality material that can help to

the interested parties for the theme, as well as serving as base for future researches

that still deepen more in the subject.

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RESUMEN Las Relaciones Públicas Internaciomales se han convertido principalmente en la

última década en el foco de interés para desarrollar investigaciones empíricas sobre

el asunto. Es precisamente por ese motivo que este estudio tiene el propósito de

conocer el origen, evolución y práctica de las Relaciones Públicas en seis países de

América Central (Panamá, Costa Rica, Nicaragua, Honduras, Guatemala y El

Salvador). También es de interés de esta tesis testar las variables ambientales del

estudio de Excelencia (Excellece), bien como identificar los modelos presentes en la

práctica de las Relaciones Públicas en América Central.

Para comprender el contexto de la práctica profesional centroamericana se revisará

la literatura existente sobre el tema y para verificar los objetivos establecidos en esta

tesis serán aplicados 120 cuestionarios tipo Likert (vía e-mail y personalmente), a 20

profesionales de cada país, seleccionando 10 respondientes del área académica y 10

profesionales que desempeñen sus funciones en

empresas/instituciones/organizaciones públicas o privadas. Se tiene certeza que

significativos e interesantes dados serán encontrados después de analizar e

interpretar los resultados.

Con esta tesis se pretende contribuir para el avance de los estudios sobre las

Relaciones Públicas Internacionales (Globales) y ofrezca un material de calidad que

pueda ayudar a los interesados por el tema, así como servir de base para futuras

investigaciones que profundicen aún más en el asunto.

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INTRODUÇÃO A prática das Relações Públicas assim como o seu corpo acadêmico de conhecimento têm

crescido nas últimas décadas ao redor do mundo. Apesar de que a construção da teoria desse

corpo de conhecimento se desenvolveu mais nos Estados Unidos e em alguns países da Europa e

Ásia, em outras regiões do mundo como América Latina, África e Europa Oriental também há

um corpo teórico de conhecimento de relações públicas, mas que lamentavelmente tem sido

pouco divulgado e socializado internacionalmente.

Muitos desses estudos enfocaram especificamente o tema das Relações Públicas Internacionais,

mas na maioria das vezes baseados em “simples descrições” da prática das Relações Públicas em

um país em particular. 1

O pouco interesse e a negativa para publicar este tipo de trabalhos descritivos trouxeram como

conseqüência uma drástica diminuição do número de estudos publicados sobre práticas de

Relações Públicas em outras regiões do mundo.

Essa situação que afetava o crescimento do corpo do conhecimento sobre Relações Públicas

Internacionais, levou estudiosos como J. E. Grunig (1992b); Wakefield (1996); Vercic, L. A.

Grunig e J. E. Grunig (1996); Culbertson e Jeffers (1992); Culbertson, Jeffers, Pedra e Terrell

(1993); Huang, (2000); Rhee, (1999, 2002); Sriramesh, (1992, 1996); Sriramesh, J. E. Grunig, &

Dozier, (1996); Sriramesh, Kim, & Takasaki, (1999); Sriramesh & Takasaki, (1999); Sriramesh &

White, (1992), a darem suas valiosas contribuições na construção de um suporte teórico para a

pesquisa e prática das Relações Públicas.

É precisamente esse suporte teórico que tem dado um novo sentido à pesquisa em Relações

Públicas Internacionais (globais), indo além da mera descrição da prática das Relações Públicas

em um país em particular e tentar fazer aproximações entre variáveis ambientais e as Relações

Públicas.

O estudo mais recentemente publicado que uniu magistralmente as variáveis ambientais com

Relações Públicas é o de Srirameche e Vercic (2004).

O Handbook de Relações Públicas Globais: Teoria, Pesquisa e Prática, serviu de modelo para o

estudo da origem, evolução e prática das Relações Públicas na América Central. Quando

Sriramesh e Vercic mencionam já na introdução do seu livro que os leitores acharão, por um

lado, uma ampla gama de fatores que podem ser usados para descrever a profissão de Relações

Públicas em um determinado país e pelo outro, testar como variáveis ambientais afetam a prática

das Relações Públicas em um país ou região do mundo, eles estavam encorajando a outros

1 Os editores e os revisores dos jornais que publicavam essas pesquisas começaram a rejeitar os trabalhos “meramente descritivos”.

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estudiosos a encarar o desafio para ir além de descrever a prática das Relações Públicas em

regiões específicas, também usar e contextualizar variáveis sócio-culturais que afetam a profissão.

Neste sentido, antes de detalhar o conteúdo dos capítulos que estruturam este estudo, considera-

se oportuno oferecer ao leitor de forma sucinta cada uma das variáveis ambientais que serão

utilizadas nesta tese.

Essa visão geral das variáveis ambientais se fará sob o enfoque utilizado por Sriramesh e Vercic

(2003), no suporte teórico para a pesquisa e prática das Relações Públicas Globais. Estas variáveis

são subdivididas em três fatores: infra-estrutura de um país, ambiente do sistema de meios de

comunicação e cultura de sociedade.

INFRA-ESTRUTURA DE UM PAÍS E RELAÇOES PÚBLICAS São considerados três elementos fundamentais nas Relações Públicas: o sistema político de uma

nação, seu nível de desenvolvimento econômico e o nível de ativismo prevalecente naquele país.

Cada uma destas variáveis influencia a natureza da prática das relações públicas em um país e

cada uma está muito relacionada entre elas. Porém, reconhece-se que cada um destes fatores

também é influenciado pela cultura e o ambiente de mídia de um país (os outros dois fatores

ambientais que serão revisados mais adiante neste capítulo).

Sistema político As influências do sistema político de um país na sua estrutura social. Há poucas dúvidas de que a

prática de relações públicas prospere em opinião pública o que levaria a pessoa a concluir isso

que só sociedades pluralistas oferecem um ambiente que é conducente para praticar relações

públicas estratégicas. Evidência disponível (algumas das quais são descritas nos capítulos neste

livro) sugere que em sociedades cujos sistemas políticos não avaliam a opinião pública, a natureza

de relações públicas não é sofisticada e tende a ser propagandística de mão única. Porém,

democracia entra em muitas formas como é evidente no fato que cada um dos 192 membros

atuais das Nações Unidas declarou e reivindicou ser uma democracia. Estes países podem fazer a

reivindicação porque eles têm as suas próprias definições de que é ou deveria ser democracia.

Apesar disso, no mapa da Freedom House encontramos que dos seis países estudados nesta tese, só

dois (Panamá e Costa Rica), são considerados verdadeiramente livres; no entanto, os outros

quatro (Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala), são vistos como parcialmente livres.

Estes países estão atualmente em várias fases de democratização e reformas de mercado,

oferecendo variadas oportunidades e desafios a profissionais de relações públicas.

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É oportuno assinalar que o ambiente político determina qual será a natureza das relações públicas

que se poderá praticar em cada país, razão pela qual nesta tese compara-se as ideologias políticas

dos países centro-americanos que acoplassem as relações públicas.

A ideologia política é unida a desenvolvimento econômico porque as condições políticas afetam a

decisão econômica que se faz e vice-versa, em todo país. Além disso, a dinâmica entre sistemas

políticos e econômicos determina freqüentemente a estabilidade de uma nação e mais adiante seu

desenvolvimento econômico.

O impacto que cada um destes sistemas políticos que está usando relações públicas é algo ainda a

ser explorado completamente. Porém, está claro que, além de ser uma era de democratização de

boa parte do mundo, o século XX tem por todas as contas testemunhado o crescimento de

relações públicas modernas. Com um aumento no nível de democratização de uma sociedade

(por exemplo, os Estados Unidos e Inglaterra) entraram num aumento concomitante no nível de

sofisticação da profissão de relações públicas. Como se verá no capítulo 3 deste estudo, a

democratização estimulou o crescimento das relações públicas na região centro-americana. Por

isso torno-se oportuno verificar o impacto que as relações públicas têm no processo de

democratização e manutenção do sistema político na América Central.

Sistema legal O sistema legal de um país também é vinculado de perto ao nível de desenvolvimento político e

econômico e coloca muitos desafios ao profissional de relações públicas internacional. Toda

cultura tem seus modos de regular e obrigar o comportamento entre seus cidadãos e

organizações. Considerando que códigos legais tendem a ser explícitos em democracias

ocidentais, a estrutura legal pode parecer estar mais nebulosa e pode embutir os códigos sociais

ou religiosos em muitas outras regiões do mundo, o que revela a necessidade de estudar o

impacto de teocracias como bem em relações públicas.

Nível de desenvolvimento econômico Unido ao sistema político de um país, o desenvolvimento econômico provê oportunidades e

desafios para os profissionais de relações públicas. Não restam dúvidas que uma filosofia política

mais pluralista favoreça maior liberdade econômica. O desenvolvimento das economias

(mercados) tendem a favorecer as relações públicas estratégicas. Porém, as relações públicas têm

que ainda ser consideradas amplamente uma função organizacional em organizações de

economias até mesmo desenvolvidas. Ao invés, se adoece como um apêndice supérfluo em

organizações ao redor do mundo; incluindo as nações desenvolvidas. Apesar desta lacuna,

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relações públicas estratégicas prosperam geralmente em países desenvolvidos porque por mais

desenvolvida que uma economia seja, há um maior número de jogadores organizacionais e é mais

alto o nível de competição entre as organizações. Estes provedores múltiplos de bens e serviços

precisam competir pela atenção pública, aprovação, e apoio -uma razão principal para

empregarem os profissionais de relações públicas como pessoal de casa obviamente ou como

consultores.

Além disso, o sistema político de um país também determina até que ponto a empresa privada é

avaliada e é encorajada. Antes do estabelecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC),

países de maior desenvolvimento, até mesmo esses que reivindicam ser democracias, tinham

favorecido economias administradas e construídas principalmente ao redor de empreendimentos

do setor público que freqüentemente operaram como monopólios. Em países com setores

públicos vastos, se torna o governo o primário, se não a base, pertinente para um profissional de

relações públicas. Até mesmo depois do estabelecimento da OMC, países estiveram mais lentos

trocando para sistemas orientados para comercializar. Mas a mudança do setor público para

investimento do setor privado começou em muitos dos 144 membros da OMC. Isto é ligado para

criar novas oportunidades e desafios para o profissional de relações públicas internacional.

O nível de desenvolvimento econômico de um país afeta diretamente variáveis como pobreza e

analfabetismo. Estas duas variáveis potentes têm um impacto direto nas estratégias e técnicas que

os profissionais de relações públicas podem usar em um país. A falta de uma infra-estrutura de

comunicação adequada também severamente desafia o profissional de relações públicas

internacional que tenta administrar informação e faz campanha em nações em desenvolvimento

onde métodos de comunicação para chegar ao povo indígena podem ser a escolha mais efetiva.

Ativismo Na maioria das nações em desenvolvimento, como o são os seis países centro-americanos objetos

deste estudo, as pessoas estão ocupadas lutando para ganhar a próxima refeição para a sua

família, e não tem tempo suficiente para participar em outras atividades. Mas quando o seu

sustento é ameaçado, a população destas nações podem se ocupar de ativismo -

predominantemente sindicalismo de trabalho. Muitas nações em desenvolvimento,

particularmente os países da América Central, se comprometeram em movimentos sociais

volumosos para ganhar terras, moradias e empregos. Mas, como suas reivindicações não são

atendidas pelo Estado, não tem outra opção que aumentar o nível de ativismo nestes países.

O ativismo provê desafios e oportunidades aos profissionais de relações públicas. Atualmente,

não é incomum achar profissionais de relações públicas que representam ambos os lados de um

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movimento ativista, como por exemplo em organizações não governamentais (ONGs),

sindicatos, grupos empresariais, etc.

L. A. Grunig (1992) declarou que os grupos ativistas são motivados para “melhorar o funcionamento

externo da organização” (p. 504). As organizações continuaram enfrentando pressão crescente de

grupos de ativistas que freqüentemente são nomeados como grupos de pressão, grupos de

interesse especial ou movimentos sociais. Considerando que os ativistas acreditam que eles

desafiam e forçam as organizações (especialmente corporações) para ser socialmente

responsáveis.

Ativismo de trabalho joga freqüentemente um papel fundamental no desenvolvimento

econômico e industrial dos países. Então, é importante avaliar a natureza do ativismo

prevalecente em uma sociedade e determinar como influencia as atividades de relações públicas

daquele país. O profissional de relações públicas internacional não pode ignorar o ativismo em

um nível global.

Cultura e Relações Públicas Logicamente, a cultura deveria afetar as relações públicas e as relações públicas alteram a cultura.

Apesar desta aproximação lógica entre os dois, foi só na última década que os estudiosos de

relações públicas tentaram estudar o impacto da cultura em processos organizacionais (por

exemplo, Huang, 2000,; Rhee, 1999,2002; Sriramesh, 1992,; Sriramesh, 1999,; Sriramesh &

Takasaki, 1999). Esses estudos testaram empiricamente a relação entre esta variável importante e

relações públicas. Mas a cultura é tão fundamental para a comunicação que convém aos

estudiosos das relações públicas internacionais estudar como esta variável afeta a escolha de

estratégias e táticas de relações públicas em regiões diferentes do mundo.

Por outro lado, as sociedades podem adotar uma ou mais culturas. Kaplan e Modos (1972)

identificaram quatro determinantes de cultura de sociedade. Primeiro, é o nível de

desenvolvimento técnico-econômico de uma sociedade que invariavelmente influencia a cultura

de cada sociedade. As novas tecnologias como comunicação de satélite e a Internet continuam

desempenhando um papel ao modificar as culturas no mundo moderno e têm uma influência

direta em relações públicas. Segundo, estrutura social é indicativa das instituições sociais que

definem relações entre membros ou grupos diferentes de uma sociedade. Feudal, casta e

estratificações de classe são exemplos de estrutura social. Terceiro, a ideologia recorre aos

valores, normas, cisão do mundo, conhecimento, filosofias e princípios religiosos com os quais os

membros de uma sociedade se identificam. Historicamente, os humanos lutaram em cima de

filosofias religiosas e até hoje eles o continuam fazendo. Teocracia crescentemente está se

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tornando um assunto em relações internacionais por causa de seu impacto em sistemas

sociopolíticos. Quarto, a personalidade recorre às características de indivíduos de uma sociedade

especialmente fundadas nas vivencias da infância , criando daquela sociedade também aculturação

na escola e no lugar de trabalho.

Estas quatro determinantes continuam desempenhando um papel vital determinando a formação

de cultura nas sociedades modernas. Em troca, a cultura de sociedade se transpõe em

organizações por empregados que têm a família diferente e outros fundos, enquanto se

transformando cada organização em uma cultura corporativa sem igual (Sriramesh et aI., 1996).

Tendo identificado os fatores que determinam as culturas de uma sociedade, é importante

entender como a cultura se manifesta em uma sociedade antes de uni-las com variáveis de

relações públicas.

Hofstede (1980, 2001) identificou cinco dimensões de cultura de sociedade. A primeira dimensão,

distância de poder, descreve a estratificação vertical de uma sociedade em que são outorgados aos

membros de estratos diferentes níveis de importância. O sistema de classe de Europa feudal e o

sistema de casta na Índia são exemplos de distância de poder. Mobilidade social, a facilidade com

que os membros de mais baixos estratos podem alcançar um estado mais alto na sociedade, é

outra variável que corresponde à distância poder. Tipicamente, sociedades com mais baixa

distância do poder tendem a ter mobilidade social relativamente mais alta e vice-versa. Sociedades

com distância de poder mais alta também tendem a ter estruturas organizacionais mais

autoritárias. A segunda dimensão, coletivismo, se refere até que ponto os membros de uma

cultura dão um valor ao indivíduo acima da coletividade. Em sociedades coletivistas, empregados

organizacionais tendem a ter maior lealdade à organização e pensam em termos de metas de

grupo em lugar de realizações individuais. Culturas individualistas nutrem mais culturas

organizacionais nas quais os empregados individualmente pensam mais em termos de benefícios

individuais em lugar do crescimento da coletividade.

A terceira dimensão, masculinidade-feminilidade, recorre à tarefa baseada no gênero de papéis em

uma sociedade. Até que ponto o gênero desempenha um papel determinando o estado da pessoa

claramente na organização, afetando todas as facetas de comportamento organizacional. Isto é

particularmente observado na profissão de relações públicas por causa da feminização da mão-

de-obra em muitos países. A quarta dimensão, restrição de incerteza, se refere até que ponto os

membros de uma cultura podem tolerar e podem se revoltar com ambigüidade. A quinta

dimensão cultural, dinamismo confuciano inicialmente etiquetado com mais orientação a longo

prazo depois renomeada, recorrem à tendência onde uma coletividade avalia compromissos e

tradição a longo prazo. Em um contexto organizacional, esta orientação resulta em um trabalho

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fortemente moral entre empregados que também esperam recompensas em um futuro mais

distante em lugar de lucros mais imediatos. Porém, mudanças também acontecem mais

lentamente em tal cultura ao invés desses com mais baixos níveis de orientação a longo prazo

onde mudanças podem acontecer mais rapidamente porque tradições a longo prazo não

obstruem o processo de mudança.

Estudiosos identificaram outras dimensões culturais. Tayeb (1988) identificou confiança

interpessoal, a tendência entre membros de uma cultura para colocar confiança prontamente em

indivíduos da mesma categoria. Kakar (1971) achou outra dimensão cultural, deferência à

autoridade onde subordinados prontamente aceitam um superior, que é particularmente evidente

em muitas culturas na Ásia.

Cultura corporativa A revisão de cultura de sociedade nos conduz ao próximo passo importante identificando a

aproximação entre cultura e público; que relação identificam; a influência - que cultura de

sociedade está usando cultura organizacional ou cultura incorporada. Sriramesh, J. E. Grunig, e

Buffington (1992) observam que considerando que cultura incorporada é influenciada pela

cultura de sociedade, também é ao mesmo tempo distinta disto. Organizações na mesma cultura

de sociedade têm personalidades incorporadas distintivas que estão freqüentemente baseadas em

fatores como a liderança carismática da organização, idade da organização, tipo organizacional, e

tamanho. Schein (1985) identificou três razões para estudar a cultura de organizações. Primeiro,

cultura incorporada é altamente visível e pode ser sentida por todos os observadores e

participantes. Logo, entendendo cultura incorporada, a pessoa pode avaliar desempenho

organizacional e conhecimento de ganho; de como as pessoas se comportam e percebem isto.

Finalmente, cultura incorporada proporciona para os sócios organizacionais um quadro de

referência comum, um ingrediente fundamental de coerência em organizações.

Cultura incorporada também esteve incorporada às regras do jogo por se dar bem em uma

organização e coloca em comum acordo os sócios de uma parte de organização. Estudantes

como o J. Martin e Siehl (1983) também notam que organizações sempre não têm uma única

cultura. Organizações têm freqüentemente subculturas e contraculturas. Certas subculturas

podem aumentar a cultura popular defendendo lealdade para emergir valores organizacionais

(aumentando subculturas), seja ligeiramente de modo diferente da cultura popular (subculturas de

ortogonal), ou completamente em conflito com a cultura popular da organização (contraculturas).

Se a contracultura de uma organização tiver um líder carismático, pode ameaçar a própria cultura

popular e pode conduzir para o surgimento de mudanças em organizações.

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Glaser (1994) deu ênfase a relações cooperativas entre empregados organizacionais como uma

chave para sucesso organizacional. Desnecessário dizer, só pode ser achada tal cooperação em

uma organização que também avalia comunicação, o conceito que é de interesse primário a

profissionais de relações públicas. O autor revela que depois de 3 anos de comunicação

aumentada, a organização de amostra que era alvo de dissensão e desconfiança foi transformada

em uma onde os empregados tiveram respeito mútuo e eram mais abertos a trabalho de equipe.

Comunicação é o suporte de uma cultura incorporada forte e é a "cola normativa" (Tichy, 1982)

,isto é , une uma organização.

Que impacto tem uma cultura incorporada em saúde organizacional? DiSanza (1995) em estudo

etnográfico descreveu relatos dos problemas encontrados por organizações com culturas fracas.

O autor estudou os procedimentos de orientação de empregados de um banco e identificou

falhas sérias de comunicação que resultaram em baixa moral dos empregados e num mau

atendimento ao consumidor. Culturas incorporadas fracas são mais propensas a desenvolver os

tipos de ortogonal e contraculturas que J. Martin e C. Siehl (1983) identificaram. Holladay e

Coombs (1993) administraram um estudo experimental que investigou o papel que a entrega de

uma mensagem desempenha nas percepções dos empregados e no carisma de oficial executivo

principal. Eles acharam que isso é um diferencial a ser considerado , já que a entrega de

mensagem pode aumentar a credibilidade do líder entre os empregados. Então, nós podemos

concluir que cultura incorporada e de sociedade tem um impacto significante em geral em

comunicação e relações públicas em particular. Estudar o impacto de cultura em processos de

relações públicas é de importância vital ao campo de relações públicas.

Como os profissionais de relações públicas internacionais podem usar esta compreensão de

cultura de sociedade e incorporada? Em outras palavras, o que é a aproximação entre cultura de

sociedade e incorporada e prática de relações públicas? Aculturação que pode acontecer em casa,

escola, e trabalho instiga em indivíduos o sistema de valor que afeta as suas vidas diárias. Os

valores em que os gerentes se baseiam claramente afetam as escolhas que eles fazem desenhando

estratégias organizacionais inclusive relações públicas. Semelhantemente, outros públicos dentro

de uma sociedade também levam valores isso então influencia a sua receptividade a mensagens

organizacionais e a sua percepção do comportamento para a organização e em outras colocações

públicas. Então, é necessário operacionalizar a cultura como uma variável e identificar o impacto

que as relações públicas exercem em uma determinada sociedade. Percebe-se, considerando as

contribuições de estudantes como Hofstede (2001), que é significante e útil, o individuo também

não deve descontar a importância de dimensões culturais que são sem igual a um país particular.

É importante para identificar dimensões culturais que são genéricas do outro lado de culturas.

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Hofstede, 2001 identificou dimensões que são sem igual a uma cultura particular (por exemplo, o

conceito de wa e amae em cultura japonesa).

Ambiente de mídia e Relações Públicas Há unanimidade entre autores de literatura de relações públicas que a mídia e as relações públicas

têm um simbiôntico, às vezes uma contenciosa relação. A maioria dos praticantes de relações

públicas concordaria que conta com relações de mídia para uma porção significante dos seus

esforços de relações públicas porque eles desejam usar a mídia para propósitos de publicidade.

Porém, profissionais de relações públicas também servem às mídia lhes proporcionando

subsídios de informação.

Wilcox e Nolte (1997) observam isso apesar da tensão contínua entre os profissionais de relações

públicas e jornalistas, a simbiose na relação requer que eles mantenham "uma relação de

funcionamento sólida baseada em respeito mútuo por um ao outro trabalho" (p. 285). Newsom,

Turk, e Kruckeberg (2000) declaram que “para profissionais de relações públicas, relações de

funcionamento boas com pessoal de mídia são sempre importantes por funcionado liso... " (p.

395). No livro, Em Prazo Final, Howard e Mathews (2000) enfatizam a necessidade de praticar

relações de mídia estratégicas como parte de um programa global de relações públicas e propõem

vários aspectos de relações de mídia efetivas, como as características de um bom porta-voz.

Cutlip, Centro, e Vassoura (2000) reiteram que os praticantes de relações públicas acharão

relações de mídia como um “método econômico, efetivo de comunicar com públicos grandes" e

extensamente espalhados (p. 304).

Meios de comunicação de massa e as imagens das nações Fica visível nas afirmações dos estudantes de relações públicas mencionados o seu

reconhecimento do poder de meios de comunicação de massa para influenciar discurso público

para opinião pública e forma. Meios de comunicação de massa têm uma influência poderosa em

geral em atividades organizacionais e relações públicas em particular. Sem dúvida, a mídias

desempenham um papel poderoso, influenciando o modo como são percebidos países individuais

globalmente. Tipicamente, nações em desenvolvimento são positivamente estereotipadas pela

maioria da mídia, considerando que geralmente são retratados negativamente países em

desenvolvimento. Os resultados levantados por Larson e Rivenburgh (1991) são de particular

relevância aos praticantes de relações públicas internacionais que são requisitados freqüentemente

por países em desenvolvimento a mudar o modo como estes são percebidos pelo público de

nações desenvolvidas.

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Por causa dos efeitos poderosos que a mídia tem, moldando a opinião pública, nacionalmente e

internacionalmente, os profissionais de relações públicas deram primazia a relações de mídia. Para

administrar relações de mídia efetivas, praticantes de relações públicas internacionais precisam

entender a natureza de ambiente de mídia em um país particular. Só então eles possam

desenvolver estratégias para administrar relações de mídia efetivamente satisfatórias para aquele

ambiente.

Então, há uma necessidade de reconceitualizar o ambiente de mídia ao redor do mundo.

Sriramesh (1999) propôs um suporte de três fatores (controle de mídia, alcance de mídia e acesso

a mídia) isso deveria ajudar os profissionais de relações públicas a projetarem estratégias de

relações de mídia que são apropriadas a ambientes de mídia diferentes. Aderindo a este suporte,

pode ser mais fácil para profissionais de relações públicas internacionais manterem canais efetivos

de comunicação entre as organizações de seu cliente e mídia pertinentes ao redor do mundo.

Além disso, o suporte deveria ajudar ao pesquisadores a estudar a ligação entre a mídia e práticas

de relações públicas efetivas em países diferentes.

Controle da mídia Manter relações de mídia efetivas requer que os profissionais de relações públicas entendam o

que controla as organizações de mídia em um país e se tal controle estende-se a conteúdo

editorial. A mais recente pesquisa da Casa de Liberdade sobre liberdade de mídia concluiu que 75

países tiveram sistemas de mídia que poderiam ser classificados como 50 mídia em parte grátis

tidas grátis, e 61 não eram grátis (Sussman & Karlekar, 2002). O estudo achou que o número de

países com mídia grátis era o mais alto que o encontrado anteriormente. Porém, é interessante

notar que 111 países ainda têm sistemas de mídia que ou são em parte livres ou não livres. Na

introdução para a 1999 Pesquisa de Imprensa de Mundo administrada por Freedom Hause, em

2002 , havia clara evidência que liberdade de imprensa era um resultado de regimes mais

pluralistas.

Ao redor do mundo, propriedade de mídia é limitada a algumas fontes principais que dependem

da natureza de sistema político e nível de desenvolvimento econômico do país, duas variáveis

descritas anteriormente neste capítulo. Em democracias desenvolvidas, é o empresário capitalista

que investe na mídia, uma vez que sustenta operações de mídia principalmente por venda de

anúncios e confia, em uma extensão relativamente menor, em renda de subscrições. Há no

mínimo aproximação ou relação de cumplicidade indireta entre o governo e organizações de

mídia em sistemas capitalistas. A necessidade de vender notícias como um artigo é naturalmente

forte em tal um ambiente, uma vez que conduz a escolhas interessantes em cobertura.

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Pelo contrário, em países em desenvolvimento, a pessoa pode discernir freqüentemente

propriedade de mídia nas mãos de interesses políticos como também das elites da sociedade.

Manter o status quo é freqüentemente importante para este moghuls de mídia como um incentivo

para influenciar conteúdo de mídia. As poucas teocracias do mundo nos provêem exemplos do

impacto de interesses religiosos em organizações de mídia e conteúdo de mídia. Na maioria dos

países em desenvolvimento, o governo possui a mídia eletrônica, tipicamente e freqüentemente

licenciada aos empresários privados que também podem possuir mídia impressa.

É importante reconhecer que propriedade de mídia necessariamente não resulte em controle de

mídia. Em muitos países em desenvolvimento, embora a mídia possa ser evidentemente possuída

por interesses privados, ela é monitorada estritamente e controlados por meios evidentes e

cobertos por política ou forças de governo. Sussman (1999) informou que a pesquisa da Freedown

House tinha achado que “os jornalistas crescentemente eram amordaçados na sua liberdade de

imprensa através de métodos mais sutis e legalistas que por violência ou por repressão certa” (p.

1). anúncios de Governo são um dos principais métodos para regras políticas manterem controle

do conteúdo de mídia. Porque anunciando renda, forma o tamanho de renda (e, então, os meios

básicos de sobrevivência) para uma seção grande de mídia privada em muitos países em

desenvolvimento, este método sutil de controle é freqüentemente muito efetivo. Controlando a

provisão dos meios de produção como papel de jornal (freqüentemente importado pelo governo

e vendido a organizações de mídia a custos subsidiados) é outro modo efetivo para governos

manterem o seu controle dos meios de comunicação de massa reservadamente possuídos.

Também não é incomum para regras políticas de nações em desenvolvimento possuírem as suas

próprias saídas de mídia (normalmente mídia impressa) e os usa para controlar a opinião pública

com o propósito exclusivo de manter o status quo.

Liberdade editorial é diretamente proporcional ao nível de desenvolvimento econômico de um

país. É a falta de recursos e infra-estrutura limitaram a liberdade editorial em nações em

desenvolvimento. No seu estudo da relação entre liberdade de imprensa e desenvolvimento social

em 134 nações, Tecedor, Buddenbaum, e Feira (1985) concluíram que "mais forte a mídia é

economicamente, menos provável ao governo é controlar esta mídia" (pág. 113). A realidade é

que, na maioria dos países em desenvolvimento, independência econômica é uma miragem para a

maioria das saídas de mídia que também resultam em várias limitações em liberdade editorial.

Como discutido no capítulo 20, a proposta para uma Ordem de Informação Mundial Nova de

países em desenvolvimento foi descarrilada principalmente no básico de economias de mídia e

assuntos concomitantes que pertencem a liberdade editorial.

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Alcance da mídia Colocar uma história na mídia é freqüentemente uma parte significante da atividade de relações

de mídia para a compreensão do profissional de relações públicas. Colocando uma mensagem

somente em um meio não oferece a "bala mágica" ,efeito de ter pretendido efeitos na audiência

da pessoa. Exposição de audiência para mensagens é só o primeiro passo. Outros passos

intervenientes como compreensão de mensagem ou mudanças em nível de conhecimento e

atitude precisam ser atravessados por audiências antes que mudanças pudessem acontecer no seu

comportamento. Reconhecendo isto, os praticantes de relações públicas internacionais precisam

entender a extensão de alcance de mídia (saturação de mídia) nos países onde eles operam como

uma medida de exposição de mensagem entre as suas audiências. È possível assumir que a

maioria dos profissionais de relações públicas deseja usar a mídia para disseminar informação

para uma maior audiência possível. Então, na sua relação simbiótica de prover subsídios de

informação a saídas de mídia, profissionais de relações públicas buscam publicidade não paga

pelas suas organizações e clientes.

Porém, é crítico para profissionais de relações públicas internacionais notarem que, apesar do

poder efetivo da mídia, estes fornecedores de informação podem não prover meios efetivos para

disseminação em larga escala de mensagens organizacionais em todo país. Na realidade, na

maioria dos países em desenvolvimento; a mídia alcança um segmento bastante homogêneo,

relativamente pequeno da população total por causa de dois fatores principais: analfabetismo e

pobreza. Uma taxa alta de analfabetismo no país inibe o uso da mídia impressa seriamente. Por

conseguinte, serão limitadas as relações de mídia em tais ambientes em extensão para grupos

específicos de cidadãos urbanos, educados, bastante abundantes, de classe-média (as elites da

sociedade). para alcançar a população efetivamente maior, o consultor de relações públicas

internacional terá que pensar em outra mídia que alcance estes públicos inexplorados. Em nações

em desenvolvimento, a falta de infra-estrutura constrange a distribuição oportuna de mensagens

de mídia impressa para lugares afastados e de difícil penetração.

Quando o analfabetismo impedir a dispersão de informação pela mídia impressa, a próxima

alternativa lógica para o profissional de relações públicas internacional seria usar mídia eletrônica.

Porém, televisão fixa e rádios provam freqüentemente para uma grande parcela de cidadãos que

limitaram recursos. Infra-estrutura inadequada, como falta de eletrificação rural, também

contribui a limitar o acesso à mídia eletrônica para residentes rurais até mais ricos. Então, a

eficácia da mídia eletrônica para administrar informação pública ou outras campanhas de relações

públicas pode ser questionada. Profissionais de relações públicas internacionais têm que

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reconhecer isso, embora a sofisticação das relações de mídia que eles podem praticar, é limitada a

eficácia destes esforços ao segmento da população que a mídia de um país pode alcançar.

Porém, há sinais de esperança para o médico de relações públicas internacional que tem que

operar em um país em desenvolvimento que tem estes impedimentos. Lee (1994) examinou o

desenvolvimento de meios de comunicação de massa na República Popular da China desde 1949

e achou que a arrancada do país em crescimento econômico nos anos oitenta resultou em um

aumento súbito em propriedade de televisão. O autor concluiu que parece haver uma relação

simbiótica entre crescimento econômico e propriedade de televisão. Ele especula que

considerando-se que o crescimento econômico conduziu a um aumento da propriedade de

televisão , a televisão também pode ter ajudado o crescimento econômico tendo efeitos não

planejados como a criação de demanda para produtos e serviços, aceleração de eletrificação em

áreas rurais, e a criação de uma diversão que mantém as pessoas longe de "os problemas

delicados de governo e políticas" (p. 34).

Quando condições locais limitam o uso de mídia do estilo Ocidental- como televisão, rádio,

jornais, e revistas- que opções têm os praticantes de relações públicas internacionais no seu

esforço para localizar uma maior audiência em sociedades em desenvolvimento? Na Índia, por

exemplo, muitas campanhas de informação pública usaram mídia popular como docudramas,

danças, peças satíricas, e jogos em áreas rurais (Sriramesh, 1992).Algumas companhias

multinacionais como fabricantes de pasta de dentes usaram a mídia popular indiana para dar

publicidade aos seus produtos em regiões rurais com um pouco de eficácia. Poderiam ser usadas

estratégias semelhantes em benefício da comunicação efetiva com vários públicos em culturas

tradicionais em outras partes do mundo.

Pratt e Manheim (1988) criticam o preconceito urbano que é tão característico na comunicação

pública em grande parte da África e outras regiões em desenvolvimento do mundo e pediu

estratégias de comunicação novas que autorizam segmentos grandes, negligenciados da

população. Os autores apresentaram um suporte de seis ordens do dia, integradas por administrar

campanhas de comunicação que incluem o uso de mídia tradicionais, indígenas. Porém, é crítico

que esta mídia tradicionais sejam usadas criteriosamente. Oeste e Feira (1993) estudaram o uso de

moderno de mídia populares e tradicionais na África e realçaram as armadilhas do uso impróprio

de mídia africanas indígenas (ou mídia tradicionais) para desenvolvimento de atividades.

Acesso a mídia Considerando que o alcance de mídia recorre à extensão de saturação de mídia em uma

sociedade, então, acesso a mídia denota até que ponto os vários segmentos de uma sociedade

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podem chegar a mídia para disseminar mensagens que eles julgam importantes. É imprudente que

esse acesso do público à mídia seja permanente e constante para a sociedade.

Algo que praticante de relações públicas internacional deve reconhecer é que da mesma maneira

que o acesso de uma organização para a mídia é crítico, até que ponto a mídia é acessível aos

oponentes da organização, principalmente os ativistas. Como descrito anteriormente neste

capítulo, ativismo tem um impacto profundo em relações públicas. L. A. Grunig (1992) declarou

que embora o ativismo contribua ao dinamismo do ambiente de uma organização, que posa

ameaçar a sua autonomia, os ativistas também provêem oportunidades de relações públicas a uma

organização. As organizações são forçadas a comunicar-se simetricamente quando os ativistas

usarem a mídia para desafiar a imagem de uma organização no tribunal da opinião pública.

O resultado é que quando a mídia de uma sociedade for acessíveis a indivíduos ou grupos com

pontos de vista diferentes, a publicidade resultante aumentará a fluidez do ambiente para as

organizações. A organização será forçada a usar a comunicação de duas mãos para administrar

suas atividades de relações públicas com uma variedade de públicos, então, em lugar de focalizar

o aceso ou dois públicos. Mas se não são outorgados vários grupos que não conformam à

ideologia popular um foro para expressar a sua ordem do dia publicamente, então a extensão de

pressão em uma organização está drasticamente reduzida, enquanto pedindo sofisticação mínima

em relações públicas. Então, entendendo até que ponto a mídia são acessíveis a vários ativistas e

outros grupos em uma sociedade o praticante de relações públicas internacional proverá entre

outras coisas, uma medida na quantia de oposição que o ambiente poderia possuir.

Estrutura da tese Esta tese está estruturada em cinco capítulos que proporcionam elementos importantes para o

corpo do conhecimento das Relações Públicas na América Central.

No segundo capítulo, apresenta-se o marco metodológico da pesquisa. Nele defíne-se o

problema de pesquisa, os objetivos, a justificativa, o quadro teórico de referência, as

hipóteses e os procedimentos metodológicos. Finalmente neste capítulo detalha-se as

limitações e dificuldades encontradas na pesquisa.

No segundo capítulo, desenvolve-se o arcabouço teórico da tese, abordando alguns

conceitos de Relações Públicas, assim como as teorias e modelos da prática que mostram

a evolução do papel das Relações Públicas.

No terceiro capítulo, traça-se um panorama sobre os dois enfoques predominantes nas

Relações Públicas internacionais. O primeiro enfoque tem a ver com a importância de

conhecer a prática profissional deste campo ao redor do mundo. O segundo enfoque está

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relacionado com a globalização da prática das Relações Públicas tendo extrema precaução

de respeitar as diversas culturas (locais e regionais).

No quarto capítulo, aborda-se a relação entre as variáveis ambientais da Teoria Geral dos

Estudos de Excelência de J. Grunig e a prática das Relações Públicas na América Central.

Para alcançar o propósito deste capítulo, utiliza-se o suporte metodológico do livro:

Relações Públicas Globais: teoria, pesquisa e prática de Sriramesh e Vercic (2003). É oportuno

assinalar que em alguns países, não foi possível testar as variáveis cultura e ambiente de mídia.

No quinto capítulo, aborda-se a origem, evolução e prática das Relações Públicas nos

países centro-americanos (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El

Salvador). Também se incluem informações sobre o estado atual das Relações Públicas, o

perfil profissional, o profissionalismo e a educação em Relações Públicas. Na parte final

deste capítulo sáo apresentados de forma ilustrativa algins resultados das respostas ao

questionário aplicado aos profissionais das Relações Públicas centro-americanos.

Nas considerações finais, faz-se uma avaliação final, de natureza pessoal, daquilo que se julga

como mais relevante neste trabalho. Assim sendo, tenta-se sistematizar os traços peculiares à

prática das Relações Públicas na América Central. Finalmente, pretende-se avaliar o

posicionamento das Relações Públicas na história e evolução do campo centro-americano

desde o ponto de vista profissional.

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CAPÍTULO

1 MARCO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Na introdução foi apresentado todo o suporte teórico que sustenta este estudo e neste capítulo

descreve-se o marco metodológico da pesquisa empírica realizada nesta tese que constará como

parte do capítulo 5.

1.1. Definição do problema Provavelmente na América Central a profissão de Relações Públicas tem evoluído nas últimas

décadas. No entanto, não se sabe se houve o uso de pesquisas empíricas para testar teorias dessa

área de conhecimento. A literatura corrente internacional sobre Relações Públicas não contempla

a prática de Relações Públicas nessa região.

Esta tese tem como propósito estudar aspectos específicos sobre a origem, evolução e prática das

Relações Públicas nessa região. Mas o problema central está em testar que variáveis ambientais

da Teoria geral dos Estudos de Excelência em Relações Públicas, afetam o contexto da prática

das Relações Públicas na América Central.

Esta tese aborda aspectos específicos sobre o tema e optou-se por enfocar a atividade de

Relações Públicas na América Central através das variáveis ambientais do estudo Excellece

desenvolvidas pela Universidade de Maryland e as percepções dos 120 profissionais centro-

americanos escolhidos, com o objetivo de verificar como é a prática das Relações Públicas nessa

região e detectar quais os modelos presentes na prática de Relações Públicas em cada país.

Pelos elementos anteriormente mencionados, esta tese caracteriza-se como um estudo

intercultural, que, segundo Adler (1997, p.10), tem três características importantes: "descreve o

comportamento organizacional nas suas culturas e países; compara o comportamento

organizacional entre países e culturas, e procura compreender e melhorar a interação entre os

trabalhadores, executivos, clientes e fornecedores e parceiros de culturas e países ao redor do

mundo".

O corpo do estudo de conhecimento de Relações Públicas cresceu significativamente nos

últimos 25 anos e continua evoluindo para se estabelecer como uma disciplina forte. Mas o

avanço deste conhecimento inclinou-se para um lado só porque o foco para construir a teoria do

campo foi limitado predominantemente aos Estados Unidos e alguns países ocidentais europeus.

Por conseguinte, há uma escassez de evidência empírica sobre práticas de Relações Públicas em

outras regiões do mundo.

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É difícil extrapolar a importância de uma perspectiva global de prática de Relações

Públicas porque esta profissão se tornou um verdadeiro empreendimento global. Sriramesh

(2003), acredita que neste novo milênio, todo profissional de Relações Públicas tem que ter uma

perspectiva multicultural e global para ser efetivo e uma perspectiva só não deveria ser

considerada, mas sim o domínio de especialistas de Relações Públicas internacionais. É aparente

nesta tese que vários fatores contribuíram significativamente para aumentar as atividades de

organizações transnacionais ao redor do mundo, assim como globalizar a prática de Relações

Públicas.

1.2. Objetivos:

1.2.1. Objetivos gerais:

♦ Conhecer a origem, prática e evolução das Relações Públicas na América Central.

♦ Contribuir para o avanço dos estudos sobre Relações Públicas internacionais.

1.2.2 Objetivos específicos: 1. Testar as variáveis ambientais da Teoria Geral dos Estudos de Excelência em Relações

Públicas nos países centro-americanos;

2. Identificar que modelos de Relações Públicas propostos por J. Gruning e T. Hunt são

praticados na América Central.

3. Relacionar variáveis ambientais da Teoria Geral dos Estudos de Excelência em

Relações Públicas e a prática de Relações Públicas

4. Estudar as diferenças e similitudes da prática das Relações Públicas nos países centro-

americanos.

5. Verificar a relação existente entre os modelos e os papéis da prática das Relações

Públicas na América Central.

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1.3. Justificativa

O fato de não existir registro sobre a prática das Relações Públicas na América Central,

torna-se uma oportunidade e um desafio para este estudo.

Este trabalho poderá contribuir para o preenchimento do vazio existente nos estudos de

Relações Públicas internacionais no tocante aos países da América Central.

Culbertson e Chen (1996); Taylor (2001); Sriramesh e Vercic (2003), dão conta da falta de

pesquisa empírica sobre o ambiente e a prática das Relações Públicas na América Central.

Este estudo é inédito, uma vez que a temática, praticamente inexplorada, utiliza as

variáveis ambientais da Teoria Geral dos Estudos de Excelência em Relações Públicas

desenvolvidas pela Universidade de Maryland, assim como as tipologias dos modelos de

prática de Relações Públicas de Grunig e Hunt (1984). Busca-se com a adoção dessa base

teórica – já testada em outros países - uma compreensão mais profunda da origem,

evolução e prática de Relações Públicas no istmo centro-americano.

1.4. Quadro teórico de referência

Como já foi detalhado na Introdução a prática das Relações Públicas tem crescido nas últimas

décadas ao redor do mundo. Portanto, os novos tempos exigem um número crescente de

praticantes que conheçam sobre Relações Públicas internacionais (ou globais) e que saibam

operar internacionalmente como um assunto de rotina. A imediação das novas tecnologias

produz e habilita comunicação para ser disseminada e acessada imediatamente por países e

continentes além da sua fonte primária de origem. Assim, são reproduzidas comunicações que

são transmitidas automaticamente e adaptadas por colaboradores internacionais, subsidiárias,

serviços de notícias e consumidores de notícias, este é um processo complexo e inexorável em

cima do qual os indivíduos, organizações e sistemas de informação lutam para manter alguma

semelhança de controle.

Para dialogar efetivamente por tais limites internacionais, os praticantes de Relações

Públicas devem acostumar-se a usar canais realmente diferenciados para construir

relacionamentos com audiências diferentes que têm sensibilidades culturais e necessidades de

informação divergentes, inclusive idioma.

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Ademais do conhecimento dos relacionamentos com públicos e canais de comunicação, é

também importante conhecer as variáveis relacionadas ao ambiente, assim como os modelos da

prática de Relações Públicas a o longo de sua história.

Desde modo, existe maior probabilidade de sucesso quando há uma combinação de

previsão teórica e informação, como também conhecimento prático e experiência, características

que refletem o profissionalismo nas Relações Públicas.

Culbertson et al (1993) realçaram a importância de reuniões sociais, contextos políticos e

econômicos para a prática de Relações Públicas, enfatizando que a consideração do contexto

político foca-se em ganhar apoio dos funcionários em relações de poder relacionados aos clientes

e ao grande público.

Baseado no Estudo Excelência2 (J. E. Grunig, 1992), Vercic, Grunig e Grunig (1996)

identificaram cinco variáveis ambientais que podem ser usadas para projetar estratégias de

Relações Públicas específicas para um determinado país, essas variáveis são:

1. Sistema político (ideologia política) 2. Sistema econômico 3. Grau de ativismo 4. Cultura 5. Sistema de meios de comunicação Sriramesh e Vercic (2003) notaram que, apesar da significação destas variáveis, poucos

estudos relacionaram variáveis empiricamente ambientais com Relações Públicas. Eles, no seu

Manual de Relações Públicas Global, incluíram 17 capítulos de países específicos que tentam

apresentar um suporte coerente para entender as variáveis ambientais de Relações Públicas

dinâmicas.

Assim, acompanhando o avanço do corpo de conhecimento em Relações Públicas Internacionais,

o presente trabalho ora apresentado, provê um panorama geral dos ambientes que afetam a

prática de Relações Públicas nos países da América Central.

2 O estudo da Excelência, é um projeto de anos, patrocinado pela Fundação de Pesquisa da IABC e encabeçado por James E. Grunig, professor de jornalismo da Universidade de Maryland e seus colegas colaboradores. Segundo afirma a fundação IABC, este esforço resultou no projeto de pesquisa mais amplo da história das Relações Públicas e que deu origem a primeira Teoria Geral de Relações Públicas. O objetivo do estudo Excelência é o de responder a duas questões fundamentais sobre as Relações Públicas e a administração da comunicação: 1. Quais são as características de um departamento de comunicação excelente? 2. Como a comunicação excelente torna uma organização mais eficaz e qual é o valor econômico dessa contribuição ? O estudo foi administrado em duas fases: a primeira fase do projeto correspondia à criação de uma teoria compreensiva das Relações Públicas baseada em uma extensa revisão da literatura de Relações Públicas e de literatura relacionada as áreas da Sociologia, Psicologia, Administração, Marketing, Filosofia, Antropologia, Comunicação e estudos sobre as mulheres. A segunda fase do projeto consistiu em entrevistas aos gerentes gerais, diretores de comunicação e mais de 4.500 funcionários de mais de 300 organizações nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá (Grunig, 1992,: 12).

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Paralelamente às variáveis ambientais, aborda-se nesta pesquisa os modelos de Relações

Públicas (Grunig e Hunt, 1984), praticados nos países centro-americanos. Estes autores

realizaram pesquisas para conhecer até que ponto organizações em diferentes países ao redor do

mundo praticam quatro modelos de Relações Públicas - quatro modos típicos para conceitualizar

e administrar a função de comunicação - e procuraram identificar qual destes modelos fornece

um suporte normativo para as Relações Públicas efetivas e éticas.

O presente estudo tem como finalidade tentar identificar se esses modelos estão presentes

na prática das Relações Públicas na América Central.

Esses modelos são:

1. Agência de imprensa/divulgação (enfatizando só publicidade favorável); 2. Informação pública (descobrindo informação precisa , não se ocupando de nenhuma

pesquisa ou outra forma de comunicação de duas mãos); 3. Assimétrico de duas mãos (enfatizando só os interesses da organização e não os interesses

dos públicos); 4. Simétrico de duas mãos (está baseado em pesquisa e usa a comunicação para aumentar a

participação pública e administrar conflito com públicos estratégicos).

Este estudo do ambiente de seis países escolhidos da América Central tenta dar

continuidade ou iniciar esse processo de pesquisa empírica adicional necessária dessa região,

conformeTaylor (2001).

Para dar ainda mais suporte teórico a esta tese, foram utilizadas obras de autores

brasileiros como Candido Teobaldo de Souza Andrade, Roberto Porto Simões, Margarida M.

Krohling Kunsch, Fábio França, Waldyr Gutierrez Fortes entre outros.

Porém, espera-se que tanto o referencial teórico como alguns aspetos deste estudo,

ofereçam uma aproximação que estimule aos interessados em correções providenciais, re-

interpretações e acréscimos, bem como forneça um incentivo para outros praticantes a estudar,

discutir e aprofundar mais sobre a prática das Relações Públicas na América Central.

Os desafios estão aí, mas com a troca permanente entre os profissionais de Relações

Públicas ao redor do mundo se poderá continuar gerando e socializando o estudo e corpo de

conhecimento da prática.

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1.5. Hipóteses

As hipóteses nesta pesquisa foram:

H1. Há uma forte relação entre as variáveis ambientais da Teoria Geral dos Estudos de

Excelência em Relações Públicas e a prática das Relações Públicas na América Central.

H2. Há evidência clara da adoção dos modelos de Relações Públicas, na prática das Relações

Públicas na América Central.

H3. Há possibilidade de adotar as teorias de Relações Públicas para testar e compreender a

prática das Relações Públicas na América Central

H4. Há uma forte relação entre os modelos e os papéis da prática de Relações Públicas na

América Central.

H5: Há uma diferença significativa entre os praticantes de Relações Públicas em termos de

níveis de educação e modelos da prática de Relações Públicas na América Central.

1.6. Procedimentos metodológicos

Utiliza-se nesta tese, especificamente, o método quantitativo de pesquisa survey. A pesquisa survey

pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou

opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo,

por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (Tanur apud

Pínsonneault & Kraemer, 1993).

Como principal característica do método de pesquisa survey pode ser citada o interesse em

produzir descrições quantitativas de uma população através do uso de um instrumento pré-

definido.

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Considerando os seus objetivos e propósitos, e seguindo a classificação de Pinsonneault &

Kraemer (1993), esta tese é explanatória, exploratória e descritiva. Explanatória, porque tem

como objetivo testar uma teoria e as relações causais; pois estabelece a existência de relações

causais, mas também questiona por que a relação existe. Exploratória, porque o objetivo é

familiarizar-se com o tópico ou identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, assim como dar

ênfase na determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem ser medidos, para

descobrir novas possibilidades e dimensões da população de interesse. Descritiva, porque busca

identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população;

descritiva uma vez que descreve a distribuição de algum fenômeno na população ou entre os

subgrupos da população ou, ainda, faz uma comparação entre essas distribuições.

Em face da natureza dos propósitos acima mencionados, a metodologia quantitativa foi

considerada a mais adequada e compatível para responder às hipóteses formuladas. Neste tipo de

survey a hipótese não é causal, mas tem o propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou

não de acordo com a realidade.

O fato de contar com uma amostra dispersa de praticantes também motivou a definição de uma

metodologia quantitativa, pois existe a possibilidade de examinar e aprofundar os estudos das

dimensões políticas, econômicas e culturais, assim como também, identificar os modelos

presentes na prática das Relações Públicas na América Central.

Em menor magnitude, este estudo utilizará, o método qualitativo para a descrição e interpretação

da base teórica.

Apesar de os métodos qualitativos ser considerados os mais adequados para o estudo de Relações

Públicas (Wakefield, 1997, p.141), uma grande variedade de enfoques quantitativos (pesquisa

survey, experimental, etc.), também tem sido utilizada para analisar a área de Relações Públicas.

Grunig (2000) afirmou que a pesquisa quantitativa survey pode ser usada para segmentar os

públicos. Elas também são boas para medir atitudes e opiniões.

A pesquisa quantitativa é apropriada para investigar processos humanos complexos que estão em

constante mudança e, nesse caso, as Relações Públicas formam parte desse contexto.

1.6.1. Constituição da amostra A melhor amostra é a representativa da população ou um modelo dela (Fink, 1995d). Contudo,

nenhuma amostra é perfeita; o que pode variar é o grau de erro ou viés.

Perrien, Chéron & Zins (1984) consideram que o processo de amostragem é composto pela

definição da população-alvo, pelo contexto de amostragem, pela unidade de amostragem, pelo

método de amostragem, pelo tamanho da amostra e pela seleção da amostra ou pela execução do

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processo de amostragem.

Este estudo utilizará a amostra não probabilística por quotas, ou seja, os participantes serão

escolhidos proporcionalmente a determinados critérios, visando garantir uma taxa de resposta

aceitável para o estudo.

A seleção e elegibilidade dos respondentes será baseada nos seguintes critérios: a) profissionais da

área de Relações Públicas; b) com mais de cinco anos de experiência; c) acadêmicos ou

profissionais que desempenham suas funções em organizações públicas ou privadas; d)

conhecedores das variáveis, modelos e princípios genéricos das Relações Públicas. Dentro dos

critérios estabelecidos, serão selecionados 120 profissionais, 20 em cada um dos seis países

centro-americanos (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador), que

compõem o universo deste estudo. Para contatar os 120 profissionais selecionados, assim como

também os cursos de Relações públicas foram consultados num primeiro momento os sites das

universidades centro-americanas (em anexo). Posteriormente consulta-se o site da FELAFACS

(www.felafacs.org), para detectar quais dessas universidades possuem cursos de comunicação

social (quadro em anexo). Também foi realizado um levantamento de associações ou conselhos

de classe, mas até o momento só se entrou em contato com agremiações no Panamá (Colégio de

Relacionistas Públicos de Panamá – COREPPA), e na Costa Rica (Asociación de Relacionista

Públicos de Costa Rica). Os listados como participantes em congressos, simpósios e outros

eventos internacionais de Relações Públicas também serão utilizados. Através do Consulado

Geral do Panamá em São Paulo, se procurará o endereço e telefone dos outros consulados da

América Central, visando obter as informações necessárias para o estudo. Se solicitará uma carta

do departamento de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de

São Paulo (apresentando o pesquisador e reforçando a importância de participar do processo de

pesquisa) e um briefing do estudo, destacando a metodologia que será aplicada e seus objetivos.

Posteriormente este material será enviado (via e-mail) aos respondentes.

1.6.2. Técnicas de coleta dos dados Uma vez selecionada a amostra, a etapa seguinte foi a aplicação do questionário.

O questionário foi aplicado pessoalmente3 ou quando possível enviado via e-mail a fim de tentar

agilizar esse processo. Aos respondentes, via e-mail, foi solicitado, se possível, encaminhar o

questionário a outros profissionais do país que eles conheciam ou que fornecessem os endereços

eletrônicos de outros colegas, para encaminhar-lhes o questionário. A aplicação dos questionários

3 O pesquisador realizou uma viagem a centro-américa em setembro e outubro de 2005, ficando 10 dias em cada país.

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se estipula num prazo máximo de 60 dias, visando aplicá-los e tê-los de volta o quanto antes

possível para iniciar a fase da interpretação e análise dos dados.

Na era da informação, podem ser levados estudos quantitativos a outros países usando uma

ordem ampla de técnicas de coleta de dados diferentes, entre elas o e-mail.

As pesquisas administradas por e-mail estão crescendo em popularidade. As pesquisas por e-mail

são exatamente o que o nome insinua: são auto-administradas através de questionários que

eletronicamente são enviados diretamente a respondentes potenciais. A vantagem principal:

velocidade. Desde que são enviados os questionários por e-mail para as caixas postais eletrônicas

de respondentes potenciais, eles adquirem atenção imediata, principalmente quando está

relacionado ao campo profissional do destinatário. As principais deficiências: uma inabilidade

para formatar os questionários adequadamente; problemas relativos a perguntas de "salto" e o

fato de se precisar muito tempo para preenche-lo, os questionários são mandados de volta com

dados incompletos ou podem perder-se.

Estas são as vantagens principais de pesquisa por e-mail: amostras grandes são possíveis de atingir

em curto tempo, normalmente podem ser levados estudos mais rápidos e mais baratos que

usando outros métodos; podem ser analisados dados continuamente; quer dizer, a pessoa pode

aportar diretamente em ferramentas estatísticas e bancos de dados quando os questionários

completados são devolvidos.

Estas são as desvantagens principais das pesquisas por e-mail: normalmente são auto-selecionados

os respondentes; assim, há limitação ou freqüentemente nenhum controle do desenho e seleção

da amostra; provar a probabilidade não é, contudo ,(e nunca pode ser) realizável e, a validação de

identidade do respondente pode ser um problema.

Se sua consideração primária é rapidez do estudo de início a fim ou em algumas fases da

pesquisa, a melhor metodologia seria sem dúvida por e-mail.

Neste estudo, combinam-se dois métodos estratégicos de aplicação do questionário tipo Likert, a

aplicação pessoal e o envio por e-mail.

1.6.3 Limitações da pesquisa

Em termos gerais, esta pesquisa se deriva da necessidade de conhecer a prática das Relações

Públicas na América Central. Assim, questões relativas à origem do campo não puderam ser

desenvolvidas em alguns países, pela falta de material bibliográfico ou pelo desconhecimento das

pessoas entrevistadas. Apesar desse limite, conseguiu-se deixar a inquietação nesses países

(Guatemala, Honduras e Nicarágua), a necessidade de resgatar a história das Relações Públicas

para as atuais e futuras gerações de profissionais das Relações Públicas Globais.

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Por outro lado, a pesquisa de campo junto aos países centro-americanos apresentou limitações

determinantes no tempo disponível para a realização da pesquisa em cada país (dez dias),

considerando que tanto fatores sóciopolíticos, financeiros e da natureza comprometeram um

pouco o desenvolvimento da pesquisa de campo.

Por último, sugiram dificuldades relacionadas à problemática dos questionários que não foram

respondidos nem via e-mail nem pessoalmente. Isso limitou a possibilidade de realizar uma análise

e interpretação em profundidade.

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CAPÍTULO

2 RELAÇÕES PÚBLICAS: CONCEITOS, TEORIAS E

MODELOS DA PRÁTICA 2.1. Relações Públicas e seus conceitos e definições principais Existe inquietude em relação à definição do conceito de Relações Públicas. Segundo Roberto

Porto Simões, nas diversas obras existentes sobre Relações Públicas a definição conceitual da

atividade, por vezes, equivale aos seus objetivos, outras aos seus instrumentos e em outras a sua

ótica. Disse Porto Simões que se observam documentos, pensamentos científicos elaborados no

âmbito da academia das Relações Públicas onde se misturam as esferas da epistemologia, da

teoria, da prática, do mercado de trabalho, dos aspectos legais, da ótica e da política desta área da

economia, sem perceber a confusão que estão construindo e provocando nos diversos segmentos

da comunidade de Relações Públicas. Professores e alunos defrontam-se com dificuldades no

que diz respeito ao que estão explicando e ao que deveriam estar entendendo sobre "Relações

Públicas".

O termo Relações Públicas, quando utilizado isoladamente sem uma explicação anterior

(disciplina, profissão, profissional, atividade, função), pode ser alvo de interpretações distorcidas.

Surpreende a existência de 427 definições conceituais de Relações Públicas, algumas semelhantes,

outras totalmente distintas levantadas por Horlow em 1974, conforme relato de Priess (1997, p.

121).

A falta de consenso e o caos reinam nesta esfera do conhecimento, levando alguns a dizer que se

trata de uma ciência, apesar de não saberem defender esta idéia e outros, que não percebem

elementos de cientificidade, o que transforma as Relações Públicas (na ótica deles) em uma

técnica ou, pior ainda, de um "esforço, planejado e contínuo".

Esta situação transformou-se num problema complexo mais do que simplesmente a falta de uma

definição universalmente aceitável.

A dificuldade para desenvolver uma única definição aceitável, reflete a complexidade e

diversidade da profissão.

Com a finalidade desta discussão, várias definições são úteis para a análise que é necessária.

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2.1.1. O Conceito ou as Definições das Entidades:

Institutos e associações no mundo todo já têm dado a sua contribuição na definição do que são

as Relações Públicas. A seguir, apresentamos algumas destas definições.

TABELA 1. Definições de Relações Públicas de Entidades

Sociedade de Relações Públicas de América - Public Relations Society of America

As Relações Públicas ajudam nossa complexa sociedade pluralista a alcançar decisões e função mais efetivas para contribuir com a compreensão mútua entre grupos e instituições. Esta serve para trazer público e políticas públicas com harmonia. As Relações Públicas servem a uma extensa variedade de instituições na sociedade tais como negócios, uniões de comércio, agências de governo, associações de voluntários, fundações, hospitais e instituições educacionais e religiosas. Para alcançar suas metas, essas instituições desenvolvem mais relacionamentos efetivos com as diferentes audiências ou públicos tais como empregados, membros, consumidores, comunidade local, shareholders e outras instituições, e com a ampla sociedade.

Declaração do México, 1978, Primeira Assembléia Mundial de Associações de Relações Públicas. (Definição da I Assembléia Mundial de Associações de Relações Públicas. realizada na cidade do México, em agosto de 1978, aprovada por 33 associações nacionais da América, Europa e África).

.O exercício da profissão de Relações Públicas requer ação planejada, com apoio da pesquisa de comunicação sistemática e participação programada, para elevar o nível de entendimento, solidariedade e colaboração entre uma entidade pública ou privada, e os grupos sociais a elas ligados, num processo de interação entre interesses legítimos, para promover seu desenvolvimento recíproco e da comunidade a que pertencem.

Instituto Britânico de Relações Públicas

Preferiu colocar o foco de sua definição da atividade na COMPREENSÃO MÚTUA, que deve ser objetivada entre as partes envolvidas.

ABRP - Associação Brasileira de Relações Públicas:

Entende-se por Relações Públicas o esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente.

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IPRA - lnternational Public Relations Association

Relações Públicas é a arte e a ciência de analisar tendências, predizer conseqüências, assessorar os líderes das organizações (alta administração) e implantar programas de ação planejada que sirvam tanto aos interesses da organização como aos do público considerado.

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2.1.2. O Conceito ou as Definições de Autores Internacionais:

TABELA 2. Definições de Relações Públicas de Autores Internacionais

Edward L. Bernays

<<Relações Públicas>> tem três significados; primeiro; informação que se dá ao público; segundo, a construção da estratégia que centramos e dirigimos em direção ao público para modificar suas atitudes e ações; e terceiro, a soma dos esforços para poder integrar as atividades e ações de uma organização com seus públicos e os do público com esta organização para que ambos se beneficiem. Portanto, um consultor em Relações Públicas é um experto que assessora sobre as relações de nosso cliente com os distintos públicos, aconselhando aos mesmos como modificar ou potenciar as distintas formas de comportamento, atitudes ou ações para que coincidam com os interesses do público e os nossos.

Denny Griswold, fundador da revista PR News (citado em J. Grunig & Hunt),

As Relações Públicas são uma função administrativa que avaliam a atitude do público, identificam a política e procedimento de um indivíduo ou organização com interesse público, e executa um programa de ação destinado a atrair a compreensão e aceitação do público. Relações Públicas são a função de administração que avalia atitudes públicas, identifica as políticas e procedimentos de um indivíduo ou uma organização com o interesse público. Planeja e executa um programa de ação para ganhar compreensão pública e aceitação.

Bertrand Canfield Sam Black

Relações Públicas como esforço deliberado, planejado e sustentado para estabelecer e manter a mútua compreensão ou o entendimento entre uma organização e seus públicos.

Sam Black As Relações Públicas constituem uma contribuição para a direção de empresas. São a arte e a ciência de analisar tendências, predizer suas conseqüências, aconselhar à direção da organização e instaurar programas planificados de ação que sirvam tanto ao interesse da organização como do público.

Harod Childs As Relações Públicas são aqueles aspectos de nossa conduta pessoal e corporativa que têm uma importância social mais que tão só optivada e pessoal.

Frank Jefkins Relações Públicas consistem em todas as formas de comunicação planejada, externa e interna, entre uma organização e seus públicos com a finalidade de alcançar objetivos específicos de compreensão mútua.

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Kotler e Mindak

As Relações Públicas existem para produzir a boa vontade dos diversos públicos da companhia, com o propósito de que estes não interfiram na capacidade da companhia para obter dividendos.

