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AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS URBANAS E O CRESCIMENTO DO MUNICÍPIO DE SIMÃO DIAS-SE
Gilvan Francisco Santos de Santana1 Cristiano Fernandes Silva2
Prof. Me. Ademário Alves dos Santos3 (Orientador)
RESUMO
O presente trabalho visa analisar as transformações socioespaciais urbanas e o crescimento do município de Simão Dias-SE, no qual tem como objetivo discutir diversas abordagens teóricas sobre as transformações ocorridas nos últimos anos na produção e a reprodução do capital nesse espaço contemporâneo. Nesse sentido, reflete-se sobre as mudanças ocorridas no espaço urbano municipal. Essa pesquisa tem o intuito de conhecer a novas transformações socioespaciais no município. Palavras-Chave: Espaço. Transformações socioespaciais. Urbano. Capital.
ABSTRACT
The present work aims to analyze the sociospatial transformation and growth of theurban municipality of Simão Dias-SE, which aims to discuss various theoretical approaches about the changes occurring in recent years in the production andreproduction of capital in this contemporary space. In this sense, reflects on the changes in the urban city. This research aims to meet the new sociospatialtransformations in the city. Key-words: Space. Socio-spatial transformations. Urban. Capital.
1 INTRODUÇÃO
A urbanização brasileira iniciou-se com a fixação da população nas áreas litorânea,
com passar do tempo avançou na ocupação do espaço nos diferentes territórios. O
crescimento e o desenvolvimento urbano foram originados pelas divisões de classes e
estimulados pelos processos econômicos e sociais, sendo assim a urbanização é um
1 Graduado em Licenciatura em Geografia pela Faculdade José Augusto Vieira. Pós-Graduado do Curso de
Especialização em Território, Desenvolvimento e Meio Ambiente pela mesma instituição./ e-mail: [email protected]. 2 Graduado em Licenciatura em Geografia pela Faculdade José Augusto Vieira. Pós-Graduado do Curso de
Especialização em Território, Desenvolvimento e Meio Ambiente pela mesma instituição./ e-mail: [email protected]. 3 Mestre em Geografia pelo NPGEO/UFS. Doutorando em Geografia pelo NPGEO/UFS. Economista.
Professor da FJAV curso de licenciatura em Geografia. E-mail: [email protected].
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fenômeno social. As novas dinâmicas que emergem trazem consigo as transformações
espaciais urbanas.
O presente trabalho aborda o estudo sobre as transformações socioespaciais
urbanas e o crescimento do município de Simão Dias-SE, refletindo sobre as mudanças
ocorridas no espaço urbano municipal. Tem como objetivo geral da questão norteadora
refletir sobre as transformações socioespaciais na cidade. Para tanto, foi-se necessário
dividir em dois objetivos específicos: Produção, reprodução e transformação socioespacial
e outro sobre os agentes produtores e transformadores socioespaciais da cidade e suas
relações, explicando como originou-se essa transformação na formação e a produção do
espaço urbano no município chegando a movimentas todas as áreas de atuação do
capital.
Na primeira parte da pesquisa foi divida em subdivisões no qual abordou-se sobre
o processo de produção, reprodução e transformação socioespacial do município de
Simão Dias, passando do inicio da urbanização até o crescimento do setor industrial,
fatores fundamentais na modificação da sociedade. A segunda parte expõe os atores
principais que promovem a transformação e suas relações. Para a elaboração do trabalho
usou-se de sustentação as ideias dos autores que discutem o tema.
Todavia, a problemática analisada discute sobre as transformações espaciais
urbanas e os elementos que levam a essa determinada evolução no espaço. Por fim, é na
cidade em que ocorrem as novas relações socioespaciais, gerando modificação em todo
o território.
