As Terras Sagradas Do Brasil

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AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 82 6 - A Reconquista do Divino Abrindo parênteses: para se ter uma ideia da escala de tempo e da complexidade dos processos envolvidos no surgimento de uma raça mãe do ponto de vista ocultista, transcreve-se abaixo, trecho de um livro eminentemente esotérico (“O Sistema Solar” Arthur E. Powell Pensamento - 1993 p. 228 publicado originalmente pela So- ciedade Teosófica em Madras, Índia, 1930). O processo descrito refere-se aos atlan- tes, mas corresponde a um modelo de procedimento aplicável à criação de qualquer raça-raiz (raça mãe). Neste caso, o texto diz respeito mais especificamente ao primei- ro povo (sub-raça), o ramoahal, da quarta raça mãe, atlante. “Cerca de um milhão de anos se gastou no estabelecimento do tipo racial, tomando - se muito cuidado e tendo-se muito trabalho para chegar a uma mediana semelhança com o tipo que o Manu se incumbira de produzir. Pode dizer-se que ele fundou, en- tão, sem dúvida alguma, a Raça, encarnando nela e chamando os seus discípulos pa- ra tomar corpos em sua própria família, de modo que a sua posteridade formou a Raça. O Manu de uma raça, num sentido quase literal, é o seu Progenitor, pois toda a raça tem o Manu por antepassado físico. Nem os descendentes imediatos do Manu, entretanto, tinham uma aparência muito atraente, embora representassem imenso aprimoramento em relação à população circundante” [dos últimos lemurianos] (...) “Ele mesmo modelou e afeiçoou seu corpo físico segundo seu corpo astral e mental, modificando o pigmento da pele até vê-la assumir uma coloração quase igual à cor designada para a Raça”. Deve-se considerar que o texto acima foi publicado originalmente em 1930, antes portanto da perversa radicalização da questão racial, promovida pelo nazismo. O des- vario nazista e sua derrota desmascararam o preconceito racista e desgastaram a con- ceituação racial; e indiretamente demonstraram o quanto é caduco, hoje, o falso sis- tema de valores evolucionais (transcendentais, sociais, culturais) baseados em carac- teres físicos, entre os quais predomina o da cor da pele. No Ocultismo, o mestre que mais trabalhou para essa superação foi Henrique José de Souza. Na Segunda Guerra Mundial, a Humanidade pagou um alto e cruento preço por esse precioso desmascaramento. Hoje, está provado que o conceito de “raça humana” não tem a menor base científica. O que existe é a espécie humana. O moderno entendimento do Programa do GOM aponta para a formação de uma tipo- logia física universalizada, onde o preto, o branco, o amarelo, o pardo e o vermelho se mesclarão brevemente em um tom de pele que é tradicionalmente (nas profecias) chamado de “dourado”, com significado simbólico, referindo-se ao seu valor mental. Por um mau hábito verbal, ainda há ocultistas falando em “raça dourada”, quando "dourada" deverá ser a Humanidade como um todo. Henrique José de Souza resolveu esta questão no plano do próprio Ocultismo, ao as- sinalar que “raça” no contexto humano caiu na obsolescência, isto é, este conceito envelheceu, apodreceu e morreu. Segundo HJS, hoje a Humanidade como um todo pertence ao que, por força da Tradição, ainda é designado como sendo a quinta raça-

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  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 82

    6 - A Reconquista do Divino

    Abrindo parnteses: para se ter uma ideia da escala de tempo e da complexidade dos

    processos envolvidos no surgimento de uma raa me do ponto de vista ocultista,

    transcreve-se abaixo, trecho de um livro eminentemente esotrico (O Sistema Solar Arthur E. Powell Pensamento - 1993 p. 228 publicado originalmente pela So-ciedade Teosfica em Madras, ndia, 1930). O processo descrito refere-se aos atlan-

    tes, mas corresponde a um modelo de procedimento aplicvel criao de qualquer

    raa-raiz (raa me). Neste caso, o texto diz respeito mais especificamente ao primei-

    ro povo (sub-raa), o ramoahal, da quarta raa me, atlante.

    Cerca de um milho de anos se gastou no estabelecimento do tipo racial, tomando-se muito cuidado e tendo-se muito trabalho para chegar a uma mediana semelhana

    com o tipo que o Manu se incumbira de produzir. Pode dizer-se que ele fundou, en-

    to, sem dvida alguma, a Raa, encarnando nela e chamando os seus discpulos pa-

    ra tomar corpos em sua prpria famlia, de modo que a sua posteridade formou a

    Raa. O Manu de uma raa, num sentido quase literal, o seu Progenitor, pois toda

    a raa tem o Manu por antepassado fsico.

    Nem os descendentes imediatos do Manu, entretanto, tinham uma aparncia muito

    atraente, embora representassem imenso aprimoramento em relao populao

    circundante [dos ltimos lemurianos] (...) Ele mesmo modelou e afeioou seu corpo fsico segundo seu corpo astral e mental, modificando o pigmento da pele at

    v-la assumir uma colorao quase igual cor designada para a Raa.

    Deve-se considerar que o texto acima foi publicado originalmente em 1930, antes

    portanto da perversa radicalizao da questo racial, promovida pelo nazismo. O des-

    vario nazista e sua derrota desmascararam o preconceito racista e desgastaram a con-

    ceituao racial; e indiretamente demonstraram o quanto caduco, hoje, o falso sis-

    tema de valores evolucionais (transcendentais, sociais, culturais) baseados em carac-

    teres fsicos, entre os quais predomina o da cor da pele. No Ocultismo, o mestre que

    mais trabalhou para essa superao foi Henrique Jos de Souza.

    Na Segunda Guerra Mundial, a Humanidade pagou um alto e cruento preo por esse

    precioso desmascaramento. Hoje, est provado que o conceito de raa humana no tem a menor base cientfica. O que existe a espcie humana.