Frazier Moore e Bertrand Canfield

Relações Públicas é uma filosofia social da gerência, expressada em políticas e procedimentos que, com uma interpretação sensitiva de eventos baseados em comunicação bilateral com seu público, se esforça em garantir mútuo entendimento e boa vontade.

Merton Fiur, Precisão de Relações Públicas

Relações Públicas é função de administração, principalmente, responsável para amoldar e implementar políticas de mediação entre reunião social, interesses políticos, e econômicos capazes de influenciar a sobrevivência e/ou de crescimento da franquia básica de uma organização. Para este fim, a função de Relações Públicas tem também responsabilidade por identificar as forças e efeitos de mudança no ambiente da organização para se antecipar as necessidades novas e potenciais por mediação e informar toda outra atividade antecipatória dentro da organização.

Rex F. Harlow, 'Construindo Uma Definição de Relações Públicas ', Public Relations Review

As Relações Públicas são a função de administração distintiva que ajuda, estabelece e mantêm linhas mútuas de comunicação, compreensão, aceitação, e cooperação entre uma organização e seus públicos; envolve a administração de problemas ou assuntos; administração de ajudas para manter informada a opinião pública; define e enfatiza a responsabilidade da administração para servir o interesse público; e usa pesquisa e comunicação ética como suas ferramentas principais

Scott Cutlip, Alien, Center, e Glen Bloom, Relações Públicas Efetivas - Effective Public Relations, (Cutlip, Center, & Bloom,):

Relações Públicas são a função de administração que estabelecem e mantêm relações mutuamente benéficas entre uma organização e os públicos em quem seu sucesso ou fracasso depende. As Relações Públicas são o esforço planejado para influenciar a opinião mediante o bom caráter e a execução responsável baseadas em uma comunicação de duas direções mutuamente satisfatórias.

Don E. Schultz e Beth E. Barnes, Campanhas Estratégicas de Propaganda - Strategic Advertising Campaigns (Schultz & Barnes,):

A função de Relações Públicas é uma das áreas mais diversas do marketing de comunicações. Relações Públicas, amplamente definido, são as preocupações com as comunicações de uma organização entre seus vários públicos. Esses públicos podem incluir os provedores de companhias, seus empregados, seus acionistas, ou consumidores de seus produtos, e a grande comunidade.

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2.1.3. O Conceito ou as Definições de Autores Brasileiros:

TABELA 3. Definições de Relações públicas de Autores Brasileiros

Cândido Teobaldo de Souza Andrade

Relações Públicas eram uma técnica de Comunicação, mais tarde aceitávamos Relações Públicas corno função administrativa e, finalmente (... ) defendemos hoje que Relações Públicas são um método de ação. Relações Públicas são um método dinâmico resultante da aplicação sistemática de ciências e técnicas em direção a um determinado efeito, ou seja, a formação do público e, conseqüentemente, da opinião pública corno realidade."

Roberto Porto Sim6es A atividade de relações públicas é a gestão da função política da organização."

Jos6 Xavier de Oliveira RP pode ser considerada uma ciência ética, operativa, cultural e compreensiva normativa, sem esquecer que, como toda a arte, ela se utiliza de instrumentos emprestados por outras ciências, especulativas e operativas. A atividade de Relações Públicas começa a adquirir sentido prático quando não se mencionam as considerações sobre a natureza científica e se passa a considerar a atividade de Relações Públicas como unia função administrativa.

Margarida M. Krohling Kunsch

“Na prática, as relações públicas buscam criar e assegurar relações confiantes ou formas de credibilidade entre as organizações e os públicos com os quais elas se relacionam. Evidentemente, isso exige tempo, pesquisas auditorias, diagnósticos (para avaliar o grau de relacionamento da organização com os seus públicos), planejamento, participação programada, implementação de resultados”.

Waldir Gutierrez Fortes Quem faz Relações Públicas das empresas são elas próprias por intermédio de tudo que fizerem ou deixarem de fazer, cabendo ao profissional da área instrumentalizar a sua direção, pelo exercício eficiente da função de assessoramento e pela execução de tarefas conseqüentes, operacionalizando os procedimentos necessários ao relacionamento público dos organismos.

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2.2. Características de uma função de Relações Públicas excelentes

Podem ser colocadas as características de uma função de Relações Públicas excelente em

cinco categorias que são discutidas por J. Grunig e L. Grunig (2003). Cada uma delas contém

várias características que podem ser examinadas em uma organização. A seguir apresenta-se uma

síntese dessas características.

2.2.1. Autorização da função de Relações Públicas

Visa contribuir com a efetividade organizacional. A organização tem que autorizar a

administração de comunicação como uma função de administração crítica para Relações Públicas.

A Autorização da função de Relações Públicas tem quatro características excelentes. As primeiras

três consideram o relacionamento em Relações Públicas à administração global da organização:

O executivo de Relações Públicas sênior é envolvido com os processos de administração

estratégica da organização e são desenvolvidos programas de comunicação para públicos

estratégicos identificados como uma parte deste processo de administração estratégico. As

Relações Públicas contribuem para a administração estratégica, esquadrinhando o ambiente para

identificar os públicos afetados pelas conseqüências de decisões ou quem poderia afetar o

resultado de decisões. Um departamento de Relações Públicas excelentes se comunica com estes

públicos para trazer as suas vozes em administração estratégica, enquanto torna isto possível para

que os públicos estratégicos (stakeholder) tenham participação em decisões organizacionais que os

afetam.

Nos departamentos de Relações Públicas excelentes, são administrados e organizados programas

de comunicação, para comunicar-se com públicos estratégicos. Se os meios estratégicos desses

programas são bem administrados, em lugar de usar técnicas rotineiras ao implementá-los, seus

objetivos concretos e mensuráveis serão avaliados formalmente ou informalmente com pesquisa

formativa. Além disso, o pessoal de Relações Públicas pode prover evidência para mostrar que

estes programas alcançaram os seus objetivos a curto prazo e que melhoraram as relações a longo

prazo entre a organização e seus públicos.

O executivo de Relações Públicas sênior é um membro da coalizão dominante da organização e

tem uma relação direta com os gerentes seniores que fazem parte da cúpula da organização.

Quando a função de Relações Públicas não é envolvida com a administração estratégica, não terá o

poder para afetar as decisões chave na organização. Mas quando o executivo de Relações Públicas

sênior pertence ou tem acesso ao grupo de gerentes seniores que possuem o poder na

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organização, ele poderá participar na tomada de decisões que afetam os diferentes públicos da

organização.

A quarta característica de autorização, enfoca a diversidade étnica ou de gênero de praticantes na

função de Relações Públicas em todos os papéis de Relações Públicas. O princípio de variedade

requerida (Weick, 1979) sugere que as organizações precisam de muita diversidade interna e

externa se ela pretende interagir prosperamente com todos os elementos estratégicos dos seus

ambientes.

Então, departamentos de Relações Públicas excelentes contratam praticantes de Relações

Públicas de diversos grupos culturais e gênero.

Por outro lado, as organizações esperam que esses praticantes sejam profissionais de Relações

Públicas multiculturais abertos a pessoas diferentes e que tenham a habilidade para aprender de

pessoas de grupos diferentes. Especialmente, organizações multinacionais precisam desse tipo de

profissionais de Relações Públicas para trabalhar efetivamente em muitos países ao redor do

mundo.

2.2.2. Papel de comunicador Pesquisadores de Relações Públicas (por exemplo, Broom , 1982,; Dozier & Broom, 1995)

administraram pesquisa extensa em dois papéis principais que os comunicadores jogam na

organização -o gerente e o técnico.

Os técnicos de comunicação são essenciais para levar a cabo a maioria das atividades de

comunicação cotidianas dos departamentos de Relações Públicas, e muitos praticantes fazem

papéis de gerente e técnico. Porém, em departamentos menos-excelentes todo o praticante de

comunicação - inclusive o superior em cargo - são técnicos. Se o comunicador sênior não for um

gerente, não é possível para Relações Públicas ser autorizado como uma função de administração

porque não há nenhum gerente no departamento. São relacionadas três características de

excelência em Relações Públicas ao papel administrativo:

• Que a unidade de Relações Públicas seja dirigida por um gerente estratégico em lugar de

um técnico ou um gerente administrativo. Unidades de Relações Públicas excelentes têm

que ter pelo menos um gerente de comunicação sênior que conceitualize e dirija

programas de Relações Públicas ou outros membros da coalizão dominante que tem

pouco conhecimento de administração de comunicação ou de construir relacionamentos

proverá esta direção. Além disso, os resultados do Estudo de Excelência em Relações

Públicas distinguiram entre dois tipos de gerentes seniores: gerente estratégico e um

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gerente administrativo. Gerentes administrativos administram tipicamente as operações

da função de comunicação, administram pessoal e administram o orçamento.

Eles geralmente são os supervisores de técnicos em lugar de gerentes estratégicos. Se o

oficial de negócios públicos sênior é um gerente administrativo em lugar de gerente

estratégico, o departamento normalmente não será excelente.

• O executivo de Relações Públicas sênior ou outros na unidade de Relações Públicas têm

que ter o conhecimento necessário do seu papel de gerente ou a função de comunicação

não terá o potencial para se tornar uma função administrativa. Programas de Relações

Públicas excelentes são providos de pessoal profissional, praticantes que ganharam o

conhecimento necessário para levar a cabo o papel de gerente por educação universitária,

enquanto dando continuidade à educação ou auto-estudo.

• Homens e mulheres têm que ter oportunidade igual para ocupar o papel administrativo

em um departamento excelente. A maioria dos profissionais de Relações Públicas são

mulheres. A pesquisa de L. A. Grunig, Toth, & Hon, (2000), também estabeleceu que

aquelas praticantes femininas são as melhores educadas neste campo e provavelmente

tiram proveito das oportunidades de desenvolvimento profissional. Se as mulheres são

excluídas do papel administrativo, a função de comunicação pode ser diminuída porque a

maioria dos praticantes bem formadas serão excluídos daquele papel. Quando isso for o

caso, a posição sênior no departamento de Relações Públicas estará tipicamente ocupada

por um técnico ou por um praticante de outra função administrativa que tem pouco

conhecimento de Relações Públicas.

2.2.3. Organização da função de comunicação e sua relação com outras funções de administração Segundo J. Grunig e L. Grunig (2003, p. 325-326), muitas organizações têm um único

departamento dedicado a todas as funções de comunicação. Acrescentam os autores, que outros

têm departamentos separados para programas voltados aos diferentes públicos como jornalistas,

empregados, a comunidade local ou a comunidade científica. Ainda outros colocam comunicação

debaixo de outra função administrativa como marketing, recursos humanos, Assessoria legal ou

finanças. Muitas organizações também contratam ou consultam com empresas externas para tudo

ou alguns dos seus programas de comunicação ou para tais técnicas de comunicação como

relatórios anuais ou boletins informativos. São relacionadas duas características à função da

organização:

• Relações Públicas deveriam ser uma função de comunicação integrada. Uma função de

Relações Públicas excelentes integra todos os programas de negócios públicos em um

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único departamento ou provê um mecanismo para coordenar programas administrados

por departamentos diferentes. Só em um sistema integrado é possível para Relações

Públicas desenvolverem novos programas de comunicação para mudar os públicos

estratégicos e mover recursos de programas antiquados que antigamente se projetaram

para públicos estratégicos a novos programas.

• Relações Públicas deveriam ser uma função de administração separada de outras funções.

Embora a função de Relações Públicas seja integrada em uma organização excelente, a

função não deveria ser colocada em outro departamento cuja responsabilidade primária é

uma função de administração diferente de comunicação. Muitas organizações fragmentam

as Relações Públicas quando funcionam fazendo a comunicação uma ferramenta de apoio

para outros departamentos como recursos humanos.

Quando a função de Relações Públicas é desmembrada a outras funções, não pode ser

administrada estrategicamente porque não pode mover recursos de comunicação de um público

estratégico para outro como uma Relações Públicas integrada funciona.

2.2.4. Ética J. Grunig e L. Grunig (2003, p. 325-326), determinam que para alcançar a excelência é necessário

incorporar ética e responsabilidade social na prática de Relações Públicas. L. A. Grunig et aI.,

(2002, p. 554) reconheceu que o princípio ético requer pesquisa adicional, porque freqüentemente

os praticantes de relações públicas servem como os oficiais de ética ou consciência das suas

organizações. Precisamente porque as Relações Públicas são a função que introduz os valores e

problemas de stakeholders em decisões estratégicas e isso estabelece um elemento moral nessas

decisões.

2.3. Modelos de Relações Públicas Os modelos de Relações Públicas formam parte das categorias e características anteriormente

desenvolvidas, mas como eles são suporte desta tese, considerou-se conveniente estudá-los com

maior profundidade.

Primeiramente, é importante assinalar que em linguagem científica, um modelo é uma

representação da realidade. Com isso e estudando o desenvolvimento da profissão de Relações

Públicas através da história, James Grunig e Todd Hunt (1984) passaram a utilizar o termo

"modelos" para descrever os quatro tipos de Relações Públicas que vêm sendo praticados desde a

metade do século XIX, quando convencionalizou-se pontuar o início do desenvolvimento da área de

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Comunicação Social - e de Relações Públicas como uma subparte da mesma - na sociedade

ocidental, muito especialmente entre Estados Unidos e Inglaterra.

É fundamental, entretanto, enfatizar que, como todo "modelo", as estruturas apresentadas aqui

são, na verdade, abstrações. Isso porque a mente humana não pode assimilar ou reter: a realidade

de modo global, mas pode isolar os diversos aspectos da realidade e estudá-Ios particularmente.

Então, utilizamos estes "fragmentos de realidade" para construir e processar idéias e raciocínios,

que modelam a realidade com que trabalhamos, muito embora eles também a simplifiquem,

porque não conseguem traduzi-Ia de modo hegemônico.

Nem todo profissional isolado poderá implantar qualquer modelo perfeitamente, mas os modelos

sugerem perfis nos quais pode-se encaixar os profissionais que se conhece.

A tabela abaixo sumariza os 4 modelos de RP existentes:

• Press agentry / publicity - promoção/divulgação

• Public information - Informação pública

• Two-way asymmetric model - Modelo Assimétrico de mão-dupla . Two-way

• symmetric model - Modelo Simétrico de mão-dupla

Historiadores de Relações Públicas têm usado termos rudes para definir os diferentes tipos de

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Relações Públicas. Eric Goldman (1948) falava em 'o público ser enganado' - para a fase da

assessoria de imprensa, e 'o público ser informado' - para a fase da informação pública. Da

mesma maneira os termos comunicação em uma mão e DUAS MÃOS pode ser encontrado em

CUTLlP e CENTER. Uma maior elaboração desta idéia pode ser encontrada em THAYER

(1968), quando ele se refere a:

Comunicação sincrônica: sincronizar o comportamento do público com a organização de forma

que a organização possa continuar seu caminho sem interferências.

Comunicação diacrônica: negociar os interesses de modo que tanto a organização quanto o

público sejam beneficiados.

Em suas pesquisas Grunig não conseguiu reunir elementos suficientes para demonstrar as

diferenças de comportamento das Relações Públicas baseados unicamente na diferença apontada

por Thayer, e então decidiu trabalhar com os conceitos de Comunicação SIMÉÉTRICA e

ASSIMÉTRICA para descrever os propósitos de Relações Públicas como o esforço para

equilibrar antes do que desequilibrar a comunicação e seus efeitos.

Na metade do Século XIX, aparece o primeiro modelo de Relações Públicas: o MODELO DE

ASSESSORIA DE IMPRENSA/DIVULGAÇÃO, que em aquele tempo os jornalistas já

praticavam.

No início do Século XX, surgiu o segundo modelo de Relações Públicas: o MODELO DE

INFORMAÇÃO PÚBLICA. Ele se desenvolveu contra o ataque de jornalistas às grandes

corporações e ao governo - chegando a conclusão de que se precisava mais do que propaganda

para se defender na mídia. Em geral, neste modelo os profissionais só enfatizam as boas coisas,

mas naquela época as informações eram geralmente verdadeiras e exatas.

Esses dois modelos representam uma abordagem de mão-única: a disseminação da informação da

organização para os públicos, em geral através da mídia.

Na I Guerra, alguns profissionais começaram a trabalhar baseados nas teorias do comportamento

e das ciências sociais, como Edward Bernays, considerado como papa das Relações Públicas.

A introdução desses elementos (comportamentalismo e ciências sociais) trouxeram às Relações

Públicas uma abordagem de ciência, e como ciência não se faz sem pesquisa, este foi o início das

Relações Públicas de DUAS MÃOS. A ciência também é baseada em teoria, e as teorias

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marcantes desta época foram as da propaganda, persuasão e a 'engenharia/fabricação do

consenso'. É nesta época que surge o MODELO ASSIMÉTRICO DE DUAS MÃOS.

Segundo Olasky (1987,1989), Bernays acreditava que os homens podiam ser manipulados para o

bem ou para o mal (ex: propaganda nazista).

Embora muitas das suposições do MODELO SIMÉTRICO DE DUAS MÃOS já fossem

encontradas em escritos de Lee, Bernays, John Hill como: dizer a verdade, administrar

entendendo o ponto de vista dos públicos tão bem quanto estes devem conhecer os pontos de

vista da administração, esses propósitos raramente eram colocados em prática.

O MODELO SIMÉTRICO DE DUAS MÃOS usa a pesquisa e outras formas de comunicação

para facilitar o entendimento e a comunicação e não para identificar as mensagens que mais

facilmente irão motivar e persuadir o público.

Para Grunig, atualmente, todos estes modelos são praticados no dia-a-dia. O autor acha que esses

modelos servem para identificar a evolução histórica das Relações Públicas.

2.3.1. Estes modelos existem no mundo real? Muitos profissionais descartam o auxílio das teorias para suas práticas cotidianas, mas estas

pessoas não entenderam direito o significado da teoria e não consideram duas questões

importantes decorrentes da avaliação dos modelos: se eles fornecem uma teoria normativa ou

positiva das Relações Públicas, e caso de uma teoria positiva, se o modelo descreve exatamente o

que ocorre na realidade.

Teoria Normativa: define como as coisas devem ser ou como a atividade deveria ser.

Teoria Positiva: são usadas para entender os problemas, considerando as teorias normativas são

usadas para resolver os problemas.

Os quatro modelos podem ser entendidos como Teorias Normativas inclusive o MODELO

SIMÉTR!CO DE DUAS MÃOS - que define como a excelência em Relações Públicas deveria

ser praticada. E ainda, os quatro modelos descrevem como as Relações Públicas são aplicadas, o

que os faz também Teorias Positivas de Relações Públicas.

O autor acredita que - normativamente - o MODELO SIMÉTR!CO DE DUAS MÃOS define a

melhor maneira de se praticar Relações Públicas e que, positivamente, o modelo faz o melhor

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2.3.1.4. Exatidão

Os modelos teóricos não seriam exatos se existisse no mundo real mais modelos sendo

praticados ou se os modelos pudessem ser agrupados em um menor número. Segundo as

pesquisas de Grunig estes modelos estão exatos (p. 297).

2.3.2. Por que as organizações praticam os quatro modelos? Para desenvolver uma teoria positiva, Grunig tem se apoiado na abordagem do controle-poder

para explicar o comportamento das organizações. Esta visão tem se tornado dominante na

sociologia organizacional. De acordo com a teoria do controle-poder, as organizações fazem o

que fazem devido a uma coalizão do seu núcleo de poder - a coalizão dominante. Seguindo esta

perspectiva Grunig tenta explicar porque a coalizão dominante escolhe determinado modelo para

a prática das Relações Públicas. Para isto, três conceitos são importantes:

2.3.2.1. Cultura Organizacional

A cultura organizacional tem uma forte influência em quem controla o poder e como a

organização pratica Relações Públicas. A relação entre cultura e poder parece ser circular: As

pessoas do poder desenvolvem uma cultura da organização e a cultura influencia quem está no

poder. Ernest (1985) define 4 tipos de cultura pela interação de duas dimensões: autoritária X

democrática; e reativa X pró-ativa.

• Cultura sistematizada: autoritária e reativa • Cultura Empreendedora: autoritária e pró-ativa • Cultura Interativa: democrática e reativa • Cultura Integrada: democrática e pró-ativa

A maioria das culturas empreendedoras seguem o Modelo de Relações Públicas de Assessoria de

Imprensa. Nas culturas integradas, os modelos preferidos são os ASSIMÉTRICO e

SIMÉTRICO DE DUAS MÃOS.

Sriramesh, Grunig e Buffington, caracterizaram a cultura organizacional entre autoritárias

(sistemas fechados) e participativas (sistemas abertos). As diferenças de cultura demonstram

como a coalizão dominante exerce seu poder.

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2.3.2.2. Potencial do Departamento de Relações Públicas

Os Departamentos de Relações Públicas têm mais potencial se o seu executivo for um

administrador e não um técnico. A utilização de um dos modelos está diretamente ligada ao grau

de informação sobre a área de que dispõe o profissional. Se alguém sabe mais sobre os modelos

de DUAS MÃOS eles têm mais facilidade em praticá-los. Ao contrário, os profissionais que

preferem os modelos de mão única têm poucas informações a respeito dos modelos de DUAS

MÃOS.

2.3.2.3. Esquema para Relações Públicas Muitos estudos têm apontado para uma relação positiva entre os profissionais que utilizam os

modelos de DUAS MÃOS e a sua formação e o nível de informação de que dispõe da profissão.

O modo como o profissional compreende a atividade produz um esquema para as Relações

Públicas na organização.

Este esquema é amplo e integrado no bloco de conhecimentos que as pessoas desenvolvem para

dar sentido aos seus mundos. Freqüentemente um esquema de Relações Públicas permite que o

profissional execute somente um único modelo. A confusão entre Relações Públicas e Marketing

também impõe limites ao esquema de Relações Públicas dentro da organização. Um esquema de

Relações Públicas pode ser ampliado de duas maneiras: treinamento do pessoal de Relações

Públicas e educar os membros da coalizão dominante para outras visões de Relações Públicas.

2.3.3. Quando a coalizão dominante escolhe Relações Públicas de excelência? A coalizão dominante influencia na escolha do modelo de Relações Públicas quando identifica

públicos estratégicos no ambiente como públicos alvo de Relações Públicas (empregados,

comunidade financeira, grupos ativistas ou consumidores). A coalizão dominante avalia a cultura

organizacional, o esquema de Relações Públicas e o potencial do departamento de Relações

Públicas.

Uma organização com um ambiente complexo e turbulento e uma estrutura orgânica encontra no

modelo SIMÉTRICO uma escolha racional para o programa de Relações Públicas. Mas, a

racionalidade sozinha não basta, para assegurar a realização de um programa SIMÉTRICO. O

executivo de Relações Públicas deve fazer parte da coalizão dominante. .

Pode-se afirmar com bastante segurança que os modelos, em primeiro lugar, diferem quanto à

sua proposta, ou seja, diferem no básico, no que se refere a função que cumprem para a

organização às quais estão ligados.

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O RP desenvolve uma função de propaganda no modelo n° 1 ou "agente de imprensa I

divulgador". Os profissionais que seguem este estilo de RP divulgam "a fé" na organização da

qual participam, estimulam a credibilidade da empresa ou, nem isso, buscam que o nome ou a

marca de sua empresa esteja sempre sendo referenciado, ainda que ás vezes com informações

incompletas, distorcidas ou apoiadas em meias verdades. É o reinado (ou começo do reinado) da

IMAGEM em Relações Públicas.

Para o modelo n° 2 ou de "informação pública", a proposta básica, o mote principal é a

divulgação e disseminação da informação, não necessariamente com intenção persuasiva. Neste

caso a função do RP é semelhante à de um assessor de imprensa autônomo, cujo trabalho não vai

além da necessidade de reportar objetivamente, para o público focado, informações diversas

sobre a organização.

Profissionais adeptos do modelo no3 ou "assimétrico de duas mãos" tem função similar à do

agente de imprensa/divulgador, entretanto, a proposta que perseguem pode ser melhor descrita

como persuasão científica. Neste caso, utiliza-se muito o que se sabe (ou do que se depreende)

das ciências sociais e de pesquisa a respeito de atitudes e comportamento humano para convencer

a opinião pública a aceitar o ponto de vista da organização e permanecer numa condição que, se

não apóie, ao menos não atrapalhe seus interesses.

Já no modelo n° 4 ou "simétrico de duas mãos", o profissional serve como um mediador entre a

organização e seus públicos. Seu objetivo é o entendimento mútuo entre as partes envolvidas.

Estes profissionais podem usar as teorias e métodos das ciências sociais, mas eles mais

freqüentemente se utilizam das teorias da comunicação ou, ainda melhor, da persuasão para

planejamento e posterior avaliação de Relações Públicas.

2.3.4. Pesquisa e modelos de Relações Públicas Pesquisa é um importante componente das modernas Relações Públicas. Hoje em dia, embora

ainda não se tenha atingido a totalidade dos profissionais, ou pelo menos a maioria, como seria o

ideal, vários profissionais - e, neste sentido, são os mais sérios e competentes - estruturam suas

atividades em pesquisas prévias que Ihes definem o ambiente em que deverão trabalhar. De

forma geral, é fácil identificar em que modelo básico o profissional se insere apenas verificando

se ele faz ou não uso de pesquisa e de que tipo de pesquisa se trata.

Todos os profissionais de RP fornecem informações aos seus públicos, entretanto, o que muda

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entre eles é o objetivo com que diferentes profissionais elaboram seus materiais e divulgam suas

informações, e qual, afinal, é a estratégia que perseguem.

Apenas os profissionais, que empregam os dois modelos chamados de “duas mãos” empregam a

pesquisa como um componente realmente importante de seu trabalho. A tabela apresentada

anteriormente, mostra que o modelo "agência de imprensaIdivulgação (1) raras vezes emprega a

pesquisa, preferindo a observação informal ou a simples verificação se seus materiais teriam sido

utilizados na mídia.

Os profissionais do modelo (2) informação pública; também fazem pouco uso da pesquisa. Eles

seguem o modelo jornalístico de preparação e difusão de materiais junto a públicos diversos.

Eventualmente, podem efetuar testes de nível de dificuldade de penetração da informação junto

ao seu público-alvo e estudos e análises posteriores quanto à assimilação e/ou efetivo emprego

das informações divulgadas. Mesmo assim, os especialistas em difusão da informação pública

têm, na verdade, uma idéia muito vaga quanto ao que realmente acontece com o material

produzido e distribuído.

Em contraste, a pesquisa desempenha um papel muito importante em ambos os modelos de

“duas mãos”; ela é, de fato, a razão pela qual esses modelos tem esse nome.

2.3.4.1. Dois tipos de pesquisa existentes

Dois tipos básicos podem ser indicados:

Pesquisa quantitativa (formativaIconstitutiva)

Pesquisa qualitativa (avaliativa)

A pesquisa quantitativa ajuda a delinear o quadro em que se trabalha, planejar as atividades que

serão desenvolvidas e os objetivos que serão atacados.

Já a pesquisa qualitativa é comumente realizada a posteriori e nos ajuda a avaliar se os objetivos

definidos foram efetivamente alcançados. '

No modelo assimétrico de Relações Públicas o profissional usa a pesquisa quantitativa para

determinar o que o público poderá aceitar ou tolerar segundo o perfil traçado do alvo sobre o

qual se trabalhará. Com isso, para citar-se uma das definições de Relações Públicas já comentadas

“o profissional identifica as políticas e os procedimentos de um indivíduo ou de uma organização em razão do

interesse público”. Assim, pode-se dizer que a pesquisa quantitativa é formativa em relação à

estratégia que deve ser definida e não em relação ao público sobre o qual se trabalhará; são os

dados obtidos na pesquisa que subsidiarão o profissional no estabelecimento das atividades que

serão efetivamente empregadas.

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Como já foi comentado, quando os profissionais ligados ao modelo assimétrico de duas mãos

implementam uma pesquisa, sempre examinam o feedback alcançado como um técnico presta

atenção a um termostato. O profissional mede atitudes e comportamentos antes e depois do

projeto ou da atividade implementados a fim de mensurar os efeitos obtidos tanto

quantitativamente como qualitativamente no que se refere ao fomento da elevação do conceito da

empresa e da disponibilidade do público em relação à ela.

No modelo simétrico de duas mãos o profissional usa a pesquisa formativa/quantitativa para

compreender como o público percebe a organização e determinar as conseqüências que as

atividades desenvolvidas pela empresa podem gerar no público. Esta pesquisa costuma ser

utilizada por consultores de reação pública na determinação de políticas de contato e

relacionamento e na averiguação de como tais políticas poderiam (e se poderiam) ser alteradas ou

adaptadas para melhor servir ao interesse público.

Pesquisas formativas/quantitativas também podem ser empregadas para se determinar, da melhor

maneira possível e sempre a partir de uma base percentual de cálculo sobre o total do público

considerado, como as pessoas estão apreendendo os esforços da administração, o que

efetivamente coopera na definição mais acurada dos objetivos que devem ser, afinal, perseguidos.

2.3.5. Submodelos de Relações Públicas

Como explicitado anteriormente, os modelos descrevem a prática de Relações Públicas em

muitas culturas e em diferentes sistemas políticos. Mas, também, sugeriram variações nos

modelos, em particular em certos padrões de práticas que foram sintetizados em dois

submodelos: influência pessoal e intérprete da cultura (J. Grunig, L. Grunig, Sriramesh, Huang

e Lyra, 1995). Encontrados em estudos desenvolvidos em países de vários continentes. No

submodelo “ “influência pessoal”, os profissionais procuram, a longo prazo, estabelecer

relacionamentos cooperativos, através de contatos pessoais e amigáveis com pessoas que

tenham poder e influência, tais como jornalistas, políticos e membros do governo, grupo de

ativistas, entre outros. O estabelecimento dessas relações envolvem eventos sociais ou familiares

e, em alguns casos, práticas como o suborno ou a prestação de favores para pessoas que

possuem poder.

As organizações preferem contratar os profissionais de Relações Públicas que pertençam à

elite da sociedade, pois acreditam que a ampla rede de contatos com personalidades influentes

poderá ajudar a organização a resolver seus problemas. Os estudos mostram que esse

submodelo é geralmente assimétrico, pois sua prática inclui métodos antiéticos.

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O outro padrão de prática de Relações Públicas, o “intérprete da cultura”, foi encontrado

em empresas multinacionais que se estabelecem em outros países e contratam um

profissional de Relações Públicas local para explicar ou “traduzir” a cultura, os costumes,

a linguagem e as políticas do país para os executivos estrangeiros que dirigem as

organizações. Também esse submodelo pode ser encontrado, por exemplo, numa

organização, num único país, onde exista a necessidade de relacionar-se com diferentes

grupos étnicos.

Embora Lyra (1991) tenha afirmado que o modelo intérprete da cultura" é distinto dos

anteriores, as organizações podem, de fato, usar a informação dos intérpretes culturais

para conseguir relacionamentos de cooperação de longo prazo com seus públicos ou para

alcançar a persuasão científica (J. Grunig e Hunt, 1984).

Em outras palavras, o intérprete da cultura pode ser simplesmente um conjunto de

atividades dirigidas como parte de Relações Públicas simétricas ou assimétricas.

Concluindo, submodelo intérprete da cultura poderia ser benéfico para as organizações e

públicos em sociedades multiculturais. Este estudo tratará de verificar se esses dois

submodelos de Relações Públicas se encontram nos países da América Central.

2.3.6. Um quinto modelo de Relações Públicas: "motivo misto".

Na concepção original, os dois modelos de duas mãos pareciam manter visões de

mundo opostas, ou seja, o uso do modelo assimétrico significava a busca de benefícios só

para a organização, em detrimento dos interesses dos públicos, enquanto que o uso do

modelo simétrico implicava a busca de benefícios aos públicos, em detrimento dos

interesses da organização. Talvez, por essa razão, Leichty (1997), entre outros acadêmicos,

tenha declarado que Relações Públicas simétricas, denominada por ele de "Relações Públicas

colaborativas", eram impossíveis de ocorrer em certas situações.

A partir de 1984, J. Grunig também começou a especular se a teoria da contingência

explicaria "quando" e "por que" as organizações praticam esses modelos, por exemplo.

Diferentes modelos de Relações Públicas poderiam ser efetivos, dependendo da estrutura

da organização e da natureza de seu ambiente. Mais tarde J. Grunig (1989), J. Grunig e L.

Grunig (1989,1992) abandonaram o enfoque da contingência. A pesquisa e o desenvolvimento

conceitual da teoria sugeria que as organizações poderiam praticar cada um dos modelos sob certas

condições de contingências e então contribuir para a efetividade organizacional. Entretanto, os

autores também sugeriram que o uso do modelo simétrico de duas mãos ou a combinação do

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FIGURA 1 - MOTIVO MISTO (MURPHY, 1991)

Fonte: FERRARI, Maria Aparecida. A influência dos valores organizacionais na determinação da prática e do papel dos profissionais de Relações Públicas: estudo comparativo entre organizações do Brasil e do Chile. Tese (doutorado). São Paulo: ECA/USP, 2000. p. 67.

Dessa maneira, a zona do win-win faz com que a negociação, a colaboração e a mediação

sejam possíveis entre organização e públicos. Esse novo modelo proporciona uma

combinação ideal entre a teoria positiva e a normativa. Positiva, porque descreve um

modelo de como os excelentes departamentos de Relações Públicas equilibram os interesses

do cliente e organização, bem como os interesses dos públicos com os quais a organização

tem uma responsabilidade social. Normativamente, especifica a situação ideal de Relações

Públicas, na qual as organizações devem esforçar-se para alcançar a zona do win-win, ou seja,

construir relacionamentos com seus públicos.

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Assim, o modelo de contingência confirma que as Relações Públicas simétricas ocorrem

de maneira a acomodar os interesses de ambas, organização e públicos, enquanto

reconhecem que nenhum dos lados abandona seus interesses fundamentais.

Acredita-se que uma das razões pelas quais as Relações Públicas simétricas foram mal

compreendidas está justamente no uso dos termos "simetria" e "assimetria", que

parecem colocar os conceitos em oposição, e assim confundir os estudantes e profissionais

de Relações Públicas. Mesmo os acadêmicos da área parecem ter dificuldade em ver as

pós-implicações que "simetria" e "assimetria" ocupam em cada uma das pontas do

continuum.

Portanto, o modelo misto surgiu a partir de novos questionamentos relacionados à

possibilidade de usar ambas as práticas, simétricas e assimétricas. Neste estudo, será adotado o

modelo misto, como sendo um quinto modelo, uma vez que, acredita-se, existe diferença

entre o modelo simétrico e o motivo misto. Nesta tese, o modelo simétrico é visto como

sendo um modelo perfeito, em que a organização e os públicos estão amplamente em

acordo, sempre usando a ética como o processo legitimador. Por outro lado, o modelo

motivo misto está respaldado numa negociação, quando as partes geralmente têm pesos

diferentes e são necessárias a negociação e a barganha para obter-se um resultado positivo,

ainda que não perfeitamente aceitável por ambos os lados. Uma vez que a tipologia dos

modelos de prática de Relações Públicas desenvolvida por Grunig e Hunt (1984) ainda é

pouco conhecida e aplicada na América Latina. Neste sentido, Ferrari (2000) considera que

manter o modelo de motivo misto separado do modelo simétrico proporcionará uma

compreensão mais clara do processo evolutivo.

2.4. Evolução do papel das Relações Públicas Cropp, Fritz e Pincus, J. David (2001) consideram que para conhecer como evoluiu o papel das

Relações Públicas, é necessário voltar ao passado, pois daí emanam interpretações históricas que

ajudaram nesta tarefa .

Os autores assinalam também que a linha de tempo que marca a progressão evolutiva dos papéis

dominantes de Relações Públicas inicia-se com o domínio do agente de imprensa, seguido pela

publicidade, passando depois para a informação compartilhada, até chegar à administração de

relacionamentos. Encontra-se também uma perspectiva futura do papel das Relações Públicas para

as duas primeiras décadas do século XXI, etiquetado como posicionamento organizacional.

Por volta do século XX, os negócios tinham reconhecido a importância da publicidade e relações

de mídia como um suplemento para anunciar e promover as vendas de bens (Cutlip, 1994).

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Quase em meados do mesmo século, o papel de Relações Públicas começou a transformar-se em

uma função de disseminação de informação e, ao mesmo tempo, uma informação compartilhada

(de duas mãos) visando criar entendimento entre organizações e os seus públicos mais influentes

com a esperança de evitar ou superar problemas destrutivos ou potencialmente embaraçosos

(Pasqua, Buckalew, Rayfield, & Tankard, 1990). Neste papel, Relações Públicas serviram como

um canal entre a administração organizacional e a constituência particular externa. 1900 1940 a 1950 1960 a 1970 1980 a 1990 Século 21 Tático Estratégico

“Ignorante nos Negócios” “Compreensão Empresarial” __________________________________________________________ Figura 2. O papel Evolutivo das Relações públicas No período dos anos oitenta está aquele ponto onde Relações Públicas começam a troca de uma

função em grande parte tático-dirigida com responsabilidades estratégicas. Realmente, este foi um

tempo quando as administrações de cúpula de todo tipo de negócio enfrentaram desafios para

permanecer financeiramente competitivos enquanto mantendo ligações com stakeholders. Naquele

esforço, Relações Públicas foram sendo determinadas pelas amplas oportunidades para ajudar de

maiores e mais sofisticados modos.

Como parte desta inconstante, o papel de Relações Públicas começou um processo de

transformação, em grande parte informativo-dirigido e prático-dependente, para um passo

crescente de responsabilidade por construir e manter relacionamentos com públicos vitais. Isto

representou um salto gigantesco adiante e um momento decisivo no desenvolvimento do campo.

No futuro incerto, acha-se um papel um pouco elevado que Fritz Cropp e J. David Pincus

etiquetam de posicionamento organizacional.

O papel de posicionamento organizacional que eles projetam vindo à vanguarda não exclui

elementos de todos os papéis subsidiários e anteriores. Assim, nenhum papel já é descartado

realmente, só repriorizado contra a corrente de necessidades e oportunidades futuras. No papel

de posicionamento organizacional, Cropp e Pincus (2001) prevêem que os praticantes de

Relações Públicas são como membros legítimos de administração superior, representando a

organização completamente (em vez de responder a esses que fazem) em todos os assuntos que

pertencem vis-à-vis a sua posição interna e externa.

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Talvez, o exposto neste item, ajude a ver o que foram, o que são, e o que se espera do papel das

Relações Públicas.

Como o papel de Relações Públicas cresce mais complexo e sofisticado, a habilidade de um

profissional futuro será adaptar, adequadamente, competência, conhecimento, e

educação/treinamento. A visão dos profissionais de Relações Públicas de amanhã é integralmente

de indivíduos envolvidos, administrando relações de stakeholder e posicionando as reputações das

suas organizações estrategicamente com esses grupos de stakeholder. Para cumprir àquele papel,

praticantes precisarão das habilidades táticas das que eles sempre precisaram (por exemplo,

escrita, gráficos, relações de mídia). Mas além disso, será esperado que eles não possuam um

quadro de referência "empresarial" e jogo de competências historicamente típicas de todos os

profissionais. Em essência, eles precisarão pensar, tomar decisões, e comunicar assim como

compreender os membros dos times de administração das suas organizações. Praticantes de

amanhã e estudantes, para tanto, devem poder não só entender Relações Públicas e estratégias de

comunicação e táticas, mas também estratégias de mudança econômicas e organizacionais.

2.5. O Papel das Relações Públicas em Administração e sua Contribuição para a Efetividade Organizacional e de sociedade As Relações Públicas hoje são uma profissão complexa praticada por centenas de milhares de

pessoas ao redor do mundo. Alguns profissionais de Relações Públicas são empregados por uma

única organização. Outros trabalham para empresas de Relações Públicas que têm muitas

organizações como clientes. Profissionais de Relações Públicas trabalham para negócios, agências

de governo, associações profissionais e de comércio, ONGs, escolas e universidades, hospitais,

hotéis e muitos mais.

Eles trabalham para organizações grandes e pequenas. Muitas pessoas de Relações Públicas

trabalham completamente dentro do seu próprio país, outros praticam a sua profissão em uma

base global.

J. Grunig (2001) observou aqueles que praticam as Relações Públicas ao redor do mundo durante

mais de 35 anos. Em geral, ele acreditava que cinco tendências estavam acontecendo. Primeiro, as

Relações Públicas estavam se tornando uma profissão com um corpo acadêmico de

conhecimento. Segundo, as Relações Públicas estavam se tornando uma função de administração

em lugar de só uma função de comunicação técnica. Terceiro, os praticantes de Relações Públicas

estavam se tornando conselheiros estratégicos que estão menos preocupados com publicidade

nos meios de comunicação de massa que os seus antecessores. Quarto, as Relações Públicas se

moveram de uma profissão só praticada por homens a uma profissão com uma maioria feminina

e com praticantes de muitos grupos raciais e étnicos. Finalmente, Grunig acredita que quase todas

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as práticas de Relações Públicas hoje são globais em lugar de limitadas às fronteiras de só um país

ou companhia.

Historiadores discordam quando foram praticadas as Relações Públicas pela primeira vez, quem

praticou isto primeiro, e onde foi praticado originalmente. Tradicionalmente, os norte-americanos

reivindicaram que eles inventaram as Relações Públicas, entretanto, estudiosos chineses

mostraram aquelas regras onde se praticou algo semelhante às Relações Públicas contemporâneas

há mais de 5.000 anos atrás. Embora a primeira prática rudimentar de Relações Públicas possa ter

começado milhares de anos atrás, as Relações Públicas só se tornaram uma ocupação

aproximadamente há 100 anos.

Portanto, só foi recentemente que as Relações Públicas desenvolveram-se de uma ocupação a

uma profissão em muitos países do mundo. Quer dizer, as Relações Públicas foram algo que as

pessoas fizeram para ganhar um salário, mas não foi uma disciplina para a qual eles estudaram

para preparar-se para o trabalho. Não havia nenhuma educação formal em Relações Públicas.

Não havia nenhuma pesquisa que provesse um corpo de conhecimento que poderia ser ensinado.

E não havia nenhum padrão reconhecido para a prática efetiva nem princípios éticos para a

prática moral de Relações Públicas. A maioria dos praticantes de Relações Públicas poderiam ser

descritos como o que o praticante de Relações Públicas canadense Michel Dumas tem chamado

de "pessoas improvisadas" que praticaram Relações Públicas sem conhecimento teórico porque

praticaram ao seu modo e porque Relações Públicas são importantes para uma organização.

As Relações Públicas também foram uma ocupação definida mais por suas técnicas que por sua

teoria. A maioria dos praticantes de Relações Públicas foram os mestres de várias técnicas. Eles

souberam afiançar cobertura de mídia, preparação de boletins de imprensa, escrever discursos,

escrever e projetar panfletos, produzir circulares de notícias, vídeos, anfitriões na entrada em

Congresso, organizar um evento especial, ou preparar um relatório anual.

Além de ser uma ocupação definida por técnicas, praticantes de Relações Públicas dedicaram

também a maioria dos seus esforços a comunicar-se pelos meios de comunicação de massa. A

maioria acreditou que eles pudessem afetar números grandes de pessoas só com publicidade. As

organizações que também empregam as pessoas de Relações Públicas acreditaram que eles

pudessem adquirir números volumosos de pessoas para se comportarem de modo que as

organizações queriam, criar uma "imagem" boa na mídia.

Porém, hoje os praticantes mais sofisticados começaram a entender que as pessoas exercitam um

controle em cima de como eles usam a mídia para uma maior extensão e que a mídia controla o

comportamento das pessoas que a usam. Ao mesmo tempo, nem praticantes de Relações

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grupo pequeno de estudiosos de Relações Públicas, primeiro nos Estados Unidos, e agora ao

redor do mundo, fizeram progressos notáveis desenvolvendo uma teoria inclusiva de Relações

Públicas que põem as atividade no mesmo nível que profissões reconhecidas como direito,

medicina ou educação. A princípio, investigadores de Relações Públicas fizeram usos de pesados

empréstimos teóricos de outras disciplinas como comunicação, reunião social e ciências do

comportamento. Porém, agora eles desenvolveram o seu próprio corpo de pesquisa e teoria.

Como mencionado anteriormente, desde 1985, Grunig encabeçou um time de seis investigadores

que administraram uma pesquisa, apoiada pela Fundação IABC, nas características de

departamentos de Relações Públicas excelentes e como tais departamentos fazem as suas

organizações mais efetivas. O time de pesquisadores estudaram mais de 300 organizações nos

Estados Unidos, Canadá e o Reino Unido para identificar como essas organizações praticam as

Relações Públicas de um modo excelente, práticas que tornam as organizações efetivas.

O resultado é uma teoria que consiste em vários princípios genéricos que parecem aplicar-se ao

redor do mundo, embora Gruning acredite que estes conceitos devem ser aplicados

diferentemente em culturas e sistemas político-econômicos diferentes. A teoria também se aplica

em colocações organizacionais diferentes como agências de governo, corporações, organizações

sem fim lucrativos e associações. Em resumo, a teoria oferece um suporte conceitual para uma

cultura profissional de Relações Públicas que, com aplicações apropriadas e revisões em culturas

organizacionais e nacionais diferentes, é um componente fundamental de administração efetiva

ao redor do mundo.

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CAPÍTULO

3 AS RELAÇÕES PÚBLICAS INTERNACIONAIS E SUAS

VERTENTES PREDOMINANTES 3.1. O que são as Relações Públicas Internacionais?

Para iniciar a abordagem do tema se faz necessário definir o que se entende por Relações

Públicas Internacionais. Muitas são as definições que os autores costumam atribuir a essa

especificidade das Relações Públicas.

O foco de Relações Públicas Internacionais na prática de Relações Públicas, em um contexto

internacional, define que a prática das Relações Públicas desenvolve-se dentro de diferentes

reinos: organizações internacionais (por exemplo, as Nações Unidas, o Banco Mundial e a

Organização Internacional de Telecomunicação); relações intergovernamentais (por exemplo,

reconhecimento diplomático, formação de aliança/desintegração, e sanções/embargos);

transações econômicas transnacionais (investimento comercial, financeiro de corporações

multinacionais) e interações entre cidadãos de nações diferentes (turismo, artes, cinema/teatro,

esporte).

Sem dúvida alguma, as vertentes de Relações Públicas Internacionais na prática estão inseridas em

um contexto internacional ou transcultural.

Ironicamente, esta atividade está acontecendo mesmo diante do reduzido consenso com relação

no que constitui o campo. O que é praticado no nome de Relações Públicas Internacionais pode

variar dependendo se é um simples anfitrião ou promotor da diplomacia e construtor de relações

estratégicas. Para alguns, as Relações Públicas "só soam Internacionais se você estiver no outro

lado do oceano" (ANDERSON, 1989, p. 414). Para outros, a prática cruza fronteiras, mas

somente como um papel de relações de mídia ou um modo barato para apoiar marketing, não os

objetivos das Relações Públicas (L. GRUNIG, 1992).

Black (1994) diz que a definição habitual das Relações Públicas Internacionais é: “a intenção de

conseguir uma compreensão mútua salvando um vazio geográfico, cultural ou lingüístico ou

todos eles de uma vez”. O termo utiliza-se também para indicar atividades de Relações Públicas

que se levam a cabo ou têm uma positiva importância fora do seu país de origem.

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É oportuno assinalar, que a maioria dos artigos em Relações Públicas Internacionais são

considerados anedóticos ou descritivos. Kunczik (1990) considerou -os como fontes

"cientificamente não-sérias" (p. 24). Esses artigos mostravam como uma companhia administrava

relações de mídia transcultural ou como outra controlou uma crise em um dos seus países

anfitriões. Muitos contam como evitar tolices culturais.

A maioria tenta discutir as Relações Públicas em um país particular e como varia em relação a

outros países. Se administrados adequadamente, estes estudos contribuiriam ao corpo crescente

de conhecimento sobre Relações Públicas ao redor do mundo; porém, eles não abordam a

necessidade por conhecimento sobre campanhas internacionais que tratam de assuntos públicos

que atravessam fronteiras (ANDERSON, 1989; BOTAN, 1992).

Alguns estudiosos, citados por Wakefield (1996), tentam definir as práticas internacionais, entre

eles estão Wilcox, Aut e Agee (1997, p. 409-41O), que denominaram como "o esforço planejado

e organizado de uma companhia, instituição ou governo para estabelecer relações mútuas

benéficas com públicos de outras nações". Grunig, citado por Wakefield (1996), (editado em

jornal) definiu como "perspectiva principal que permitirá aos profissionais trabalhar em muitos

países ou trabalhar de maneira a colaborar com pessoas em outras nações (p.7). Booth (1986),

citado por Wakefield (1996), subentendeu que apenas os verdadeiros profissionais internacionais

são aqueles que” entendem como os negócios são feitos nas fronteiras transnacionais “conforme

aquele contexto (p.23).

Robert I. Wakefield, no capítulo Teoria Interdisciplinar dos Fundamentos para Relações Públicas

Internacionais cunhou diversas linhas de pensamento sobre este consenso na natureza das Relações

Públicas transfronteiras, com organizações aventurando-se neste ambiente almejando o sucesso.

Há mais pessoas com conhecimento em outros setores como a propaganda, serviços financeiros

e consultoria gerencial. As Relações Públicas precisam vencer o recorde de todos para preservar a

paz com mudanças internacionais, segundo Farinelli (1990, p. 42).

As Relações Públicas tentam conseguir a harmonia e a compreensão e evitar os conflitos. Tudo

tem a ver com a reputação, responsabilidade, credibilidade e confiança. É importante lembrar que

essas considerações são de aplicação universal. A filosofia das Relações Públicas é muito similar

em todos os países do mundo, por mais diferentes que sejam, mas o planejamento e

funcionamento dos programas têm de ter em conta a cultura, religião, tradições, condições

econômicas e outros aspectos dos juízos de valor. Por causa destas diferenças culturais se tem

aceitado que uma grande companhia multinacional possa planejar sua estratégia e política de

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teóricos das ciências sociais, tais como a sociologia, gerenciamento comparativo, antropologia

cultural, psicologia, ciência política e da própria comunicação, dentre outros.

Wakefield (1996) apresenta o modelo que pode ser aplicado às Relações Públicas Internacionais,

construído a partir da teoria interdisciplinar em quatro grandes partes:

a) teorias da pós-modernidade e sociedade global que atrai a sociologia e outras

disciplinas; b) teorias do desenvolvimento cultural, provenientes da antropologia; c) teorias do gerenciamento comparativo ,derivadas das escolas de negócios

internacionais; d) teorias da comunicação.

Será visto, a seguir, o que contém cada uma destas partes, a partir da síntese exposta na figura a seguir.

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3.2.1. Teorias da sociedade global Estes estudos freqüentemente caem dentro do domínio da sociologia, das áreas da humanidade e

das relações internacionais.

Uma busca teórica desta tendência está no conceito casado de população global de McLuhan

(1964), e os estudos da modernidade global que nasceram em Kant (1700), que investigou as

possibilidades de uma moralidade universal. Alguns sociólogos argumentam que a

interdependência global agora está tão completa que a ênfase acadêmica poderia mudar de

sociedades locais para os relacionamentos e resultados globais. (TIRY AKIAN, 1986.)

Queira-se ou não, a plena globalização tem ocorrido e há considerável debate sobre ela e o que

significa nas interações das sociedades. Estudiosos dividem-se em oposições teóricas de

convergência e divergência. As teorias convergentes contêm, como integrantes do mundo, as

sociedades que se assentarem em crescimentos similares. Exemplos: cadeias de fast food, comércio

de marcas e símbolos padronizados, segundo Hennessy (1985).

Divergência é uma reação da convergência, ocorrendo quando valores externos invadem uma

cultura, estes criam tensão entre as forças de mudanças e as que querem manter o status quo,

evitando uma forma monolítica (Featherstone, 1990). Instala-se uma poderosa contra-direção em

oposição à uniformidade, rejeitando as influências estrangeiras e afirmando a cultura individual.

Lesley (1991), aponta que o efeito da globalização resulta num certo cabo-de-guerra, com

conflitos, turbulências e incertezas, e com cidadãos mais insatisfeitos.

As turbulências criam perdas e oportunidades para a unidade organizacional que pode predizer

mudanças, identificar suas origens e construir programas para comunicar-se com estas fontes e

minimizar prejuízos potenciais à organização. As unidades de Relações Públicas, se bem treinadas

no meio ambiente exposto e com estratégias de comunicação, podem desempenhar sua função

crítica.

3.2.2. Teorias culturais Os pesquisadores que estudam os movimentos internacionais através da cultura afirmam que a

cultura é um conceito incerto e ambíguo. Para Neganohi (1983), há mais de 160 definições

acadêmicas para cultura. Hofstede (1990, p. 25), chama-a de "programação coletiva do intelecto,

que distingue os membros de um grupo humano de outros (e) influencia uma reação do grupo

humano no meio ambiente."

As dimensões culturais investigadas por antropólogos têm um marco nos estudos de Hofstede

(1980), com os gerentes de 39 nações catalogadas em quatro diferentes modos de sociedades:

autocentradas (individuais) versus grupos centrados em focos (coletivos); masculino versus

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orientação feminina; força distante entre elites e massas no social e estruturas sociais de trabalho

e a extensão do que uma sociedade aceita ou incertamente evita.

Adler (1991), sintetizou como cultura a percepção individual (boa versus má) e o mundo (difícil de

dominar ou de harmonizar com a natureza); atividade (luta e existência); tempo (foco na tradição

em resultados a curto prazo ou nas obrigações futuras) e espaço (se espaço pessoal é político ou

privado).

A habilidade necessária de comunicação que as Relações Públicas deve possuir para assumir

funções que ajudem a guiar o futuro crescimento econômico e social através da construção de

relacionamentos e negociações transfronteiras talvez encontre formas de qualificação através da

teoria da aculturação, na qual as trocas de contato possam orientar mudanças nos padrões prévios

individuais e/ou culturais, dependendo das variáveis existentes em cada situação desses contatos

(amizade, hostilidade, uso da força) que caracterizam os contatos (ADLER & GRAHAN, 1989).

Introduz, dessa forma, a "terceira cultura" dos indivíduos que transcendem através das médias

globais, e da educação transnacional ou troca cultural e outros significados. Estas pessoas gastam

considerável tempo fora de sua cultura e enquanto se movimentam para fora de sua região nativa

tornam-se "agentes de mudanças" (ELLLNGSWORTH, 1977, p. 103,). Bonet (1994), sugeriu

que firmas de Relações Públicas são reconhecidas pela importante construção de um núcleo de

profissionais da terceira cultura.

A cultura é um termo nebuloso e aceita-se que ela influencia amplamente as Relações Públicas

(VERCIC, GRUNIG, GRUNIG, 1993). Antes, Hall (1959), já dizia que “cultura é comunicação e

comunicação é cultura”, observação complementada com afirmações posteriores em 1992 por

Sriramesch e White, afirmando que "ligações entre cultura e comunicação e cultura e Relações

Públicas são paralelas porque Relações Públicas é primariamente uma atividade de comunicação".

Certamente exerce influência nas Relações Públicas Internacionais. Mas como afeta a prática em

vários países? Valores culturais podem influenciar métodos de pesquisa num país em particular

ou o modo de uma organização trabalhar com mulheres e grupos minoritários, por exemplo.

Como o processo de aculturação afeta sociedades individuais e conduz o futuro desafio das

Relações Públicas? Estas e outras questões aguardam futuras pesquisas segundo Wakefield

(1996).

3.2.3. Teorias do gerenciamento comparativo A pesquisa internacional pode ser auxiliada pela teoria do gerenciamento comparativo a partir da

combinação de teorias organizacionais e culturais, analisando os comportamentos e

gerenciamento de uma organização com relação às outras na esfera internacional.

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As teorias do gerenciamento comparativo suportam teorias contingenciais defendidas por Katz e

Kahn (19S6), nas quais as organizações efetivas mantêm sistemas abertos, significando que seu

meio ambiente externo é tão importante quanto os processos internos. Como o meio ambiente

pode mudar rapidamente, especialmente na esfera internacional, deve-se criar programas que

possibilitam adaptações a estas mudanças. Organizações com esta filosofia aumentam suas

chances para o sucesso a longo prazo. (GRUNIG E REPPER, 1992).

Surge nesse contexto o debate sobre o gerenciamento comparativo com relação ao

comportamento administrativo, se está relacionado à cultura livre ou cultura específica. Alguns

estudiosos afirmam que o comportamento é de cultura livre significando entidades que podem

operar do mesmo modo em qualquer nação e obter sucesso . Heeler (1980); Hofstede (1980);

Tayab (1988) e outros, postulam que a origem cultural influencia poderosamente o

comportamento organizacional.

Brinkerholf e Ingle (1989) teorizam dizendo que nem a cultura específica e nem a cultura livre

andam sós. Dizem que as organizações efetivas combinam valores da cultura específica e da

cultura livre, combinando visão global com prática local. Isto abre esperanças para as Relações

Públicas Internacionais, porque os profissionais poderão tomar decisões sobre o que centralizam

e o que deve ser conduzido localmente.

3.2.4. Teorias da comunicação Os avanços tecnológicos da informação têm possibilitado maior acesso, com rapidez, da

comunicação das pessoas no mundo. O crescimento do acesso aos meios sugere três implicações

teóricas para as Relações Públicas Internacionais, que são: a natureza das mensagens enviadas

pelos meios, o imperialismo dos meios e seus impactos e a proliferação dos resultados globais.

Por que estes fatores e as funções dos meios são importantes para o estudo das Relações Públicas

Internacionais?

A teoria da “dependência dos meios” explica que, desde 1960, pesquisadores desafiam teorias

prematuras de que os meios influenciam as atitudes e comportamentos de suas audiências

(LAWERY E DE FLEUR, 1988). No entanto, na arena global, há evidências de que os meios

tornam-se forças crescentes como fontes de informações.

Manheim e Albritton (1984) teorizam que a maioria das informações sobre outros países vêm dos

meios de comunicação de massa. Estes autores consideram que “imagens dos autores e eventos da cena

internacional estariam pesadamente [...] na dependência dos meios” (p. 643). Isto tem no mínimo dois

efeitos: de distorção e de estereótipos. O meio cria freqüentemente sua própria “realidade”, a

qual pode ser totalmente diferente do que atualmente ocorre. Estas distorções fornecem às

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pessoas imagens irreais sobre outros países e eternizam vieses, que são freqüentemente negativos

(KUNCZIK, 1990).

Outra linha teórica traça o curso da informação global. Recentes estudos indicam que a informação e

o entretenimento fluem de uma maneira, a partir das nações ocidentais, no desenvolvimento

mundial. Por isso, os programas de entretenimento americanos e suas imitações são predominantes

em quase todos os países (VARIS, 1984).

Bagdikian (1989), afirmou que os meios globais são apropriados para poucos conglomerados que

formam uma “poderosa tríade” de multinacionais que produzem as agências de publicidade que

expandem ideologias culturais, políticas e econômicas ao redor do mundo.

Há também a divisão de teorias em modernização e dependência. Teóricos da modernização

acreditam que o fluxo dos meios de massa no desenvolvimento das nações melhora suas

economias e possibilita elevar os padrões de vida. Em contraste, os teóricos da dependência

abrangem, na maioria das vezes, estudos do desenvolvimento das nações, que vêem os meios

estrangeiros como instrumento para a continuidade do imperialismo e da dominação econômica.

(SINCLAIR, 1990).

Os meios globais ajudam a integrar públicos e resultados em toda a parte do mundo. Os meios

cobrem eventos dramáticos, os quais inserem na audiência ideologias ativistas. Como resultado,

grupos de interesses influenciam as opiniões sobre as políticas ao redor do mundo, (HIEBERT,

1992).

Para Grunig (1992), os efeitos dos meios podem interessar aos profissionais de Relações Públicas

Internacionais porque as imagens que eles formam criam problemas às empresas multinacionais.

As imagens ajudam a fomentar hostilidades sobre as organizações e estas necessitam desses

profissionais para entenderem os atores essenciais desses ressentimentos e interferirem nos

grupos afetados, antes do surgimento de insatisfações.

3.3. Implicações para a pesquisa em Relações Públicas

Segundo Wakefield (1996), as teorias da sociedade global mostram que as culturas interagem em

crescente turbulência. Deve-se criar estruturas adaptáveis, pesquisa formativa e trabalho na

resolução de conflitos. Isto necessita o uso de técnicas para identificar agentes de mudanças e

construir relações com eles.

As teorias culturais mostram a necessidade de programas de Relações Públicas que sejam

sensíveis às diversas culturas. O domínio gerencial ilustra a necessidade de sistemas abertos que

se adaptam rapidamente às mudanças; diversidade de funcionários e a visão central equilibrada no

global/local. A cultura e os estudos comparativos sugerem que as organizações necessitam

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agregar e expandir as expectativas além da visão da cultura tradicional.

As teorias do gerenciamento comparado mostram necessidades para a sensibilidade natural e

apontam estudos que envolvem a terceira cultura dos indivíduos. Isto pode ser visto como uma

conexão entre estudos das teorias do gerenciamento com as teorias culturais.

Para fazer intervenções quanto às teorias da comunicação, indicam a necessidade para a

construção de relacionamentos e de Relações Públicas pró-ativas.

Grunig e um grupo de pesquisadores estão desenvolvendo estudos desde 1992 sobre a excelência

das Relações Públicas em trezentas organizações nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha.

Os pré-requisitos para as Relações Públicas eficazes incluem uma visão do mundo organizacional

que valorize a comunicação de duas mãos com os públicos, colocando o gerente de Relações

Públicas “dentro do círculo” capaz de influenciar nas decisões, como também gerenciando

dentro do próprio departamento, com a organização respeitando a diversidade, (WAKEFIELD,

1996).

Wakefield (1996) defende que o mesmo tipo de construção teórica guie a prática internacional,

mesmo que algumas teorias internacionais já foram desenvolvidas e testadas (como as que

discutem sobre os princípios genéricos), mas outras necessitam progredir incorporando

avaliações teóricas de outras disciplinas. Com o desenvolvimento e testes destas teorias no

campo, o modelo obterá a visão crítica quanto à prática efetiva das Relações Públicas

Internacionais.

3.4. Os caminhos de pesquisa em Relações Públicas Internacionais

De fato, existe um corpo crescente de estudos e comentários direcionados à teoria e prática de

Relações Públicas Internacionais, apoiados nos modelos teóricos explicitados anteriormente.

Taylor (2001) organiza este corpo de pesquisa em quatro caminhos distintos, postulando as

várias oportunidades e desafios que esperam os praticantes de Relações Públicas para comunicar-

se com públicos internacionais. A primeira linha de pesquisa de Relações Públicas Internacionais

que é discutida se estende à idéia de Relações Públicas como uma atividade de comunicação

simétrica, como proposto por J. Grunig. A segunda tendência contextualiza a pesquisa

internacional e descreve a prática de Relações Públicas em nações diferentes do mundo. Um

terceiro modo, no qual os estudos têm se aproximado ao estudo de Relações Públicas

Internacionais, se focaliza nas fundações éticas e educacionais da prática. A aproximação final

expõe a base para desenvolver novas teorias de Relações Públicas que possam transcender os

limites nacionais. Todos os quatro caminhos contribuem para a compreensão das teorias e

práticas de Relações Públicas. A continuação oferece um panorama geral de cada um destes

caminhos.

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3.4.1. Extensões de pesquisa simétrica

O primeiro caminho de estudos de Relações Públicas Internacionais pode ser identificado como

uma extensão da aproximação simétrica. A comunicação simétrica entre uma organização e seus

públicos continua sendo uma preocupação no campo de pesquisa de Relações Públicas (J.

GRUNIG, 1989,; J. GRUNIG & HUNT, 1984). Vários estudos focados na prática internacional

de Relações Públicas tentaram estender o Estudo de Excelência em Relações Públicas da

Associação Internacional de Comunicadores Empresariais (IABC) que documentou a prática de

comunicação simétrica de duas mãos (J. GRUNIG, 1992).

Por exemplo, Chen (1996, p. 150) administrou um estudo exploratório de praticantes de Relações

Públicas na China e observou que os praticantes que enfatizam os papéis de administração

praticam Relações Públicas simétricas de duas mãos. Continuando o estudo da IABC, J. Grunig,

L. Grunig, Sriramesh, Huang e Lyra (1995) administraram a meta de pesquisa de estudos prévios

que examinaram práticas de Relações Públicas na Índia, Grécia e Taiwan. Os resultados da

análise de meta/pesquisa mostraram que há ,pelo menos, evidência preliminar que os modelos de

Relações Públicas devem ser genéricos a todas as culturas e que uma aproximação para Relações

Públicas que contêm elementos do modelo simétrico de duas mãos seria o mais efetivo dentro

de todas as culturas (p. 182). O papel de um “intérprete da cultura” também está se tornando

uma função importante para praticantes que guiam as suas organizações pelas variações culturais

de nações diferentes.