2 PRODUÇÃO, REPRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DO MUNICÍPIO DE SIMÃO DIAS.
A urbanização é um fenômeno de escala mundial, podendo ocorrer em todo o
lugar, isso varia a forma como é conduzida, o ritmo e a época. Pois, ela é um fator
importante na organização e transformação do espaço social, econômico, cultural, politico
e geográfico. As novas dinâmicas que emergem trazem consigo as transformações
espaciais urbanas. A urbanização brasileira nasce a partir de faixa litorânea, passando de
um país agrário-exportador para um país urbano-industrial, aumentando o crescimento
urbano.
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Para Silva, (2010,p.75) Assim, no Brasil, tivemos uma urbanização durante o
período colonial, totalmente vinculada ao exterior, sempre na proximidade imediata com o
litoral, sendo cidades com funções administrativas e burocráticas e com finalidades de
escoamento da produção agrícola para exportação.
É nesse contexto que a urbanização brasileira ganha rapidez em seu processo de
modificação do espaço geográfico. Assim, a urbanização brasileira inicia-se com a
chegada dos portugueses na faixa litorânea brasileira. Pensando nesse curso de ideias,
Santos (2009, p.19)
O Recôncavo da Bahia e a Zona da Mata do Nordeste ensaiaram, antes do restante do território, um processo então notável de urbanização e, de Salvador, pode-se mesmo dizer que comandou a primeira rede urbana das Américas, formada, junto com a capital baiana, por Cachoeira, Santo Amaro e Nazaré, Centros de culturas comerciais promissoras no estuário dos rios do Recôncavo.
Em decorrência desse pensamento, entende-se que a urbanização ganhou um
significado maior, com a chegada dos portugueses a ocupação do litoral e
consequentemente a instalação das primeiras vilas e logo após as cidades.
Indo com base a essas reflexões sobre a iniciação da urbanização brasileira, Vilar
(2010,p.62) A urbanização brasileira vem se processando no Brasil de maneira
acentuada. Em Sergipe também se verifica esse processo de ocupação de espaços
costeiros intensificando nas últimas décadas. De acordo com a ideia do autor confirma
que a ocupação da população no Estado de Sergipe, iniciou-se geralmente em todo o
litoral, ocorrendo assim a urbanização.
No contexto atual da urbanização são expressas muitas dinâmicas diferenciadas.
Assim o crescimento e o desenvolvimento urbano foram originados pelas divisões de
classes e estimulados pelos processos econômicos e sociais, sendo assim a urbanização
é um fenômeno social. Para explicar melhor sobre como acontece a urbanização, segue-
se o pensamento da autora.
Para França (2007,p.16) “Hoje, sabe-se que a urbanização é um fenômeno
universal e irreversível, isto é, a urbanização ocorre em todo o mundo, embora com
intensidades diferentes, em virtude das peculiaridades de cada país e de cada região.
Assim, nota-se que as transformações socioespaciais urbanas, crescimento e o
desenvolvimento são marcados pelas relações sociais, divisão social do trabalho,
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interações espaciais e pelo poder do capital inserido nas espacialidades do eixo urbano.
Dependendo da época e de cada região espacial.
A produção urbana municipal é ocorrida no espaço onde passamos e gastamos o
tempo na maior parte de nossas vidas, produzindo e realizando modificações e
transformações no espaço urbano. O município de Simão Dias-SE possui uma forte
produção do espaço urbana, na medida em que constrói mais conjuntos habitacionais,
ampliando a área urbana.
A chegada da indústria no meio urbano proporcionou um crescimento nesse
espaço e uma acumulação de capital. Isso leva-se a população rural a participar da
divisão social e territorial do trabalho, com sua venda da força de trabalho.
Para Silva (2010, p.68) para entender as relações mencionadas anteriormente,
destaca-se as palavras comentadas segundo Paul Singer (1973) .
A produção do excedente alimentar é uma condição necessária mas suficiente para o surgimento da cidade. É preciso ainda que se criem instituições sociais, uma relação de dominação e de exploração, que assegure a transferência do mais-produto do campo à cidade. Isso significa que a existência da cidade pressupõe uma participação diferenciada dos homens no processo de produção e de distribuição, ou seja, uma sociedade de classes (SINGER,1973,p.13, grifo nosso).
