As Vanguardas Européias

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As Vanguardas EuropiasO Modernismo

O Mundo em 1900 Transformaes tecnolgicas modificaram as maneiras do homem perceber a realidade. O automvel, o avio, o cinema deslocaram e aceleraram o olhar do homem moderno. Em meio a essas transformaes surgem vrias manifestaes artsticas que ficariam conhecidas como correntes de vanguarda e que, conjugadas, dariam origem ao Modernismo.

VanguardasO termo vanguarda vem do francs avant-garde, termo militar que usado para caracterizar o grupo de soldados que, durante as batalhas, vo frente das tropas.

Futurismo Lanado por Marinneti no manifesto Le Futurisme 1909, que propunha: o amor ao perigo, verdade, energia. a abominao do passado: arqueologia, academicismo, nostalgia, sentimentalismo. a exaltao da guerra, do militarismo, do patriotismo: A guerra a nica higiene do mundo.

a substituio da psicologia do homem (destruindo o eu na literatura) pela obsesso da matria. a incorporao de novos objetos como temas de poesia: locomotivas, automveis, avies, navios a vapor, fbricas, multides de trabalhadores. exaltao da bofetada e do soco: No h beleza seno na luta.

Em 1912, Marineti lanou o manifesto tcnico da literatura Futurista, tambm conhecido como "Palavras em Liberdade". Nele, alm de criticar a posio da arte literria do sc. XIX, props as destruio dos padres da sintaxe gramatical.

a destruio da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso. o emprego do verbo no infinitivo, abolio do adjetivo, para que o substantivo guarde sua cor essencial.

supresso dos elementos de comparao: como, parecido com, assim como. substituio dos sinais tradicionais de pontuao por signos matemticos: X-: +=>< e pelos sinais musicais. abolio de todos os clichs.

O propsito de fazer do Futurismo o estilo de arte que expressasse o progresso, a vida mecanizada, acabou fazendo desse movimento um meio de divulgao do fascismo de Mussolini.

Futurismo e fascismo tinham em comum: o desprezo pela democracia e pelo socialismo, o antifeminismo, o carter antiburgus.

Carlo Carra O cavaleiro vermelho - 1913

Luigi Russola Dinamismo do automvel - 1911

Ode triunfallvaro de Campos dolorosa luz das grandes lmpadas elctricas da fbrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. rodas, engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fria! (...) Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma mquina! Poder ir na vida triunfante como um automvel ltimo-modelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento A todos os perfumes de leos e calores e carves Desta flora estupenda, negra, artificial e insacivel!

Cubismo Ponto de partida - pintura de Pablo Picasso. Por meio de formas geometrizadas, deformadas, Picasso procura captar o objeto em simultaneidade, isto , de vrios ngulos ao mesmo tempo.

O quadro Les Demoiselles dAvignon, de 1907 propunha uma nova forma de apreenso do real.

Na literatura podemos perceber os elementos do estilo cubista: a obra de arte no deve ser uma representao objetiva da natureza, mas uma transformao dela, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. a procura da verdade deve centralizarse na realidade pensada, criada, e no na realidade aparente.

a ordem cronolgica deve ser eliminada. As sensaes e recordaes vo e vm do presente ao passado, embaralhando o tempo. a valorizao do humor, a fim de afugentar a monotonia da vida nas modernas sociedades industrializadas. a supresso da lgica; preferncia pelo pensamento-associao, que transita entre o consciente e o subconsciente.

A tcnica dos cubistas a da representao da realidade por meio de estruturas geomtricas, desmontando os objetos para que, remontados pelo espectador, deixassem transparecer uma estrutura superior, essencial.

Dadasmo manifesto do romeno Tristan Tzara, lido em 1916, em Zurique, na Sua; foi a mais radical das correntes de vanguarda; Cabaret Voltaire - ponto de encontro de artistas vindos de vrias partes da Europa e que procuravam proteo contra a Primeira Guerra Mundial na neutralidade poltica da Sua.