A prática de Relações Públicas na Eslovênia foi estudada extensivamente. Vercic, L. Grunig e J.

Grunig (1996) fizeram a reportagem do estado do Projeto Excellence da IABC na Eslovênia. Os

pesquisadores observaram que a Eslovênia, como os Estados Unidos, Canadá e o Reino Unido,

possuem visões semelhantes sobre Relações Públicas excelentes. Porém, Relações Públicas

excelentes não são freqüentemente tão praticadas na Eslovênia quanto no ocidente. Isto pode

ser atribuído à falta de envolvimento do praticante em planejamento da comunicação estratégica.

Sriramesh, J. Grunig e Dozier (1996) exploraram a relação entre cultura organizacional e Relações

Públicas e acharam que aquelas organizações podem ser categorizadas por dimensões de cultura

organizacional. Uma cultura de participação permite aos membros organizacionais ter uma

contribuição na tomada de decisões da organização. Alternativamente, culturas autoritárias

confiam na tradição de tentativa e erro de uso em tomada de decisão. Os autores concluíram que

“cultura não é necessariamente uma condição suficiente da prática de Relações Públicas excelentes (p. 257) (...)

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Considerando que uma cultura autoritária pode praticar Relações Públicas excelentes, uma cultura de participação

provida a favor do ambiente criado para a construção de relação simétrica (p. 257).

Vasquez e Taylor (1999) J. Grunig e Hunt (1984) integraram um instrumento com as variáveis

culturais de Hofstede em uma tentativa para internacionalizar a pesquisa quantitativa de Relações

Públicas. As dimensões de cultura de Hofstede coletivismo/individualismo,

masculinidade/feminilidade, prevenção de incerteza e a distância do poder, oferecem alguns

meios para examinar práticas em culturas diferentes.

Na extensão de pesquisa do caminho de comunicação simétrica os estudiosos tentam avançar o

conhecimento dos modelos na arena internacional. Embora, mais evidente, é preciso mostrar

que a comunicação simétrica acontece em outras partes do mundo. Sem dúvida alguma, os

fatores contextuais como a economia, sistemas políticos e de sociedade revelam-se papéis

importantes no desenvolvimento das Relações Públicas. O próximo caminho em pesquisa de

Relações Públicas Internacionais explora estes fatores.

3.4.2. Pesquisa contextualizada ou comparativa

Um segundo caminho para estudar as Relações Públicas Internacionais pode ser definido como

de pesquisa contextualizada ou comparativa, que descreve a prática de Relações Públicas em

países diversos ao redor do mundo. Portanto, as Relações Públicas comparativas envolvem uma

procura por semelhanças e diferenças entre a prática em um ou mais países. Seu propósito

principal é identificar problemas universais que desafiam a todas as nações, e procuram princípios

genéricos que se apliquem amplamente.

O livro editado por Culbertson e Chen (1996) oferece muitos capítulos de pesquisa

contextualizada ou comparativa. Assim, a Europa é uma área que foi examinada extensivamente

no livro.

Turk (1996) inspecionou os praticantes na Romênia e verificou que as Relações Públicas

continuam refletindo a prática propagandística. Isso pode ser atribuído aos muitos anos que a

Romênia viveu sob o jugo do comunismo. Turk achou também que embora os praticantes

confiem na persuasão para alcançar metas, eles buscam desenvolver mutuamente o entendimento

entre a administração da organização e os públicos que ela afeta (p. 346). Embora estas possam

parecer duas metas contraditórias, eles, sem nenhuma dúvida, refletem as experiências passadas

na Romênia e seu potencial futuro. Nesta região têm emergido sistemas políticos e econômicos

que alavancaram a prática de Relações Públicas.

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Gonzalez e Akel (1996) informaram como os esforços das Relações Públicas na Costa Rica

ajudaram a proteger as florestas da nação do desmatamento. Tradicionalmente, as Relações

Públicas foram vistas como parte do processo de eleição política, contudo na Costa Rica a

profissão beneficia-se de um desejo da sociedade por liberdade de expressão, mínima intervenção

do governo e rápido desenvolvimento econômico. Em outra análise da América Latina, Luer e

Tilson (1996) sugeriram que ao mesmo tempo que a mídia e o marketing, as Relações Públicas se

expandirão bem na América Latina.

Ferrari (2000) realizou um estudo “intercultural”, em organizações brasileiras e chilenas, para

verificar se os valores organizacionais influenciavam na maneira pela qual as Relações Públicas

eram percebidas e praticadas, bem como era definido o papel que o profissional desempenhava

no departamento de Relações Públicas/Comunicação. Ferrari encontrou no seu estudo

significantes correlações entre o tipo de cultura organizacional, os valores disseminados pela alta

administração e o modelo de prática de Relações Públicas. Os valores foram considerados

assimétricos nas organizações brasileiras e chilenas porque ainda são permeadas pelo

paternalismo, centralização de poder, elitismo e conservadorismo. Esta assimetria ficou mais

evidente quando os resultados indicaram que a posição do departamento de Relações

Públicas/Comunicação, em ambos países, era fortemente determinada pelos valores e metas

disseminados pela alta administração. Mais da metade dos responsáveis pelo departamento de

Relações Públicas/Comunicação pesquisados não estavam envolvidos nas tomadas de decisões

estratégicas das empresas e não se desempenhavam como administradores da comunicação.

Os estudos acima descritos mostram como os contextos sociais, culturais, políticos e econômicos

influenciam a prática das Relações Públicas. O caminho de pesquisa contextualizada ou

comparativa oferece estudos e perspicácia de praticantes na prática de Relações Públicas em

nações e regiões diferentes. Desafios múltiplos e oportunidades existem para praticantes que se

comunicarão com públicos nestas regiões e para os estudiosos que explorarão a educação e a

ética da prática de Relações Públicas. A educação e assuntos éticos dos profissionais de Relações

Públicas são muito importantes para o desenvolvimento futuro do campo. O próximo item

explora este caminho em pesquisa de Relações Públicas Internacionais.

3.4.3. Pedagogia e Ética Um terceiro caminho nos estudos de Relações Públicas Internacionais está focalizado em

assuntos pedagógicos e éticos. Esta aproximação educacional para Relações Públicas

Internacionais examina os vários corpos de conhecimento que os praticantes ensinam em outras

partes do mundo (SOMMERNESS & BEAMAN, 1994). Por exemplo, educação de Relações

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Públicas e treinamento na Índia foram explorados por Newsom e Carrell (1994) que verificaram

que a educação de Relações Públicas na Índia sofre com a falta de professores qualificados.

Freqüentemente são ministrados cursos de Relações Públicas em universidades abertas. Uma das

causas principais de preocupação na Índia com relação a educação de Relações Públicas é a falta

da experiência dos professores e a exposição a teoria de comunicação e as ciências do

comportamento.

Ekachai e Komolsevin (1996) descreveram a educação de Relações Públicas na Tailândia e

sugeriram que os professores tailandeses desenvolvem os seus próprios textos e materiais

pedagógicos, de forma que os estudantes possam aprender sobre teorias e práticas Ocidentais,

mas que também possam começar a desenvolver uma aproximação tailandesa de Relações

Públicas.

Até mesmo nações desenvolvidas precisam melhorar a sua educação de Relações Públicas.

Hatfield (1994) descreveu a educação de Relações Públicas no Reino Unido e averiguou que elas

são ensinadas em cursos de administração nos quais os estudantes aprendem sobre plano geral de

negócio.

Além de pedagogia, a ética tem sido um foco na literatura de Relações Públicas Internacionais.

Códigos de ética para comunicadores de Relações Públicas são um tópico principal na literatura e

muitos grupos profissionais possuem os seus próprios códigos. Hunt e Tirpok (1993) discutiram

a necessidade de um código universal de ética que mostre para os públicos externos que os

profissionais de comunicação compartilham um padrão comum para a prática ética. Roth, Hunt,

Stravropoulos e Babik (1996) também exploraram sobre a ética e ofereceram um jogo de

princípios para a prática internacional de Relações Públicas. Roth et al. (1996) desafiaram aos

praticantes em “revisar o seu código de ética desde o ponto de vista dos 'outros' com quem os praticantes estão

sempre negociando" (p. 159). Igualmente, em uma linha ampla de comentário, Kruckeberg (1989,

1993b, 1996a, 1996b) analisou profissionais de Relações Públicas com a tarefa de servir como

intérpretes culturais e éticos em corporações no futuro globalizado. Kruckeberg viu o papel de

praticantes como profissionais que precisam conhecer os seus próprios valores, sistemas de

convicção e ideologias para então servir melhor as suas próprias organizações e os vários públicos

que eles servem. Kruckeberg discutiu longamente a respeito de um código universal de ética de

Relações Públicas que se esforce por construir boas práticas e relações com a comunidade.

Estas discussões de pedagogia e ética em Relações Públicas Internacionais não só fortalecem a

compreensão das Relações Públicas em colocações internacionais, mas também fortalecem a

posição educacional e ética. Realmente, sem uma compreensão de ética, educação, estudos

contextualizados e teoria de Relações Públicas Internacionais, nunca crescerão e evoluirão suas

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práticas. Por isso, alguns estudiosos já começaram a difícil tarefa de construir teorias para

Relações Públicas Internacionais. O próximo item explora como as Relações Públicas estiveram

avançando e explorando as pressuposições da prática internacional.

3.4.4. Explorando pressuposições O último caminho identificado na literatura dos estudos de Relações Públicas Internacionais é o

de explorar pressuposições. J. Grunig (1989e) discutiu que o campo de Relações Públicas deveria

examinar suas pressuposições cuidadosamente para entender onde o campo está atualmente e

mais importante, para onde vai. A área de Relações Públicas Internacionais não está isenta desta

introspecção e alguns estudiosos olharam além das Relações Públicas nos Estados Unidos para

compreender e questionar as suposições que estão por baixo da teoria e da prática de Relações

Públicas interculturais. Por exemplo, Botan (1992) discutiu como suposições culturalmente

parciais obscurecem e como Relações Públicas podem ajudar as organizações a entender melhor

os seus públicos. Ele desafiou os estudiosos e praticantes a olhar além dos seus preconceitos

culturais e a estabelecer novos modos úteis nos quais se possa praticar Relações Públicas. Simões

(1992) seguiu este caminho e questionou a concepção de Relações Públicas como uma função de

comunicação e de promoção. Ele articula a função política de Relações Públicas a partir do

ponto de vista latino-americano. Considera que muitos estudiosos assumem que a função de

Relações Públicas é construtora de relacionamentos. Simões reivindica que a suposição que guia a

sua visão de Relações Públicas é o conflito. O conflito, como uma função de Relações Públicas,

pode gerar a certeza de que aquelas políticas injustas serão mudadas”, mas também “é perda de

tempo e energia” (p. 194). De qualquer modo, Simões discutiu que relações entre organizações e

seus públicos criam dimensões políticas às decisões organizacionais.

Banks (1995) também ofereceu sugestões aos estudiosos e praticantes para melhorar as Relações

Públicas interculturais. Banks sugeriu que suposições de Relações Públicas sejam flexíveis e

adaptáveis para qualquer situação intercultural. Wakefield (1996) sugeriu que administração,

cultura de sociedade e teorias de comunicação ajudarão a entender melhor a prática de Relações

Públicas em um contexto internacional. Wakefield concluiu que “novas teorias poderiam incorporar

teorias disponíveis de outras disciplinas como também de Relações Públicas” (p. 28). Um exemplo desta

aproximação é o estudo de Nessmann (1995), que identificou as suposições subjacentes de

teóricos de Relações Públicas europeus e praticantes nos países de língua alemã. Nessmann

concluiu que muitas das suposições de Europeus sobre Relações Públicas estão baseadas em

filósofos como o Sigmund Freud e Jürgen Habermas.

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O caminho de pesquisa que examina as pressuposições da teoria e prática subjacente de Relações

Públicas é um passo importante para articular teorias úteis de Relações Públicas. Taylor (2001)

diz que existem diversas suposições a mais sobre Relações Públicas Ocidentais que precisam ser

exploradas, por tanto, os próximos anos trarão a introspecção necessária para desenvolver

melhores teorias e práticas de Relações Públicas Internacionais.

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CAPÍTULO

4 VARIÁVEIS AMBIENTAIS E RELAÇÕES PÚBLICAS

NA AMÉRICA CENTRAL Neste capítulo, aborda-se a relação entre as variáveis ambientais com as Relações Públicas

nos países centro-americanos (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El

Salvador). Utilizam-se o suporte e o método do Handbook de Relações Públicas Globais

(2003)4. Desta forma, apresentar-se-á um panorama geral do contexto político,

econômico, cultura e sistema de meios de comunicação, visando testar essas variáveis da

Teoria Geral dos Estudos de Excelência em Relações Públicas em cada país centro-

americano. Também serão estudados os modelos presentes na prática das Relações

Públicas na América Central.

AMÉRICA CENTRAL

2 O livro de Sriramesh, Krishnamurthy e Vercic, Dejan. The Global Public Relations Handbook: Theory, Research and Practice apresenta 20 capítulos dos quais 17 além de descrever a prática de Relações Públicas em países específicos, utiliza um suporte conceitual inédito que une variáveis ambientais com as Relações Públicas. Estas variáveis são: infra-estrutura de um país (consistindo no sistema político, sistema econômico, nível de desenvolvimento, sistema legal e nível de ativismo no país); cultura e o ambiente dos meios de comunicação. Ademais o livro oferece a oportunidade de conhecer o nível de profissionalismo e de conhecimento de praticantes, o impacto de associações profissionais em responsabilidade social, a ética profissional, o estado da educação de Relações Públicas nos diferentes países, os desafios enfrentados pela indústria de Relações Públicas, o uso das organizações da administração de Relações Públicas estratégicas, inclusive mensuração e avaliação.

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71

4.1. PANAMÁ

4.1.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS A República de Panamá está situada no centro do continente americano; limita-se ao norte com o

Mar Caribe, ao sul com o Oceano Pacífico, ao leste com Colômbia e ao oeste com a República da

Costa Rica. A sua capital é a cidade do Panamá. Existem outras cidades importantes tais como

David, Santiago, Chorrera, Penonomé, Chitrá, Las Tablas e Guararé. Sua moeda oficial é o

Balboa, mas desde 1904, o dólar dos Estados Unidos tem sido a moeda de circulação legal no

país.

A extensão do território panamenho é de 75.517 kms2; a citada dimensão compreende a

superfície terrestre, o mar territorial e a plataforma marinha. o subsolo e o espaço aéreo.

Segundo as cifras do censo de 14 de maio de 2000, a população panamenha é de 2.839.177

habitantes. Aproximadamente 7.000 dessas pessoas são praticantes de relações públicas

(COREPPA, 2004).

O Artigo 7 do Título I da Constituição Política da República de Panamá estabelece que o

espanhol é o idioma oficial da República; embora o inglês seja muito utilizado, principalmente na

capital.

A posição de trânsito mundial tem feito da República de Panamá um país multi-étnico e

pluricultural, o que levou a uma crescente heterogeneidade da população, que criou um imenso

desafio para os profissionais de relações públicas e para as organizações panamenhas que os

empregam.

A Constituição Política também estabelece a liberdade de cultos e reconhece que a religião

católica é a da maioria dos panamenhos.

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4.1.1.1. Sistema Político Depois da independência da Espanha em 1821, o Panamá uniu-se voluntariamente a Colômbia,

ficando sob seu domínio durante oito décadas (1821-1903). Logrou a sua independência

definitiva da Colômbia e iniciou sua vida republicana em 3 de novembro de 1903.

Durante seu primeiro ano de independência, Panamá assinou um tratado com os Estados Unidos

permitindo-lhe a construção de um canal de 50 milhas de longitude e sua soberania sobre uma

franja de terra que contornava o canal, o que se chamou a Zona do Canal de Panamá. O canal

uniria o Mar do Caribe com o Oceano Pacífico. O projeto é uma das grandes obras de

engenharia do século XX.

O Panamá é uma democracia e, como tal, o poder soberano dos cidadãos como um todo está

regido pela Constituição Política da República.

Até finais da segunda guerra mundial, o poder no Panamá se concentrou nas mãos de umas

poucas famílias. Entretanto, depois da guerra, a política panamenha esteve cada vez mais

dominada por um sentimento antinorte-americano derivado do descontentamento com relação

ao controle dos Estados Unidos do canal e a jurisdição exclusiva da Zona do Canal.

Uma oligarquia comercial restringida dominou a cena política até 1968, com políticos populistas

como Arnulfo Árias Madrid, que foi eleito Presidente quatro vezes entre 1940 e 1968. Em

outubro de 1968, os militares puseram fim ao governo do Dr. Árias, iniciando uma nova era na

política panamenha. Foi então que surgiu o General Omar Torrijos Herrera como novo homem

forte do Panamá. Torrijos redigiu uma nova Constituição em 1972 proibindo os partidos

políticos e dotando-se de poderes extraordinários durante um período de seis anos.5

Depois do golpe militar, o governo “Torrijista” utilizou as relações públicas para ganhar a

aceitação e a aprovação cidadã do novo sistema político implantado.

A ênfase nas relações públicas governamentais, baseada nas boas relações com os meios de

comunicação, caracterizou parte desse período que dão uma idéia clara das relações públicas no

Panamá na primeira metade da década dos 70. Já na segunda metade da década de 70, as relações

públicas foram utilizadas em campanhas do governo militar para aumentar o sentimento

nacionalista, assim como também para ganhar o apoio da cidadania para os seus planos, projetos

e programas, muitos deles paternalistas. O governo militar percebeu os bons resultados e investiu

mais dinheiro em projetos de relações públicas em que o relacionamento com os meios de

comunicação continuava sendo de fundamental importância na divulgação de informações.

Podem ser caracterizadas as relações públicas pelo governo militar “Torrijista” como relações

5 O General Torrijos permitiu o reestabelecimento de partidos políticos em 1978 e se criou o Partido Revolucionário Democrático (PRD) para organizar o apoio social ao Governo.

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73

públicas nacionalistas e de desenvolvimento. Nacionalistas porque através de múltiplas

campanhas nos meios de comunicação de massas, levantou-se um sentimento patriótico pela

recuperação da Zona do Canal de Panamá em mãos dos Estados Unidos. As Relações públicas

foram desenvolvidas por causa de sua ênfase no crescimento econômico que impulsionou o

desenvolvimento nacional.

Em 1977, culminaram 13 anos de negociações com a assinatura de uns acordos com o então

Presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter e o General Omar Torrijos Herrera, para a

devolução do Canal e as bases norte-americanas ao Panamá em 31 de dezembro de 1999.6

Nos anos 80, o Panamá experimentou mudanças dramáticas. Em julho de 1981, morre num

acidente de avião o General Omar Torrijos Herrera, que como comandante da Guarda Nacional,

teve o controle efetivo do país. A partir desse momento se inicia uma reestruturação na força

militar panamenha, mas sem perder a ideologia autoritária. Em 1982, entra no cenário político

panamenho o General Ruben Dario Paredes. Ele, em seu curto período no poder, implantou

mecanismos para controlar e censurar a mídia. Em 1983, aparece a figura do General Manuel

Antonio Noriega, que leva o país a uma crise político-econômica de grandes proporções -

durante cinco anos -, e que culmina com a invasão do Panamá pelo exército dos Estados Unidos

em 20 de dezembro de 1989, pondo fim a 21 anos de ditadura militar.

Desta maneira, em 1989, o último dos generais militares panamenhos era derrocado, preso e

levado para os Estados Unidos, para ser julgado e posteriormente condenado a 40 anos de

cárcere por vários crimes, entre eles: narcotráfico e lavagem de dinheiro.

Em janeiro de 1990, é proclamado Guillermo Endara Galimany, como presidente da República

para o período 1990-1994, pois ele tinha sido o virtual ganhador das eleições de maio de 1989,

mas que o General Noriega anulou os resultados, afetando as relações diplomáticas com os

Estados Unidos e outros países.7

Nos anos 90, o desenvolvimento da democracia, a transição do Canal do Panamá aos

panamenhos em 1999 e os efeitos da globalização foram fatores chave da retomada do

desenvolvimento das relações públicas no país. A democracia encorajou ainda mais tanto as

organizações públicas como as empresas privadas a investir nas funções de relações públicas,

6 Depois da retirada das forças dos EUA das suas bases na zona do Canal, em 1999, realizaram-se conversações entre os governos norte-americano e panamenho para definir uma nova relação em termos de segurança. Este assunto ainda é, porém, sensível para as autoridades panamenhas, principalmente devido à manutenção do direito que os EUA se auto-atribuíram (durante o processo de ratificação do Tratado Torrijos-Carter pelo Senado dos EUA) de intervirem militarmente, de forma unilateral, no Panamá, sempre que considerem que a segurança do Canal está ameaçada. Além disso, a questão não resolvida da limpeza dos antigos campos de tiro dos EUA na zona do Canal complica a relação de segurança entre os dois países. Apesar disto, as relações entre os EUA e o Panamá são, de um modo geral, próximas 7 Nas eleições presidenciais e legislativas celebradas em maio de 1989 os observadores internacionais atribuíram a vitória ao Guillermo Endara Galimany, candidato da Aliança Democrática de Oposição Civilista (ADOC).

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74

visando fortalecer uma relação saudável entre elas e seus públicos, através de uma comunicação

simétrica.

Então, fica evidente que a introdução da democracia política provocou alguma maturidade para o

ambiente governamental e empresarial panamenho.

Hoje, os panamenhos não toleram mais processos autoritários e desfrutam dos benefícios de uma

democracia jovem, vibrante, apesar de suas imperfeições, mas que tem contribuído para um

maior desenvolvimento das relações públicas no país.

Igualmente, a industrialização do país, o empreendimento de grandes companhias nacionais e

multinacionais, continuam provendo os subsídios necessários para o efetivo crescimento das

relações públicas.

Desde a restauração da democracia no Panamá, já se realizaram três eleições livres, justas e

transparentes. As eleições de 1994, levaram à presidência a Ernesto Pérez Balladares. Nas eleições

de 1999, deu-se o fato histórico de eleger a Mireya Moscoso, como a primeira presidenta mulher

na história política panamenha. Em maio de 2004, Martín Torrijos (filho do falecido General

Omar Torrijos Herrera) é eleito como presidente da república para o período 2004-2009.

Apesar da democracia, as grandes desigualdades no seio da população panamenha pressionam as

organizações para aumentar o seu envolvimento com a comunidade, com seus empregados e

outras organizações. A comunidade agrupa-se e as agências de governo em todo o país tentam

atender as demandas cidadãs. Não obstante, um estudo realizado em 2004 sobre a cultura política

e democracia no Panamá indicou que os panamenhos continuam desconfiados do seu governo

que é caracterizado como sendo burocrático e ineficiente.

4.1.1.2. Sistema legal Todas as formas de liberdades individuais são protegidas pelo documento legal supremo do país:

a Constituição Política do Panamá. Na Constituição, estão inseridos todos os aspectos de ação

governamental.

A Constituição Política do Panamá contempla três poderes de governo: executivo, judiciário e

legislativo os quais são independentes uns dos outros para estabelecer um equilíbrio entre eles. O

presidente é eleito pelo voto popular por não mais que um período de 5 anos, sem direito à

reeleição. A Assembléia Legislativa está composta por 72 legisladores e a população determina a

sua representação na Assembléia Legislativa através do voto popular em eleições organizadas

pelo Tribunal Eleitoral.

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A cada eleição no Panamá, são planejadas e executadas campanhas de relações públicas não só

para estimular os eleitores para ir às urnas; mas também para organizar debates que produzam

uma interação entre os candidatos e o público eleitor.

É importante mencionar que os três poderes do Estado utilizam as Relações Públicas

principalmente para melhorar a imagem ante a sociedade, pois a opinião pública considera que

esses órgãos estão envolvidos na corrupção. A corrupção continua a ser o maior obstáculo na via

da plena modernização da democracia do Panamá. A opinião pública considera que o

funcionamento do processo político está largamente corrompido por interesses pessoais e este

desencantamento ainda é mais agravado pela incapacidade do sistema político, em especial da

Assembléia Legislativa, de cumprir a sua missão com eficiência e celeridade. Embora o

funcionamento do sistema judicial, em termos dos acordos que produz, não seja considerado

particularmente problemático, executam-se várias campanhas cívicas de relações públicas visando

a agilidade nos processos judiciais, pois a excessiva lentidão dos julgamentos faz com que mais da

metade dos detidos nas prisões do Panamá ainda não tenham sido julgados.

Com relação ao status legal das relações públicas no Panamá, é oportuno assinalar que a profissão

possui um suporte legal distintivo que, com exceção do Brasil, não é encontrado em qualquer

outro país do mundo.

O Panamá adotou uma legislação que regulamenta a prática das relações públicas (Assembléia

Legislativa Lei 37, 22 de outubro de 1980; Assembléia Legislativa Lei 21, de 22 de junho de

2005).8

Apesar de muito debate e discussão, a Lei 37 se manteve sem modificações por mais de duas

décadas, fato esse que impediu um maior desenvolvimento no campo das relações públicas.9

Algumas tentativas de reformar a lei e adequá-la aos tempos modernos não prosperaram. Em

2002, depois de quatro anos de intensa consulta do Colégio de Relações Públicas do Panamá -

COREPPA - foram traçadas mudanças para a lei.

O debate nacional coordenado pelo COREPPA produziu um documento chamado “Propostas

de reforma à Lei 37”, que foram apresentadas aos profissionais da área tanto em distintos

eventos, como através dos meios massivos de comunicação.

Finalmente em consenso, foram feitas as modificações pertinentes da Lei 37/80. Como resultado,

o COREPPA trabalhou para concluir o documento final que foi entregue à Comissão de

Comunicação e Transporte da Assembléia Legislativa em 2002, agora como Anteprojeto de Lei

N0 91. Depois de ficar três anos em discussão na Assembléia Legislativa, o anteprojeto de lei foi

8 Essa lei é bastante parecida com a do Brasil que regulamenta a profissão desde 1967. 9 Paradoxalmente no Brasil com a Lei 5.371 aconteceu o mesmo fenômeno, convertendo-se a lei em um obstáculo sério para “o crescimento e consolidação da área” (Kunsch, 1997, p. 22).

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Apesar da existência da derrogada Lei 37 e do trabalho levado a cabo pelo corpo regulador, foi

difícil velar pelo cumprimento da lei, principalmente daqueles que não tinham licenciamento,

devido ao fato que a extensão de relações públicas se expandiu e diversificou (Smith, 2002).

A derrogada Lei 37 reconhecia que poderiam obter sua autorização ou licenciamento os

profissionais de relações públicas que tivessem trabalhado em entidades ou empresas públicas ou

privadas, pelo menos durante cinco anos contínuos antes da vigência da Lei. A partir da vigência

da Lei, só profissionais com um título universitário em relações públicas de uma instituição

reconhecida ou um diploma estrangeiro, poderiam obter a licença profissional (idoneidade)12.

Embora governo esteja representado na Junta Técnica de Relações Públicas 13, ele não pode

nomear um Diretor de Relações Públicas que não seja profissional da área, mesmo que seja um

profissional de relações públicas estrangeiro.

Além de velar pelos aspectos legais, o COREPPA criou uma comissão de assuntos acadêmicos

para assegurar que os futuros profissionais de relações públicas recebam uma educação de alta

qualidade.

O reconhecimento do campo de relações públicas pelos diferentes segmentos da sociedade

panamenha está sendo promovido pela redefinição legal da profissão junto com sua unificação

com os setores de educação nacionais e internacionais, assegurando, assim, que tem as bases

teóricas e práticas requeridas para o exercício pleno de atividades de relações públicas

profissionais.

4.1.1.3. Sistema econômico O lema do Escudo do Panamá é “Pro Mundi e Beneficio”. Um sinal de que pela sua posição

geográfica, o país beneficia o mundo todo. Daí que a economia panamenha esteja fortemente

dominada pelo setor serviços. O Canal do Panamá, a Zona Livre de Colón e o Centro Bancário

Internacional contribuem para que o Panamá tenha uma renda per capita relativamente alta em

comparação com outros países da região, embora também que a distribuição da renda seja muito

desigual, ao ser setores que contribuem comparativamente pouco ao emprego.

A força trabalhista em 1999 era de 1.089.000 pessoas, das quais 962.300 estavam empregadas.

Aproximadamente 1500 desses trabalhadores são profissionais das Relações Públicas.

Ao longo dos últimos 30 anos, a prática das relações públicas no Panamá foi marcada por tempos

de auge e queda, produto das diferentes crises políticas e econômicas, pelas que têm atravessado

12 Os profissionais que tinham obtido diploma em Relações Públicas em universidades estrangeiras, prévia convalidação da Universidade de Panamá e sempre que a critério do Conselho Nacional de Relações Públicas, essas entidades de ensino tenham o prestigio acadêmico indispensável. 13 Pelos Ministros e vice-ministros de Governo e Justiça e de Educação.

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o país. Por exemplo, a redução das relações públicas que caracterizou a quase toda a década de

1980 e que levou a muitos praticantes a perder seus empregos. Com o advento da democracia no

início dos anos 90, o campo das Relações Públicas retoma seu auge. Então, com a volta da

estabilidade política e econômica no país, aparecem novas empresas que precisam dos serviços de

profissionais das Relações Públicas que os ajudem a planejar a comunicação estratégica da

organização e ao mesmo tempo ajudá-los a atrair capital de investimento.

Porém, os conselheiros especialistas de relações públicas estarão uma vez mais em grande

demanda.

Neste contexto, as Relações Públicas desempenharam um papel importante no diálogo social e o

acordo político se tornou a estratégia mais aconselhável para alcançar os consensos básicos em

torno dos objetivos de bem-estar e transparência, assim como as políticas que, para obtê-lo,

deviam aplicar-se.

Os anos oitenta se caracterizaram por uma desaceleração do crescimento econômico e uma grave

crise econômica a finais da década por causa de uma crise política e a invasão por parte dos

Estados Unidos. A desaceleração do crescimento mostrou o esgotamento do antigo modelo

panamenho de crescimento apoiado na coexistência de um setor exportador relativamente

isolado do resto da economia e um setor orientado ao mercado doméstico e altamente protegido

da competência internacional (ver Banco Mundial 1995; República do Panamá 1991, 1994, 1997,

1998; MEF 1999).

No primeiro qüinqüênio dos anos noventa recupera-se a economia com a restauração da

democracia, o aumento de fluxos de capital para o Panamá, a ajuda externa e com as políticas de

estabilização e de uma liberalização moderada, as Relações Públicas começam a respirar

novamente. No início dos anos noventa, o Governo lançou um novo programa de estabilização e

ajuste estrutural. Este programa teve o apoio do Banco Mundial (através de um Empréstimo de

Recuperação Econômica em 1992) e por outras instituições financeiras internacionais. O governo

conseguiu melhorar as finanças públicas e as políticas contribuíram para uma recuperação da

economia. Entretanto, o governo não conseguiu implementar todas as reformas e alcançar as

metas de ajuste estrutural. Não obstante, o fim da crise política e o simples fato de emoldurar as

políticas em um programa de ajuste claramente definido, facilitaram o levantamento das sanções

econômicas externas e assim se restabeleceu a confiança dos investidores e agências

internacionais no Panamá. Isto resultou na repatriação de capital privado e grandes fluxos de

ajuda externa. Um processo de liberalização comercial combinado com um auge no ingresso de

capital e um regime cambiário fixo.

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O crescimento econômico facilita uma redução do desemprego, um aumento do emprego

assalariado nos setores formais e, assim, uma redução da pobreza.

Durante o período de reformas (1994-98) aumenta a desigualdade e se estabiliza a pobreza

urbana.

Nos primeiros anos do século XXI, Panamá dá indícios positivos especialmente quanto a uma

política fiscal prudente no que diz respeito às despesas. Isto, unido a uma estabilidade política,

permitiu-lhe retomar sua posição de porto seguro para investidores na América Latina.

Segundo o último relatório do Ministério de Economia e Finanças sobre o comportamento

econômico do Panamá em 2003, “destaca-se o crescimento nos setores produtivos do país. Este

crescimento produziu externalidades positivas que beneficiaram a todos os outros setores da

economia nacional. Esta dinâmica interna facilita o processo de modernizar e transformar nossa

economia ante sua abertura ao mercado global.”14

O PNUD conclui que se o Panamá tivesse uma distribuição mais eqüitativa de seus recursos

“pudesse apresentar um grau de pobreza muito menor.”15

A partir da década de 1970, de um vasto setor financeiro internacional, atraído pela

regulamentação favorável do Panamá em matéria de sigilo e de controle, juntamente com o

desenvolvimento da Zona Franca de Colón para a importação e a redistribuição de mercadorias,

concentraram ainda mais a atividade econômica no setor dos serviços e numa estreita área

geográfica. A crise econômica panamenha durante o bloqueio econômico dos Estados Unidos de

1985-89, alterou as observações otimistas e dúvidas de elenco no desenvolvimento das relações

públicas no Panamá. O governo panamenho não pôde afiançar bastantes recursos financeiros

para reembolsar sua dívida externa e poder buscar a ajuda do Fundo Monetário Internacional. O

sistema econômico conduzido pelo governo ficaram sob grande pressão nesse ambiente

dinâmico de negócio internacional, resultando no colapso de várias empresas, inclusive de

Relações Públicas. O governo começou a realizar reformas econômicas em uma tentativa de

aquecer a economia nacional.

Depois de ter equilibrado o seu orçamento em 2000, essa situação também provocou cortes nos

orçamentos, principalmente, dos departamentos de relações públicas do setor governamental. O

desempenho do país no âmbito do programa é de que foram alcançados progressos substanciais

com a reforma da legislação e da supervisão no setor bancário.

14 Ministério de Economia e Finanças, Relatório econômico anual 2003, Panamá: MEF. (Ver “Resumo executivo”). Juan Luis Moreno V., 1999, “Uma economia dolarizada com integração financeira,” Provo Journal, Vol. 18, N°3 15 Ricardo Paes e outros (ed.), 2003, A igualdade como estratégia de combate à pobreza no Panamá, Panamá: IPEA/PNUD, P. 59.

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O Governo do Panamá tem levado a cabo, nos últimos anos, uma política ativa de privatização

dos ativos públicos, em especial a companhia telefônica de rede fixa, que é atualmente explorada

pela Cable and Wireless do Reino Unido. Os serviços de telefonia móvel também foram

privatizados, o mesmo acontecendo com a exploração das instalações portuárias e de

contentores. O abastecimento de eletricidade também foi privatizado.16

Contudo, as crises ocorridas na década de 1980, que levaram à liquidação de várias instituições,

bem como a preocupações internacionais acrescidas relativamente ao branqueamento de capitais

provenientes do tráfico de droga, tornaram necessário o estabelecimento de um regime de

supervisão mais eficaz e conforme com as regras internacionais.17

Nos últimos anos, foi feito um investimento estrangeiro significativo, em especial asiático (Hong-

Kong e Taiwan), em instalações portuárias e de contentores, em ambos os extremos, Atlântico e

Pacífico, do Canal.18

Panamá possui um considerável potencial turístico constituído pelos seus atrativos naturais,

culturais e históricos e pelo Canal.

4.1.1.4. Ativismo e relações públicas Os avanços democráticos contribuíram em parte para a organização da sociedade civil, a qual

ficou mais ativa. Com a nova democracia nos anos 90, aparece o Ombudsman (defensor dos

direitos cidadãos). Em 1996 é fundada a CLICLAC com a finalidade de proteger os Direitos do

Consumidor. Os avanços nos direitos dos consumidores também se tornaram um canal de

expressão para a defesa dos direitos dos cidadãos.

Com os avanços da democracia, as organizações panamenhas estão sendo pressionadas pela

sociedade para oferecer qualidade de produtos e serviços, proteção ao meio ambiente. Por esta

razão a responsabilidade social se tornou assunto pertinente para as organizações.

O ativismo civil no Panamá protestou durante as décadas de setenta e oitenta contra as decisões

autoritárias do regime militar. Por exemplo, a “Cruzada Civilista”, movimento que se organizou

para protestar contra a corrupção e tirania da ditadura militar do General Manuel Antonio

Noriega em 1984-89. Também, movimentos trabalhistas por melhores condições de trabalho e

melhores salários estimularam a autorização de movimentos civis e conduziram ao nascimento de 16 Há algum tempo que se discute a privatização da gestão do aeroporto internacional do Panamá, embora se tenham registrado poucos progressos nos últimos um ou dois anos. Do mesmo modo, os planos iniciais para privatizar a companhia das águas parecem ter sido suspensos. 17 A fim de pressionar as autoridades panamenhas a tomarem medidas mais enérgicas, o Grupo de Ação Financeira internacional da OCDE colocou, em 2000, o Panamá na sua lista negra de países não colaboradores, da qual foi retirado um ano depois, na seqüência da aplicação da nova legislação nacional que previa uma melhor comunicação de informações e um maior controle do setor financeiro. 18 Serão considerados outros planos de expansão destas instalações, bem como o desenvolvimento de zonas complementares, a fim de aumentar a competitividade e a eficiência do Canal.

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diversas organizações não governamentais (ONGs). As ONGs estão jogando um papel ativo na

política e freqüentemente vigiam e contestam os males do governo ou das

empresas/organizações.

Atualmente no Panamá, há mais de 800 ONGs, as quais têm aumentando drasticamente desde o

advento da democracia em 1989. As estatísticas mostram que 70% das ONGs buscaram

estabelecer o movimento democrático em 1984, mas a ditadura militar não deixou.

As estratégias de relações públicas das ONGs giram principalmente ao redor de publicidade de

mídia buscando o apoio para as suas causas.

Os grupos ativistas pressionam e forçam as organizações públicas e privadas a se ocupar de

práticas de relações públicas éticas e mais transparentes. Muitas vezes, quando as organizações

panamenhas estão enfrentando uma crise, lamentavelmente as práticas de relações públicas são

pouco éticas, utilizando a velha estratégia de não brindar informação sobre o assunto,

constrangendo qualquer possibilidade de estabelecer uma relação honesta com a mídia. É

importante mencionar que as Relações Públicas não são exclusividade de um grupo em particular,

pois elas servem a todas as ideologias, seja do governo, do setor privado ou de grupos ativistas.

Para ilustrar, há vários exemplos do poder de grupos ativistas no Panamá. Em 2003, grupos

ativistas em oposição à construção de uma estrada atravessando uma área de conservação

ambiental na província de Chiriquí, fizeram que o governo reavaliasse o projeto e no final das

contas cancelaram seus planos de construção. Em fevereiro de 2000, um movimento ativista em

conjunto com o Green Peace, impediram o passo de um navio pelo Canal do Panamá, que

transportava materiais tóxicos e radioativos, que colocariam a vida em risco de milhares de

pessoas se acontecesse um acidente com o navio. Na década dos 70 e em pleno apogeu da

ditadura do General Omar Torrijos Herrera, a sociedade panamenha organizada impediu que o

deposto Xá do Iran, Mohamet Reza Palevi e sua família que aspiravam morar no país, ficassem.

Pela pressão popular foram convidados pelo governo militar a deixar o país. Dois movimentos

históricos marcaram o ativismo no Panamá. O primeiro foi o “Movimento dos Mártires de

Janeiro”, originado pelo descontentamento nacionalista pela soberania na Zona do Canal em 9 de

janeiro de 1964. Esse protesto resultou na morte de 21 estudantes panamenhos pelos soldados do

exército norte-americano e em uma ruptura temporária de relações diplomáticas entre os dois

países. O outro dos movimentos históricos, e sem dúvida alguma o mais significativo no Panamá,

foi aquele encabeçado pelo General Omar Torrijos Herrera, que em aliança com outros

movimentos sociais e políticos do país, culminou com a assinatura dos Tratados Torrijos-Carter

em outubro de 1977, onde o governo dos Estados Unidos se comprometia a devolver

paulatinamente todas as áreas e instalações do Canal do Panamá, e à retirada gradual das tropas

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do exército norte-americano, até o dia 31 de dezembro de 1999, devolvendo assim totalmente a

chamada “Zona do Canal de Panamá”. Sem dúvida alguma, os grupos ativistas se têm convertido

em uma terceira força que exerce influência nos diferentes setores da sociedade panamenha.

Em meados de 1995 um violento protesto sindical contra reformas no Código de Trabalho,

impulsionado pelo então presidente Ernesto Pérez Balladares, teve como resultado nove mortos.

Os ativistas panamenhos prosperaram debaixo da ditadura militar e posteriormente com a

democracia no país.

Por isso, as Relações Públicas são as mediadoras em negociações com grupos ativistas.

Como ocorre no resto dos países da região, Panamá conta com um grande número de

organizações sindicais, que abrangem a todos os setores da economia. Todas essas centrais

sindicais agrupadas no Conselho Nacional de Trabalhadores Organizados (CONATO) possuem

um departamento ou uma pessoa encarregada das Relações Públicas.

Quanto às organizações de empregadores, a ampla maioria das organizações do país se

encontram agrupadas no Conselho Nacional da Empresa Privada (CONEP). CONEP representa

os interesses de 26 associações de empresários e câmaras de comércio nacionais e provinciais.

A Câmara de comércio, Indústrias e Agricultura do Panamá (CCIAP), que é outro braço político

do setor privado, teve sua maior expressão durante os anos finais da ditadura militar.

Não existe dúvida que os grupos ativistas no Panamá constituem um espaço para desenvolver

programas de Relações Públicas incentivando-os a aumentar suas atividades de comunicação

internas e externas.

4.1.2. CULTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS As organizações multinacionais no Panamá possuem uma cultura interna forte, mas ao mesmo

tempo não ignoraram as culturas que existem fora dela. Apesar desta cultura interna forte, as

organizações estão conscientes de que seus empregados trazem outras culturas para o lugar de

trabalho.

As Relações Públicas no Panamá estão inseridas tanto na cultura nacional, como na cultura

interna das organizações. No entanto, os profissionais das Relações Públicas, freqüentemente

utilizam modelos da prática copiados de países mais desenvolvidos. Isso acontece

independentemente do sistema sócio-político e cultural de um país, pois modelos de Relações

Públicas podem ser adotados, tal como acontece com os princípios genéricos de excelência.

Pela influência norte-americana de quase um século no Panamá, o idioma inglês se converteu na

segunda língua do país. Como o idioma também forma parte da cultura, nos cursos de Relações

Públicas no Panamá se oferece a disciplina de inglês, assim como o aluno tem a possibilidade de

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estudar e apreender outras línguas, tanto na Faculdade de Humanidades da Universidade do

Panamá ou em centros particulares dedicados ao ensino de idiomas. Não há dúvida, que qualquer

um que quer ser um praticante de relações públicas globais deverá apreender pelo menos um

idioma diferente do seu sem descuidar do seu próprio idioma.

O Panamá possui uma identidade nacional forte apesar da variedade de grupos étnicos e

estratificação social.

O país é uma cultura que evita incertezas: haverá um nível mais alto de ansiedade

emocionalmente em pessoas que se tornam manifesto em maior nervosismo, e agressividade.

Não obstante, os panamenhos vivem na incerteza, porque no país, assim como nas organizações,

o futuro é desconhecido. Então, os panamenhos parecem achar modos para escapar da sua

realidade com uma grande paixão pela vida e otimismo para superarem a ansiedade que causa

algum tipo de instabilidade ou ambigüidade.

Os panamenhos são individualistas e com uma distância de poder alta. Na maioria das

organizações panamenhas, os empregados aceitam a hierarquia e assumem de forma individual as

suas tarefas. Esses aspectos parecem estar causando lutas dentro da população que, desde 1989,

está no processo de superar a repressão de ditaduras.

O Panamá é considerado uma sociedade moderadamente masculina.

Em relação ao dinamismo de trabalho confuciano ou à orientação para a vida, o Panamá pode ser

categorizado como uma sociedade de orientação a curto prazo. A cultura panamenha é

imediatista, por isso é comum ouvir “quero isso para ontem”, deixando evidentemente claro, que

quer as coisas o mais rápido possível.

Quando o individualismo é alto, a comunicação face-a-face será mais efetiva em uma negociação

e produzirá níveis mais altos de cooperação.

A Comunicação humana é um componente primário dos esforços de relações contínuas.

Contatos pessoais, tipificados pelo modelo de influência pessoal, são essenciais para desenvolver

interações sólidas com jornalistas, editores e funcionários do governo. Em organizações públicas

e agências de governo, uma função primária de relações públicas é "protocolo e cerimonial" que

são a conseqüência de uma cultura caracterizada por distância de poder alta.

Como a sociedade panamenha é imediatista, existe uma limitação para o planejamento estratégico

de relações públicas, já que comumente os programas são mais orientados para resultados a

médio e longo prazo.

A Cultura corporativa no Panamá compartilha e acredita em duas filosofias chaves: criar valores

para seus públicos (consumidores, clientes e empregados), e um Manejo apoiado na estima da

dignidade humana. apoiando-nos nestas filosofias e sob um espírito de manejo gerencial,

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promovemos gerências autônomas que suportem suas responsabilidades. Os interesses estão

cimentados nos princípios de uma economia de livre mercado, que se une a um espírito de livre e

justa competência.

As organizações estão comprometidas para ser as líderes do mercado local, assim também

perseguem benefícios mútuos entre seus sócios estratégicos, apoiados em confiança e cooperação

mútua. Daí que as organizações em sua grande maioria decidiram estabelecer um Código de Ética

como um padrão para julgamentos de valores e conduta moral.

Em relação às Responsabilidades e Obrigações com seus públicos, as organizações panamenhas

consideram muito a opinião de seus clientes, já que eles formam o fundamento básico de seus

negócios. Elas tentam continuamente ganhar confiança incondicional de seus clientes

proporcionando-lhes produtos e serviços de qualidade.

As organizações valorizam a opinião de seus consumidores e aceitam suas verdadeiras

necessidades. Daí que consideram seus consumidores entre os padrões primários a seguir em suas

decisões e conduta.

A missão das empresas de respeitar a dignidade humana de seus empregados lhes provê um trato

justo apoiado em suas habilidades e desempenho. Toda empresa deve incentivar um ambiente de

criatividade entre seus empregados.

É importante mencionar que uma empresa de êxito reforça dentro de sua cultura corporativa

princípios éticos que estabelecem seu comportamento apoiado em valores, examina que seus

produtos e serviços sejam de qualidade, trabalha para que sua gestão não prejudique o ambiente e

promove o desenvolvimento sustentável, fomenta em seus colaboradores o desenvolvimento

profissional e o bem-estar pessoal dentro de um ambiente trabalhista ótimo e investe nas

comunidades e setores mais necessitados do país.

Panamá fez avanços significativos na cultura corporativa de suas organizações, mas ainda

necessita que suas empresas se preocupem mais por cuidar o impacto que têm na sociedade. Por

isso se está trabalhando intensamente para construir “Melhores Empresas para um Melhor

Panamá”

Panamá tem uma ampla cultura do serviço e da qualidade do mesmo que os converta em um país

competitivo a nível mundial e que fomente certa competitividade nos negócios locais para a

inteira satisfação do consumidor.

Panamá através do Ministério de Turismo está investindo em campanhas de Relações Públicas que atraiam

o turista local e estrangeiro, promovendo a região como um lugar turístico. Conseguir estabelecer uma

verdadeira cultura corporativa de serviço ao cliente orientada à satisfação de suas necessidades antes,

durante e depois da compra, é de vital importância no Panamá.

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4.1.3. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS No Panamá, a maioria das empresas de comunicação (imprensa, radio e televisão), foram

afetados pela crise político-financeira de 1984-89 que afundou a economia panamenha. A maioria

desses meios de comunicação dependiam da renda de anúncios. Assim, a redução de anúncios

durante a crise dos anos 80 causou dificuldades administrativas sérias. Por exemplo, algumas

emissoras de rádio, tiveram que solicitar doações para poder pagar a conta de eletricidade e assim

poder continuar no ar ao serviço da comunidade. Essa crise financeira foi produto da situação

política do momento, já que o governo dos Estados Unidos fez um bloqueio econômico ao país,

como medida de pressão para a saída do poder do General Manuel Antonio Noriega.

Nesse período, a ênfase editorial e das informações veiculadas na mídia estava nas críticas contra

a ditadura militar, trazendo como conseqüência o fechamento de muitos dos meios de

comunicação e até a prisão de vários comunicadores.

Após a queda do regime militar em 1989, iniciou-se a reconstrução do sistema econômico, que

ajudou na reativação do sistema de meios de comunicação. Os meios que foram fechados durante

a crise político-econômica foram abertos novamente e aqueles que tinham sido expropriados

durante os 21 anos de ditadura foram devolvidos a seus legítimos donos.

Neste período, as relações de mídia se tornaram novamente uma oportunidade para o campo das

relações públicas.

Apesar da existência da liberdade de expressão, os três governos democráticos posteriores à

ditadura militar não demonstraram vontade política suficiente para derrogar todas as leis

restritivas à liberdade de imprensa e de controle dos meios de comunicação. Em 2005, o

presidente da república, Martín Torrijos Espino tomou a iniciativa e derrogou a chamada “Lei

Mordaça”, que se encontrava vigente.

Existem inúmeras leis específicas e diferentes códigos que contêm todo tipo de disposições, que

atacam de maneira direta a liberdade de expressão em aberta violação à Convenção Americana de

Direitos Humanos.

Por outro lado, continuam sendo questionadas as restrições impostas pela regulamentação,

ditadas durante o mandato da presidente Mireya Moscoso, para a Lei de Transparência que

permite o acesso à informação pública para todos os cidadãos. A lei não tem sido utilizada como

uma ferramenta eficiente para que os cidadãos tenham acesso às informações oficiais.

Na República de Panamá, publicam-se diariamente seis jornais. A contribuição dos jornais,

enquanto a publicação de diversas temáticas se consideram significativos, já que as diferentes

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seções assim o permitem. No entanto, os tablóides sejam os diários de maior circulação do país

eles não preenchem muitas vezes as expectativas desejadas por seu caráter sensacionalista.

A soma da tiragem dos seis jornais arroja uma cifra de 205,000 exemplares diários, que são

distribuídos principalmente nos centros urbanos da capital e do interior do país.

O Panamá América, La Prensa e La estrella de Panamá são jornais impressos nacionais que são

influentes. O New York Times é o único dos jornais ingleses no Panamá. Também há vários

diários empresariais e de recursos humanos. Existem várias agências estrangeiras de Notícias

como Panafax, REUTER, ACAN-EFE, entre outras que proporcionam informações a diários e

empresas de radiodifusão.

O rádio é o meio de maior difusão no Panamá e conta com um grande número de receptores,

superando assim a televisão e os meios impressos.

De acordo com informes da Direção Nacional de Meios de Comunicação Social do Ministério de

Governo e Justiça, no país funcionam 273 radio emissoras: 119 utilizam a freqüência de onda

meia (hectométrica) e 164 a freqüência modulada(métrica).

Destas emissões 20 têm alcance nacional: 4oito em FM e 12 em AM, o que permite que as

estações de radio cheguem até as áreas mais afastadas do território nacional. Algumas rádios

cruzam as fronteiras, pois podem ser sintonizadas ao vivo, 24 horas ao dia, através da internet.

Cabe destacar que a rádio joga um papel de grande importância para os panamenhos, já que

oferece grande variedade de programas educativos, recreativos, culturais, de opinião, entre outros,

os quais coadjuvam o crescimento da sociedade.

No Panamá, as estações de rádio formam parte da Associação Panamenha de Radiodifusão

(APR). Funcionam no País 9 canais de televisão e 2 empresas de televisão a cabo com mais de

140 canais internacionais. Entre os canais nacionais estão: Telêmetro Panamá – canal 13 e RPC

Televisão Canal 4 (que pertencem à Corporação MEDCOM Panamá); Televisora Nacional Canal

2; Fundação para a Educação em Televisão FETV canal 5 (Televisora Católica), RTVE Educativa

Panamá canal 11 (propriedade do governo) e RCM Canal 21, entre outros.19

Esses canais apresentam uma variada programação que inclui temas culturais, educativos,

recreativos e de interesse geral, contribuindo à formação integral do indivíduo e, por tanto, da

sociedade panamenha.

Atualmente se está contemplando a expansão de RTVE Panamá para que tenha uma cobertura

nacional, com a finalidade de difundir programas de educação à distância dirigidos à população

de jovens, adultos e crianças das zonas marginalizadas social e geograficamente.

19 A programação dos canais 2, 4 e 13 pode ser assistida via internet.

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Por outro lado, está prevista a abertura de três freqüências de televisão, dois para a capital e outra

para o interior do país.

Este meio é o mais utilizado nas áreas urbanas, não assim em populações rurais onde ainda não

chega o fluido elétrico. Porém, de acordo com dados estatísticos do censo de 1990, a média de

pessoas com aparelho de televisão em casa alcança 3.5 de cada 10;

A Internet está emergindo como um componen

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Relações Públicas panamenhos continuam investindo na relação de mídia como uma via para

proporcionar aos meios de comunicação uma boa quantidade e qualidade de informações. Esta

situação de contato pessoal dos praticantes das Relações Públicas com os jornalistas pode

eventualmente conduzir a relações simétricas, em que ambas as partes se beneficiam.

Os praticantes de relações públicas têm acesso fácil às mídias. Porém, o nível desse acesso

depende mais de redes pessoais que de relações profissionais. Aqui a influência pessoal

desempenha um papel fundamental.

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4.2. COSTA RICA

4.2.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS

A Costa Rica é um país da América Central, limitada a norte pela Nicarágua, a leste pelo Mar das

Caraíbas e pelo Panamá e a sul e oeste pelo Oceano Pacífico. É também costarriquenha a ilha do

Coco, no Oceano Pacífico.

A Costa Rica está situada numa das zonas mais estreitas do subcontinente. O terreno é

constituído por um conjunto de cordilheiras escarpadas que atravessam o país de noroeste para

sueste, ladeadas por planícies costeiras de largura variável, sendo que as maiores são a de nordeste

e o largo vale do rio Tempisque, a noroeste. As montanhas estão semeadas de vulcões, alguns dos

quais activos, e atingem a máxima altitude no Cerro Chiripó, com 3 810 m. A capital, San José, é

a maior cidade do país e situa-se na zona das cordilheiras. Outras cidades importantes são

Alajuela, próxima de San José, Puntarenas, na costa do Pacífico e Limón, na costa caribenha.

O clima é tropical e subtropical, arrefecendo em altitude. Existe uma estação seca de

dezembro a abril e uma estação chuvosa entre maio e novembro.

A Costa Rica tem uma área de 19,730 de quilômetros quadrados. Uma população de 3.710.558

(Estatísticas de Julho 2000). A maioria das pessoas são de ascendência espanhola, com o índio e

admistões pretas. O idioma oficial é o espanhol.

Sua Religião é o Catolicismo romano. A Moeda corrente é o colón. A exportação de café e a

construção de uma linha de trem melhorou sua economia no século XIX. Uniu o império

mexicano curto-vivido em 1821, era um sócio das Províncias Unidas de América Central 1823-

38, e adotou uma constituição em 1871.

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4.2.1.1. Sistema político Costa Rica é uma das democracias mais antigas da América Latina e, certamente, a mais estável

delas (Booth, 1995, 1998; Booth & Seligson, 1994; Chalker, 1995; Mahoney, 2001; Peeler, 1985,

1991; Programa Estado da Nação, 2001a; Yashar, 1997). Seu regime democrático foi o resultado

de uma larga transição política iniciada no final do século XIX, o que gerou um conflituoso

processo de desenvolvimento de instituições políticas durante a primeira metade do século XX.

(Lehouq, 1998; Ivan Molina & Lehouq, 1999).

O estabelecimento de um regime democrático na Costa Rica, ao longo da primeira metade do

século XX, é parte de um processo mais amplo de desenvolvimento do Estado Nacional e das

lutas por expandir o reconhecimento e tutela dos direitos cidadãos na esfera política, civil e social.

De fato, nos aproximadamente noventa anos de transição democrática, podem identificar-se

mudanças fundamentais tanto no âmbito das instituições relacionadas com o acesso ao poder

político (por exemplo, o sistema eleitoral) como no das instituições.

Já para a década de 1960, existia um sistema eleitoral capaz de realizar eleições livres, justas e

competidas, dirigido por um Tribunal Eleitoral independente e com fila constitucional. Profundas

mudanças também tinham ocorrido em matéria do Estado de direito. O Poder Judicial se

converteu em um poder independente do Estado, com monopólio sobre a função jurisdicional,

não só pelas provisões da Constituição de 1949, mas sim pela autonomia financeira e funcional

garantida em 1957 (C. J. Gutiérrez, 1983).

Uma reforma fundamental foi a abolição do exército, que eliminou um fator de instabilidade e

permitiu que fossem redirecionados recursos públicos a outros âmbitos de ação. Um desses

âmbitos foi o campo das Relações Públicas. Além disso, universalizou-se o direito ao sufrágio e

se eliminou a intromissão do Executivo em outros Poderes do Estado. Porém, pese ao decisivo

impulso democratizador que provocaram, não criaram de súbito a democracia. Por uma parte, a

transição vinha de antes. Por outro, face aos avanços citados, o sistema político manteve uma

exclusão antidemocrática durante o período de 1949 a 1975.

Durante a transição política dos anos 70, a organização deficiente dos departamentos e escritórios

de Relações Públicas provocou que os níveis gerenciais lhe subtraíssem importância ao trabalho

que desempenharam até esse momento. (Incera e outros 1985: 45)

Olga Ovares, ao referir-se ao desempenho das Relações Públicas em Costa Rica, afirma que

apesar de o país estar há 47 anos no mercado, foi uma vida atropelada, com a passagem da teoria

para a prática, pseudo-profissionais que davam pseudo-soluções aos problemas de comunicação

nas organizações.

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Segundo Ovares, estes problemas, de uma forma ou de outra, são o resultado dessa educação

pouco planejada própria dos inícios da carreira, tanto dentro como fora da Escola de Ciências de

Comunicação Coletiva da Universidade da Costa Rica.

Apesar das tensões sociais e políticas geradas pela crise econômica de 1980-1982 e pelos efeitos

dos conflitos centro-americanos, a democracia que emergiu depois da larga transição se

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Psicológicas e de Investigações Sociais da Universidade da Costa Rica (IIP-UCR e IIS-UCR,

respectivamente). IDESPO conta com uma série temporária que arranca em 1995 e, desde 1997,

efetua um “termômetro” mensal de opinião pública sobre um tema de interesse. Mais

recentemente, IIS-UCR incursionou nos estudos de opinião pública (Fournier, Gutierrez, &

Cruz, 2002; Fournier, Raventós, & Sandoval, 2003).

4.2.1.2. Sistema legal Os cidadãos precisam saber quais são as leis estabelecidas no país para conhecer seus direitos e

deveres. A constituição política é a norma fundamental ou suprema de um país porque sua

autoridade é superior inclusive à das leis.

Em seu texto, enunciam-se os direitos e deveres dos cidadãos, regula-se o sistema de governo e

estabelecem-se os limites do poder do estado.

A constituição política, que foi passada em 7 de novembro de1949, é a que rege atualmente os

costarriquenhos.

Na Costa Rica, as leis são criadas para manter convivência pacífica entre os habitantes. Quando

não são respeitadas, surgem conflitos e problemas entre as pessoas, sendo o poder judiciário o

que tem a responsabilidade de administrar a Justiça e velar pelo cumprimento da Constituição e

das leis, com absoluta independência dos outros poderes da república.

O poder judiciário está organizado em três âmbitos, que dependem da corte suprema de Justiça e

compreendem desde a administração da Justiça, até o trabalho de todos seus empregados.

O âmbito judiciário é constituído pelo tribunal superior, pelos julgados, pelas prefeituras e por

escritórios encarregados de administrar a Justiça, como as salas I, II, III e constitucional.

O âmbito auxiliar de Justiça constituído compõem-se dos organismos que colaboram com a

tarefa de administrar Justiça, como o organismo de investigação judiciário (O.I.J.), o ministério

público, a escola judiciária e outros.

O âmbito administrativo é formado por todos aqueles departamentos necessários para o

funcionamento da instituição, como o de pessoal, provedoria, informação e outros.

O poder judiciário tem a responsabilidade de administrar a Justiça e velar pelo cumprimento da

Constituição e das leis.

Em relação ao status legal da profissão de Relações Públicas, na Costa Rica não existe nenhum

tipo de lei que regulamente a prática, mas aparentemente devem seguir as diretrizes do Colégio de

Jornalistas de Costa Rica, agremiação esta da qual tomam parte muitos Relações Públicas.

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4.2.1.3. Sistema econômico Na segunda metade do século XX, experimenta-se na Costa Rica uma convergência única de

processos econômicos, sociais e políticos. Por uma parte, igual a muitos outros países

subdesenvolvidos, a sociedade costarriquenha experimentou rápidos processos de crescimento

econômico e demográfico, especialmente entre 1950 e 1980. Por outra parte, diferentemente dos

outros países latino americanos, a Costa Rica combinou esse crescimento econômico e

demográfico com o desenvolvimento democrático e com importantes lucros em eqüidade social.

Esta convergência inédita contribuiu à estabilidade social e política do país, face às turbulências

que experimentava seu entorno regional (Programa Estado da Nação, 2002).

Entre 1980 e 1982, o país padeceu de uma severa crise econômica –embora, em termos

comparativos, esta foi menos intensa e prolongada que as da maioria dos países da América

Latina. A superação desta crise foi seguida por importantes mudanças econômicas e

institucionais. O país adotou um novo estilo de desenvolvimento econômico, apoiado na

abertura comercial e na promoção do investimento estrangeiro, o que gerou um dinâmico e

diversificado setor externo e deu aos profissionais das Relações Públicas a oportunidade de servir

de intérpretes culturais desses investidores, mas também a possibilidade de trabalhar de forma

permanente nas novas empresas multinacionais.

Uma série de mudanças constitucionais e legais alteraram a estrutura e funcionamento do Estado

costarriquenho e robusteceram as instituições do Estado de direito.

Entretanto, o país não retornou à época das altas taxas de crescimento econômico e rápido

progresso social ocorrido antes de 1980.

A estas mudanças econômicas e institucionais se somaram acontecimentos políticos inéditos.

Por volta de 1990, em termos gerais, o país tinha conseguido alcançar os níveis econômicos e

sociais pré-crise.

Ao finalizar o século XX, o país mostrava importantes lucros: sua abertura comercial permitiu

quintuplicar as exportações em dez anos e Costa Rica se converteu no maior exportador per

capita da América Latina; o PIB per capita se duplicou em uma década e o nível de pobreza da

população diminuiu de 27% aos 21% entre 1990 e 2000 (Programa Estado da Nação, 2001b,

2002, 2003a, 2003b).

As mudanças experimentas no desenvolvimento socioeconômico e político do país geram uma

série de condições que propiciam a função de Relações Públicas dentro das organizações, como

mecanismos de projeção externa.

A passagem da produção agrícola tradicional ao modelo econômico industrial abre novos

espaços de ação para o governo, que descentraliza seu poder em uma série de instituições

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autônomas e incursiona no campo dos negócios, no que se conhece como o Estado Empresário.

Essas mudanças criam uma série de necessidades, entre outras, legitimar os novos papeis do

Estado perante a sociedade civil. Neste contexto, as Relações Públicas são vistas como

facilitadoras do processo, já que se utilizam para cria-lhe uma boa imagem a essas instituições.

A criação de novas instituições gera 21.752 novos postos de trabalho (...) o aumento total de

postos no governo centralizado foi de 23.195 e o governo descentralizado de 32.845 para um

total de 56.040 postos novos (Murillo 1986: 304).

Ante a oferta de postos no setor público, Murillo expressa o seguinte:

"o Estado se converte em uma importante fonte de trabalho, às vezes a única, para uma série de

profissionais e para outro tipo de trabalhadores que não hajam acomodo no setor privado..."

(Murillo 1986: 304).

O Estado ademais de ser o principal gerador de empregos, também abre espaços para novas

profissões que não eram cotadas em outros âmbitos trabalhistas. Neste sentido, o setor público

estabelece um espaço para a comunicação, propiciando o desenvolvimento de uma prática que

vai fazer o parâmetro com o que vão se medir as contribuições desta disciplina em outros setores.