Conforme essa ideia é a partir do processo de formação das sociedades de classes
que dar-se inicio a produção material em diferentes formas e funções no palco urbano
contemporâneo. Através desse contexto, que abre-se um discurso no qual é na cidade em
que firma as novas relações socioespaciais.
Dessa forma, para Carlos (1997, p.35), com o incentivo da indústria atrai pessoas
do campo para as cidades, ocorrendo assim o fortalecimento da urbanização. O
desenvolvimento industrial é como qualquer atividade humana que estabelece relações
sociais em um determinado espaço geográfico.
Vários são os fatores que levam a indústria ao seu desenvolvimento, um deles a
disponibilidade de mão de obra barata, isso faz com que ocorram mudanças na vida
social do ser humano.
Nesse contexto, o município de Simão Dias está afetado pelas transformações
globais, relativas à reestruturação capitalista, marcada pela mundialização do capital.
Sem a divisão social do trabalho a cidade não expõe as suas características da
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urbanização, pois o homem se materializa capaz de produzir em diferentes relações.
Segundo Whitacker (2010, p.131)
Tal complementaridade se materializa nas trocas simbólicas e nas trocas econômicas, que implicam em fluxos de informação, fluxos de mercadorias, fluxos de capitais. Assim, urbano e rural não se definiriam apenas pelo que contêm, mas pelo que relacionam e articulam. Dessa maneira, compreender o urbano e o rural, em um nível analítico, implica em se compreender a produção socioespacial, o processo social de criação e destruição de formas espaciais.(WHITACKER, 2010,p.131)
Essa produção socioespacial verifica-se nas funções dos dois espaços o rural e o
urbano, isso por que na movimentação dos fluxos de mercadorias em troca de dinheiro na
circulação do capital um alimenta o outro, compreendendo assim a produção. A cidade
cresce e fortalece os laços do homem do campo com o da cidade, com essa nova prática
socioespacial de produção de capital. A relação entre o mundo rural e urbano aumenta o
advento da industrialização no município. A indústria por sua vez coloca-se uma nova
configuração da sociedade moderna. Produz-se a nova cidade em dois eixos:
industrialização e urbanização em processos opostos, mas sempre andam juntos
contribuindo para um êxito na produção e reprodução do capital.
Nessa mesma linha, verifica-se que a cidade subdividiu os seus espaços físicos
urbanos de desenvolvimento e expansão em duas zonas: a primeira localizada na zona
leste do município e outra na zona oeste, essas denominadas de distrito industrial.
As relações de produção e reprodução possuem dois processos, que juntos
movem outros setores. Para confirmar o pensamento, Lefebvre (2001, p.16)
Temos à nossa frente um duplo processo ou, preferencialmente, um processo com dois aspectos: industrialização e urbanização, crescimento e desenvolvimento, produção econômica e vida social. Os dois “aspectos” desse processo, inseparáveis, têm uma unidade, e no entanto o processo é conflitante.
Esses espaços são uma verdadeira acumulação e reprodução do capital em varias
escalas da global à local. Pois, os produtos produzidos nesses espaços industriais saem
para outros estados e também países, a exemplo das empresas industriais Cal Trevo,
Dakota Calçados e Metalplástico. Nesse sentido o pensamento de Corrêa (2006, p.255)
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Caracterizam-se as corporações, entre outros aspectos, pela ampla escala de operações, pela diversificação de suas atividades, pela segmentação de suas unidades componentes e pelas múltiplas localizações de unidades produtivas direta ou indiretamente controladas. (CORRÊA,1997).
Toda a produção e reprodução do capital no município é observada nitidamente
como uma aceleração das alterações socioespaciais, com isso essas podem ser
aplicadas no comércio. Com base nessa ideia afirma Santos (2006,p.23) A globalização é,
de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Assim o
poder do capital globalizado circula mais rápido no comércio.
