AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E A SOCIOLOGIA (FINAL)
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Universidade Estadual de Londrina Música, Cultura e Sociedade
Magali Oliveira Kleber
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E A SOCIOLOGIA
Eric Gomes do Carmo
Londrina
11/2013
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E A SOCIOLOGIA
Embora no texto base estudado não haja nenhuma correlação da sociologia
com a música, podemos discernir que as mudanças sociais tem impacto direto sobre a
cultura de uma sociedade. A Arte como expressão cultural de um povo irá nitidamente
transparecer as dores, angustias, tristezas e alegrias do ser humano inserido. Por
tanto, a música é sempre um dos instrumentos de expressão do contexto social, que
extravasa os sentimentos mais profundos de uma sociedade.
Eric G. do Carmo
Introdução
O século XVIII foi marcado por transformações que fizeram o homem analisar a
sociedade como um novo "objeto de estudo”. Essa situação foi gerada por três
Revoluções: Industrial - que consolidou o capitalismo face ao feudalismo; Francesa -
em nome da igualdade, liberdade e fraternidade colocou no poder a burguesia,
destronando a nobreza e o clero; e a Cultural que pela revalorização da razão, da ciência
e da técnica é responsável pelo modo de vida da modernidade.
A sociologia surge no século XIX como ciência que tenta explicar a vida social,
a partir de um contexto revolucionário que causou uma mudança radical da sociedade.
Três vertentes de pensamentos distintos tentavam reorganizar a sociedade:
conservadores - que buscavam reorganizar a sociedade com base nos valores feudais:
família, propriedade, autoridade e religião; positivistas - que eram otimistas em relação
ao desenvolvimento do capitalismo industrial, trabalhavam para consolidar a ordem e o
progresso; socialistas que pautaram as contradições do capitalismo e propuseram sua
superação pelo socialismo científico a partir do trabalho de Karl Marx e F. Engels, para
os quais a luta de classes deveria ser o objeto de estudo da sociologia.
A Sociologia é considerada por muitos como uma ciência mais inexata, pois o
seu observador está inserido no objeto de estudo. Por isso, embora as transformações
sociais geralmente não aconteçam de forma súbita, são imperceptíveis ao observador
nela inserida.
A industrialização e as mudanças sociais decorrentes
Em suas fases o capitalismo se caracterizou primeiramente pelas Grandes
Navegações e Expansões Marítimas Europeias, estendo-se do século XVI ao XVIII, em
que o acúmulo de riqueza era gerado através do comércio de especiarias e matérias-
primas não encontradas em solo europeu.
A segunda fase chamada de Capitalismo Industrial inicia-se com a Revolução
Industrial. O acúmulo de riqueza provinha do comércio de produtos industrializados das
fábricas europeias.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-
se um processo contínuo de produção coletiva em massa, geração de lucro e acumulo de
capital. Na Europa Ocidental, a burguesia assume o controle econômico e político. As
sociedades vão superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do
privilégio de nascimento) e campesinato e o enfraquecimento das instituições feudais:
servidão, propriedade comum, grupos artesanais e comerciais. A força do capitalismo se
impõe.
A terceira fase chamada de Capitalismo Monopolista Financeiro foi iniciada no
século XX (pós Segunda Guerra Mundial) e estendendo-se até os dias de hoje.
Uma das consequências mais importantes do crescimento acelerado da economia
Capitalista foi o processo de centralização dos capitais. Várias empresas surgiram e
cresceram rapidamente: Indústrias, Bancos, Corretoras de Valores, Casas Comerciais e
etc.
A centralização populacional nos grandes centros foi motivada pela
capitalização e modernização da agricultura dos grandes proprietários e arrendatários
das terras, causando elevado êxodo rural. Muitos vagavam a procura de trabalho com
baixa condição de subsistência.