    O moderno entendimento do Programa do GOM aponta para a formao de uma tipo-

    logia fsica universalizada, onde o preto, o branco, o amarelo, o pardo e o vermelho

    se mesclaro brevemente em um tom de pele que tradicionalmente (nas profecias)

    chamado de dourado, com significado simblico, referindo-se ao seu valor mental. Por um mau hbito verbal, ainda h ocultistas falando em raa dourada, quando "dourada" dever ser a Humanidade como um todo.

    Henrique Jos de Souza resolveu esta questo no plano do prprio Ocultismo, ao as-

    sinalar que raa no contexto humano caiu na obsolescncia, isto , este conceito envelheceu, apodreceu e morreu. Segundo HJS, hoje a Humanidade como um todo

    pertence ao que, por fora da Tradio, ainda designado como sendo a quinta raa-

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    me, ariana. Pouco importa que este ou aquele povo seja baixo, gordo, alto, magrice-

    la, branco azedo ou preto-azeitona. Todos os povos esto no mesmo estgio ou estado

    de conscincia, que aquele onde chegou a evoluo humana at agora, globalmente.

    As diferenas que existem so individuais e no raciais. Alm disso, HJS traba-lhou intensamente, como escritor, ensasta, educador e organizador, pela idia de que

    a miscigenao sem qualquer preconceito o caminho natural e, portanto, evoluci-onal para a superao definitiva da idiotice racista.

    Negro que queira casar com loura ou louro que queira casar com negra (no esque-

    cendo as recprocas) no precisa ficar preocupado: em funo da existncia de genes

    recessivos, sempre haver indivduos com essas caractersticas. Falando srio: qual-

    quer que seja a cor da pele aqui e ali, todo mundo ser dourado no sentido de que o estado da conscincia humana est chegando a uma equalizao filosfica que certa-

    mente ter como conseqncia natural (e vice-versa) a equalizao fisiolgica; e onde

    as diferenas sero apreciadas como formas de enriquecimento da mente e do patri-

    mnio gentico de todos.

    Mas voltemos exposio do conceito de manu, que, em si, pode continuar vlido e

    real na escala do presente e do futuro imediato. Devem ser guardadas as propores

    em relao ao mesmo conceito em antigas sociedades patriarcais que se encontravam

    no estgio de organizao tribal. O texto a seguir, francamente tradicionalista, de

    Hernani M. Portela e V.H. Portela (Revista Dharana n. 15/16, 1960-61). Particular-

    mente interessante a enumerao que a se faz, de grandes manus que a Histria re-

    conhece, seja no plano dos fatos, seja como mitos.

    Os Manus so os condutores ou plasmadores das raas e dos povos nascentes, aparecendo no incio dos Ciclos, seja de Raas ou de Sub-raas, Ramos ou Famlias

    raciais. A tradio e a histria da formao, da evoluo e da decadncia dos Povos

    so unnimes em afirmar a realidade dos Manus, a epopia de um chefe primitivo,

    inspirado do cu, divindade humanizada, heri e guerreiro, ao mesmo tempo santo e

    patriarca. Em todos os tempos, em todas as latitudes apareceram, nas pocas neces-

    srias, excepcionais condutores de povos ou Manus, tais como Mu-k, preservando

    da catstrofe atlante as sementes da nova humanidade, Vaisvvata, frente da vergntea da qual nasceria a raa ria; Rama, conduzindo os Celtas; Mens, diri-

    gindo os Egpcios; Fo-Hi, orientando os Chineses; Odim, no comando dos Nrdicos;

    Abrao, frente dos Hebreus; Moiss, dos Israelitas; Manco-Capac, dos Incas;

    Quetzal-Coatl, dos Aztecas; Itzama, dos Maias; Bochica, dos Chibchas; Tamu, dos

    Carabas; Sum ou Tamandar, dos Tupis, e outros guias excelsos a nortearem a

    planetria peregrinao das mnadas (do grego mono, uno, unitrio) pelos Itiner-

    rios de IO.

    Aps o longussimo perodo de calmaria evolucional que se sucedeu tempestade

    atlante, iniciou-se o trabalho de retomada da evoluo na face da Terra. Para tanto, os

    Mundos Interiores, onde se refugiara a liderana atlante, intensificaram da presena

    dos avataras, seus emissrios, aqui. Desde ento, em cada episdio, as funes de

    avatara e de manu incorporaram-se no mesmo indivduo.

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    Esta movimentao correspondeu a uma deciso do GOM, de resgatar o carter sa-

    grado da superfcie. Sabe-se dessa deciso pelos seus efeitos: a partir do prenncio

    dos tempos histricos, so muitos os emissrios dos Mundos Interiores que encarna-

    ram entre os povos daquela poca. Chama ateno como, na enumerao de manus-

    avataras citados acima, salta-se de Vaisvvata, que viveu h cerca de um milho de

    anos, para Mens, no Egito pr-dinstico, isto , entre cinco e oito mil anos passados.

    No meio tempo, tem-se notcia de raros manus. Dois deles foram Osris e Phtah

    (Hermgenes ou Hilario), ligados a Posseidonis - assim mesmo, s um pouco antes

    do afundamento da ilha. Ambos viriam a ser adorados como deuses no antigo Egito.

    Eles promoveram a retirada prvia de muitos dos habitantes de Posseidonis (os que

    lhes deram ouvidos), salvando-os da catstrofe local.

    A deciso do GOM, de reativar plenamente o programa evolucional na face da Terra,

    foi adotada depois do colapso final da civilizao atlante em Posseidonis. Esta reati-

    vao implantou-se em trs frentes: uma no Oriente (ndia), outra s portas do Oci-

    dente (Egito e logo Grcia) e a terceira, um pouco mais tarde e bem mais para Oci-

    dente (Mxico e depois Peru).

    O antigo Egito e a antiga ndia (Bharat) so tradicionalmente conhecidos como a me

    e o pai da Humanidade no presente ciclo, noo que est ganhando corpo nos estudos

    modernos, no-iniciticos. Um forte sinal disto configurou-se no incio da dcada de

    90 do Sculo XX, quando tomou conta dos meios intelectuais norte-americanos e eu-

    ropeus uma polmica sobre as fontes da cultura contempornea.