Segundo Vilar (2006, p.55) “Assim, para permitir sua viabilidade econômica e o
crescimento espacial, o centro foi mudado amplamente. Essas transformações permitiram
a consolidação do centro e sua conversão num verdadeiro espaço de síntese da cidade”.
Diante dessa firmação, o homem produz e reproduz o capital no centro da cidade,
especialmente nas lojas onde oferecem produtos que atendem a necessidade da
população local e de alguns municípios vizinhos.
Nesse pensamento, pode-se observar claramente expresso no espaço de relação
de capital exposto pelo comércio atacadista e varejista que nos últimos anos recebeu uma
grande contribuição para o seu crescimento, na medida em que as grandes atenções
capitalistas nasceram e algumas cresceram com seus respectivos investimentos de
capital.
Diante dessa afirmação Santos (2007,p.17) A lógica do dinheiro das empresas é a
lógica da competitividade, que faz com que cada empresa tornada global busque
aumentar a sua esfera de influência e de ação para poder crescer.
Nos últimos anos as empresas comerciais do município também passaram por
crescimento e transformações no espaço, isso por que cresce o núcleo urbano e
consequentemente criam-se novos estabelecimentos em locais mais distantes, como o
caso das áreas de expansão da cidade.
Assim, para um melhor entendimento sobre as transformações ocorridas no espaço
urbano sobre o processo de produção, reprodução e reorganização espacial, segue-se
uma ideia de Limonad (2007,p.145)
A combinação dessas transformações contribuiu para alterar de forma substantiva as relações sociais e para conformar novos quadros de relações e interações em todos os níveis da reprodução da vida social,
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compreendendo desde a reprodução das relações sociais de produção (meios de produção) até a reprodução do cotidiano (família).
As relações sociais se alteram conforme a inserção do capital nos dois estágios o
de produção e reprodução, isso constrói as dinâmicas socioespaciais na vida em
sociedade nas escalas locais, construindo assim as transformações e modificações no
espaço.
A partir das transformações no campo e da industrialização, o processo de
urbanização e alteração socioespaciais é acelerado pela chegada das indústrias na
cidade, na qual atraem pessoas para o centro urbano, intensificaram ainda mais o
processo de urbanização e transformação socioespacial da cidade de Simão Dias. Carlos
(1997,p.49) afirma que:
O processo de industrialização intensificou o processo de urbanização a ponto de ambos se tornarem indissociáveis. Produziu-se um novo urbano a partir da criação de novos padrões de produção e consumo. Criaram-se novas formas de convívio entre as pessoas a partir da construção de um novo modo de vida. Gerou-se profundas alterações de valores e crenças que afetaram os costumes e as relações tradicionais.
Na medida em que ocorre o crescimento urbano e as alterações socioespaciais,
acontece uma restruturação da cidade aparecendo de novas atividades econômicas,
assim a transformações socioespaciais urbanas são oriundas do processo industrial com
isso provoca a expansão e nascimentos de outros setores da economia da cidade.
O espaço que tinham uma utilidade antes das transformações ocorridas possuía
um determinado uso, atualmente o mesmo espaço passou a ser usado para outros fins,
valorizando as determinadas áreas da cidade, ainda então não exploradas. Esses
espaços públicos são usados como estratégias para o desenvolvimento local.
Para Furtado (1984, p.8), desenvolvimento “não é apenas um processo de
acumulação e de aumento de produtividade microeconômica, mas principalmente uma via
de acesso a formas sociais mais aptas para estimular a criatividade humana e para
responder às aspirações de uma coletividade”.
Nesse sentido, o estudo do processo de globalização e de acumulação do capital,
é importante na qual investiu em um espaço publico para o beneficio de toda a sociedade
do município. As transformações socioespaciais ocorreram ao longo dos últimos anos
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contribuindo para o crescimento do município e o aumento da qualidade de vida da
população residente nesse espaço.