Carmen Mayela Fallas opina que:

"... o setor privado não conhecia as Relações Públicas, não sabia como incorpora-la a essa

estrutura organizacional e não sabia que esperar delas."

Segundo José Luis Mora, no artigo Empresas de Relações Públicas Fabricantes de Imagem,

assinala que:

“na última década, o processo de globalização econômica foi o marco propício para a aparição no

mercado costarriquenho de uma nova forma de organização empresarial, dedicada basicamente

ao assessoramento jornalístico e às Relações Públicas…” (Mora 1995: 30).

Algumas delas nasce à luz das agências publicitárias, que não são efetivas no que concerne a

alguns problemas de comunicação. Diana Deita explica:

“embora existem, agências de publicidade que atendem a área externa, de projeção massiva,

existiam e existem espaços nos que as agências publicitárias não são efetivas. O conceito de

integralidade que dirige um serviço de Relações Públicas não é provido por uma empresa deste

tipo…”

Certas agências contribuíram à reeducação que se lhe havia dado ao setor privado e a todos os

setores quanto à importância de utilizar a comunicação. Como o explica Marlen Fernández:

“… terá que criar a necessidade no cliente de que precisa realizar estratégias de Relações Públicas

ou de comunicação para atender seu problema.”

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Neste sentido, entende-se o “criar a necessidade no cliente” como o direito de pôr em evidência,

ou lhe fazer ver os problemas de comunicação existentes em sua empresa. Na maioria dos casos,

é necessário mostrá-los, pois devido à falta de conhecimento na área, muitas vezes o cliente não

os percebe.

Certas agências brindam um serviço integral de comunicação que inclui projeção institucional,

comunicação interna, imagem externa, logística de atividades massivas e eventos internos,

elaboração de impressos, elaboração de estratégias de comunicação, entre outras. Em alguns

casos, os serviços se enfocam em o que o cliente quer, e não no que realmente necessita, isso

provoca que algumas destas agências se assemelhem em estrutura e funções às agências

publicitárias.

Por sua parte, as grandes agências de publicidade começaram a trocar sua estrutura para dar um

serviço mais completo. Assim, o afirma Carlos Sandoval em seu artigo “Projeto da investigação: a

indústria publicitária na Costa Rica”:

“Algumas agencia começam a substituir seus departamentos de marketing, criatividade e de

meios por equipes de trabalho em torno de cada uma das conchas da agência. Também algumas

desdobram diversas empresas para seu interior para abranger múltiplos clientes: Relações

Públicas, promoções, pesquisas de mercado, clientes cuja fatura é limitada ou investidores de

grandes somas de dinheiro em publicidade.” (s.f.: 7).

É evidente, o interesse que apresentam as grandes agências publicitárias por estender suas

funções para poder brindar um serviço integral de comunicação. Com respeito a isto, Ramón

Zallo citado pelo Carlos Sandoval expressa o seguinte:

“Estas variantes horizontais e verticais e internas e externas correm paralelas como uma mudança

nos modos de compreender a atividade publicitária; na década dos 60 se concentrava na

realização de campanhas e nos anos setenta preponderou a criatividade e nas décadas de 80 e 90,

uma nova lógica se conceitualiza a atividade publicitária como parte de uma estratégia de

comunicação integral que reúne as Relações Públicas, o marketing e a publicidade.” (Op. cit: 8).

É importante notar o interesse das agências de publicidade em abranger outras áreas, mas terá

que recordar que nessas agências o forte e o enfoque é publicitário, diferente da inclinação das

agências que em princípio têm essa visão integral da comunicação.

Um aspecto medular da presente investigação esse interesse no estudo do papel desempenhado

pelas relações públicas na empresa privada.

Como se mencionou anteriormente, na escola de ciências da comunicação coletiva da

universidade da Costa Rica, foram poucos os trabalhos de graduação centrados no setor privado.

Devido a isto, fez-se necessário estudar as particularidades das empresas privadas, com o fim de

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documentar sua evolução e situação atual em nosso país, para definir claramente o contexto no

qual está inserido o objeto de estudo.

Entender algumas características fundamentais das empresas privadas é importante para poder

compreender a totalidade das funções que devem desempenhar a relações públicas e seu campo

de ação no setor privado.

É em décadas recentes que a profissão de relações públicas foi adotada como parte importante

do empresa privada, pois sua origem e maior desenvolvimento se deu historicamente no setor

público costarriquenho.

"É importante realçar que as relações públicas nas empresas públicas estão principalmente

consolidadas quem as empresas privadas, devido a suas funções são mais explícitas já que se

desenvolveram primeiro" (Chávez e Morais, 2000: 80-81). Por outra parte, este desenvolvimento

público não pode se transpassada de maneira automática ao setor privado, pois os interesses e

necessidades do setor não são os mesmos que se apresentam no estado.

Na seguinte sessão se expor a evolução do setor empresarial costarriquenho, da formação e

crescimento das instituições autônomas até os processos de privatização e consolidação do

capital privado na economia costarriquenha. Também se apresentarão algumas características do

empresa privada.

o estilo de desenvolvimento próprio do Estado costarriquenho entre as décadas de 1950 e 1980

esgota-se e faz-se necessário adotar um novo rumo para a economia. É importante entender que

a forma como se troca de um sistema econômico a outro traz conseqüências para todos os

costarriquenhos, passa-se de um esquema fortemente centralizado no estado, que além disso é o

principal empregador dos comunicadores (Marroquín, 1998: 7), a um modelo caracterizado pela

entrada de capitais privados estrangeiros e nacionais e a livre competência. Mas para os

comunicadores, em especial os dedicados às relações públicas, representa deixar as práticas

estatais e entrar em um novo mercado, com necessidades e exigências pouco conhecidas por eles.

Os comunicadores começam a abrir campo nas instituições estatais devido à abertura de lugares

nos escritórios de comunicação que nascem no setor. As funções de comunicação ou das relações

públicas na época estavam centradas em um enfoque jornalístico e de promoção dos diferentes

interesses das instituições.

4.2.1.4. Ativismo e Relações Públicas Na Costa Rica, o desenvolvimento das instituições democráticas foi acompanhado pela expansão

do reconhecimento e tutela dos direitos políticos, civis e sociais associada às crescentes demandas

da população (Víctor Cuña, 1993; De la Cruz, 1977; Oliva, 1985, 1997; Pérez, 1997). As lutas

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pelos direitos sociais se entrelaçaram com as demandas pela expansão de direitos políticos (por

exemplo, o voto secreto, o sufrágio feminino) e por uma representação política mais efetiva (por

exemplo, dos trabalhadores das plantações bananeiras e os artesãos urbanos) (M. Aguilar, 1989a,

1989b; Barahona, 1994). Em particular, o conflituoso reconhecimento de direitos sociais foi um

dos motores da inclusão cidadã durante a primeira metade do século XX na Costa Rica. Estas

demandas contribuíram para gerar importantes mudanças legais e institucionais no Estado,

particularmente na década de 1940, com a aprovação do Código de Trabalho e a criação da Caixa

Costarriquenha do Seguro social, e o desenvolvimento de políticas sociais. Certamente, estas

reformas sociais não se estenderam à maioria da população a não ser até as décadas de 1960 e

1970, pois no início tinham uma cobertura limitada às classes médias urbanas (Garnier, 1990;

Rosenberg, 1980). Entretanto, importa ressaltar que o crescente reconhecimento de direitos

sociais e do desenvolvimento de políticas públicas nesses âmbitos foi concomitante com o

progressivo estabelecimento das instituições da poliarquia, do Estado de direito e do

reconhecimento de direitos políticos e civis.

A Defensoria dos Habitantes, criada em 1993 com o propósito de velar pelos direitos dos

habitantes frente às ações ou omissões da gestão pública, facilita a participação e organização

massiva dos cidadãos.

Na Costa Rica, operam mais de 2000 ONG´s, das quais um número próximo a 25 mostraram um

interesse evidente de intervir em trabalhos planejados de prevenção e atenção de emergências.

No passado, deu-se um esforço inédito na América Latina de articular em um único mecanismo

de coordenação a participação das ONG´S. Isso culminou com a criação do “Sistema de

Coordenação para Desastres” (SICODE – ONG´S), com uma participação de mais de 20

organizações de muito diferentes orientações filosóficas. Na atualidade, esse mecanismo de

coordenação a perdido efetividade mas existe vontade das ONG´s e da CNE para reativá-lo no

marco de desenvolvimento do Sistema Nacional.

4.2.2. CULTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS A cultura costarriquenha é o reflexo da mescla de raças que coexiste no país. Um aspecto

importante da herança cultural costarriquenha é seu amor pela paz e a democracia. Os “ticos”,

como também são conhecidos os costarriquenhos, tratam de destacar que sua nação é a exceção

da América Latina, já que a muito tempo a política é dominada pelo sistema democrático e não

por ditadores.

Os “ticos” se orgulham de ter mais de um século de tradição democrática e mais de 50 anos sem

exército. Este foi abolido em 1948 e o dinheiro que o país economiza por não ter forças armadas

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é investido na melhoria do nível de vida dos costarriquenhos, o que auxilia na paz social que faz

da Costa Rica um lugar fértil para as Relações Públicas.

As dimensões culturais que caracterizam a sociedade costarriquenha, oferecem pistas para os

profissionais das Relações Públicas globais.20

O nível de estratificação social na Costa Rica se encontra em um processo de mudança bastante

intensa. Embora a Costa Rica desenvolveu em meados do século passado um forte sistema social

o qual durante os 60 e 70 proporcionou o desenvolvimento de uma forte classe média

dominante. Dos anos 80 até a atualidade, devido às mudanças econômicas a nível mundial e a

uma série de decisões políticas equivocadas, juntamente com grandes atos de corrupção nos dois

partidos majoritários, a situação foi mudando drasticamente.

Atualmente, na Costa Rica, é possível falar de uma classe social alta com estilos de vida

comparados com os do habitante médio na Espanha; logo, temos uma classe social baixa, a qual

se caracteriza por situações cada vez mais extremas de absoluta pobreza. Por último, uma classe

média a qual diminui ano após ano e que é “absorvida” pelos outros dois estratos sociais.

No caso da classe social alta, é possível observar setores da sociedade seletos, com governos

locais os quais contam com recursos para gerar infra-estrutura pública de qualidade, além de

oferecer todos os serviços necessários para seus habitantes. Nestas comunidades da cidade, é

possível observar organizações políticas dedicadas a intervir nas decisões da comunidade assim

como também na vida política do país.

Na classe baixa do país, as atividades organizacionais estão dirigidas, na maioria das vezes, por

organizações não governamentais as quais procuram obter opções para a melhora da qualidade de

vida destes habitantes. O Estado virtualmente deixa de lado sua responsabilidade direta com a

classe baixa e atua indiretamente no “apoio” ao trabalho das ONGs. Na realidade, a maioria dos

projetos de tipo organizacional das comunidades se vêem perdidos com o passar dos anos devido

à falta de liderança, o desejo de crescimento individual das pessoas, o não incentivo do Estado

para continuar as iniciativas, a falta de recursos, a necessidade de subsistir o “dia-a-dia”.

A classe média restante vive um individualismo tremendo, no qual o consumo, em geral para

toda a população costarriquenha, converteu-se no denominador de “status” social e superação

pessoal. É muito comum visitar comunidades de extrema pobreza nas quais sob os tetos

oxidados é possível encontrar antenas parabólicas e televisores de tela plana.

20 Essas dimensões foram desenvolvidas e apoiadas na experiência e no conhecimento da sociedade de Costa Rica do antropólogo costarriquenho Rodolfo Zúñiga Vargas, que quis dar a sua contribuição para esta pesquisa.

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É muito freqüente encontrar casas pequenas de duas habitações, cozinha, banheiro e sala, com

três veículos novos. Este tipo de costumes acaba deixando uma classe média endividada, vivendo

para pagar empréstimos em cartões de crédito e bancos privados e do Estado. Isso significa que a

qualidade de vida se apóia na posse de bens materiais sem importar com o investimento que seja

necessário fazer do ponto de vista monetário e social.

A mobilidade social na Costa Rica se encontra marcada pelo desaparecimento gradual da classe

média. Pouco a pouco a sociedade costarriquenha está se convertendo em uma classe alta cada

vez menor e uma classe baixa imensa dominada pela falta de políticas sociais por parte do Estado,

privatização de todos os serviços e oportunidades de crescimento humano nulas.

O grau de tolerância à incerteza e à ambigüidade é bastante baixo. É possível observar como

situações cotidianas da sociedade costarriquenha os assaltos bancários, os assassinatos, a violência

dos cidadãos, as manifestações sociais contra as políticas do Estado, etc; são indicadores que

expressam a angústia da cidadania ante a falta de respostas sociais e culturais por parte do Estado

e a sua vez por parte de si mesmos dentro de um contexto social o qual não lhes permite crescer.

Na Costa Rica, já não existe respeito por aqueles ritos propostos pela sociedade e o Estado como

solução e função de crescimento social coletivo e individual. Existe uma grande incerteza gerada

pelo descrédito nos mecanismos formais de ação do Estado.

Atualmente na Costa Rica, existe um grande apoio e desenvolvimento a todas as iniciativas com

perspectiva de gênero. Dentro do papel das organizações não governamentais nas comunidades

pobres do país, é muito comum observar iniciativas de grupos de mulheres em procura de

crescimento e desenvolvimento social.

Outro exemplo, é que as mulheres tomaram a batuta em muitas decisões importantes para o

desenvolvimento social, o qual as pôs como personagens nos quais a sociedade em geral respeita

e qualifica como políticos de confiança.

Em casos como a política, as associações comunais, o direito, o papel das mulheres fomentou a

um dinamismo das mesmas e à colocação de novas opções e pontos de vista de aplicar as

disciplinas à sociedade.

Costa Rica é mais um caso daqueles países que estão apostando nas políticas liberais seja como

for. Nesta perspectiva, pouco a pouco se gerou uma cultura apoiada no crescimento individual

dos cidadãos por cima dos interesses coletivos.

É uma cultura que com grande velocidade foi edificada apoiada em um sentimento de ter todo o

necessário para meu crescimento pessoal. Portanto, existe um consumo desmedido de todo tipo

de bens materiais.

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As expectativas acadêmicas e trabalhistas se encontram muito ligadas aos montantes e lucros que

se possam obter no futuro.

Uma pessoa bem-sucedida é visualizada como aquela que consegue cumprir com todos os

requerimentos materiais que a sociedade impõe e se deixa de lado o papel que a mesma possa

desenvolver como elemento de crescimento coletivo para sua comunidade.

Neste sentido, dentro das atividades organizacionais as pessoas desenvolvem trabalhos apoiados

em satisfazer suas necessidades imediatas realizando os trabalhos atribuídos na medida que estas

cumpram com seus desejos. Não se gera um sentimento de coletividade nem de meta

institucional na qual acreditar. Não se percebe o trabalho realizado como parte fundamental de

uma engrenagem institucional que cumpre uma função especifica. Portanto, uma vez cumprido o

trabalho atribuído o demais não importa.

Atualmente os padrões culturais propostos na sociedade costarriquenha se encontram da mão

com os padrões culturais neoliberais. Existe a construção de toda uma cultura apoiada no

crescimento individual das pessoas de uma perspectiva econômica e de consumo material. Este

tipo de cultura se encontra muito bem construída para ser aplicada a curto e longo prazo. No

caso do curto prazo, a busca de satisfações materiais imediatas como por exemplo, veículos,

clubes, etc. e no caso do longo prazo, podem-se mencionar os planos de pensões privados,

compra de bens imóveis, etc.

No sentido de que seus membros são parte das organizações e na medida que elas cumprem

diretamente com suas necessidades a curto ou médio prazo. Para seus membros, o propósito de

pertencer ou trabalhar para tal organização está mais voltado aos resultados evidentes que se

tenham e não na identificação de quais sejam estes resultados. Atualmente, não se constrói um

sentido de pertença coletiva do trabalho nas organizações, no sentido de que esta é uma meta que

se deseja alcançar como satisfação profissional ou de crescimento coletivo.

Ou seja, as organizações de voluntariado estão cada vez mais difíceis de se sustentar no que diz

respeito ao seu recurso humano. Por que estas estão apoiadas em lograr alcançar metas coletivas

de propósito social que “não cumprem” com os fatores de satisfação individuais propostos

socialmente apoiados em uma cultura de tipo meramente material.

Atualmente na Costa Rica, a maior parte das organizações carece de uma confiança interpessoal.

No sentido que é a partir do sentido de crescimento e desenvolvimento individual e material, que

as pessoas desconfiam das pessoas com as que trabalham. É comum em muitas organizações da

Costa Rica, a inclusão de empregados ou membros os quais não cumprem com os requisitos para

o posto, mas que cumprem com um requisito político, de amizade, de poder, etc.

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Na Costa Rica, não há deferência para os superiores, pois cada vez é mais difícil para as pessoas

aceitarem as outras em posições de poder, devido à desconfiança para a mesma e as razões pelas

quais se colocam nesses postos. Como se definiu nesta pesquisa, acredita-se que cada vez mais na

Costa Rica se carece desta deferência para os superiores. Sobre todo nas organizações

governamentais.

Não existe um processo comunicativo no qual os subordinados conheçam, percebam e sintam a

justificação para depositar confiança em seus superiores. Ou seja: há uma carência de elementos

comunicativos claros e transparentes para que as pessoas possam considerar que seus superiores

são as pessoas indicadas para assumir os postos de liderança, poder e controle de suas

organizações. Esse processo comunicativo deve ser também horizontal gerando um sentimento

de correspondência e busca de um propósito comum no qual uns não obtêm melhores

colocações que outros.

Uma nova idiossincrasia cultural na Costa Rica e que afeta terrivelmente as atividades

organizacionais, é a falta de confiança nos superiores e as pessoas que ocupam postos de poder

em geral como lideres e encarregados da tomada de decisões.

Nos últimos anos na Costa Rica, descobriram-se vários ex-presidentes e políticos envolvidos em

corrupção. Isso gerou uma desconfiança generalizada por parte das pessoas com cargos de poder

ou pessoas às quais se delega confiança. Essa confiança desapareceu e, portanto, é muito comum

escutar comentários nos costarriquenhos, referindo-se a seus chefes ou a pessoas que procuram

escalar organizacionalmente em qualquer grupo como: “somente quer roubar grana”, “um vendo

o quanto mais pode levar”, etc.

Assim, não existe de modo algum um sentimento de comunidade organizacional, pois não existe

o sentido de trabalho conjunto e de crescimento de equipe no qual todos compartilham e

acreditam em metas especificas nas quais cada um cumpre uma função crucial e de uma vez

organizada por hierarquias para seu melhor funcionamento.

4.2.3. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS Os meios de comunicação social têm julgado historicamente um papel preponderante no

desenvolvimento político, social e econômico de Costa Rica. Desde do surgimento do jornalismo

escrito, pelos anos posteriores à independência, a sociedade costarriquense, ao igual que seus

governantes, perceberam a importância dos meios de comunicação como ferramentas das

Relações Públicas e como vigilantes da liberdade e dos direitos dos cidadãos. Daí que a liberdade

de imprensa haja sido um dos baluartes da civilidade deste país.

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Na atualidade, os meios de comunicação social, em suas diversas modalidades, cobrem

praticamente todo o território nacional, levando à população informação, entretenimento e

opinião acerca dos mais importantes acontecimentos e os diversos temas da vida nacional e

mundial .

Essas modalidades são especialmente o rádio, a televisão e a imprensa escrita. No entanto, já

outras formas de comunicação como a via satélite e as ligadas a informática, são utilizadas por

uma boa parte da população. De fato, várias empresas e instituições conectando-se via Internet

com o mundo inteiro, assim como muitos usuários particulares.

Com relação à imprensa escrita, existem 6 jornais de cobertura nacional, 5 matutinos e um

vespertino; assim como vários outros de periodicidade semanal, quinzenal e mensal, a maioria

deles regionais. Também há jornais e revistas institucionais ou sobre temas especializados, assim

como alguns meios editados em idiomas estrangeiros, aparte dos internacionais que circulam

principalmente na capital.

Costa Rica conta com 70 freqüências que transmitem, da 2 a 13 em VHF e da 14 a 70 em UHF.

Dessas freqüências televisivas, as que chegam a maior quantidade de população são as dos canais

2, 4, 6, 7, 9 e 11, mais os canais 13, estatal, e 15, da Universidade de Costa Rica.

Quanto a radio, que sem dúvida continua sendo o meio de maior penetração na Costa Rica,

funcionam ao redor de 129 emissoras, entre AMs e FMs, incluindo umas correntes de emissoras

culturais, algumas delas assentadas em áreas de populações indígenas com programação em

línguas nativas.

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4.3. NICARÁGUA

4.3.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS A Nicarágua é o maior país da América Central com uma área de 129.494 km2. Limita com

Honduras pelo norte e com Costa Rica pelo sul. Ao leste está banhada pelo mar Caribe e o

oceano Atlântico e ao oeste pelo oceano Pacífico. Ao norte, frente à fronteira hondurenha, está a

cordilheira Isabella e ao sul o Lago Nicarágua, com aproximadamente 148 km. de cumprimento e

55 km. de largura. Ometepe é a maior das 310 ilhas que há no lago; estas ilhas são conhecidas por

sua grande beleza e constituem uma das principais atrações turísticas do país. O outro grande

lago é o da Manágua situada ao noroeste, junto à capital. O país tem 40 vulcões entre os quais se

destaca o Momotombo, sobressaindo-se nas terras baixas do noroeste que rodeiam os lagos. O

país tem uma altura média de 440 metros sobre o nível do mar e seu ponto mais alto é a colina

Mogotín a 2.100 metros de altura. Em temos orográficos, o país se divide em três grandes zonas:

as terras baixas do Atlântico, a região montanhosa central e as terras baixas do Pacífico. Na costa

oriental, vivem os índios miskitos. Nos últimos anos, instalaram-se colonos nas terras altas da

Matagalpa e Jinotega que se dedicam ao cultivo do café e o gado.

A População da Nicarágua é 4,632,000 (1997 est.) e sua capital é Manágua. A maioria das pessoas

são mestiços e os idiomas falados são espanhol, idiomas índios indígenas, ingleses. A religião é o

Catolicismo romano e a moeda corrente é o novo córdoba.

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4.3.1.1. Sistema político Logo depois do processo revolucionário sandinista (1979-89) que terminou com o meio século

de ditadura dinástica dos Somoza e que estabeleceu um novo sistema político democrático de

caráter representativo e participativo plasmado na Constituição Política de 1987, encontra-se na

década dos anos 90 a vigência de processos eleitorais com ampla participação cidadã e supervisão

internacional que permitiram a escolha pacífica dos sucessivos governos até esta data. Entre os

avanços no fortalecimento do estado de direito se podem mencionar a liberdade de expressão e

organização cidadã, a subordinação das forças armadas e policiais a poder civil, a resolução de

conflitos políticos no marco da institucional idade.

Observa-se que nas últimas eleições presidenciais (1990, 1996, 2001) triunfaram as forças

opositoras à Frente Sandinista –Violeta Chamorro 1990-1996, Arnoldo Alemão 1996-2001 e

Enrique Bolaños 2001-2006. Nas alianças partidárias, nota-se uma polarização política entre dois

bandos opostos que durante os 80 enfrentaram-se com as armas e nos 90 e no início do século

XXI, com os votos.

Foram eleitas 20 mulheres como deputadas (22%) à Assembléia e no PARLACEN alcançaram 8

deputações (40%) mostrando um certo avanço na eqüidade de gênero.

Claramente se observa um voto polarizado entre as duas principais forças políticas do país, as

quais refletem por um lado, a exclusão de outros partidos políticos devido à reforma da lei

eleitoral acordada entre o PLC-FLSN dentro de um pacto de repartição de cotas nos poderes do

estado (2000) e, por outro lado, a herança política da guerra durante os anos 80 entre o

movimento revolucionário sandinista ligado ao bloco socialista e os setores opositores

apadrinhados pelo governo norte-americano.

Apesar da crise socioeconômica vivida nos anos 90, a corrupção e a ineficácia dos últimos

governos.

Terá que destacar a maciça participação eleitoral, que triplica os índices de sistemas

democráticos “desenvolvidos,” que obedece momentaneamente a uma campanha de Relações

Públicas motivadora do voto, realizada tanto por partidos como por organizações civis

educativas.

O processo de transição a uma democracia representativa se consolidou nas últimas décadas.

Entretanto, a participação cidadã é muito menor em outras instâncias locais e periódicas como os

Conselhos Municipais ou as organizações de incidência política, ou na auditoria do gasto público

e o seguimento das promessas eleitorais.

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O problema da corrupção de funcionários públicos tinha saído a palestra pública através dos

meios de comunicação durante o governo Alemão, convertendo-se em uma demanda sentida de

muitas organizações civis incluindo grêmios empresariais.

O Engenheiro Bolaños assume o governo no início de 2002 lançando uma campanha de

Relações Públicas contra a corrupção com grande aceitação da cidadania e das organizações

internacionais, e que conduziu indevidamente ao enfrentamento com o líder do PLC Alemão ao

comprovar uma série de fraudes ao Estado realizadas durante seu governo (1997-2001) em

benefício pessoal, familiar e de um grupo de colaboradores que concluíram com uma sentença

condenatória e seu encarceramento.

A forte reação do setor liberal arnoldista há acentuado a contradição política que

atravessa distintos poderes do estado, a igreja e a sociedade civil durante esta larga junta 2002-04

paralisando o funcionamento estatal e afetando seriamente a governabilidade democrática e a

institucionalidade do país. Este clima confrontativo ajuda compreender um incremento da

intolerância política e uma queda dos níveis de apoio ao sistema político.

Politicamente, Nicarágua atravessa nas últimas décadas um difícil processo de transição de

regimes autoritários para um sistema político democrático representativo e participativo. Na

balança positiva, localiza-se a substituição pacifico dos sucessivos governos eleitos mediante

votações e a vigência dos direitos políticos fundamentais. Entretanto, fica pendente consolidar o

estado de direito e a participação cidadã, ao mesmo tempo que superar a cultura política

caudilhista e excludente das elites de poder.

4.3.1.2. Sistema legal Nicarágua possui um sistema de leis civis. A Corte Suprema pode revisar as atas administrativas.

O Poder Judiciário é composto Corte Suprema com 12 juízes eleitos na Assembléia Nacional

para uma mandato de sete anos.

Sobre o Status legal da prática das Relações Públicas, atualmente na Nicarágua os profissionais

das Relações Públicas, estão interessados em elaborar um dispositivo legal que regulamente a

prática das Relações Públicas no país. Para tanto, estão tentando formar uma associação da

categoria que possa levar até a Assembléia Nacional um anteprojeto de lei para que seja aprovado

em plenário e se adote finalmente uma legislação que regule o exercício das relações públicas

(Noroni, 2005).21

21 Na Nicarágua, usa-se como modelo a Lei 21 que regulamenta a profissão de Relações Públicas no Panamá.

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4.3.1.3. Sistema econômico A economia nicaragüense se caracteriza por uma estrutura produtiva atrasada tecnologicamente,

com um predomínio de atividades primárias (30% PIB) um setor industrial fraco e disperso (28%

PIB) e amplo setor terciário de serviços pessoais e comércio informal.22 A situação econômica

que experimenta a Nicarágua na atualidade se caracteriza por profundos desequilíbrios

provocados por um elevado déficit fiscal (6.8% do PIB 2003), um limitado Produto Interno

Bruto (U$ 4,135 milhões PIB nominal) que só cobre uma metade da demanda global e um forte

déficit na balança comercial (U$1,282 em 2003) que alcançou o 31% do PIB em 2003.23

A taxa de crescimento econômico médio anual no período 1994-2003 foi de 3.7%, com uma taxa

de inflação média de 8%, enquanto a população cresceu a 2,7% anual e a taxa de subutilização

trabalhista alcançou os 27% da P em 2003, o qual explica que a maioria dos pesquisados neste

estudo (67%) qualificam de mau ou muito mal a situação econômica do país (ver Gráfica I.1) e

percebem que no futuro próximo continuará igual ou pior. Entretanto, um terço da população

pesquisada manifestou ter expectativas positivas com a futura implementação de um tratado de

livre comércio entre USA e Centro América.

A dívida externa da Nicarágua que somava U$6,596 mil (Dic.2003) foi reduzida no início de 2004

em 80% ao qualificar a Nicarágua na Iniciativa de Países Altamente Endividados (HIPC). Por

outro lado, existe uma pesada dívida interna originada nos créditos contraídos pelos governos

para fazer frente às indenizações dos expropriados durante os anos 80 e para cobrir as quebras

bancárias dos anos 90.24

As remessas internacionais de trabalhadores nicaragüenses (estimada em U$800 mil. Anual)

somado à ajuda externa, de organismos doadores e instituições financeiras internacionais (U$750

mil anual nos anos 90), permitiu à Nicarágua manter esta situação crítica sob uma relativa

estabilidade de preços internos e do tipo de câmbio.

O contexto socioeconômico está marcado pela situação de pobreza que afeta a maioria da

população nicaragüense que oscila entre 45% (incluindo 15% em extrema pobreza) segundo as

cifras oficiais apoiadas no método de “agregado de consumo” 25 e sobe para 75% da população

(incluindo 46% em extrema pobreza) segundo estudos independentes utilizando o método de

“necessidades básicas insatisfeitas.”

A pobreza apresenta uma maior incidência nas zonas rurais que nas urbes e afeta particularmente

aos grupos sociais de mulheres, meninos e indígenas. É lamentável observar que 6 de cada 10 22 García-Huidobro G., Política macroeconômica e emprego no Nicarágua, OIT, São José, 2003, p. 9. 23 Avendaño Nestor, “Eqüidade e integração social das políticas públicas: Nicarágua 1990-2003”, Mimeo, 2004. 24 Declararam falência 6 bancos com perda de U$530 mil que foi coberta pelo Banco Central, quer dizer que os contribuintes pagaram a dívida. 25 INEC, Pesquisa de Lares de Medição de Níveis de Vida EMNV 2001, INEC, Managua, 2002.

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meninos, estão em situação de pobreza e 2 deles, em extrema pobreza. O ingresso médio per

capita dos lares é de U$ 60, quer dizer para sobrevivência com o U$ 2 jornais que alcança para 1.5

pratos de comida básica.26 Neste estudo, descobriu-se que 54% dos lares pesquisados obtém

menos de C$ 1,500 ao mês (U$ 90) quando a cesta básica por lar (6 pessoas) estimava-se, em

início de 2004, em C$ 4,500 (U$ 290).

Outros indicadores sociais mostram que 44% da população do país vivem em condições de

aglomeração em suas moradias, 32% não tinha acesso à água potável, 48% não dispunha do

serviço da energia elétrica. A deterioração dos indicadores de educação, saúde e ganhos significou

que a Nicarágua descendeu no Índice de Desenvolvimento Humano ao posto 121 de 175 países

do mundo, localizando-se na posição mas baixa da Centro - América.

Neste contexto crítico, observamos uma alta taxa de crescimento da população determinada pela

elevada fecundidade que alcança o 3.2%, sendo o dobro no âmbito rural (4.4%) comparado com

as áreas urbanas (2.6%) Entretanto, em uma perspectiva de médio prazo se observa uma

tendência claramente decrescente nos anos 90 passando de 4.6% em 1985 a 3.6% em 1998 e 3.2

em 2001.

O desemprego aberto alcança 13% da população economicamente ativa somada 36% em

situação de subemprego no setor informal, quer dizer que a metade da população carece de um

emprego estável com um ingresso justo. As mulheres participam do mercado de trabalho muito

menos que os homens, sendo maior a participação feminina na zonas urbanas. Seus ganhos

trabalhistas são inferiores (14%) à média nacional que tem os homens (em 21%), como assinala

Trejos: “Esta brecha de ganhos é bastante ampla e, embora tenha parte de sua explicação nas

diferentes jornadas, mostra também possíveis problemas de discriminação salarial e formas

diferenciais de inserção trabalhista, com predomínio entre elas do auto-emprego e o serviço

doméstico.” 27

Neste contexto, a emigração a Costa Rica, Guatemala ou Estados Unidos aparece como a melhor

opção para ter um emprego remunerado; calcula-se entre 850,000 e 1,000,000 de nicaragüenses

que vivem e trabalham fora do país, muitos deles jovens e com um nível educativo superior ao

médio nacional. Esses emigrantes contribuem em remessas de uns U$ 800 milhões anuais para a

sobrevivência de suas famílias, quer dizer a principal fonte de ganhos do país. Por outro lado,

manifestaram-se efeitos negativos da migração em termos da desintegração familiar, a

discriminação xenofóbica e a violação de direitos trabalhistas e humanos.28

26 PNUD, Relatório de Desenvolvimento Humano: Nicarágua 2002. As condições da esperança, Managua, Pág. 65. 27 Trejos J.D. “Mercado de trabalho, ganhos trabalhistas e pobreza no Nicarágua,” Managua, mimeo, 2004. 28 Martha Cranshaw, Análise das migrações na Nicarágua, Managua, 2003.

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A política governamental para enfrentar este fenômeno se centrou na Estratégia Reforçada de

Crescimento Econômico e Redução da Pobreza 2001-2015 (ERCERP), herdada do governo

Alemão e condição do IMF para acessar a HIPC, que está apoiada em 4 pilares: crescimento

econômico de base ampla (taxa projetada de 4.2% anual), investimento em capital humano,

amparo a grupos vulneráveis, governabilidade e desenvolvimento institucional. Dois anos depois

de iniciada a ERCERP os indicadores assinalam um retrocesso em distintas variáveis: ficaram

fora das escolas em 2003 840,000 meninos. Nesse período o analfabetismo subiu para 30%,

houve desemprego crescente, queda do salário real, deterioração de condições trabalhistas de

quem tem emprego e uma emigração crescente. Enquanto se acentua a desnutrição e a

mortalidade infantil, o gasto público em saúde baixou de U$ 50 per capita em 1983 para U$ 16 em

2002.

A ERCERP foi criticada por carecer de uma visão de desenvolvimento sustentável apoiada em

promover as capacidades humanas, pelo contrário se priorizam medidas assistencialistas de curto

prazo como um bônus ou pagamento que recebem famílias indigentes com o compromisso de

enviar um de seus filhos à escola primária. De uma visão de desenvolvimento a longo prazo e de

forma complementar a ERCERP, o governo Bolaños tem proposto em 2003 um Plano Nacional

de Desenvolvimento (PND) apoiado na conformação de “clusters” ou aglomerados com

investimento estrangeiro e ligados ao mercado externo, em itens onde a Nicarágua tem vantagens

comparativas, tal como gado, pesca, mineração, florestal, turismo, têxteis e agroindústria.

A economia da Nicarágua – devastada durante os anos 80 com a falta de diretrizes e a guerra civil

– está começando a remontar. Desde março de 1991, quando a Presidenta Violeta Chamorro

lançou um ambicioso programa de estabilização, Nicarágua teve um considerável êxito na

redução dá inflação, obtendo apreciáveis ajudas econômicas dou exterior. A inflação anual caiu de

mais de 75% em 1991 a menos de 5% em 1992. Depois de subir novamente até 20% em 1993, a

inflação se manteve em um 11% aproximadamente em 1994 e 1995. Embora o crescimento

econômico fosse negativo em 1993, em 1995 alcançou um crescimento de 4% graças ao

crescimento das exportações. As leis (de novembro de 1995) autorizando a privatização dá

companhia de telecomunicações TELCOR e resolvendo a questão dá propriedades confiscadas

pelo governo Sandinista, podem animar aos investidores. Os esforços do Governo para

liberalizar o comércio incluem uma disposição para anular a obrigação de repatriar os lucros dos

exportadores em divisa. Não referente à dívida do estado, o governo da Nicarágua lançou um

programa em 1995 para absorvê-la, comprando 75% da dita dívida que ascendia a 1.373 mil

milhões de dólares, herança de governos anteriores. Também o governo pôde reduzir a dívida

bilateral ao alcançar em novembro de 1995 um acordo com Alemanha para reduzir sua dívida de

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616 milhões de dólares em um 80%. Também se conseguiu uma moratória com os credores do

Clube de Paris e com os Estados Unidos. O desemprego continua sendo um problema

angustiante com mais de 50% da população em situação de parada ou quase paradas.

Em resumo, o contexto econômico atual da Nicarágua se caracteriza por uma profunda recessão

originada por fatores estruturais tais como um aparelho produtivo obsoleto, um grave

desequilíbrio fiscal e das contas externas. Tudo isso é agravado por fatores conjunturais como a

alta do preço do petróleo e a retração econômica nos países do norte.

No nível social, encontra-se uma situação de pobreza que afeta a maioria da população que carece

de alternativas de ganhos estáveis e suficientes para cobrir os custos da cesta básica familiar, salvo

a emigração para outros países da região. As remessas familiares e a cooperação externa

contribuíram para atenuar esta situação de desequilíbrio externo e de sobrevivência familiar.

4.3.1.3. Ativismo e relações públicas A cidadania manifestou-se publicamente contra a corrupção através de distintas formas, o que foi

dinamizado por redes sociais reconhecidas como a Coordenadora Civil, a Rede pela Democracia,

a Rede de Mulheres, o Movimento Estudantil Universitário, sindicatos, organizações comunais,

religiosas e outros atores sociais. Entretanto, o entusiasmo cidadão pela política anticorrupção do

governo foi decrescendo paulatinamente por várias razões, tais como o uso de recursos

fraudulentos na campanha do Engenheiro Bolaños, os altos salários e pensões de funcionários

incluindo o presidente, as negociações “por debaixo do pano” com implicados em atos de

corrupção e por último o desencanto pela falta de cumprimento de promessas eleitorais em

termos de emprego e necessidades básicas.

O cenário político esteve dinamizado por movimentos sociais que expuseram suas reinvidicações

por meios pacíficos como através de marchas e cortes de rotas, tal como o setor de produtores

cafeeiros e operários agrícolas afetados pela crise do item, os estudantes universitários

defendendo o direito constitucional em 6% do pressuposto, os trabalhadores da educação e a

saúde por um salário mínimo, os transportadores por ajustar as tarifas à alta de custos, os ex-

combatentes pelo cumprimento das promessas históricas, as comunidades étnicas por seus

direitos à terra e à regulamentação da autonomia costeira que finalmente obtiveram.

Estas mobilizações mostram a vitalidade de distintos atores de uma sociedade civil rica em sua

diversidade de culturas, projetos e organizações, que se converteram nos últimos anos em

instâncias de participação cidadã que os partidos políticos não canalizam e de atenção a demandas

sociais que o estado não responde. Na Nicarágua atual, encontra-se um heterogêneo e

multifacetado universo de organizações civis que incluem sindicatos, cooperativas, movimentos

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sociais, organizações comunais, grupos filantrópicos e religiosos, organizações de educação e

desenvolvimento. A maioria da população participa regularmente em alguma associação civil ou

religiosa, na qual encontra um sentido de identidade, um intercâmbio solidário e a reivindicação

coletiva de demandas. Destacaram-se nos últimos anos as ONGs de desenvolvimento que

somam um estimado de 800 organizações que trabalham na promoção do desenvolvimento

humano em áreas tais como direitos da infância e das mulheres, agro ecologia, saúde e

reabilitação, direitos humanos, crédito, cultura e cidadania, graças a uma cooperação externa que

vai decrescendo nos últimos anos e aumentando a condicionalidade de seus recursos. Grande

parte das ONGs se encontram com núcleos em redes nacionais, destacando-se a Coordenadora

Civil que agrupa 24 redes ou movimentos com 250 organizações, a Rede Democracia e

Desenvolvimento Local (38 org. em 77 municípios), a Rede Mulheres contra a Violência (61

org.), Coordenadora Infância e Adolescência (41 org.), Federação do ONGs (32 org.), Federação

de Organismos pela Reabilitação e Integração (16 org.), Rede de Migrações (17 org.).

Estas redes permitiram superar parcialmente a tendência à dispersão (geográfica, setorial e

temática) e a descoordenação entre atores sociais a fim de chegar ao consenso agendas e

propostas de incidência política a nível nacional e regional, tal como as propostas de um plano de

desenvolvimento sustentável da Coordenadora das Organizações Civis logo depois do furacão

Mitch, o código da infância e adolescência, a lei contra a violência familiar, a lei de participação

cidadã, propostas à política e plano nacional de população, a estratégia de redução da pobreza, a

política de descentralização e de migrações.

Estes avanços de participação cidadã têm que ser localizados dentro do paradoxo de que os

esforços de incidência política se dirigem a um estado debilitado pelo delegação de decisões a

instâncias supranacionais, seu caráter fragmentado, burocrático e deficitário e sua concepção de

ser um simples facilitador do mercado capitalista como regulador socioeconômico que deveria

responder às demandas sociais.

Há outros grupos políticos ou de pressão, como o Frente Nacional de Trabalhadores (FNT) é

um grupo sandinista composto por oito sindicatos: Central de Trabalhadores Sandinistas (CST)

Associação de Trabalhadores do Campo (ATC) Federação do Trabalhadores da Saúde

(FETASALUD) União Nacional de Empregados (UNE) Associação Nacional de Educadores do

Nicarágua (ANDEM), União de Jornalistas da Nicarágua (UPN) Confederação Nacional de

Associações de Heróis e Mártires (CONAPRO) e a União Nacional de Agricultores e Rancheiros

(UNAG). O Congresso Permanente de Trabalhadores (CPT) é um grupo de quatro sindicatos

não sandinistas: Confederação Unificada de Sindicatos (QS) Central de Trabalhadores de

Autônomos da Nicarágua (CTN-A), Confederação Geral de Trabalhadores Independentes

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(CGT-I) e Central de Ação e Unidade Sindicalista (CAUS). A Central de Trabalhadores do

Nicarágua (CTN) é um sindicato independente. A Corte Suprema da Empresa Privada (COSEP)

é uma confederação de empresários.

4.3.2. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS Os diários se editam em espanhol. Os principais jornais são La Prensa, El Nuevo Diario, La Noticia,

Tribuna, Confidencial e Bolsa de Noticias.

Quanto às emissoras de rádio há 45 AM, nenhuma FM e 3 onda curta. Há 1.037 milhões de

aparelhos de rádio e existem 7 emissoras de televisão.

O Supremo Tribunal de Justiça ainda não emitiu uma decisão sobre o recurso por

inconstitucionalidade apresentado contra a Lei N 372, que criaria o Colégio de Jornalistas da

Nicarágua. A lei ainda não foi implementada por causa de desavenças entre as duas associações

de jornalistas, as quais, pela lei, formariam o Colégio de Jornalistas.

O Supremo Tribunal também ainda não decidiu sobre um recurso para o fechamento da

emissora de rádio La Poderosa, cuja freqüência foi cancelada por supostas irregularidades. Segundo

a diretoria da TELCOR, órgão regulador do governo, a COPROSA, entidade da Igreja Católica

que é proprietária da licença, não apresentou recurso contra a medida.

Em 1º de março, o La Prensa publicou uma carta de Tirso Moreno Aguilar, ex-comandante da

Resistência (Contras), que em 22 de outubro de 2002 assaltou a mão armada a redação do jornal e

manteve vários jornalistas como reféns. Moreno, que se encontra na prisão à espera de um

tribunal do júri, pediu desculpas de maneira “pública, honesta e sincera”, alegando que agiu em

estado de embriaguez.

Na primeira semana de março, houve um debate público sobre a isenção de impostos

estabelecida para os meios de comunicação. A controvérsia ocorreu depois que o deputado

sandinista Bayardo Arce declarou que essas isenções deveriam ser anuladas. O presidente Enrique

Bolaños pediu, em declarações à imprensa, que aqueles que se beneficiam com essas isenções

renunciassem voluntariamente a esse benefício e “começassem a pagar seus impostos”.

Tanto La Prensa como El Nuevo Diario declararam que as isenções de impostos constitucionais

começaram como uma garantia para a liberdade de expressão e informação e como uma proteção

contra as possíveis pressões fiscais que os governos futuros pudessem realizar. Os meios de

comunicação pagam o imposto sobre a venda de publicidade, o imposto de renda e impostos

sobre outros rendimentos ou venda de produtos como CDs, enciclopédias, etc.

O presidente Bolaños declarou depois que tinha sido mal interpretado e que não é contra essas isenções.

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A jornalista Carol Munguía, correspondente do La Prensa na cidade de Chinandega, está sendo

processada pelo suposto delito de calúnia, por ter publicado notícias sobre a detenção de dois

nicaragüenses em El Salvador. Eles foram processados e uma semana depois da publicação foram

liberados sem acusação formal.

As notícias sobre a captura e a subseqüente liberação foram publicadas no La Prensa, mas a irmã

de um dos processados, esposa de um deputado sandinista, deu prosseguimento ao processo. A

fonte dessas notícias foi o jornal La Prensa Gráfica de San Salvador.

Encontra-se em discussão um projeto de lei de igualdade de oportunidades, que já foi aprovado

por uma comissão parlamentar.

A discussão deste projeto de lei, apresentado em 1999, tem sido adiada repetidamente porque

alguns setores da sociedade se opõem por considerarem que ele legalizaria o aborto, o que

ameaçaria a integridade da família, e imporia uma cota de 40% de funcionários do sexo feminino

para todas as empresas públicas e privadas, inclusive os meios de comunicação.

A lei prejudicaria a liberdade de expressão e de imprensa ao criar um órgão estatal que

“colaboraria” com os meios de comunicação para garantir que eles somente apresentem as

mulheres de acordo com os requisitos da lei; e examinaria as políticas de divulgação “com o

objetivo de integrá-las em uma política de gênero” (artigos 49 e 55).

O projeto também proibiria imagens, informações, notícias e linguagem ofensivas e

discriminatórias para com a mulher, obrigaria uma “participação plena e eqüitativa da mulher nos

meios de divulgação e na administração e produção de programas” (artigo 57). Ordenaria a

elaboração —“conquanto que não atente contra a liberdade de expressão”— de mecanismos

regulamentares para que os meios nacionais e internacionais apresentem “um equilíbrio entre as

imagens de homens e mulheres” (artigo 59) e, ainda, submeteria a publicidade nos meios aos

mesmos parâmetros estabelecidos pela lei aos mesmos meios (artigo 64).

Até o momento, a oposição a essa Lei de Igualdade de Oportunidades centralizou-se nos

aspectos do aborto, família e nas cotas obrigatórias de contratação.

No início de março, a emissora Radio Máxima, da cidade de Masaya, foi fechada por resolução da

entidade reguladora das telecomunicações, Telcor, porque, supostamente, não cumpria o horário

de transmissão e seu sinal não cobria a área mínima requerida pela lei e estabelecida em sua

licença de operação.

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4.4. HONDURAS

4.4.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS Honduras é limitado a norte pelo Golfo das Honduras, a norte e a leste pelo Mar das Caraíbas

(por onde possui fronteira marítima com o território colombiano de San Andrés e Providencia), a

sul pela Nicarágua, pelo Golfo de Fonseca e por El Salvador e a oeste pela Guatemala.

Honduras tem uma área de 112,088 km2 e conta com uma população de 5,823,000 (1997 est.). A

capital é Tegucigalpa e a população é predominantemente de mestiços (mistura de europeu e

índio). O idioma é o espanhol e a religião é o Catolicismo romano (maioria). A moeda corrente é

Lempira hondurenha. Honduras é o segundo país em extensão da América Central, tem 645-km

de litoral no Caribe para o norte e 72-km) no Pacífico para o sul. Mais de 3/4 do território de

Honduras é montanhoso e arborizado e as planícies orientais incluem parte da Costa de

Mosquito. A maioria das pessoas vive em comunidades isoladas no interior montanhoso onde o

clima está quente e chuvoso. Fez parte da civilização Maia que floresceu no 1º milênio DC. Há

restos arquitetônicos e esculturais de um centro cerimonial a Copán, em uso de 465 a 800.

Cristóvão Colombo chegou a Honduras em 1502, e determinação permanente seguiu. Uma

guerra principal entre on2oCrisi4nicondura[(�800. )Tj-0.0003 1944.2002 T3 18.435 0onde eemestiuduras 37 15nquantoloulpredoorinata de opulaç�uatem e a populaçã[(�aeca edoenopulanicosuatecrviliz)]30170.156 T589.805 0 avarbopulaç. E(gueuem pauatem)-5(Td[(ceri ge litde(a)6( )]TJ-0.0005 1360.0252 Tw5891.12 -1.685 Tm[(Gm)-), a-), turas su-), ai5(oeste p)-5nd2 milvid (Gua, a15701502,este oviliz)]TJ0.0002 T43[0.156 Tw621.12 0 nduras8 Tw) em pars51s e343[(vids Uniars5osta de )Tj-0.0001 112 80252 Tw 68.435 -1.69 o da Amér351 T)-5(ca Centretiriuduras8381502,clariudsu-), aviliz)]112 0.051 Tw39.805 0 i5(oeend2 miluateciureDebaixouate5ostregmisturaxda AmcMos,(a)6( )]TJ-0.0003 1c 0.2303 Tw391.12 -1.685 havai gTD(gue da km2 da 1 quenalg(coms no venopula�), oviliz)]12 0.089 T6 20.285 0 1gua, EUA Maias dgoverscee da kfoi eleMosia), a)-4( )]TJ-0.0001 17c 0.201 Tw6826.635 -1.69os o territ�uras982dioaxda AmcMosms nonsic�chegatá )Tj-0.0002 17c2.089 T3 19.53 0 dai)-6sturgTD(ilhondu[(erd[(as. Ino sbopula5esconta )c 020.201 Tw3391.12 -1.685 caus isolca es df Hocaçuras998stum)6vad(u egundo pa 15nquantolmatdooriv uma e sei)-7(ria das pestur�ropeu e )]TJ0.0501 Tw 0 -1.69c)1(anria emiooriturc)1(anriatur�ha Td. Em56 01pelo )Tj0.000-

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4.4.1.1. Sistema Político De acordo com a Constituição da República, Honduras é um Estado de direito, soberano,

constituído como república livre, democrática e independente para assegurar a seus habitantes o

desfrute da justiça, a liberdade, a cultura e o bem-estar econômico e social.

Honduras é uma república multipartidária, com uma casa legislativa e a cabeça de estado e do

governo é o presidente.

A partir de 1980, depois de uma larga instabilidade política e de governos autoritários de caráter

civil e militar, Honduras entrou em um processo de estabilidade democrática e de governos

eleitos a cada quatro anos mediante o voto popular. Assim, nos últimos 19 anos, ocorreu uma

sucessão de cinco governos escolhidos pelo povo em eleições livres, com ampla participação

eleitoral. Este é, sem dúvida alguma, um dos períodos de maior estabilidade na história política

hondurenha.

A realização das eleições para a escolha de uma Assembléia Nacional Constituinte em abril de

1980 marcou o início do retorno à democracia na Honduras. A Assembléia Constituinte aprovou

a “Lei Eleitoral e das Organizações Políticas” a qual serve de apoio para a convocação às eleições

gerais em 25 de novembro de 1981; e, além disso, promulgou-se uma nova Constituição.

O processo de democratização que se desenvolveu em Honduras nas últimas duas décadas se

pautou em dois elementos básicos: (1) a reativação dos partidos políticos e a realização de

eleições livres e competitivas de maneira periódica; e (2) um processo de desmilitarização do

Estado.

As eleições gerais se realizam a cada quatro anos (no último domingo do mês de novembro) para

quatro níveis: presidencial, para o Congresso Nacional,29 para o Parlamento Centro-americano e

para os Governos Locais.30 Depois das eleições para a Assembléia Constituinte de 1980,

realizaram-se eleições gerais em 1981, 1985, 1989, 1993, 1997 e 2001.

A transição de um regime político a outro foi uma das coisas mais difíceis na história política

hondurenha. Neste contexto, foram comuns os regimes políticos impostos pelo governo de

volta, as eleições fraudulentas, a guerra civil e, mais recentemente, o golpe de estado militar”.31

O segundo elemento que caracterizou a democratização é um processo de desmilitarização do

Estado, orientado à subordinação dos militares ao poder civil democraticamente constituído.

Este processo de redefinição das relações civis-militares, vai se desenvolver em torno de três

29 O Congresso Nacional é unicameral e se escolhe um número fixo de 128 deputados eleitos entre os 18 departamentos. 30 Para uma análise sobre o sistema eleitoral na Honduras, veja-se: José Álvaro Cálix Rodríguez. Caracterização e análise do sistema eleitoral na Honduras. Serie Política e Instituições, Documento de trabalho No 4. Tegucigalpa, PNUD-FIDE, 2001. 31 PNUD. Relatório sobre Desenvolvimento Humano em Honduras 2002, p 35.

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elementos: (a) em 1994, é aprovada uma reforma constitucional que elimina o serviço militar

obrigatório e estabelece o serviço militar voluntário em tempos de paz; (b) em 1996, o Congresso

ratifica por unanimidade a reforma constitucional que separa as funções e institucionalidade

encarregadas da defesa nacional, e se cria uma nova Polícia Nacional, para encarregar-se da

segurança interna; e, em 1998, se cria o novo Ministério de Segurança; e (c) em 1999, são

aprovadas as reformas constitucionais para suprimir a figura do Comandante em chefe das

Forças Armadas, e se estabelece a Secretaria de Estado para a Defesa Nacional. O ministro

encarregado do Despacho da Defesa Nacional será renomeado pelo presidente da república. Em

janeiro de 1999, é nomeado o primeiro civil como Ministro da Defesa.

“Dos inícios dos anos oitenta, Honduras vive um longo e complicado processo de transição

política que arranca do final dos regimes militares do período 1963-1980, passa pela fase do

poder compartilhado entre políticos civis e militares uniformizados no decênio 1980-1990, e,

finalmente, busca desembocar em uma sociedade democrática e aberta, plural, participativa e

tolerante, na década dos noventa e nestes primeiros anos do novo século XXI”.32

Como conseqüência do processo de desmilitarização do Estado, há um processo de redefinição

das relações civis-militares no marco de um recente processo de construção da democracia.

Como assinala Leticia Salomón: “A construção da democracia parte de importantes modificações

no âmbito das relações civis-militares, o qual remete a um processo de recuperação de espaços

controlados por militares no passado autoritário; também, a uma redefinição institucional das

Forças Armadas e da Polícia, e à estruturação de novos eixos da relação entre Forças Armadas e

sociedade”.33

4.4.1.2. Sistema legal O sistema legal é baseado nas leis civis espanholas e do direito romano, alguma influência da lei

inglesa comum, aceita a jurisdição da Corte Internacional de Justiça, com reservas.

O Poder judiciário é constituído pela Corte Suprema de Justiça, as Cortes de Apelações e os que

estabelecem a lei. A Corte Suprema de Justiça tem sua sede na capital da República e está

integrada por nove magistrados proprietários e sete suplentes.

Os magistrados da Corte Suprema de Justiça são nomeados pelo Congresso Nacional.

32 Víctor Balance. Honduras: sistema político, crise e reformas. Monitoro da sociedade civil. Tegucigalpa, CEDOH, 2003, p 1. 33 Leticia Salomón. As relações civis – militares na Honduras. Tegucigalpa, CEDOH, 1999, p 85.

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116

4.4.1.3. Sistema econômico A economia hondurenha depende basicamente do setor agropecuário, que em 2002 aportou o

27.4% do PIB. Em 2003 o PIB alcançou um pouco mais de 70 mil milhões, e o PIB por pessoa

US $900.00 por ano (Lps. 13,500.00).

Atualmente a economia do país atravessa uma situação muito difícil por causa dos desajustes

financeiros e dos altos índices de corrupção registrados durante as últimas décadas. A pobreza é

majoritariamente rural e apresenta um quadro mais grave na parte ocidental do que em outras

regiões. Os departamentos que têm os maiores níveis de analfabetismo são também os mais

pobres. A mudança mais relevante e recente na economia, e, portanto no mercado laboral, é a

diminuição da importância relativa das atividades primárias e o incremento nas atividades

terciárias.

O lugar que ocupa Honduras no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas é

extremo: 114. Desde 1999, sofreu uma forte queda em quase todos os departamentos devido à

deterioração da atividade econômica e à diminuição do poder aquisitivo e dos salários.

Honduras é um dos países mais pobres do hemisfério ocidental. O setor mais importante de sua

economia, a agricultura, emprega quase dois terços da sua mão de obra e produz dois terços do

que exporta, com uma produtividade baixa. A indústria manufatureira, mesmo escassa, emprega

9% da mão de obra e gera 20% das exportações. Sua economia enfrenta vários problemas

básicos, como o grande crescimento de sua população, muitas greves, a inflação, a falta de

serviços básicos, um setor público pouco eficiente e a dependência da exportação, principalmente

de banana e café, sujeitos a grandes variações de preços. Está cumprindo-se o programa de

reformas a longo prazo, iniciado em 1990 pelo então presidente Callejas e continuado pelos

outros governantes eleitos.

O desenvolvimento humano em Honduras evoluiu mostrando o seguinte quadro: passa de 0.472

em 1990 a 0.641 em 1997, logo a 0.653 em 1998, logo se reduz a 0.634 em 1999, para

incrementar-se a 0.638 em 2000, e logo aumenta para 0.667 em 2001. A posição que Honduras

esteve ocupando segundo a classificação do PNUD também veio experimentando mudanças. As

mudanças na posição não refletem necessariamente uma melhoria no IDH, mas sim está em

função sobre tudo do número de países em que se realiza a medição. Assim, a notável variação

em 1999 não representa uma variação considerável do IDH, a não ser a diminuição do número

de países nos que se realizou a medição para o relatório de dito ano.

Por outra parte, apesar da relativa melhoria no IDH em nível nacional, observam-se

desequilíbrios importantes no interior do país, entre os distintos departamentos e municípios.

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117

De acordo com os dados do Banco Mundial, Honduras obteve durante os últimos 11 anos um

avanço na redução da pobreza, pois a pobreza total a nível nacional passou de 74.8%, em 1991,

para 63.3%, em 2002 (uma redução de 11.5 pontos); enquanto que a pobreza extrema passou de

54.2%, em 1991, para 45.2%, em 2002 (uma redução de 9 pontos).

Entretanto, ao analisar a tendência na evolução dos níveis de pobreza apresentados

anteriormente, pode-se concluir que embora esta tendeu a reduzir-se, observa-se uma

desaceleração nos últimos anos. Entre 1999 e 2002, a pobreza total a nível nacional se reduziu em

2.6% e a pobreza extrema em 3.4%. Em todo caso, para o 2002, 63.3% dos lares hondurenhos

vivem em condições de pobreza e 45.2% em condições de pobreza extrema.

Por outra parte, o PNUD apresenta no “Relatório sobre Desenvolvimento Humano, Honduras

2003” o número de pessoas pobres como outra forma de medir a situação de pobreza do país.

Para 2001 “em Honduras, 71.1% da população se encontra em uma situação de pobreza. Da

população rural, 77.7% são pobres, e na urbana esta proporção é de 63.1% (...)”.

Além disso, destaca-se a desigualdade na distribuição do ingresso nos seguintes termos: “20% dos

lares mais ricos tem 54.3% do ingresso total no país, no entanto 20% dos mais pobres recebe

somente 3.2% dos ganhos”.

O comportamento da economia hondurenha dos últimos dez anos se caracterizou pelo baixo

crescimento da atividade produtiva. A taxa anual do PIB se manteve acima de 3.5% entre 1995 e

1997. Posteriormente, a economia hondurenha reflete uma descida no crescimento em 1998

caindo a uma taxa de 2.9%. Esta situação piora em 1999, obtendo uma taxa de crescimento

negativa de 1.9% como conseqüência, principalmente, do Furacão Mitch.34 Logo depois desta

inflexão, a economia recupera seu impulso experimentando uma taxa de crescimento similar a de

1997 (5%). Não obstante, não se tem um crescimento sustentado, durante 2001 e 2002 se

obtiveram taxas de variação mais baixas das esperadas, 2.6% e 2.7% respectivamente.

4.4.1.4. Ativismo e relações públicas Os grupos políticos ou de pressão são Associação Nacional dos Camponeses da Honduras

(ANACH), Conselho Hondurenho de Empresas Privadas (COHEP), Confederação de

Trabalhadores da Honduras (CTH), União Nacional de Camponeses (UNC), Confederação Geral

de Trabalhadores (CGT), Federação de Trabalhadores Unidos da Honduras (FUTH), Comitê

para a Defesa dos Direitos humanos na Honduras (CODEH), Comitê de Coordenação de

Organizações Populares (CCOP).

34 As devastações produzidas pelo furacão Mitch em outubro de 1998 determinaram o desempenho econômico global da Honduras durante 1999. Assim, a atividade econômica registrou um retrocesso de 2%”. CEPAL. Balanço preliminar das economias da América Latina e O Caribe, 1999, p 50.

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118

4.4.2. CULTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS Honduras apresenta uma gama de manifestações culturais relacionadas com a cultura popular

tradicional que se foram conformando através de seu processo histórico. O que hoje conhecemos

como a República da Honduras, da época pré-hispânica foi, e continua sendo, uma área de

confluências culturais, ou seja: nela encontramos para a época pré-hispânica grupos étnicos

indígenas portadores de culturas muito diferentes; alguns deles subsistem conservando certos

traços, segundo sua área de afinidade cultural.

No caso do Chortis e Lcncas, suas características culturais estão mais influenciadas pelos grupos

humanos de ascendência meso-americana. Os Payas, Supremos e Miskitos são portadores de

manifestações culturais similares ou compartilhadas com os grupos humanos da América do Sul.

Ao grupo Jicaque prefiro considerá-lo como um grupo intermédio. Posterior à conquista no

século XVI surgem outros grupos humanos como os garifuna (caribes negros ou "morenos"),

sendo um grupo com uma história.

Em geral, e Honduras não é a exceção, fica difícil determinar ou falar de uma cultura geral: mas

pode-se falar de distintas culturas ou características que identificam uma sociedade. No caso de

Honduras, o processo histórico de conformação sócio-cultural esteve marcado por uma

fragmentação territorial que ultimamente se viu em parte superada pelas melhoras nas vias de

comunicação: isto permitiu a conformação de uma idéia de país um pouco mais consolidada. Sem

dúvida, por causa desta fragmentação histórica, é difícil de falar em uma cultura hondurenha: o

que temos são particularidades culturais que se identificam por regiões, combinadas com alguns

elementos de um ethos, ou modo de ser, comum. Os esforços do Estado, sobretudo no final do

século 19, por criar uma idéia de estado nacional mediante a criação de símbolos e o fomento de

um certo orgulho serviram para criar uma certa identidade formal que é aceita por boa parte dos

hondurenhos, embora falta ainda revalorizar e reforçar identidades construídas desde referentes

que surgem das relações cotidianas, das práticas comunitárias de nossos povos.

Em geral, um traço importante que os hondurenhos parecem reconhecer nas pesquisa de

percepção que realizamos, é a sua identificação como pessoa trabalhadora, o que contraria a

imagem usualmente difundida.

Quer dizer que se aprecia uma auto identificação dos hondurenhos e hondurenhas como pessoas

trabalhadoras, embora associada com outra característica como a de serem conformistas. O

resultado é que temos um binômio interessante que identifica os hondurenhos como

trabalhadores conformistas. Isto mostra que se tem que indagar mais sobre o ethos dos

hondurenhos e as origens de comportamentos que podem evitam atitudes empreendedoras e

inovadoras.

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119

Honduras se encontra melhor comunicada entre si que faz 50 anos, o qual não necessariamente

assegura a integração do país mas se a favorecer. Isto é importante porque um desafio da cultura

para o desenvolvimento é consolidar uma idéia de país a partir da diversidade que permita

enfrentar as pressões de maiores influências culturais que nos chegam de outras latitudes: se não

haver uma adequada fortaleza cultural, incorre-se no risco de que se dissipem e debilitem os laços

da “Hondurenhalidade” ao assumir outros padrões de culturização que podem romper os

vínculos e as tradições. Isto não significa que terá que renunciar à interação com outras culturas

(isso seria asilar-se e confinar-se ao atraso), mas deve-se fortalecer a identidade cultural comum

para obter relações inter-culturais que nos permitam discernir o que deveríamos trocar e o que

deveríamos conservar, em vez de fazer tabela rasa do passado, ou negar as vantagens de inter-

atuar com outras concepções e modos de ser.