    O livro Black Athena (Atenas Negra), do americano Martin Bernal, professor da Universidade de Cornell, publicado em 1991, sustenta que os antigos egpcios eram

    um povo de pele negra. A implicao geral deste fato (e no a questo racial) o que

    importa para nossa exposio, porque Bernal fez o seguinte raciocnio: se a civiliza-

    o dos faras foi a fonte da civilizao greco-romana, sendo esta, por sua vez, a fon-

    te da nossa, ento a civilizao atual dos americanos, dos europeus e, na globalidade

    contempornea, de todo o mundo civilizado, teve por base e origem a contribuio

    cultural egpcia.

    Na polmica que se travou a seguir, no se duvidou essencialmente de que o Egito

    culturalmente o bero da Grcia, e, portanto, do atual mundo judaico-cristo oci-

    dental. Isto ficou como ponto relativamente pacfico, debatendo-se acirradamente

    apenas se os primeiros monarcas do Nilo e seus sditos eram negros, questo que no tem a ver com o tema deste livro.

    Portanto, a Tradio ocultista e a opinio dominante no-ocultista vo tendendo a

    coincidir neste ponto: o Egito culturalmente nossa av, sendo a velha ndia o nosso

    av, tendo nascido do cruzamento dos dois a cultura helnica (greco-romana) antiga,

    nosso pai e me.

    reconhecido pelos estudos profanos (acadmicos, cientficos, no iniciticos) que

    vrias correntes da filosofia grega beberam nas fontes da metafsica hindusta clssi-

    ca e do budismo esotrico, direta e indiretamente. A Teosofia resultou da fuso de

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    uma certa linha do pensamento grego antigo com as ideias que constituem o corpo da

    filosofia vdica. Segundo Herdoto, andarilho e historiador grego do sculo V a.C.,

    os nomes dos deuses da Grcia derivaram-se dos nomes dos deuses do Egito.

    A mitologia dos povos que habitavam a parte do mundo hoje chamada de as Amri-cas do Sul e do Norte fecunda em relatos e lendas relativos a seres que vieram de longe, trazendo informaes, sabedoria e, muito concretamente, tecnologia.

    Um deles o deus Quetzalcoatl, que foi cultuado ao longo de milnios pelos toltecas,

    maias e astecas. Sua lembrana estava perfeitamente viva ainda no Sculo XVI,

    quando o aventureiro espanhol Hernn Cortez chegou com sua pequena e arrasadora

    tropa.

    Segundo a memria ancestral dessas culturas mesoamericanas, Quetzalcoatl foi um

    civilizador que lhes trouxe quase tudo o que possuam em termos de conhecimento, a

    comear pela agricultura e o artesanato, terminando pela arquitetura monumental,

    alis, caracterizada pela construo de pirmides. Ele foi, portanto, um avatara.

    O mesmo pode ser dito do mtico casal civilizador dos incas, o deus Manco-Capac e a

    deusa Mama-Occlo (Mama-Coya).

    Estes personagens mitolgicos mesoamericanos encobrem figuras histricas, de lde-

    res ou at grupos de lderes aglutinados, na lenda, em um mesmo indivduo. E, do

    ponto de vista ocultista, eram autnticos avataras (V. Cap. 5). Na escala de tempo da

    Histria, sua presena entre os habitantes da superfcie muito recente, contando-se

    em apenas alguns milhares de anos. Na realidade, podem ser considerados reciviliza-

    dores. Isto : resgataram parte da cultura atlante perdida no cataclismo.

    Os toltecas so tidos na tradio teosfica como o mais avanado dos povos (sub-

    raas) atlantes. Combinadas e cotejadas as informaes de vrias fontes esotricas,

    no se chega a uma datao coerente, nem em si mesma, muito menos com a da Pa-

    leontologia ou da Arqueologia. Contudo, predomina a informao de que a Atlntida

    continente e civilizao passou por quatro grandes cataclismos telricos (coliso de asteride, erupes vulcnicas, terremotos, maremotos).

    Para a Arqueologia, os toltecas foram um povo de existncia muito mais recente, da-

    tando o auge de sua civilizao de um perodo entre os sculo X e XII da Era Crist,

    na regio central do atual Mxico. Sua cultura se interpenetrou com a dos olmecas,

    cuja existncia os arquelogos modernos comprovaram como datando de uns 1450

    anos A.C., e a dos Maias, que dominaram a Amrica Central no primeiro milnio da

    Era Crist.

    Na terceira frente (Mxico e Peru), o material humano utilizado foram povos atlantes

    remanescentes e a linha seguida foi a revitalizao dos traos positivos da civilizao

    perdida. Seus manus-avataras, j mencionados acima: Quetzalcoatl no Mxico, e o

    casal mansico-avatrico Manco Capac-Mama Occlo, no Peru.

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    A julgar pelos fatos, os planos do GOM incluam o cruzamento da cultura rio-hindu

    (englobando praticamente toda a sia, inclusive a China) com a cultura atlante rema-

    necescente, reativada no Novo Mundo. O cruzamento cultural (e tambm gentico)

    seria ensejado pela vinda dos europeus, com a ocupao por eles daquelas duas regi-

    es (Mxico e Peru) e de outras das Amricas.

    Deve-se considerar que, com o colapso da Atlntida, seus povos sobreviventes entra-

    ram em colapso cultural. Alguns regrediram, outros ficaram evolucionalmente estaci-

    onrios durante muitos milnios. Esta meia pausa na aplicao do programa do Go-

    verno Oculto do Mundo parece ter coberto a rea da superfcie do Planeta como um

    todo, tendo o GOM considerado dessacralizada a face da Terra. Assim, as sementes da Raa Me rio-hindu (que se sucedeu Raa Me Atlante), plantadas por Vaisv-

    vata no Norte da ndia h 1 milho de anos, parecem ter ficado numa espcie de esta-

    do de animao-suspensa.