As alterações socioespaciais cada vez mais acentuaram na malha urbana. Os
processos políticos, econômicos, sociais que provocam as transformações socioespaciais
nesse espaço territorial urbano possibilita a consolidação da cidade. Com isso promove o
crescimento econômico da cidade, que por sua vez aumenta a concentração de capital
nas mãos da População Economicamente Ativa (PEA) urbana e também a inativa na qual
através dessa acumulo de capital nasce e acentua-se as desigualdades socioespaciais.
Com isso o município de Simão Dias recebe divisões e fragmentações no espaço urbano.
A expansão da cidade emergiu a partir do ano 2000 com a chegada da indústria no
núcleo urbano, onde contribuiu para a criação de novos postos de trabalho, gerando a
necessidade de interesse no setor econômico do município.
Conforme dados até então discutidos na elaboração do Plano Diretor
Desenvolvimento Urbano – PDDU, instrumento básico da política de desenvolvimento e
expansão urbana (2008-2010), esse importante documento ainda não chegou a ser
construído, ficou-se apenas em um diagnostico inicial com a leitura participativa. O núcleo
urbano expandiu-se a partir das zonas leste e oeste. Esse processo de produção e
transformação socioespacial deve-se ser observado em outras relações como: a politica,
social, cultural e econômica.
Para um entendimento do espaço em modificação, confirma o pensamento da
autora. Para Carlos (1994,p.24)
[...] se de um lado o espaço é condição tento da reprodução do capital quando da vida humana, de outro ele é produto e nesse sentido é trabalho materializado. Ao produzir suas condições de vida, a partir das relações capital-trabalho, a sociedade como um todo (na cotidianidade de seu processo de trabalho), produz o espaço geográfico e com ele um modo de vida, de pensar, de sentir. Assim, pensar o urbano significa também pensar a dimensão do humano. (1994,p.24).
O entendimento do urbano e de seu processo de produção, é pensado com varias
dimensões, sabendo-se que é no espaço onde produz e reproduz o capital e o ser
humano é o principal responsável pelas relações socioespaciais.
As transformações no espaço urbano são muitas, modificam-se os tempos,
espaços e escalas diferentes, podendo ser ocorrido no comércio, na indústria, na
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agricultura, enfim em todos os setores que envolvam o modo capitalista de produção. De
acordo com essas mudanças segue-se um esquema sobre as transformações
socioespaciais no espaço.
O Espaço seja ele Rural ou Urbano passam por trasformações socioespaciais em
suas relações e interações espaciais, no qual o Homem, o Estado, a Industria usam dele
para modificar e gerar divisões sociais do trabalho e de sociedade de classes. É nesse
pensamento onde esses agentes produzem o espaço em suas temporalidades diferentes.
Em suma, o municipio de Simão Dias é uma cidade de destaque ao falar-se de
produção, reprodução e trasformações socioespaciais urbanas além de um rapido
crescimento urbano nos últimos anos. É pessando dessa forma que pode-se entender
claramente as trasformações ocorridas na cidade, isso porque foram construidos novos
espaços urbanos, como por exemplo os conjuntos habitacionais. Então é dessa maneira
que o fênomeno de modificação e transformação socioespacial urbana acontece nesse
espaço territorial.
3 LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL DO MUNICÍPIO DE SIMÃO DIAS
O município de Simão Dias está localizado na microrregião de Tobias Barreto,
na região centro sul de Sergipe, limitando-se territorialmente a norte com os municípios
de Pinhão e Pedra Mole, a leste com Macambira e Lagarto, a sul com Riachão do
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Dantas e Lagarto e ao oeste com Tobias Barreto e Poço Verde em território Sergipano
e Paripiranga (Bahia) ao sul. Ver a figura 01
A distância entre o município de Simão Dias em relação a capital de Sergipe
Aracaju é de, 100 Km por rodovia e 85 Km em linha reta. Sua extensão territorial é
aproximadamente de 564,7 Km2, sendo que 191,34 Km2 pertencem ao perímetro urbano e
373,36 Km2 a zona urbana (INCRA/igeosoftware), as características físicas com um
relevo acidentado devido a presença de um conjunto de serras com altitudes que oscilam
entre 100 a 200 metros. Os períodos mais chuvosos entre os meses de Maio a Agosto.