4.4.3. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS Dia após dia os meios de comunicação tendem a tomar mais importância, desempenhando uma

função de primeira ordem no fortalecimento do sistema democrático, o acesso aos serviços e a

participação nesses meios. Isto é um bom sinal saudável, especialmente no que diz respeito à

criação de uma opinião pública favorável à estabilidade democrática, à alternabilidade no

exercício do poder, à luta contra a corrupção, ao fortalecimento da sociedade civil e ao desejo

expresso de dar passos qualitativos em direção a uma comunicação que promova o

desenvolvimento social e defenda a vida. Os meios de comunicação são parte importante do

processo de desenvolvimento do país e em particular do âmbito social, já que podem impulsionar

a atividade de Relações Públicas na agenda do governo e da sociedade e manter o público como

prioridade nacional.

Nas últimas três décadas, Honduras tem conseguido avanços significativos no desenvolvimento

dos meios de difusão, tanto no plano tecnológico como no design de rentáveis empresas

comerciais. Os três principais meios (rádio, televisão e imprensa) têm suas próprias características

no que diz respeito à promulgação de mensagens de tipo social no país. A seguir, faz-se uma

avaliação destes meios e seu envolvimento no campo das Relações Públicas e na mobilização

social.

A imprensa escrita em Honduras iniciou-se no século XIX. Há seis jornais que se editam

diariamente com uma circulação que oscila entre 30 e 40,000 mil exemplares, 4 deles possuem

suplementos muitas vezes dedicados às atividades de Relações Públicas. Três dos seis diários em

circulação se publicam na capital da República e os outros três na capital industrial (San Pedro

Sula), todos com cobertura nacional. Também se publicam quatro revistas semanais.

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120

Aproximadamente a metade da população adulta disse ler algum jornal. A maior taxa de compra

de diários se registra no Distrito Central, em que 80% da população o compra, seguido pela

região noroeste (Cortés, Yoro, Santa Bárbara), onde a cobertura é de 57%. Porém, atualmente a

compra sistemática da imprensa escrita tem diminuído devido a seu alto custo. Em escala

nacional 32% da população o compra diariamente, taxa que aumenta para 56% no Distrito

Central. O preço dos principais jornais dobrou nos últimos anos.

No país, existem 14 canais de televisão, 8 com cobertura nacional e os outros regionais. Todos

são privados e têm uma ligeira supervisão por parte do governo.

Os espaços cedidos pelo setor privado se reduzem a cadeias de rádio e televisão para difundir

medidas e informações importantes do governo em esporádicas ocasiões. Um meio de recente

incorporação e impacto favorável são os canais privados de televisão a cabo nas 18 cabeceiras

departamentais, que — na sua maioria — contam com um noticiário de cobertura local e inserem

informações proporcionadas por departamentos de Relações Públicas.

É o meio de comunicação mais popular do país; os estudos mostram que 65% da população tem

acesso a um aparelho de rádio receptor. Seu custo relativamente baixo de produção e de difusão

fazem dele um meio apropriado para os propósitos das Relações Públicas e de mobilização social.

O rádio supera limitações, particularmente nas zonas rurais, funcionando como um enlace entre

as comunidades distantes. Há mais de 300 emissoras no país, a maioria de alcance local, mas que

em conjunto têm uma ampla cobertura geográfica. A maioria das radio difusoras locais tem na

sua programação diária espaços destinados à saúde comunitária e à saúde, com cobertura local e

regional. Uma rede de correspondentes de rádio composta por 100 comunidades sociais apóia

aos programas do setor saúde.

Segundo uma enquete realizada em 2002, em Tegucigalpa e zonas periféricas 83% dos lares

possuíam um aparelho de rádio, no entanto em Cortés, Santa Bárbara e Yoro esta percentagem

era de 64%, e em Atlântida e Colón de 58%. A região ocidental (Copán, Lempira, Ocotepeque)

tinha a proporção mais baixa com 40% de lares. É importante notar que nas zonas fronteiriças

com países vicinhos há uma audiência importante de emissoras estrangeiras. Por exemplo, o

mesmo enquete encontrou que na região ocidental a quarta parte dos lares tinha sintonizada uma

rádio estrangeira.emissora

A liberdade de imprensa é constantemente ameaçada em Honduras, mas não há maiores

problemas no exercício do jornalismo e no relato de informações pelos meios escritos ou de

radiodifusão.

A ameaça teórica vem da existência de um colégio de jornalistas que exige a afiliação obrigatória

para o exercício do jornalismo, mesmo que mais da metade dos profissionais que trabalham nos

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121

meios não sejam afiliados e não sofram represálias.

Jornalistas de renome, que saíram dos meios de comunicação denunciando repressão

governamental ou política, encontram-se novamente à frente dos noticiários nacionais, talvez em

melhores posições do que antes.

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4.5. GUATEMALA

4.5.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS

A Guatemala é um país da América Central, limitado a oeste e a norte pelo México, a leste pelo

Belize, pelo Golfo das Honduras e pelas Honduras e a sul por El Salvador e pelo Oceano

Pacífico. Sua capital é Guatemala. A Guatemala, com exceção das áreas perto do litoral, é um país

montanhoso. Seu clima é quente e tropical. O país tem uma área de 108,889 km2 e conta com

uma população de 11,242,000. Os ladinos (mestiços e ameríndios ocidentalizados) e brancos

compõem cerca de 59.4% da população da Guatemala. Os ameríndios não assimilados,

descendentes dos maias, constituem 40.6% da população.Também há descendentes de

africanos, especialmente ao longo da costa caribenha, em especial os Garifuna.

Embora a maior parte da população da Guatemala seja rural, a urbanização está em

aceleração.

A religião predominante é o catolicismo romano, ao qual foram incorporadas formas

tradicionais de culto por muitos guatemaltecos indígenas. Estima-se que o protestantismo e as

religiões maias tradicionais sejam praticados por 40% e 1% da população, respectivamente.

Embora a língua oficial seja o espanhol, ela não é universalmente compreendida entre a

população indígena; ainda são faladas várias línguas maias, em especial em áreas rurais.

Os acordos de paz assinados em Dezembro de 1996 determinam a tradução de alguns

documentos oficiais e de materiais de voto para várias línguas indígenas.

Os índios maias formam aproximadamente 55% da população; Ladinos, principalmente da

mistura de origem hispânico-índio. O idioma é o Espanhol, a religião é o Catolicismo romano e a

moeda corrente é o quetzal.

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4.5.1.1. Sistema político Logo depois de uma larga história de autoritarismo os guatemaltecos iniciaram em 1986 um

processo democrático e a conseqüente construção de um marco jurídico e institucional que

permitisse seu desenvolvimento. Dez anos depois, a assinatura dos Acordos de Paz que pôs fim à

guerrilha unificada na Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG) e o governo foi

outro marco na convulsionada história política do país. É a partir de então que no país se têm

pela primeira vez na história recente perspectivas reais de uma eventual consolidação da

democracia na Guatemala.

A democracia guatemalteca, com suas desigualdades, conseguiu manter-se durante 18 anos, o

período mais longo de democracia na história. A Constituição Política que entrou em vigência em

1986 também foi a mais duradoura. Embora ainda manifestam debilidades, instituições políticas

como a Corte de Constitucionalidade, o Procurador de Direitos humanos e uma série de

inovações ali estabelecidas —como o reconhecimento da realidade multi-étnica do país — se

mantiveram e permitiram o exercício de liberdades políticas aos cidadãos ao longo destes anos.

Nestes 18 anos, realizaram-se na Guatemala 12 processos eleitorais, incluindo duas consultas

populares e cinco eleições presidenciais, os quais foram reconhecidos como livres e transparentes

por observadores nacionais e internacionais. É grande a importância das eleições livres já que se

trata de um país com uma larga história de fraudes eleitorais e eleições manipuladas pelos

militares. Mas há que se recordar que estas constituem só um elemento do processo de

consolidação democrática do país.

Segundo a teoria democrática, o desenvolvimento jurídico e institucional da democracia

representativa, embora fundamental, não é suficiente para garantir a estabilidade da democracia

no comprido agrado. No aspecto meramente político um processo de democratização deve

fundamentar-se em vários pilares, cujo desenvolvimento deve dar-se em forma paralela. Entre

esses pilares está a construção de um Estado de Direito que proporciona o acesso de todos os

cidadãos à justiça, promovendo a noção de que ninguém estará acima da lei. Também se pode

mencionar o aspecto participativo da democracia, que vai além das eleições cada período de

tempo. Assim, as relações públicas contribuíram no debate público de temas de interesse

nacional, vinculando permanente à chamada sociedade civil aos processos de tira de decisão e a

construção de instâncias e mecanismos de diálogo intersectorial, e entre o Estado e a sociedade,

foram elementos chave do desenvolvimento democrático. Estes aspectos se vinculam ao que se

chamou capital social e democracia deliberativa.

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A construção de um sistema democrático estável na Guatemala, também se constituiu um pilar

fundamental para o crescimento das relações públicas. Campanhas de relações públicas ajudaram

no desenvolvimento de valores e práticas democráticas entre os cidadãos. É importante

mencionar que a legitimidade da democracia é fundamental para o desenvolvimento sustentável

das relações públicas.

A data de início do processo de democratização varia de acordo com os diversos observadores.

Há quem a situa nas eleições da Assembléia Nacional Constituinte em 1984. Neste caso,

considera-se que o processo dá início com a tira de posse do Vinicio Cerejeira como Presidente

eleito em janeiro de 1986. Alguns consideram que a transição à democracia iniciou com o golpe

de estado de 1982.

Dita legitimidade vai proximamente ligada ao apoio social que os cidadãos de um país

determinado outorguem o seu sistema político, às regras de funcionamento do mesmo, aos

princípios democráticos e inclusive às autoridades de volta.

A persistência de valores autoritários na Guatemala por cima dos valores democráticos é um

fator que pode afetar a prática das relações públicas e os esforços por consolidá-la no país.

No processo democrático desenvolvido na Guatemala de janeiro de 1986 até o momento é

possível falar em quatro pontos críticos ou momentos chave, que puderam ter dado lugar a

regressões autoritárias ou a um aprofundamento do processo mesmo. Felizmente para o país,

nesses momentos chave a direção do processo manteve um rumo positivo e se pôde evitar a

regressão autoritária.

Um primeiro momento chave para a democracia na Guatemala o constitui o primeiro transpasse

de mando de um governo civil a outro governo civil em toda a história política da Guatemala.

Assim, as eleições de 1989 e a passagem do mando de Vinicio Cerejeira ao Jorge Serrano em

janeiro de 1990 marcaram a pauta de uma dinâmica de eleições livres de governantes civis que se

manteve desde essa data.

Um segundo momento chave do processo democrático é o rechaço de diversos setores sociais e

do exército mesmo ao auto-golpe de estado propiciado pelo ex-presidente Jorge Serrano em maio

de 1993. Foi o primeiro encontro de setores sociais tradicionalmente antagônicos na chamada

Instância Nacional de Consenso, a primeira vez que abertamente todos os setores deram valor ao

débil processo democrático que se iniciou em 1986, e a primeira vez que o exército rechaçou o

comando do presidente de volta, para alinhar-se com as instituições democráticas.

Um terceiro momento chave, e sem dúvida o mais determinante, dá-se com a assinatura dos

Acordos de Paz em dezembro de 1996, doze anos depois de iniciada a abertura democrática.

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Embora o processo de democratização e de negociações de paz se desenvolveram e

influenciaram mutuamente ao longo de cinco anos, a busca da consolidação democrática não

podia dar-se em um ambiente de confrontação armada e com opções limitadas de participação de

certos setores e grupos. Como Nações Unidas o faz ver em seu Relatório sobre a Democracia na

América Latina, foi até as primeiras eleições da pós-guerra, em 1999, em que se dá um espectro

verdadeiramente amplo de opções políticas à população com a participação da anterior esquerda

armada como partido político legalmente inscrito.

O mais recente ponto crítico do processo de democratização na Guatemala se dá com as eleições

de novembro de 2003. Alguns observadores chamaram a essas eleições “as melhores” da abertura

democrática de 1986. Ao fazer dito qualificativo não se faz referência à organização técnica do

processo eleitoral, nem à transparência do evento, já que cabe recordar que o governo democrata-

cristão do Vinicio Cerejeira teve que enfrentar diversos intentos de golpes de estado.

Ambos os aspectos manifestaram-se durante os diversos processos eleitorais realizados no país

da abertura democrática. A transcendência das eleições de 2003 se dá mas bem em dois aspectos:

maior participação cidadã vis-à-vis prévios processos e o rechaço dos guatemaltecos a uma opção

autoritária de governo pela via eleitoral.

A derrota da candidatura do General Efraín Rios Montt nas urnas marca uma ruptura histórica da

até então constante tentação autoritária de recorrer a governos de mão dura—em especial

governos militares—para resolver os problemas do país. Embora a partida política do qual Rios

Montt é Secretário Geral obteve o segundo lugar nas eleições legislativas e ele mesmo obteve

17% de votação a nível nacional, ficou em um longínquo terceiro lugar dos dois candidatos civis

que passaram à segunda volta eleitoral que se realizou em 28 de dezembro de 2003.

4.5.1.2. Sistema legal Existe um sistema de leis civis, houve revisão judicial das leis legislativas; o país não aceitou a

jurisdição da Corte Internacional.

Poder Judiciário: Os juizes da Corte Suprema de Justiça são eleitos pelo Congresso para um

mandato de 5 anos.

4.5.1.3. Sistema econômico Guatemala foi chamado de um país de contrastes, e mais à frente do aspecto multicultural, estes

se evidenciam no aspecto socioeconômico: uma sociedade em que existem dramáticos contrastes

entre a modernidade e o desenvolvimento em certos grupos sociais e setores da economia, por

um lado, e altos níveis de desigualdade, pobreza e exclusão social, pelo outro.

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A diferença de muitos países latino-americanos os indicadores macroeconômicos na Guatemala

foram relativamente estáveis em anos recentes, mas isso foi em parte para costa de políticas de

sob endividamento, pouco investimento social e a manutenção de um estado reduzido. De fato, o

tamanho do estado guatemalteco é o menor da América Latina. Enquanto que o médio de

ganhos do governo central no mundo é de 20.1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), na

Guatemala este só chega a 10.3 por cento do PIB.4 a Guatemala continua tendo uma carga

tributária das mais baixas do continente americano e não se conseguiu chegar à meta de 12 por

cento do PIB estabelecida nos Acordos de Paz assinados a finais de 1996.

Guatemala continuou sendo um país fundamentalmente agrícola e rural. Em 2003, 23% do PIB

e 36% do emprego se originaram no setor agropecuário. 54% da população habita na área rural.

A crise do cultivo do café, devido à drástica queda de seu preço nos mercados internacionais, deu

lugar a uma maior deterioração das condições de vida desta população. A pobreza extrema na

área rural aumentou de 24% no ano 2000 a 31% no ano 2002. As remessas de trabalhadores no

exterior passaram a ser a principal fonte de ganhos para muitos destes lares, havendo-se

convertido também em uma das principais fontes de ganhos do país. Segundo a Organização

Internacional para as Migrações, 60% dos lares que receberam remessas no ano 2003 habita na

área rural.

O contexto social da Guatemala é altamente complexo. No Relatório “A Democracia na América

Latina” apresentado pelas Nações Unidas em abril de 2004 se evidencia que em comparação com

outros países da região, Guatemala tem alguns dos indicadores sociais mais baixos e

preocupantes. Do mesmo modo, encontra-se entre um dos países mais desiguais do continente.

Cabe recordar que acadêmicos e organizações internacionais têm feito ver a urgente necessidade

de que o desenvolvimento democrático na América Latina vá acompanhado de melhoras na

qualidade de vida dos cidadãos, o qual no caso latino-americano implica a superação das

dramáticas desigualdades sociais e os altos níveis de pobreza existentes.

A discussão a respeito dos problemas estruturais da Guatemala que afetaram o crescimento das

relações públicas.

No contexto econômico-social imediato, ressaltam-se três temas pontuais: o déficit fiscal e a

discussão de um pacote tributário para superá-lo, a assinatura de um tratado de livre comércio

com os Estados Unidos (CAFTA, Central American Free Trade Agreement) e a agudización de

problemas relacionados com a posse da terra.

A maior restrição orçamentária que enfrenta o novo governo, assim como a maior debilidade das

entidades públicas para cumprir adequadamente suas funções, principalmente como resultado

dos múltiplos casos de corrupção que tiveram lugar durante o governo anterior, conformam um

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127

panorama marcado pela limitada capacidade de atenção do aparelho de Estado às crescentes

necessidades da população.

Em uma sondagem de opinião realizada em 2004 pôde observar-se que para a maioria de

guatemaltecos, o 63%, considerava negativa a situação econômica do país.

4.5.1.4. Ativismo e relações públicas Na Guatemala "o ativismo ou a participação pública dos cidadãos e cidadãs nos temas relativos à

defesa legal, o amparo jurídico do ambiente e o uso sustenido dos recursos naturais foi muito

escassa, apesar dos esforços esporádicos realizados por alguns grupos legalmente constituídos".

No país existe um marco jurídico regulatório que prevê mecanismos de participação pública,

entre eles a Constituição em seu Artigo 97 sobre Meio ambiente e Equilíbrio Ecológico; leis

especiais, como a de Amparo e Melhoramento do Meio ambiente, que contempla a "Ação

Popular" de denúncia ambiental; o Código Processual Penitenciária que inclui o direito de que as

ONGs possam "participar como sujeitos ofendidos nos processos penais que sejam investigados

pelo Ministério Público".

Destaca-se que os Acordos de Paz assinalam que "a base para a consolidação da paz na

Guatemala radica essencialmente na participação pública que os cidadãos e as cidadãs façam ao

redor daqueles temas que lhes afetam", e que no tema da defesa legal do ambiente "a incidência

pública cidadã" é uma questão básica.

"Infelizmente -adiciona-, o marco do conflito armado interno, o modelo de sistema econômico e

social, caracterizado pela exclusão humana ao desenvolvimento integral das maiorias nacionais

(povos indígenas e comunidades rurais), assim como a ineficiência do sistema político, não

permitiram a consolidação de um processo nacional no qual os cidadãos e as cidadãs se

expressem livremente e participem ativamente naqueles temas de interesse público".

Outros grupos políticos ou de pressão: Comitê de Coordenação de Associações Agrícolas,

Comerciais, Industriais e Financeiras (CACIF), Grupo de Suporte Mútuo (GAM), Grupo de

Donos Agrários (UNAGRO) Comitê para a Unidade Camponesa (CUC), guerrilha esquerdista,

movimento conhecido na Guatemala como União Revolucionária Nacional (URNG), tem quatro

facções principais- Exército Guerrilheiro dos Pobres (EGP), Organização Revolucionária do

Povo em Armas (ORPA), Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e Partido Trabalhista da

Guatemala (PGT/O)

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4.5.2. CULTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS 35 Como qualquer sociedade capitalista dependente, na Guatemala existe uma profunda

estratificação econômica (por classes sociais), paralela, mas não necessariamente equivalente à

estratificação que expõe Hosftede (definidos os estratos por importância, status e distância do

poder). Existem há séculos níveis preocupantes de exclusão e pobreza extrema.

Do mesmo modo, existe uma profunda estratificação étnica: entre 50 e 60% da população

guatemalteca é pobre, camponesa e indígena, enquanto que o controle dos aparelhos estatais é

exercido por uma minoria branca, urbana e rica. A cultura de um dos grupos não indígenas (a

chamada ladina) é elevada a cultura nacional, enquanto que as outras culturas existentes no país

(indígena-maia, xinca e garifuna) são desprezadas como subculturas obstáculos para o

desenvolvimento, etc.

Ambas as situações sofreram leves mudanças a partir da guerra civil (1960-1996) e os Acordos de

Paz, mas muitos são somente mudanças cosméticas, e ainda falta um longo caminho.

Pode-se dizer que a Guatemala é uma sociedade com uma alta distância do poder, o que implica

estruturas organizacionais mais autoritárias, não só no âmbito do governo, mais também em todo

os outros níveis.

Assim, em qualquer grupo (família, partidos políticos, organismos governamentais e não

governamentais, etc.) podemos encontrar comportamentos autoritários, verticalistas e

centralistas. Obviamente, existem numerosas e honrosas exceções (nenhuma delas quimicamente

pura, mas as características que acabamos de descrever - além do racismo e do machismo –

parecem ser os traços definidores da cultura política guatemalteca.

O 10% mais rico da população obtém o 40% do ingresso nacional, e o 40% mais pobre, obtém o

10%. A mobilidade social ascendente é quase nula, enquanto que a descendente é alta (cada vez

há mais gente pobre que antes pertencia à classe média). Os grupos integravam o bloco do poder

tenderam a manter-se nele desde pelo menos a época colonial, sem mover-se, simplesmente

integrando a novos membros segundo as juntas históricas o requereram.

Não se pode falar em geral, como se existisse uma cultura guatemalteca, uma cultura nacional

única. Se eu pertenço à cultura ladina, minhas apreciações se referirão à mesma, já que

dificilmente poderia afirmar algo sobre as culturas maia, xinca e garifuna que não estão apoiada

em preconceitos e estereótipos.

Cada uma destas quatro culturas desenvolveu diferentes mecanismos (todos bem-sucedidos

dentro de seu próprio contexto) para combater a incerteza e a ambigüidade (não assim para 35 Neste item a colaboração do antropólogo guatemalteco Camilo Salvadó responde a suas percepções, leituras prévias e não são um reflexo exato da realidade (para falar a verdade, ninguém poderia fazê-lo, já que todos têm seus próprios critérios.

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129

tolerá-las). Se estes mecanismos são julgados a partir do ponto de vista de uma cultura diferente

da que os desenvolveu, certamente serão avaliados como deficientes.

Por exemplo, se os mecanismos utilizados pela cultura maia são avaliados da cultura ladina lhes

verá como atrasados e retrógrados, enquanto que se os da cultura ladina são avaliados da cultura

maia, lhes verá como derrubados para o futuro, sem tomar em conta a história e a tradição.

A modo de exemplo, os ladinos são definidos como reservados e (em alguns casos) mentirosos,

enquanto que as outras culturas, por serem mais orais, tendem a dar um maior valor à palavra

falada (o contrário da ladina, que dá mais peso ao escrito) e a ser mais explícitos nas mensagens.

Embora o movimento de mulheres (feministas, viúvas da guerra, lésbicas, etc.) conseguiu incidir

positivamente nesse sentido e conseguiu obter certas cotas de poder de importância estratégica,

assim como a eliminação de algumas idéias e práticas machistas, em geral podemos dizer que o

machismo está altamente internalizado e naturalizado, e não somente se fala dos homens. Em

muitíssimos casos, as mulheres tendem a reproduzir e transmitir a seus filhos e filhas estes

esquemas de pensamento.

Ainda é comum (por exemplo nas fábricas e nos latifúndios) que as mulheres obtenham salários

muito mais baixos, sem maiores explicações, além de sofrer constantemente perseguição sexual.

notificou-se de casos similares em escritórios governamentais, empresas privadas, etc.

Pode-se mencionar o caso de uma mulher indígena (socióloga), a que lhe ofereceram trabalhar lhe

fazendo os ofícios domésticos a uma família ladina, é obvio por muito menos do salário mínimo.

Obviamente, apoiaram-se em seu traje para assumir que era pobre e necessitada de trabalho

(machismo, racismo, etc.).

Entretanto, esta situação teve mudanças mínimas, mas importantes. Uma visão estática da cultura

(de qualquer cultura) sempre será errônea. Toda cultura é dinâmica e tende tanto a se auto-

conservar como a trocar.

Na cultura guatemalteca, os interesses da coletividade não estão acima do individuais, nem nos

casos da cultura ladina, da sociedade nacional e das organizações específicas. Existem várias

provas que apontam que em geral as culturas maia, garifuna e xinca emprestam maior atenção aos

interesses coletivos e obtêm um maior equilíbrio entre estes e os interesses individuais.

Isto afeta as atividades organizacionais em grau alto, já que inclusive os interesses coletivos são

definidos: a) em função de uma somatória de indivíduos b) em função daquilo que convenha

mais à elite governante. Por exemplo, se lhes convém baixar os salários, isto se apresenta como

uma necessidade nacional, e muita gente o traga.

A cultura guatemalteca é orientada para metas a curto prazo. Isto não é necessariamente um

“defeito de nascença”, mas se relaciona aos processos históricos a longo prazo.

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130

Essa orientação para a vida a curto prazo afeta todas as atividades organizacionais, porque a partir

dessa ótica, não adianta manter metas a longo prazo que sempre se chocam com os interesses dos

grupos no poder (que tampouco pensam a longo prazo e só vêem seus interesses imediatos).

Se a confiança interpessoal é definida como inclinação entre membros de uma cultura para

colocar confiança rapidamente em humanos da mesma categoria, a mesma oscila entre média e

média alta. Ou seja: sempre existe desconfiança (não se pode esquecer que a Guatemala acabou

de sair de uma guerra civil), mas entre membros de um mesmo estrato a mesma tende a diminuir.

Entre membros de diferentes estratos, a confiança tende a oscilar entre baixa e nula.

A cultura guatemalteca apresenta deferência para os superiores em colocações sociais. Vai de um

grau normal de deferência para os superiores, até graus bastante exagerados. As ordens são

obedecidas sem pensá-las, discuti-las, e muito menos criticá-las. Na maioria dos casos não se

avalia se uma idéia é boa ou má, a não ser quem a teve, e se foi um superior, simplesmente se

acatam.

As idiossincrasias culturais específicas da Guatemala (já mencionadas: machismo, racismo,

centralismo, autoritarismo, clientelismo, etc., assim como a situação descrita anteriormente) têm

obviamente explicações e raízes históricas, tanto as referidas à história antiga (ordem colonial,

república do século XIX, etc.) como a mais recente (ditaduras agro exportadoras da primeira

metade do século XX, ditaduras militares da segunda metade do século XX, guerra civil).

Portanto, não serve para nada vê-las simplesmente como elementos nocivos para as atividades

organizacionais (embora certamente lhes afetam).

É extremamente difícil apagar esta herança, trata-se simplesmente das estratégias de

sobrevivência adotadas pela população em cada época; a fim de não ser eliminados fisicamente,

evitam-se as confrontações frontais com o poder.

Obviamente, isto é um exagero e generalização utilizada para ilustrar o ponto de vista de alguns

guatemaltecos. Em todo momento histórico existiram idéias e práticas alternativas, nem sempre

distinguíveis de tudo de as idéias e práticas não só nocivas, a não ser funcionais ao sistema.

4.5.3. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS Na época autoritária, a liberdade de expressão e de imprensa ficaram constitucionalmente

garantidas tanto na Guatemala como na maior parte da América Latina, embora na prática estas

liberdades não chegassem a respeitar-se (Buckman: 1996, 7; Peleg: 1993, 133). Em vez de uma

censura aberta ou restrições legais os regimes autoritários recorriam na maioria dos casos a aplicar

as chamadas políticas de comunicação informais, tais como ameaças de morte, seqüestros e

assassinatos. (Scarone: 1996, 26).

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Somado a isso, uma democracia se considera consolidada se na prática se estabelecem umas

políticas de comunicação formais e democráticas, enquanto que as políticas de comunicação

informais perdem importância.

Durante o processo de democratização, persistiram graves problemas no campo dos meios de

comunicação: A maior parte dos meios informativos seguiam concentrados na capital, tanto a

nível de informação como de difusão. A profissão de jornalista seguia sem existir fora das

grandes cidades (Barreira et ao.: 1992, 139) e os meios de comunicação ignoravam quase em sua

totalidade os idiomas e as culturas indígenas.

produziram-se dramáticos processos de concentração de propriedade. Assim, em 1998 mais de

90% da tiragem da imprensa diária estava controlado por dois consórcios - Imprensa Livre e Século

Vinte e um. O mexicano Remigio Angel González e González chegou a controlar todos os canais

de televisão com difusão nacional. A rádio estava controlada por um oligopólio, composto por

sete grupos, entre eles a igreja católica e seitas evangélicas.

Ao começar o processo de democratização em 1986, as bases legais relacionadas com os meios

de comunicação logo que trocaram. Não se produziram reformas nem debates públicos ou semi-

públicos encaminhadas à adaptação da legislação às peculiaridades e necessidades de um país em

processo de democratização. As políticas de comunicação formais não se estabeleceram como

um campo especializado dentro da política nacional. Nenhum partido político representado no

congresso em 1998 tinha elaborado um programa que contemplasse as políticas de comunicação

formais, ignorando assim a importância deste campo político. (cp. Barrera:1989, 45)

Por essa razão, as leis elaboradas durante o processo de democratização careciam de coerência.

Exemplo disso era a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) que regulava indiscriminadamente

tanto as freqüências de telefones móveis como as de rádio e televisão. Com a LGT as freqüências

de rádio já não eram outorgadas pelo estado a não ser leiloadas permitindo o investimento

estrangeiro. O estado perdeu definitivamente o controle sobre as freqüências. Contrastando com

esta lei, as demais iniciativas legislativas seguiram a linha tradicional de políticas de comunicação

formal, atribuindo ao estado uma ampla gama de funções que logo pôs em prática. Exemplos

disto são a lei de televisão a cabo de 1992 e o aumento nos salários mínimos para jornalistas nos

anos noventa.

Nos acordos de paz assinados entre governo e guerrilha em dezembro de 1996, o governo se

comprometeu a fomentar a divulgação "das expressões culturais indígenas", a facilitar freqüências

para projetos indígenas e a "regulamentar e apoiar um sistema de programas informativos,

cientistas, artísticos e educativos das culturas indígenas em seus idiomas" tanto na televisão, a

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rádio, como na imprensa (Acordos de Paz, 12). Isto se acordou em março de 1995. Quase dois

anos depois entrou em vigor a LGT, com o qual se impossibilitou a outorga de freqüências a

projetos indígenas. Do mesmo modo, o anteprojeto de lei de reforma à Lei de Radiodifusão

ignorou completamente os conteúdos dos acordos do paz.

Um instrumento importante das políticas de comunicação informais o constituíram as agressões

contra jornalistas e meios de comunicação. O fato de que os autores intelectuais destas agressões

gozassem de impunidade reforçou a auto-censura entre os jornalistas (Altolaguirre: 1994, 104).

A análise de 321 casos de agressões que se produziram entre 1986 e 1997 demonstra que em

1986 o nível das agressões era muito baixo (3 casos), para crescer nos anos seguintes de forma

cíclica até chegar aos 65 casos em 1993. Posteriormente, o número baixa até 15 em 1997, taxa

ainda muito por cima da de 1986.

Os incrementos mais significativos não coincidem com as campanhas eleitorais a não ser com

outros acontecimentos políticos, como o frustrado golpe de estado em 1998 que suportou uma

onda de violência dirigida contra jornalistas e alguns meios de comunicação recém estabelecidos

(Koberstein: 1990, 48f). O decenso pronunciado nos anos 1996 e 1997 se deve à assinatura da

paz de 1996 entre governo e guerrilha.

No caso das agressões com conseqüências graves, que implicam a morte ou o exílio de jornalistas

e no caso dos meios de comunicação o fechamento temporário ou definitivo destes.

O estado seguiu controlando a concessão das licenças de freqüências para rádio e televisão. As

licenças se estavam acostumados a outorgar ou prorrogar pouco antes das eleições gerais. Desta

forma, o governo de volta recebia uma cobertura informativa favorável e bons preços para a

propaganda política. As emissoras que não cooperavam ou abertamente se opunham ao governo

ainda no poder se arriscavam em não ter sua licença prorrogada (Koberstein: 1990, 36). Este

instrumento de controle desapareceu com a entrada em vigor da LGT em 1997, já que as

freqüências já não eram concedidas pelo governo a não ser se fossem leiloadas. Entretanto, ficou

vigente a Lei de Radiodifusão (Decreto 466) com seus instrumentos de controle e pressão.

No início do processo de democratização, a prática da corrupção no jornalismo seguia imóvel,

persistindo até no ano 1990 um sistema informalmente estabelecido de tarifas de subornos

(Koberstein: 1990, 60f; cp. Heise et ao.: 1987, 26).

Na metade dos anos noventa, devido aos fortes incrementos nos salários mínimos para

jornalistas, aumentou a contratação de profissionais universitários não propensos a subornos.

Esta mudança se deu tão somente em alguns meios impressos da capital, enquanto que na rádio e

a televisão, assim como nos departamentos, não se notaram maiores mudanças no pagamento de

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salários, a profissão de jornalista permanecia em mãos de jornalistas 'empíricos' com salários

baixos, o que conservava, desta forma, o sistema de subornos (Bolaños: 1996, 41; Klee: 1996, 95).

O orçamento da Secretaria de Relações Públicas da Presidência se quadruplicou durante o

processo de democratização. Os governos democráticos empregavam, como seus antecessores

autoritários, a publicidade oficial para influir no jornalismo. Os meios de comunicação declarados

não gratos pelo governo foram excluídos do bolo orçamentário; em troca, o governo financiava

e, portanto, controlava, em sua totalidade ao redor de cem noticiários de rádio. Como quase

ninguém na Guatemala pagava impostos diretos, a ameaça de um exame fiscal à empresa se

utilizava como um meio de pressão (García: 1990, 66). O presidente Alvaro Arzú ameaçou as

empresas com inspeção fiscal caso elas voltassem a publicar anúncios críticos ao governo.

Com o Arzú, que pertencia às famílias mais capitalistas da oligarquia econômica do país (cp.

Dosal 1995, 6f), o governo reuniu o poder político e econômico. Arzú empregou este poder

contra os meios críticos, organizando um boicote de publicidade. Os meios afetados sofreram

uma descida no seu balanço comercial de até 50% (Altolaguirre: 1994, 105).

Quanto às emissoras de rádio, há 91 Ams, nenhuma FM e 15 de onda curtas. Existem 400.000

aparelhos de rádio. Com relação às emissoras de televisão, são 25 ao todo e há 475.000

televisores.

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4.6. EL SALVADOR

4.6.1. INFRA-ESTRUTURA E RELAÇÕES PÚBLICAS

El Salvador é um pequeno país da América Central, limitado a norte e a leste pelas Honduras, a

leste pelo Golfo de Fonseca, a sul pelo Oceano Pacífico e a leste pela Guatemala. Sua capital é

San Salvador e conta com uma população de 6,2 milhões de pessoas. Cerca de 90% é mestiça

(mistura de ameríndios e espanhóis), uns 9% são brancos, e somente 1% são indígenas puros.

Poucos ameríndios mantiveram seus costumes, tradições e línguas..

As cidades mais importantes são: San Salvador, a capital, Santa Ana, San Miguel e Sonsonate. A

língua espanhola é virtualmente falada por todos os habitantes. A maioria da população

salvadorenha é católica romana (83% da população), apesar do crescimento dos grupos

protestantes (atualmente em 15%).

A capital do país, San Salvador, tem cerca de 2,1 milhões de pessoas. Cerca de 42% da população

do país vive em áreas rurais. A moeda corrente é o Colón salvadorenho, mas alguns anos atrás

sua economia foi dolarizada. O menor, mas densamente povoado país da América Central, é

cruzado por duas gamas de montanhas vulcânicas, com uma região litoral estreita e planícies

centrais altas no clima da região. Florestas cobertas de nuvens predominam às elevações mais

altas. El Salvador tem uma economia em desenvolvimento baseada em comércio, fabricação e

agricultura, com café, cana-de-açúcar, e algodão as colheitas de exportação principais.

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4.6.1.1. Sistema político El Salvador é um Estado soberano. O Governo é Republicano, Democrático e Representativo. O

Sistema Político é pluralista e se expressa por meio de partidos políticos. A Constituição vigente

da República é a de 1983.

Escolhem-se, por meio do voto popular, o Presidente da República, as Autoridades Municipais e

o Congresso. Respeita-se a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judicial.

A Constituição Política assinala que El Salvador é um Estado soberano e que a soberania reside

no povo, que o sistema político é pluralista e se expressa por meio das partidas políticas que são o

único instrumento para o exercício da representação do povo dentro do governo.

A Assembléia Legislativa está formada por um corpo colegiado composto por Deputados, a ela

compete fundamentalmente a atribuição de legislar.

Os 84 Deputados que compõem a Assembléia Legislativa são eleitos a cada 3 anos e podem ser

reeleitos em votação popular direta.

Para situar politicamente a El Salvador é necessário começar dizendo que o ordenamento

institucional que prevalece no país na atualidade é basicamente o produto da dinâmica do conflito

civil que sofreu nos anos oitenta e é produto também do tratado de paz que deu fim a esse

conflito. A guerra civil salvadorenha, que durou mais de uma década, deixou mais de 75 mil

mortos e uma economia basicamente devastada, com grandes contingentes de população

deslocada e refugiada. Os Acordos de paz, assinados no Chapultepec, México, em 16 de janeiro

de 1992, foram a culminação de um processo de negociação que entrou em sua fase final com a

assinatura do Acordo de Genebra em abril de 1990. Seus propósitos fundamentais eram terminar

com o conflito armado através dos meios políticos, promover a democratização do país, garantir

o respeito irrestrito aos direitos humanos e reunificar à sociedade salvadorenha.

Cada um destes aspectos está abordado em distintas seções do texto do Acordo. O fim da guerra

está explicitamente abordado no capítulo VII, chamado “Afastamento do conflito armado”. O

propósito da democratização, por outro lado, está abordado nas distintas iniciativas

encaminhadas a reestruturar as instituições nacionais. Isto inclui a criação de uma Procuradoria

para a Defesa dos Direitos humanos, a Polícia Nacional Civil e o Conselho Nacional da

Magistratura; além disso, inclui uma breve emenda sobre a necessidade de reforma no sistema

eleitoral. Para permitir o respeito absoluto dos direitos humanos, o tratado de paz redefiniu o

papel das forças armadas, eliminou os antigos corpos de segurança como a Guarda Nacional e a

Polícia de Fazenda e criou uma nova Polícia Nacional Civil. Finalmente, com respeito à

reunificação da sociedade salvadorenha, os Acordos de paz estabeleceram que “em democracia,

tem como um de seus requisitos o desenvolvimento econômico e social sustenido do país. Ao

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mesmo tempo, a reunificação da sociedade salvadorenha e um crescente grau de coesão social são

elementos indispensáveis para acessar ao desenvolvimento. Por isso, entre o conjunto de acordos

requerido para terminar definitivamente o conflito armado em El Salvador, inclui-se uma

plataforma mínima de compromissos que tendem a facilitar o desenvolvimento em benefício de

todos os estratos da população”.18

Por isso, os Acordos de Paz significam a reforma política mais importante da era contemporânea

em El Salvador. Tal reforma estava orientada a vários aspectos. Em primeiro lugar, a

desmilitarização da vida política; em segundo lugar, a reavaliação doutrinária e institucional da

segurança pública; em terceiro lugar, à reconversão do FMLN em partido político; também a

modificar o sistema eleitoral; e, finalmente, em trocas no sistema de justiça. A reforma política

iniciada com os Acordos de Paz constitui um processo de modernização e flexibilização no

regime político, orientado a: (a) criar as condições necessárias para a inserção na área política de

atores historicamente excluídos, procurando transformá-lo em um sistema mais inclusivo; (b)

redefinir as “regras do jogo” para que a competência política se desenvolva em condições de

igualdade; e (c) eliminar o recurso da luta armada como meio legítimo de luta política.

Os Acordos de paz estabeleceram a pauta para a construção das instituições de pós-guerra em El

Salvador e sentaram as bases para o estabelecimento de um processo democratizador. Assim, os

Acordos de paz criaram as condições para a participação ampla de todas as forças políticas do

país, abriram de forma os espaços de liberdades políticas e iniciaram os projetos de

transformação para uma inconstitucionalidade democrática36

Logo depois da assinatura dos Acordos de paz, a violência política diminuiu de maneira

significativa, o respeito pelos direitos humanos melhorou significativamente e a possibilidade de

exercer as liberdades fundamentais foi garantidos em termos gerais. Desde 1992, El Salvador

celebrou com periodicidade eleições relativamente livres e competitivas para escolher o

presidente da república, os deputados e as câmaras de vereadores municipais. Isto permitiu que

diversas forças políticas disputem pelo poder sem que isso implique o exercício da violência

como ocorria no passado. Em 2003, a organização Freedom House classificou El Salvador como

um país “livre” com uma pontuação de 2 para qualificar o nível de respeito aos direitos políticos

e 3 para qualificar o nível de liberdades civis.

O sistema político de pós-guerra se caracteriza por uma importante polarização política. Em

terceiro lugar, os dois partidos majoritários (AREIA e o FMLN) representam os dois pólos que

se localizam nos extremos do espectro da competência política.

36 Como referência para as negociações de paz, veja-se: Córdova Macías, Ricardo. (1993). El Salvador: as negociações de paz e as provocações do pós-guerra. São Salvador: IDELA. Nações Unidas. (1993). Acordos de El Salvador: no caminho da paz. San Salvador: Departamento de Informação Pública das Nações Unidas. P. 80.

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4.6.1.2. Sistema econômico A assinatura dos Acordos de paz em 1992 se constituiu em um fato fundamental na vida do país,

que desencadeou um importante processo de reforma política para democratizar e desmilitarizar

a vida política do país. De maneira paralela, o país viveu um importante processo de reforma

econômica que se inicia em 1989, e que implicou uma mudança no modelo econômico deixando

de lado o modelo de substituição de importações e impulsionando reformas contidas em um

programa de estabilização e ajuste estrutural. Alguns tipos de reformas, inspiradas no

denominado “Consenso de Washington”, procuraram fazer com que o mercado desempenhasse

o papel principal na economia, deslocando o papel do setor público. As reformas implicaram a

privatização de algumas empresas estatais e a liberalização da economia. Em suma, a década dos

noventa e o início do novo século constituiu um período de importantes transformações para o

país, tanto no âmbito econômico como no político.

Na atualidade, parece haver um acordo entre os economistas de que o processo de reforma

econômica que se impulsionou em El Salvador —incluindo a dolarização da economia em janeiro

de 2001—, não produziu os resultados esperados. A partir de 1996, El Salvador tem uma

desaceleração no crescimento econômico, que se aprofundou no período 2000-2002. Entretanto,

as discrepâncias e o debate se desenvolvem em torno dos fatores explicativos do comportamento

da economia salvadorenha, no sentido de que apesar de todas as medidas que se tomaram, os

resultados não foram os esperados. Esta problemática responde tanto a fatores estruturais e

conjunturais, como a fatores externos como internos. Assim, por exemplo, entre os fatores

externos se encontram a desaceleração mundial da economia, a queda nos preços do café e o

aumento nos preços do petróleo. A nível interno temos a queda dos termos de intercâmbio e a

baixa produtividade da economia, entre outros.

Em El Salvador, as remessas familiares provenientes do exterior aumentaram rápida e

significativamente nos anos noventa “e houve uma importante sustentação da economia familiar

de uma parte significativa da população. (...) as remessas aumentaram de pouco menos de

US$400 milhões em 1990 a US$2,000 milhões em 2001. A nível macroeconômico, este fluxo de

remessas foi uma estabilidade chave da economia ajudando a fechar a brecha externa,

particularmente depois de que a ajuda externa se reduziu substancialmente em anos recentes”.

El Salvador possui uma economia de rápido crescimento com 90% de sua atividade em mãos

privadas e um crescimento médio de 5% desde 1990. Devido à guerra civil e à greve nacional dos

anos 80, o PIB não superou os níveis dois anos 70. Nos 90, surgem dois programas do governo

em colaboração com o IMF, da não regulamentação e da estabilização fiscal. Agora, a economia

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está mais orientada em direção à fabricação de objetos manufaturados e serviços, em vez da

agricultura. Grande parte do déficit está sendo aliviado com os envios de divisas do grande

número de salvadorenhos que trabalham no exterior, principalmente nos Estados Unidos.

De acordo com o “Relatório sobre Desenvolvimento Humano El Salvador 2003”, El Salvador obteve

durante os últimos dez anos um considerável progresso na redução da pobreza e uma melhora

nos principais indicadores sociais.

Em El Salvador, o cálculo da pobreza (de acordo com os dados oficiais apresentados pela

DIGESTYC) faz-se medindo o número de lares que vivem por debaixo de um nível de ingresso,

ou linha de pobreza, determinada a partir do custo de um conjunto de bens e serviços básicos.

Estabelecem-se duas linhas de pobreza, uma para a pobreza extrema e outra para a relativa. A

pobreza extrema nos indica o número de pessoas cujo ingresso é inferior ao custo da cesta básica

alimentícia (CBA). A pobreza relativa nos indica a percentagem de pessoas cujo ingresso lhes

permite adquirir a (CBA) mas é insuficiente para financiar a satisfação de outras necessidades

como educação, saúde, moradia, etc. Nos últimos anos, questionou-se a estimativa que se faz

sobre a pobreza relativa sob a argumentação que é um cálculo subestimado. Veja-se: PNUD.

(2003). Relatório sobre Desenvolvimento Humano El Salvador.

Ao examinar dados do “Relatório sobre Desenvolvimento Humano El Salvador 2003” se pode observar

que a pobreza a nível nacional passou a afetar 65.9% da população em 1991 e 43% em 2002, uma

importante redução de 23 pontos percentuais em um período de 12 anos. A redução da pobreza é

muito mais significativa na área urbana (passando de 60% a 34%) que na rural (onde passa de

71.3% a 55.7%). A redução foi major na pobreza extrema (passando de 32.6% a 19.2%), que na

pobreza relativa (passa de 33.3% a 23.8%).

Entretanto, ao analisar a tendência na evolução dos níveis de pobreza apresentada anteriormente,

pode-se concluir que embora esta tendeu a reduzir-se, observa-se uma desaceleração nos últimos

anos. A maior queda na redução da pobreza se produz no primeiro qüinqüênio dos noventa

(1991-95), quando a pobreza caiu em 12 pontos percentuais (passando de 65.9% a 54%);

enquanto que entre 1999 e 2002 a pobreza se reduziu em somente 4.3 pontos percentuais. Nos

três últimos anos virtualmente a pobreza se estancou ao redor de 44%.

A finalização do conflito armado, o crescimento econômico alcançado nos primeiros anos dos

noventa e o fluxo crescente de remessas foram três fatores crave na redução da pobreza. “Em

1992, as remessas recebidas impediram que um pouco mais de 4% da população das zonas rurais

caísse em uma situação de pobreza absoluta, 10 anos mais tarde, dita percentagem tinha subido a

8.6%”.

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139

Não obstante a tendência à diminuição nos níveis de pobreza, a desigualdade na distribuição do

ingresso aumentou. “Para 1992 20% de lares mais ricos do país perceberam 54.5% do ingresso

nacional e 20% mais pobre o 3.2%. Dez anos mais tarde 20% de lares mais ricos tinha

aumentado sua participação no ingresso nacional a 58.3% e 20% mais pobre a tinha diminuído a

2.4%”.

4.6.2. AMBIENTE DE MÍDIA E RELAÇÕES PÚBLICAS Atualmente existem 2 diários que circulam a nível nacional, ainda quando em certos

departamentos ao interior do país existem outros de menor circulação.

O país na atualidade conta com 7 canais de televisão, os quais cobrem todo o território nacional.

Dos sete canais de televisão dois (2) pertencem ao estado.

Os meios de comunicação coletiva são instituições de imensa influência para a sociedade;

reúnem, processam e distribuem informações do dia, hora, semana e alta do minuto.

Como veículos e instituições sociais, os meios proporcionam a maior parte da informação que se

recebe. Deste modo estes meios são nem El Salvador uma fonte do lucro por parte de seus

proprietários, estes e muitos fatores limitam a liberdade de expressão por que está o viável só a

quem tem acesso aos meios de comunicação, que nenhum momento é a maioria, e a expressão

livre do pensamento representou tradicionalmente a opinião do capital que controlam e ajudam

os meios.

No campo político, os meios de comunicação foram chamados de "quarto poder do estado",

porque tal é sua influência que se constituem em guardiões motivadores dos outros três ramos.

Devido ao fato de os meios proporcionarem tanta informação crucial, eles são em grande parte

responsáveis pela realidade recebida por cada pessoa e sua informação. É por isso que os meios

de comunicação devem ser e estar, acima de tudo, livres e responsáveis do seu papel na

sociedade.

De maneira nenhuma se pode conceber os meios de comunicação coletiva, estritos meios

transmissores, desligados de interesses, intenções e finalidade concreta, como tampouco de sua

circunstância histórica.

Seguindo a empresa informativa uma organização dedicada a dita atividade, o problema que leva

consigo a discussão a respeito de sua liberdade, merece especial interesse.

Os meios de comunicação suprem a necessidade de uma sociedade contemporânea de dispor de

suficiente informação para desenvolver-se, tornando-a mais crítica e reflexiva.

Em El Salvador, são conhecidos dois tipos destas organizações: os meios do estado (o diário

oficial, a rádio nacional e a televisão educativa) e os meios privados dentro dos quais existem os

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140

que têm fins educativos como YSUCA e a rádio da universidade tecnológica, que geralmente

concebem a comunicação como um negócio. É necessário o capital para que essas empresas

existam e funcionem, e a concorrência as obriga a superar-se e melhorar constantemente. Pode

ser que seja assim, e no sistema sócio-econômico salvadorenho assim foi. Mas isto não resolve a

contradição existente ao comercializasse com um patrimônio e processo que para cumprir a

funcionem comunitária que deve contido, precisa desempenhar esse coletivamente, pois a

atividade de superar-se sujeita todas as demais atividades envoltas na geração e circulação de

mensagens.

Alguns meios de comunicação se convertem em um canal para apoiar o estado e conseguir uma

imagem favorável dele e, quando isso não acontece constata-se a falta de liberdade de expressão

plena.

Qualquer que seja a evolução do acontecimento, não pode haver democracia sem informação, e a

primeira só pode definir-se em função da 2ª; especialmente porque a liberdade de expressão é

uma das primeiras entre as chamadas liberdade é públicas ou direitos públicos, e sendo uma das

características essenciais de tudo estado de direito, o reconhecimento e a garantia desse privilégio

da pessoa que constituem os mencionados direitos; é natural que a liberdade de expressão esteja

garantida em todo o estado que se rege por uma constituição inspirada no princípio de

concorrência social.

Recordemos que "todas as pessoas podem expressar e difundir livremente seus pensamentos

sempre que não subverta a ordem pública, a moral, a honra, nem a vida privada de outros. O

exercício deste direito não estará sujeito a prévio exame, censura, nem sanção, mas os que

infrinjam as leis responderão pelo delito que cometeram".

O sistema vigente impõe as regras do jogo e é por isso que por regra general os meios de

comunicação coletiva se limitam e perdem um verdadeiro direito de autonomia consistente na

pretensão de exercer uma atitude e determinada sem restrição nem condicionamento.

Hoje se sabe que para se consolidar a existência da democracia não é suficiente a eleição universal

imediata, livre, igual e secreta do corpo legislador. Estes princípios unicamente asseguram que a

vontade do povo será devidamente representada mas não impede que ela seja dobrada antes de

manifestar-se; por isso, devem completar-se com garantias que assegurem a livre formação da

opinião da vontade.

São poucos os países centro-americanos, nos quais rege a liberdade de expressão.

O que são e fazem os meios de comunicação massivos atualmente em El Salvador? O que

representa e qual é o papel do estado na opinião pública? Para responder essas perguntas é

necessário situar o contexto salvadorenho, caracterizado por um período de pós-guerra, no qual a

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141

insegurança e a desconfiança mútua prevalecem entre as forças vivas da sociedade. Nele ocorre

também a censura governamental sobre os meios de comunicação coletiva, disfarçando-se sob o

lema da segurança nacional.

Pode-se observar nos anos passados que a maior parte das notícias que se transmitiam eram

servidas pelas grandes agências internacionais ou se transmitiam informações exclusivamente

locais, muitas delas subministradas pelos próprios interessados. Dava-se assim um paradoxo, o

qual ocasionalmente ainda se pode ver: alguma informação importante sobre o que ocorria no

país chegasse emitida dos EUA como informação noticiosa de uma agência internacional.

Com a confrontação social que se desenvolve na época dos setenta, esta situação começou a

mudar, sobretudo porque surgiram alguns meios de comunicação coletiva alternativos, embora a

maioria deles tiveram uma vida efêmera.

A perseguição de assassinato do jornalista é uma amostra de que os meios de comunicação em El

Salvador constituem no começo da década de oitenta, um fator nevrálgico no contexto

salvadorenho.

Entre 1981 e 1982, a utilização sistemática das "cadeias nacionais", quer dizer, a transmissão

obrigada dos atos e programas oficiais por todas as emissoras e canais de televisão do país e uma

estrita censura sobre a imprensa escrita leva a sua estréia o controle estatal e de tudo sobre os

meios de comunicação maciça.

Com a instauração do projeto contra-insurgente em 1983 e as exigências de oferecer uma

formalidade democrática, abriram-se da metade da década dos oitenta pelos espaços para a

comunicação no país, o mais notório o constitui sem dúvida, a aparição de noticiários televisivos,

começando com o programa televisão imprensa, ao que logo tomaram outros como "ao dia",

TSC notícias, quatro visão, megavisão, o noticiário; embora antes que os anos 80 tinha aparecido

eram televisão periódico do canal 6, mas sem muito o pobre como os que se mencionaram

anteriormente, por isso desapareceu logo.

Desde a metade dos oitenta, El Salvador contou com uns noticiários dos meios de rádio e

televisão que informaram sobre a situação do país como uma aparente liberdade e veracidade,

ainda quando com evidentes limitações técnicas de cobertura.

Alguns dos problemas persistentes que enfraquecem e dificultam a tarefa dos jornalistas e meios

de comunicação são o fato de as instituições públicas, principalmente o Poder Executivo,

impedirem o acesso à informação e a constante agressão a jornalistas durante seu trabalho.

Apesar do amparo constitucional, não existe na prática um mecanismo jurídico que obrigue os

funcionários a fornecer informações provenientes de qualquer instituição pública e que qualquer

cidadão possa requerer.

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142

Essa situação deixa a critério do principal funcionário, ou dos de médio escalão, decidir que

informações podem ser divulgadas. As informações que os jornalistas solicitam são negadas ou

indefinidamente adiadas.

Um exemplo recente dessa manipulação subjetiva ocorreu em fevereiro desse ano na área da

saúde. As autoridades centralizaram as informações sobre pacientes e doenças e não permitiram

que os diretores dos diferentes hospitais fornecessem informações de interesse público. Com essa

medida, o jornalista experienciou uma permanente falta de informações, que se agrava quando ele

quer ter respostas sobre casos delicados, tais como epidemias.

Na atual greve de médicos, que começou em setembro de 2002, o Instituto Salvadorenho de

Previdência Social tem seguido uma política de fornecer poucas e incompletas informações.

Raramente atende aos pedidos formulados pelos repórteres de informações precisas. Isso faz

com que não se possa saber o efeito real do conflito no sistema de saúde do país.

Alguns órgãos autônomos com orçamento estatal exercem a mesma política de limitação de

informações. A Administração Nacional de Aquedutos e Esgotos (ANDA) e a Comissão

Executiva Hidrelétrica do Rio Lempa (CEL), geradora de energia, recusam-se a fornecer

informações sobre uso do orçamento. Encontram-se nessa mesma situação outras instituições

criadas recentemente, tais como energia, telecomunicações, bancos e valores.

Esse problema do acesso às informações é também observado no Poder Judiciário. Existe uma

falta de informação sobre o uso do orçamento em tópicos como gastos, contratação de pessoal e

investimentos. O La Prensa Gráfica questionou os gastos da instituição para as áreas de

assessores e segurança, mas as denúncias não chegaram a respostas precisas.

O acesso aos julgamentos nas diversas salas do Supremo Tribunal de Justiça é praticamente

impossível. O tribunal superior não revela as resoluções emitidas.

A maioria dos magistrados esquivam-se dos meios de comunicação e deixam nas mãos do

presidente do Supremo Tribunal toda a responsabilidade para responder aos pedidos dos

jornalistas. Dos 15 magistrados, mais da metade mal apareceram nos meios, incluindo-se quando

são eleitos.

Mantém-se também a mordaça no Código Penal no que se refere a restrições de acesso às

audiências dos julgamentos, segundo seus artigos 272 e 327. Esses artigos prevêem o

estabelecimento da confidencialidade dos casos, mas sempre que se decida por meio de uma

resolução por escrito e fundamentada.

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143

Foram entretanto registrados vários casos em que os juízes determinam a confidencialidade aos

julgamentos sem uma argumentação. A maioria dos funcionários judiciais nem sequer explicam

aos repórteres os motivos da proibição, que por vezes também é solicitada pela Procuradoria-

geral sem maiores argumentos.

Associações de jornalistas e particulares pediram desde 2001 reformas desses artigos nos códigos,

mas até a data a Assembléia Legislativa não tomou nenhuma medida.

Tampouco foram realizadas as promessas das principais autoridades do Poder Judiciário de

recomendar aos juízes que não abusem dos “artigos-mordaça”.

Nas leis penais, também se mantém a pressão a jornalistas e meios de comunicação com a ameaça

da Desqualificação Especial (Artigo 180 do Código Penal) e a prisão nos crimes de calúnia,

difamação e injúria. (Artigo 117, 178 e 179 do Código Penal).

O Tribunal de Contas se fechou totalmente aos jornalistas. Com base em reformas efetuadas em

setembro de 2002 à Lei Orgânica do Tribunal de Contas, especificamente em seu artigo 46, seu

presidente e seus executivos não revelam informações sobre os resultados das auditorias

realizadas nas diferentes instituições públicas.

O presidente Flores não vetou essa reforma no Tribunal de Contas, mas deu seu aval no mês

seguinte da sua aprovação e conseguiu criar obstáculos para o acesso dos jornalistas aos relatórios

dos auditores.

As auditorias são feitas de forma pouco transparente e às vezes são divulgadas com fins políticos.

Nesse contexto, o Tribunal de Contas mantém-se politizado, já que é controlado pelo Partido de

Conciliação Nacional (PCN), um grupo de direita que tem a terceira maior delegação no

Congresso.

O FMLN (Frente de Libertação Farabundo Marti), cujo secretário-geral foi também chefe do

partido comunista por mais de 30 anos, difamou e agrediu sistematicamente os meios de

comunicação salvadorenhos. Defende também abertamente, como parte da sua plataforma

política chamada “Projeto do País”, claros propósitos de manipular e restringir o exercício do

jornalismo independente.

O FMLN referiu-se a um plano para “democratizar” a propriedade dos meios de comunicação e

declarar “ilegal” que seus proprietários e diretores expressem seus pontos de vista nos editoriais e

que intervenham em assuntos de conteúdo.

Essas manifestações foram precedidas, nos últimos meses, por uma série de graves agressões

físicas a jornalistas em manifestações que esse partido tem executado.

São igualmente sintomáticos outros sinais de intolerância democrática de alguns dos principais

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dirigentes desse partido. À menor mostra de fiscalização de seus atos como servidores públicos,

tentam usar uma estratégia de deslegitimar moralmente jornalistas e meios com um método para

desvirtuar a verdade.

O El Diario de Hoy denunciou que um de seus jornalistas – que quis viajar para o Canadá em

busca de provas contra uma empresa envolvida em uma investigação de corrupção fiscal

relacionada ao tratamento do lixo em 10 municípios governados pelo FMLN – teve seu visto

negado por dois dias.

O visto foi solicitado de maneira formal à Embaixada do Canadá com sede na Guatemala.

Primeiro exigiu-se que o jornalista revelasse o tema da sua investigação e depois que tivesse uma

carta-convite de um meio canadense para permitir que o jornalista entrasse no país.

Foi necessário recorrer à intervenção do Ministério de Relações Exteriores de El Salvador para

que finalmente seu visto fosse concedido.

Quanto às restrições ao acesso às informações públicas, o jornal El Mundo denunciou que seus

pedidos de informações junto a vários órgãos governamentais foram negados em 19

oportunidades nesse período.

O El Mundo também denunciou que três de seus jornalistas foram vítimas de agressões no final

de 2002 por parte de grupos sindicais.

Em março de 2002, um grupo de sindicalistas de extrema esquerda reuniu-se em frente às

instalações da empresa FM e destruiu vários veículos e equipamentos de propriedade da estação

de rádio. Esse fato é importante, porque é parte de um padrão geral de violência contra os meios

independentes do país.

objetivo comum, tratando de estabelecer uma instituição que respeita seu direito individual.

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CAPÍTULO

5 RELAÇÕES PÚBLICAS NA AMÉRICA CENTRAL:

ORIGEM, EVOLUÇÃO E PRÁTICA Neste capítulo, aborda-se a origem, evolução e prática das Relações Públicas nos países centro-americanos (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador). 5.1. RELAÇÕES PÚBLICAS NO PANAMÁ: CAMINHANDO EM DIREÇÃO À EXCELÊNCIA Em 2003, o Panamá comemorou 100 anos de vida republicana e independente. Em mais de 60

anos desse período o país viu aparecer e se desenvolver a prática das relações públicas. A

profissão de relações públicas no país foi regulamentada em 1980 (Lei 37), criando a segunda

estrutura reguladora mais formal que mundialmente é conhecida71. Como toda regulamentação, a

Lei 37 também tem seus partidários e críticos. Tanto a Associação Panamenha de Profissionais de

Relações Públicas (em seu tempo), assim como o Colégio de Relações Públicas do Panamá -

COREPPA (nos seus primeiros anos de fundação), buscaram sem sucesso controlar a prática

ilegal estabelecendo padrões éticos e profissionais.

Essa tendência à prática ilegal da profissão é compreensível pelo fato da maioria dos pioneiros

das relações públicas no Panamá serem empíricos e inclinados mais para o jornalismo. Por tal

razão, eles seguiram a tendência mundial de utilizar principalmente as relações públicas para a

disseminação de informações através dos meios de comunicação de massas, muitas vezes com o

objetivo de obter publicidade gratuita para as organizações que eles representavam. Por outro

lado, quando surgiam situações de conflito, freqüentemente as relações públicas eram utilizadas

para evadir a cobertura negativa das organizações através da mídia.

Essa difusão massiva de informações – típica do modelo de assessoria de imprensa/divulgação –

se arraigou e até hoje continua sendo uma das características na função de relações públicas no

Panamá, principalmente no setor governamental.

Como será mostrado mais adiante, muitos fatores afetaram e continuam afetando a profissão de

relações públicas no Panamá, mas, apesar disso, elas continuam com passo firme e têm alcançado

um grau de desenvolvimento significativo em relação a outros países ao redor do mundo.

Embora a publicidade e o marketing dominam muito das atividades de relações públicas no

Panamá, tanto o setor público como o privado têm percebido o valor real das relações públicas, e

71 Em nível mundial, o Brasil ostenta a primeira legislação em 1967 (Lei 5.377).

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começaram a contratar profissionais da área, dando-lhes a oportunidade de praticar atividades de

relações públicas mais simétricas e diversificadas como relações com a comunidade, a

administração de crise e as relações com os clientes e investidores (M. Espino, 1999). A entrada

de empreendimentos multinacionais e a globalização têm forçado os profissionais de relações

públicas panamenhos a praticar formas mais sofisticadas de relações públicas (J. Burgos, 2001).

Sem dúvida alguma, essas mudanças influenciaram ainda mais o desenvolvimento das relações

públicas no Panamá. A seguir, descreve-se a origem e a evolução das relações públicas no país e

explica-se o acoplamento entre as variáveis ambientais e a prática de relações públicas,

apresentando nesta seção a complexidade do campo neste pequeno mais bonito país da América

Central.

5.1.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO O aparecimento das relações públicas no Panamá está profundamente arraigado na chegada das

forças armadas do exército dos Estados Unidos em 1903. O exército norte-americano apoiou a

independência do Panamá da Colômbia (depois de oito décadas de dominação (1821-1903). Em

troca do apoio, através de um tratado, o governo dos Estados Unidos pediu ao nascente governo

panamenho a concessão para a construção de um canal interoceânico através do istmo

panamenho. Dessa maneira, uma empresa norte-americana chamada “Companhia do Canal do

Panamá, apresentou ao país à atividade de relações públicas (Mosquero, 1991).Apesar da forte

influência norte-americana, as relações públicas no Panamá adquiriram o seu próprio estilo

característico do país mais desenvolvido da América Central. Essa condição converteu o Panamá

em um ambiente fértil para o crescimento das relações públicas. Dos anos vinte para o início dos

anos quarenta, as relações públicas se desenvolveram tímida e principalmente no setor

governamental com a finalidade de divulgar a opinião pública seus planos, projetos e programas

com o objetivo de ganhar o apoio e aceitação cidadã.