    No territrio da Amrica do Sul hoje correspondente ao Brasil, havia povos que,

    sendo de remota origem atlante, encontravam-se em um estgio cultural involudo ao

    nvel pr-civilizado. O principal deles era o tupi-guarani, e foi este o que mais intera-

    giu com os europeus mormente portugueses que para c vieram nos Descobri-mentos.

    O contato dos europeus com os remanescentes atlantes foi traumtico. Certamente

    no fazia parte dos planos do GOM a destruio cultural e a verdadeira carnificina

    que se seguiram vinda dos rios. Estes chegaram como conquistadores ao velho es-

    tilo, onde as novas raas submetiam e escravizavam fora as mais antigas.

    Ambos os lados tinham seu nvel e estilo de violncia. A dos remanescentes atlantes

    era eminentemente de carter ritualstico-religioso, sem ligao com interesses

    econmicos, territoriais ou de outro tipo utilitrio, prtico. Entre os astecas, prati-cava-se em larga escala um tipo de guerra que os antroplogos modernos tm dificul-

    dade de entender. Uma traduo aproximada do nome desses combates na lngua

    nuatle guerra das flores. Delegaes de duas cidades astecas reuniam-se e com-binavam uma guerra, com datas certas para comear e terminar. O objetivo era cada

    beligerante capturar prisioneiros do outro, os quais seriam sacrificados em seus res-

    pectivos templos, em festivais religiosos marcados pela antropofagia de sentido m-

    gico.

    J a violncia blica dos europeus ligava-se diretamente a interesses econmicos e

    territoriais. Havia tambm o pretexto religioso da converso dos gentios, alm da crueldade da Inquisio esta, alis, bem diferente da asteca. Entre os astecas, a v-tima no era um rprobo, e sim uma espcie de heri vencido em combate.

    Para a brutalidade da invaso espanhola comandada por Francisco Pizarro no Peru

    no houve sequer o pretexto de costumes violentos existentes entre os invadidos. Bas-

    ta notar que na civilizao dos Andes no se praticava a guerra das flores adotada no Mxico.

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    Seja como for, o cruzamento cultural-gentico se fez em todo o Novo Mundo, inclu-

    sive na Amrica do Norte. Um pouco depois foi enriquecido pelo aporte dos povos

    africanos, inicialmente trazidos em massa como escravos e depois integrados nova

    sociedade embora de forma ainda no completamente resolvida.

    O CAMINHO DA EVOLUO SEM O ABUSO DA VIOLNCIA

    Pode-se fazer aqui uma interpretao que, sendo livre, baseia-se em indcios histri-

    cos e em informaes esparsas, pontilhadas nos movimentos iniciticos. (O Aurlio

    no registra esta palavra, inicitico, mas sim um seu sinnimo, inicitrio , na acepo de relativo iniciao, sendo esta a admisso em uma sociedade secreta como, p. ex., a maonaria).

    O trauma da passagem do estado de conscincia lemuriano-atlante para o estado de

    conscincia rio parece ter motivado o GOM a procurar evitar o caminho da violn-

    cia, trgica e tradicionalmente seguido pelos processos de transformao evolucional.

    Nos quinhentos anos transcorridos desde os Descobrimentos e as invases europeias

    nas Amricas, o estado de conscincia da Humanidade caminhou e continua cami-nhando para uma equalizao de valores, representando a busca do equilbrio nas relaes entre os povos. Este processo tem tudo a ver com a ascenso de um novo

    estado de conscincia convencionalmente referenciado ao advento dos rios. Por en-

    tre contradies, vacilaes e contramarchas, a civilizao encaminhou-se para uma

    crescente rejeio violncia e ao instinto predador humano.

    Tal tendncia para o entendimento geral teve como ponto de partida a universalizao

    da personalidade na espcie humana. Esta foi universalizao - procurada e em mui-

    tos aspectos j alcanada - pela raa me ria, sendo esta em si, hoje, como j vimos,

    universal. Isto se tornou possvel com o pleno desenvolvimento do mental e da alma

    pessoal, que em conjunto com o fsico e o energtico, como j se viu, constituem a

    Personalidade.

    Em benefcio da clareza da exposio, convm relembrar aqui alguns pontos j abor-

    dados.

    Na Lemria, os seres que seriam mais bem qualificados, na maioria deles e na mai-or parte de sua trajetria, como pr-humanos - no chegaram a passar plenamente do

    estgio de alma-grupo (horda, tribo, cl, cidades-aldeias), com um mental rudimentar.

    S os humanos divinizados tinham algo que se poderia chamar de personalidade. Surgiu e firmou-se em todos o sentido da viso. Os primeiros sentidos incorporados

    pelo projeto do ser humano foram a audio e o tato, nas duas primeiras raas-mes

    admica e hiperbrea.

    Na Atlntida, comeou a ganhar presena a funo mental estritamente baseada nas

    informaes dos sentidos (mental concreto), com forte intromisso do veculo anmi-

    co (astral). que ento se expandia. Por isso que eles eram tambm sensitivos. A per-

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    sonalidade tornou-se um atributo potencialmente acessvel a todos, ficando a capaci-

    dade de abstrao como atributo de uma minoria. Apareceu o paladar.

    Com os rios ou arianos, chega plenitude a funo mental concreta, j comeando a

    abrir-se para o abstrato sob a influncia de Buda-Mercrio, o Senhor do desenvolvi-

    mento intelectual das criaturas humanas. A personalidade foi universalizando-se, pro-

    cesso que se completou muito recentemente, com a Revoluo Francesa. At ento,

    formalmente, s o membro da famlia real, da casta sacerdotal (alto clero) ou da no-

    breza tinha personalidade. Com a Revoluo, o direito a ter personalidade assumiu

    feio institucional, jurdica. Firmou-se o sentido do olfato.