Com uma população de 38.702 habitantes (IBGE,2010), em uma densidade demográfica
com 68,54 por Km2.
4 OS AGENTES PRODUTORES E TRANSFORMADORES SOCIOESPACIAIS DA CIDADE E SUAS RELAÇÕES
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A cidade e campo passaram por muitas alterações em seus espaços recentemente
nos últimos anos, isso por que ocorreu uma influência de um com o outro em aspectos
sociais, econômicos, e políticos. As relações de produção e reprodução do capital entre o
campo e a cidade acentuaram-se nesses últimos anos, levando a cidade expor mais as
marcas do crescimento.
As transformações socioespaciais ocorrem quando, em um determinado período de
tempo, uma nova lógica se configura, produz novas formas e funcionalidades no lugar,
bem como modificando o uso das formas já existentes, em função das mudanças que
ocorreram nos diferentes âmbitos: econômicos, nas relações sociais, nas representações
culturais e políticas.
O Estado como intermediador das relações de produção enquanto agente
dominador do espaço público garante uma nova divisão de classe como: a segregação
espacial da população mais carente residente nas áreas afastadas do centro em
conjuntos habitacionais com muitos problemas de infraestrutura. Isso por que o Estado
repassa o espaço de solo urbano para o município organizar e construir moradias de
acordo com a necessidade do cidadão.
Segundo Gomes (2012,p.21) o espaço é simultaneamente o substrato no qual são
exercidas as práticas sociais, a condição necessária para que essas práticas existam e o
quadro que as delimita e lhes dá sentido. Com isso pode-se confirmar a ideia da noção do
espaço público.
A produção e a transformação socioespacial da cidade de Simão Dias-SE é
organizada pelos agentes produtores e transformadores, esses estão inseridos no espaço
e no tempo em diferentes formações capitalistas.
Para Corrêa (2001,p.44) São eles os proprietários dos meios de produção, os
proprietários fundiários, os promotores, o Estado e os grupos sociais excluídos. Na
reflexão da ideia do autor, no município de Simão Dias-SE os proprietários de terra
privada possuem influencia direta na produção e transformação do espaço urbano. Na
medida em que esses agentes loteiam as suas terras com a finalidade de serem
ocupadas com o uso urbano. Mas os loteamentos escolhidos em sua maioria apresentam-
se sem uma estrutura suficiente capaz de atender as normas estabelecidas pela Lei nº
10.257/2001 do Estatuto da Cidade (2001) em vigor.
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Nessa mesma logica Corrêa (2011,p.44) confirma: A leitura aponta para os
proprietários de terras na periferia rural-urbana que esterilizam suas áreas agricultáveis à
espera de valorização para fins de loteamento.
Nessa realidade no município as pessoas donos de certa gleba esperam por muito
tempo não utilizando o espaço para que se valorize e possa produzir mais capital com a
especulação da venda desse espaço. Na maioria das áreas não exploradas fica
localizada em locais distante do centro (sede-cidade), apresentada com uma
geomorfologia do solo não muito propicia para a construção de residências.
As relações dos agentes produtores e transformadores do espaço é um ciclo
natural, pelo fato de que os Bancos, as fábricas, os proprietários fundiários, os grupos de
pessoas excluídas relacionam participando do processo de produção e transformação do
espaço. Ainda Corrêa (2011, p.45)
A terra urbana pode ser objeto de interesse de promotores imobiliários, de empresas industriais, do Estado e de outros agentes. Práticas espaciais como a esterilização da terra, fragmentação e remembramento, assim como loteamentos descontínuos na periferia, podem ser comuns a diferentes agentes sociais.
No município de Simão Dias está ocorrendo a prática de loteamento e
remembramento este localizado em zona rural e com um pedido de alteração no INCRA e
na Câmara Municipal para introdução desse espaço ao solo urbano, já que o município
não possui o PDDU- Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que irá garantir o limite
rural e urbano do território.