Foi somente no limiar do século 18, com as revoluções industrial e agrícola
na Inglaterra, que uma relativa abundância de alimentos com outros fatores
ligados a melhoria na higiene promoveram uma sensível redução das taxas
de mortalidade e um correspondente aumento da população.
(QUINTANEIRO et ali, 2002, p.10).
Neste contexto surgem as teorias contra o capitalismo, dentre elas o Socialismo
Científico de Karl Marx e Engels, representada pela Obra O Manifesto Comunista,
primeiro esboço da teoria revolucionária. Depois Marx publica o livro O Capital, no
qual mostra todos os defeitos do Capitalismo, incluindo o conceito de mais-valia.
Como surgiu a Sociologia?
A sociologia é uma ciência social que estuda a sociedade. Ela, como um campo
delimitado do saber científico, só emerge em meados do século XIX na Europa.
Como várias outras disciplinas modernas das ciências sociais aplicadas
(economia, política, direito positivo, por exemplo), a sociologia nasce no
contexto da revolução industrial na Europa ocidental, quando a reflexão
sobre as organizações humanas, inclusive num sentido comparativo entre as
sociedades civilizadas – em contraposição à comparação entre estas e as
sociedades ditas primitivas, que redundará na antropologia –, começa a ser
sistematizada pelos primeiros filósofos sociais, ou “ideólogos”, como foram
chamados alguns deles, na passagem do Iluminismo para a sociedade
capitalista, movimento, aliás, coincidente com a Revolução Francesa.
Sociologia: origens, contexto histórico, político e social. (ALMEIDA, Paulo
Roberto de. Os mestres fundadores: Marx, Weber e Durkheim; a sociologia
no Brasil). Disponível em:
<http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1257SociologiaSintese.pdf>
Acesso em 30 de Outubro de 2013.
Como um dos antecedentes intelectuais da Sociologia, o Renascimento surgiu no
século XV, inicialmente na Itália, Inglaterra e na Alemanha, ganhando a Europa urbana
no século XVI. Foi um movimento intelectual e artístico que teve como premissa a
redescoberta dos princípios e valores da antiguidade Greco-romana. Caracteriza-se por
uma nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento.
Como ideia cujo impacto também foi marcante para as primeiras teorias sociais
modernas, o Humanismo coloca o homem como centro de tudo. É na realidade o
antropocentrismo que como concepção situa e explica o homem como o centro do
universo e, ao mesmo tempo, como o fim segundo o qual tudo o mais deve estar
ordenado e a ele subordinado: "O homem é a medida de todas as coisas" (Protágoras).
Pregava a ausência de envolvimento entre governo e religião; o pensamento racional,
sem especulação e valorização do indivíduo.
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na França e na Grã
Bretanha na década de 1690. Defendiam a ideia de um progresso geral da humanidade
na história. Os iluministas ficaram conhecidos por esse nome por valorizarem a razão (o
homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então,
eram justificadas somente pela fé); a liberdade; o individualismo; o anti-clericalismo
(eram contra o clero da igreja); o cosmopolitismo (o homem é um ser do mundo); o
progresso (passagem da ignorância e escassez para o conhecimento e abundância).
O Racionalismo que derivado do Iluminismo consiste na crença em ideias inatas
e no raciocínio lógico, através da razão. Já o empirismo, ao contrário do racionalismo,
prima pelo princípio racional, mas através de experimentos científicos.
A burguesia europeia ilustrada acreditava que a ação racional traria
ordem ao mundo, sendo a desordem um mero resultado da ignorância.
Educados, os seres humanos seriam bons e iguais. (QUINTANEIRO
et ali, 2002, p.13).
Desta maneira, temas como liberdade, moral, leis, direito, obrigações, autoridade
e desigualdade passam a ganhar destaque e a fazerem parte do repertório de questões
que a Sociologia viria a estudar.
Diferentemente da Revolução Industrial, a Revolução Francesa foi uma
revolução social de massa, radical. A Revolução Francesa aconteceu no mais populoso e
poderoso país da Europa da época.