    Antes do renascimento atlante no Novo Mundo, desenvolviam-se no Velho Mundo as duas grandes culturas que, cada qual a seu modo, dedicavam-se a resgatar o carter

    sagrado da Face da Terra: a civilizao indo-chinesa e a civilizao egpcia. Esta ti-

    nha ligao com a antiqussima civilizao tolteca, fonte tambm das culturas asteca

    e inca que floresceriam pouco depois daquela do Nilo.

    De certo modo em compasso com esses movimentos, floresceu ainda uma outra civi-

    lizao que atingia o auge quando a dos egpcios comeava: a dos sumrios, depois

    destruda pela invaso dos semitas e sucedida pela dos assrios, de lngua semtica.

    preciso registrar-se aqui, mais uma vez, que a escala de datas do modo ocultista de

    se contar a Histria, alm de contraditria em si mesma em alguns pontos, no bate com a viso acadmica.

    De qualquer maneira, parece no caber dvida de que, depois do primeiro e maior

    cataclismo atlante, h 850 mil anos, a Evoluo entrou em um prolongadssimo com-

    passo de espera em escala mundial. Muita coisa foi lentamente acontecendo nesse

    meio tempo, em vrias partes do mundo inclusive no planalto central brasileiro, on-de, segundo a Tradio, existiu uma cultura ps-Atlntida que conservou sua identi-

    dade e continuidade de memria durante nada menos que 200 mil anos. Isto exempli-

    fica o ritmo evolucional extremamente vagaroso que caracterizou o perodo.

    Para o presente texto, o que importa a reentrada da Evoluo em um ritmo bem

    mais marcante, com a entrada em cena das civilizaes ligadas raa me ria, fe-

    cundadas pelo trabalho dos avataras. Importa tambm a tnica dessas culturas, com

    sua vocao para a filosofia e a especulao intelectual ligada ao mistrio da vida e

    do Cosmos. Isto se tornou possvel graas ao avano do mental e do anmico.

    E curioso notar um determinado contraste entre os egpcios de um lado e os hindus

    e chineses, de outro. Os egpcios empenhavam-se na valorizao da alma como ve-

    culo objetivo, quase material. Chegaram ao exagero da tentativa de alcanar a imorta-

    lidade pela mumificao do defunto junto com processos mgicos para a perpetuao

    de seu duplo. J os indo-chineses atingiram um nvel de especulao filosfica to

    radical que eles chegaram a menosprezar as necessidades fsicas (principalmente na

    ndia) , criando a fome endmica e crnica e promovendo uma espcie de mumifica-

    o filosfica.

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    Os motivos para esse prolongado interregno na Evoluo estariam em duas circuns-

    tncias bsicas: primeiro, a liderana da Atlntida retirou-se (para se livrar do cata-

    clismo), deixando um vazio de poder espiritual, moral, mgico e poltico; depois, a

    guerra mundial atlante e o desvio do eixo do planeta provocaram um derramamento

    de energia negativa, anmica e telrica, com destruio e degradao do meio ambi-

    ente, alm de depredao do aura da Terra.

    A retirada dos lderes da Atlntida foi como um xodo dos deuses, realizado em decorrncia da invaso da Oitava Cidade e comandado pelo sumo-sacerdote Mu-Ka.

    Os retirantes encontraram no interior do Planeta um ambiente muito diferente daquele

    da superfcie conforme descrito no Captulo anterior.

    Os Mundos Interiores tambm tm uma Histria, que mantida quase completamente

    oculta. O que se pode dizer, montando um mosaico de informaes de diferentes fon-

    tes, que os imigrantes, ao chegarem s regies internas, necessitaram passar tam-bm por um longo perodo de adaptao. Esta envolveu as condies de vida nos

    mais diferentes aspectos, do ambiental ao psicomental, passando pela configurao

    astrolgica e magntica.

    H muito tempo, completada a ambientao dos humanos nos Mundos Interiores, h

    indcios de que a mesma levou a um andamento evolucional de lentido comparvel

    que se observou na Face da Terra aps o grande cataclismo, mas por outras razes.

    As condies interiores do planeta, caracterizadas pela quase integral estabilidade,

    conduziram a uma espcie de acomodao evolutiva. Tambm, nos nveis mais inte-

    riorizados de Agartha, a matria est to sutilizada que as contradies e os atritos

    caractersticos da vida material so extremamente minimizados.

    Uma verso no mnimo curiosa aventa a hiptese de que muitos seres agartinos, esp-

    ritos profundamente evoludos, sentem uma gradativa estagnao de sua prpria espi-

    ri-tualidade. Seria uma decorrncia da inatividade em que ficam na paz dos Mundos

    Interiores. Estes seres decidem voltar ao caldeiro da Face da Terra, como se fossem

    atletas da conscincia. No querem perder a forma, a qual, para eles, est intima-mente ligada ao exerccio do amor-sabedoria. Assim, encarnam em veculos plena-

    mente humanos no nvel da superfcie e vm trazer informaes e conhecimentos,

    traduzindo-os em experincias no meio da Humanidade, cuja evoluo ajudam pelo

    mesmo fato. Sendo um ato de amor universal, atende tambm ao legtimo interesse

    particular da respectiva mnada sem contradio, desde que a mesma , afinal, uma partcula do Todo.

    O esprito do ser que vem como avatara no precisa mais reencarnar, porm decide faz-lo para poder cumprir uma tarefa na esfera da Evoluo humana, ativando algum

    aspecto do Programa do GOM. Assim, acaba tambm evitando que o mesmo fique

    prejudicado ou indefinidamente adiado.

    O processo da avatarizao complexo e misterioso. Envolve uma forma de encar-nao ou reencarnao que no tem a ver com a Roda de Samsara. Este o nome budista-hindusta da srie de nascimentos e mortes pela qual passa carmicamente o

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 90

    ser humano. A encarnao ou manifestao avatrica se d no plano do mental supe-

    rior, perto do nvel espiritual, com pouca ou nenhuma interferncia do carma no sen-

    tido simplesmente humano..