Vale mencionar que esse estilo panamenho sem igual de praticar as relações públicas, é produto

das transições que o país viveu nos últimos 37 anos (o Panamá passou de uma ditadura militar

que se iniciou em 1968, para a democracia plena em 1989).

De acordo com Espino (1971, p. 31), no Panamá, as Relações Públicas têm sua origem na labor

de jornalistas e publicitários que se iniciaram com a atividade informativa fora dos meios

tradicionais impressos e radiofônicos para servir em dependências do Estado e organizações

privadas.

Apesar das relações públicas terem sido apresentadas ao país no início do século XX, passaram-se

quatro décadas até que o primeiro departamento de relações públicas autenticamente panamenho

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fosse instituído. Esse departamento foi chamado de “Departamento de Censura de Imprensa”,

no Ministério de Governo e Justiça em 1940 (Espino, 1971)72.

Durante os anos de 1940 a 1950, se estenderam os escritórios de informação e Relações Públicas

nas dependências do Estado e o setor privado. A partir deste labor, surgem as Relações Públicas

governamentais mais elaboradas.Os primeiros cursos de Relações Públicas a nível superior dão

inicio no ano de 1961 quando se funda a Escola de Jornalismo na faculdade de filosofia, Letras e

Educação. Com a reforma dos planos de estudo se criou a dupla licenciatura de jornalismo e

Relações Públicas com cinco anos de estudos.A final da década dos 50, durante a qual se

estenderam as Relações Públicas governamentais e privadas um grupo de profissionais se dedicou

a dar-lhe forma à idéia de instituir uma associação. Assim nasceu a primeira Associação

Panamenha de Relações Públicas em 28 de outubro de 1958 e, no ano seguinte, reorganiza-se

com o nome de Associação Panamenha de Profissionais de Relações Públicas (APPRP).

Durante as décadas de 50, 60 e 70, a associação viu inscrever-se colegas que aumentaram a cifra

da associação, atraídos pelas vantagens que oferecia dita organização, assim como o interesse de

apoiar à associação e membros.

A APPRP celebrou quatro convenções, contribuindo ao realce da profissão das Relações Públicas

no país. Os temas tratados nestas convenções foram "A defesa da profissão de Relações

Públicas", "A hierarquia das Relações Públicas", "A necessidade das Relações Públicas em

diversas empresas e instituições" e a quarta que debateu quatro temas.

É muito importante assinalar que a nível internacional a APPRP teve a distinção de ser uma das

doze associações fundadoras da Federação Interamericana de Associações de Relações Públicas

(FIARP). A qual foi estabelecida na cidade de México em 1960, para promover a unidade e

colaboração recíproca entre os organismos relacionísticos de América. Posteriormente a FIARP

mudou seu nome para Confederação Interamericana de Associações de Relações Públicas –

CONFIARP.

De acordo com Bósquez (1998), muitos dos membros da associação foram os pioneiros das

relações públicas no Panamá. Um desses pioneiros foi Luis Raúl Fernández, que é considerado

como o pai da profissão no país73. Franklyn Bósquez D'Giovanni (1998) disse que possivelmente

72 Segundo o Professor Miguel Espino da Universidade do Panamá, além desta, existem duas outras explicações sobre a origem das relações públicas no Panamá. Uma é a criação do sub-comitê de Publicações para a promoção da eleição da Assembléia Nacional para preparar uma nova Constituição Política da República em 1945. Esta ação deve ser vista, entretanto, só como uma tentativa política de disseminar informação e não propriamente relações públicas. A outra explicação coloca o ano de 1952 como o de origem das relações públicas no Panamá, com a posta em prática de maneira organizada da disciplina por profissionais das relações públicas no país. 73 Luis Raúl Fernández tem méritos suficientes para ostentar esse título: no campo das relações públicas, presidiu por três períodos distintos a Associação Panamenha de Profissionais de Relações Públicas, foi gerente geral de sua própria empresa, Luis Raúl Fernández- Relações Públicas; também dirigiu as relações públicas em entidades como o Banco de Iberoamérica, a Câmara de Comércio do Panamá e a Associação Bancária do Panamá, além de gerenciar a

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148

a luta de Luis Raúl Fernández que mais o impressionou foi esse desejo de que a comunidade

panamenha distinguisse com precisão a diferença entre o jornalismo e as relações públicas.

Outros pioneiros que contribuíram no desenvolvimento das relações públicas no Panamá são

Enrique “Quique” Rogers, Pantaleón Enriquez Bernal, Guillermo Rodolfo Valdés, Mayin Correa.

Relações Públicas em Relações Públicas74

Após o golpe militar do General Omar Torrijos Herrera em 11 de outubro de 1968 e durante

toda a década de 1970, as relações públicas foram usadas principalmente para manipular a

opinião pública. No entanto, deu-se continuidade à função de informação pública no setor

governamental, criando desta forma uma conjuntura fundamental no desenvolvimento das

relações públicas no Panamá.

Em 22 de outubro de 1980, é aprovada pela Assembléia Legislativa a Lei 37 que regulamenta a

prática das relações públicas no Panamá.

Um acontecimento importante em matéria acadêmica no campo da comunicação social foi em

1984 quando se cria a Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Panamá. Neste

processo de afiançamento acadêmico, surgem as mudanças exigidas e requeridas nos planos de

estudo e na estrutura tanto administrativa quanto física da Faculdade.

A profissão de relações públicas mudou significativamente na década dos noventa, já que o clima

político e econômico propiciou uma nova perspectiva para os profissionais das relações públicas

panamenhos (Rodríguez, 1991). A extinção da ditadura militar e o advento da democracia

proveram um novo impulso para um desenvolvimento ainda maior das relações públicas

profissionais no Panamá. As organizações panamenhas começaram a ter uma nova percepção da

função das relações públicas neste novo ambiente democrático. A globalização acelerou esse

processo de mudança, com graus mais altos de liberdade de expressão, a demanda por atividades

de relações públicas diversificadas e a participação crescente dos cidadãos na tomada de decisões

organizacionais.

Agência de Publicidade CICAPU. Foi declarado Filho Meritório da cidade do Panamá em 1983, quando a comuna capitalina lhe designou oficialmente como o “pai das relações públicas no Panamá”. Também recebeu a Bandeja de Prata do corpo diplomático em Caracas, Venezuela. Em 1993, foi condecorado com a ordem Vasco Núñez de Balboa no grau de Grande Comendador por seu trabalho específico como relações públicas. Foi investido em 1995 com o título de presidente honorário vitalício do então debutante Colégio de Relações Públicas do Panamá - COREPPA e em 1996 foi homenageado pelo colégio com o prêmio Enrique Rogers, outorgado por seu trabalho de mais de 50 anos ao serviço e engrandecimento das relações públicas no Panamá. No campo diplomático, chegou a ser embaixador na Venezuela, ministro plenipotenciário ante o governo do Egito, e cônsul geral no Port Said. No campo político, foi um reconhecido dirigente do Partido Liberal; em duas ocasiões ocupou a primeira vice-presidência da Assembléia Nacional e foi diretor principal do Banco de Crédito Popular. Além disso, foi diretor geral de uma das principais e mais reconhecidas organizações não governamentais do país: a Cruz Vermelha Panamenha (F. Bósquez, 1998). 74 Para a obtenção da Licenciatura dupla, o estudante além de cumprir os créditos exigidos em disciplinas nos dois cursos, teria que elaborar e defender dois trabalhos de conclusão de curso (um para relações públicas e outro para jornalismo). Com a mudança da grade curricular, a licenciatura dupla foi extinta.

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149

No dia 28 de outubro de 1992, com a apresentação de um suplemento, celebrou-se pela primeira

vez na “Escola de Relações Públicas o «Dia dos Relações Públicas Panamenho»”.

Em 1993, Se realiza o 1º Encontro Nacional de Relações Públicas, presidido pela Professora Ima

Hernández. No mesmo ano, expõem profissionais estrangeiros e panamenhos.

Com o desaparecimento da Associação Panamenha de Profissionais de Relações Públicas, o dia 7

de outubro de 1995, funda-se o Colégio de Relações Públicas de Panamá (COREPPA) integrado

por professores e egressos de Universidades estrangeiras e a do Panamá.

Em 1996, o Colégio de Relações Públicas de Panamá (COREPPA) gestiona a medalha «Enrique

Rogers» com o patrocínio do Clube de Leões para o estudante com maior índice acadêmico.

Nesse mesmo ano, O COREPPA, institucionaliza os prêmios «Luis E. González», ao melhor

trabalho de grau anual em Relações Públicas, e o prêmio «Enrique Rogers», à melhor campanha

anual nesta profissão. Este último galardão também foi entregue aos pioneiros em Relações

Públicas por seu trabalho de mais de 40 anos.

Em 1997, o Clube de Leões do Panamá entregou pela primeira vez na formatura da Faculdade de

Comunicação Social a medalha «Enrique Rogers» à estudante com maior índice acadêmico. A

mesma lhe correspondeu a Lic. lvon Gissell Morais. Este prêmio é entregue anualmente.

Em 2002, o Colégio de Relações Públicas de Panamá, COREPPA, entrega na Assembléia

Legislativa o anteprojeto que derroga a Lei 37 que regulamenta a prática das relações públicas no

Panamá. Esse anteprojeto se mantém no primeiro debate como projeto de Lei 91.

Hernández (2003) assinala que, no panorama geral da origem e evolução das Relações Públicas

no Panamá, deve-se reconhecer ao árduo labor que, em determinado momento dado forma todos

os profissionais «Pioneiros», que trilharam o caminho dos novos profissionais que também

escreveram e formaram parte da história (em sua época) do campo das Relações Públicas no

Panamá.

5.1.1.1. O Estado Atual da Profissão No Panamá, é calculado que quase 200 agências de relações públicas estão se esforçando pela

sobrevivência (COREPPA, 2004). Porém, existe uma competição feroz entre essas agências de

relações públicas. Os baixos lucros são o resultado dessa competição alta e a falta de práticas de

relações públicas sofisticadas devido a uma dependência em relações de mídia (F. Bósquez, 2003).

Este crescimento em números tem efeitos mais positivos que negativos. Entrevistas com 25

profissionais e 15 estudantes revelaram que as companhias panamenhas percebiam o valor das

relações públicas na sociedade pluralista e integrada que o Panamá se tornou após de 1989 (E.

Díaz, 2004). Algumas empresas de relações públicas têm começado a incursionar em áreas como

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administração de crise, comunicação de novas tecnologias, cyber comunicação, marketing para

relações públicas, negócios públicos e relações com clientes e investidores (Chavarría, 2002).

Com o desaparecimento da Associação Panamenha de Profissionais de Relações Públicas, o

campo das relações públicas no Panamá ficou desamparado. Foi então, que Irma Hemández,

Mireya Binda, Francia Hurtado e Franklyn Bósquez, todos professores da Escola de Relações

Públicas da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Panamá, decidiram dar o passo

definitivo e formar o comitê organizador de uma nova associação de classe que além de defender

os direitos da categoria, agrupam-se acadêmicos, pesquisadores e profissionais com anos de

serviço em organizações públicas e privadas75.

Bósquez (1998) enunciou que os pioneiros Luis Raúl Fernández e Enrique “Quique” Rogers

foram os que lançaram todo tipo de mísseis motivadores para que a nova geração de relações

públicas tomasse, de uma vez por todas, a substituição na dirigência desta profissão.

Esse ideal de Fernández e Rogers se concretizou em 7 de outubro de 1995, quando foi fundado

oficialmente o “Colégio de Relacionistas Públicos de Panamá” (COREPPA), cujas siglas

representavam a “esperança de colocar o relacionismo no pedestal de orgulho que se “merece”.

Um dos objetivos principais do COREPPA é impedir que pessoas não idôneas ou agências de

relações públicas pratiquem a profissão de forma ilegal e ilegítima (I. Hernández, 1995).

Como um grêmio jovem, com gente jovem e com metas jovens, em apenas uma década de

existência, o COREPPA já alcançou expressivas realizações como:

1. Legalizar o seu status.

2. Criar os prêmios anuais de Relações Públicas.

2.1. Prêmio “Enrique Rogers” à melhor campanha anual de Relações Públicas.

2.2. Prêmio “Luis González” ao melhor trabalho de grau anual em Relações Públicas.

2.3. A “Medalha Enrique Rogers” ao estudante de mais alto índice acadêmico na colação

de grau anual de Relações Públicas da Universidade do Panamá. Este prêmio é

patrocinado pelo Clube de Leões do Panamá.

3. Apresentação anual de um suplemento que circula a nível nacional em um jornal da localidade, em

28 de outubro “Dia do Relações Públicas panamenho”.

4. Pesquisas diversas em Relações Públicas apoiadas na história, apresentadas através de trabalhos de

grau.

4.1. Pioneiros em Relações Públicas.

4.2. O COREPPA: origem, organização e perspectiva.

4.3. Relações Públicas e a ordem “Vasco Núñez de Balboa”. 75 Só podem ser sócios do COREPPA, os profissionais com diploma em relações públicas da Universidade do Panamá ou de outras Universidades estrangeiras com o mesmo grau acadêmico.

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151

4.4. Os prêmios em Relações Públicas.

4.5. Os acadêmicos em Relações Públicas.

5. Apresentação da Revista “Relações Públicas Hoje”.

6. Boletim interno do COREPPA.

7. Organização de palestras e seminários em Relações Públicas.

8. Celebração anual do “Dia do Relações Públicas”.

9. Participação em Foros e congressos internacionais de Relações Públicas.

10. Planejamento e consecução de um mestrado em Relações Públicas para o desenvolvimento

profissional dos membros do COREPPA e dos futuros formados da carreira.

11. Observadores oficiais nas distintas eleições que o Tribunal Eleitoral do Panamá e outras

organizações organizam.

12. Elaboração do Código de ética em Relações Públicas para o Panamá.

13. Apresentação, à Assembléia Legislativa do Panamá, do anteprojeto para a reforma da Lei 37

de 22 de outubro de 1980, que regulamenta a prática da profissão no país.

14. Organização de atividades esportivas, sociais e culturais.

15. Apresentação de artigos, reportagens e crônicas nos diferentes meios de comunicação social.

16. Intercâmbio de correspondência com Relações públicas de vários países.

17. Visita a outros países para manter laços de amizade.

18. Fazer lobby para a consecução da ordem “Vasco Núñez de Balirá” para três pioneiros das

Relações Públicas: Lic. Enrique Rogers, Pantaleón Henríquez Bemal e o Lic. Luis R.

Fernández. Esta condecoração foi entregue pelo Ministro do Governo e Justiça, e a

resolução foi assinada pelo Presidente da República em 1993.

Como se pode evidenciar, o COREPPA tem realizado enormes esforços na promoção e no

fortalecimento das Relações Públicas a nível nacional e internacional, situação esta que se projeta

nas atividades acima assinaladas.

Burgo (2004) declarou que as tendências da indústria das relações públicas no Panamá são claras

e evidentes, apesar dos esforços para fiscalizar e regular a profissão de relações públicas, a invasão

persiste até hoje.

Não obstante, qualquer profissional da área da comunicação (jornalistas, publicitários), pode não

só praticar a profissão livremente, mas também abrir uma empresa pequena e pode se chamar de

um praticante de relações públicas. O pior de tudo é que muitas organizações contratam os

serviços dessas empresas, conhecendo a existência da lei.

Como o COREPPA não abriu espaço para a afiliação de quem não é profissional das relações

públicas, outras associações absorvem esses profissionais que têm uma visão mais estreita da

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prática de relações públicas. Por exemplo, um jornalista pode ser aceito em qualquer associação

panamenha de comunicadores sociais, seja esta de publicitários, de rádio, de televisão. O

COREPPA é a entidade principal que representa os profissionais das relações públicas no

Panamá.

A definição oficial de relações públicas no Panamá está claramente plasmada no artigo 1 da Lei

37 de 1980, que define as relações públicas como: “o esforço planejado e contínuo para

estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição ou empresa privada ou mista, e

os grupos e pessoas que estejam direta ou indiretamente ligados a ela”.

Essa definição enfatiza a influência de reunião social e ciências da administração para o uso

estratégico das relações públicas baseada em comunicação simétrica “de mão dupla” entre uma

organização e seus públicos. Esta definição é compatível com essas encontradas no corpo da

literatura nos Estados Unidos (J. Grunig, 1992; J. Grunig e Hunt, 1984).

No artigo 2 da mesma lei, são consideradas as funções específicas das relações públicas no

Panamá:

1. A promoção da maior integração das instituições ou empresas com a comunidade. 2. A informação e a orientação da opinião pública sobre os elevados objetivos de uma instituição ou

empresa. 3. A orientação dos executivos de instituições públicas ou empresas privadas ou mistas, na

formação de políticas de Relações Públicas. 4. O planejamento, a coordenação ou a execução de campanhas de lobby, de promoção, de

marketing e de opinião pública em geral. 5. A pesquisa científica das correntes de opinião pública de promoção e de outros eventos que

ajudem no desenvolvimento profissional do relações-públicas ou que afetem sua imagem. 6. O assessoramento em matéria de recursos humanos e comunicação organizacional e estratégica,

assim como em campanhas de motivação e produtividade. 7. A organização de eventos corporativos ou institucionais, assim como de campanhas institucionais

e coletivas de imprensa. 8. A direção da comunicação corporativa nas instituições públicas e empresas privadas e mistas,

assim como nos departamentos e direções, cujas funções sejam a promoção da imagem e a comunicação institucional ou empresarial.

9. O assessoramento em matéria de imagem pessoal ou corporativa. 10. A consultoria ou assessoramento de protocolo.

5.1.1.2. Perfil dos Profissionais Dos anos oitenta até hoje, o número de praticantes no Panamá cresceu de 6.000 a 7.000

(COREPPA, 2004). Esse crescimento rápido é contínuo, terá um 55% de aumento para 2010, de

acordo com o “COREPPA”. Hernández (2003) diz que a maioria desses praticantes trabalha no

setor governamental (40%); seguido dos que trabalham em agências de relações públicas ou de

publicidade (27%); associações, fundações e instituições educacionais (14%); cuidado médico

(8%); setor corporativo (6%); e organizações sem fins lucrativos (5%). Mais de 90% dos

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praticantes no Panamá tem formação universitária. 85% deles tem uma licenciatura, 14% tem

mestrado e 1% tem doutorado, e não há ninguém com pós-doutorado (Hernández et aI., 2003).

O mais recente estudo sobre o salário dos relações públicas no Panamá (COREPPA 2004),

revelou que o pagamento comum para os relações públicas panamenhos era de $24,000 ao ano.

Os salários de Consultores eram significativamente mais altos ($36,000) se comparado com esses

que trabalham em corporações ($30,000). A localização geográfica também afeta o salário. Os

praticantes no interior do país ganham o menor salário ($7,200 em média).

Em 2002, 65.7% dos relações públicas do governo eram mulheres (Ministério de Trabalho, 2002).

Aproximadamente 14% dos praticantes panamenhos são minoritárias (Ministério de Trabalho,

2002). As minorias incluem aproximadamente 25% da população panamenha. Evidência

adicional revela que aproximadamente só 7% dos negros são membros de associações de

profissionais panamenhos (Espino et aI., 2000).

Para conhecer o que fazem esses praticantes, o COREPPA inspecionou 50 membros

recentemente e constatou que 89% deles passam o seu tempo planejando e implementando

estratégias.76 O estudo do COREPPA usou o termo planejamento estratégico para cercar o

funcionamento com membros da coalizão dominante para discutir que tipo de imagem quer a

companhia para projetar e como fazer isso (Burgos, 2003, p. 9). Depois do planejamento

estratégico, os entrevistados na pesquisa afirmaram que eles passam "muito" ou "algum tempo"

fazendo (em ordem decrescente) como planejamento de programas (88%); administração de

projetos (86%); relações de mídia (78%); administração de conta do cliente (67%); eventos

especiais, conferências e reuniões (66%); relações internas (65%); relações com a comunidade

(60%); administração de assuntos (55%); relações com audiências especiais (54%); e

administração de crise (45%).

No mesmo estudo do COREPPA, também se abordou o assunto da satisfação no cargo entre os

praticantes panamenhos. Os resultados demonstram que os profissionais de relações públicas

panamenhos estão contentes com o seu trabalho. Os entrevistados citaram como aspectos

satisfatórios dos seus trabalhos o acesso à tecnologia, benefícios e horas flexíveis. A falta de

promoção e o aumento de salário estavam satisfazendo menos.

A linha de fundo do estudo do COREPPA revelou que os relações-públicas panamenhos vêem

pequena segurança no emprego no seu campo. Já 82% dos membros do COREPPA

inspecionados disseram que eles tem acesso semanal ilimitado ao administrador sênior.

76 É certo que no grupo de trabalho aprende-se que aquele planejamento estratégico e de administração tem significações diferentes para cada um.

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5.1.1.3. Educação em Relações Públicas O primeiro curso de relações públicas no Panamá foi ministrado por Alberto Quiroz Guardia na

Faculdade de Filosofia, Letras e Educação da Universidade do Panamá em 1962. Ele começou

utilizando uma base teórica de autores norte-americanos e essa bibliografia acabou tornando-se

uma tradição na instituição. Uma boa literatura de relações públicas estabelece uma base firme e

sólida para ensinar (Grunig, 2003).

Atualmente os docentes têm um leque maior de escolha: além dos autores norte-americanos e

europeus, há vários nomes de estudiosos latino-americanos considerável, abordando várias

temáticas das relações públicas.

Desde então, o curso evoluiu mudando a grade curricular (Plano de estudo) ao nível de

licenciatura. O curso de Relações Públicas tem uma duração de quatro anos no período matutino

e de cinco anos no noturno.

Em algumas universidades privadas, o campo das relações públicas é abordado em disciplinas

isoladas que visam simplesmente brindar o estudante um panorama geral da área.

As disciplinas do curso sempre foram ministradas por professores qualificados. Antigamente para

formar parte do corpo docente era necessário ter no mínimo uma licenciatura, de preferência em

Relações Públicas, mas com as novas exigências dos tempos modernos é necessário ter no

mínimo um mestrado. Na maioria dos casos, exige-se que o candidato a professor tenha vários

anos de experiência no campo, assim como certificado de pedagogia em ensino superior.

A Escola de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Panamá

é reconhecida como uma das melhores na América Latina. O assunto contencioso que continua

preocupando muitos acadêmicos é sobre onde o programa de relações públicas deveria ser

situado: jornalismo? comunicação? Inglês? negócio?; Isso já foi resolvido faz muitas décadas no

Panamá, Brasil, Peru, Chile entre outros países nos quais a área das relações públicas é vista como

autônoma e legítima. Tanto é assim, que o programa está situado em escolas ou departamentos

específicos de relações públicas. Então, se o campo das relações públicas é autônomo e legítimo,

por que seguir insistindo em situá-lo em outra área?

Não se poderia falar de verdadeira profissão de relações públicas, se não é cortado o cordão

umbilical que a une há mais de um século a outros campos, principalmente ao de jornalismo.

Cortar no sentido de separar as funções, mas sem perder a inter-relação necessária entre os

diferentes campos do conhecimento.

A educação em relações públicas sempre tem sido uma preocupação. Por isso, desde 1958, com a

Associação Panamenha de Profissionais de Relações Públicas e a partir de 1995 com o

COREPPA, estuda-se a educação de relações públicas neste país. E tal a preocupação que como

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em outras partes do mundo, no Panamá estuda-se a possibilidade da elaboração de um currículo

modelo para o curso de relações públicas (Hernández e Bósquez, 2002).

Na análise da grade curricular do curso de relações públicas no Panamá, observa-se que o curso

está identificado claramente como curso de relações públicas nestes tópicos: princípios, estudos

de caso, pesquisa, escritura e técnicas de produção, planejamento e administração, campanhas e

supervisão de estágio. Enfatiza-se, também, a administração de relações públicas e uma

compreensão avançada do corpo de conhecimento, enquanto culminando com a elaboração de

um trabalho de conclusão de curso incluem de 25% a 40% do programa total de créditos de um

estudante universitário.

Hernández e Burgos (2003), em um recente estudo, identificaram os pioneiros acadêmicos das

relações públicas no Panamá e que contribuíram para a compreensão teórica e prática do campo.

Eles são Miguel Espino, Alberto Quiroz Guardiã, Manuel Barrios, Anel Beliz e Manuel

Almengor. Tanto os estudantes como os praticantes acreditam que esses acadêmicos

panamenhos conceitualizam a teoria de base das relações públicas panamenhas, contribuindo e

trazendo também uma aproximação científica ao estudo de relações públicas. Eles põem a base

para a teoria de relações públicas no Panamá, estudando a história do campo e reunindo teoria e

prática. Eles contribuíram com o desenvolvimento do campo bem como acrescentam a

compreensão da administração de assuntos e comunicação de risco e princípios retóricos

aplicados a relações públicas.

Esses pedagogos colocaram a base para estabelecer o campo como uma verdadeira profissão.

Desde então, foram dados passos largos e significativos no que concerne à educação em relações

públicas no país. De acordo com o COREPPA, as relações públicas estão sendo ensinadas

atualmente para o estudante universitário em 1 programa de diplomado na nação (COREPPA,

2004).

Nos anos noventa, as relações públicas receberam um aumento de estudantes matriculados nesta

carreira. Outros que tinham estudado no exterior em cursos de graduação e pós-graduação

(Estados Unidos, Inglaterra e Brasil), voltaram ao país para ensinar e aplicar o seu conhecimento

no campo das relações públicas.

Desde 1962, o curso já formou 5,000 profissionais e atualmente, 250 alunos estão matriculados

no curso de relações públicas. Prevê-se que até 2010 se formaram mais 300 profissionais.

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5.1.1.4. Profissionalismo Várias associações de classe existem no Panamá, mas só uma é específica para os profissionais

das relações públicas. Esse grêmio é o Colégio de Relacionistas Públicos de Panamá –

COREPPA, que foi estabelecido em 1995 e sediado na capital, contando com 60 membros.

O recente esforço do COREPPA que merece atenção é ter levado até a Assembléia Legislativa o

anteprojeto de Lei 91, com as propostas de reforma que derroga à Lei 37 que regulamenta a

profissão de relações públicas no Panamá.

Em maio de 2005, esse anteprojeto de lei foi aprovado em terceiro debate pela Assembléia

Legislativa, convertido agora na “Lei 21”. Em junho de 2005, a Lei 21 foi sancionada pelo

Presidente da República do Panamá, Martín Torrijos Espino.

O COREPPA enfatiza a importância da ética na prática das relações públicas e por isso ele possui

um Código de Ética. A execução do código, principalmente para aqueles que não pertencem ao

COREPPA, continua sendo um dos problemas principais no Panamá. Para educar e encorajar o

comportamento ético, os praticantes no Panamá tiveram que reconhecer o problema de que

apesar desse seu compromisso, muitos colegas continuam sem pertencer a qualquer associação de

classe profissional. A não afiliação, é utilizada como um mecanismo para não ser governado nem

ter que seguir padrões éticos. Essa situação se dá devido ao fato que a afiliação em algum grêmio

de comunicação no Panamá, é de caráter voluntário e não obrigatório.

Outro assunto central para o COREPPA, está relacionado ao licenciamento ou credenciamento

dos praticantes de relações públicas. No Panamá, existe um só programa de credenciamento

(chamado idoneidade) orientando a prática das relações públicas em direção do profissionalismo.

Apesar da existência do programa de credenciamento, estima-se que aproximadamente 60% dos

profissionais das relações públicas no Panamá, ainda não o solicitaram ao Conselho Nacional de

Relações Públicas.

Com o auge do COREPPA, alguns praticantes foram incentivados a solicitar o licenciamento.

Essas restrições e mecanismos no campo podem ajudar a estabelecer as relações públicas como

uma verdadeira profissão. Dessa forma, esses profissionais aumentariam sua credibilidade.

Porém, o profissionalismo foi chamado o Calcanhar de Aquiles por praticantes em muitos países

ao redor do mundo (Espino e Smith, 2003). Portanto, no Panamá, pelo fato de praticar-se

livremente as relações públicas sem licenciamento, faz com que se perca a qualidade como uma

profissão. Mas com a nova Lei 21 o licenciamento terá de ser requerido na hora de contratar os

serviços de relações públicas. A organização ou empresa que adote a nova Lei 21, e continue a

prática da contratação ilegal de serviços de relações públicas, será punida.

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É oportuno assinalar que a aliança do COREPPA com a CONFIARP, também tem permitido a

discussão de assuntos regionais e globais sobre relações públicas, que incluem ética, educação e

credenciamento. O Panamá é favorável ao estabelecimento de padrões éticos internacionais para

a prática das relações públicas.

Como em muitos países, os praticantes no Panamá têm dificuldade em achar uma nomenclatura

mais exata para sua função. Ela é chamada de "comunicação corporativa", "relações corporativas,

"comunicações", "negócios públicos" e "negócios corporativos" (Burgos, 1999). Porém, os

profissionais e acadêmicos panamenhos, preferem exclusivamente “relações públicas”, em lugar

de algum eufemismo. Essa denominação sem dúvida alguma reflete o propósito de construir

relações com os públicos nos quais organizações têm conseqüências, ou vice-versa.

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5.2. RELAÇÕES PÚBLICAS NA COSTA RICA: A BUSCA CONSTANTE PELA EXCELÊNCIA 5.2.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO Os antecedentes das Relações Públicas na Costa Rica se remontam aos anos 50. No ano 1950,

alguns costarriquenhos participaram do primeiro curso de Relações Públicas que ocorreu na

Escola Brasileira de Administração Pública, o que significou que mais tarde colaborassem na

organização de vários departamentos e escritórios de Relações Públicas do setor governamental.

No entanto, é importante assinalar que a história acadêmica e profissional das Relações Públicas

na Costa Rica não se escreve de forma simultânea, pois a prática profissional evolui mais

rapidamente que a acadêmica, ou seja, as Relações Públicas se inserem nas instituições antes de

que existissem profissionais academicamente capacitados para isso.77

Aproximadamente, três décadas antes de que a Escola de Ciências da Comunicação Coletiva se

interesse por uma visão integral da comunicação - que inclua Relações Públicas como uma ênfase

profissional - surge o primeiro escritório desta profissão. Esse escritório dá início em 1952, na

United Fruit Company para a América Latina com um profissional americano como

encarregado.78

Erick Carlson, precursor das Relações Públicas nos Estados Unidos e instrutor da Escola

Brasileira de Administração Pública, incorporou-se como professor à Escola Superior de

Administração Pública para a América Central, (ESAPAC), com Sede em San José.79 Destes

primeiros cursos o país obteve uma relação direta para o desenvolvimento acadêmico das

Relações Públicas.80

Junto com palestras relacionadas com o tema, foi criando consciência profissional no setor

público e foi assim como em 1954, abriu-se o primeiro escritório de divulgação na Caixa

Costarriquenha do Seguro social, que com o transcurso do tempo se converteu em um

departamento. Além disso, nesse mesmo ano o venezuelano Mario García Arocha, quem também 77 A partir de 48 e o fim dos setenta, o Estado se constitui como o principal ator no cenário nacional, em todas as dimensões do desenvolvimento. Desta forma, os elementos que conformam o contexto definem e delimitam o campo de ação da prática profissional das Relações Públicas na Costa Rica. 78 Em 1951, a United Fruit Company procurou um perito em Relações Públicas com larga experiência no jornalismo nos EUA e a América Latina para levar a cabo um estudo sobre os meios de contato com a opinião pública e seu acesso a setores influentes da mesma nos países onde opera. Espaço como resultado deste estudo se estabeleceu em 1952 um departamento de Relações Públicas para a América Latina sediado em San José, Costa Rica. Jiménez, 1991: 30 79 A tese “Das Relações Públicas para a Comunicação Organizacional nas Instituições de Serviço Público na Costa Rica” (Incera e outros), faz referência à Escola Brasileira de Administração Pública como precursora do campo das Relações Públicas na Costa Rica. 80 Esses cursos e trabalhos possuem, como é evidente, uma forte inclinação para o desenvolvimento desta profissão em instituições estatais, o anterior é interessante considerando que o primeiro escritório de Relações Públicas do país surge no setor privado e que a tendência no âmbito internacional é que a profissão se desenvolva mais fortemente na parte privada.

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colaborou com o ESAPAC, ditou um curso de Relações Públicas como parte de um programa

governamental de capacitação ao Serviço Civil.

Também se ditaram outros dois cursos para funcionários governamentais da Costa Rica e outros

países da área centro-americana.

Como complemento das palestras e dos seminários, em 1955, os senhores Erick Carlson e Mario

Arocha publicaram o primeiro livro editado no país sobre as Relações Públicas com o nome

"Noções Fundamentais de Relações Públicas".

Conseqüência das palestras e a publicação do livro se criaram os departamentos de Relações

Públicas do Instituto Nacional de Moradia e Urbanismo (INVU), sob a direção de um aluno

costarriquenho da Escola Brasileira de Administração Pública e do Ministério de Economia e

Fazenda, dirigido por um graduado costarriquenho da ESAPAC.81

Em 1957, o Prof. García Arocha editou seu trabalho "Um Programa Mínimo de Relações

Públicas para Organismos Estatais".82 É importante assinalar que esses trabalhos recolhem uma

série de conceitos e aplicações práticas das Relações Públicas, apoiados na formação e experiência

de trabalho tanto de Carlson como do Arocha.

Unido aos primeiros cursos de Relações Públicas e as publicações, etapa denominada como “pré-

acadêmica”, dá-se um fenômeno importante para a definição da prática e a imagem da disciplina.

Sobre isto, Luis Montoya assinala:

“uma pequena digressão, é que o curso de Relações Públicas não é ministrado nas universidades,

ele aparece em escolas acadêmicas, em cursos de secretariado, de como caminhar, de como

sorrir.83

Em 1960, Rodrigo Sotela Montagné apresentou na Faculdade de Ciências Econômicas da

Universidade da Costa Rica, sua tese de grau “As Relações Públicas nas Instituições Autônomas

de Costa Rica”, na qual mostrava uma avaliação das Relações Públicas em cinco instituições do

país: Banco Nacional da Costa Rica, a Ferrovia Béctrico ao Pacífico, o Instituto Nacional de

Moradia e Urbanismo, a Caixa Costarriquenha do Seguro social e o Instituto Nacional de

Seguros.84 No ano 1961, por iniciativa do Reitor Engenheiro Fabio Baudrit Moreno, criou-se na

Universidade da Costa Rica um curso de Relações Públicas para o pessoal administrativo, dirigido

pelo Prof. Gildo Alvarado. 81 É importante notar, que a proliferação de escritórios de Relações Públicas nas instituições estatais continua com maior força durante as décadas dos 60 e 70, especialmente nesta última. 82 No seu livro, García Arocha assinala: a) a ausência de políticas no campo de Relações Públicas e da comunicação em geral e b) o Perfil do Relações públicas. 83 As academias que repartem "bons maneiras", em nome de Relações Públicas contribuem uma boa dose do estereótipo que, nestes momentos, tem-se da profissão, e cooperam com a confusão de conceitos que se deram no mundo trabalhista. 84 Essa tese representou informação importante sobre o grau de eficiência das Relações Públicas em certas instituições e além disso, um meio adequado para que as organizações obtivessem seus objetivos.

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160

Para 1968, a universidade da Costa Rica, cria a escola de jornalismo como uma seção da

Faculdade de Direito, da UCR, a escola como o manifesta a Msc Patricia Vega em seu artigo

Nascimento e consolidação da Escola de Ciências da Comunicação Coletiva:

“... Nasce como uma necessidade dos jornalistas empíricos de melhorar sua situação

socioeconômica, por uma parte e por outra adequar-se profissionalmente a uma conjuntura

nacional e internacional cambiante”. (Vega 1992: 68)

É nesse momento, quando as Relações Públicas entram no âmbito universitário através de um

curso que se inclui no primeiro plano de estudos da então chamada Escola de Jornalismo.

Segundo Luis Montoya o curso nasce por iniciativa do Rolando Fernández, chefe de Relações

Públicas da Universidade da Costa Rica.

Assim aparecem as Relações Públicas na Universidade da Costa Rica. A finais de 1968 se

estabelecem três incipientes ênfases: jornalismo, Relações Públicas e administração da empresa

jornalística, para isso o aluno devia passar em três cursos optativos de seu interesse.

Em 1968, abre suas portas a ECCC ligada à Faculdade de Direito, seu primeiro plano de estudos

se desenha com o objetivo deformar jornalistas, é curioso que entre as matérias que se

estabelecem em dito plano, figura o primeiro curso universitário de Relações Públicas na Costa

Rica, como parte das ferramentas que um jornalista deve conhecer.

Em 1972, incluem-se os primeiros cursos introdutórios de Relações Públicas na Escola de

Ciências da Comunicação Coletiva da Universidade da Costa Rica.85

Um aspecto importante e definitivo no desenvolvimento e consolidação das Relações Públicas na

Costa Rica, origina-se quando em 31 de julho de 1972, o Colégio de Jornalistas incluiu em sua lei:

o “artigo 24”. Esse artigo estabelece a obrigatoriedade de que todo chefe do departamento de

Relações Públicas deverá ser um jornalista associado ao Colégio; o artigo diz o seguinte:

“... Os cargos de diretor, chefe ou encarregado dos escritórios de Relações Públicas e divulgação

ou imprensa das instituições públicas, também deverão ser desempenhados por jornalistas

associados”. (Colégio de jornalistas 1972: 13)

Devido à reação dos afetados por esta nova disposição se criou um transitivo mediante o qual se

determinou que os funcionários que ocupavam as chefias de Relações Públicas se manterão em

seus postos embora não tivessem o título de jornalistas.86 Celebrou-se, em 1974, o primeiro

seminário de Relações Públicas de instituições públicas e poderes do Estado, o qual foi

85 Pode-se dizer que cursos e seminários que foram ministrados em San José nos anos 1974-1977 e a designação das Relações Públicas como carreira universitária, são os fatos mais relevantes na evolução das Relações Públicas, como profissão. 86 Essa política do colégio permite que os jornalistas se apoderem do campo de ação de outra disciplina, principalmente, porque eles não contam com os conhecimentos necessários para levá-la à prática, já que sua formação se centra, principalmente, na preparação e divulgação da informação.

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promovido pelos Relações Públicas de diferentes entidades estatais que decidiram organizar-se

para proteger seus direitos, devido à inclusão do artigo 24 antes mencionado.

Com a participação de 18 instituições e poderes do Estado, uma empresa privada e duas

organizações observadoras se criou, oficialmente a Associação Costarriquenha de Relações

Públicas (ACOREP), cujo objetivo foi:

"... propiciar o estabelecimento em cada instituição governamental ou privada de um escritório

que leve em forma definida o nome de Relações Públicas, sem que existam confusões com outras

atividades similares".

ACOREP foi reconhecida em 1975 como associação e em 1977 se incorporou à Federação

Interamericana de Associações de Relações Públicas (FIARP), durante a XIII Conferencia

Interamericana de Relações Públicas realizada no México.

Para 1977, devido à influência do Centro Interamericano de Estudos Superiores em

Comunicação para América Latina (CIESPAL), a Escola de Ciências da Comunicação toma

outro rumo e se interessa pelas Ciências da Comunicação Coletiva como uma visão integral do

fenômeno comunicacional, que vai mais à frente da colocação informativa do jornalismo. Nesse

ano, o educando tem a possibilidade de escolher sua ênfase entre jornalismo e comunicação

social.

Segundo a visão da escola, o campo de ação para os jornalistas seriam os meios de comunicação,

enquanto que os comunicadores sociais o fariam:

"... nos organismos estatais e nas demais instituições que precisam melhorar suas comunicações

internas e externas..." (ECCC; 1977:1)

O anterior evidencia que a ênfase de comunicação na formação de comunicadores institucionais,

o que atualmente corresponde a Relações Públicas.

De 1978 até 1988, estabeleceu-se o plano de estudos com quatro áreas de formação: Jornalismo,

Comunicação, Relações Públicas e Publicidade.

Carmen Mayela Fallas opina que esse plano de estudos:

"... do ponto de vista acadêmico não estava muito claro, não haveria uma conceitualização nem

tampouco, acredito eu, que existisse nesse momento um perfil de saída do profissional, nem do

ponto de vista profissional, o que havia sim era um perfil trabalhista que estava ou dado a

preencher a oferta de postos sobre tudo no setor público" . Na Universidade Autônoma da

Centro américa (U.A.C.A) a carreira de Relações Públicas se iniciou em 1978 no Colegium

Latinium, hoje Universidade Latina de Costa Rica.87 Esse curso esteve sob a coordenação do Dr.

87 Antes desse ano, a carreira enfrentava sérios problemas, entre eles, a carência de livros de texto em idioma espanhol, além disso a falta de professores capacitados academicamente para poder iniciar uma carreira universitária com êxito.

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Renato Viglioni (Decano) e foi ministrado no estabelecimento do Colégio Sagrado Coração de

Jesus em San José, com uma matrícula de 40 alunos. Entretanto, o currículo brindado não

correspondia cientificamente a uma carreira profissional de Relações Públicas.88

Em 1980, o prof. Gildo Alvarado, como coordenador da carreira, dá-se à tarefa de reformar o

currículo de Relações Públicas, dando-lhe seu verdadeiro caráter de formação profissional de

Relações Públicas.

Em 1981, abriu-se a carreira de Relações Públicas no Colégio Isaac Newton da U.A.C.A.

De 1982 a 1986, no Governo de Luis Alberto Monge, desenvolve-se a profissão de Relações

Públicas no setor privado. Esse desenvolvimento foi um pouco lento no princípio, devido a fato

de os profissionais nesta área terem como meta trabalhar no setor estatal e também de que o

alcance da profissão não eram muito conhecidos nas empresas.

A preocupação dos profissionais por entrar no setor privado se pode relacionar com dois

acontecimentos. Primeiro, a necessidade de abrir espaços para acomodar a grande quantidade de

profissionais que saem cada ano, devido ao crescimento das universidades privadas. A redução do

Estado se inicia com os programas de Ajuste Estrutural (PAE), que dão mais importância à

empresa privada.

No fim dos 80, a Escola de Ciências da Comunicação estabelece uma mudança no plano de

estudos que entra em vigência a partir de 1988, transladam-se as ênfase à licenciatura

estabelecendo-se um programa integral de comunicação coletiva para o bacharelado. As opções

das ênfase nesta época foram Relações Públicas, publicidade e jornalismo.89

Também no fim dos anos oitenta, as Relações Públicas estabelecem um novo campo de ação, já

que se começa a estruturar no país a oferta de serviços por meio das agências de comunicação e

de Relações Públicas.

Em 2 de novembro de 1989, foi passada pelo Conselho Nacional de Ensino Superior que a

Universidade Latina da Costa Rica ministraria o curso de Relações Públicas; desta maneira se abre

outra oportunidade mais para estudar esta carreira em universidades privadas.90

88 Por dificuldades internas, a U.A.C.A. interveio ao Colégio e o desafiló em maio de 1980, razão pela qual a carreira teve uma duração de dois quadrimestres. Em vista da situação e de comum acordo com os alunos, o Prof. Gildo Alvarado que ministrou o curso nesse colégio, administrou a transferência dos alunos ao Colégio Leonardo Da Vinci, da mesma Universidade, feito que ocorreu ao iniciar o II quadrimestre de 1980. 89 Esse plano ajuda as Relações Públicas, já que inicia um processo de mudança em relação à visão "tradicional" do relacões-públicas como encarregado de funções relativas a manejo de imprensa e protocolo, pela de um profissional com capacidade de administrar processos de comunicação nas organizações. 90 A carreira de relações-públicas da Universidade Latina da Costa Rica nasce com o objetivo de formar profissionais capazes de desenvolver planos de comunicação e Relações Públicas Corporativas, apoiadas em linhas de investigação e planejamento dirigidas tanto ao interior como ao exterior da organização, captando e reagindo ante qualquer mudança que afete a imagem da instituição.

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163

Em 22 de maio de 1990, nasce a Associação Nacional dos Relações-Públicas, cujos membros

ativos são profissionais graduados em instituições superiores nacionais e internacionais que

ministram este curso.91

Os anos noventa se caracterizam por uma “reeducação”, já que neles se evidenciou um

desconhecimento da disciplina das Relações Públicas.92

Em 26 de setembro de 1997, na universidade interamericana da Costa Rica, realiza-se o Foro

"Tendências Teórico-Práticas das Relações Públicas: um olhar aos últimos anos".

Em 1997, a Escola de Ciências da Comunicação Coletiva aprova um novo plano de estudo, este

tem como objetivo formar um profissional mais de acordo com as necessidades do mercado

trabalhista. A partir de 1998, fica em prática dita proposta.

5.2.1.1. O Estado Atual da Profissão Ao revisar a "trajetória " das Relações Públicas nos diferentes setores produtivos na Costa Rica,

resulta interessante oferecer um panorama geral da situação atual e o que se vislumbra no futuro

neste campo.

Atualmente, o setor público é um campo de ação saturado para o profissional em Relações

Públicas, além disso, esse setor não experimentou uma mudança considerável quanto às funções

e papel que desempenha a disciplina. Essa mudança depende diretamente da forma que estas

instituições administrem o poder, já que as Relações Públicas se podem se direcionar para a

informação ou comunicação.

Por outro lado, o espaço do setor privado é muito limitado, especialmente porque não é a prática

criar departamentos de Relações Públicas dentro das empresas privadas, já que comumente as

áreas de marketing e recursos humanos são as que muitas vezes assumem as funções de Relações

Públicas, convertendo-se na competência mais perigosa que nestes momentos tem a disciplina.

As vantagens que representam estas disciplinas frente às Relações Públicas consistem em possuir

um nome reconhecido, fácil de ser localizado dentro das organizações devido a seu campo de

ação não ter sido manchado por estereótipos.

A nível geral, os serviços externos de comunicação e de Relações Públicas, constituem-se como

um dos espaços de ação de maior crescimento na Costa Rica, tomando em conta: o pouco tempo

que têm de estar no mercado, pois a saturação de outros espaços e o fato de que, atualmente, as

Relações Públicas não se visualizam dentro da estrutura formal das organizações (especialmente

91 O fim fundamental da Associação é defender os interesses individuais e coletivos de seus associados, lutando pelos interesses trabalhistas e o melhoramento das condições de trabalho, defendendo os princípios éticos da profissão e sua imagem nacional. 92 A escassa bibliografia e o quase nulo conhecimento das origens das Relações Públicas são debilidades da profissão, que repercutem no conhecimento que têm as empresas e organizações a respeito da carreira.

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164

no setor privado). Entre outros campos de ação alternativos, podem-se mencionar as

organizações não governamentais - ONGs (associações, cooperativas, câmaras, grêmios,

fundações), as funções que elas desempenham necessitam um componente importante em

comunicação, já que implicam relação com diversos públicos que são a razão de ser dessas

entidades.

Outro espaço, o constituem os projetos sociais e ambientais, principalmente, financiados por

organismos internacionais. Esses projetos, geralmente, procuram mudar atitudes, educar em áreas

específicas e posicionar esses organismos, como atores do bem social. Em todos esses processos,

a comunicação constitui um elemento fundamental para o logro dos objetivos.

Nestes momentos, as Relações Públicas ainda estão em um processo de desenvolvimento na

empresa privada, atualmente, são poucas as empresas que contam com um departamento de

Relações Públicas ou comunicação.

Neste momento, é mais fácil encontrar a um gerente de recursos humanos de estabelecendo

médios e políticas de comunicação em terna que ainda relacione tal..

Também, é mais comum que contratem serviços relativos à comunicação, a agências de

publicidade ou em alguns casos, agências de comunicação ou Relações Públicas.

Devido aos questionamentos por parte da imprensa, tanto no setor público como no setor

privado, os esforços das Relações Públicas na Costa Rica estão mais focados à criação de imagem

pois é se faz importante e indispensável vender o "conceito" destas organizações, para legitimar

sua existência perante a sociedade.

Esta tendência se denomina "Publi-Relações Públicas", onde o profissional se aproxima da

publicidade para criar a imagem da instituição. Atualmente, é uma prática generalizada dentro das

organizações estatais.

As constantes transformações que se experimentam no âmbito institucional, e a forte inclinação

para os processos de mudança, parece o espaço idôneo para o crescimento da comunicação

dentro das organizações, como elemento coadjuvante e catalisador desses processos.

É por isso que é necessário conhecer as funções que se estão desempenhando atualmente, nos

departamentos de Relações Públicas nas organizações públicas ou privadas do país, para assim

determinar em que medida a disciplina tem experimentado mudanças em suas funções como

conseqüência desses processos.

Apesar de mais de 50 anos da origem, evolução e prática das Relações Públicas no país,

atualmente, ainda existe um grande desconhecimento do trabalho desta disciplina no âmbito

empresarial.

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Os relacionistas públicos estão conscientes de que a profissão é bastante jovem e da qual no país

se conhece e valora relativamente pouco.

Pelo anterior, é que se tem a inquietação e a necessidade de que o relacionista público seja

conhecido, valorado e aceito no âmbito profissional e empresarial.

A profissão como ciência social e de comunicação é complexa, muitas vezes se deixa de lado

costure importantes para o bom manejo dos recursos materiais e humanos da empresa, para isso,

o relacionista público deve expor-se programas unidos ao desenvolvimento das empresas e não

só a procurar soluções de seus problemas.

A maioria da gente que trabalha em relações públicas são mulheres e pelo general se encarregam

de atender aos clientes, executar e coordenar os serviços que a agencia oferece.

Umas das tendências das Agencias de Comunicação e Relações Públicas é contratar outros

serviços por fora, já que lhes é mais rentável, porque não todos os clientes requerem disto. Entre

estes serviços esporádicos se podem mencionar produção audiovisual, tradução, filologia,

investigação (opinião pública, imagem, mercado).

Existe uma supressão de funções abrange diversos campos e disciplina, mas ao analisar o enfoque

do serviço que estão brindando as Agencias de Relações Públicas e Comunicação, evidencia-se

uma grande importância que lhe dão ao "produto" provocando que essas agências de

"comunicação social integral", tenha um grande parecido com o que são as agências publicitárias

na Costa Rica. Esta empresa de relações públicas não está meramente enfocada à organização

geral, se não, que oferece uma grande gama de serviços produzindo isto que a parte

correspondente a relações públicas se perca.

Quanto à composição e possibilidades do mercado atual dos serviços externos de comunicação e

relações públicas se pode assinalar dois fatores que determinaram, em certo modo, os serviços

que oferecem e suas possibilidades de crescimento.

A composição da carteira de clientes, que comumente está integrada em sua major parte pelo

setor privado, por exemplo em assessorias organizacionais, o setor produtivo corresponde a 70%

dos clientes, 20% são ONGs e o restante 10% é do setor público.93 A maioria destas agências se

movem ao ritmo do mercado, têm que ir ampliando ou diversificando seus serviços de acordo às

necessidades que o cliente presente, muitas vezes provoca que em lugar de avançar dentro da

agencia de comunicação se dêem retrocessos, já que não se pode aprofundar muito na área de

relações públicas.

93 Esta relação é curiosa, se se tomar em conta o setor público em um determinado momento (fechamento de escritórios e departamentos de relações públicas) necessitou em grande medida destes serviços, e por outra parte, se se considerar o limitado espaço que teve a comunicação no âmbito do empresa privada do país, como conseqüência do desconhecimento da funções e os benefícios que esta pode aportar.

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166

Pelo general, a estratégia de relações públicas se concebe como um processo que brinda seus

frutos a médio e longo prazo, esta filosofia de serviço atenta contra a filosofia de mercado de

alguns empresários que ainda têm a crença de que os serviços devem ser tangíveis e seus

resultados imediatos, como o são os da publicidade. Isto provoca que muitas das agências se

vejam obrigadas a carregar seus serviços à área de produções, a fim de manter-se no mercado,

especialmente os impressos que se conformam como um dos mais altos itens de faturamento (a

respeito disto se dão dados na análise do instrumento aplicado às agências).

Ante isto Doris Rojas, executiva de contas do agencia ícones, assinala:

"trocamos um pouco a estrutura e a idéia original de ser uma agência só de relações públicas, para

oferecer mais serviços de publicidade, a mudança será por uma necessidade de mercado e temos

que ir ajustando, obviamente, às necessidades desse mercado para nos poder manter nele."

Por outra parte, dentro das possibilidades do mercado algumas agencia, pelo general as maiores,

têm a possibilidade de aliar-se a empresas estrangeiras e isto lhes assegura uma ampliação de sua

carteira de clientes, inclusive no âmbito regional. Entre as vantagens que isto apresenta se pode

assinalar: o ter um homem que é reconhecido ao nível internacional e que o símbolo de um

padrão de serviço, o que lhe permite representar essa empresa no contexto nacional, a sua vez, o

pessoal da agencia é beneficiado pelos conhecimentos, capacitações e experiência no campo que

esta agência lhe podem brindar. No âmbito costarriquenho se podem mencionar os casos da

Garnier Relações Públicas que se associou a -Aericana Porter Novelli e Comunicação

Corporativa que tem relações com Ketchum Public Relations.

Garnier se refere aos benefícios que para sua agência lhe brindou a associação com o Porter

Novelli:

"um, a possibilidade de dirigir clientes no âmbito latino-americano; dois, o acesso a

conhecimentos, treinamentos e seminários a respeito de temáticas específicas. Além disso não

brinda a possibilidade de estar na página Web do Porter Novelli e alcançar outros países. E por

último, o que é o nome, que embora localmente a gente não o conhece, uma multinacional sabe,

normalmente, quem Porter Novelli."

Os grandes espaços para os serviços externos de comunicação de relações públicas está no setor

privado, o importante para as agências, assessorias e consultorias neste momento é educar quanto

à importância do trabalho da comunicação dentro da organização é cada vez que brinda em seus

serviços.

A parte "acadêmica" continua construindo a teorização da disciplina no país; já que o curso de

Relações Públicas se oferece em vários centros de educação superior tanto públicos como

privados.

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Ao simplificar-se as Relações Públicas a “boas maneiras”, se cria sobre a profissão um dos

problemas que atualmente continua afetando a prática desta disciplina, devido a que muitas

empresas concebem às Relações Públicas vinculadas somente com as qualidades humanas e não

com as profissionais.

Na fase acadêmica atual na Costa Rica, se podem identificar duas tendências chave:

"comunicador organizacional e estrategista organizacional".

O jornalista se vê como o profissional idôneo para a realização das funções de divulgação e

informação para a criação de imagem.

Apesar de que o setor público se constitui como a porta de entrada das Relações Públicas ao

âmbito organizacional, este importante campo de ação se tem estagnado nas mesmas práticas

com as que começaram.

Por outra parte, nas empresas no âmbito privado, atualmente, dão-se duas tendências em forma

paralela, alguém é o "relacionista interno" e outra é o "relacionista corporativo".

A primeira é uma tendência que se desprende da área de recursos humanos, fez contribuição é

importante, em tanto se preocupa com as relegadas relações internas; entretanto, esta prática se

dá de uma forma muito operativa o que impede o desenvolvimento de uma comunicação

planejada.

A abertura da carreira de Relações Públicas nas diferentes universidades tomou cada dia mais

importância no país, por isso atualmente a ministram várias universidades.

As empresas nacionais e internacionais pouco a pouco têm feito consciência do papel

fundamental das Relações Públicas, reconhecendo a importância que tem a opinião de seus

públicos internos e externos já que a tendência ao crescimento dos mercados tem feito mudar às

organizações dando-se conta que a comunicação é um fator estratégico e que as Relações

Públicas não são a organização de um evento a não ser a projeção interna e externa da empresa.

Apesar do anterior, sempre existe o desconhecimento de seu perfil profissional e lhe atribuem

funções inadequadas limitando seu desempenho e não deixando que a criatividade e o dinamismo

que a caracterizam se veja refletido em seu desempenho profissional.

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5.2.1.2. Perfil dos Praticantes costarriquenho O perfil profissional deve orientar a respeito das atitudes e valores, as habilidades, destrezas e os

conhecimentos que o profissional necessita para responder adequadamente às provocações atuais

e futuros do país.

A formulação adequada de um perfil profissional permite uma menção clara dos objetivos de

uma carreira para a sua vez expor os cursos e programas nas universidades. O plano de estudo

que apresenta cada carreira deve então guiar a formação profissional em determinadas áreas

sustentando em um perfil que ofereça uma idéia clara desse profissional, capaz de enfrentar com

êxito as provocações atuais e futuros.

Segundo Alicia Vargas (1992) no livro Esboços para a elaboração de Perfis profissionais diz do

perfil profissional que:

O perfil profissional não é uma supressão caprichosa de características, mas sim deve ser produto

de um exercício cuidadosamente planejado e executado, de uma meditação sobre o desempenho

real e ótimo do profissional e de uma formulação viável de seu acionar em um cenário

prospectivo da sociedade.

Um perfil Profissional bem elaborado servirá de guia para definir quais devem ser as áreas e as

linhas curriculares, os conhecimentos, habilidades e atitudes que requererá o profissional, os

objetivos da carreira e a estrutura dos cursos da carreira. (pág. 7)

A elaboração de um perfil profissional corresponde principalmente a pessoas que no acadêmico e

profissional estejam em contato diário com a disciplina.

As características do profissional em Relações Públicas segundo Alicia Vargas são: ser capaz de

administrar suas potencialidades, com um valor agregado de conhecimentos em novas

tecnologias e novas correntes de comunicação, para ser os gestores de suas próprias iniciativas. O

relações públicas sairá preparado para trabalhar em instituições públicas e privadas ou como

assessor de projetos comunicacionais independentes.

Consolidar a formação acadêmica em Relações Públicas que recebem os estudantes nos

programas de bacharelado e licenciatura, que oferecem as diferentes universidades, tomando em

conta aspectos teóricos – metodológicos que orientem a prática desta profissão, em função das

novas exigências das organizações e a sociedade contemporânea.

A formação humanística que lhe permite aprender a interpretar, de maneira crítica e inteligente a

realidade econômica, social e política de seu contexto imediato, mediato e global com capacidade

inquiridora para definir objetos de estudo, aplicar as técnicas de investigação adequadas, avaliar e

analisar a informação que lhe brinde o conhecimento necessário para aproximar-se da realidade e

desta forma modificá-la e melhorá-la, com conhecimentos interdisciplinares aplicados as relações

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públicas especialmente em áreas como jornalismo, publicidade, psicologia, sociologia,

administração, marketing, economia, política e o direito. Habilidade, sensibilidade e destreza para

perceber as necessidades individuais e sociais dos públicos organizacionais e do país em geral.

As teorias e métodos da comunicação social são necessários para planejar os processos de

comunicação organizacional, sem deixar de lado a computação e o conhecimento de outros

idiomas.

Cada dia fica de manifesto a grande importância que tem a informação e comunicação nas

organizações costarriquenhas (públicas, privadas, cooperativas, populares e sindicatos, entre

outras), para o cumprimento dos objetivos econômicos, sociais, trabalhistas e culturais do país.

Do anterior, desprende-se que os profissionais em Relações Públicas têm uma missão

fundamental que cumprir, como promotores do melhoramento organizacional e nacional. Nesse

sentido, corresponde-lhe às Relações públicas planejar a comunicação da organização, definir

políticas de comunicação, estratégias e planos de ação dirigidos a cada um dos públicos, dar apoio

e assessoramento em matéria de comunicação aos altos executivos para a tomada de decisões,

dirigir e coordenar toda atividade de comunicação organizacional, com o propósito de conhecer

as necessidades de comunicação organizacional, investigar por meio de auditorias, estudos de

públicos, e opinião apodreci Iea, e l IVI a eu ros.

De acordo com as metas, os objetivos e os recursos humanos, técnicos e econômicos da

organização, estuda a disponibilidade interna e o mercado de oferta e demanda de serviços, assim

como a legislação relacionada com sua seleção, aquisição e administração dos recursos. Executa

as ações de comunicação e relações com os distintos públicos da organização assim como

contribuir a preservação e fortalecimento da cultura nacional e aos valores da sociedade

costarriquenha.

Segundo Peter Hehir (2000), Gerente Geral de Porter Novelli Internacional, o perfil de um

relações públicas deve ser: uma pessoa muito educada que tenha interesse em seus clientes, com

visão ampla, claridade para escrever, e traduzir de uma maneira singela, conhecer a economia de

seu país e do mundo e ter conhecimento do idioma inglês.

5.2.1.3. Educação em Relações Públicas Na formação universitária, o Relacionista Público obtém conhecimentos essenciais que o

preparam para desempenhar sua atividade profissional em comparação com as mudanças sociais

e organizacionais, portanto, as Universidades devem esforçar-se para que a formação seja cada

vez melhor com o fim de capacitar aos futuros profissionais para que se desempenhem com êxito

em seus trabalhos. Com o correr dos anos, as Universidades realizaram várias investigações para

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melhorar o currículo da carreira de Ciências da Comunicação Coletiva com Ênfase em Relações

Públicas. Esses estudos melhoraram o perfil, mas não há conscientização nas organizações de

sua importância na administração da comunicação.

Até o fim dos anos oitenta, as únicas instituições que ministravam cursos de Relações Públicas

eram a Universidade da Costa Rica UCR e a Universidade Autônoma da América UACA, mais a

grande demanda pela carreira levou ao Conselho Nacional de Ensino Superior a aprovar que

outras universidades implantassem a carreira de Relações Públicas; desta maneira se abrem outras

oportunidades mais para estudar esta carreira em universidades privadas.

A carreira de Relações Públicas da Universidade Latina da Costa Rica nasce com o objetivo de

formar profissionais capazes de desenvolver planos de comunicação e Relações Públicas

Corporativas, apoiadas em linhas de investigação e planejamento dirigidas tanto ao interior como

ao exterior da organização, captando e reagindo ante qualquer mudança que afete a imagem da

instituição.

Em 1961, por iniciativa do Reitor Engenheiro Fabio Baudrit Moreno, ministrou-se, na

Universidade da Costa Rica, um curso de Relações Públicas para o pessoal administrativo,

dirigido pelo Prof. Gildo Alvarado.

Até 1977 a Universidade Autônoma da Centro américa (U.A.C.A.) autorizou ao Colégio

Liberdade, a ela afiliado, para abrir a Carreira de Bacharelado de Relações Públicas.

Antes desse ano, a carreira enfrentava sérios problemas, entre eles, a carência de livros de texto

em idioma espanhol, além disso a falta de professores capacitados academicamente para poder

iniciar uma carreira universitária com êxito.

Entretanto, até 1978, iniciaram-se as aulas de Relações Públicas na Universidade Autônoma da

Centro - América (U.A.C.A.), no Colégio Latinium, sob a coordenação do Dr. Renato Viglioni

(Decano), e lecionadas no estabelecimento do Colégio Sagrado Coração de Jesus em San José,

com uma matrícula de 40 alunos. Entretanto, o currículo brindado não correspondia

cientificamente a uma carreira profissional de Relações Públicas.

Por dificuldades internas, a U.A.C.A. interveio no Colégio e o desfiliou a partir de primeiro de

maio de 1980, razão pela qual a carreira teve uma duração de dois quadrimestres.

Em vista da situação e de comum acordo com os alunos, o Prof. Gildo Alvarado que lecionava

nesse colégio, administrou a transferência dos alunos ao Colégio Leonardo da Vinci, da mesma

Universidade, fato ocorrido no início do segundo quadrimestre de 1980. Nesse mesmo ano o

prof. Alvarado, como coordenador da carreira, passa a reformar o currículo de Relações Públicas,

dando-lhe seu verdadeiro caráter de formação profissional de Relações Públicas.

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Em 1981, abriu-se a carreira de Relações Públicas no Colégio Isaac Newton da U.A.C.A.

Antes, em 1978, a Vice-reitoria da Docência da Universidade da Costa Rica, com a solicitação da

Assembléia da Escola de Ciências da Comunicação Coletiva, acordou autorizar a flexibilização do

plano de estudos de Bacharelado em Ciências da Comunicação Coletiva, com o propósito de que

houvesse ênfase em Jornalismo, Comunicação, Publicidade e Relações Públicas.

A abertura da carreira de Relações Públicas nas diferentes universidades tomou cada dia mais

importância no país, por isso atualmente está no programa de várias universidades.

As Universidades Públicas e Privadas que têm o curso de Relações Públicas na Costa Rica são:

Universidades Públicas � Universidade da Costa Rica Universidades Privadas � Universidade Autônoma da Centro américa (U.A.C.A.)