Ao final da Revolução Francesa, os anseios de igualdade social viram-se
frustrados, pois a burguesia conservava a hegemonia política e, por esse motivo,
impunha os interesses de sua classe social. A igualdade política pregada pela Revolução
Francesa teve comprometimentos quando o direito de votar e ser votado ficou restrito,
mediante um modelo onde grande parte da população continuaria por muito tempo
atrelada à escravidão e ao analfabetismo.
A Revolução Francesa inaugurou uma realidade que provocou impacto e espanto
compartilhado entre pensadores franceses. Émile Durkheim foi um desses pensadores.
Como um dos intelectuais fundadores e organizador da sociologia como ciência,
identificou na “tempestade revolucionária” a noção de ciência social.
Os primeiros
A necessidade de se estabelecer uma ciência responsável pela compreensão da
sociedade foi sinalizada primeiramente pelo filósofo francês Auguste Comte. Em seu
curso de filosofia positiva, em 1839, recorreu à utilização do termo sociologia para se
referir ao estudo da sociedade.
Dois encontros influenciaram profundamente as duas grandes etapas desta obra.
Em 1817, ele conhece H. de Saint-Simon: O Organizador, o Sistema Industrial, e
concebe, a partir daí, a criação de uma ciência social e de uma política científica.
Segundo QUINTANEIRO (et ali, 2002, p.18), Saint-Simon acreditava no industrialismo
como domínio da natureza, sendo a história humana a do trabalho material e espiritual
ou o do esforço coletivo - que engloba os avanços da ciência.
No ideal de Saint-Simon a sociedade seria perfeita se cada um exercesse sua
capacidade e sua produção para o bem comum. Entretanto, neste sistema perverso só é
valorizado quem produz. Neste caso como ficariam os inválidos, as crianças e os
idosos?
Em 1844 Comte publica o prefácio do curso sob o título: Discurso dobre o
espírito positivo. Entre 1851 e 1854 aparecem os enormes volumes do Sistema de
política positiva ou Tratado de sociologia que institui a religião da humanidade.
Desde 1847 Comte proclamou-se grande sacerdote da Religião da Humanidade.
Institui o "Calendário positivista" (cujos santos são os grandes pensadores da história),
forja divisas "Ordem e Progresso", "Viver para o próximo"; "O amor por princípio, a
ordem por base, o progresso por fim", funda numerosas igrejas positivistas (ainda
existem algumas como exemplo no Brasil). Ele morre em 1857 após ter anunciado que
"antes do ano de 1860" pregaria "o positivismo em Notre-Dame como a única religião
real e completa". Comte partiu de uma crítica científica da teologia para terminar como
profeta.
A Sociologia foi o resultado da união de inúmeros pensadores, nas diversas
partes do mundo. Quatro pensadores foram responsáveis por estruturar os fundamentos
da Sociologia possibilitando criar três linhas mestras explicativas fundadas por eles:
1) a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte (França, 1798-
1857) e seu principal expoente clássico Émile Durkheim (França, 1858-1917), de
fundamentação analítica;
2) a Sociologia Compreensiva, iniciada por Max Weber (Alemanha, 1864-1920), de
matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva;
3) a Sociologia dialética, iniciada por Karl Marx (Inglaterra, 1818-1883) que mesmo
não sendo um sociólogo, deu início a uma importante linha de explicação sociológica.
Inicialmente, a sociologia foi pensada como um instrumento para a promoção
“da ordem e do progresso social”, bem como uma ciência aplicada no planejamento e
reformulação da vida social. No entanto, o interesse pelo estudo da sociedade também
serviu aos interesses das potências imperialistas do século XIX. Como o capital
financeiro necessitava de novos mercados para poder crescer, fora dada a largada à
corrida para a conquista de novos territórios, que significava a conquista da Ásia e da
África.