    Etimologicamente, o vocbulo avatar (avat, avatara) provm do snscrito: ava,

    descida, mais tara, thorah, taro (tao ?) , Lei ou caminho. Na religio hindusta, a descida ou encarnao de um ser divino. No Ocultismo, manifestao do Es-prito de Verdade.

    Um avatar pode ser total, parcial ou momentneo. De um personagem como Taman-

    dar, presente no imaginrio dos ndios brasileiros na poca do Descobrimento, diz-se

    que foi um pequeno avatar, enquanto aquela outra figura tambm indgena, o Su-m, foi grande.

    Para nosso tema, importa lembrar que o bero terreno de um desses seres torna-se

    uma terra sagrada. Como j vimos a ecloso da Raa Me ariana na Mitologia e na

    Histria sincronizou-se com a multiplicao de tais manifestaes avatricas em v-

    rias partes do mundo. Patenteou-se que foi acelerada a execuo de um Programa,

    que pode justamente ser chamado de o Programa dos Avataras, correspondendo deciso agartina de trabalhar pelo resgate do carter sagrado da superfcie da Terra.

    A regio do Trans-Himalaia, que se estende da grande cordilheira (na fronteira entre

    a ndia e o Tibete) ao deserto de Gbi (na Monglia) foi o primeiro teatro de opera-

    es dos indo-arianos. Pode-se concluir que sua escolha prendeu-se a fatores ocultos,

    mas tambm a duas circunstncias reconhecveis: a regio tinha estado fora da rea

    abrangida pela civilizao atlante e, portanto, isenta dos reflexos negativos da heca-

    tombe; e era uma rea de montanha, sabendo-se pela Tradio e a crnica que as ter-

    ras altas vm sendo o bero preferencial de grandes civilizaes com inspirao ms-

    tica.

    MONTANHAS E MOSTEIROS NAS TERRAS MAIS SAGRADAS

    A mitologia de cada povo ou movimento tem sua montanha ou elevao sagrada refe-

    rencial: Olimpo (dos gregos antigos), Meru (dos hindustas), Sinai ou Horeb (dos he-

    breus), Alborj (dos persas antigos) Pottala (dos tibetanos), Moriah (dos maons),

    monte das Oliveiras e Glgota (dos cristos), Sierra Madre (dos aztecas), Machu-

    Picchu (dos Incas), Fuji-Yama (dos japoneses), as Sete Colinas do Lcio (Roma),

    Shastra (EUA), Alpes (dos franco-normandos), Sintra (Portugal), Salvat - do Graal

    (Inglaterra), Roncador e Mantiqueira (Brasil) etc. etc. Entre os antigos egpcios, o

    papel da montanha era desempenhado pela Grande Pirmide.

    O Tibete, situado na parte mais montanhosa dessa regio, onde se encontra o Evereste

    (no vizinho Nepal), ponto mais elevado do planeta e por isso chamado o Teto do

    Mundo, tornou-se o territrio do povo mais identificado com a tnica do ciclo indo-

    ariano ento novo hoje, esgotado. Constituiu-se no Tibete a Hierarquia dos Budas-Vivos, expresso direta de Sudha Dharma Mandalam, a Grande Fraternidade Branca

    (outro nome do Governo Oculto do Mundo). O Tibete organizou-se como uma teo-

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 91

    cracia budista esotrica, ocultista (supra-religiosa), baseada no poderio (espiritual e

    temporal) da casta dos lamas, sacerdotes (na face da Terra) do Rei do Mundo, o sobe-

    rano dos Mundos Interiores, personificado no mundo humano pelo Buda Vivo. O Da-

    lai-Lama (sumo-sacerdote governante, sediado no palcio do Potala, em Lhassa, capi-

    tal tibetana) e o Traishi-Lama eram os suportes esotricos do Rei do Mundo, na fun-

    o de Colunas.

    O budismo-lamasmo do Tibete inspirou a transformao espiritual indo-ariana no

    Trans-Himalaia. E, apoiada na grandeza cultural e territorial da vizinha ndia, a meta-

    fsica ocultista indo-ariana espalhou-se pelo mundo. Primeiramente, sua influncia

    chegaria Monglia e China. Na Monglia, bem mais tarde surgiu um lamasmo nos

    moldes tibetanos e tambm ligado hierarquia de Budas-Vivos.

    Na concepo tibetana, no nvel de revelao ento permitida Humanidade da Face

    da Terra, a capital dos Mundos Interiores, Shamballah, encontrava-se no Himalaia. O

    romance Horizonte Perdido (Lost Horizon), de James Hilton, chama de Shangri-Lah o santurio central do espiritualismo lamasta, um recanto paradisaco de paz,

    sabedoria e harmonia, onde no havia a doena nem a morte, escondido em algum

    lugar da grande cordilheira, entre as neves eternas. O britnico Hilton seguiu a linha

    de informao que fez o escritor inicitico Campanella, em A Cidade do Sol, dar o centro do poder espiritual como situado em um pas distante. A primeira referncia localizao da sede do Governo Oculto do Mundo no interior da Terra foi feita por

    Alexandra David-Neel, a andarilha e ocultista belga (1868-1969). Sem se referir dire-

    tamente aos Mundos Interiores, ela informa sobre um povo de sbios que habitava

    imensas cavernas debaixo do Himalaia. (A impressionante trajetria de Alexandra

    abordada no Cap. 9).

    guisa de ramificaes da Grande Loja ou Fraternidade no mundo humano, sendo

    em realidade a projeo do Governo Oculto do Mundo (GOM) na face da Terra (na

    poca, centralizado no Tibete), fundaram-se 22 santurios espalhados por vrios con-

    tinentes. Os atos de fundao ocorreram em pocas s vezes separadas entre si por

    sculos, do quinto milnio a.C. ao ano de 1921 da Era Crist. Muitos eram templos e

    outros mosteiros. Alguns deles no chegaram a ter existncia objetiva. Todos, centros

    de fora espiritual. Cada um foi ou (vrios ainda esto ativos) o ponto focal de uma

    terra sacralizada por sua influncia.