Colégio Andrés BeUo Colégio Leonardo Dá Vinci Colégio Isaac Newton

� Universidade Latina da Costa Rica � Universidade Pan-americana (UPA) � Universidade Interamericana � Instituto de Relações Públicas Muitos são os perfis propostos por diferentes pessoas e organizações que contribuem ao

enriquecimento dos profissionais em Relações Públicas. Em 1978, a Universidade da Costa Rica

propôs um perfil que identificasse a carreira de Relações Públicas.

BACHARELADO

1. Possuir um adequado domínio dos fundamentos científicos e tecnológicos da comunicação

social e estar em capacidade de aplicá-los no dia-a-dia dos afazeres da profissão.

2. Possuir uma adequada formação nas ciências sociais e humanísticas que lhe permita analisar a

realidade social e econômica, localizar-se nela a empresa ou instituição para que trabalhe, ao grau

em que pode desempenhar-se na profissão em forma consciente, dando uma imagem correta das

características, dimensão histórica e função social da empresa ou instituição.

3. Possuir um adequado domínio das técnicas divulgadoras que sejam necessárias para a difusão,

interna e externa, das atividades, propósitos e características da empresa ou instituição servida.

4. Ter um conhecimento adequado dos princípios que regem a organização, funcionamento da

empresa ou instituição.

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172

b) LICENCIATURA

1. Possuir o conhecimento dos princípios e o domínio das técnicas que regem as relações,

externas e internas, da empresa ou instituição, até o grau em que lhe permita organizar e

administrar programas e organismos especializados.

2. Aprofundar nas ciências e técnicas afins às relações públicas.

A Universidade Latina toma como base aspectos relevantes no desempenho do estudante desta

carreira.

O bacharelado em Relações Públicas da Universidade Latina procura introduzir as últimas

tendências da realidade nacional e internacional na aplicação efetiva da administração da imagem

e comunicação. Além disso, pretende preparar o estudante em uma função polivalente de seus

trabalhos, com amplos conhecimentos em marketing, que conheça e aplique as distintas

ferramentas de comunicação oferecendo um benefício adicional às empresas na qual trabalhe e se

destaque profissionalmente.

Em 1997, a Universidade Latina da Costa Rica propôs um novo perfil profissional de

saída para identificar os estudantes com os esboços acadêmicos da universidade. Este é o perfil:

- O relações-públicas é um profissional capaz de enfrentar um mundo cambiante e dirigi-lo graças

a seus conhecimentos teóricos e práticos para benefício da empresa em que trabalha.

- Com princípios éticos firmes, reflexivo, informado e atento à atualidade, com domínio das

técnicas e práticas das Relações Públicas, uma adequada formação na área da comunicação

organizacional, a etiqueta, o protocolo e a organização de eventos especiais, será capaz de

desempenhar-se com rigor científico e sentido moral.

- Um especialista em comunicação e imagem, muito dinâmico e polivalente, com grande

capacidade de negociação e facilitador da tomada de decisões nos diferentes departamentos de

uma instituição ou empresa.

- Pode desenvolver, por meio do método científico, planos de comunicação e de Relações

Públicas conforme sejam as circunstâncias e conseguir avaliar os resultados de maneira objetiva.

- O relações-públicas é um perito na comunicação interpessoal e massiva, quem consegue

propiciar um adequado ambiente, tanto no lugar de trabalho como fora do mesmo. Tem a

capacidade de criar, organizar e administrar novas empresas vinculadas com sua disciplina.

- Graças ao conhecimento do idioma inglês, tem acesso a maior número de pessoas, empresas e

médios; ao mesmo tempo permite manter contado com o último em Comunicação e Relações

Públicas.

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- É um profissional capaz de desenvolver políticas de Comunicação Corporativa, apoiadas em

linhas de investigação e planejamento, dirigidas tanto ao interior como ao exterior da

organização, captando e reagindo ante qualquer mudança que afete a relação da empresa com

suas políticas.

- O relações-públicas tem habilidade de integrar a gestão de Relações Públicas as estratégias

de negócios. Tem amplos conhecimentos de Marketing, conhece e aplica as distintas ferramentas

de comunicação para oferecer um benefício adicional às empresas em que trabalham e destacar-se

como profissionais.

Por outro lado, a Associação de Relações-Públicas apresenta um perfil cujos esboços

fortalecem as finalidades pelas quais foi criada, tendo aspectos como:

1. Assessorar os setores políticos e executivos da organização em matéria de comunicação interna

e externa para a tomada de decisões globais.

2. Investigar a comunicação da organização com seus diferentes públicos por meio das

consultorias de comunicação e imagem, estudos de redes de comunicação, estudos públicos,

investigação de opinião pública, estudos de efetividade, validação de mensagens, estudos de

hábitos de informação, investigação de balanço social e outras, que contribuem ao conhecimento

das necessidades da comunicação.

3. Planejar a comunicação da organização, incluindo a definição de políticas de comunicação e em

sua relação com restantes políticas organizacionais, assim como no estabelecimento de estratégias

e planos de ação dirigidos a cada um dos seus públicos.

4. Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais que se suscitam fora da organização para

prever o impacto na organização e definir as ações práticas necessárias para afrontá-las.

5. Organizar os recursos humanos, técnicos e materiais requeridos para o cumprimento dos

objetivos e as metas de relações públicas para o qual deverá conhecer amplamente a

disponibilidade interna e o marketing de ofertas e demandas de serviços assim como a seleção e

aquisição dos recursos.

6. Dirigir e coordenar as ações de comunicação que correspondam, com o concurso de outros

componentes da organização assim como a aplicação de técnicas ou recursos necessários.

7. Definir as estratégias de imagem corporativa e assessorar a todas as unidades da organização

sobre como integrar dita estratégia em relação com todos os produtos e serviços organizacionais.

8. Participar do desenvolvimento de programas de balanço social que realize a organização ou

estimular sua execução como um mecanismo adequado para projetar-se à comunidade imediata.

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9. Apoiar as distintas instâncias organizacionais cujo trabalho tenha algum componente de

comunicação ou requeira uma estratégia de projeção da imagem corporativa.

Na busca de definir funções e características existem diversidades de propostas que os

profissionais em Relações Públicas externaram para o êxito e guia do desempenho, assim como

os perfis propostos pelas organizações, por exemplo o perfil proposto pela Revista Negócios da

República da quarta-feira 16 de fevereiro do 2000 que o relações públicas deve obter:

.:. Manejo de comunicação .:. Visão estratégica .:. Dominar ao menos três idiomas. .:. Desejos de aprender .:. Manejo das últimas tecnologias .:. Cultura geral ampla que lhe permita assimilar o que ocorre no meio .:. Capacidades de comunicação .:. Conhecimento amplo de realidade nacional .:. Personalidade que lhe permita ter credibilidade ante gerentes e diretores das empresas. Depois desta breve apresentação cronológica que permite visualizar, de forma geral, os fatores

chave que influíram no desenvolvimento das Relações Públicas, podem-se esboçar as primeiras

tendências globais do fenômeno na Costa Rica:

A. As Relações Públicas na Costa Rica se desenvolvem como uma marcada tendência pública, já

que nascem para apoiar as mudanças impulsionadas pelo estado costarriquenho.

B. A escassa formação profissional é outra tendência que caracteriza o início da disciplina, a

prática desenvolvida pelos pioneiros é um dos fatores que mais contribui a indefinição da

disciplina e, por sua vez, contribui com muitos dos elementos que conformam o estereótipo

de relações.

C. No âmbito acadêmico, as Relações Públicas surgem e se desenvolvem à luz do jornalismo,

tendência que limita os alcance da prática a um nível informativo, em vez de um

comunicativo.

D. O desenvolvimento da disciplina no âmbito privado não se pode publicar no tempo, já que

sua origem e desenvolvimento não é tão evidente como o que se dá nas instituições do

Estado.

E. A agência de comunicação e de Relações Públicas sobre a raiz das necessidades do mercado, especialmente, as do setor privado. Brindam um serviço integral de comunicação, superior ao que oferecem as agências publicitárias.

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5.2.1.4. Profissionalismo A Associação do Relações-Públicas nasceu em 22 de maio de 1990. Antes de sua fundação se

deram alguns choques entre os estudantes de Relações Públicas da Universidade da Costa Rica e

os das Universidades Privadas.

A Associação do Relações Públicas dos profissionais da U.C.R. não estava muito consolidada já

que unicamente permitiam a pessoas graduadas desta universidade.

Depois de um tempo se formou uma Associação do Relações Públicas das Universidades

Privadas e como nesta existiam mais associados os estudantes da U.C.R. (universidade pública)

não tiveram outra alternativa que "jogar a toalha". Por isso, uniram-se e se consolidou a

Associação do Relações Públicas. Muitos companheiros da U.C.R se uniram enquanto que outros

desapareceram.

A Associação é formada por 250 pessoas que lutam por apoiar os colegas que se encontram em

situações difíceis; como por exemplo as que lutam pelo reconhecimento do seu status dentro de

uma empresa.

Para que os profissionais se possam inscrever, devem ser bacharéis em Relações Públicas de uma

Universidade reconhecida pelo Estado, devem encher um passe com seus dados respectivos e

pagar por ano um montante de 43000 que se devem depositar em uma conta no Banco Nacional

da Costa Rica.

Os relações-públicas podem incorporar-se ao Colégio de Jornalistas devido a um recurso de

amparo a favor de uma estudante de Relações Públicas da Universidade Autônoma da Centro

américa. devido a isto a Associação tem sua sede no Colégio de Jornalistas e um representante na

Junta Diretiva.

Em 1999, a Junta Diretiva contava com 4 membros que eram relações-públicas, os 3 restantes

eram jornalistas, e afirma-se que havia uma maior funcionalidade nos trabalhos do que quando só

haviam jornalistas.

Os Colégios Profissionais surgiram de uma associação que é produto da união de direitos

individuais, em que o estado delega a função de fiscalizar o bom exercício profissional.

As leis e os regulamentos de uma associação amparam os indivíduos que se unem por um

objetivo comum, tratando de estabelecer uma instituição que respeita seu direito individual.

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5.3. RELAÇÕES PÚBLICAS NA NICARÁGUA: 5.3.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO Deve-se sistematizar parte da história do que foi feito do material colhido, por isso quando se começa a fazer uma recontagem de que coisas se fez nesse campo, vincula-se o tema das Relações Públicas com a Publicidade. Aqui há alguns componentes que, na prática, ainda existem na atualidade, não dos fundadores, mas sim das pessoas que fundaram estas agências de publicidade. Hoje apesar de continuarem denominando-se como agentes de publicidade, na prática há uns sete anos, procuraram introduzir-se no âmbito das Relações Públicas, quer dizer, eles lhe chamam de comunicação estratégica, tratando que seu produto, sua oferta de serviços tente abranger estes

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pessoa que sabia manejar muito bem suas Relações Públicas, mais especificamente sua imagem era uma pessoa muito ágil. Apesar de ser um militar e independentemente de todo o contexto negativo que pode representar a figura de um ditador, Somoza tinha muita habilidade para manejar alguns componentes do que hoje se chama de Relações Públicas. Por isso, não é de surpreender-se que ainda na Nicarágua em pleno século XXI, existam pessoas que têm saudades e que recordam a Somoza como um homem de muito carisma, pois não era aquele tipo de ditador tosco, militar e repressivo, mas sim tinha uma personalidade que sabia como introduzir-se e chegar até as pessoas. Já seu filho Anastasio Somoza de Baile, o último dessa dinastia, era justamente o contrário, um militar por excelência, ou seja, repressivo por natureza. Toda essa situação influiu também no processo do desenvolvimento das Relações Públicas, porque o esquema de funcionamento das empresas, das instituições ia ao ritmo de como funcionava o aparelho militar, recordando que as Relações Públicas por excelência são exercícios de sociedades democráticas, com alto índice de movimento econômico e social. De um lado, há as pessoas que respondem de uma ou outra maneira, e isso muito se relaciona ao desenvolvimento, porque quando uma pessoa é obrigada e o empurram a ter um trabalho de filigrana de Relações Públicas, e quando na outra calçada há um público exigente que lhe pode levar à falência ou a uma situação de crise. Por exemplo uma das ante-salas das Relações Públicas é precisamente esta grande quantidade de crise políticas e econômicas, que infelizmente ao final terminam resolvendo-se por outra via e não pela via da comunicação e o diálogo. Isto é precisamente o que aconteceu na Nicarágua ao final da ditadura dos Somoza, a qual gerou um movimento “anti-Somozistas” iniciando uma guerra em 1979, que acabou com a ditadura militar. Em 1979, o fenômeno que gerou por exemplo o movimento guerrilheiro “sandinista” é o que se conhece hoje como a propaganda militar, a propaganda política. Quer dizer, tanto a Guarda Nacional como a guerrilha Sandinista fizeram sua própria forma de propaganda militar (típica herança dos Nazistas que foram propagandistas por excelência), na qual a versão de um grupo e a versão do outro, era ver qual dos dois conseguia demonstrar que tinha a razão. Então foi o fenômeno propagandístico o que predominou nesse período de conflito e que não deixa de ser interessante para estudá-lo e revisá-lo, tomando em conta que a prática propagandística não está associada às Relações Públicas profissionais e éticas. É precisamente por esse elemento de instabilidade e da forma de evoluir politicamente o país, que a profissão de Relações Públicas foi relegada a um segundo plano. Na década dos 80, no período do governo Sandisnista, houve uma continuidade da estratégia propagandística na qual não se encontram muitas características de Relações Públicas, de fato algumas das agências de publicidade que de algum forma começavam a fazer publicidade e relações públicas, foram-se do país, porque a atividade publicitária decaiu, devido ao esquema econômico que impunha esse sistema político entre outras coisas descartava o fato de que pudesse dar-se publicidade deste tipo.

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Esse modelo propagandístico militar e político penetrou em diferentes esferas em que todo o aparato de meios de comunicação se movia precisamente na lógica de fazer propaganda. Não é até a década dos 90, quando termina o governo Sandinista que se começa a verter outro modelo econômico em que surgem novamente agências de publicidade e começam a ver-se manifestações de elementos de Relações Públicas, mas de forma muito incipiente, sobretudo quando as organizações, empresas e instituições, percebem a necessidade de desenvolver seu próprio sistema de Relações Públicas. É interessante e oportuno assinalar que na Nicarágua nunca existiu até esse momento uma carreira acadêmica de Relações Públicas. O que existiu foi uma carreira de jornalismo em que de alguma maneira se abordava muito rapidamente o campo das Relações Públicas, já que o enfoque principal era para formar jornalistas. Por esta razão é que se pode notar que muitos profissionais que se formaram no âmbito do jornalismo incursionaram no mundo da publicidade e posteriormente no das Relações Públicas. A outra formação acadêmica que conseguiu exportar profissionais para o campo das Relações Públicas, é o marketing. Com a fundação da Faculdade de Comunicação da Universidade Centro Americana (UCA), na década de 90, segue a tradição de formar jornalistas e de alguma forma introduz algumas disciplinas que se relacionam com temas de publicidade e Relações Públicas. Em 1995, decide-se fazer a primeira experiência das menções, e fala-se em menções de imprensa escrita, de rádio, de televisão e de publicidade, mas nunca de Relações Públicas. O que acontece é que nesse momento já se notava certo auge dessa atividade publicitária e não é até o ano 2000 que se decide novamente oferecer as menções, mas dessa vez dá-se ênfase ao tema das Relações Públicas. Concomitantemente a isso, existiam pessoas que estudavam e se envolviam em assuntos publicitários e de Relações Públicas, sendo que a maioria obteve sua formação fora do país ou de forma autodidata. A chegada deste tema das Relações Públicas muito se relaciona com a atividade e a evolução econômica que teve o país. Por tal razão, a chegada de muitas empresas estrangeiras ao país nos anos de 1999 e 2000 provocou que se gerara a necessidade de comunicar-se por assuntos comerciais, sociais, etc. O outro fenômeno que ocorreu é a presença e proliferação de uma grande quantidade de organizações sem fins lucrativos, as chamadas ONGs. As ONGs também foram marcando tendências sobre a necessidade de poder contar com um sistema de Relações Públicas, mas surgiram muitas confusões e muitas inquietações ao redor do tema porque em muitas ocasiões se confundia o papel do profissional das Relações públicas com o papel do diplomático ou do encarregado de protocolo. Esta situação aconteceu também em outros lugares. Olha-se o relações-públicas como aquela pessoa que está sempre bem vestido, de paletó e gravata. Produto desse enfoque errado, em muitos casos, começou-se a falar não de escritórios de Relações Públicas, mas sim de Unidades de Comunicação. No caso do governo, poucas instituições o denominam como Departamento de Relações Públicas, pois comumente se lhes

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chama de Assessoria de Imprensa e Divulgação, sendo que o termo como tal de Relações Públicas ninguém o quis adotar. Um dos problemas na Nicarágua é a falta de clareza sobre o que é fazer Relações Públicas, porque os profissionais da área da comunicação são jornalistas e publicitários, então ainda é possível sentir que o nível de complexidade que impôs o assunto de Ciências da Comunicação, muitos profissionais não o conseguem assimilar e por isso é toda essa confusão. É fácil encontrar, no Estado, alguns lugares onde faz há muito tempo tem-se constatado claro que coisa é a Unidade ou Departamento de relações públicas, mas o concebem como aquele encarregado de estar em contato com os meios de comunicação, de organizar eventos e nada mais. Mas com a chegada de muitas multinacionais ao país, em 1995 e até hoje, tem sido o que contribuiu a incrementar e impor um ritmo de trabalho em matéria de comunicação completamente diferente, sendo os jornalistas vinculados aos meios os que são absorvidos por estas novas demandas e expectativas. Paralelamente a esta situação, na atualidade, há pessoas que ainda trabalhando em Relações Públicas às vezes pergunta e consulta sobre o campo, precisamente porque em sua formação nunca teve nenhum conhecimento de Relações Públicas. Essa situação produziu uma enorme demanda e provavelmente isso abrirá a possibilidade de criar uma pós-graduação em Relações Públicas. O campo das Relações Públicas em muitos países ao redor do mundo não é novo, mas no caso da Nicarágua é um fenômeno completamente novo. Da sistematização das Relações Públicas pelo Ivy Lê e Edward Bernays nos Estados Unidos, já se passaram cem anos e não é até uma década atrás que as Relações Públicas começaram a crescer e desenvolver-se na Nicarágua. Com a chegada de empresa internacionais, vão-se marcando tendências de trabalho e de algum jeito começa a despertar inquietação de que são realmente as Relações Públicas, como elas funcionam, incitando de alguma forma os profissionais da comunicação a procurarem mover-se em outra escola e além disso complementar sua formação. Em linhas gerais a maioria das instituições do Estado estão infestadas de jornalistas e muito poucos se formaram em Relações Públicas. O nascimento ou o surgimento das Relações Públicas na Nicarágua se está dando na atualidade porque a partir da segunda metade da década do 90, foi que se iniciou seu auge. Ironicamente, essas razões são pelas quais a Nicarágua está evoluindo, apesar de que é curioso ver como no passado pessoas dirigiram no país algo do que se conhece hoje em dia como Relações Públicas, obviamente sem precaver-se de que estavam fazendo trabalhos de Relações Públicas. Provavelmente se possam encontrar a curto prazo estudos que ajudem a determinar e entender bem como nasce e evolui este campo. Por exemplo, poder-se-ia fazer uma recontagem das listas monográficas, que tenham que ver de algum jeito com as RELAÇÕES PÚBLICAS, que ajudem a resgatar a história das Relações no Nicarágua. Em muitas das disciplinas, foram adaptadas pelas Escolas Técnicas e as viram como uma escola de gerência, inclusive na mesma UCA, a bibliografia de Relações Públicas que existia naquele momento, encontrava-se na área de economia e negócios. Já na área de comunicação somente se

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encontravam coisas de jornalismo. Daí que os cursos se estruturavam dentro da lógica da administração e não na lógica da comunicação e, entretanto, muitos ou a maioria das pessoas que se envolveram no mundo das Relações Públicas chegavam via mercado de trabalho, e não via comunicação. As Relações Públicas como profissão não existem na Nicarágua, quer dizer se está criando o espaço, está-se criando em razão da atividade trabalhista, da atividade econômica, mas a profissão como tal não está bem perfilada como, por exemplo, a de um médico, advogado ou um engenheiro já que no âmbito das Relações Públicas ainda não está assim, devido a que na atualidade é que estão germinando os primeiros frutos que irão estruturando este campo como profissão. Mas, ao final de todo esse processo, o importante será como a sociedade os vai reconhecer produto de toda a evolução pelas quais aconteceu o tema da comunicação no país. Resgatar plenamente a história das Relações Públicas na Nicarágua levará sem dúvidas a

entender todo o processo de sua evolução. A tendência em Relações Públicas na Nicarágua sempre foi que relações com os meios, por isso muitos jornalistas estão deixando sua profissão e metendo-se ao campo das Relações Públicas. No caso do âmbito corporativo está basicamente em função de obter a promoção de serviços, a promoção de produtos, por isso é a confusão com o âmbito da publicidade e o âmbito do marketing, porque na prática o que se encontra é instituições que ao final querem estar aí na mente das pessoas, mas incipientemente no âmbito das corporações. Por exemplo. alguns casos interessantes que se relacionam à responsabilidade social, a necessidade de entrar em uma empresa que um cidadão corporativo disciplinado que contribui, mas são casos bem contados. A ênfase principal que você sempre vai estar enfocado e vinculado com os meios de comunicação. Já no tema de administração de crise há muita falta experiência. A evolução do público determina o grau de ativismo e de participação das Relações Públicas, pois se um público não exige muito nem demanda muito, então, não haverá necessidade de lhe dar explicação tão sistemática, em troca se houver outros temas que se demandarem constantemente um trato mais delicado, já que na medida que o público exige e demanda, então se terá que aprender a administrar melhor este tema de crise. Inclusive os próprios meios de comunicação como tal estão tratando de desenvolver seus próprios esquemas de Relações Públicas para sua subsistência. O tema de Relações Comunitárias é muito incipiente, assim como trabalho no âmbito financeiro. No tema da responsabilidade social no Nicarágua, há uma que outra empresa envolta nisto. São programas que estão bem claros e enfocados no bem-estar da população. Os programas de Relações Públicas de muitas empresas contemplam a responsabilidade social por excelência, identificando-se com projetos que beneficiam à sociedade nicaragüense como um todo.

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5.3.1.1. O Estado Atual da Profissão O estado atual das Relações Públicas na Nicarágua está em sua etapa de desenvolvimento, que vai a um passo bastante firme, não muito acelerado, mas seguro. Estima-se que para 2010 a geração formada nesse âmbito terminará por impor alguns modelos de trabalho da profissão e conseguirá ir separando a profissão de Relações Públicas de outras profissões que formam parte das ciências da comunicação. Separar-se quanto a suas funções e seu campo de ação, mas trabalhando unidos em uma comunicação integrada. Igualmente se prevê que virão novas etapas como por exemplo a possibilidade que exista um Colégio e a possibilidade que se defina um Código de Ética. 5.3.1.2. Perfil dos Praticantes Nicaraguenses

Sobre o perfil das pessoas que trabalham em Relações Públicas na Nicarágua, pode-se dizer que a maioria são mulheres, inclusive na parte acadêmica. Quanto ao salário não há estimativas, mas definitivamente isso tem feito que os profissionais do jornalismo migre para as Relações Públicas, porque a estabilidade trabalhista e os honorários são maiores do que no jornalismo. Por isso é que abandonam o jornalismo e entram para a comunicação, porque facilmente podem encontrar uma diferença de salários que podem duplicar e às vezes triplicar entre o que pagam a um jornalista e do que lhe pagam a Relacionista Público. Curiosamente há jornalistas que fazem ambas as coisas: oferecem serviços e assessorias em matéria de comunicação e ao mesmo tempo seguem com seu trabalho de jornalistas. Pela duplicidade do trabalho, para eles é importante estar vinculado aos meios de comunicação, pois há muitos clientes que os contratam precisamente para isso, porque algumas empresas têm necessidade de aparecer no periódico ou na televisão. Então, a razão pela qual se busca muitas vezes o jornalista é porque ele tem a possibilidade de conseguir estabelecer esse vínculo com os meios de comunicação e com o mercado, graças a sua rede de contatos pessoais. Em linha geral os ganhos estimados para a parte das Relações Públicas vão variar dependendo do cargo e da independência da organização. O salário também varia dependendo da região do país em que se trabalha. Por exemplo, alguém que está dirigindo as comunicações em uma ONG, independentemente de estar no interior do país, é possível que seja um bom ingresso, mas pela política salarial dessa organização. 5.3.1.3. Educação em Relações Públicas A universidade Centroamericana da Nicarágua pertence à rede de universidades fundadas e

administradas pela Companhia do Jesus. A instituição oferece, por meio da faculdade de

comunicação, a carreira de comunicação social.

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"O objetivo primeiro que persegue a carreira é formar profissionais que se estão atentos às

transformações sociais do mundo moderno e com os desafios múltiplos e heterogêneas do

âmbito comunicativo".

A área de formação em que se divide a carreira são as seguintes:

Área básica: constituída por matérias de cultura geral, de conteúdo humanista.

Área especializada: com enfoque específico no campo da comunicação.

Práticas profissionais: permite ao estudante tomado contato diretor com sua futura realidade

trabalhista e social.

Cátedra aberta: oferece ao estudante a possibilidade de contar com um espaço para a análise,

discussão, valorização e aprofundamento de situações comunicativas de atualidade.

Oficinas: relacionadas às práticas profissionais das seguintes áreas: meio de comunicação,

publicidade e marketing publicitário.

A universidade centro-americana da Nicarágua inovou a visão acadêmica tradicional voltada ao

campo trabalhista dos meios maciços, orientando a formação acadêmica de forma que o

educando possa funcionar com a mesma capacidade, criatividade, dinamismo e alto espírito

humanitário no palácios ocupacionais mais amplos, por exemplo: comunicação rural,

comunicação educativa, planejamento e investigação de processos comunicativos, comunicação e

cultura, comunicação institucional, entre outros.

O perfil acadêmico da carreira é preparar profissional para ir além do campo tradicional

trabalhista dos meios maciços e funcionar com a mesma capacidade, criatividade e dinamismo e

alto espírito humanitário. Há passeios ocupacionais mais amplos, por exemplo: comunicação

rural, comunicação-educação, planejamento e investigação de processos comunicativos.

A carreira de comunicações da universidade centro-americana da Nicarágua se apóia em um perfil

profissional cujas caraceterísticas mais importantes se apresentam a seguir:

a contribuição do profissional na estabilidade social, mediante a compreensão da realidade

nicaragüense, através do manejo responsável pela informação e da mensagem que produz.

A capacidade para dirigir os recursos tecnológicos, os instrumentos e as técnicas comunicativas

requeridos pela prática profissional, na produção de diferentes tipos de discursos para os

diferentes gêneros jornalísticos.

Desenhar, executaram e avaliar e temas de comunicação interna e externa de instituições públicas

e privadas.

Investigar os processos comunicativos que se expressam através das manifestações culturais e

fundamentada a informação a partir dos resultados.

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O campo trabalhista da carreira se resume em meios de comunicação tradicionais, assim como

outros espaços do setor empresarial e corporativo, o âmbito público e privado. O plano de

estudo da carreira deve, filialmente, ser cursado em quatro anos. Está dirigido a desenvolver em

um estudante, além dos diferentes níveis do conhecimento, as habilidades, as destrezas e os

valores se necessitará o formado na prática profissional. Para isso, o plano destruído orientar a

formas organizativas do ensino-aprendizagem de maneira que fortaleça o binômio teoria-prática,

assim como a implementação de métodos independentes, interativos e práticos.

"Os seres curriculares que sustenta na aprendizagem teórico-prática é a realização de oficinas,

práticas profissionais, investigação e carteira aberta. Esta última oferece ao estudante a

possibilidade de contar com um espaço para a análise, discussão, valorização e aprofundamento

de situações comunicativas de atualidade" 94

Das 52 pesquisas que estão prestes a ser defendidas na Faculdade de Comunicação fa

Universidade Centro Americana, 18 delas têm que ver com temas de Relações Públicas, um

pouco menos da metade que é 40% dentro do que se chama “produto criativo”, é aí onde lhes

inculca a inquietação de desenvolver um tema de pesquisa. Uma das coisas que se pede aos

estudantes é que se comprometam a fazer produtos criativos. Assim, fazer uma campanha

comunicativa ou um programa de Relações Públicas, têm que levá-lo a cabo, por isso se lhes diz,

que quando apresentem suas propostas procurem que elas não transcendam a âmbitos tão

ambiciosos, porque o que se quer é que demonstrem afinal seus produtos e que alcancem suas

metas. Isto tem validez, porque impõe a diferença da tese monográfica, fazer um diagnóstico com

o qual vai demonstrar a possibilidade, a solução que estão oferecendo do ponto de vista

comunicativo. Uma vez que tenham esse diagnóstico os alunos entram na etapa de produzir o

produto, fabricar o produto, se for o caso de um documentário, pois então o farão à maneira da

pré-produção, mas se se trata por exemplo de um programa de Relações Públicas, ou uma

campanha de Relações Públicas, etc, nessa etapa comecem a desenhar a estratégia corno tal.

Depois vem a parte de aplicá-la, para que posteriormente na última fase do produto se validem os

resultados do que foi desenvolvido. Assim quando forem ante a banca examinadora terão que

demonstrar o útil, o viável e quão original é o produto.

A turma originalmente que se ia formar com a menção em Relações Públicas teve um problema,

então a Faculdade, a Universidade, nesse momento adotou a resolução de que o estudante além

da menção de Relações Públicas, obtivera também a menção de Imprensa Escrita. Havia um

problema na quantidade de estudantes, pois estava muito baixa. O curso pedia um mínimo de 25

alunos e entre ambas as menções apenas se chegava a 19-20, então a faculdade decidiu juntar as

94 Op cit.: 36, P. 3.

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duas turmas e outorgar uma menção parecida. Essa situação não se repetiu mais, de tal maneira

que os estudantes que vão defender proximamente, vão ter a menção exclusivamente de Relações

Públicas. Desse grupo, apenas seis estudantes completaram seus estudos. A primeira estudante

que se formou foi Myriam Castillo, que apresentou um produto criativo no qual tratou de

combinar o tema da Imprensa Escrita com as Relações Públicas. Ela foi à Penitenciária de

Mulheres e apresentou uma proposta de como ensinar gêneros de imprensa escrita como uma

forma de contribuir à reabilitação destas mulheres. Então ela realizou oficinas, envolvendo em

seu projeto às mulheres que pelo menos tinham um nível de Bacharelado. Ela lhes ensinou a

escrever gêneros de opinião, artigos e inclusive de alguma ou outra maneira as ensino também

como se redigia uma notícia, para que ao final as detentas também pudessem redigir suas próprias

histórias dentro da Penitenciária e as publicassem aí mesmo. Esse foi o projeto com o que se

despontou o tema das Relações Públicas.

Esses são trabalhos que vão contribuir com novas idéias de que coisa é, em que consistem estes

trabalhos, esta profissão.

Na Nicarágua se utiliza uma base teórica que se dá a todos os estudantes em uma disciplina básica

que se chama Relações Públicas. Independentemente da escolha do aluno (imprensa, televisão,

etc.), lhes dará uma explicação muito oral do que consiste a profissão de Relações Públicas, qual é

seu âmbito. Para tal fim os professores trabalham muito com autores norte-americanos,

espanhóis e mexicanos, sobretudo com Barqueiro.

Os profissionais da comunicação na Nicarágua, não tiveram problemas em adaptar por exemplo

as teorias norte-americanas sem que necessariamente exista um choque cultural.

Os docentes sempre explicam a opção norte-americana e assim recordar o contexto no qual se

desenvolveu o campo e depois tratar de adaptá-la ao plano nicaragüense. O que se quer saber é o

que se pode utilizar destas teorias e o que não se pode utilizar. O mesmo ocorre no caso dos

espanhóis ou inclusive dos argentinos, porque se utilizaram também alguns trabalhos argentinos.

Aparece também Sam Black, porque é considerado um autor clássico. Já quando os estudantes

entram na parte da menção estrita, passam por quatro disciplinas chamadas de oficinas: ao

primeira oficina lhe chama de Métodos de Investigação e Avaliação de Relações Públicas, a

segunda de Oficina de Produção para Relações Públicas, a terceira de Oficina de Programas de

Campanha e o último de Oficina de Direção das Relações Públicas. A idéia com as quatro

oficinas é que o estudante entenda como é que as Relações Públicas funcionam nos 4 ciclos: o

ciclo de investigar, de planejar, de executar e de avaliar. além disso com a última oficina se insiste

muito em todo aspecto: a) a necessidade de estudar constantemente casos, porque sempre se está

realizando estudos de casos que são totalmente diferentes, então a necessidade de ir-se

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sistematizando um compêndio de estudos de caso. Então esse tema do estudo de caso é para a

última oficina, aonde o estudante aprende e entende o assunto, o papel de gerente de Relações

Públicas, de como estruturar sua própria firma de Relações Públicas e inclusive estruturar um

Departamento de Relações Públicas. Essas duas coisas são importantes e também na última

oficina o estudante aborda o manejo de crise e o manejo das Relações Públicas de um âmbito um

pouco mais internacional.

Na Oficina de Produção, os estudantes aprendem coisas sobre desenho gráfico para Relações

Públicas, comunicação pública interpersonal oral (redigem discursos, aprendem a dirigir-se ao

público, o uso da televisão, a rádio, criam mensagens de interesse social, de responsabilidade

social. Também o tema dos recursos digitais, da Internet, as páginas Web, etc.

Por isso é a necessidade de diversificar na carreira, porque em um quatrimestre, deve-se abordar

todas estas coisas rapidamente e de maneira muito geral.

Isso tudo demonstra que a formação do aluno pelo menos brindou a possibilidade de deslocar-

se em um novo terreno, porque curiosamente na Nicarágua lhes chama de “Estagiário” e a

maioria das pessoas que quer fazer convênio com as universidades para estagiário, são estudantes

que têm que ver com assuntos de Relações Públicas.

Desta forma pouco a pouco se vai empurrando o tema das Relações Públicas. Tudo isto lhe dá

alicerces teóricos de como foram evoluindo as Relações Públicas.

A Universidade Nacional Autônoma de Manágua oferece a licenciatura em Filologia e Comunicação que tem como objetivo:

1. Proporcionar uma formação de caráter geral que reflita um conhecimento adequado dos aspectos da Língua e a Comunicação.

2. Dominar os métodos e técnicas atuais de investigação social aplicáveis ao campo da Filologia e as Ciências da Comunicação.

3. Dominar os fundamentos de Marketing e Administração necessários para elaborar estratégias de comunicação organizacional.

4. Desenvolver habilidades e destrezas para o desempenho de funções específicas no campo da comunicação maciça, divulgação e publicidade.

5. Desenvolver uma atitude humanista, ética e criativa frente às provocações que expõe a sociedade.

O Perfil acadêmico da Licenciatura em Filologia e Comunicação da Universidade Nacional Autônoma de Manágua supera as expectativas, pois está capacitado para realizar cargos e funções na área de Comunicação e Literatura. Um desses cargos é o de relações-públicas.

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5.3.1.4. Profissionalismo A necessidade de criar uma Associação de Relações Públicas na Nicarágua deu seus primeiros passos através de contatos com a CONFIARP, procurando sua assessoria para poder ir dando forma à profissão, mas se passaram cinco anos e não se conseguiu nem concretizar a personalidade jurídica, nem mesmo a Associação, porque ocorreu um fenômeno estranho: por toda a situação política que se viveu e se teve no país, muitas pessoas têm a crença de que este tipo de associação pode converter-se em uma espécie de sindicalismo em prol de algum partido político, ou seja, pode-se converter em uma espécie de seita política. Por isso muitos profissionais ainda estão muito céticos com relação ao papel que desempenha esta associação. Apesar de toda essa problemática se continuam realizando esforços para lhe dar vida e forma à associação. Outro tema levado à discussão na Nicarágua foi o da criação do Colégio de Jornalistas. Todo este debate esteve marcado pelo tema político, porque na Nicarágua encontra-se o fenômeno da existência de duas associações de jornalistas que têm clara e marcada tendência política. Para não deixar cair a idéia da associação de Relações Públicas se está aproveitando a academia para ir inculcando à nova geração (que efetivamente vai se formar baixo essa óptica) a ir criando outra mentalidade de como lhe dar vida à associação. O suporte dessa associação será sem dúvida alguma todos esses novos profissionais que se formassem com a menção em Relações Públicas e que se caracteriza por ser a primeira que será oferecida em uma Universidade e no interior do Nicarágua. O que acontece é que precisamente pela múltipla gama de interesses e por razões de mercado, provavelmente essa carreira não tenha necessariamente o nome estritamente de Relações Públicas, pois se está pensando em dirigir um conceito mas de comunicação corporativa, enfocado em um perfil de alguém que domine os temas da comunicação organizacional, da publicidade e das Relações Públicas, porque todas essas receitas vão ser necessárias para posteriormente marcar, dois horizontes distintos têm que acompanhar o ritmo do desenvolvimento do país. Atualmente se buscam mais as Relações Públicas e se está abandonando a Publicidade já que as Relações Públicas são vistas como uma opção mais econômica. Atualmente no Nicarágua, a nova geração de estudantes de comunicação já estão claros, no que é entrar no mundo do jornalismo, das comunicações em Relações Públicas. Muitos dos membros que estão lutando pela criação da Associação de Relações Públicas, saúdam-se no dia do Jornalista como se fora o dia dos relacionistas públicos e inclusive quando lhe estava dando forma à idéia da Associação, haviam pessoas que diziam que tinha que ser requisito indispensável ser jornalista para formar parte da agremiação. Isto é fácil de entender porque a maioria deles na prática são jornalistas. Então estrategicamente eles se sentiam que sua formação jornalística, poderiam praticar livremente as Relações Públicas, e com esse requisito queriam assegurá-la oportunidade de trabalho neste campo. Os intentos por fundar uma Associação de Relações Públicas vem desde ano 2002. De fato, já se participou de dois congressos da CONFIARP, pois participar e estar em contato com uma

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associação como esta é uma oportunidade de entrar em contato com associações já constituídas que possam ajudar para ir dando vida a esta associação no Nicarágua e posteriormente formar parte da CONFIARP. Noroni (2005), sente que a vida desta Associação a vão obter a dinâmica dos formados, porque já estes estudantes que saem com seu título embora seja do MENCION, sairão convencidos de que as Relações Públicas é sua profissão e que essa é a razão pela qual estudaram quatro anos. Por isso é que se estabeleceu claramente o assunto acadêmico, incu1cándole à nova geração, a necessidade da Associação e para que eles possam ir dando vida à Associação.

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4.4. RELAÇÕES PÚBLICAS EM HONDURAS 4.4.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO No seu “Diagnóstico do Desenvolvimento das Relações Públicas em Honduras”, a Licenciada

Patricia Murillo de García, docente da Escola de Jornalismo na Universidade Nacional Autônoma

da Honduras (UNAH), afirma enfaticamente que até recentemente não existia esforço

institucional por profissionalizar este trabalho em seu país, apesar de ser uma tarefa

eminentemente administrativa e necessária em todas as instituições públicas e privadas.

Neste sentido, entre outras deficiências enumeradas, assinalou as mais próprias das instituições

governamentais. Estas são:

-Pessoal não qualificado,

-Falta de verbas orçamentárias,

-Nenhuma contribuição ao fim último de Desenvolvimento Nacional,

-Instituições amorfas, sem imagem, nem positiva nem negativa

-Falta de coordenação interna e inter-institucional

Para a mesma estudiosa, no setor privado, esta atividade caoticamente tinha adquirido

denominações variadas como Departamento de Comunicação, Comunicação Inter-institucional e

outras, geralmente sob a coordenação de outros profissionais que não sempre eram jornalistas ou

profissionais da comunicação.

Por outro lado, também salientou a importância do elemento ético no desenvolvimento efetivo

das Relações Públicas em Honduras, sob o conceito de que ela constitui uma filosofia social da

gerência, expressa em decisões políticas que, mediante estratégias, executam ações.

Finalmente, Murillo de García recomenda oportunamente a reflexão em torno das questões

seguintes: Qual a posição hoje dos Relações-Públicas de Honduras?, Para onde vão? Todo o

qual deve pressupor as atividades globais e de alto nível.

Ademais, ao continuar com suas reflexões sobre a autoimagem, perguntou em nome de todos os

Relacões-Públicas hondurenhos: Como me vej?, Como me vêem? ou Qual é a imagem ideal?

Em outra palestra “A Imprensa e as Relações Públicas da Perspectiva de um Repórter de um

Meio de Comunicação Social, apresentada pelo Licenciado Francisco Javier Mejía, Chefe de

Redação do Noticiário ‘Abrindo Brecha’, canal 7 e da Revista Falemos Claro.

A exposição deste jornalista se orientou a transmitir uma conversa muito rica em experiências e

exemplos, destacando os pontos centrais que devem incumbir e considerar os Relações-Públicas,

com relação ao jornalismo hondurenho. Assim, apresentou o seguinte quadro:

-Mais de 60% das notícias nacionais provêm do governo.

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-A relação entre os repórteres e os Relações-Públicas é de aliança e não de confrontação.

-As Relações Públicas são uma forma criativa de fazer um bom jornalismo.

-Os Relações-Públicas devem melhorar seu trabalho para causar impactos nos meios de

comunicação

- Os Relações-Públicas são canais e fontes de notícias: rotineiras, como comunicados de

imprensa, eventos não espontâneos, etc. Individuais, tais como entrevistas por iniciativa do

repórter, eventos espontâneos e investigações independentes, a análise do repórter. Informais

como sessões de filtrações, procedimentos não governamentais e, finalmente, informações de

outras organizações de notícias.

Certamente, este expositor resumiu a importância que deve ter o Relacões-Públicas com os

jornalistas. Contudo, de modo formal e em relação às fontes, citou indivíduos e organizações que

costumam transmitir informação à imprensa.

No tema “A Imprensa e as Relações Públicas e da Perspectiva do Relações-Públicas”, obteve-se

a participação dos Tenentes Coronéis Napoleón Santos Aguilar e Mario David Villanueva,

Diretor e Sub-diretor da Direção de Relações Públicas das Forças Armadas de Honduras,

respectivamente.

A primeira etapa foi exposta pelo Tenente Coronel Villanueva, que basicamente expôs que o

programa de Relações Públicas das Forças Armadas se orientava em três específicas direções:

1a) Informação Interna;

2a) Informação Pública e

3a) Relação com a Comunidade.

Ao referir-se às limitações, mencionou as comuns a todos, a falta de coordenação, técnicas e

orçamentárias e multiplicidade de funções. Ao mesmo tempo que se fez a interrogante: Como

se consideram suas relações com os repórteres dos diferentes meios, resumindo que os mesmos

se emolduram numa “política de portas abertas” e, para finalizar, mencionou quatro elementos

que afetam a relação tripartita ‘RP - Forças Armadas – Repórteres’.

1o

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190

3o) Alguns conceitos empresariais e estruturais nos próprios meios de comunicação afetam esta

relação ao sobrepor seus próprios critérios à seriedade e objetividade.

4o) A luta de interesses entre os mesmos repórteres e grupos, do mesmo modo que o estado de

ânimo, de determinados momentos, influi negativamente na objetividade e o enfoque que lhe

dêem à informação.

O Licenciado Oblan Valados, um ex-candidato presidencial pela Partido de Inovação e Unidade

Democrática PINU-SD, nas eleições de 1993, e também empresário afirma que as Relações

Públicas são uma resposta a uma necessidade. No setor privado, elas são basicamente motivadas

pela luta pelo mercado e competência econômica, e, no setor público, dedicam-se à obtenção de

credibilidade de instituições e funcionários, destacando-se que o papel das mesmas deve ser o

lucro de uma imagem institucional positiva.

Remarcou-se o conceito de feedback entendido como polir, melhorar estilos e hábitos de

informação pública, como parte de um processo cíclico, sem menosprezar as críticas de fontes

sérias. Quanto ao elemento ético, destacaram-se os seguintes conceitos: confiança; credibilidade;

verdade (mas uma verdade sempre disposta a construir). Palavras que devem sempre ser

acompanhadas de feitos, já que a não ocorrência deste último é uma grande contradição na atual

sociedade.

Portanto, o Relações-Públicas deve estar nas grandes decisões na engrenagem do que forma

parte, seja no setor público ou privado.

Ao mesmo tempo, o Relações-Públicas deve ser livre, para assim consolidar sua qualidade

humana. Em sua exposição final, fez menção de algumas palavras-chave para o sucesso das

Relações Públicas, tais como ser inquisitivo, reto, íntegro e multidisciplinar.

Paul Kozelka, representante da Imprensa da Embaixada Americana em Honduras versou sobre

“As Relações Públicas internacionais”. O porta-voz partiu de dois aspectos: a agressividade e o

negativismo. Em Honduras, lamentavelmente para o expositor, a notícia que mais se vende é a

negativa, já que segundo ele descuidou-se de vez a ética; logo, passa-se por cima da objetividade e

da correção, pois para muitos o lema tornou-se “Fama e Fortuna”, não importando quais são os

meios para atingi-las.

No jornalismo hondurenho prima um instinto ‘gregário’, que consiste na repetição do dito pelo

primeiro jornalista, o qual nesse percurso faz que a informação final se distorça.No transcurso de

sua dissertação fez uma série de recomendações, que vem de uma prática como Relações-

Públicas Público. Isto é, guardar um registro do dito, depois de ter sido consultado pelo telefone.

Logo falou de duas coisas que lhe podem facilitar a vida:

a) Não mentir conscientemente aos meios

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b) Ser aberto com os repórteres

Também aproveitou para se referir a princípios e práticas direcionadas ao êxito no trabalho de

Relações Públicas, entre eles citou três esboços para dar entrevistas e depoimentos.

1o Estar bem preparado

2o Ter claro um objetivo

3o Ser singelo.

Continuando com esta ordem de recomendações falou de três tipos de ‘perguntas de armadilha’.

A ‘pergunta com prólogo carregado’; a ‘pergunta com um e outro’ ; a ‘pausa vergonhosa’.

Ilustrativamente, o senhor Kozelka recomendou fazer o seguinte após ter sofrido algum dano por

parte dos repórteres: avaliar o dano; não avivar o fogo (escrevendo uma nota e esperar 24 horas

para enviá-la ou não); fazer chamadas explicativas e, se se sofreram danos por tergiversações

sérias, enviar uma carta para solicitar outra entrevista na qual se esclareçam aspectos concretos.

Essencialmente, enfim, o Relações-Públicas Público, deve ser aberto, tranqüilo, positivo e

amável. E, no caso particular de Honduras, recomenda-se muito mais capacitação através de

experiências, como participação militante em eventos e oficinas, nas quais se possa compartilhar e

discutir problemas, inquietações e expectativas.

“Os afazeres fundamentais das Relações Públicas, exposto pelo Licenciado Carlos Bonilla

Gutierrez, Assessor do Centro Interamericano de Estudos de Segurança Social (CIESS) do

México, versou entre outros aspectos, justamente sobre aqueles estereótipos que o Relações-

Públicas não pode representar. Isto é:

� O cavalheiro da mão fria

� O grande simpático

� O senhor dos aeroportos

� O grande contato com a imprensa

� O homem orquestra (que faz qualquer coisa, já que muitas vezes toda atividade acessória é

atribuída a ele.

Em seguida, estabeleceu que o elementar no Relações-Públicas é comportar-se bem e que o

saibam outros, o que envolve dois elementos-chave: o primeiro, uma conduta organizacional da

empresa ou instituição; o segundo, uma estratégia adequada para conhecer o mundo interessado

e circundante.

Um conceito conclusivo do exercício profissional do Relações-Públicas foi estabelecido pelo

Licenciado Bonilla, lembrando que este foi o acordado na primeira Assembléia Mundial de

Relações Públicas, no dia 12 de agosto de 1978 em México, e que à data afirmou que: “Relações

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Públicas são uma ação planejada com apoio da investigação na comunidade sistemática e na

participação programada para elevar o nível de entendimento, solidariedade e colaboração entre a

entidade pública ou privada e os grupos sociais a ela vinculadas, no processo de integração de

interesses legítimos, visando a difusão de seu desenvolvimento recíproco e da comunidade a que

pertence”.

Do mesmo modo, o Licenciado Bonilla particularizou que as Relações Públicas são uma função

orgânica, já que cumprem na sua totalidade as fases do processo administrativo: Planejamento,

Organização, Direção e Controle; sendo seus problemas-chave dois, um é da conduta e o outro

é da comunicação.

Referindo-se à realidade atual, o Licenciado Bonilla enfatizou que as organizações têm de cumprir

sua responsabilidade e isso já não é algo optativo, mas sim um assunto de sobrevivência, pois

hoje o ser humano está melhor educado, mais informado além de ser mais cauteloso para aceitar

a percepção meramente sensorial.

Partindo desse princípio e considerando o entorno global próprio de uma Economia Neo-liberal,

o Licenciado Bonilla fez menção de conceitos como os seguintes:

- Competência Mundial;

- O Mercado é o patrão para medir a eficácia;

- Interdependência do entorno;

- Sociedade mais informada, participativa e exigente;

- A mudança é a única constante;

Neste entorno, detecta-se uma série de Necessidades Organizacionais, tanto a nível da

Organização como dos colaboradores. Em geral estas necessidades apontam para a mudança a

uma cultura da competitividade. Esta última contempla, entre outras coisas, a adaptação à

mudança, a eficiência, a produtividade, a integração ao entorno.

Finalmente, o Licenciado Bonilla recomendou que o Curso de Relações Públicas deveria já de

comportar o nível de Pós-graduação e Bacharelado ou Licenciatura.

O tema “Cultura e protocolo como fatores primitivos nas Relações Públicas” foi discutido pelo

Licenciado Roberto Oito Madrid, Diretor de Protocolo da Secretaria de Relações Exteriores da

Honduras.

Ele inicialmente tratou do conceito de cultura, esclarecendo que não tem uma relação estrita ou

íntima com a educação formal. Além disso, versou sobre uma série de elementos compreendidos

nesse conceito, tais como: a moralidade, a percepção de Deus e da religião, a pontualidade e o

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1. A profissionalização em Relações Públicas em Honduras não existiu em forma

institucionalizada, a não ser graças à iniciativa própria dos Relações-Públicas.

2. As Relações Públicas são, hoje em dia, mais do que nunca, indispensáveis em todas as

organizações públicas e privadas.

3.- A sociedade demanda profissionais capacitados em Relações Públicas que garantam o lucro

dos objetivos organizacionais.

4.- A relação entre o Relações-Públicas e os repórteres (da imprensa em geral) deve ser de aliança

e não de confronto.

5.- As Relações Públicas são uma função orgânica, pois cumpre com as fases do processo

administrativo: planejamento, organização e controle.

6.- O elemento ético é fundamental na tarefa do Relações-Públicas.

5.4.2. Educação em Relações Públicas Em Honduras, o primeiro centro de educação superior que ofereceu a disciplina de Relações

Pública foi o curso de jornalismo da Escola de Jornalismo da Universidade Nacional Autônoma

de Honduras (UNAH). A Escola de Jornalismo foi criada em 1965, mas começou a funcionar em

1969. Desde sua fundação a Escola já formou, várias gerações de comunicadores nas áreas de

imprensa, rádio e televisão.

O currículo que atualmente orienta a formação acadêmica do educando consta de 44 disciplinas,

as quais foram divididas em sete ciclos (ver anexos). O perfil está orientado a formar profissionais

capazes e honestos, dedicados a servir à comunidade hondurenha com plena consciência de que

o comunicador requer de cultura humanística e social. Seu campo trabalhista pode englobar-se no

campo dos meios de comunicação social: imprensa, rádio e televisão, assim como em outras áreas

da comunicação afins ao campo jornalístico. Uma destas áreas são as Relações Públicas.

No que respeita ao perfil profissional, a universidade forma a seus educandos de forma que estes

sejam capazes de interpretada tanto a comunicação interpessoal como a massiva, com capacidade

de investigar os fenômenos sociais da comunicação e suas implicações éticas, para estabelecer

assim compromissos apoiados em valores, analisar criticamente contidos e funcionamento dos

meios.

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O profissional de comunicações das universidades hondurenhas se pode desempenhar em

organizações públicas, privadas e civis na área de jornalismo, produção de impressos, roteirista,

programas visuais, divulgação científica, difusão cultural e planejamento de campanhas de

comunicação.

O propósito da disciplina de “Relações Públicas” ministrada no curso de jornalismo, da Escola

de Jornalismo da Universidade Nacional Autônoma da Honduras pretende que os estudantes

dominem o conhecimento, habilidades e destrezas que lhes permitam mediante a disciplinas

contribuir ao funcionamento e desenvolvimento recíproco das organizações públicas e privadas

do país.

O objetivo geral da disciplina de “Relações Públicas é conhecer o contexto organizacional das

Relações Públicas, seu conceito, campo profissional, âmbitos de ação, formulação de estratégias

que permitam vincular a prática comunicacional com a organização em função da

responsabilidade social, para a consecução de objetivos que procurem seu próprio

desenvolvimento e da comunidade.

Os objetivos específicos da disciplina são:

Que os estudantes destinem o conceito e campo profissional das Relações Públicas.

Que os estudantes adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades que lhes permitam

aplicá-los em unidades ou departamentos de Relações Públicas em organizações públicas e

privadas.

Que os estudantes conheçam as fases da função integral e as técnicas de pesquisa nas Relações

Públicas.

Que os estudantes descubram os efeitos da opinião pública no desenvolvimento da

organizações e o comportamento ético neste campo.

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5.5. RELAÇÕES PÚBLICAS NA GUATEMALA 95 5.5.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO

É muito difícil tratar este tema, posto que as Relações Públicas na Guatemala ainda não alcançam

o grau de maturidade que têm em outros países. Há poucos anos empresas grandes começaram a

incorporar em suas funções as Relações Públicas. Entretanto, muitas ainda não contam com um

departamento definido para cobrir esta necessidade. pode-se afirmar que no setor público, as

coisas melhoraram quanto a esta função, o governo incorporou quase em todas suas

dependências um escritório de comunicação social, que desenvolveu certas funções, e as que

trataram que consolidar-se através das reuniões periódicas que realizam para tratar temas de

interesse mútuo.

Em adição ao anterior se pode dizer que as entidades autônomas no setor público são as que

melhor adotaram estas funções tal é o caso do Banco da Guatemala, que conta com um dos

departamentos de relações publica melhor organizados no país, também se deve falar do

departamento específico que tem a Municipalidade da cidade capital da Guatemala, também os

dois corpos de bombeiros que existem no país têm seu departamento, que embora parecesse que

só é um escritório de informação, cumprem outra série de funções em pró do bem-estar de seus

públicos.

Por outro lado, Guatemala já conta com empresas que trabalham como consultores em Relações

Públicas, entre as quais podemos mencionar ao Burson-Viarsteller talvez a mais importante pela

classe de clientes que dirige, entre os que se pode contar a Presidência da República da

Guatemala. Esta técnica é a de moda e lhe conhece em termos de “reingeniería” como outsourcing

ou recursos externos.

As universidades contam já com carreiras afins a esta arte como as ciências da comunicação e a

administração de empresas, que incluem em seus planos de estudos cursos sobre Relações

Públicas. Assim, também algumas empresas privadas dedicadas à superação profissional repartem

cursos sobre a matéria, o que não é muito comum; isso ocorre por exemplo com a empresa

Tayasal.

De modo que ainda há muito caminho que percorrer na Guatemala, quanto a Relações Públicas

se refere, entretanto se pode asseverar que o avanço que se vê para esta profissão no presente em

outros países está perto e logo de realizar-se no país.

95 Este texto foi desenvolvido a partir de material bibliográfico e entrevistas realizadas neste país.

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5.5.1.1. O Estado Atual da Profissão Pode-se verificar na Guatemala que ainda persistem muitos dos procedimentos tradicionais nas

suas empresas, a direção organizacional do gerente dessas empresas é mais operado pelos

métodos que ajudarão ao incremento das vendas, já sejam estes serviços ou produtos.

A coalizão dominante preocupa-se mais pelos resultados e não pelos procedimentos, ou pelas

técnicas, instrumentos que utilizam os operários para exercer com eficiência o trabalho

encomendado por seus superiores. Este estilo gerencial é próprio da escola clássica, claro que

também se observam exceções e algumas técnicas que se contemplam na escola conductual, como

por exemplo a comunicação, com a diferença que esta comunicação é a nível hierárquico.

A direção tradicional das organizações guatemaltecas se deve ao pessoal que as dirige. Os

gerentes ou similar a esta categoria, qualquer que for o sistema estatal, municipal, autônomo ou

semi-autônomo das empresas. Por conseguinte estas pessoas atuam de forma ditatorial (escola

tradicionalista) ao administrar as organizações. O gerente que trabalha dessa maneira não

considera, portanto, a função social que realizam as empresas para o desenvolvimento das

pessoas que as integram.

Para evitar problemas, a autoridade máxima em toda organização deve ser exercida por pessoas

profissionais do seu campo, que certamente, deverão atualizar seus conhecimentos para aplicá-los

no desempenho de sua profissão e contribuir ao desenvolvimento da organização. Este aspecto é

pouco considerado na Guatemala; isso é fácil de ser identificado, observando-se as longas filas

que se fazem para trâmites dos assuntos legais, os assuntos hospitalares entre outros.

A deficiência na direção das organizações guatemaltecas se deve, em sua maioria, ao empirismo, é

dizer, são dirigidas por pessoas que têm feito carreira dentro da mesma empresa, mas não têm

conhecimento teórico, portanto as decisões são dirigidas apoiando-se na experiência que tiveram

através dos anos.

Para corrigir esse fenômeno, as empresas guatemaltecas estão criando melhores oportunidades de

e implementando novos métodos para modernizar a organização. Estão empregando

profissionais para mudar e modernizar a estrutura da empresa. Nesta fase de mudança, tropeça-se

com a luta tradicional, com decisões e ditaduras destas pessoas a quem por respeito ao seu tempo

de trabalho na empresa se deve dar um tratamento especial. É neste momento quando se requer

da ciência da comunicação e do profissionalismo do perito na matéria.

Daí que a comunicação seja uma das variáveis importantes que intervém na estrutura de uma

empresa. A metodologia pode ser uma ou outra ou várias, mas sem a comunicação apropriada

não se podem obter os resultados planejados em qualquer empresa. É isso precisamente o que

falta à direção empresarial guatemalteca tanto a nível interno como externo.

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Deve-se mencionar que as organizações guatemaltecas são muito variáveis devido à instabilidade

econômica do país.

A direção das organizações empresariais na Guatemala mesmo que de forma incipiente estão

concordando com as exigências e as necessidades do público em geral, para isso está

reestruturando as suas políticas e metas da empresa. Utilizando a metodologia mais profissional

para solucionar os problemas dos procedimentos de trabalho tanto a curto como a longo prazo,

o que lhe permitirá oferecer um serviço profissional e rápido ao consumidor.

O cargo de relações-públicas na Guatemala não é ocupado comumente por profissionais peritos

formados na matéria. Como não existe o curso universitário de Relações Públicas, outros

profissionais das ciências da comunicação (jornalistas, publicitários, etc.) atuam, assim como

também os vindos de outras áreas não tão afins como engenheiros, farmacêuticos, licenciados em

letras, etc. No entanto, na ausência de profissionaus de Relações Públicas, os licenciados em

ciências da comunicação são os que têm mais aptidões e capacitados para levar adiante a função

de Relações Públicas com profissionalismo.

As Relações Públicas no setor estatal na Guatemala estão mal enfocadas. Já a iniciativa privada é a

que apresenta melhores espectativas nesta matéria.

As organizações guatemaltecas muitas vezes não têm um departamento específico de Relações

Públicas. Por exemplo, algumas organizações estatais têm secretarias que se encarregam desta

função, em outras instituições nem sequer contemplam o termo de Relações Públicas em seu

organograma. No entanto, praticam funções específicas como de informação e divulgação. as

funções que abrangem as Relações Públicas vão além de simplesmente divulgar informações.

As organizações na Guatemala ainda não se liberam da dependência, regras e condições impostas

pelos países industrializados. Mas o irônico é que esse fenômeno nem sequer ajudou a Guatemala

a ser pioneira na prática das Relações Públicas (tomando em conta que esse campo se originou no

final do século XIX e início do século XX em países industrializados). Na Guatemala, as Relações

Públicas são timidamente consideradas como ponto chave para o desenvolvimento empresarial,

ou seja para o desenvolvimento do país.

Na Guatemala, a realidade das Relações Públicas é incipiente e de relativo atraso. No entanto,

surge a seguinte questão como solucionar esse problema? A resposta é uma reestruturação

organizacional nas fontes primárias, ou seja, nos organismos estatais, para indicar ao resto das

organizações por onde iniciaram a mudança para melhorar a administração no país. Se se fizer

isso os resultados serão múltiplos já que um benefício não conduzirá a outro. Uma boa

organização deve evitar os contratempos antes que eles se apresentem e assim solucionar perdas

de tempo, energia humana e dinheiro.

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200

É importante observar que, neste acordo salarial, o ofício ou a profissão de licenciado em ciências

da comunicação não aparece dentro da classificação.

Entretanto, em caso de contratação de um profissional em comunicação, classifica-se dentro da

série de profissionais com um salário que oscila entre 2100 quetzales e 2975 quetzales.

5.5.1.3. Educação em Relações Públicas Atualmente, a Guatemala conta com cinco universidades que oferecem ao estudante variadas

opções de estudo profissional. Uma dessas universidades é estatal e as outras quatro são privadas.

Entretanto, somente três contam com escolas ou faculdades de comunicação: Universidade de

San Carlos, Universidade Rafael Landívar e Universidade Francisco Marroquín. O curso de

ciências da comunicação nasceu graças à antiga Escola Centro-americana de Jornalismo, que de

1952 a 1974, esteve representando a nível centro-americano o estudo superior de jornalismo. No

entanto, seus sérios problemas organizativos e financeiros, pelos quais estava atravessando,

motivaram a reorganização de tal estabelecimento e a separação total da Faculdade de

Humanidades.

Em 1975, a “Escola Centro-americana de Jornalismo” trocou seu nome por “Escola de Ciências

da Comunicação”, com uma nova estrutura acadêmica administrativa e financeira, o que

beneficiou o estudante universitário.

Até 1983, a nova Escola em Ciências da Comunicação ofereceu dois títulos acadêmicos que a

Escola Centro-americana de Jornalismo: jornalista profissional e licenciado em ciências da

comunicação. Um ano depois, incorporou em seu plano de estudos os cursos de publicitário

profissional, locutor profissional e fotógrafo profissional, esta última se suspendeu por carecer de

alunado. (Manual de organização, USAC, 1986).

A universidade de San Carlos foi a primeira casa de estudos no país a oferecer a carreira de

ciências da comunicação, hoje em dia, existem universidades privadas que brindam o estudante

com esta mesma oportunidade, como a Universidade Rafael Landívar e Francisco Marroquín.

Em 1961, foi fundada a Universidade Rafael Landívar, primeira universidade privada do país,

que, em 1962, iniciou suas atividades acadêmicas. Mas não foi até o ano de 1980 que a Faculdade

de Humanidades incorpora o programa de ciências da comunicação. Este programa foi criado

para nivelar academicamente aquelas pessoas que trabalhavam empiricamente nos meios de

comunicação social, permitindo o ingresso dessas pessoas à universidade.

Nessa época, foram oferecidos três cursos profissionais como técnico em radiocomunicação,

técnico em jornalismo e licenciatura em ciências da comunicação. Os cursos técnicos tinham uma

duração de três anos e a licenciatura de cinco.

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201

Posteriormente, em 1982, abriu-se o curso de técnico universitário em ciências da comunicação,

com uma duração de três anos e meio, até Serra em 1984. Atualmente, o curso intermédio de

técnico em comunicação funciona em plano diário, com a mesma duração de três anos e a

licenciatura de cinco.

A faculdade de ciências da comunicação da Universidade Francisco Marroquín foi fundada,

graças ao Conselho Diretor da Associação Salesiana Dom Bosco, em outubro de 1982. Suas

atividades foram iniciadas em 1983 como um tipo de organização flexível e descentralizada. Ou

seja: a universidade realizou um convênio particular de organização com a Associação Salesiana

para que esta fosse a encarregada de dirigir vários cursos da Faculdade de Humanidades e da

Faculdade de Comunicação. Os locais, a infra-estrutura em geral, os custos de administração e

educação são de responsabilidade da Associação Salesiana.