À civilização ocidental fora imposta mesmo a contra gosto dos povos
dominados, como forma de “elevar” a população dessas regiões e permitir a superação
do seu “estado primitivo” para o mesmo estágio de desenvolvimento da Europa. Para
isso, os colonizadores europeus lançaram mão da produção teórica de cientistas e
pensadores do século XIX para justificar a atuação das potências colonialistas europeias
na Ásia e na África.
As ideias de Charles Darwin a respeito da evolução das espécies animais foram
as mais proeminentes para a proposta de “civilização” europeia. Tais ideias, transpostas
para a análise das culturas e das sociedades, deram origem ao chamado darwinismo
social, que consistiu numa tentativa de se aplicar os mesmos princípios que regem a
evolução das espécies naturais à explicação da origem e evolução das sociedades.
O inglês Herbert Spencer foi o sociólogo mais representativo dessa corrente.
Segundo o darwinismo social, as sociedades se modificariam e se desenvolveriam num
mesmo sentido, e tais transformações seguiriam a passagem de um estágio inferior para
outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais apto e
completo.
Assim, os primeiros sociólogos inspiraram-se nessas concepções influenciadas
pelo darwinismo social. No entanto, essa transposição de conceitos das ciências físicas e
biológicas para a compreensão das sociedades e das diferenças entre elas foi alvo de
muitas criticas de sociólogos e antropólogos do século XX.
Em meados do século 19, Karl Marx (1818-1883) lança as bases para explicar a
vida social a partir do modo como os homens produzem socialmente sua existência por
meio do trabalho, e de seu papel enquanto agentes transformadores da sociedade.
A partir das reflexões de Émile Durkheimer (1858-1917) e de Max Weber
(1864-1920) é que a Sociologia começou a se consolidar enquanto disciplina acadêmica
e a inspirar os procedimentos de pesquisa.
Em resumo Durkheim propôs conservar a ordem - O social prevalece sobre o
sujeito. Weber propõe conservar a ordem - O sujeito prevalece sobre o social. Marx
propõe transformar a ordem - As relações materiais da sociedade vão determinar as
consciências individuais. As três teorias clássicas consistem justamente na capacidade
delas de serem distintas entre si, de interpretarem a realidade social de três pontos de
vista diferentes. A diferença consiste na ótica social de cada pensador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Independentemente de suas filiações ideológicas, os clássicos da sociologia
procuraram explicar as grandes transformações por que passava a sociedade europeia,
principalmente as provocadas pela formação e desenvolvimento do capitalismo. Seus
trabalhos forneceram preciosas informações sobre as condições da vida humana, sobre o
problema do equilíbrio e da mudança social, sobre os mecanismos de dominação, sobre
a burocratização e a alienação da época moderna. Geralmente, estes estudos clássicos,
ao examinarem problemas históricos de seu tempo, forneceram uma imagem do
conjunto da sociedade da época.
Suas análises também estabeleceram, via de regra, uma rica relação entre as
situações históricas e os homens que as vivenciavam, propiciando assim uma
importante contribuição para a compreensão da vinculação entre a biografia dos homens
e os processos históricos.
A ambição é da natureza humana que deseja tudo para si, reinar sozinha no universo
com conforto e poder. Ela deseja o progresso pessoal à custa do retrocesso do outro,
causando desordem por causa da sua ambição,
que outros tentam restabelecer.
E. G. do Carmo
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Roberto de. Os mestres fundadores: Marx, Weber e Durkheim; a
sociologia no Brasil. Disponível em:
<http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1257SociologiaSintese.pdf> Acesso em 30 de
Outubro de 2013).
QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. de O.; OLIVEIRA, M. G. M. de. Um Toque
de Clássicos. 2. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
LÖWY, Michael. Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista.
São Paulo: Cortez, 1995.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 30. ed. São Paulo: Brasiliense. 1991
TOMAZI, Nelson D. [et al.]. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000.