    Na linha oriental, a Tradio do GOM indica 22 mosteiros e fraternidades guisa de

    ramificaes da Grande Loja (outro nome da Grande Fraternidade) no mundo huma-

    no ou terreno: ndia Srinagar, Simlar, Cartock, Ladak, Leh; Monglia Urga, Na-ringol; Tibete Tjigad-J, Lhassa; Mxico Chichen-Itza; Peru Macchu Pichu; Egito El Kaira, Karnak, Luxor; Lbia Kaleb; USA El Moro; Lbano Monte Lbano e Baal Beck; Brasil Boassucanga (regio de Vila Velha, no Paran); Pari-m ou Manoa, Cidade dos Tetos de Prata, o Eldorado (regio da Serra de Roraima,

    em torno da Pedra Pintada); Terespolis (Estado do Rio de Janeiro, regio relaciona-

    da com Badezir (rei fencio imigrante); Matatu-Araracanga (significando, na lngua

    tupi, cabeceira das arararas), que tem ainda o nome de Cidade dos Telhados Res-plandecentes, lugar central da saga do Coronel Fawcett (regio da Serra do Ronca-

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 92

    dor, em Mato Grasso); Moreb (em So Loureno, sul de Minas), conhecida pelo mo-

    radores como Montanha Sagrada.

    V-se que, no encadeamento dos lugares sagrados, a movimentao no estanque.

    Passado, presente e futuro coexistem. Quando uma etapa chega ao auge, j est em

    preparao a etapa seguinte.

    Note-se que, desses 22 santurios espalhados por nove pases, o Brasil tinha quatro e

    a ndia cinco, quase a metade. Hoje, com a ativao (h 100 anos) de um ponto na

    Ilha de Itaparica, o Brasil sede de cinco, o que por si s indica a relevncia de sua

    posio nesse quadro.

    Contudo, o mapa dos centros de atuao do GOM no mundo comeou a mudar radi-

    calmente em 1875, quando Helena Petrovna Blavatsky e Henry Olcott saram da In-

    glaterra e da ndia e instalaram a Sociedade Teosfica em Nova Iorque, EUA. (V.

    Cap. 8).

    A sequncia dos acontecimentos mostra claramente que Blavatsky e Olcott tinham a

    misso de transferir o plo do movimento espiritualista-ocultista, ento situado no

    Oriente, para o Ocidente. O grande lema esotrico ex-oriente Lux (a Luz vem do Oriente) devia ser substitudo pelo ex-occidente Lux (a Luz vem do Ocidente).

    preciso notar que, em 1875, os EUA estavam longe de ser a potncia em que se

    transformariam a partir do incio do Sculo 20. No h como negar que, ao decidir

    centralizar ali o movimento ocultista at ento sediado na ndia, a fundadora da Soci-

    edade Teosfica e seu principal colaborador j sabiam da perspectiva da ascenso

    norte-americana. Sabiam tambm que as duas bases territoriais e polticas do lamas-

    mo supra-religioso (a Monglia e o Tibete) iriam entrar em crise terminal dentro de

    algumas dcadas.

    Na Monglia, o Buda-Vivo Bogdo Gegen foi entronizado depois que a nobreza local

    libertou o pas dos invasores manchus, em 1911. Em seguida houve uma interveno

    militar chinesa, derrotada pelos russos brancos, que por sua vez perderam para o

    Exrcito Vermelho em 1919. O reinado do Buda Vivo mongol acabou em 1924,

    quando Bogdo Gegen desencarnou e abriu-se o caminho para a instalao plena do

    regime comunista. Pouco antes de desaparecer, ele anunciou que a srie de Budas-

    Vivos orientais chegava ao fim, e que o prximo Buda-Vivo nasceria no Ocidente,

    iniciando uma nova fase na Evoluo.

    A antecipao, feita pela intelligentzia do GOM, do fim da liderana espiritual orien-

    tal, se confirmaria tambm no Tibete, pouco depois: a China invadiu o pas dos lamas

    em 1950 e derrubou o poder teocrtico, corroborando a queda tibetana, que filosfica

    e culturalmente j vinha de antes. Os lamas ainda afinados com a Programao j sa-

    biam, alis, que sua terra perderia a liderana espiritual, tanto que havia profecias

    anunciando a transferncia de tal liderana para o Novo Mundo, com destaque para

    os EUA e depois o Brasil (V. Cap 1). quela altura, grande parte do clero lamasta

    tinha entrado em decadncia espiritual, repassando ao povo materialmente empobre-

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 93

    cido uma religio voltada para a magia utilitarista, mediante cultos a demnios cria-

    dos pelo animismo.

    Preparada para superar o marcapasso espiritual que h sculos acometia o lamasmo

    tibetano e o orientalismo em geral, a Teosofia preparara-se para ser a implementao

    da resposta ao problema da continuidade do Programa do GOM. Tal resposta na rea-

    lidade vinha sendo armada desde o Sculo XIV, nos tempos da Escola de Sagres em

    Portugal, cuja ao abriu o caminho para as grandes navegaes e o descobrimento

    do Novo Mundo, na Misso Y.

    Desta forma, sendo Blavatsky considerada um avatara (expresso de uma conscincia

    dos Mundos Interiores), a cidade de Nova Iorque beneficiou-se do influxo de sua pre-

    sena, tornando-se de certo modo uma terra sagrada. Em um desses paradoxos da

    Evoluo, depois que Blavatsky e Olcott, pela forte resistncia encontrada principal-

    mente na opinio religiosa, tiveram de desistir de seu projeto nos EUA, retirando-se

    para a velha ndia, a grande cidade no perdeu o impulso, pelo menos na rota profa-

    na. Viria a tornar-se o que hoje de fato, a capital econmica e cultural do mundo

    profano.

    preciso destacar-se que, na marcha para o Ocidente, a Tradio do GOM, em dife-

    rentes momentos da Antiguidade, geraria outros movimentos transcendentais, a oeste

    da ndia, como o dos Magos da Prsia (Ir).