Atualmente, a faculdade oferece o curso técnico, o professorado e a licenciatura em comunicação

social, em jornalismo e em publicidade. Pode-se dizer que tanto a Universidade Francisco

Marroquín como Rafael Landívar são instituições relativamente jovens no ensino superior da

comunicação, em relação à Universidade de San Carlos. Não se pode negar que as universidades

privadas são uma nova alternativa, que oferece um currículo e uma duração similar ao da

universidade estatal, com o fim de adaptar-se tanto às exigências acadêmicas do alunado quanto

às da população.

Nestas universidades da Guatemala, não existe um curso formal de Relações Públicas e o campo

é abordado em algumas disciplinas como “Relações Públicas” e “Comunicação Organizacional”

(ver anexos da Guatemala). Essas disciplinas comumente têm uma duração de dois semestres,

tentando abranger em tão pouco tempo os conteúdos que em cursos formais de Relações

Públicas que normalmente têm uma duração de cinco anos.

Os conteúdos mínimos da disciplina de Relações Públicas nas Escolas e Faculdades de

Comunicação Social das Universidades na Guatemala são:

Comunicação: conceito, alcance, fins. A comunicação como um processo. Um modelo do

processo de comunicação: partes, análise. Modelo de comunicação mais adequado para as

Relações Públicas.

Relações Públicas: conceito, fins, história. Importância da opinião pública nas Relações Públicas.

Funcionamento de uma agência de Relações Públicas.

Os públicos: interno e externo. Empregados, acionistas, a comunidade, o público fornecedor, o

público comerciante e distribuidor, o público de imprensa. Grupos especiais: varejistas, meios de

comunicação massivos, profissões, sindicatos.

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202

A imagem: conceito. Imagem corporativa e outras. Como obter uma imagem, mantê-la ou

modificá-la. A imagem pública.

Meios de comunicação das Relações Públicas: A família noticiosa dos meios massivos: imprensa e

propaganda. Propaganda através da rádio e televisão.

A pesquisa nas Relações Públicas. Exemplos de perguntas. Tipo de pesquisas em Relações

Públicas. Avaliação.

Por outro lado, são poucas as disciplinas que têm relação direta com as Relações Públicas, se se

tomarem em conta o conteúdo.

As disciplinas prévias que se relacionam com as Relações Públicas são: introdução geral à

comunicação e publicidade; e as disciplinas posteriores relacionadas são: opinião pública,

propaganda e campanhas eleitorais e comunicação organizacional.

Por que introdução geral à comunicação e publicidade estão vinculadas, apesar de ser prévias as

disciplinas e não ter nenhum tipo de pré-requisito? No caso de introdução geral à comunicação, é

uma disciplina fundamental para o curso todo e por conseguinte a todas as disciplinas Aqui se

estabelecem os distintos modelos de comunicação e o desenvolvimento dos mesmos.

Publicidade, uma disciplina das denominadas comuns, além de ser uma área das especializações,

são anexos com as Relações Públicas.

Por que as disciplinas posteriores, como Opinião Pública, Propaganda e Campanhas Eleitorais e

Comunicação Organizacional estão relacionadas à disciplina de Relações Públicas? Opinião

pública foi escolhida por seu anexo com a disciplina já que é um elemento necessário para as

Relações Públicas pois suas estratégias se apóiam na opinião pública. Há propaganda e

campanhas eleitorais, porque as Relações Públicas são necessárias em qualquer campanha

eleitoral por ser a base para seu desenvolvimento e o êxito da mesma. Por último, a comunicação

organizacional é a que tem mais relação com a disciplina, isto porque é um dos ramos das

Relações Públicas e é uma das ocupações que tem o departamento de Relações Públicas em

qualquer instituição ou empresa.

5.5.1.4. Profissionalismo Na Guatemala, quando uma dependência dos bancos, do comércio, da indústria o do governo

decidem que a criação de um escritório ou departamento de Relações Públicas é necessária para

complementar o desenvolvimento de suas atividades, abrem um departamento e promovem a um

indivíduo simpático e de boas relações. Isso quando a seleção é planejada; de outro modo, aplica-

se a lei do compadrio ou do nepotismo e então se nomeia a uma pessoa cujo trabalho será

limitado devido precisamente ao empirismo e deficiência no domínio de uma delicada matéria.

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203

Por outro lado, encontra-se o problema das metodologias utilizadas nos escritórios de Relações

Públicas nas empresas estatais e privadas as quais não são as mais adequadas de acordo com as

necessidades do público, devido ao pessoal que as dirige. Como é indispensável que as empresas

ou as instituições governamentais solucionem esse problema, estão sendo realizados esforços

para tentar corrigir esses problemas, já que as conseqüências podem ser graves (contratempos nas

gestões públicas pela má administração dos recursos humanos, econômicos, institucionais, tempo

e outros).

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204

5.6. RELAÇÕES PÚBLICAS EM EL SALVADOR: 96

5.6.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAMPO Em El Salvador, não se tem um dado exato da data em que foram iniciaram as Relações Públicas

como tais, embora se suponha que as primeiras e rudimentares tentativas se deram com a

aparição das primeiras agências de publicidade.

Em 1950, o norte-americano George Massey funda a primeira agência no país e, dois anos mais

tarde, Antonio Díaz a compra, a qual se converteu posteriormente na chamada Publicidade Díaz.

Nessa época, o papel das Relações Públicas se apoiava em iniciar com espaços e manter enlaces

com as contas de publicidade que dirigiam as agências.

Entre 1967 e 1972, funcionou, na Agência de Publicidade Nobre e Associados, um departamento

de Relações Públicas especializado como uma divisão desta agência, o qual estava a cargo de um

executivo de contas, mas com o título de Diretor de Relações Públicas.

Sua função era de atenção social e assessoria, preparação de conferências e recepções, decoração

do lugar, convites e outras.

Em 1972, Sigfrido Munés, associado de Publicidade Díaz e de outras agências, fundou a primeira

agência especializada: “Munés Relações públicas”. Munés se destacou como um tipo polivalente

no que se refere aos meios publicitários. Deu-se à tarefa de especializar seus trabalhos como

locutor e animador de rádio e televisão.

O jornalista Carlos Samayoa Martínez manteve um escritório de Relações Públicas, que

funcionava junto com a redação de seus noticiários de rádio em 1970. Seu propósito era a

difusão, por este meio principalmente, de certo tipo de publicidade indireta para favorecer e atrair

a boa vontade do público para sua clientela ocasional.

Na universidade de El Salvador, o escritório de Relações Públicas foi estabelecido em forma

oficial por um acordo emitido pelo Conselho Superior Universitário em 2 de junho de 1977.

Anteriormente existia um escritório, estabelecido em 1964, com o objetivo de coordenar todas as

atividades sociais, científicas e de informação da universidade.

Quatro anos depois, para agilizar o trabalho e funcionamento, este escritório passa a ser

Secretaria de Relações Públicas. Segundo o organograma da mencionada secretaria, a rádio

universitária, o escritório de publicações, o escritório de assuntos do Conselho Superior

Universitário e os organismos internacionais estariam sob sua coordenação.97

96 Este texto foi desenvolvido a partir de material bibliográfico e entrevistas realizadas neste país. 97 Lainez, José Alfonzo. Tese sobre “As Relações Públicas, seu propósito, func

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205

Um elemento chave é a importância que se atribuiu nos últimos anos à área das Relações Públicas

a nível universitário e a abertura nas diferentes instituições tanto governamentais como não

governamentais.

Entretanto, não se sabe ao certo quantas organizações existem atualmente bem como quanto são

os seus departamentos de Relações Públicas; alguns profissionais asseguram que muitas

organizações começaram a atribuir a importância a esse departamento, mas que há ainda muito

por fazer. Os primeiros passos já foram dados e com o correr do tempo as estruturas

organizativas dos departamentos seguirão fortalecendo-se.

Em relação aos antecedentes das Relações Públicas governamentais em El Salvador, a maioria

dessas instituições governamentais conta com um departamento de Relações Públicas, há

aproximadamente 40 anos, atuando sem um conhecimento técnico e científico sobre a forma

adequada de serem dirigidas. Entretanto, há 20 anos estas funções adquiriram outro rumo, com a

introdução da carreira, a nível universitário, estabelecem-se as Relações Públicas como uma área

específica das comunicações.

É por esta razão que as Relações Públicas, há anos atrás, estavam apoiadas em funções, que,

segundo as bases teóricas sobre esta matéria, ficavam muito limitadas, tais como manter um

anúncio no interior de cada instituição, comemorando as datas festivas, aniversários, elaborasse

boletins sociais e em alguns casos mostrava ao público algumas atividades ou alguns lucros desta

instituição.

As atividades destas unidades se mesclavam e não existia uma classificação adequada de funções.

A raiz do conflito armado que padeceu El Salvador, na década de oitenta, as comunicações se

revolucionaram, pois o país se converteu em atração mundial e muitos jornalistas estrangeiros

chegavam a realizar reportagens e obter informação de quais fatos estavam acontecendo. O

governo do partido democrata cristão (PDC) que estava exercendo o poder de 1984 a 1989, viu-

se na necessidade de procurar uma saída através das comunicações e contrataram o instituto

venezuelano para a educação popular, (IVEPO), por meio do qual se formaria um noticiário

nacional como o SIM, (Serviço de Informação Nacional).

Do mesmo modo, vêem-se todas as comunicações como um arma muito importante no exercício

do governo dessa época, conformando assim o Ministério de Comunicações, o qual estava

encarregado de organizar e centralizar todas as informações do governo a serem difundidas

através dos meios de comunicação social.

As comunicações tiveram uma ascensão a partir destes acontecimentos. Por sua parte, o Partido

Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), antes de seu primeiro triunfo eleitoral, entra como

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206

um esquema de crença nas comunicações de sua campanha eleitoral, reconhecendo que só

através destas se poderia criar e manter uma imagem aceitável para seu governo.

Inicialmente, organizaram a estrutura que se estabeleceu anteriormente, constituindo a Secretaria

Nacional de Comunicações (SENCO), a qual manteve desde seu início o propósito de gerar

informação transparente para a audiência salvadorenha, ou seja, não mentir.

Do mesmo modo, estabeleceu-se um plano geral que englobava os esboços a serem seguidos,

entre os principais pontos estão: dizer o que é, informar por que se fez ou por que não se fez

determinada ação. Dedicariam-se a informar sem atribuir os lucros a nenhum partido político e

sim ao trabalho do governo.

Os governos, por sua vez, não cobriam as necessidades básicas de muitos salvadorenhos, devido

principalmente ao problema da guerra e ao mau emprego de recursos.

Quase diariamente surgiam demandas contra as instituições governamentais, faziam queixas

públicas e a falta de credibilidade em relação ao trabalho do governo aumentava.

Por outro lado, o trabalho dos departamentos de Relações Públicas não era suficiente para

levantar a imagem que se formou do governo. As funções e a estrutura organizativa da maioria

destes departamentos não estavam bem delineadas, tampouco se apoiavam em um plano de

trabalho que definisse seus objetivos, metas, etc.

Dentro dos departamentos de Relações Públicas não existia um conhecimento exato de suas

verdadeiras funções, portanto deu-se uma série de anomalias, tais como: a transmissão

inadequada de notícias, falta de estratégia para estas ações, engano ao proporcionar informação

que não corresponde à realidade.

Desta maneira, as funções da maioria dos departamentos de Relações Públicas se dedicavam

principalmente a realizar atividades protocolares, organizar eventos especiais e festivos, e em

alguns casos se elaboravam boletins internos, etc., sem ocupar-se muito em planejar e executar

estratégias de comunicação com foco na busca de soluções para as situações de comunicação

tanto a nível interno como externo.

5.6.1.1. O Estado Atual da Profissão Nenhum governo do mundo pode prescindir do benefício das comunicações como arma básica

para que seu exercício seja conhecido e por conseguinte aceito entre os habitantes de um

determinado país. Assim, tampouco se pode negar à população o direito de informação do

referente ao trabalho do governo.

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207

Existe uma clara diferença entre informar só por informar e o exercício das Relações Públicas.

Na atualidade, o público deve ser muito bem informado e ter uma relação mais direta com seu

governo através de mecanismos propiciados pelo bom funcionamento das Relações Públicas.

O governo do período de 1989 a 1994 decidiu conformar uma Secretaria Nacional de

Comunicações (SENCO) a qual serviria para dar apoio aos distintos departamentos de Relações

Públicas das instituições do governo em todas as áreas que encontraram deficientes, quer dizer

que se tratou de recuperar o verdadeiro papel das Relações Públicas dentro do governo.

Preocuparam-se em capacitar as pessoas que contrataram e se organizavam reuniões

constantemente, com o fim de lhes dar esboços gerais e ficar de acordo em projetar uma mesma

imagem do governo.

Posteriormente, quando se considerou que os departamentos estavam bem estabelecidos, deixou-

se que a Secretaria Nacional de comunicações se fundou especificamente para a presidência da

república e se criou a Unidade de Informação, a qual funcionava para dar apoio jornalístico,

especificamente na área de rádio, difundindo a informação proporcionada pelos departamentos

de Relações Públicas.

Os departamentos de Relações Públicas foram reestruturados, ficando a opção de estabelecer em

seus próprios objetivos e metas, segundo as necessidades de cada instituição.

Os objetivos e metas, basicamente se resumem nos seguintes:

Relações Públicas internas: criar atividades de integração do pessoal, celebrações de datas festivas e dias especiais, tais como o dia das mães e outros. Elaborar boletins internos para que os empregados tomem consciência do trabalho das distintas instituições oferecer assessoria a setores titulares fortalecer o nível profissional do pessoal de Relações Públicas. Desempenhar atividades protocolares Relações Públicas externas: Apresentar ao público externo seu trabalho. Oferecer suficiente informação aos meios sobre as atividades realizadas pela instituição. Fazer conferências de imprensa. Monitorar informação referente a suas instituições em dois distintos médios. Transmitir informação verídica. Ter boas relações com os meios. De igual forma, quase todos coincidiram em estabelecer uma estrutura organizativa que inclui

duas grandes áreas: imprensa e Relações Públicas, nas quais prevalece o objetivo comum de

projetar e manter uma boa imagem de suas instituições e obtiveram com isso empossado ao

governo central dentro de um bom nível de aceitação entre a população salvadorenha.

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208

Um dado interessante de fazer notar é que algumas instituições contam com um plano de

trabalho, e em quase todos os departamentos não são definidos concretamente suas funções, o

que reflete que ainda existe deficiência nas organizações destes departamentos.

Durante todo o período de 1989 e 1994, cada departamento obteve o apoio da Secretaria

Nacional de Comunicações, no que se refere à equipe audio-visual e assessoria em geral, o qual

constitui uma porte muito significativa para o bom desempenho destas unidades.

Por outra parte, pode-se observar que em sua maioria, os departamentos de Relações Públicas

orientaram, principalmente, seus esforços no dia de imprensa, atendendo assim, a necessidades de

informação que tem o público, e em menor escala será velado pela comunicações internas, não

obstante se conseguiram desenvolver novos mecanismos dentro deste aspecto.

Do mesmo modo, cabe esclarecer que apesar dos esforços realizados, ainda não se consegue

esclarecer a verdadeira função das Relações Públicas, já que alguns departamentos, em momentos

determinados, deparam-se com as queixas do público, que deveriam ser analisadas de outra

maneira.

Outro aspecto que merece especial atenção é a carência de avaliações externas que são necessárias

para conhecer o feedback do público para a instituição.

Entretanto, os distintos departamentos de Relações Públicas trataram de manter uma estreita

relação com outros departamentos dentro do marco governamental, com o fim de, na mesma

sintonia, projetarem juntos uma mesma imagem do governo.

O orçamento geral designado pelo estado para as comunicações e a publicidade dentro do

governo foi um dado ao qual não se teve acesso, não está ante cada instituição manteve um

aproximado de 300.000 cólon anuais para esta área98. 5.6.1.2. Perfil dos Praticantes Salvadorenhos As instituições salvadorenhas possuem diferentes títulos para nomear seus comunicadores:

encarregados, coordenadores, gerentes, supervisores, oficiais, executivos e colaboradores de

comunicação.

Na empresa privada, a maioria dos nomes dos cargos se relacionam com as palavras marketing,

publicidade ou relações corporativas. Nas ONGs, relacionam-se com comunicações e nas

Instituições Governamentais, relacionam-se com comunicações e relações públicas.

De igual forma, no título universitário que cada um deles possui se evidencia a mesma

diversidade. Fala-se de publicitários, mercadólogos, comunicadores, jornalistas e Relações -

Públicas que são encarregados de dirigir a comunicação dentro das instituições. 98Dados proporcionados pelos encarregados dos departamentos de Relações Públicas do MOP, Ministério de Educação, saúde e fazenda e ANDA, Julho 1994.

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209

É importante assinalar, que a maioria dos comunicadores salvadorenhos não possuem estudos de

pós-graduação, mas tem preparação universitária, a maioria graduados de escolas de

comunicação, conhecimentos especializados na comunicação.

Pode-se dizer que o comunicador é um profissional preparado em áreas gerais da

comunicação, paro sem uma especialização em aspectos específicos.

Não obstante, em algumas instituições, encontrassem-se comunicadores com conceitos

claros de Relações Públicas. No setor das instituições não governamentais, o antes

mencionado se dá quase de forma exclusiva. Dito setor manifesta uma melhor concepção

e expectativas concretas no campo das Relações Públicas. A área de Relações Públicas

tem uma boa projeção, porque não só vai se encarregar de difundir a comunicação

externa, mas também gerar a comunicação interna da instituição.

Por outro lado, nas instituições de governo e privadas, a concepção da comunicação não é

tão clara, é restringida e se limita a um conceito que obtenha resultados em ternos de

propaganda, publicidade e que ajude a consecução estrita dos objetivos globais da

instituição.

Outra das variáveis que define o perfil do comunicador salvadorenho é a idade. A maioria dos

comunicadores são pessoas jovens, que têm entre 20 e 40 anos de idade e experiência no campo

da comunicação de 5 a 10 anos.

Uma grande parte dos comunicadores conseguiram certa experiência em meios de comunicação,

o que facilitou-lhes conhecimentos do trabalho com os meios, contatos pessoais e reputação

profissional; todas as anteriores foram vantagens que lhes permitiram mobilizar-se para o cargo

que ocupam atualmente.

Muitas das instituições pedem, como requisito, experiência trabalhista nos meios de comunicação

massivos.

Os comunicadores salvadorenhos assinalam a importância de seus contatos pessoais como parte

primária no desenvolvimento de seu trabalho, pois conhecer a dinâmica dos meios massivos e

dos jornalistas que cobrem as notícias especializadas no campo da instituição em que trabalham

facilita a cobertura jornalística das atividades que organizam e a divulgação das informações

apresentadas pela instituição em que trabalham.

Portanto, o comunicador deve possuir um histórico sólido que sustente seu conhecimento do

trabalho dos meios pois isto lhe facilita seu trabalho nas áreas de comunicação dos distintos tipos

de instituições. Embora os comunicadores reconhecem a necessidade de uma preparação

acadêmica, a experiência é a qualidade individual mais importante dos comunicador.

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Em relação aos requisitos solicitados pelas instituições para contratação geralmente são de duas

classes: pessoais e técnicos. Entre os pessoais estão: capacidade de convencimento, vocação de

serviço, espiritualidade, ser polivalente, ser sensível e ter capacidade de persuasão. Entre os

requisitos técnicos estão: boa redação, capacidade de elaborar estratégias de comunicação,

administração de recursos, conhecimentos computacionais, domínio de idiomas adicionais ao

espanhol, manejo de câmara fotográfica e de vídeo.

É importante mencionar que as instituições atualmente exigem mais requisitos dos que

solicitavam anteriormente, o que indica que o nível de exigências atuais é maior que o nível de

faz uns anos atrás.

O anterior mostra uma profissão que tem diversas escalas de exigências para seus titulares e que

além de se modificar, evolui, e se adequa às necessidades institucionais, às exigências ocasionadas

por diferentes provocações ou problemas e às realidades institucionais particulares.

Os comunicadores são pessoas absorvidas por um trabalho cheio de exigências, não tendo tempo

para desenvolver outro tipo de trabalhos profissionais simultâneos relacionados com seu campo,

como poderiam ser as assessorias, o repartir classes ou fazer diagnósticos e estratégias de

comunicação. Este nível de exigências requerido pela instituição forma em grande maneira o

caráter profissional do comunicador, mas deixa pouco espaço à especialização dos

comunicadores ou aos estudos de pós-graduação.

Ao mesmo tempo, existe o desejo de especialização a futuro em cada um destes comunicadores,

embora em coerência com suas aspirações e gostos pessoais, também influenciados pela

experiência e as situações observadas dentro de seu trabalho.

Outro dado interessante encontrado no perfil do comunicador salvadorenho é que em média, os

comunicadores têm entre 5 e mais de 10 anos de trabalhar em seu cargo atual (57%), possuem

um contrato permanente (83%) e recebem um salário maior de 5.001 cólones mensais (94%). A

anterior fala de uma profissão na qual tendo acessado o posto, este oferece estabilidade

trabalhista e uma boa remuneração econômica em troca de seus serviços.

Não obstante, nas instituições de governo alguns comunicadores mostram suas dúvidas a respeito

de que o campo se abrisse para novos comunicadores.

5.6.1.3. Educação em Relações Públicas Em El Salvador, a formação acadêmica orientada à área das ciências da comunicação é

relativamente nova. Sua origem se deu por volta de 1952, ano em que a Universidade de El

Salvador, através da faculdade de Ciências e Humanidades, abre a inscrição acadêmica à

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211

população de estudantes para ministrar a licenciatura em jornalismo. Cinqüenta e dois anos

depois, são dez universidades - incluindo a Universidade de El Salvador - que atualmente

oferecem a formação acadêmica no curso de Ciências da Comunicação ou cursos afins.

Nesses cursos ingressam, ano após ano, em escala nacional, muitos jovens com a expectativa de

alcançar um nível acadêmico - teórico e prático

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212

formar os educandos através das ciências do homem e da sociedade. Assim, a técnica se viu

subordinada à formação humanista99 e o marco referencial abrangia matérias como Antropologia,

Psicologia, Sociologia, Lingüística, etc..

Outro modelo que também teve seus adeptos entre a escolas e faculdades de comunicação ou

áreas afins é o do comunicólogo. Este orienta o ensino educativo à teoria crítica, ou seja, ao

materialismo teórico dogmático, de origem soviética. Com sua implementação se abandona a

habilitação médica em altares de formar educandos com consciência de classe.

Estes modelos curriculares tiveram acolhida e influência no desenho e a orientação acadêmica

dos planos de estudo da carreira de comunicações ou áreas afins das universidades de El

Salvador. No referente à escola de comunicações da universidade "Dr. José Matías magro",

especificamente no plano vigente até 2005, o modelo que prepondera na formação acadêmica dos

educandos por mais de 26 anos é o humanístico.

"Aceita-se a aplicação ou não destes modelos curriculares indo além do enfoque teórico. Mas

deve-se avaliar a relação e a vinculação que guardam com as necessidades da sociedade na qual se

circunscrevem"100. Em outras palavras, sua validade depende da relação acadêmica que a

universidade, neste caso a UDJMD, estabeleça com a realidade e as demandas da sociedade

salvadorenha, sem deixar de lado as exigências de um mundo cada dia mais interrelacionado.

Assim, o objetivo desta investigação se concentra em realizar uma comparação formal do Pen são

da licenciatura da carreira ciências da comunicação da UDJMD, vigente até 2005, a partir de suas

características particulares (nome e título da carreira, faculdade pois penetra, número de matérias,

duração em anos e ciclos, objetivo general da carreira, áreas de formação, percebe acadêmico e

campo trabalhista) com respeito aos planos de estudo das universidades da América Central que

repartem a carreira ciências da comunicação ou áreas afins; e além disso conhecer as percepções e

opiniões dos estudantes ativos da escola de comunicações da UDJMD, a fim de verificar a sua

aceitação.

99 Cantarero, Alfredo Mario. Formação de jornalistas profissionais, jornal latino, julho de 1997. 100 Idem.

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213

5.7. A opinião dos profissionais

Conforme mencionado no capítulo 1, esta tese, além de todas as demais pesquisas

teóricas e aplicadas sobre o objeto de estudo em questão, registra também uma pesquisa empírica,

realizada junto aos profissionais de Relações Públicas de América Central será realizada usando o

pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 13.0. O número limitado

de questionário (17, pelas razões mencionadas anteriormente) faz que a análise estatística seja

descritiva.

O questionário foi formado por 48 perguntas as primeiras 36 são de opinião e se referem tanto aos modelos de Relações Públicas como as variáveis ambientais. As respostas tomam valores numa escala de 1 a 4, sendo:

1- Discordo totalmente 2- Discordo 3- Concordo 4- Concordo totalmente As 12 perguntas seguintes fornecem dados informativos sobre o profissional e seu

trabalho na empresa/organização. Com o fim de descrever a amostra apresenta-se primeiro os resultados das 12 últimas perguntas.

Na Figura 1, vê-se a distribuição dos questionários por paises. Panamá foi o país que respondeu mais questionários (5), e os demais, El Salvador, Guatemala e Nicaragua foram os que responderam menos (2).

Figura 7. Distribuição dos questionários aplicados por paises

529,41%

211,76%

317,65%

211,76%

211,76%

317,65%

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214

Em quanto ao sexo, a distribuição na amostra foi quase igual (ver Tabela 1) com uma participação ligeiramente maior das profissionais mulheres (52,9%).

Tabela 1. Distribuição por sexo

Sexo % Feminino 52,9%Masculino 47,1%Total 100,0%

Na tabela 2, temos a distribuição dos profissionais de Relações Públicas por área de formação. A amostra é formada predominantemente por graduados em Relações Públicas (47,1%) e Jornalistas (41,2%).

Tabela 2. Distribuição dos profissionais de Relações Públicas por área de formação.

47,1%41,2%

5,9%5,9%

100,0%

Relações PúblicasJornalismoPublicidadeOutraTotal

%

Área de formaçãoem comunicação

Na tabela 3, temos a distribuição dos profissionais de Relações Públicas segundo o nível de educação. Observamos que 88,3% dos profissionais são bacharéis (47,1%) ou mestres (41,2%).

Tabela 3. Distribuição dos profissionais de Relações Públicas segundo o nível de educação.

47,1%41,2%11,8%

100,0%

BachareladoMestradoDoctoradoTotal

%

Nível deeducação

Na tabela 4, temos a distribuição dos profissionais de Relações Públicas por anos de

experiência. 82,3% dos profissionais que responderam o questionário têm mais de 10 anos de experiência em Relações Públicas.

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216

Tabela 6. Modalidades de relações públicas praticadas pelos profissionais de Relações Públicas.

70,6% 29,4% 70,6% 58,8% 5,9% 29,4%29,4% 100,0% 70,6% 29,4% 100,0% 41,2% 94,1% 70,6%

100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

PraticaNão PraticaTotal

%

Relações comos meios decomunicação

%

Relacõescom o

governo%

Relações comos clientes oinversionistas

%

Relaçõescom o público

interno%

Administraçãode crises

%

Relaçõescom a

comunidade%

Cabildeo- Lobby

%

pesquisa eauditorias de

RelaçõesPúblicas

Em quanto a freqüência com que se reúnem com a alta gerencia da empresa/organização,

82,45% respondeu que se reúnem semanalmente (ver Tabela 7). Todos os profissionais reclamaram que o tempo das reuniões era limitado (ver Tabela 8).

Tabela 7. Freqüência das reuniões com a alta gerencia da empresa/organização.

5,9%82,4%11,8%

100,0%

DiariamenteSemanalmenteMensualmenteTotal

%

Com que freqüência sereúne com a alta

gerencia daempresa/organização

Tabela 8. Tempo de reunião com a alta gerencia da empresa/organização.

100,0%Limitado%

O tempo de reuniãocom a alta gerencia daempresa/organização

A grande maioria dos entrevistados (82,4%, ver Tabela 9) respondeu que a comunicação entre os departamentos é trabalhada em forma separada.

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217

Tabela 9. Forma em que se trabalha a comunicação entre os distintos departamentos da empresa/organização?

17,6%82,4%

100,0%

IntegradamenteSeparadamenteTotal

%

De que forma trabalhama comunicação os

distintos departamentosna sua

empresa/organização?

Quase todos os profissionais de Relações Públicas (94,1% ver Tabela 10) responderam que se sentiam moderadamente satisfeitos com suas funções na empresa/organização

.

Tabela 10. Grau de satisfação com a função na empresa/organização

94,1%5,9%

100,0%

ModeradoBaixoTotal

%

Quál é o grau de satisfação da suafunção na empresa/organización?

As tabelas resumindo as respostas das primeiras 36 questões são apresentadas em anexo. Das perguntas referidas aos modelos de Relações Públicas podemos observar que: - 70,6% consideram que as empresas privadas usam as relações públicas pensando somente em seus interesses. (Tabela 14). - Todos consideram que é importante manter contatos pessoais que ajudem a alcançar os objetivos da função de relações públicas (Tabela 16). - 82,3% consideram que as organizações/empresas do país não vêm as relações públicas como uma função administrativa (Tabela 17). - 94,2% Consideram que as relações públicas de duas mãos é a ideal para aplicá-la nas organizações do país (Tabela 20). - Quase todos os profissionais (94,1%) se sentem mais satisfeitos quando utilizam modelos de duas mãos, que quando usam modelos de uma mão (Tabela 27). - 64,7% não acreditam que os profissionais que trabalham em agencias de relações públicas tenham uma visão de mundo mais simétrica que os praticantes das organizações públicas o privadas. (Tabela 29)

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218

- 88,2% concordam ou concordam plenamente que a disseminação da informação através dos meios massivos de comunicação é característica das relações públicas no sector governamental (Tabela 30). - Todos concordam que os profissionais de Relações Públicas avaliam a rede de contatos pessoais para solucionar conflitos organizacionais com seus públicos (Tabela 31). - 88,3% consideram que as relações públicas no país, procuram a publicidade favorável das organizações (Tabela 42).

As repostas confirmam as conclusões obtidas da Tabela 6. Os modelos de relações públicas mais usados são os de agência de imprensa/divulgação, e o assimétrico de duas mãos, embora todos queiram utilizar o modelo simétrico de duas mãos.

Das perguntas referidas às variáveis ambientais podemos observar que: - 58,8 % não acreditam que a pratica das relações públicas esteja adaptada aos tempos modernos (Tabela 11). - 88,2% concordam o concordam plenamente que é importante regulamentar a pratica das relações públicas no país (Tabela 12). - 76,5% consideram que é importante pertencer a alguma grêmio de relações públicas(Tabela 13). - Todos concordam que é necessário que exista um código de ética para a profissão de relações públicas (Tabela 15). - 70,6% Concordam ou concordam plenamente que as teorias de relações públicas existentes, se adaptam à cultura do país (Tabela 18). - Todos consideram que existe uma demanda por atividades de relações públicas mais diversificadas (Tabela 19). - 88,2% acreditam que a demanda por profissionais de relações públicas tem aumentado (Tabela 21). - 70,6% não consideram que a globalização está acelerando o processo de mudança da percepção das relações públicas (Tabela 22). - Todos acreditam que as organizações em situações de crises estão mais motivadas a investir em relações públicas para melhorar seu relacionamento com seus diversos públicos (Tabela 23). - 70,6% consideram que existem diferenças significativas por sexo em termos de igualdade trabalhista, para o profissional de relações públicas (Tabela 24). - Todos concordam que as organizações esperam que os profissionais de relações públicas tenham conhecimento estratégico da área (Tabela 25).

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219

- 64,7% acreditam que o profissional de relações públicas tem pouca estabilidade trabalhista (Tabela 26). - Todos concordam que em situações de crises as organizações/empresas continuam com a estratégia de reter informação (Tabela 28). - 94,1% acreditam que a estabilidade político-econômica contribuiu ao crescimento das relações públicas (Tabela 32). - 94,1% consideram que as relações públicas representam a todos os pontos de vista na feria democrática das ideologias (Tabela 33). - Todos concordam que a substituição da ditadura militar pela democracia, contribuiu a um melhor desenvolvimento das relações públicas (Tabela 34). - 82,4% acreditam que as crises político-econômicas vividas no país provocaram um amadurecimento no sector empresarial (Tabela 35). - 94,1% Consideram que os cidadãos estão pressionando ativamente para que as organizações empresas aumentem sua participação com as demandas de seus diversos públicos (Tabela 36). - 94,1% Consideram que a democratização do país forçou as organizações/empresas a considerar e dar maior importância às relações públicas (Tabela 37). - Todos concordam que a demanda global por provedores, produtos e serviços está levando às organizações/empresas a investir mais em relações públicas para poder comercializar e se comunicar com uma audiência global (Tabela 38). - Todos consideram que a globalização contribuiu a aumentar as atividades organizacionais e, porém, uma maior utilização das relações públicas (Tabela 39). - 94,1% consideram que o aumento por comunicação global coloca aos profissionais de relações públicas à vanguarda de administrar relacionamentos entre pessoas de nacionalidade e culturas diferentes (Tabela 40). - 94,1% concordam que o ativismo em grupos organizados provê desafios e oportunidades para os profissionais de relações públicas (Tabela 41). - Todos concordam que a cultura influencia as atividades de relações públicas pelo impacto que ela exerce sobre os processos organizacionais (Tabela 43). - 82,4% consideram que existe controle e censura dos meios de comunicação no país (Tabela 44). - Todos consideram que os meios de comunicação não estão ao alcance de todos os segmentos da população do país (Tabela 45). - Todos consideram que no todos os segmentos da sociedade tem acesso direto aos meios de comunicação no país (Tabela 46).

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220

Das variáveis ambientais podermos concluir que as variáveis político-econômicas tem uma influencia forte no exercício da profissão de relações públicas nos paises da América Central e que ainda os meios de comunicação não são completamente livres nem desenvolvidos.

ANEXO: Tabelas com as respostas das 36 primeiras perguntas do questionário

Tabela 11. Freqüências relativas da pergunta 1

17,6%41,2%29,4%11,8%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a práticadas relações públicasno país está adaptadaaos tempos modernos.

Tabela 12. Freqüências relativas da pergunta 2

11,8%29,4%58,8%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que éimportante regulamentar

a prática das relaçõespúblicas no país

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221

Tabela 13. Freqüências relativas da pergunta 3

23,5%11,8%64,7%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que pertencer aalgum grêmio de relações

públicas é importante porqueelas velam pela profissão

Tabela 14. Freqüências relativas da pergunta 4

17,6%11,8%58,8%11,8%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que asempresas/organizações privadas

usam as relações públicas pensandosomente em seus interesses.

Tabela 15. Freqüências relativas da pergunta 5

5,9%94,1%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que é necessário queexista um Código de Ética para aprofissão de Relações Públicas

Tabela 16. Freqüências relativas da pergunta 6

5,9%94,1%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que é importantemanter contatos pessoais que

ajudem a alcançar os objetivos da função de relações públicas

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222

Tabela 17. Freqüências relativas da pergunta 7

23,5%58,8%

5,9%11,8%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que asorganizações/empresasdo país vem as relações

públicas como umafunção administrativa

Tabela 18. Freqüências relativas da pergunta 8

5,9%23,5%41,2%29,4%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que as teorias derelações públicas existentes,se adaptam perfeitamente à

cultura do país

Tabela 19. Freqüências relativas da pergunta 9

11,8%88,2%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que atualmenteexiste uma demanda por

atividades de relações públicasmais diversificadas

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223

Tabela 20. Freqüências relativas da pergunta 10

5,9%11,8%82,4%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que as relações públicasde duas mãos é a ideal para

aplicara nas organizações do país

Tabela 21. Freqüências relativas da pergunta 11

11,8%17,6%70,6%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que a demandapor profissionais dasRelações Públicas nopaís há aumentado

Tabela 22. Freqüências relativas da pergunta 12

70,6%5,9%

23,5%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a globalizaçãoestá acelerando o processode mudança da percepção

das relações públicas

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224

Tabela 23. Freqüências relativas da pergunta 13

29,4%70,6%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que as organizações emsituações de crises se sentemmais motivadas a investir em

relações públicas paramelhorar o relacionamentocom seus diversos públicos

Tabela 24. Freqüências relativas da pergunta 14

17,6%11,8%35,3%35,3%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que existe uma diferençasignificativa entre profissionais de RP

masculinos e femininos em termosde igualdade laboral no país.

Tabela 25. Freqüências relativas da pergunta 15

5,9%94,1%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que as organizações esperam que os profissionais de

relações públicas tenhamconhecimento estratégico da área

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225

Tabela 26. Freqüências relativas da pergunta 16

17,6%47,1%35,3%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoTotal

%

Creio que o profissionalde relações públicas no

país tem bastanteestabilidade laboral

Tabela 27. Freqüências relativas da pergunta 17

5,9%94,1%

100,0%

DiscordoConcordo totalmenteTotal

%

Sinto-me mais satisfeitoquando utilizo os modelos de

relações públicas de duasmãos, que quando usomodelos de uma mão

Tabela 28. Freqüências relativas da pergunta 18

23,5%76,5%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que em casos de crises,as organizações/empresas dopaís continuam a estratégia de

reter a informação

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226

Tabela 29. Freqüências relativas da pergunta 19

11,8%52,9%35,3%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoTotal

%

Creio que os profissionais quetrabalham em agencias de

relações públicas tem una visãode mundo más simétrica que os

praticantes das organizaçõespúblicas o privadas

Tabela 30. Freqüências relativas da pergunta 20

11,8%17,6%70,6%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a disseminação deinformação a través dos meiosmassivos de comunicação écaracterístico das relações

públicas no sector governamental

Tabela 31. Freqüências relativas da pergunta 21

11,8%88,2%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que os profissionais derelações públicas avaliam a rede de

contatos pessoais para solucionar conflitosorganizacionais com seus públicos

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227

Tabela 32. Freqüências relativas da pergunta 22

5,9%5,9%

88,2%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que a estabilidadepolítico-econômica do país,

contribuiu para o crescimento dasrelações públicas.

Tabela 33. Freqüências relativas da pergunta 23

5,9%17,6%76,5%

100,0%

Discordo totalmenteConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que as relaçõespúblicas representam todos os

pontos de vista na feriademocrática das ideologias

Tabela 34. Freqüências relativas da pergunta 24

29,4%70,6%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que a substituição da ditaduramilitar pela democracia, contribuiu

com um maior desarrolho dasrelações públicas no país

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228

Tabela 35. Freqüências relativas da pergunta 25

17,6%11,8%70,6%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Creio que as crisespolítico-econômicas vividas no

país provocaram um ambiente deamadurecimento no sector

empresarial do país

Tabela 36. Freqüências relativas da pergunta 26

5,9%5,9%

88,2%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que os cidadãos estãopressionando ativamente para que as

organizações/empresas aumentemsua participação com as demandas

dos seus diversos públicos

Tabela 37. Freqüências relativas da pergunta 27

5,9%11,8%82,4%

100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a democratização dopaís forçou às organizações/empresasa considerara e dar maior importância

as relaciones públicas

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229

Tabela 38. Freqüências relativas da pergunta 28

5,9%94,1%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a demanda global porprovedores, produtos e serviços estálevando às organizações/empresas a

investir mais em relações públicaspara poder comerciar e se comunicar

com uma audiência global

Tabela 39. Freqüências relativas da pergunta 29

11,8%88,2%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a globalizaçãocontribuiu a aumentar as atividadesorganizacionais e porém uma maior

utilização das relações públicas

Tabela 40. Freqüências relativas da pergunta 30

5,9%5,9%

88,2%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que o aumento porcomunicação global coloca aos

profissionais das relações públicas àvanguarda de administrar

relacionamentos entre pessoas denacionalidades e culturas diferentes

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230

Tabela 41. Freqüências relativas da pergunta 31

5,9%5,9%

88,2%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que o ativismo em gruposorganizados provê desafios e

oportunidades para os profissionaisdas relações públicas

Tabela 42. Freqüências relativas da pergunta 32

11,8%5,9%

82,4%100,0%

DiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que as relaciones públicasno país, procuram a publicidade

favorável das organizações

Tabela 43. Freqüências relativas da pergunta 33

5,9%94,1%

100,0%

ConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que a culturainfluencia as atividades de

relações públicas pelo impactoque ela exerce sobre os

processos organizacionais

Tabela 44. Freqüências relativas da pergunta 34

11,8%5,9%

76,5%5,9%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoConcordoConcordo totalmenteTotal

%

Considero que existe controlee censura dos meios de

comunicação no país

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231

Tabela 45. Freqüências relativas da pergunta 35

5,9%94,1%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoTotal

%

Considero que os meiosde comunicação

chegam e estão alalcance de todos os

segmentos dapopulação do país

Tabela 46. Freqüências relativas da pergunta 36

23,5%76,5%

100,0%

Discordo totalmenteDiscordoTotal

%

Considero que todos ossegmentos da sociedade têmacesso direto aos meios de

comunicação no país

Em linhas gerais, os resultados descritivos acima apresentados permitem de forma simples conhecer as percepções que os profissionais das Relações Públicas centro-americanos têm das variáveis ambientas r dos modelos de Relações Públicas que afetam cada país.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos realizados nesta tese permitem destacar alguns pontos relevantes e conclusivos.

Tenta-se, pois, sistematizar os traços peculiares à prática das Relações Públicas na América

Central. Avalia-se também o posicionamento das Relações Públicas na história e evolução do

campo em cada país centro-americano a partir do ponto de vista profissional.

A democratização dos países centro-americanos trouxe o desenvolvimento das Relações Públicas.

O estilo centro-americano da prática das Relações Públicas focaliza-se principalmente nas

relações de mídia e contatos pessoais com jornalistas. As organizações dentro de um sistema

político, econômico e legal estável oferece o ambiente favorável para a desta área no mercado

profissional.

Como existe uma escassez de profissionais de Relações Públicas experientes, profissionais de

outras áreas afins estão preenchendo essas vagas. Apesar das diferentes problemáticas políticas,

econômicas e sociais que impregnam os países centro-americanos, não se pode negar o

crescimento e avanço das Relações Públicas nessa região. A demanda por serviços desse campo

mais sofisticados está levando esses profissionais a diversificar mais nas modalidades de atuação

que eles praticam. As empresas centro-americanas precisam investir mais em Relações Públicas se

quiserem construir relacionamentos construtivos e positivos a longo prazo com seus públicos

estratégicos.

Esta pesquisa teve o objetivo de contribuir para o avanço dos estudos de Relações Públicas

Internacionais sob o enfoque da incidência direta que variáveis ambientais exercem sobre a

prática das Relações Públicas. Para tanto pesquisou-se a origem, evolução e prática das Relações

Públicas em seis países da América Central (Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras,

Guatemala e El Salvador).

Como resultado final, obteve-se, além da relação entre variáveis ambientais que afetam as

Relações Públicas, a evidência empírica do desenvolvimento do campo, baseada nos postulados

da Teoria Geral dos Estudos de Excelência em Relações Públicas. Ademais, constatou-se que o

campo das Relações Públicas na América Central se encontra em diversos estágios de

desenvolvimento, em conseqüência muito desenvolvida em países como o Panamá e a Costa Rica

e incipiente em países como Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala.

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233

Entretanto, ao considerar a abordagem aqui adotada, e para captar com maior precisão os efeitos

reais das variáveis ambientas sobre a prática das Relações Públicas em centro-américa, deve-se

anotar o seguinte:

3. O sistema político e econômico afeta, em diferentes períodos, o crescimento e o

desenvolvimento efetivo das Relações Públicas. A maioria dos países centro-americanos

tem atravessado diversas crises político-econômicas, pois a região passou por transições

individualizadas, independência colonial, ditaduras militares até chegar à democracia. No

mapa da Freedown House de 2005, Panamá, Costa Rica e El Salvador são considerados

como democracias livres, no entanto, Nicarágua, Honduras e Guatemala são consideradas

democracias parcialmente livres (ver mapa abaixo). Ao mesmo tempo, para que o

desenvolvimento das Relações Públicas seja satisfatoriamente atingido, exige-se uma

constante e eficaz atuação do sistema legal que proporcione ao profissional das Relações

Públicas um ambiente adequado para a prática. Aqui se ressalta a importância de

regulamentar a profissão, para impedir que pessoas que não possuam um diploma em

Relações Públicas, possa praticá-la livremente sem autorização e licenciamento. Neste

sentido, dos seis países estudados, somente o Panamá possui um mecanismo legal (Lei 21

de junio de 2005), que regulamenta o exercício da profissão. Nos outros países, houve

tentativas e um real interesse em regulamentar a profissão. No entanto, se a lei não é

fiscalizada com vigor, ocorre a possibilidade de condutas pouco éticas, na falta de um

cerceamento exemplar, frustrando o objetivo primário da lei.

Livres Parcialmente Livres

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4. O ativismo, em democracia, tem-se convertido em um instrumento de protesto para

apontar os problemas sociais do cotidiano dos países centro-americanos. Ao mesmo

tempo, o ativismo tem-se convertido em terra fértil para as Relações Públicas, pois

indistintamente seja em Organizações não Governamentais (ONGs), sindicatos,

movimentos sociais, grupos de pressão ou de interesse ou até partidos políticos, precisam

e muitas das técnicas e dos instrumentos das Relações Públicas.

É por isso que, ao analisar a relação entre as variáveis ambientais e Relações Públicas, fica claro

que os países centro-americanos afetaram em distintos momentos o crescimento e

desenvolvimento das Relações Públicas. Neste sentido, as crises políticas, econômicas e sociais

pelas quais atravessou a América Central impediram um crescimento sustentável do campo.

Apesar de todos esses obstáculos, os países centro-americanos conseguiram alcançar um grau

significativo de profissionalismo e sofisticação em Relações Públicas. O certo é que a atividade

existe e é praticada por uma gama de profissionais formados não só em Relações Públicas mas

também em outras áreas afins como jornalistas, publicitários, mercadólogos, etc. No entanto, é

oportuno mencionar que o empirismo ainda forma parte desse contexto, pois, como já é

amplamente conhecido, todo mundo diz saber e conhecer o campo das Relações Públicas.

A profissão de Relações-Públicas na América Central é uma realidade inquestionável, pois está

impregnada em vários segmentos da sociedade e sua ação cria pontes entre as organizações e seus

públicos. Por isso o campo de ação do Relações-Públicas é amplo, já que os seus serviços são

requisitados em todo tipo de organizações sejam essas governamentais, privadas ou sem fins

lucrativos ou do terceiro setor.

Durante a pesquisa de campo nos países centro-americanos, constatou-se que a maioria dos

praticantes das Relações Públicas é absorvida pelas instituições públicas, já que, em esses países, o

Estado é o que abre mais oportunidades para a categoria.

O estado legal da profissão só foi definido através da Lei 21 que regulamenta a prática das

Relações Públicas no Panamá. Nos outros cinco países, há também o interesse de contar com

algum instrumento legal que impeça a prática ilegal da profissão, algo muito comum na América

Central.

Os profissionais das Relações Públicas centro-americanos têm a opção de agremiar-se a diversas

associações de comunicadores sociais, sejam elas de jornalistas, publicitários, etc. Existe também

grêmios criados especificamente para os profissionais das Relações Públicas. No Panamá, está o

Colégio de Relações-Públicas do Panamá; na Costa Rica, existe a Associação de Relações-

Públicas de Costa Rica; na Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador ocorrem esforços para

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criar uma associação. É importante assinalar que nos países em que existem grupos de classe, a

filiação não é obrigatória, por isso encontram-se muitos outros que não pertencem a qualquer

grupo.

As Relações Públicas na América Central fazem parte de uma indústria de persuasão

comunicativa em constante processo de desenvolvimento e construção, na qual fatores sócio-

políticos e econômicos desempenham um papel fundamental nesse processo.

Apesar do avanço das Relações Públicas na América Central, pode-se dizer que não há um

reconhecimento contundente pela profissão basicamente porque ela ainda é vista como um

apêndice do Jornalismo.

Embora sem ter acesso a informações exatas do salário de um relações-públicas da região,

constatou-se, por meio de entrevistas, que um executivo de Relações Públicas ganha

aproximadamente entre 1500 e 2000 dólares por mês e o assistente de Relações Públicas ganha

entre 500 e 1000 dólares por mês. Claro que esse salário também sofreu algumas quedas quando

fortes crises econômicas afetaram, em momentos distintos, cada país centro-americano.

A cultura corporativa na América Central é incipiente, por isso existem grandes campanhas para

mudar essa situação e, assim, levar as empresas a serem socialmente responsáveis. Mesmo que

timidamente, as empresas estão percebendo que a tendência à responsabilidade social se está

convertendo de fato em uma característica das empresas do século XXI. Por isso o interesse dos

relações-públicas centro-americanos de mudar a mentalidade da coalizão dominante e de clientes

se fosse o caso para investir mais em outras áreas de comunicação que antes foram ignoradas

como promoção e relação de Marketing. Eles também estão tirando proveito das novas

tecnologias como a internet.

Apesar das dificuldades econômicas, a indústria de Relações Públicas cresceu na América Central

durante os últimos dez anos. Ainda continua a luta para convencer os empresários centro-

americanos da importância dessa área como estratégica e efetiva para alcançar objetivos

organizacionais. Embora muitos empresários centro-americanos ainda não entendam exatamente

o que são as Relações Públicas, outros pelo menos consideram que elas podem ser um modo

efetivo para administrar a comunicação estratégica nas organizações.

As agências de Relações Públicas sofreram as conseqüências da crise político-econômica

vivenciada nos países centro-americanos. Muitas delas tiveram que fechar suas portas devido as

grandes perdas de dinheiro por falta de clientes. Com a falência dessas agências muitos relações-

públicas ficaram desempregados e, quando as crises político-econômicas eram superadas, muitas

delas reabriam com mais força para atender as exigências dos seus clientes. Para conseguir

atender os desejos dos seus clientes tiveram que diversificar os seus serviços.

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236

Em resumo, uma avaliação das Relações Públicas na América Central e das variáveis ambientais

que influenciam seu desenvolvimento permitiu fazer várias reflexões. A estabilidade política e

econômica de um país influencia positivamente o desenvolvimento das Relações Públicas como

uma prática profissional e disciplina de estudo. Com a estabilidade do sistema político e

econômico na América Central, fortalecem-se as Relações Públicas e impulsionam seu

desenvolvimento e crescimento.

Existência de cursos de Relações Públicas

em universidades centro-americanas

País Costa Rica El Salvador Guatemala Honduras Nicarágua Panamá

X X X X

Constatou-se que dos países centro-americanos, Costa Rica, Panamá, Nicarágua e El Salvador

possuem cursos formais de bacharelado ou licenciatura em Relações Públicas ou com ênfase

nessa área. Já em Guatemala e Honduras, existem cursos de ciências da comunicação

(comumente jornalismo e propaganda), que incluem na sua grade curricular, algumas disciplinas

da área das relações públicas. Isso demonstra que o praticante das Relações Públicas nesses

países, sempre estarão mais inclinados aos modelos de agência de imprensa/divulgação e o

modelo de informação pública. É por isso, que eles continuam reduzindo a prática de relações

públicas às já tradicionais relações de mídia.

As universidades da Guatemala e Honduras devem enfrentar o desafio de começar a estruturar e

oferecer cursos formais de Relações Públicas.

Quando se faz um diagnóstico de cada currículo do curso de Relações Públicas nas universidades

centro-americanas, percebe-se que existem algumas semelhanças entre eles. Isso pode ser

verificado na tabela abaixo, que também demonstra que em universidades da Guatemala e de

Honduras, o currículo acadêmico dentro do curso de ciências da comunicação, só oferecem as

disciplinas “Relações Públicas”, “Comunicação Organizacional” e “Imagem Corporativa”.

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237

Disciplinas da área de Relações Públicas ministradas nos Cursos de Comunicação Social de universidades centro-americanas

País Disciplina

Costa Rica El Salvador Guatemala Honduras Nicarágua Panamá TRP X RPA X PSRP X

MTIRP X PRP X CIG X RPI X RPM X JPO X IC X X

OTRP X RPE X

EPRP X RPRP X PERP X CCO X

DERP X CPRP X

RMDM X GRH X

EAERP X PRP X RPI X IC X LC X

ILMC X SC X

HRPPEU X PE X E X

AE X AP X

RRP X PI X

TGRP X FRP X AS X

TCRP X TRTVRP X

RPEE X RHO X RPEP X TIRP X RL X TC X OP X M X

PRP X ELRP X OE X

I X EP X TG X RP X X X X X CO X X

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238

Além das disciplinas da grade curricular, no Panamá, os estudantes de Relações Públicas devem

participar de dois seminários obrigatórios. Esses seminários são: “Casos e problemas das relações

públicas” e “Problemas da realidade nacional”. Também existem seminários opcionais nos quais

o estudante pode matricular-se durante os distintos semestres. Esses seminários são: “Dinâmica

de grupo”, “Discurso e oratória”, “Protocolo” e “Ecologia e meio ambiente”.

No Panamá, Costa Rica, Nicarágua e El Salvador, para a obtenção do título de Licenciado em

Relações Públicas, o estudante terá que cumprir com a exigência acadêmica de freqüentar o curso

durante quatro anos, se for do período matutino, e de seis anos, se for do período noturno. O

estudante deve contar ao final do curso com a totalidade dos créditos referentes às disciplinas.

Ademais deve ter realizado o seu estágio profissional em Relações Públicas e elaborar um

trabalho de conclusão do curso (monografia).

Apesar que em Guatemala e Honduras, não existem cursos formais de relações públicas, nos seus

cursos de Ciências da Comunicação, constatou-se alguma produção discente voltada as Relações

públicas. Muitos dos estudantes dos cursos de jornalismo e propaganda realizam seus estágios

supervisionados enfocados nas relações públicas em instituições/organizações públicas ou

privadas.

O anteriormente assinalado fica evidente quando se observam os perfis profissionais nas Escolas

ou Faculdades de Comunicação Social dos países centro-americanos onde os seus formados estão

preparados profissionalmente para exercer a função de relações públicas.

Existência de literatura em Relações Públicas

de autores centro-americanos

País Costa Rica El Salvador Guatemala Honduras Nicarágua Panamá

X X

Apesar de ser uma produção incipiente, há evidência que no Panamá existe literatura em relações

públicas de autores nacionais. Um exemplo é o livro do professor panamenho Miguel Espino,

intitulado “Relaciones Publicas en Panama y en el mundo”, de 1971.

Existência de Associações de Classe (Comunicadores Sociais) nos países centro-americanos

País

Costa Rica El Salvador Guatemala Honduras Nicarágua Panamá X X X X X X

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240

Dos países da América Central, Becerra (1983), em sua pesquisa de mestrado, só incluiu o

Panamá, portanto, os dados que revelam o surgimento das Relações Públicas nos outros países

centro-americanos foram obtidos durante a visita a esses países. Para conhecer em detalhes o

contexto histórico da atividade de relações públicas na América Central, foram realizadas

entrevistas em profundidade com alguns dos pioneiros de cada país.

Nos países da América Central, em geral, a pesquisa na área de Relações públicas é incipiente. O

Panamá apresenta um avanço notável quando comparado com os demais países da região centro-

americana e isso se deve, em parte, ao contexto histórico e econômico no qual se desenvolveram

as Relações Públicas no país.

Assim como a pesquisa de Ferrari (2000), esta tese adota uma abordagem “intercultural”, pois se

testou variáveis ambientais, detectou modelos, papéis e até onde foi possível, os princípios

genéricos presentes na prática das Relações Públicas na América Central. Ferrari destaca a

importância do enfoque “intercultural” quando cita Adler (1997, p. vii), que diz que "nenhum

sistema ou perspectiva de um país é melhor nem pior - nem mais ou menos efetivo - que

qualquer outro país; cada um é distinto e, portanto, não deve ser compreendido como réplica de

qualquer outra nação".

Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e El Salvador foram os países escolhidos

para o estudo. A escolha e abordagem do assunto se fiz nesses países, por um lado pela falta de

evidência empírica do estado e conhecimento das relações públicas no istmo centro-americano e,

pelo outro, por causa do pesquisador ser nativo de um dos países objeto deste estudo (Panamá), e

exercer a prática profissional no seu país de origem. Vale ressaltar que a proximidade geográfica

entre os países também foi um dos motivos que influenciaram a escolha do tema.

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ANEXOS

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UNIVERSIDADES DA AMERICA CENTRAL* Costa Rica

Curso RP Com. Social Universidades Sim Não Sim Não

Universidad Latina de Costa Rica X Universidad Autónoma de Centroamérica (UACA) X Universidad de Costa Rica (UCR) X Universidad Panamericana X Universidad Interamericana X

El Salvador Curso RP Com. Social Universidades

Sim Não Sim Não Universidad Centroamericana José Simeón Cañas X Universidad Dr Jpsé Matías Delgado X Universidad Tecnológica de El Salvador X Escuela de Comunicación Mônica Herrera X

Guatemala Curso RP Com. Social Universidades

Sim Não Sim Não Universidad de San Carlos (USAC) X Universidad Rafael Landívar X Universidad Francisco Marroquín X

Honduras Curso RP Com. Social Universidades

Sim Não Sim Não Universidad Tecnológica de Honduras X Universidad Nacional Autónoma de Honduras X Universidad Tecnolódica Centroamericana X

Nicarágua Curso RP Com. Social Universidades

Sim Não Sim Não Universidad Autónoma de Managua X Universidad del Valle X Universidad Centroamericana (UCA) X

Panamá Curso RP Com. Social Universidades

Sim Não Sim Não Universidad de Panamá X Universidad Santa Maria la Antigua X

* Para detectar os cursos de Relações Públicas ou cursos de Comunicação Social nas universidades centro-americanas, foi consultado o site da FELAFACS (www.felafacs.org). Com as informações obtidas elaborou-se o quadro acima, que apresenta as universidades que serão visitadas em janeiro e fevereiro de 2005.

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UNIVERSIDAD INTERAMERICANA DE COSTA RICA Bachillerato en Relaciones Públicas I CUATRIMESTRE BBP-103 Comunicación y Semiótica. BRP-001 Oratoria. BRP-002 Introducción a las Relaciones Publicas. BBP-108 Metodología de la Investigación.

II CUATRIMESTRE BRP-003 Teoría de las Relaciones Publicas BRP-004 Redacción Técnica de Informes. ELC Ingles. ISC-001 Informática

III CUATRIMESTRE BRP-005 Periodismo I. AMP-109 Estadística I. BBP-100 Publicidad I. ELC Ingles.

IV CUATRIMESTRE BRP-006 Periodismo II. BRP-007 Psicología Social. BBP-105 Principios de Macintosh. BBP-111 Planificación Publicitaria.

V CUATRIMESTRE BRP-008 Medios de Comunicación I. BRP-009 Comportamiento Organizacional AM-103 Administración Estratégica BRP-010 Negociación en Relaciones Publicas.

VI CUATRIMESTRE BRP-011 Investigación en Relaciones Publicas. BRP-012 Administración en Proyectos de la Comunicación BRP-013 Medios de Comunicación II AMP-110 Microeconomía.

VII CUATRIMESTRE AMRP-115 Administración de Recursos Humanos. BRP-014 Diseño de Campañas en Relaciones Públicas. AMP-104 Mercadeo BRP-015 Opinión Publica.

VIII CUATRIMESTRE BRP-016 Relaciones Internacionales. BRP-115 Legislación Publicitaria y de Relaciones Públicas. BBP-130 Estrategia Empresarial. BRP-018 Análisis del Entorno.

IX CUATRIMESTRE BRP-019 Gestión de la Imagen Corporativa. BRP-020 Taller de Relaciones Publicas. BRP-021 Dirección de Servicio al Cliente. BRP-022 Gerencia.

X CUATRIMESTRE BRP-023 Práctica Dirigida

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Maestría en Comunicación con énfasis en Publicidad o Comunicación Organizacional AREA MEDULAR MPC-101Actualidad y Comunicación en Latinoamérica MPC-102 Investigación para la Comunicación MPC-103 Teorías y Tendencias Comunicacionales MPC-104 Desarrollo y Análisis de Presupuestos MPC-105 Marco Jurídico de la Comunicación MPC-106 Diseño de Estrategias de Comunicación MPC-107 Opinión Pública MPC-108 Taller Selección de Medios de Comunicación PUBLICIDAD MPC-109 Publicidad en Internet MPC-110 Empresas de Publicidad I MPC-111 Psicología de la Persuasión MPC-112 Seminario de Creatividad MPC-113 Empresas de Publicidad II MPC-114 Estrategias Promocionales Internacionales MPC-115 Taller de Producción Publicitaria

(*) MPC-116 Prácticas en Comunidad (al finalizar la practica debe presentar una memoria

COMUNICACION ORGANIZACIONAL MPC-117 Comunicac. Organizacional I MPC-118 Desarrollo y Org . de Eventos MPC-119 Inv. En Relaciones Públicas MPC-120 Periodismo y Publicidad Org. MPC-121 Técnicas de Relaciones Publicas MPC-122 Comunicación Organizacional II MPC-123 Taller de Periodismo MPC-124 Relaciones Publicas Corporativas

(*) MPC-116 Prácticas en Comunidad (al finalizar la practica debe presentar una memoria)

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La Universidad Interamericana de Costa Rica, consciente de las necesidades y las expectativas de las empresas e instituciones y de su fortaleza en la generación de programas que ejerciten las habilidades gerenciales, emprendedoras y creativas de los profesionales, presenta su programa de Maestría en Comunicación con mención en Publicidad tanto para quienes se están formando como para aquellos que complementan su formación base. La Misión de la Maestría está dirigida hacia el aprovechamiento de los conocimientos y las experiencias que los profesionales han reunido en los estudios y los trabajos desarrollados, de ahí que asume la existencia de un conocimiento base sobre el entorno, para trabajar el aspecto creativo y estratégico de los profesionales. La maestría en mención refresca conocimientos, enseña nuevas teorías y prepara a los estudiantes para desarrollar su propio aprendizaje y ponerlo en práctica en la generación de estrategias, previsión de escenarios, superación de problemas y conflictos, y aprovechamiento de oportunidades. Después de todo, el nuevo entorno exige eso de las empresas e instituciones y de los nuevos profesionales. La Maestría de la Universidad Interamericana de Costa Rica, impulsa el desarrollo creativo del profesional, en el sentido que los preparan para que, conociendo diferentes teorías y tendencias puedan adaptarlas a sus necesidades y a las de las empresas e instituciones donde laboren, y de esta forma puedan generar estrategias en publicidad, que sean eficaces y rentables para el cumplimiento de los objetivos de la empresa o institución.

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UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE NICARAGUA

LICENCIATURA EN FILOLOGÍA Y COMUNICACIÓN

I SEMESTRE II SEMESTRE III SEMESTRE Matemática general Introducción a la Sociología Metodología de la

Investigación Introducción a la Filosofía Estructura Económica de

Nicaragua Morfosintaxis del Enunciado Simple

Técnicas de Lectura y Expresión Oral

Técnicas de Redacción y Ortografía

Introducción a la Informática

Historia de Nicaragua Introducción a la Comunicación

Teoría y Técnica del Análisis Literario

Introducción a la Antropología Introducción a los Estudios de la Cultura

Redacción de Géneros Periodísticos Informativos

IV SEMESTRE V SEMESTRE VI SEMESTRE

Redacción de Géneros Periodísticos de Opinión

Literatura Moderna y Contemporánea

Lengua Griega

Estructura del Enunciado Compuesto

Introducción a la Lingüística Semiótica de la Comunicación

Diseño Gráfico Computarizado Producción Radiofónica Seminario de Formación Integral

Literatura Grecorromana y Medieval

Introducción a la Semántica y a la Lexicología

Producción Televisiva

Fundamentos de Crítica Literária

Gramática Latina Fundamentos de Fonética y Fonología

VII SEMESTRE VIII SEMESTRE IX SEMESTRE

Historia de la Literatura Hispanoamericana

Español de América Comunicación y Globalización

Teoría de la Comunicación Poesía y Narrativa Hispanoamericana

Estudios Rubendarianos

Historia de la Lengua Española Relaciones Públicas y Comunicación

Literatura Española Contemporánea

Semiótica del Arte y la Cultura Investigación Aplicada Teoría y Práctica de la Publicidad

Planificación de la Comunicación

Seminario de Literatura Nicaragüense

Español de Nicaragua

X SEMESTRE

Análisis del Discurso Periodístico

Psicología de la Comunicación y Ética Periodística

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