Fica evidente que, embora exista muitos produtores e transformadores
socioespaciais envolvidos no processo da dinâmica social local contribuem para o
crescimento do município seja de forma direta ou indireta, mas sempre agindo no espaço
territorial urbano.
5 DISCUSSÃO E RESULTADOS
A partir dos resultados obtidos na pesquisa de campo ficou-se evidente que o
município de Simão Dias-SE entre uma década ocorreu um aumento populacional e
consequentemente um crescimento econômico e uma expansão da malha urbana. Como
observa-se nas fotos 01 e 02.
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Foto: Gilvan Francisco; Cristiano Fernandes;Ano:2012. Foto 01 e 02 -Area de Expansão do Município de Simão Dias-SE. Construção de condomínio.
Essa area equivalente a 305.200 m2 estava como zona rural uma propriedade de
um promotor imobiliário particular, mas foi relembrada para núcleo urbano, para a
construção de futuras edificações como condomínio residencial fechado. Em contrapartida
observa-se também outro espaço pertencente a prefeitura que já está sendo ocupado de
forma irregular, a população constroem suas residências sem nenhuma autorização como
ver na foto 03 e 04.
Foto: Gilvan Francisco; Cristiano Fernandes;Ano:2012. Foto 03 e 04 -Area de ocupação pertencente ao Município
Já em outra area de terra particular inicia-se a venda de novos espaços (lotes) para
a produção de imóveis residenciais, próximos a uma nova praça area de lazer.foto 05 e
06
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Foto: Gilvan Francisco; Cristiano Fernandes;Ano:2012. Foto 05 e 06 –Nova area de loteamentos
Em síntese é nesse espaço de terra urbano onde passa todas as transformações
socioespaciais no município.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho objetivou contribuir ao estudo na organização do espaço urbano no
município de Simão Dias-SE, preenchendo um espaço que é o estudo das
transformações socioespaciais e o crescimento do Município nesses últimos anos, a
elaboração desse trabalho foi realizada graças ao fornecimento e coleta de dados pelo
Cartório de 1º Oficio Registro de Imóveis, IBGE, com base em referenciais teóricos de
autores que abordam sobre o assunto.
Essa temática é importante, pois a contribuição teórica menciona o estudo sobre a
transformação socioespaciais urbanas e o crescimento do município de Simão Dias-SE,
em torno de estudos sobre a produção, reprodução e transformação do espaço urbano,
bem como os agentes envolvidos nesse processo de relação espacial urbana.
Diante de todas as considerações exportas ao longo da pesquisa, constatou-se que
o município cresce sem planejamento urbano, isso por conta da falta do PDDU-Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano, esse instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana é que irá nortear todo o conjunto arquitetônico
urbano, o documento apenas está em diagnostico inicial (2008-2010), mas mesmo sem o
plano diretor a cidade continua crescendo não estruturada.
Em vista disso, sabe-se que nos últimos anos o município passou por um processo
de evolução urbana e continua crescendo em seu aspecto físico e demográfico, fruto do
processo da desmetropolização e globalização acentuada contemporânea.
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Entretanto, esse estudo apresentou uma reflexão sobre a realidade do município
na situação da transformação socioespacial e do crescimento municipal marcado pela
segregação, produção, organização e reprodução do capital. O município de Simão Dias
necessita-se de muita melhoria em muitos aspectos para atingir o desenvolvimento, mas
para isso é fundamental que tenha uma participação mais ativa da sociedade, opinando
sobre o que poderia ser transformado espacialmente.
Nesse contexto, compete ao poder público concluir o Plano Diretor, pois é
importante para o planejamento a fim promover uma qualidade no espaço viabilizando a
melhoria da qualidade de vida e o bem estar da população. Em síntese toda a
modificação e transformação é fruto das relações e participações da sociedade com o
processo de produção, reprodução do capital no espaço territorial.
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