    Igualmente notvel o misticismo ocultista da sia Menor antiga. na linha sucessi-

    vamente praticada pelos sumrios, hebreus e judeus, a qual viria a redundar na tradi-

    o de Hiram Abif e Salomo (com repercusso na ndole templria da Maonaria) e

    na Cabala.

    O Governo do Mundo comeou como uma escola de iniciao, Suddha - ou Zuddha -

    Dharma Mandalam, significando na realidade Confraria da Pura Lei, mais do que Grande Fraternidade Branca, sendo esta a denominao usual adotada no Ocidente. A palavra branca induz, no caso, a ms interpretaes preconceituosas e alis sem nenhum fundamento, pois Rigden-Jieppo (at recentemente, Rei do Mundo), dirigen-

    te de Suddha Dharma Mandalam, era etope e negro.

    Ali se estudava e se vivenciava o Programa Csmico em execuo sob a inspirao

    emanada do Supremo Arquiteto do Universo no seu aspecto de Logos criador. Com o

    tempo e o trabalho, as escolas iniciticas foram se sucedendo e se multiplicando pelo

    mundo e ao longo da Histria.

    Todas se situam na linha da Tradio do (atualmente) Governo Oculto do Mundo

    (GOM). Cada uma delas , em algum nvel, continuadora de Zuddha Dharma Manda-

    lam (tambm chamada de Crculo dos Irmos da Pureza).

    Eis algumas de seus nomes, com a possvel e involuntria omisso de algum. Aqui

    mencionam-se indistintamente ora os nomes das escolas, ora de seus Mestres funda-

    dores e suas ordens ou confrarias. Leva-se em conta, aproximadamente, a cronologia,

    sem esquecimento da eventual simultaneidade:

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 94

    Sete Reis de Edon, Sanctus Sanctorum, Ordem do Santo Graal, Vaisvvata, Osris,

    Herms, Fo-Hi, Lao-Tse (Kung-Fu Tse), Ordem de Melkisedek, Abrao, Moiss,

    Akenaton ou Khunaton (Ordem Rosacruz dos Andrginos), Salomo (Maonaria

    Construtiva dos Trs Mundos), Cabala, Zaratustra (Colgio dos Magos), Patanjali,

    Tantrismo, Gautama O Buda, Lamaismo Tibetano, Lamaismo Mongol, Pitgoras,

    Plato (Repblica Platnica), Aristteles (Escola Peripattica), Essnios (ao tempo de

    Jesus), Odin (os Ases), Quetzalcoatl, Manco-Capac, Aztecas Cabalistas (Chichn-

    Itza), Ordem dos Teurgos, Sufis, Ordem dos Irmos Africanos (Cavaleiros de Albor-

    di), Carlos Magno (Doze Pares de Frana), Rei Artur (Cavaleiros da Tvola Redon-

    da), Druidas, Monges Construtores, Ordem dos Templrios, Sociedade de Kaleb,

    Franco-Maonaria, Christian Rosenkreutz (La Fama Fraternitat), Rosacruz (moder-

    na), Ordem de Mariz, Ordem dos Templrios, Ordem de Malta, Saint-Germain, Kar-

    decismo, Sociedade Teosfica, Gurdjieff, Krishnamurti, Sociedade de Thule, Gnose,

    Eubiose.

    A listagem acima no pretende incluir todos os nomes, mas to-somente indicar, com

    a aproximao possvel, a incontvel multiplicidade de movimentos, instituies e

    associaes de pessoas que de algum modo cultivam (s vezes sem a assumirem) a

    Tradio do GOM. Tal multiplicidade ainda maior na presente virada do milnio.

    De um modo geral, cada uma dessas marcas ligou-se a um certo lugar, uma certa referncia geogrfica, ento considerada como sendo ou tendo sido uma das Terras

    Sagradas.

    Vrios desses movimentos mantm ou mantiveram templos devotados a um magnfi-

    co aspecto da Tradio, de origem atlante, reativada pelo Cristianismo na Idade M-

    dia: a Demanda do Graal, a busca do recipiente (uma Taa) onde Jos de Arimatia

    recolheu o sangue do Crucificado no Glgota. Numa concepo ecumnica, ali foi

    virtualmente depositado o sangue de todos os Avataras, j a partir do colapso da

    Atlntida.

    Tradicionalmente o Santo Graal uma poderosssima fonte de energia mental que

    impulsiona o progresso tanto espiritual quanto material do lugar onde se encontre na

    face da Terra. Trata-se, portanto, de um supertalism, um inestimvel tesouro.

    No Apocalipse de Joo so apontadas as sete Igrejas do Oriente: feso, Smyrna, Pr-

    gamo, Titira, Sardes, Filadlfia, Laodicia (e a oitava, Jerusalm) - ligadas ao mist-

    rio do Santo Graal.

    As Igrejas do Ocidente, relacionadas pela Tradio do GOM ao mistrio do Graal:

    Santa Maria Maggiore, em Roma (Itlia), Catedral de Bruges (Blgica), Abadia de

    Westminster (Londres, Inglaterra), S Patriarcal (Lisboa, Portugal), Catedral do M-

    xico (cidade do Mxico), Catedral da S (Salvador, Bahia, Brasil). Em So Loureno

    (MG, Brasil), foi construdo pela Sociedade Brasileira de Eubiose um templo dedica-

    do a todas as religies do mundo, onde se cultua a memria da Taa.

  • AS TERRAS SAGRADAS DO BRASIL 95

    Cada um destes centros (templos, mosteiros e catedrais) assinalou e ativou, no seu

    tempo, uma Terra Sagrada.

    Toda esta movimentao, que como se viu comeou ainda nos remotos tempos lemu-

    rianos e atravessou a era atlante, chegando poca ariana, configura a trama urdida

    pelo GOM, preparando o cenrio para a poca moderna, onde nos encontramos. E

    que por sua vez a antessala de grandes transformaes - j em curso - no Brasil e no

    mundo.