Guerra - evidencia a crise de uma civilizao cujos valores morais e espirituais j no tinham mais razo de serem preservados. Afirmavam o desejo de independncia, de desconfiana para com a sociedade em geral: No reconhecemos nenhuma teoria. Basta de academias cubistas e futuristas: laboratrios de idias formais.

o nome do movimento: Encontrei o nome por casualidade, inserindo uma esptula num tomo fechado do Petit Larousse e lendo imediatamente, ao abri-lo, a primeira linha que me chamou a ateno: Dada. Dada significa cavalo de balano em francs, sim em romeno, preocupao em conduzir o carrinho do beb em alemo, uma forma de chamar a me em italiano, e, em certas regies da frica, o rabo da vaca sagrada.

A partir dessa plurissignificao, a obra dadasta passa a ser improvisao, desordem, dvida, oposio a qualquer tipo de equilbrio.

Faziam parte das propostas dadastas: a denncia das fraquezas que a Europa passava; a recusa dos valores racionalistas da burguesia; a desmistificao da arte: a arte no coisa sria; a negao da lgica, da linguagem, da arte e da cincia; a abolio da memria, da arqueologia, dos profetas e do futuro.

No ltimo manifesto do movimento,Tzara d uma receita para fazer um poema dadasta: Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que voc deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com ateno algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedao um aps o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas so tiradas do saco. O poema se parecer com voc. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do pblico.

Arte no precisa ser compreensvel inventaram a tcnica dos ready made - retirar um objeto do uso corrente de seu ambiente normal para criar mquinas impossveis de utilizao. Marcel Duchamp, um dos mais geniais criadores do ready made, exps, entre outras coisas, uma roda de bicicleta cravada num banco e um urinol. Pintou tambm uma Mona Lisa decorada com bigodes.

As exposies dadastas visavam provocar escndalo. Em 1920, na Alemanha, os ready-made foram expostos numa cervejaria; os visitantes recebiam um martelo para destrurem as obras de que no gostassem. Bebidas alcolicas foram distribudas em abundncia. Em meio confuso, uma jovem vestida de primeira comunho recitava poemas pornogrficos. A mostra foi fechada pela polcia, mas atingiu seu objetivo: escandalizou a burguesia.

Dadasmo irradiou-se para outros centros. A partir da dcada de 1950, apareceram, sobretudo nos Estados Unidos, movimentos neodadastas, chamados de arte do lixo e a popart, baseadas nas mesmas idias de protesto e de antiarte.

Surrealismo Paris, 1924 - Andr Breton lanou o Manifesto do Surrealismo. Nasceu de uma ruptura com o Dadasmo.

Enquanto os dadastas insistiam na mera destruio e no niilismo, Breton e outros artistas como Louis Aragon e Salvador Dali achavam que a ao demolidora deveria ser apenas uma das etapas do processo criativo. Questionando a sociedade e a arte, eles se propunham destru-la, para recri-la a partir de tcnicas renovadoras.

Os surrealistas procuravam fundir a imaginao, que dorme no inconsciente, com a razo. Juntar o maravilhoso do sonho, dos estados de alucinao e at de loucura do homem, com o maravilhoso e externo: a fantasia e a realidade unidas permitiram captar uma super-realidade.

A PromessaMagritte

Eram propostas dos surrealistas: abolio da lgica. Recusavam o racionalismo absoluto que permite apenas captar os fatos relacionados unicamente com a nossa experincia.

valorizao do inconsciente. Apoiados na pesquisas de Sigmund Freud, que identifica zonas (o subconsciente e o inconsciente) muito importantes para a ao do ser humano, procuram a inspirao nos sonhos. atribuio de um carter ldico arte. A poesia deixa de ser entendida como canto ou como meio de comunicao de vivncias, para se tornar ao mgica, mito, meio de conhecimento.

Na literatura:

automatizao da escrita. O texto deve ter como preocupao maior captar o funcionamento real do pensamento. Os pensamentos devem ser exprimidos caoticamente, tal como nos ocorrem, sem preocupao com o ordenamento lgico.

presena do humor negro. Com o propsito de fugir aos lugares-comuns, os surrealistas juntam muitas vezes uma palavra logicamente adequada a uma outra absurda, produzindo imagens inslitas, como: anjo torto, cadver agradvel, morte feliz.